terça-feira, março 06, 2012

O choro de Dilma - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 06/03/12


Do historiador Marco Antonio Villa sobre o choro de Dilma na despedida de Luiz Sérgio do Ministério da Pesca:
— Nietzsche chorou. Sabemos por que. E Dilma? Chorou por quê?
Em tempo: “Quando Nietzsche chorou” é titulo do famoso romance de Irvin D. Yalom. 


O direito de saber
O pessoal do cinema elaborou documento em que se diz preocupado “com frequentes manifestações de militares, confrontando instituições democráticas e o próprio estado de direito”.
O manifesto — assinado, entre outros, por Ruy Guerra, Luiz Carlos Barreto, Tata Amaral, Murilo Salles, Lúcia Murat e Sílvio Tendler — “repudia ataques desses setores minoritários das Forças Armadas, que de forma alguma irão obstruir as investigações da Comissão da Verdade”.

Segue...
O documento foi encaminhado aos ministros da Defesa, Celso Amorim, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e da Cultura, Ana de Hollanda.

Tommy Brasil
O grupo Inbrands negocia assumir a operação da Tommy Hilfiger no Brasil.

Miami é um perigo
Parceira da coluna que está em Miami, ao comprar um computador na loja da Apple no shopping Dadeland, ouviu do vendedor: “Vou acompanhar a senhora até o carro, por segurança, pois não é recomendado circular com o computador.”
Deve ser terrível... você sabe.

Nelson por Nelson
A editora Nova Fronteira lança em abril o livro “Nelson Rodrigues por ele mesmo”.
A obra, de Sônia Rodrigues, filha de Nelson, que faria 100 anos em 2012, é uma espécie de autobiografia do escritor, a partir de trechos de seus escritos.

Fator Odebrecht
Chegou ao inglês “The Guardian” a polêmica entre a Odebrecht e os tropicalistas por causa daquele condomínio em Salvador que a construtora quer batizar de Tropicália.
O jornalão diz que Caetano e Cia. chamam o caso de “afronta” e exigem a troca do nome. Confira em http://bit.ly/Age99C.

‘Back to Piauí’
Juca Chaves entra em estúdio hoje para regravar sua música “Take me back to Piauí”, lançada há 40 anos, sucesso ultimamente nas pistas de dança da Inglaterra e do Japão.

Emprego dos sonhos
O chiclete Trident começa a selecionar hoje no Facebook um profissional para mapear as praias do país e registrar como a turma se diverte no verão.
Por 22 dias de viagem, o sortudo vai ganhar R$ 10 mil.


Alô, Padilha!
Quarenta leitos de UTI de hospitais federais estão fechados no Rio por falta de pessoal.



QUEM PRIMEIRO reparou, num sobrevoo de helicóptero, sábado, foram Boni, o craque da TV, e o nosso coleguinha Roberto D’Ávila. Uns navios atracados na saída da baía de Angra dos Reis deixaram vazar óleo e sujeira no mar, talvez ao lavar seus porões. Uma mancha se espalha por grande extensão. Ontem, outro parceiro da coluna enviou fotos feitas num passeio de barco ali perto, no fim de semana. Repare nas boias ao redor do casco. Segundo um especialista, servem para conter óleo. Alô, Ibama! Alô, Carlos Minc!

A arte de caminhar - DENISE ROTHENBURG


Correio Braziliense - 06/03/12


Eduardo Campos caminha de costas para o seu objetivo, concorrer à Presidência da República. Sabe que, se andar de frente para o Planalto, o PT dará um jeito de puxar seu tapete como ameaçou ontem por conta da sucessão paulistana



Jogada de mestre a que foi feita ontem pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ao evitar que seu partido anunciasse ontem o apoio à candidatura de José Serra para prefeito de São Paulo deixando tudo para junho, o comandante do PSB conquistou no centro dos votos uma visibilidade que seu partido não tinha. Agora, dia sim, dia não, os políticos paulistanos — e por tabela, de outros estados que acompanham de longe os movimentos da eleição paulista — vão falar que o PSB ficará com o PT, flertará com o PSDB. E, assim, Campos valorizará o passe a ser entregue apenas na temporada de convenções municipais.

O PSB nunca obteve muito espaço em São Paulo. Sempre foi meio agregado. Ora do PT, ora dos tucanos. Mas, seu presidente, aos poucos vai se chegando por ali. A presença de todos os canais de TV, sites, jornais, na Associação Comercial do Estado de São Paulo, onde Campos proferiu uma palestra, mostra que ele começa a aparecer num lugar onde o governador de Pernambuco e traço sempre foram sinônimos. A consequência disso ninguém sabe, mas esses gestos não explícitos da política do PSB começam a ser observados por muitos, do governo aos tucanos.

