domingo, agosto 08, 2010

Uma confissão desconcertante

Uma confissão desconcertante
REVISTA VEJA

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ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

Puro Lula, o mais legítimo
ROBERTO POMPEU DE TOLEDO
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DIOGO MAINARDI

Como em Pompeia
DIOGO MAINARDI
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MAÍLSON DA NÓBREGA

O custo oculto do governo Lula
MAÍLSON DA NÓBREGA
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DANUZA LEÃO

Pobre Deus
DANUZA LEÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/08/10


Será que os sete pecados capitais (luxúria, gula, avareza, preguiça, ira, inveja e orgulho) valem?

EXISTEM PALAVRAS que de tanto a gente não ouvir, até esquece que existem; uma delas é "pecado". Mas outro dia passei por um homem na rua distribuindo folhetos, olhei e estava escrito, bem grande: "Os sete pecados capitais". Levei para casa, mas antes de ler, tentei lembrar quais eram eles; fui só até o terceiro, que vexame.
O pecado acontece por atos, palavras ou pensamentos, e o pecador, para ser perdoado, tem que se arrepender sinceramente. Mas será possível que esses sete pecados capitais -a luxúria, a gula, a avareza, a preguiça, a ira, a inveja e o orgulho- continuam valendo?
A luxúria, por exemplo. Os programas de TV, os filmes, a moda, tudo é dirigido para despertar a sensualidade geral, e ai de quem, hoje, não for sexy. E alguém quer ficar fora desse admirável mundo, só porque é pecado? Duvido.
A gula. Não é possível considerar a gula um pecado, e atire a primeira pedra quem não é tentado diariamente por algum prato delicioso. A gastronomia virou moda, mas os gulosos são apontados como pecadores, o que deveria ser considerado um pecado.
A avareza. A economia estimula as pessoas a pensar no futuro e poupar. Mas como é pecado, vamos então gastar tudo, até o último centavo, para não sermos acusados de avarentos, isto é, pecadores. Não, isso não tem nada a ver com a realidade, e pobres dos que não são muito cautelosos com seu dinheiro.
A preguiça; ah, que delícia, a preguiça. Quem não gosta do fim de semana para poder não fazer nada? É uma injustiça dizer que isso é pecado. Se até Deus, depois de criar o mundo, tirou um dia para não fazer nada, vai dizer que nesse dia ele não exerceu o direito à preguiça?
A ira. É feia, a ira, mas ninguém consegue viver sem sentir um pouco de raiva, pelo menos às vezes. Raivas pequenas, quando alguém pega a vaga do carro que você já considerava sua, raivas maiores, contra as injustiças deste mundo em geral e a nós, em particular. Será que Deus nunca teve raiva?
A inveja. Quando se veem pessoas com a cuca totalmente fresca, dando risada, sem culpa de nada, não dá uma certa inveja? Dizem que existem a inveja boa e a má; não sei muito bem identificar a diferença entre as duas, mas confesso que tenho inveja dos que nunca se preocupam, e fico na dúvida. Será que é verdade, ou é tudo fingimento?
O orgulho. Mas o que é o orgulho mesmo? Se é o sentimento que se tem quando um filho faz uma coisa bacana, confesso que isso me acontece sempre. Aliás, cometo todos os sete pecados todos os dias, sou mesmo uma pecadora, e o pior é que não me arrependo de nenhum deles.
A religião não é o meu forte, e apesar de ter sido educada em colégio de freiras, ter aprendido o catecismo e ficado tantas vezes de castigo, ajoelhada no milho, não sei bem a diferença entre os pecados e os mandamentos da Lei de Deus. Os mandamentos são coisa mais séria, vê-se, mas mesmo assim, desobedecidos sem a menor cerimônia.
Não matar -é só abrir o jornal e ver quantos foram mortos na véspera; honrar pai e mãe -muitos filhos não só não os honram como até os matam; não cometer adultério -sem comentários; não desejar a mulher do próximo -também sem comentários. Não roubar -sem comentário algum.
Não cobiçar as coisas alheias (nem a pulseirinha da amiga). Não levantar falso testemunho contra seu próximo -mas os dossiês estão aí, cada vez mais frequentes.
Pobre Deus, que não podia imaginar como seria o mundo em 2010.

