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Só a senadora Marina Silva fugiu do roteiro durante o encontro dos pré-candidatos com os líderes da indústria, em Brasília. Foi quando apresentou o lembrete simples e luminoso: reforma começa no voto, não no Congresso ou no Palácio do Planalto. Depois da eleição não adianta reclamar da base aliada. O presidente eleito acabará promovendo não a reforma prometida, mas a reforma da reforma. Isso vale para a mudança tributária, bandeira de todos os aspirantes à sucessão presidencial, como para qualquer outra. Esse toque de realismo foi o diferencial mais interessante de sua fala. Os empresários podem ter entendido o recado. Mas, para produzir algum efeito eleitoral, será preciso transmiti-lo com clareza a um público muito mais amplo. É um bom desafio para qualquer especialista em comunicação política. Seja quem for o novo presidente, dependerá de alianças para governar. Não há outra solução no sistema brasileiro. Na hipótese mais otimista, o novo Parlamento será um pouco melhor que o atual. Pior, dificilmente. Um Congresso menos fisiológico poderá facilitar a execução de uma agenda reformista, mas com limitações importantes. No caso da reforma tributária, ainda será preciso negociar com os governadores e acomodar os interesses de cada região. O presidente Lula e seus líderes no Congresso nunca se empenharam a fundo nesse trabalho. Valerá, portanto, a velha regra: se o presidente agir com rapidez, 2011 poderá ser o ano mais importante da próxima década. Se perder o primeiro ano, dificilmente completará qualquer mudança de grande alcance até o fim do mandato. A última série de reformas fundamentais ocorreu entre 1994, com o lançamento do Plano Real, e 2000, quando foi aprovada a Lei de Responsabilidade Fiscal. Não houve, a partir daí, nenhuma inovação de relevância comparável nas áreas fiscal, monetária, cambial ou administrativa. Foi mantido o regime de metas de inflação, operado com independência de fato pelo Banco Central. O câmbio continuou flutuante, sujeito apenas a intervenções ocasionais em tempos de variação excessiva. As metas de superávit primário, para controle e redução da dívida pública, foram conservadas pelo menos como princípio. Apesar da piora recente do resultado fiscal, o governo mantém formalmente o compromisso com a política já consagrada. Esses três pilares da estabilidade serão respeitados, garantiram de novo os pré-candidatos no encontro com os empresários. Os três prometeram, igualmente, esforçar-se para promover a reforma tributária, para reduzir o peso dos impostos sobre a produção, o investimento e a exportação. A senadora Marina Silva só se diferenciou, quanto a esse ponto, por chamar a atenção para as limitações políticas da reforma. O compromisso ? esta a implicação mais interessante do comentário ? não pode ser somente do candidato. No Brasil, é incomum esse tipo de mensagem. O candidato promete e o eleitorado escolhe como se estivesse diante de uma prateleira de ofertas. A primeira pessoa do plural é raramente usada. "Sim, nós podemos", foi um dos bordões de Barack Obama durante a campanha. Funcionaria neste país? Não será fácil converter em tema de palanque a pauta proposta pela Confederação Nacional da Indústria. Mas a agenda de competitividade ? porque disso se trata ? é bem mais que uma lista de reivindicações setoriais. Hoje não há como isolar a criação de empregos, o aumento de salários e a elevação dos padrões de consumo das condições de inserção global do Brasil. É esse o ponto de referência inevitável para as políticas públicas. Não adianta multiplicar as universidades, nem facilitar o ingresso de estudantes no chamado ensino superior, se o diploma não lhes garantir uma posição no mercado de trabalho. Dois terços das empresas consultadas em recente pesquisa informaram ter vagas abertas por falta de mão de obra adequada. É hora de rever as prioridades da política educacional. Não por acaso a senadora Marina Silva mencionou um "apagão de recursos humanos". Houve uma notável diminuição da pobreza nas duas últimas décadas. A ampliação das chamadas políticas sociais permitiu a incorporação de milhões de famílias ao mercado nas duas gestões do presidente Lula. Mas falta consolidar esse avanço. A fase mais fácil da transferência de renda e do crescimento baseado nas mudanças dos anos 90 está encerrada. A próxima etapa dependerá de uma nova safra de reformas politicamente difíceis. Se não forem realizadas, as desvantagens competitivas aumentarão e 2011 será o primeiro ano de uma década de oportunidades perdidas. |
quarta-feira, maio 26, 2010
ROLF KUNTZ
JOSÉ SIMÃO
Pânico! Serra quer ser Gorete!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 26/05/10
Quando o Serra nasceu, quem chorou foi o médico. E quando foi batizado, o padre começou uma sessão de exorcismo!
BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta!
Efeito Gorete Urgente! Blog sensacionalista revela: "Serra é a próxima Gorete do "Pânico'!". Esse é o próximo desafio do "Pânico": transformar o Serra no Thiago Lacerda! Porque, quando o Serra nasceu, quem chorou foi o médico. E quando o Serra foi batizado, o padre começou imediatamente uma sessão de EXORCISMO! Ele não foi batizado, foi exorcizado! Rarará!