Por falar em observatório...
De sua sala, no 4º andar do Palácio do Planalto, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é uma das observadoras dos movimentos do PSB. Vê à distância o blocão que os socialistas planejam formatar na Câmara com o PSD, PCdoB e quem mais chegar. Uma força capaz de se contrapor ao PMDB, onde a confusão está cada dia maior. O que esse bloco, aliado ao governo, vai engendrar também é um tijolo rumo a 2014.

No Planalto e fora dele, todo mundo sabe que a pretensão futura de Eduardo Campos é concorrer à presidência da República ou, no mínimo, ser candidato a vice. Nesse sentido, os peemedebistas olham com certa inveja para o PSB de Campos. No governo Dilma, os socialistas têm o Ministério da Integração Nacional, recheado de verbas e programas que chegam direto ao eleitor de cada rincão do Brasil. Têm ainda a secretaria nacional de Portos, criada sob encomenda para abrigá-los ainda no governo Lula. Lá, podem fazer política sem serem incomodados diariamente.

Enquanto isso, o PMDB, que tem cinco, considera mesmo somente a Agricultura com o que chamam de "valor agregado", uma vez que a Previdência onde as coisas acontecem é no INSS. E, para completar, avaliam os peemedebistas, o PSB não tem aquela fama de fisiológico que consta na testa do PMDB. E agora, com o manifesto do PMDB exigindo maior participação no governo, ainda que seja na formatação das políticas, a fama volta a aparecer com força.

Por falar em força...
Um dos entraves do projeto de Eduardo Campos hoje é seu casamento com o PT. O que até então o ajudou a conquistar espaço, começa a atrapalhar sua caminhada. A cada passo que ele dá, os petistas tentam segurar seus movimentos. No caso de São Paulo, houve quem dissesse dentro do PT que, se o PSB fechasse com Serra agora, deveria sair do governo Dilma no mesmo dia. Ora, ora, mas Dilma não disse que o governo federal não tem nada a ver com a eleição paulistana? Está cada dia mais claro que não é bem assim.

Por essas e outras, Eduardo Campos caminha, a partir de agora, de costas para o seu objetivo, concorrer à Presidência da República. De vez em quando, dá uma viradinha, para ver se o fato de caminhar de costas não o tirou do rumo do Planalto. Mas, logo em seguida, volta-se de novo de costas para o destino final que deseja alcançar. Se fizer diferente, o PT irá fazer dele um adversário no mesmo nível que tem hoje o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Amistoso, educado, mas que aguarda apenas o momento certo de colocar seu bloco na rua para concorrer à presidência da República e tentar puxar Eduardo para ser seu candidato a vice.

Por falar em vice...
Ideli Salvatti chamou o presidente em exercício, Michel Temer, para tentar acalmar a bancada do PMDB e evitar grandes estragos em função do manifesto da Câmara. Finalmente, alguém chama o vice-presidente da República para alguma coisa. Sinal claro de que Temer é visto como um adestrador de peemedebistas e não como o segundo na hierarquia presidencial.

Nocauteando a liberdade - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE SP - 06/03/12


SÃO PAULO - Até ler o artigo do deputado José Mentor (PT-SP) ontem na Folha, MMA, para mim, não passava de uma sigla para Ministério do Meio Ambiente. Foi com surpresa, portanto, que descobri que as Mixed Martial Arts, os combates de vale-tudo, fazem um baita sucesso na TV.

O que me deixou estarrecido, porém, foi perceber que o parlamentar pretende proibir a transmissão dessas e de outras lutas pela TV. Se dois adultos no gozo de suas faculdades mentais decidem voluntariamente espancar-se até um deles ser nocauteado e se há gente disposta a pagar para assistir isso, esse não é um problema que diga respeito ao Estado.

A justificativa apresentada por Mentor no projeto de lei nº 5.534/09, de que é preciso resguardar "crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos" de assistir a "cenas violentas explícitas", é complicada. O peso da TV e de outros elementos midiáticos na formação de indivíduos violentos ainda é debatido com acrimônia por psicólogos, especialmente os que estudam crianças. Minha impressão, contudo, é que a maré está virando. Estamos passando do virtual consenso de que a TV inexoravelmente deixava todo mundo maluco para a suspeita fundamentada de que a mente humana é mais complexa e a mídia desempenha papel bem menos decisivo do que se suspeitava.

Como observa Steven Pinker em seu mais recente livro, os filmes de Hollywood estão mais sangrentos do que nunca, pornografia ilimitada está a apenas um clique de distância e surgiu um novo e enorme mercado de games extremamente cruéis. Apesar de toda essa "decadência", a violência na vida real diminui de forma consistente em todo o mundo.

Pinker vai além e sugere que o desejo por entretenimento com temáticas violentas é um universal humano. Os que não gostamos de MMA apenas usamos outros produtos, como sagas homéricas, dramas shakespearianos, contos de fadas ou histórias bíblicas. Mentor vai censurar isso tudo?