GOSTOSA

CLAUDIO DE MOURA CASTRO

PowerPoint com carteirinha
CLAUDIO DE MOURA CASTRO
REVISTA VEJA

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REVISTA VEJA - CARTA AO LEITOR

CARTA AO LEITOR
REVISTA VEJA

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RUTH DE AQUINO

As pedras no caminho de Lula
RUTH DE AQUINO
REVISTA ÉPOCA
Época
RUTH DE AQUINO
é diretora da sucursal de ÉPOCA no Rio de Janeiro
raquino@edglobo.com.br
Sakineh é uma bela mulher, tem dois filhos, de 17 e 22 anos, e já aceitou o convite do presidente Lula para se mudar para o Brasil. A alternativa para a iraniana, presa desde 2006 por suposto adultério, é morrer desfigurada. Sakineh será enterrada em pé até o peito. Compete ao juiz atirar a primeira pedra. Testemunhas, autoridades do tribunal, policiais e o público também devem atirar pedras, nem pequenas nem grandes demais, o tamanho certo para um ritual lento, mas certeiro e eficaz.
Quem ordenará o apedrejamento será o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, aquele mesmo por quem o presidente Lula tem colocado sua mão no fogo. Ahmadinejad não se comoveu nem um pouco com a oferta improvisada de asilo a essa mãe de 43 anos. Tratou Lula como se fosse um imaturo, dado a arroubos. Chamou o presidente brasileiro de “humano, emotivo e mal informado”. Lula reagiu dizendo que só Deus dá a vida, só Deus tira. Mas confirmou sua ligação especial com Ahmadinejad: “Se vale a minha amizade com o presidente do Irã e se ela estiver causando incômodo, nós a receberemos no Brasil de bom grado”. Acorde, presidente. Quem incomoda aí nessa história é seu camarada.
É indesculpável, abjeta e vergonhosa a amizade com um louco como o presidente iraniano. Não existe pragmatismo que justifique os risos, abraços, piadas, fotos com a bandeira do Brasil ao fundo e o aval brasileiro à política nuclear de Ahmadinejad. Por que Lula teria ficado surpreso com a condenação à morte de Sakineh? Alguém que nega um fato histórico como o Holocausto merece confiança?
No ano passado, uma moça linda virou mártir ensanguentada nas ruas de Teerã. Neda, de 23 anos, morreu com um tiro em protesto contra fraudes na eleição presidencial. E sua morte destruiu a vida de outra iraniana, a professora de literatura Zahra, de 33. Agentes pressionaram Zahra a inventar que ela seria a verdadeira Neda, e estaria viva. “Eles queriam me usar. Queriam que eu culpasse conspiradores do Ocidente pelo episódio”, disse. Zahra gostava de sua profissão e de seu país. Hoje vive asilada em Frankfurt, Alemanha. Fugiu do governo de Ahmadinejad, o amigo de Lula.
É indesculpável, abjeta e vergonhosa a amizade 
de Lula com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad
O pesadelo que Sakineh vive há anos é, a nossos olhos, surreal e imoral. Ela foi presa e levou 99 chibatadas por adultério. Segundo sua versão, as relações aconteceram quando não estava mais casada. Ficou viúva, o governo a acusou de ter planejado a morte do marido, mas ela foi condenada mesmo por sexo.
Como Lula disse que “as leis dos outros países precisam ser respeitadas para não virar avacalhação”, ninguém entendeu quando voltou atrás e resolveu interferir no destino dessa mulher. Afinal, essa é a lei draconiana de seu companheiro islâmico. Como máxima concessão, em vez de apedrejar, Ahmadinejad pode mandar enforcá-la.
No Código Penal Revolucionário do Irã, o Artigo 86 manda matar a pedradas todos os casados que traírem. Como a lei iraniana permite a poligamia, homens se safam. A mulher não tem saída. O Artigo 105 permite que um juiz sentencie uma adúltera à morte com base apenas na queixa do marido. O apedrejamento começou no século VII. A maioria dos países muçulmanos eliminou esses crimes bárbaros de Estado. No Irã, antes da Revolução Islâmica de 1979, relações sexuais consensuais entre adultos não constavam do Código Penal.
Lula não precisava terminar seu mandato com a pecha de maior amigo de tiranos no mundo democrático. Por ideologia, ambição pessoal ou interesse comercial, Lula tem se lixado para os direitos humanos em países amigos ou parceiros. Ignora que existam dissidentes presos na Cuba de Fidel. Considera Chávez um exemplo de democrata. Esse estilo de diplomacia, que fecha os olhos a violações da liberdade, começa a incomodar e a dividir o próprio Itamaraty.
Teriam sido todas as mulheres do presidente, Marisa, Dilma e Marta, que o convenceram a lutar pela vida de Sakineh? “Eu quero viver com meus filhos no Brasil”, disse a iraniana na última sexta-feira. “O senhor não deve me esquecer.” E agora, Lula?