E hoje o Dunga vai pra África do Sul. Aí, ele passou no scanner do aeroporto. E sabe o que apareceu na tela? UM JEGUE! O jegue é nosso irmão! Rarará!
E agora quem não sai da televisão é a Hillary. A Hilária Pinton! O chifre mal curado! A nova pitbull do Obama! Ela quer destruir o mundo com um taco de beisebol! Adorei a charge na internet: a Hillary querendo quebrar o mapa-múndi com um taco de beisebol. E o Obama: "Calma! Calma! Amigo! Amigo!". Como disse uma amiga minha: "Isso é que dá chifre mal curado!".
E esse metrô de São Paulo inaugura tudo errado: a estação Paulista fica na Consolação e a Estação Consolação fica na Paulista!
Seleção dos Leitores! Fala pro Dunga levar o time de Pescadores do Açude de Quixaramobim: Maizena, Tieta e Tietinha. Papacu, Brejeira, Vuco e Vuco Vuco. Menelau, Carne Morta e Abestado!
E aproveita e fala pro Dunga levar também o time da Fazenda do Bolão de União dos Palmares, Alagoas: Jabuti, Mingau, Picapau, Zebu e Chico Preto. Kágado Ligeiro, Ventania, Galo Cego e Pinto Pelado. Técnico: Professor Plutarco Protocolo Pitomba. Hexa garantido.
É mole? É mole, mas sobe. Ou como disse aquele outro: é mole, mas chacoalha pra ver o que acontece!
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que em Jaú tem um bar chamado Bar da Rita do Buraco Quente. Frequentado pela Muié Urso. Ueba. Eu quero conhecer essa Muié Urso. Mais direto, impossível! Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. Hoje não tem. Companheiro Lula está ocupado resolvendo os problemas do mundo, do universo, do cosmos e de todas as galáxias! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã ! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
BRASIL S/A
Pano verde da crise
Antonio Machado
CORREIO BRAZILIENSE - 26/05/10
Governos são os crupiês do cassino global, em que moedas e dívidas são as fichas das apostas
Dólar para cima, euro para baixo, bolsas em queda, liquidez curta e petróleo caindo outra vez puseram o mercado financeiro no centro dos acontecimentos. As notícias ruins se renovam a favor da aposta exibida nas telas dos mercados futuros, dando a relação euro/dólar a US$ 1,15 em 60 a 90 dias. A instabilidade é o seu fio condutor.
A especulação só se aproveita das fraquezas dos governos, hoje da União Europeia, como ontem foram dos EUA, das contradições de suas economias endividadas e dependentes do mercado — que tentam domar — para financiar seus deficits e dívidas públicas, e das confusões criadas por regimes despóticos, como os do Irã e Coreia do Norte.
A semana começou com a notícia de que o Banco Central da Espanha acudira um pequeno banco insolvente e segue com a elevação a nível máximo da tensão entre as duas Coreias, que ateou fogo à Ásia.
A do Sul, capitalista, aliada dos EUA, com tropas estacionadas na fronteira que divide a península desde a guerra na década de 1950, acusou a do Norte, protegida da China, de ter afundado, em março, um navio de sua frota militar com um torpedo. Foi ato de guerra.
O Norte comunista negou, o Sul cortou relações econômicas com seu irmão, que reagiu com o único instrumento de dissuasão que possui: o militar e a chantagem nuclear. Pôs suas tropas de prontidão para a guerra, sugerindo como noutras vezes não ter nada a perder.
Arruinada, a Coreia do Norte é um fardo tolerado pela China como barreira não só ideológica à presença dos EUA em sua fronteira, se a ditadura familiar que manda no país caísse, vindo a ser engolida pelo naco rico e pujante do Sul. É improvável que cheguem a tanto.
Contra o Sul, os EUA e o Japão, mas também para forçar a China a meditar sobre as consequências de abandoná-lo, o ditador Kim Jong-Il, que sucedeu o pai e prepara um filho para sucedê-lo, toca um programa de armas nucleares e mísseis balísticos que parece estar conectado às intenções guerreiras da teocracia que governa o Irã. É esse o nó que o presidente Lula foi tentar desatar e apaziguar.
Restos da Guerra Fria
A Ásia, hoje próspera e afluente, é desafiada por esses restos dos conflitos inacabados da Guerra Fria, quando EUA e a desfeita União Soviética se enfrentavam com a mão de gato de pobres diabos mundo afora. As duas Coreias, tecnicamente, continuam em guerra, que não acaba, toma novas formas, no Iraque e no Afeganistão.
Índia e Paquistão se hostilizam e se anulam cada qual sentado no próprio arsenal nuclear, que Irã, ex-potência regional, muçulmano, mas não árabe, parece ambicionar numa dimensão geopolítica em que, tanto quanto os EUA, assombra o gigantismo enigmático da China.
Vítimas nada inocentes
Especular com moedas, ativos financeiros, ações e commodities em tal ambiente conflagrado não é apenas fácil, é meio de vida. Nos mercados globais se encontra de tudo: do especulador clássico, que a ficção desenha com charuto na boca, olhar de cobra e filantropo por conveniência, ao burocrata das mesas de operações de bancos centrais e fundos soberanos de países superavitários — os grandes aplicadores do mundo. Não são visíveis porque operam por meio dos grandes bancos e de gestores ainda maiores de fundos de hedge.