Pênalti - SONIA RACY

O Estado de S.Paulo - 06/03/12

Danilo Larangeira, ex-Palmeiras, teve vitória na Justiça. A queixa-crime por suposta cusparada em Manoel, ex-Atlético Paranaense, durante jogo em 2010, acaba de ser suspensa por liminar. Fábio Tofic Simantob, advogado de defesa, conseguiu o feito alegando falta de interesse da vítima: Manoel faltou a três audiências.

Mas Danilo ainda responde a ação por racismo, por chamar o colega de “macaco”.

Sinais externos
Corre entre as enfermeiras do Hospital Sírio-Libanês que Lula estaria com depressão profunda. Mesmo assim – e apesar da pneumonia leve –, o ex-presidente registra um. fio de animação.

Sua barba voltou a crescer.

Sold out 
As 30 mesas – de até US$ 25 mil – colocadas à venda para o gala da BrazilFoundation em Miami se esgotaram.

O evento beneficente homenageará Norberto Odebrecht e Romero Britto. Dia 27, no W South Beach Hotel.

Estreia
Desembarca no Brasil, pela primeira vez, o Circo de Moscou no Gelo. A turnê começa dia 21 de abril, no Via Funchal.

São 26 artistas e 6 toneladas de equipamentos – incluindo um picadeiro de gelo sintético.

Contra roubos 
E vem aí, dia 18, um Panelaço no Itaim. Habitués do Parque do Povo cansaram dos roubos e furtos e criaram página no Facebook para divulgar a ação.

Beleza 
A Truss fechou parceria com Alexandre Herchcovitch.

O estilista assinará linha de cosméticos tanto para profissionais como para consumidores.

Shakespeariano 
Pais e filhos pasmados à porta do Teatro Eva Herz, sábado de manhã. Por causa da chuva de sexta-feira, a casa cancelou a peça infantil O Bobo do Rei– inspirada em Rei Lear. “Vazou água pelo teto e está tudo molhado”, explicou a atendente.

Um pai, na fila, brincou: “Ainda se fosse A Tempestade.”

Coringão 
“Já me colocaram em dez lugares diferentes desde que Serra assumiu sua candidatura a prefeito”. A frase é de Alberto Goldman, fiel escudeiro do tucano. O boato, agora, é que o ex-governador assumiria a secretaria de Transportes do Estado.

Segundo Goldman, sua participação na disputa por São Paulo continua sendo a de sempre: apoiar Serra no que for preciso.

Pequeno grande 
Causou desconforto entre tucanos comunicado de Orlando Morando, ontem pela manhã, dando conta de que era o novo coordenador da campanha de Serra.

Só se esqueceu de especificar que o convite se limita à coordenação da bancada de deputados estaduais da legenda.

Outro lado 
Sérgio Bermudes, advogado do Panamericano, afirma que a ação de Adalberto Salgado Júnior na PF, publicada pela coluna, não passa de cortina de fumaça para encobrir ilegalidades. “Adalberto chegou ao cúmulo de obter empréstimos, no Panamericano, a juros menores do que os dos CDBs emitidos pelo banco em favor dele”.

Valor total dos papéis? Algo estimado em R$ 400 milhões.

Outro lado 2
E diz que a alegação de fraude processual, por parte de Adalberto, é “curiosa”. Afirma que a medida liminar pedida pelo Panamericano foi dada pelo juiz Rogério Cimino e confirmada pela 19ª Vara Cível. “Adalberto tentou suspender essa medida no TJ-SP e não conseguiu”.

GOSTOSA


O vaivém dos bodes - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 06/03/12

Sai um bode da sala, entra outro. Ou, para usar outra metáfora original, a economia mundial zanza entre cruzes e caldeirinhas. A brasileira zanza por tabela.

Os acessos críticos da economia europeia foram amainados, mas à base de um sedativo, € 1 trilhão, que infla preços em mercados de risco e valoriza o real.

O Congresso americano -mais precisamente os republicanos- refreou suas birutices e prorrogou reduções de impostos sem as quais a economia dos Estados Unidos poderia dar nova adernada.

Os indicadores americanos despioraram. Porém, petróleo caro demais por muito tempo também é uma espécie de imposto, que reduz o poder de compra do consumidor de lá.

O preço do petróleo poderia cair, pois Iraque e Líbia voltaram a produzir; a China anunciou ontem que vai crescer "pouco" (7,5%) em 2012. China e EUA consomem um terço do petróleo do mundo.

Mas a mera ameaça de guerra ao Irã levantou em 15% o preço do barril (tipo Brent) neste ano. De resto, a China crescer menos é boa notícia apenas para o preço do petróleo, não para o conjunto da economia mundial.

Não há desastre na China. Mas convém lembrar que, em anos de crise feia, como 2008 e 2009, a economia chinesa cresceu em média 9,4%. Em 2010, 10,4%. Antes da crise, em 2007, 14,2%.