WALCYR CARRASCO


O mundo é do barulho

Walcyr Carrasco
VEJA - SP


Vou dormir de madrugada. Acordo tarde. Tenho
 sono pesado. Há um bom tempo, pulo da cama às 7 da manhã! É quando começam as marteladas no apartamento do vizinho. Perguntei ao zelador:
— O vizinho está reformando?
— Mandou botar pedras decorativas na parede. Uma a uma!
Uma a uma, oh, céus! Dá impressão de que estão construindo as pirâmides. Até que tenho sorte. Um amigo casou-se e mudou para o apartamento de seus sonhos.
— A minha mulher é um doce! Agora vou aquietar — prometeu.
No segundo dia de vida em comum, começaram a quebrar tudo no apartamento de baixo. Marretadas de manhã até o entardecer! O casal ficou tenso. Discussões explodiam por qualquer motivo. Ele a acalmou:
— Estamos nervosos por causa do barulho. Daqui a pouco acaba
Finalmente, as marretadas cessaram. Eles sorriram aliviados. Na manhã seguinte, começou a maquita. O som dessa maquineta cortando pisos é de enlouquecer. A doce esposa criou um ferrão! Histéricos, eles discutiram porque um dos dois havia esquecido o leite fora da geladeira. E o leite redundou na separação. Ela voltou para a casa da mãe. Ele ficou com o financiamento do imóvel e o barulho da obra.
Mas reformas são inevitáveis. E quando o ruído provém de um calçado?
— Minha vizinha de cima anda de tamancos o dia todo! É toc, toc, toc! — confidenciou uma amiga do Twitter.
Um amigo enlouquecia com o salto agulha da executiva do andar seguinte. Outro, com as crianças alheias brincando de pega-pega no quarto imediatamente acima do dele! Mas o premiado sou eu! Ganhei uma banda de rock! Tenho uma casa na Granja Viana na qual procuro descansar nos fins de semana. De uns tempos para cá, todo domingo o filho de uma vizinha resolve ensaiar com a turma. O som se propaga de maneira impressionante em um lugar com poucas construções. A desafinação também! Já tive vontade de bater na porta e aconselhar:
— Desistam! Isso não é música, é barulho!
Não posso, sob o risco de cometer um erro. Muitas bandas modernas são tão agradáveis quanto uma serra elétrica! E o pior: tem quem goste!
A música, confesso, me persegue. No passado, tive também um professor de piano como vizinho de apartamento. Ele tocava magnificamente. Mas os alunos, que sofrimento! Na época, se ouvia dó, ré, mi, fá... Os pelos dos meus braços se eriçavam!
Pior é quando se tem um vizinho festeiro. Toda semana, um terror: som alto, pés se arrastando, gritos na varanda! Sim, eu sei que há uma lei. Mas a do silêncio não pegou. E, mesmo diante da lei, há exceções. Nos últimos meses, um prédio da Avenida Angélica foi reformado de segunda a segunda. Inclusive de madrugada. Fica atrás do meu apartamento. Reclamei. Disseram que tinham alvará. Imagino que sim, por ser um hospital. Agora o barulho parou. Suspeito que alguns moradores da região serão seus primeiros clientes.
Consertos ocorrem durante a madrugada para não perturbar o trânsito. Mas é duro dormir acalentado por uma britadeira!
Já quis mudar para o campo. Morar numa casa a quilômetros de qualquer outra, longe da poluição sonora. Fiz uma experiência. Passei a noite ouvindo rãs coaxando e pios de coruja! Quando fechei os olhos, o galo cantou. Entre um galo e uma britadeira, não sei, não... Mesmo porque depois vem vaca mugindo, cão latindo por qualquer motivo... Desisti da ideia!
Socorro! Todo mundo faz barulho o tempo todo. E quem não gosta de barulho é que acaba sendo esquisito!

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Prejuízos à vista na Venezuela


EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/08/10
Empresas brasileiras poderão pagar caro por haver acreditado no presidente Hugo Chávez e, mais que isso, por ter levado a sério o entusiasmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao companheiro bolivariano, grande arauto do socialismo do século 21. A Braskem já sabe onde se meteu e retirou 25 das 30 pessoas que mantinha na Venezuela para tocar dois projetos no valor de US$ 3,5 bilhões. O investimento seria realizado em associação com a estatal Pequiven, mas o governo venezuelano descumpriu sua parte, segundo uma fonte conhecedora do assunto, citada por nossa enviada a Caracas, Patricia Campos Mello. Companhias exportadoras descobriram bem mais cedo o risco enorme dos negócios com o mercado venezuelano. Já ocorreram muitos atrasos de pagamento e o perigo do calote é considerável, porque os importadores dependem de um sistema de câmbio sujeito a controle oficial e a decisões arbitrárias.
Empresas brasileiras ficariam livres do risco de estatização, segundo prometeu o presidente Hugo Chávez a seu amigo Lula. A promessa foi feita logo depois da desapropriação de uma indústria de capital argentino. E foi recebida sem sinal de indignação pela presidente Cristina Kirchner. Ela e seu marido também têm sido aliados muito próximos do chefão bolivariano. Mas parte do empresariado argentino teve uma reação à altura do ultraje e acusou seu governo de usar a parceria com Chávez para se vingar de desafetos. Agora é a vez de brasileiros perderem o sono por causa da ameaça de desapropriação.
Uma nova lei permitirá ao governo venezuelano confiscar equipamentos e apropriar-se de obras públicas paralisadas ou atrasadas. O projeto foi aprovado pela Assembleia Nacional em primeiro turno e deverá ser aprovado também no segundo, porque o Legislativo é controlado pelo governo.
"Se for aprovada, a lei poderá ser um enorme problema para empreiteiras brasileiras", disse o diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Venezuela, Fernando Portela. Empreiteiras brasileiras, como Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa, estão envolvidas em grandes empreendimentos na Venezuela e sujeitas, portanto, às variações de humor de um chefão autoritário.
Mesmo agora, a única segurança dessas empresas é a proximidade entre os presidentes Chávez e Lula. Mas o mandachuva bolivariano poderá investir contra empresas brasileiras, a qualquer momento, quando julgar necessário para manter a ascendência sobre uma população cada vez mais sacrificada pela inflação, pela escassez de comida, pelos apagões e por uma prolongada crise econômica. Neste ano, só dois países da América Latina e do Caribe devem permanecer em recessão. Um deles é o Haiti, muito pobre e ainda sob os efeitos de um devastador terremoto. O outro é a Venezuela, nação rica em petróleo e com grande potencial de desenvolvimento, mas devastada por um governo irresponsável.
No ano passado o PIB venezuelano diminuiu 3,3% e a inflação ficou pouco acima de 25%. Os preços continuam subindo aceleradamente e a economia encolhe. O governo desviou os petrodólares ganhos em tempos de prosperidade para armar o país, transferir renda sem criar empregos produtivos e distribuir favores a aliados estrangeiros.
Nesse jogo, negligenciou a produção de petróleo e destruiu boa parte da economia. Foi preciso aumentar a importação de alimentos, mas nem o produto importado chega aos consumidores. Neste ano, milhares de toneladas de comida - algumas estimativas indicam 130 mil - apodreceram em contêineres.
Enquanto o país afunda, Chávez continua tentando criar inimigos externos. Ao mesmo tempo, recorre a truques macabros, como a exumação e a exibição dos ossos de Simón Bolívar, numa tentativa, talvez, de vincular sua morte - possivelmente por envenenamento - a uma conspiração da oligarquia colombiana do século 19.
Se o país de Chávez se tornar sócio pleno do Mercosul, como deseja o amigão Lula, o chefão bolivariano poderá ampliar o alcance de sua ação desagregadora. Mas alguns empresários brasileiros - poucos, é verdade - também apoiam essa insensatez. Talvez os novos desmandos cometidos na Venezuela possam mostrar-lhes o tamanho desse erro.