É contra coalizão de financistas tão magnífica quanto aos meios e à capacidade de ocultar suas intenções que os governos do Grupo dos 20 pretendem coibir a liberdade e mesmo fatiar os bancos, como se fossem eles próprios vítimas inocentes da orgia financeira global.
Quem gira a ciranda
Da proposta do governo Barack Obama de tirar de banco comercial a faculdade de aplicar recursos próprios em ativos de risco à dos países do euro de tributar as operações financeiras globais, todas tangenciam a causa da ciranda. Para que ela gire, é preciso papel e liquidez. O dólar é o combustível, devido aos deficits dos EUA, mas sem os quais o fenômeno da globalização seria tese acadêmica.
O dólar provê o papel-moeda em formato digital, pois não físico, como capital de giro dos negócios globais. Outro insumo é a massa de títulos de dívida pública. Ela não existiria sem liquidez para financiá-la, que, por sua vez, se origina dos deficits financiados pela dívida. No Brasil da hiperinflação, o cassino também era dos mais movimentados. Foi só o governo tomar controle do deficit e da dívida pública para o cassino perder o esplendor. Assim é: bancos, fundos e governos são peças não antagônicas de um mesmo processo. Mas isso os governantes não admitem: se o fizessem, seriam vistos como os crupiês em que moedas e dívidas são as fichas das apostas.
A ingenuidade alemã
Dá para sacar porque os governos da Inglaterra e dos EUA, os maiores centros financeiros globais, não apoiam a luta da chanceler alemã, Ângela Merkel, contra os mercados. Nem a França apoiou, mas, talvez, por ser dos mais endividados na Europa, com um sistema financeiro essencialmente estatal. O que se trata é de dar ordem à farra, não eliminá-la, como julga Merkel, cuja economia é superavitária, como a da China e as dos produtores de petróleo do Oriente Médio.
Tome-se o mercado de petróleo: os contratos futuros, que de fato formam o preço do produto, são 12 vezes maiores que o de entrega física. O cartel da Opep é tido como grande aplicador, por meio de bancos e fundos globais. Organizem-se as finanças globais, ponham-se os países em acordo, e a especulação amansa. Mas é pedir muito.
ROBERTO DaMATTA
A serenidade dos insensatos
ROBERTO DaMATTA |
O Globo - 26/05/2010 |
Nosso professor de ciências era sereno: não sabia a medida da satisfação libidinal. Ao ser perguntado quantas vezes se deveria fazer sexo, ele embatucava e mudava de assunto e solvia sorrindo: talvez uma lei federal... É sensato resolver codificar o desejo e o costume que o disciplina? Por exemplo: todos devem, sob pena de prisão, chegar na hora. Os mais importantes serão colocados em solitárias, pois chegam sempre por último. Será que tal lei “pegaria” e seria capaz de substituir o costume que faz com que o mais importante chegue sempre por último, justo porque sem ele a cerimônia não começa? O bom senso, que, nas democracias liberais (com o perdão pela má palavra, como diz um velho amigo petista), consiste em ter a capacidade para resistir ao poder (e não de a ele aderir), não seria pôr em diálogo o costume (inscrito, como dizia Rousseau, nos corações) e as leis — escritas em bronze e pergaminho? A sensatez não é precisamente essa conversa entre o implícito e o explícito? O que se entende como necessário (o desejo); e aquilo que se pode realizar com eficácia? A tradição sociofilosófica alemã recusou a linearidade das coisas humanas. Acentuando a dificuldade de traduzir certas experiências, ela tocou nesse assunto melhor do que a tradição francesa e inglesa. Quem perde um filho e encontra um amigo que passa por essa desgraçada experiência pode dizer que é doutor neste assunto porque passou por ela? É possível consolar a si mesmo e os outros dizendo que tem “tempo de casa” nessa matéria? Ou cada caso, como ocorre em tudo que é sério nesta vida, é um caso? Os românticos alemães aceitavam que certas experiências não são mutuamente traduzíveis. Seria o amor sempre igual, ou muda de acordo com a pessoa amada que o colore e concretiza de modo radicalmente diverso? Amália era um sanduíche de presunto; Amélia, a mortadela mais barata! E, no entanto, o amor foi profundo nos dois casos. Se houvesse mesmo uma acumulação da experiência, você acha que haveria guerra, terrorismo, traição e desfaçatez em nome do povo ou da soberania nacional? — esse patriotismo que pode ser o refúgio dos covardes ou a glória-brás dos heróis? Eu estou convencido que, no Brasil, o Estado tem sido visto como a solução para tudo. Há pobreza e corrupção? Há compadrio e aparelhagem da máquina pública? Há ignorância e atraso? Resistimos a obedecer a todas as normas e consideramos babacas quem as honra? Votamos em canalhas, mensaleiros e criminosos conhecidos? A culpa (e, portanto, a solução) é do ESTADO. Um estado com letras maiúsculas. Eis um quadro curioso. A sociedade que sustenta o Estado não o vê como coisa sua. Pelo contrário, ela o imagina como um estrangeiro dotado da capacidade de resolver os seus problemas. Por isso, existe tanto a demanda do Estado como uma panaceia salvacionista, que pode nos transformar em funcionários públicos com salários altos, mas sem trabalho; quanto