O preço de outras commodities está numa biruta. No fim do ano passado, com as ameaças de colapso europeu, houve uma liquidação nos mercados, que então pareciam acreditar em recessão feia no mundo.

Agora, há reviravoltas no preço de grãos, pois baixou o medo de recessão, de crescimento ainda menor nos EUA e pode haver escassez de algumas comidas devido a problemas climáticos.

Tudo isso afeta o Brasil, claro. Afeta os mercados da combalida indústria e o câmbio, pode afetar a inflação ou o saldo comercial.

No que diz respeito ao crescimento de curto prazo (neste ano), há problemas domésticos também. O crédito anda devagar para a pessoa física, endividada, que tem menos crédito. Cresce o volume de crédito dos enforcados -no cheque especial e no cartão. A indústria apanha do câmbio e do crédito mais raro e caro.

Não se trata de alardear "crise". Há boas perspectivas para o investimento e o país continua com ótimo crédito. Há grandes obras engatilhadas. Etc. Mas está difícil o crescimento dilmiano, de mais de 4%.

Por ora, o problema maior é o governo usar anabolizantes para forçar um crescimento além da conta. Anabolizantes, ocioso dizer, criam ilusões temporárias, que fazem mal à saúde.

Uma dessas drogas é um possível excesso de mexidas no câmbio e de proteções a setores da indústria, o que pode gerar apenas ineficiência nos mercados e alguma inflação extra.

Outro receio é o governo gastar demais a fim de ganhar meio ponto percentual no PIB. Ou induzir bancos públicos a emprestar além da conta. Forçar o crescimento doméstico num ambiente global letárgico pode ter como resultado uma inflação um pouco mais alta, quando se pretende baixar os juros mesmo com uma inflação ainda altinha.

O fim da Europa - VLADIMIR SAFATLE


FOLHA DE SP - 06/03/12


"Husserl dizia que os povos, mesmo em sua hostilidade, se agrupam em tipos que têm um 'lar' territorial e um parentesco familiar, tal como os povos da Índia; mas só a Europa, malgrado a rivalidade de suas nações, proporia a si mesma e aos outros povos uma 'incitação a se europeizar cada vez mais', de modo que é a humanidade inteira que se aparenta a si neste Ocidente."

Essa afirmação de Gilles Deleuze e Félix Guattari, em "O Que É a Filosofia?", sintetiza bem como "Europa" foi, durante muito tempo, não a descrição de um espaço geográfico, mas o nome de um movimento de trans-formação sociocultural de escala global.

Se Deleuze e Guattari podem lembrar Edmund Husserl e afirmar que só a Europa proporia a outros povos uma incitação a se europeizar cada vez mais, foi porque ela representou mais do que um impulso colonial. Pois a incitação nunca tem como força a simples coerção.

Na verdade, "Europa" representou aquilo que um de seus primeiros heróis, Ulisses, encarnou -a saber, a capacidade de perder-se e a certeza de ser acolhido mesmo lá onde não encontramos mais nossa imagem.
"Europa" foi, durante certo tempo, o nome de um impulso para fora de si. Por isso, os bons europeus serão sempre Nietzsche, Freud, Spinoza, Paul Celan, Sartre, Mallarmé, Debussy e tantos outros: aqueles que suspeitam de si e de sua própria língua.

Mas essa Europa perdeu força. Ela se debate contra o seu fim. Em um momento no qual a União Europeia rifou seu futuro ao se mostrar, não como uma força propulsora de transformações econômicas, mas como um mero instrumento de defesa do sistema financeiro, a Europa vê o motor do capitalismo deslocar-se, mais uma vez, para fora de suas fronteiras. Primeiro, os Estados Unidos, depois o Japão e, agora, a China.
Como se não bastasse, as antigas rivalidades retornam. Gregos lembram das dívidas de guerra de alemães, finlandeses culpam os europeus do sul pela crise, belgas demonstram que não é necessário imigrantes para fazer circular o ódio social.

É nesse contexto de crise e degradação que ouvimos brados de defesa da "civilização europeia" vindos, normalmente, daqueles que confundem "civilização" com hábitos alimentares e dialetos camponeses.
Essa é uma triste prova de que a "civilização europeia" aparece quando a "Europa" deixa de representar ideias renovadoras e capazes de incitar outros povos.

Talvez isso nos lembre como precisamos procurar, como dizia Deleuze, por uma nova terra e por um povo que não existe ainda.