JOÃO UBALDO RIBEIRO


Desta vez é despedida mesmo


João Ubaldo Ribeiro 
O Estado de S.Paulo - 08/08/10
Não sou político, mas devo estar aprendendo com o exemplo, porque prometi um par de vezes aposentar definitivamente meu caderninho de implicâncias com a linguagem, até porque não quero ocupar este espaço com mais uma coluna sobre o bom uso de nossa língua, para o que, diga-se a tempo, não sou muito qualificado. Tem bastante gente fazendo isso nos jornais, com competência. Mas não cumpri - aliás, não estou cumprindo agora - as promessas. Peço a indulgência geral e prometo, agora solenemente, que tão cedo não torno a outra. Bem verdade que os políticos também fazem promessas solenes, mas espero não imitá-los no hábito de esquecê-las.
Tento usar a língua direito, estudo um pouco, mas no geral toco de ouvido e creio que minhas notas encontram eco em qualquer um que tenha aprendido algum português na escola, não são "especializadas", ou coisa assim. Devo prestar mais atenção na língua que a maior parte das pessoas porque sou escritor, vivo mexendo com as palavras e o que acontece com elas me afeta, às vezes de forma meio doida. E escrever para jornal ajuda a preservar o ritmo de jogo, a gente fica mais alerta para as bobagens, ou até absurdos, ditos ou escritos sem sentir e frequentemente sem querer. (Um amigo meu, vítima da mania de fazer o sujeito seguir-se de um pronome, como em "a realidade, ela é", me telefonou, depois que eu escrevi sobre o assunto. "Eu não consigo falar de outro jeito, acho que vou ter que me internar", disse ele. "Essa mania, ela vai me matar.") Mas não pretendo encarnar o chato que vive catando o "erro de português", até porque esse negócio de erro de português é muito relativo e minha preocupação é com a preservação da eficácia e da precisão da língua, atitude que está longe de ser elitista, como muita gente qualifica qualquer coisa expressa por um ou mais polissílabos. Uma língua que perde ou avilta seus recursos não pode aspirar a permanecer uma língua culta e servir para adequada expressão científica, filosófica e literária, temos que cuidar da nossa.
Nem pensar em patrulhar erro de português e, aliás, é por causa de certas patrulhas que tomei algumas de minhas notas. Penso particularmente na patrulha da colocação de pronomes, que, para os patrulheiros, é uma coleção supersticiosa de regras de aplicação às vezes ridícula. "O senhor disse que me queria ver", expresso desta forma porque o "que" atrai o pronome, força um pouco o falar do brasileiro, mas vá lá, não chega a ser ridículo. Contudo "o caderninho é tão chato que eu me resolvi livrar dele" é dose, tanto por escrito quanto, e mais ainda, na conversa. Ou seja, decora-se que o "que" atrai o pronome e se ignora uma exceção que mesmo os mais rezinguentos gramaticões de outrora sempre fizeram, quando, nessas locuções verbais, o segundo verbo está no infinitivo. Na fala, talvez nem tanto, mas na escrita fica até elegante construir "que eu resolvi livrar-me dele".
Lembre-se ainda que, como já dizia o grande mestre filólogo M. Said Ali, as palavras não são eletromagnetos, para ficarem se atraindo lá e cá. Na verdade, qualquer leitura de clássicos da língua como Antônio Vieira e Manuel Bernardes ou mesmo do fundador Camões vai render um balaio cheio de pronomes colocados "erradamente". A colocação, tanto na fala quanto na escrita, tem a ver com um sem-número de fatores, um dos mais importantes dos quais o espaço me obriga a citar taquigraficamente, é ser esse pronome, no enunciado, tônico ou átono. Certos pronomes que até os portugueses pouco letrados colocam "corretamente" são átonos em Portugal, mas aqui viraram tônicos e os colocamos como os percebemos, geralmente sem nada de errado. E menção especial deve ser feita ao pronome solto entre dois verbos, como em "resolvi me livrar". Isso está "errado" e, como "resolvi-me livrar" é também ridículo, além de não querer dizer a mesma coisa, fica-se obrigado a "resolvi livrar-me" como única opção. No entanto, os brasileiros dizem, com o "me" tônico, "resolvi me livrar" e não há razão para demonizar isso, pois é assim no falar cotidiano até dos que observam costumeiramente a norma culta. E vamos admitir que ainda haja resistência quanto ao uso dos pronomes oblíquos no começo de oração. Certas coisas persistem mais que outras e deve haver alguma razão para que ainda usemos a ênclise (pronome depois do verbo) em discursos e ocasiões formais. Mas dizer "dê-me" ou "dá-me" na conversa dá a impressão de que o falante é aluno de um colégio de freiras de antigamente ou usa brilhantina no cabelo, ou coisa assim.
E, imagino que por causa do "companheiros e companheiras", que por sua vez remonta a "brasileiros e brasileiras", tudo depois que o general De Gaulle disse "français, françaises", agora a velha e sedimentada norma, segundo a qual o plural das partes de um conjunto compreendendo os dois gêneros fica no gênero masculino, parece que não vai valer mais. "Brasileiros" engloba tanto homens quanto mulheres e não há nada para uma feminista dos velhos tempos reclamar. Na nossa língua, por exemplo, "pessoa" é feminino e nenhum homem se queixa de ser chamado de "uma pessoa". Mas daqui a pouco, pelo visto, alguém é capaz de inventar o masculino "pessoo", para não ofender os brios dos machões, que também são filhos de Deus. Ou muito me equivoco ou ouvi o presidente do Tribunal Superior Eleitoral dirigir-se aos eleitoras e eleitores. Está sendo realmente criada uma nova língua e o final do período anterior devia ser, de acordo com ela, "às/aos eleitoras e eleitores". Imagino haver quem ache isso chique. Talvez dizeres tradicionais venham a ser reformulados, em versões como "quem for brasileira ou brasileiro me siga". E já de novo se finda o espaço, sem que as notas tenham acabado. Mas mantenho a promessa. Se não cumpri-la, pelo menos não pedi voto. 

GOSTOSA

MERVAL PEREIRA

Definindo a largada
Merval Pereira
O GLOBO - 08/08/10 

Esta será uma semana decisiva para os candidatos à Presidência da República, de definição de posições para a largada da fase final de propaganda eleitoral pelo rádio e televisão, que é a que decide realmente a corrida. O candidato tucano José Serra terá a última chance para começar a campanha pela televisão empatado ou à frente da candidata oficial Dilma Rousseff, como planejado inicialmente.

Com a repercussão do primeiro debate, e as entrevistas dos três principais contendores na bancada do Jornal Nacional a começar de amanhã, a pesquisa do Ibope da próxima sexta-feira definirá a posição de largada dos contendores.

O fato de que os dois ficaram nos mesmos patamares da semana anterior nesta segunda pesquisa semanal divulgada sexta-feira indica uma estabilidade que é boa para Serra, embora ele continue atrás cinco pontos.