as acusações de negligência porque a sociedade recusa considerar suas condutas. É mais fácil transferir as mudanças para o Estado. Assim a sociedade concilia sua vergonhosa vertente reacionária e aristocrática, com o desejo moderno de mudança. A ilusão é mais ou menos assim: nós queremos mudar, mas o Estado não muda. Logo, não mudamos coisa alguma. Nossos representantes são todos uns canalhas e por isso a “política” é uma desgraça. Mas quem são, cara-pálida, os nossos “políticos”? Serão marcianos? Ou são os nossos parentes e amigos, eleitos pelos nossos votos? Foi o que ocorreu com a Lei Seca e é o que está ocorrendo com o processo eleitoral e essa extraordinária e autenticamente popular lei dos fichassujas. Convenhamos que ter um projeto, ou seja, um desejo consciente de eliminar bandidos do parlamento e dos cargos eletivos porque, no Brasil, a figura da “imunidade parlamentar” foi aristocraticamente ampliada e aplicada a todo tipo de delito, só pode ocorrer, a essa altura do campeonato democrático, entre nós. É um enorme avanço que finalmente denuncia como o sistema foi feito para enriquecer e proteger canalhas que não querem atuar para a coletividade, mas dela tirar partido. A idealização do sistema político chegou a tal ponto que pensamos poder mudar radicalmente certas práticas sociais somente com a adoção do sistema eleitoral, sem pensar nas duas demandas e consequências. Quem, pergunto ao leitor, deixaria que sua escola, departamento ou instituição contrate um bandido e, pior que isso, o proteja por meio de imunidades legais como fez e tenta fazer o nosso Congresso Nacional? Que tipo de representatividade pode ser essa que mensaleiros, que compram deputados com dinheiro vivo, são tidos como vanguardistas sociais e revolucionários, defensores do povo de Deus? Como falar em liberdade e igualdade querendo controlar a imprensa? Ela não é ideal, mas, pergunto eu: e o governo é? O que é preferível neste vale de lágrimas? Um governo que controla as notícias ou um sistema no qual as notícias são incontroláveis, exatamente porque a mídia sempre deixa a desejar? Aliás, há alguma coisa numa democracia que satisfaça a todos os desejos? O liberalismo (com o perdão da má palavra) não é, precisamente, uma estado social de insatisfação permanente? Tem gente que pensa que o liberalismo nasce pronto, como naquelas palestras que os espertos fazem para empresários. |
PAINEL DA FOLHA
Menos, menos
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 26/05/10
As cabeças mais sóbrias da campanha de José Serra estão preocupadas com a verborragia de tucanos e aliados a respeito de dois assuntos. O primeiro deles é a possibilidade de Aécio Neves ser vice, apresentada como a salvação da lavoura. O outro é a previsão, feita em "on" inclusive pela cúpula partidária, de que, assim como ocorreu com Dilma Rousseff, o tucano crescerá nas pesquisas quando for exposto na propaganda de TV -o programa do DEM é amanhã; o do PSDB, no final de junho; e há inserções no meio do caminho.
Os defensores da contenção verbal fazem raciocínio simples: a construção da expectativa só ampliará o efeito de frustração caso tais coisas não aconteçam.
Os defensores da contenção verbal fazem raciocínio simples: a construção da expectativa só ampliará o efeito de frustração caso tais coisas não aconteçam.
Sob medida. Diante da defesa, feita por Dilma Rousseff no evento da CNI, de uma pasta voltada às micro, pequenas e médias empresas, Fernando Pimentel, um dos coordenadores da campanha petista, brincou com Paulo Okamotto, amigo do peito de Lula e presidente do Sebrae: "Até que enfim você vai ganhar um ministério!".
Sem aderência. A ideia, no entanto, ficou longe de empolgar os presentes. "Seria uma confusão danada", resumiu um empresário na plateia. Em seu entender, aos pequenos e médios faltam crédito e legislação tributária mais eficiente, problemas cuja solução independe da criação de um ministério.
Vai que é tua. Ao deixar o auditório da CNI, José Serra deu de cara com Marina Silva, que se apresentaria em seguida. O tucano, que em sua participação fez uma série de críticas a políticas do governo, foi logo dizendo: "Olha, Marina, quase não deu para falar de meio ambiente. Deita e rola". Ela riu.
A conferir. Voltou a ganhar força a especulação de que Hélio Costa (PMDB), escaldado por derrotas anteriores e receoso de ficar sem mandato, optaria pela reeleição ao Senado, abrindo caminho para Fernando Pimentel (PT) ancorar, como candidato a governador, o palanque mineiro de Dilma.
Para registro. Dilma não pediu a José Eduardo Dutra que desistisse da candidatura a deputado federal. Foi o próprio quem concluiu que, assoberbado com a presidência do PT e com a campanha nacional, mal conseguiria ir a Sergipe, correndo sério risco de não se eleger.
Espera aí. A ideia de criar uma comissão para discutir a PEC 300, que fixa piso nacional para policiais militares, visa ganhar tempo e assim convencer a categoria a aceitar a retirada de valores do texto. O governo quer que estes sejam fixados em projeto de lei. Boa parte da oposição concorda, pois a emenda, se aprovada, teria impacto direto nas contas dos Estados.