O que você quer saber dos governos? - GIL CASTELO BRANCO

O Globo - 06/03/12


Dizem que no Brasil as leis são como vacinas. Umas pegam, outras não. Assim, há enorme expectativa em relação ao que vai acontecer com a chamada Lei de Acesso à Informação, que entrará em vigor a partir de 16 de maio deste ano (Lei 12.527). Caso o texto aprovado no Congresso Nacional seja mesmo para valer, qualquer cidadão poderá solicitar aos órgãos públicos informações do seu interesse. E poderá fazê-lo pessoalmente, por carta, e-mail, ou até por telefone. Nem precisará dar-se ao trabalho de explicar o "porquê" do pedido.

A regra vale para Legislativo, Executivo e Judiciário, nos níveis municipal, estadual e federal. As empresas estatais, autarquias e fundações também estão incluídas. Os burocratas terão vinte dias - prorrogáveis por mais dez - para responder às indagações ou para negá-las por escrito, neste caso justificando o motivo. O servidor que se recusar a prestar informações, retardar o acesso a elas ou deliberadamente fornecer dados incorretos será punido.

A grande novidade na terra de Macunaíma já existe em outros 88 países. Na Suécia, por exemplo, há mais de 200 anos. O fato de o Brasil chegar atrasado nesta festa tem ao menos um lado bom: a Lei é moderna, muito semelhante àquelas existentes nos países que sempre levaram a sério o direito de acesso à informação. No entanto, a "jabuticaba" do texto é atribuir à Controladoria Geral da União (CGU), vinculada à Presidência da República, o papel de órgão recursal, quando o ideal teria sido a criação de agência independente.

De fato, imagine a possibilidade de solicitar informação a qualquer secretaria de um ministério. Havendo a negativa, você reenviará o pedido ao superior imediato do secretário, ou seja, ao ministro. Se este também negar, você irá recorrer à CGU, em outras palavras, a outro ministro - no mesmo nível hierárquico do que negou seu pedido anteriormente -, ambos integrantes do governo federal. Nada contra a CGU, que, aliás, tem feito ótimo trabalho em favor da transparência. Mas, institucionalmente, a raposa não deveria tomar conta do galinheiro.

De qualquer forma, pelo menos aparentemente, estamos a dois passos do paraíso, como diria o meu colega de escola, Evandro Mesquita, da banda Blitz. Em 71 dias, constataremos se a Lei de Acesso à Informação irá ou não acabar com a maratona entre seções, chefias, requerimentos, autenticações e outros obstáculos impostos a quem ousa solicitar documentos em qualquer "repartição pública".

Na verdade, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, a Convenção da Organização das Nações Unidas contra a Corrupção, a Constituição Federal e diversas outras leis já tratavam do direito do cidadão de receber dos órgãos públicos informações do seu interesse. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, por exemplo, há anos, autoriza o acesso de entidades não governamentais a diversos bancos de dados. A facilidade, porém, não é viabilizada pois as senhas de acesso aos referidos cadastros são sistematicamente negadas pelas Pastas com respostas evasivas.

Assim sendo, há o receio de que a implantação desta lei possa também patinar em vários subterfúgios burocráticos. O primeiro deles é que o texto legal sequer foi regulamentado. Como consequência, estados e municípios têm inúmeras dúvidas, inclusive sobre a eventual necessidade de aprovação de leis locais. Muitas outras indagações causam ansiedade. Quais serão os órgãos recursais no Legislativo e no Judiciário? Os seis meses decorrentes entre a assinatura da lei e a sua vigência efetiva foram suficientes para que os arquivos tenham sido catalogados e os servidores devidamente treinados para a nova realidade? Existem recursos disponíveis nos orçamentos federal, estaduais e municipais para a criação de setores responsáveis pelo recebimento e tratamento das informações solicitadas?

Entre os temores de o esforço acabar em pizza está a possibilidade de os gestores classificarem os documentos como "secretos", "ultrassecretos" ou "reservados", o que na prática torna a informação inacessível. Ou mesmo dizê-la inexistente ou indisponível.

Como somos gatos escaldados, é difícil imaginar que em 60 dias estará revogada no Brasil a "cultura do sigilo". Mas cabe-nos lutar para que isso aconteça. Nesse sentido, foi criado o site www.queremossaber.org.br, à semelhança do inglês www.whatdotheyknow.com, para intermediar, às claras, os pedidos aos governos. A Lei 12.527, se vingar, será marco histórico em favor da cidadania. Mas essa vacina precisa pegar.

Bebês para abate - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 06/03/12

Horrorizado? Não esteja. Terminar com a vida de um recém-nascido indesejado não é uma originalidade



SE UM feto pode ser abortado, por que não um recém-nascido? Boa pergunta. Perigosa pergunta. Os filósofos Alberto Giubilini e Francesca Minerva tentaram responder positivamente a ela no reputado "Journal of Medical Ethics".