A sinalização de que a tendência no momento é a candidata petista ser considerada a favorita da disputa é o fato de que se esperava que ampliasse a diferença.

Ou até mesmo que se confirmassem os números de pesquisas do Vox Populi, dando Dilma oito pontos à frente, ou do Sensus, que mostrou a candidata petista com dez pontos de vantagem.

Eram expectativas de quem esperava que o crescimento de Dilma fosse irreversível.

Não ter acontecido isso já pode ser contabilizado como um ponto positivo para Serra, que tem a seu favor a percepção generalizada de que foi melhor no debate da Bandeirantes, embora não tão melhor que neutralizasse o favoritismo de Dilma.

Ganhou por pontos, já escrevi aqui. Mas, numa disputa acirrada como a que está se desenhando, com outros quatro debates anunciados — RedeTV, SBT, Record e TV Globo — e as entrevistas nos telejornais da Globo, especialmente o Nacional, Serra espera difundir a imagem de mais preparado para o cargo e reduzir a diferença até superá-la, acumulando pontos nos embates diretos sem par tir para um confronto agressivo que pode assustar.

O mesmo raciocínio pode ser feito para a estreia de Dilma Rousseff na arena de debates.

Não se confirmando a hipótese de um desastre completo que exibisse em cadeia nacional, mesmo de baixa audiência, sua incapacidade de dirigir o país, apregoada pelos adversários, ela pode se considerar vitoriosa.

E com todo o treinamento que vem recebendo, deve continuar evoluindo, acostumando-se com o estresse do debate político.

Esse estresse, aliás, deve ter sido grande para ela, que foi a primeira a deixar o auditório da Bandeirantes logo depois do debate, alegando cansaço.

Os demais candidatos permaneceram no palco, dando entrevistas, sendo gostosamente assediados por todo tipo de pessoas, desde os cômicos do CQC até jornalistas de verdade mesmo.

A alegria exibida por Dilma no dia seguinte ao debate dá a dimensão do peso que ela tirou dos ombros.

O problema é que Dilma é daquelas que vão sendo treinadas “on job”, e no decorrer da campanha ela tem que se arriscar cada vez mais, se expor ao eleitorado, sujeita a escorregões que podem ser fatais.

Numa empresa, geralmente os que recebem esse tipo de treinamento não trabalham nos setores sensíveis, onde um erro pode ser fatal.

Dilma está tentando aprender as artes da política em plena campanha para o cargo mais importante do país, e tem uma dose maior de risco nessa tarefa.

Não tem se saído tão mal quanto torcia a oposição, mas certamente demonstra a cada dia que ainda não estava madura para disputar o cargo.

Falta-lhe o jogo de cintura que uma vida parlamentar, ou mesmo o exercício da política sindical, dá aos que nelas atuam.

Mas sobra-lhe o apoio do presidente Lula, com sua popularida de intocada pesquisa após pesquisa, e uma conjuntura econômica favorável.

O PSDB vive hoje o drama do PT em 1994 com o Plano Real, e Lula parece ser o Plano Real do PT.

Nesse sentido, se se confirmar que a capacidade de transferência de votos de Lula ainda não se esgotou, a escolha de Dilma como candidata não terá influência na decisão do eleitorado.

Assim como se dizia no tempo do Plano Real que o candidato poderia ser qualquer ministro do governo Itamar, e não necessariamente o ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, também agora o que importaria é a figura de Lula, e não o personagem que disputa a eleição em seu nome.

Na época do Plano Real, o presidente Itamar Franco chegou a escolher o então ministro da Previdência Social Antonio Britto, do PMDB, para ser o candidato oficial, mas Britto acabou não querendo disputar.

A questão é tão delicada que Serra tenta se equilibrar entre ser contra o governo, mas não contra Lula, ser contra Dilma, mas não contra seu criador.

Se, no entanto, a campanha tucana conseguir descolar Dilma de seu ambiente artificial sustentado exclusivamente pela energia lulista, e deixá-la exposta ao eleitorado com seus erros e seus acertos, sem se colocar como o antiLula, Serra poderá ser beneficiado.

Ao contrário do que escrevi na sexta-feira, pesquisas de opinião mostram que os senadores José Agripino Maia, do DEM, e Garibaldi Alves, do PMDB, são os favoritos para ocupar as duas vagas em disputa para o Senado, ficando a ex-governadora Wilma Faria, do PT, como a terceira opção.

MÍRIAM LEITÃO

Bolsa Milionários
Miriam Leitão
O GLOBO 08/08/10

O manifesto das doze entidades empresariais em defesa dos empréstimos subsidiados do BNDES omitiu uma importante informação: quanto eles devem ao banco. Se dissessem, se saberia que defendem seu próprio bolso. Mas é revelador de como a elite adora o governo Lula e sua incrível volta à terra das políticas mortas do governo militar.