Estrelas. Celso Amorim, que durante recente visita ao Irã se esforçou para reverter a prisão de Jafar Panahi, comemorou ontem a libertação do cineasta. "Sei que o prestígio da Juliette Binoche é muito maior do que o meu, mas fico feliz se de alguma forma contribuí", brincou o chanceler. Ao ser premiada no festival de Cannes, a atriz defendeu a causa do diretor.
Visitas à Folha. Alexandre de Moraes, secretário paulistano de Transportes, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Edson Giusti, assessor de imprensa.
Carla Grasso, diretora-executiva da Vale, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada de Roberto Castello Branco, diretor de Relações com Investidores, Ricardo Gruba Pereira, diretor de Saúde, Segurança Ocupacional e Empresarial, e Mônica Ferreira, gerente-geral de Relacionamento com a Imprensa.
com LETÍCIA SANDER e DANIELA LIMA
tiroteio
Se o critério fosse beleza, eu lançaria logo a Sabrina Sato. Mas eleição diz respeito às ideias e aos projetos de cada um.
tiroteio
Se o critério fosse beleza, eu lançaria logo a Sabrina Sato. Mas eleição diz respeito às ideias e aos projetos de cada um.
DO SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM) em resposta ao deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), que comparou Dilma e Serra dizendo: "quem olha para a cara de um (ela) e para a do outro (ele) não tem dúvida: o outro é muito feio".
contraponto
Prazo de validade Tucanos ilustres compareceram no sábado passado à festa de casamento, em São Paulo, de Carolina Malzoni Rabello, enteada do secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo. A certa altura, a conversa desembocou no assunto Aécio Neves, e alguém observou que o ex-governador de Minas Gerais, vice dos sonhos de dez entre dez correligionários para José Serra, estava viajando com a namorada havia mais de 20 dias.
Ao ouvir o número, Fernando Henrique brincou:
-Tudo isso? Quando ele voltar o namoro acaba!
contraponto
Prazo de validade Tucanos ilustres compareceram no sábado passado à festa de casamento, em São Paulo, de Carolina Malzoni Rabello, enteada do secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo. A certa altura, a conversa desembocou no assunto Aécio Neves, e alguém observou que o ex-governador de Minas Gerais, vice dos sonhos de dez entre dez correligionários para José Serra, estava viajando com a namorada havia mais de 20 dias.
Ao ouvir o número, Fernando Henrique brincou:
-Tudo isso? Quando ele voltar o namoro acaba!
RUY CASTRO
Cibergugu
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 26/05/10
RIO DE JANEIRO - Uma de minhas filhas, matriculada numa escola moderna e "alternativa" no Rio, em 1977, chegou aos seis anos sem ter aprendido a ler, e não por qualquer deficiência pessoal. Em compensação, subia em árvores como um mico e, idem, não por uma particular aptidão atlética. Era o estilo da escola: pouco bê-a-bá e muita liberdade para brincar. Na verdade, o dia de aula era um grande recreio.
Para mim, havia algo de errado naquilo. Escravo das palavras desde tenra idade, tendo aprendido a ler e a escrever sozinho e, aos cinco anos, de pernas cruzadas e calças curtas, já lendo o "Correio da Manhã", achava inconcebível que uma filha minha, em idade tão avançada, ainda não conseguisse ler nem "Luluzinha". Mas esta era a proposta da escola: valorizar, pelo máximo de tempo, a vida natural da criança, antes que ela se deixasse fisgar para sempre pelo mundo verbal. Compreendi.
Hoje é o contrário. Em escolas de São Paulo, bebês de dois anos, recém-saídos do gugu-dadá e mal entrados no minimaternal, sentam-se ao computador e produzem complexos desenhos de ursinhos, bolinhas e florzinhas digitais. Imagino que, aos três anos, estarão compondo óperas-rock por um programa criado por eles próprios e, aos quatro, irão propor ao mundo um sistema de busca que engolirá o Google: o Gugugle.
Alguns educadores mais severos do Rio e de São Paulo alertam para os riscos dessa precocidade. As crianças precisam brincar com coisas simples, dizem eles, para desenvolver a observação, o aprendizado, a imaginação e até a coordenação motora. O computador entrega tudo pronto, e sua tela faz mal à vista, principalmente para quem ainda não tem os órgãos de visão formados. Sem contar com que horas diante do aparelho criarão uma geração de inermes e balofos.
Que nunca aprenderão a subir em árvores.