A Europa estremeceu de horror. Pior: choveram ameaças de morte sobre os pobres pesquisadores.
Sem razão. Li o ensaio ("After-Abortion: Why Should the Baby Live?"; aborto pós-nascimento: por que deve o bebê viver?) e aplaudo o rigor científico do mesmo. Que parte de premissas razoáveis: em muitas sociedades do Ocidente, o aborto é livre por mera vontade dos pais. Tradução: não é preciso invocar nenhuma razão médica para terminar a gravidez. Basta querer -e fazer.

Essa autonomia radical, que é a base da posição progressista sobre o assunto, deve ser extensível ao recém-nascido, diz o ensaio, sobretudo quando há doenças ou deformações que não foram detectadas durante a gestação. Exemplos? Vários.

A asfixia perinatal, que ocorre durante a gravidez, o parto ou até depois, é um deles e pode deixar danos físicos ou mentais irrecuperáveis na saúde da criança.

A síndrome Treacher-Collins é outro, responsável por malformações craniofaciais que, dizem os pesquisadores, raramente são rastreadas pelos progenitores. Sem falar da doença de Down: olhando para os registros de 18 países europeus, Giubilini e Minerva afirmam que, entre 2005 e 2009, só 64% dos casos de Down foram diagnosticados.

Por outras palavras: nasceram 1.700 crianças com o distúrbio; 1.700 crianças que, em sua maioria, não teriam sequer visto a luz do dia se os pais soubessem a tempo.

Horrorizado, leitor? Não esteja. Terminar com a vida de um recém-nascido indesejado não é uma originalidade: nem na história humana, nem na história do presente.

Na Holanda, por exemplo, o Protocolo Groningen, a que os pesquisadores também fazem referência, já permite que crianças com doenças ou sofrimentos insuportáveis sejam "eutanizadas" por vontade dos pais e aconselhamento do médico.

A grande diferença entre o caso holandês e a proposta filosófica de Giubilini e Minerva é que o aborto pós-nascimento não é propriamente uma "eutanásia". Porque não é a vontade da criança que deve ser respeitada; é a vontade dos pais. Como afirmam os pesquisadores, o aborto pós-nascimento considera que a vontade das pessoas atuais é superior aos hipotéticos interesses de hipotéticas pessoas potenciais.

Também por isso o aborto pós-nascimento não pode ser confundido com o "infanticídio". Para haver um "infanticídio", escrevem eles, é preciso haver uma "pessoa" no sentido moral do termo, ou seja, alguém que atribui à sua existência algum valor, considerando o fim dessa existência uma perda real.

Mas o feto não é uma "pessoa" no sentido moral; e um recém-nascido não é assim tão diferente de um feto: ambos podem ser humanos, sem dúvida, mas nenhum deles atribui à sua existência qualquer valor particular.

Moral da história? O ensaio de Giubilini e Minerva é importante porque leva até as últimas consequências as premissas progressistas do debate sobre o aborto.
Sim, são raríssimas as sociedades contemporâneas que contemplam a possibilidade de legalizar o aborto pós-nascimento. Pelo menos por enquanto.

No entanto, o debate sobre o aborto será sempre um debate entre aqueles que defendem a autonomia dos progenitores sobre a inviolabilidade da criança e aqueles que defendem a inviolabilidade da criança perante a autonomia dos progenitores.

Pessoalmente, a inviolabilidade da criança sempre me pareceu superior à autonomia dos pais, exceto nos casos em que a gravidez representa ameaça para a saúde física ou psíquica da mãe. Só quando duas vidas estão em conflito é possível decidir salvar uma delas.

Giubilini e Minerva discordam. E limitam-se a esticar as premissas "autonomistas" do aborto livre de uma forma intelectualmente coerente: os argumentos a favor do aborto do feto podem e devem ser aplicados à morte de um recém-nascido indesejado.

Que isso perturbe as consciências, a começar pelas progressistas, eis um problema a que os próprios progressistas terão de responder.

Ueba! Putin parece vilão de 007! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 06/03/12

Rússia abaixo de zero! Hoje tá proibido fazer trocadilho com o Putin. Só com o filho do Putin! Rarará!



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Rússia abaixo de zero! Hoje tá proibido fazer trocadilho com o Putin. Só com o filho do Putin! Rarará! O Putin tem cara de vilão de filme de 007! James Bond x Vladimir Putin! Guerra Fria! Putin é um presidente que já vem com raiva!

E olha o nome do jornalista que a Folha mandou pra cobrir as eleições na Rússia: Rodrigo Russo! Rarará! E tô adorando o slogan da prefeitura de São Paulo: "Antes não tinha, agora tem". Cracolândia na praça da Sé: antes não tinha, agora tem. Seiscentos buracos na Marginal: antes não tinha, agora tem! Buraco-cratera na minha rua: antes tinha e agora também! Rarará!

E o fim de semana no futebol? Hilário! O cabelo do Neymar já tá me desconcentrando. Não consigo mais prestar atenção no jogo, fico só olhando aquele espetáculo da natureza. O Mamute da "Era do Gelo"! Tá parecendo um esquilo com o rabo enfiado na tomada! E o site Corneta publicou a foto do Neymar com o filhinho no colo e a legenda: "Hoje é dia de ganhar do Corinthians, bebê!". Rarará!