Lula, em cada palanque que sobe, critica “as elites” como sendo um grupo que tentou tirá-lo do poder. Ninguém tentou tirá-lo do poder, e a elite empresarial o adora como se vê nesse manifesto.

Quando tenta criar um inimigo incorpóreo, o presidente está conscientemente fazendo mais uma tentativa de manipular a opinião pública em época eleitoral. Nenhuma novidade.

Ele é assim mesmo. O que espanta é a maneira transparente com que as entidades empresariais disseram desta vez que querem continuar recebendo dinheiro público. “Sem dúvida, reconhecemos que o desembolso feito pelo Tesouro é um custo para a sociedade”, disseram os empresários em um raro momento de sinceridade.

Qual é o custo? Esse é um dos problemas. A sociedade que paga precisa saber quanto é o subsídio, a quem se destina o dinheiro, com que critérios os beneficiários são escolhidos. E são essas as perguntas feitas. Perguntas legítimas em uma sociedade democrática, em que o contribuinte exige respeito e informação sobre o que é feito com o dinheiro dele.

É ridícula a acusação de que há “um ataque ao BNDES.” O banco existe há 56 anos, sempre concedeu empréstimos com juros facilitados, cometeu muitos erros no passado, concentrou renda e comprou participações em empresas que faliram.

Ao longo dos anos foi tornando sua atuação mais transparente, mais auditável, corrigindo excessos e se firmou como um importante instrumento de todos os governos.

Só uma visão de Luiz XIV, do tipo “o banco sou eu”, faz com que o atual presidente Luciano Coutinho reaja às críticas à sua condução como sendo um atentado ao banco em si.

Um dos argumentos apresentados pela atual direção do banco, pelo governo e pelos empresários é que a instituição expandiu seus empréstimos com dinheiro do Tesouro apenas para enfrentar a crise econômica.

“Mas a crise passou e aparentemente o que valia em 2009 não vale mais em 2010”, lamenta o documento dos empresários.

De fato. Medidas emergenciais são para emergências.

Depois, os excessos têm que ser corrigidos.

Uma lição importante é que a bondade dos bancos públicos com dinheiro do contribuinte vira rombos que aumentam a dívida pública, que excessos e absurdos dessa transferência de renda para os ricos são inflacionários.

Mesmo na ação contra a crise, as decisões que o banco tomou são controversas.

O que há de anticrise nos empréstimos concedidos ao frigorífico JBS Friboi para comprar outro frigorífico no exterior? Ou a montanha de dinheiro transferida para a Telemar comprar a Brasil Telecom? Só para citar algumas das maiores operações que não criaram emprego, não ampliaram investimentos. Nestas duas operações os ganhos foram apenas dos seus acionistas.

“Ao contrário do que vem sendo dito, o BNDES não subsidia a compra de empresas, nem escolhe vencedores”, diz o manifesto dos super-ricos. Engraçada essa parte. Ela contraria os atos e palavras do banco. O próprio Luciano Coutinho justifica a neoescolha de campeões. Disse que sentia vergonha de que o Brasil não tivesse grandes empresas em algumas áreas.

Os jornalistas Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, do “Valor Econômico”, mostraram em reportagem na semana passada que o banco negou empréstimo a vários frigoríficos médios e deu empréstimos gigantes ao JBS Friboi e Marfrig numa escolha deliberada de alguns grupos para receber o dinheiro barato. O JBS comprou vários outros com esse dinheiro, aqui e no exterior.

Alguns frigoríficos estão falindo; outros nadando em dinheiro do banco. E que não se fale que a escolha do BNDES é por empresas mais sólidas. Como se sabe, o banco torrou R$ 400 milhões em empréstimo e compras de ação do frigorífico Independência, que quebrou em seguida.

O Brasil lutou muito pela estabilização da moeda. Foram anos dedicados ao esforço de corrigir distorções em inúmeras áreas. Uma das frentes da luta foi no saneamento dos bancos públicos.

A bagunça nas suas contas, a falta de transparência, a bondade excessiva aos grandes grupos empresariais, os perdões de dívida estavam na raiz do processo inflacionário. Aquelas políticas de apropriação do dinheiro público pelos muito ricos deixaram uma herança maldita e foram sendo eliminadas uma a uma. Não foi fácil. Só quem viu o dia a dia pode contar.

Grandes grupos empresariais conspiraram contra o processo de modernização.

São os mesmos que agora escrevem manifestos. Defendem essa estranha volta dos mortos-vivos; lutam com sucesso no cemitério das políticas extintas.