MÔNICA BERGAMO
Lady GaGa em meu colo Mônica Bergamo Folha de S.Paulo - 26/05/2010 O single "Alejandro", de Lady Gaga, traz na capa a cantora nua no colo de um modelo sem camisa: o brasileiro André Ziehe, 27. "Zero milhões", disse ele à repórter Janaína Meneghel, sobre o cachê que (não) recebeu. "Nunca a conheci pessoalmente nem muito menos fotografamos juntos". A imagem original, diz, é de um desfile que fez há um ano para a Dolce & Gabbana, em Milão. "O que sinto é não ter sido remunerado pelo uso da minha imagem no álbum." Natural de Joinville (SC), ele vive hoje nos EUA. Já fez campanhas para Benetton, Louis Vuitton e Armani. Tarja Preta A agência brasileira Elite, que já representou Gisele Bündchen, Fernanda Tavares e Isabeli Fontana, está sendo processada pela Elite World, dona da marca na Suíça, pelo não pagamento de royalties. Uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de SP proíbe a licenciada brasileira de usar a marca. A multa por descumprimento é de R$ 500 por dia. Saldo Credor A Elite brasileira recorrerá da decisão. "A Elite do Brasil é credora de valores altíssimos [da Elite] lá de fora", diz o advogado Antônio Pitombo. Segundo Adriana Ferreira Leite, diretora da licenciada, a Elite World não paga os valores corretos de comissões "desde a época de Gisele Bündchen", ou 10% dos cachês de trabalhos internacionais de modelos do país. Tamanho Real A decisão de Aécio Neves (PSDB-MG) de não ser o vice de José Serra (PSDB-SP) foi tomada "com base em análises, e não como vontade pessoal", diz pessoa da mais absoluta confiança do mineiro. Pesquisas do Vox Populi para o grupo do tucano mostram que só 4% dos que hoje votam em outros candidatos poderiam mudar para Serra caso Aécio fosse vice. Ou 0,4% do eleitorado do país. De igual para igual As sondagens mostram que outros 14% podem mudar o voto (que hoje declaram em outros) caso Serra seja só apoiado por Aécio. "Nas pesquisas qualitativas, nosso eleitor diz preferir que ele esteja ao lado de Serra, como senador." E 40% declaram voto no tucano independentemente da decisão de Aécio. RR News Recebido anteontem por Lula em Brasília, o missionário RR Soares vai lançar um jornal de notícias em formato tabloide, diário, para ser distribuído gratuitamente em capitais do país. Ele já edita o "Show da Fé", jornal religioso e mensal com tiragem de mais de 1 milhão. Exclusiva E Lula dará entrevista em junho ao "RR Soares e Você", veiculado na TV. Favela Tour A Prefeitura de SP tirou R$ 32 milhões de dois programas de urbanização de favelas, nas regiões da avenida Água Espraiada e do Real Parque, para investir em "promoção, campanhas, simpósios e eventos turísticos, culturais e cívicos". O remanejamento foi publicado no "Diário Oficial". Vapt-vupt A Secretaria Estadual da Saúde vai distribuir 16 mil sachês com gel lubrificante durante a Parada Gay. E, no shopping Center 3, na avenida Paulista, terá estande para teste rápido de HIV. Baliza na Árvore O clube Paineiras do Morumby vai gastar R$ 35 milhões para construir um estacionamento subterrâneo, assinado por Walter Makhohl. Além das Fronteiras O Sesc e a ong Art for the World lançaram anteontem o projeto "Then and Now", com o objetivo de produzir um filme sobre a interação entre religiões, culturas e nações. SILVIO DE ABREU "ATOR QUE SE ASSUMIR GAY É BOBO" Autor da novela "Passione", Silvio de Abreu diz que não escreveria cena de beijo gay na novela pois não seria exibida pela Globo. Folha - Há quem só faça novela para ser capa de revista? Silvio de Abreu - Muuuita gente. Tem muitos atores que só estão interessados em fazer baile de debutante e sair em capa de revista. Não são os que trabalham comigo. Vida pessoal atrapalha? Se o cara sai de balada, toma droga e está lá com o texto na ponta da língua, eu não tenho nada com isso. Se é gay, se não é gay, se é machona, se não é machona. Pra mim tanto faz. Se na hora em que estiver assistindo eu acreditar que ele é machão, acabou. O problema é pa-re-cer. Aí, é outra coisa. Aí, atrapalha o personagem. Um ator que se assumisse homossexual teria dificuldade? Se o ator, digamos assim, vive de fazer tipo, não tem problema. Ele vai poder fazer o tio, o pai, o aleijado, o bobo. Mas se ele vai ser o sonho de amor das telespectadoras, ou a moça que vai ser o sonho de amor do telespectador e ela diz: "Eu sou lésbica", ninguém vai gostar. Ninguém mais vai sonhar com ela. Mesmo um bom ator? Se ficarem falando por trás, não tem importância. Se ele falar abertamente, vai prejudicar. Daí você vai me dizer: "O público gay vai gostar". Mas o público gay é 10%. A mulher é 40%, ou sei lá quanto, mais ou menos isso. Ator que fizer isso é bobo. A Globo vetou um beijo gay em "América". Homossexualismo não é mais tabu. Beijo gay é outra história. É uma exposição que grande parte do público que não é gay pode se chocar. Você colocaria um beijo gay em sua novela? Não adianta eu colocar, não vai passar. Curto-circuito O espetáculo de dança "Baseado em Fatos Reais" tem apresentação gratuita hoje, às 21h, no CCSP. Livre. Graça Seligman inaugura a mostra fotográfica "Itália Personale", hoje, no Park Shopping, em Brasília. O Hospital Geral de Pedreira recebeu o Troféu Ouro do Prêmio Nacional da Gestão em Saúde, concedido pelo Cremesp e pela Associação Paulista de Medicina. |
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
Remessas de estrangeiros crescem 66% neste ano
Maria Cristina Frias
Folha de S.Paulo - 26/05/2010
Os números positivos da economia brasileira e as perspectivas animadoras para os próximos anos vêm tornando o país cada vez mais atrativo para trabalhadores estrangeiros e para os brasileiros que vivem no exterior.