E esta: "Adriano perde gol feito e pede calma". Calma que ainda faltam chegar seis pizzas, duas picanhas e aquela farofa de ovo com couve! O Adriano em campo parece o Godzilla invadindo Nova York. A mesma leveza! Precisa emagrecer uns seis quilos pra chegar ao peso normal. De um hipopótamo! E o goleiro do Flamengo desmaiou! Desmaiou? Quando viu a bola? Rarará.

Ou então gritaram: "Seu salário saiu! O Flamengo vai pagar o teu salário!". PUM! Desabou! Rará! E o chinês do Corinthians? O Timão comprou na 25 de Março. Por R$ 1,99! No Standcenter. Aliás, eu tava no Standcenter quando perguntei prum chinês: "Tem água?". "Lá fola, água só lá fola."

E diz que o chinês veio "pra destlavar o Playstation e ganhá a Libetadoles". E o que quer dizer aquela camisa 200 que deram pro chinês? Quer dizer que, com cem anos, não deu pra conquistar a Libertadores! Mas dos 200 não passa! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

E eu peguei a gripe Sarney: não vai embora nunca. Vírus Sarney: imortal! Rarará! E com o pastor Crivella no Ministério da Pesca, pescador agora só com roupa de culto. Terno e gravata. Mal cortados! Rarará! E adorei esta manchete: "Gretchen empina o bumbum em Pau Amarelo". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Mais popularidade que fraude - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 06/03/12

Multiplicação de lojas tipo "Casas Bahia" ajuda a explicar a cômoda vitória de Putin no domingo


Desconfio que a mídia e os analistas ocidentais superestimaram o descontentamento dos russos com a era Putin, os 12 anos que em Vladimir Putin comandou o país, primeiro como presidente e agora como primeiro-ministro.
A impressão que se tinha, depois das maciças manifestações anti-Putin em seguida às eleições parlamentares de dezembro, suposta ou realmente fraudadas, era a de que, no pleito presidencial de domingo, o primeiro-ministro não conseguiria os 50% mais um dos votos necessários para dispensar o segundo turno (ninguém imaginava que ele pudesse perder porque a democracia russa ainda não atingiu teor de pureza suficiente para permitir alternância de poder).
O fato é que Putin passou folgadamente a barreira, instalou-se em sólidos dois terços e volta à Presidência em maio.
É claro que o pessoal que participou das manifestações dos últimos meses gritou "fraude". É igualmente claro que deve ter havido irregularidades. Mas não parece razoável atribuir os 2/3 de votos apenas à manipulação do processo eleitoral.
Mais lógico é acreditar em Dmitri Trenin, diretor da secção de Moscou do Centro Carnegie para a Paz Internacional, quando ele escreve: "Putin foi muito mais bem-sucedido do que uma porção de gente pensava que seria. Ele chega às categorias de baixos salários. Ele de fato chega aos membros das forças militares, da polícia e de outras agências de imposição da lei. Ele de fato chega a pessoas que vivem em pequenas cidades, pessoas com uma educação secundária. É seu eleitorado, de muitas maneiras. Há realmente muitas pessoas na Rússia que dependem do Estado e veem Putin como seu protetor".
Reforça Simon Shuster, da revista "Time": "Ao contrário de seu partido Rússia Unida, Putin ainda goza de amplo respaldo especialmente no coração industrial da Rússia, onde seus slogans sobre a estabilidade têm apelo para um eleitorado conservador e profundamente desconfiado de mudanças".
Os mercados russos também parecem desconfiar da mudança, tanto que saudaram a vitória de Putin com alta recorde em sete meses.
A revista "The Economist", no número que está circulando, dedica a capa ao que prevê, ousada e arrogantemente, ser "o princípio do fim de Putin", a partir de sua vitória eleitoral, que já cravava na quinta-feira. Mas publica um quadro que mostra, com toda a nitidez, que os russos vivem hoje bem melhor do que no início da era Putin: a renda per capita multiplicou-se por quase 3; o número dos que viajam ao exterior duplicou; e o número de lojas Ikea passou de 1 para 14.
Neste ponto, há uma certa semelhança com o prestígio de Lula no Brasil: a Ikea, originalmente escandinava, é uma espécie de "Casas Bahia" de móveis a preços populares, cuja disseminação serve como símbolo do crescimento da classe média e de seu poder de compra.
A revista diz também que a era Putin transformou os russos em consumidores, mas que eles, agora, querem ser também cidadãos. Significa a necessidade de reformas para que o teor de democracia cresça.
A dúvida é saber se o crescimento se dará com Putin ou contra ele.