O Brasil tem muito a discutir para garantir o futuro depois da estabilização e do aumento da inclusão de brasileiros que a estabilização permitiu. É espantoso e triste que esteja às voltas com a discussão sobre se as políticas de concentração de renda e de benesses com o dinheiro público adotadas nos anos 70 eram boas ou não. Foram péssimas. Elas fizeram um enorme mal ao país. Isso está medido e contabilizado.

A quem interessa repetir os erros de um passado condenável e perigoso? Agora é mais fácil saber.

Os grandes empresários defendem a velha ordem. Eles são a elite amiga de Lula.

Eles não querem o fim do Bolsa Milionários.

GOSTOSA

DORA KRAMER

No macio azul do mar


DORA KRAMER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 08/08/10
O alto comando da campanha de Dilma Rous seff, aquele residente um andar abaixo do ocupado pelo presidente Luiz Inácio da Silva, gostou do debate realizado pela TV Ban dei rantes não só porque a candidata sobreviveu sem ferimentos graves.
O que agradou mesmo foi o clima “morninho”, como definiu menos de 24 horas depois um mandachuva da equipe.
“Para nós está bom assim, o rio correndo para o mar. Se continuar no mesmo ritmo a eleição está ganha.”
Quer dizer, sem sobressaltos, sem lances espetaculares, sem arroubos emocionantes, sem movimentos bruscos. Um arroz com feijão bem feito parece ser a receita predileta da campanha petista, cujo coordenador em tela acha que já esgotou sua cota de tiros no pé.
“Demos todos os que tínhamos direito.” Por exemplo, o registro na Justiça Eleitoral do documento “A grande transformação” aprovado em congresso do PT, como programa de governo, com restrições à liberdade de imprensa e violações ao direito de propriedade entre outros pontos eivados daquele modo todo especial que o PT tem de espantar eleitor em seus momentos xiitas.
Justo com Dilma, que não pode, segundo avaliação interna, dar margem a interpretações de que se eleita fará um governo marcadamente de esquerda. “Se Lula não pôde, ela muito menos. Não terá espaço para concessões à esquerda.”
Pelo mesmo raciocínio do quanto mais frio melhor, boa parte do estoque de tiros no pé foi gasta nos primeiros 15 dias depois que Dilma deixou o ministério.
Ela vestiu o figurino de combate, “acreditou” no papel e saiu de pau e pedra para cima do então pré-candidato do PSDB, José Serra. Respondia a tudo, polemizava, fazia frases (“lobo em pele de cordeiro”), brigava sozinha, perdia o em bate para si e o tucano só fazendo pose de bom moço.
Não falava mal de Lula e chegou a espalhar pânico nas hostes inimigas. “Ele estava assustadoramente perfeito.”
O que foi assim tão perfeito? A atitude amena, que deixava os petistas na difícil situação de precisar criticar um adversário que elogiava o presidente. Foi na época em que Dilma repetia que Serra era ambíguo sobre ser ou não oposição. “Era um rebate fraco, nada convincente.”
De acordo com a análise do comando petista, as coisas melhoraram depois que a candidata parou de responder a José Serra e ao mesmo tempo o tucano endureceu o discurso.
Na campanha governista o que se diz é que quanto mais oposicionista Serra se mostrar, melhor para Dilma.
Isso tanto pode ser a mais pura verdade como pode ser também um truque para levar o oponente para o lado que mais interessa.
Como distinguir? Im pos sí vel, melhor mudar de assunto.
Falar, por exemplo, sobre a expectativa em relação ao programa do horário eleitoral que estreia daqui a dez dias.
O centro dessa questão obviamente é o presidente Lu la. A campanha quer dosar sua participação. Nem tanto que faça a candidata desaparecer nem tão pouco que não seja suficiente para dar uma deslanchada nas pesquisas.
Mas Lula em qualquer dose não é bom?
Depende.
O QG petista cita o exemplo recente da campanha para a prefeitura de Belo Horizonte. Tanto o então governador Aécio Neves e o então prefeito Fernando Pimentel apareceram na propaganda que o candidato Márcio Lacerda sumiu. Por pouco não perdeu a eleição.
Portanto, overdose de Lula nem pensar. São 45 dias de programas. Será feito um teste: dependendo do resultado nas primeiras duas semanas, a participação do presidente aumenta ou diminui.
Retomando aquela ideia do início de que a “eleição está ganha” se tudo transcorrer em ambiente morno – o que contraria o argumento de que a agressividade da oposição favorece Dilma –, vamos conferir as contas em relação à possibilidade de vitória no primeiro turno.
Há dois tipos de avaliação. A da maioria, mais otimista, aposta em 50% de chance. A do nosso interlocutor, porta-voz dos prudentes, cai para 5%.
Cálculo de gato escaldado, lembrando que em 2002 e 2006 as pesquisas indicavam vitória de Lula no primeiro turno e nas duas vezes a eleição foi decidida no segundo.
Temente a água fria, não se ilude facilmente: “Eleição en gana muito a gente.”