O dinheiro enviado pelos estrangeiros, que já vinha crescendo nos últimos anos, se acelerou nos primeiros quatro meses deste ano.
Os estrangeiros que moram no Brasil mandaram para seus países de origem US$ 262 milhões entre janeiro e abril, 66% mais que no mesmo período de 2009 -ano em que as remessas, apesar da retração da economia brasileira, bateram recorde.
Especialistas dizem que o Brasil passa hoje por um processo semelhante ao já atravessado por Irlanda e Espanha: de um país que só envia imigrantes para um que também recebe estrangeiros.
Por outro lado, os brasileiros que vivem em países como EUA e Espanha estão retornando cada vez mais para casa. Isso se reflete no total enviado por eles para o Brasil, que caiu 9% no primeiro quadrimestre deste ano sobre igual período de 2009.
Venda de imóvel dobra em março
As vendas de imóveis novos residenciais na cidade de São Paulo atingiram 4.095 unidades em março, quase o dobro do registrado no mesmo mês de 2009 (2.162 unidades) -ano marcado pela crise internacional.
A alta, porém, não foi suficiente para atingir o nível de 2008, quando foram registradas vendas de 4.386 moradias, segundo levantamento realizado pelo Secovi-SP.
Com relação ao VGV (Valor Geral de Vendas), de R$ 1,5 bilhão, o número foi o maior para um mês de março, desde 2004.
Mobília para o mundo
A marca de móveis Saccaro vai abrir até agosto uma unidade na Cidade do México, segunda loja no exterior da empresa, que já está presente, desde janeiro, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia).
Na expansão internacional, há outros estudos em andamento, segundo João Saccaro, diretor comercial.
"Planejamos abrir nos Estados Unidos, em Miami, no Chile, em Santiago, e também no Panamá. Mas ainda sem previsão", afirma.
Também está nos planos uma expansão doméstica. A rede, que já possui 20 lojas dentro do Brasil, planeja abrir mais quatro até o final deste ano no país.
O faturamento anual da rede Saccaro é cerca de R$ 90 milhões. O investimento na unidade do México envolveu cerca de US$ 700 mil.
A empresa também comercializa seus produtos em lojas multimarcas para cerca de 25 países, como Angola, África do Sul, Austrália, Canadá, Suíça e outros.
Sr. Pré-sal
Com 35 anos de Petrobras, o engenheiro Marcos Assayag, coordenou a equipe de pesquisa em desenvolvimento e aplicação de tecnologias para produção em águas profundas e ultraprofundas.
Os estudos culminaram nas descobertas do pré-sal e conferiram reconhecimento mundial à petrolífera.
Os resultados serão usados nos EUA, em profundidade de 2.550 metros, maior do que a do pré-sal, que é de 2.200 metros.
"Em princípio, será no segundo semestre deste ano, no golfo do México. Deve atrasar devido ao vazamento da BP, que continua na região", afirma Assayag.
"Somos líderes mundiais nessa tecnologia", diz Assayag, que trabalha no escritório da empresa em Londres, na prospecção de novas tecnologias para serem desenvolvidas no Brasil e aplicadas na camada pré-sal.
"A tecnologia que temos é suficiente para produzir no pré-sal", afirma.
"O que temos é de, cada vez mais, ter a forma mais econômica de produção nessa profundidade", frisa o engenheiro mecânico, que recebe hoje a Ordem Nacional do Mérito Científico, categoria Ciências Tecnológicas, dada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Hora do Café
Global Uma fila de estrangeiros passa pela Fiesp nos próximos dias. O primeiro-ministro da República da Turquia, o de Portugal e o ministro das Relações Exteriores da Áustria. Por fim, o da Indústria da Namíbia. Serão os últimos encontros de Skaf na entidade, antes de licenciar-se para disputar o governo de SP.
Vizinho Paulo Oliveira, da Brain, associação criada por Anbima, BM&FBovespa e Febraban, irá se encontrar amanhã, em São Paulo, com Pablo Correa, coordenador de Mercado de Capitais do Ministério da Fazenda do Chile. O intuito é propor a integração da América Latina em uma única plataforma de negócios.
MERVAL PEREIRA
O fator Minas
Merval Pereira
O Globo - 26/05/2010
Minas Gerais mais uma vez está no centro da disputa política, e o que acontecer lá será fundamental para a eleição presidencial. O ex-governador Aécio Neves está chegando de Londres hoje e traz com ele muitas dúvidas e uma pequena chance de mudar de ideia para ser vice na chapa tucana. Do lado governista, indícios tênues de que a coalizão entre PT e PMDB pode não estar tão tranquila quanto aparenta.
O ex-prefeito Fernando Pimentel, escolhido em prévias partidárias o candidato do PT ao governo, parece estar se interessando pela campanha, o que colocaria em risco o apoio à candidatura de Hélio Costa pelo PMDB.
Uma decisão de Aécio em direção à vice de Serra teria um efeito que pode ser decisivo na eleição, mas será preciso convencê-lo disso.
E uma divisão na base governista em Minas pode provocar uma reviravolta na própria coalizão nacional com o PMDB, o que daria uma nova dimensão no programa de propaganda gratuita.
Vamos por partes: o governador Aécio Neves chega disposto a atualizar suas informações, e uma coisa é certa para os que conversaram com ele: a situação de hoje não é a mesma de 90 dias atrás, quando não havia força humana que pudesse fazêlo mudar de ideia.
Agora, há uma chance, embora pequena. O ex-governador não quer de jeito nenhum passar a ideia de que não se empenhou o suficiente para uma vitória nacional do PSDB.
A mudança, se ocorrer, terá sido porque ele se convenceu de que sua entrada em cena como vice pode ser decisiva na disputa, como hoje consideram alguns de seus principais conselheiros.
Ele ainda não se convenceu disso; vai ser preciso analisar pesquisas, certamente será um processo lento, e não é da índole dele decidir de chofre.
A entrada de Aécio na disputa direta traria alguns benefícios para o PSDB, e o principal deles, além de unir os dois maiores colégios eleitorais do país em torno da candidatura Serra, seria poder fazer duas campanhas ao mesmo tempo, pela dimensão política de ambos.
A campanha se multiplicaria, na visão predominante entre os tucanos. Além disso, essa definição pode ajudar a campanha de Antonio Anastasia ao governo de Minas, que ainda não decolou, embora já esteja próximo dos 20%, outra hipótese que ainda falta provar para convencer Aécio.
Até o momento, ele acha que sua presença em Minas na campanha para o Senado ajuda mais a do governador.
Seu primeiro movimento será na direção da campanha mineira, já neste fim de semana, enquanto deixa maturar a ideia de vir a ser vice.
Há ainda as contas que estão sendo feitas na direção nacional do PSDB, tendo em vista que a campanha polarizou de vez, e tudo indica que a disputa será acirrada em todas as regiões do país.
Diante desse quadro, é preciso colocar uma diferença grande nos dois estados, Minas e São Paulo, para compensar os lugares em que o PSDB vai perder com essa polarização.
Em Minas, embora a diferença esteja sendo reduzida, o PSDB está na frente depois de ter perdido as duas últimas eleições.
Os que defendem a presença de Aécio Neves na chapa tucana acreditam, que, se ele entrar, a diferença hoje, em torno de 300 mil votos pelas pesquisas, seria ampliada, podendo chegar a dois ou três milhões de votos, o que a história das eleições mostra que é perfeitamente factível.
Em 2002, Lula venceu em Minas com 2,8 milhões de votos de diferença, índice que caiu para cerca de um milhão de votos em 2006. Em 1994, Fernando Henrique venceu por cerca de três milhões de votos, diferença que caiu para dois milhões em 2006.
É preciso, porém, que Aécio se convença de que somente sendo vice poderá alavancar essa diferença para a chapa tucana.
A outra ponta da equação eleitoral mineira é a coalizão entre PT e PMDB, não inteiramente assimilada pelos petistas, que têm um partido muito forte no estado.
O ex-prefeito Fernando Pimentel, um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff, parece estar nos últimos dias revendo sua posição sobre o partido dar apoio a Hélio Costa, dentro de um panorama mais amplo de resistência do PT nacional às exigências do PMDB.
Setores petistas já haviam feito chegar indiretamente à direção nacional do PMDB a ideia de que, se o partido insistisse em ter a cabeça de chapa em estados prioritários para o PT, como Minas, a coalizão poderia ser rompida, com o PSB indicando o vice da chapa oficial.
Essas bravatas, impulsionadas pelo resultado das últimas pesquisas, pareceram ao PMDB “coisa de amador”, e assim estão sendo tratadas até o momento.
No limite, pode haver uma reviravolta no cenário mineiro com o retorno do ex-governador Aécio Neves.
Já houve momentos das negociações, quando Dilma Rousseff apoiou a chapa “Dilmasia” — Dilma e Anastasia —, em que Hélio Costa ameaçou bandear-se para a ala tucana, defendendo a chapa “Serrélio”, numa referência ao apoio que poderia dar ao candidato tucano, José Serra.
Nada impede que uma negociação desse tipo seja feita, ou até mesmo que Hélio Costa, vendo seu desejo de ser candidato ao governo ser bombardeado pelo PT, prefira se candidatar novamente ao Senado numa coligação PMDB-PSDB, caso em que a candidatura de Aécio Neves a vice de Serra ganharia mais consistência.
Por enquanto, a maior possibilidade é a de que esses cenários não mudem tão drasticamente, e tudo indica que Aécio terá que atuar mesmo para emplacar seu candidato Antonio Anastasia contra a coligação PMDB-PT, com a candidata petista ressaltando a sua “mineiridade”.
Mas em política em Minas tudo pode acontecer.
Na coluna de domingo, por um lapso identifiquei Henry Kissinger como exsecretário de Defesa dos Estados Unidos. Ele foi secretário de Estado.
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