PROGRAMAÇÃO ESPORTIVA NA TV


16h45 - Arsenal x Milan, Copa dos Campeões, ESPN Brasil e ESPN HD

16h45 - Benfica x Zenit, Copa dos Campeões, ESPN

18h45 - Vôlei Futuro x Sesi, Superliga masculina de vôlei, Sportv

19h30 - Peñarol (URU) x Universidad de Chile, Libertadores, Fox Sports

21h - Vôlei Futuro x Rio de Janeiro, Superliga masculina de vôlei, Sportv

21h45 - Vasco x Alianza Lima (PER), Libertadores, Fox Sports

Mais médicos - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 06/03/12


O governo Dilma quer ampliar o número de médicos formados no país. Os hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, ambos em São Paulo, e o Moinhos de Vento, em Porto Alegre, vão receber apoio federal para criar suas próprias faculdades de Medicina. Os cursos existentes nas universidades federais serão pressionados a abrir novas vagas. As medidas foram acertadas entre a presidente Dilma, na sexta-feira, e os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde).

O objetivo é atender o interior
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) apresentou, à presidente Dilma, uma lista de 553 municípios do interior do país que pediram a ajuda do governo federal para que tenham assistência médica. Para tentar solucionar o problema, os médicos recém-formados que aceitarem trabalhar um ano no interior, ou na periferia dos grandes centros urbanos do país, ganham um bônus de 10% quando fizerem a prova de residência médica. O benefício será válido para qualquer especialidade. Para resolver a problema de carência de médicos nesses locais, o governo se prepara para abrir o mercado para profissionais formados na América Latina

"O que chamou a atenção na pesquisa Datafolha, em São Paulo, foram os 30% de rejeição do José Serra”
— José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça

DUCHA FRIA. O baixo astral tomou conta do DEM diante da revelação de que Carlinhos Cachoeira, que explora bingos e máquinas caça-níqueis, deu uma cozinha de presente de casamento para o líder do partido no Senado, Demóstenes Torres (GO). A imagem do partido sai arranhada, sobretudo diante do discurso em defesa da ética adotado por seus dirigentes. Demóstenes tem se articulado para disputar a presidência em 2014, quando pretende se apresentar como um linha dura.

Violência
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado vota, quarta-feira, projeto que inclui o namoro, ainda que acabado, na abrangência da Lei Maria da Penha. Agressões cometidas por ex-namorado não estão sendo enquadradas na lei.

Governo perdeu
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) recebeu a informação de que a Câmara não aprovará o texto do Código Florestal que veio do Senado, como queria o governo. Vários itens, incluídos pelos senadores, serão suprimidos.

Os nós do Código Florestal
Relator do Código Florestal, o deputado Paulo Piau (PMDB-MG) negociava ontem a permissão para criar camarão em apicuns; a Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios de água destinados à geração de energia ou abastecimento público; e a permissão para reduzir de 80% para 50% a reserva legal quando o estado tiver mais de 65% de seu território ocupado por unidades de conservação e terras indígenas. O governo do Amapá quer retirar esse ponto do texto, enquanto o de Roraima quer manter.

Na pressão
O ex-senador Heráclito Fortes está sendo pressionado pelo DEM a disputar a prefeitura de Teresina (PI). Ele já foi prefeito da cidade. O DEM quer lançar candidatos em 19 capitais, num esforço para recuperar as perdas para o PSD.

Martelo batido
O secretário-executivo do Ministério das Cidades será Alexandre Cordeiro, da Controladoria-Geral da União. Ele tem formação em urbanismo e foi escolhido para sinalizar moralidade na pasta, que foi alvo de denúncias de irregularidades.

APESAR das turbulências no PMDB, o vice Michel Temer continua em alta com a presidente Dilma. No Planalto, o que se diz é que ele é o maior interessado em manter a aliança para se reeleger como vice.

O LÍDER do PMDB, Henrique Alves (RN), a despeito de divergências pontuais, como no Código Florestal, também é visto como fiel aliado, pois quer ser candidato a presidente da Câmara em 2013.

NO CASO do vice de Pessoa Jurídica da CEF, Geddel Vieira Lima, a avaliação é a de que "ele tem outra agenda": enfrentar o governador Jaques Wagner (BA).

GOSTOSA


Tsunami de palavras - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 06/03/12


A presidente Dilma Rousseff tem fortes motivos para se preocupar com a enxurrada de euros, dólares e libras lançada nos mercados por três dos maiores bancos centrais do mundo rico. Essa inundação de moeda - tsunami, segundo ela - é realmente prejudicial ao Brasil e a outras economias em desenvolvimento. Mas nenhum problema será resolvido com sua peroração contra as políticas fiscal e monetária adotadas para combater a crise nos Estados Unidos, na zona do euro e no Reino Unido. A presidente exibe uma evidente inclinação para um velho esporte latino-americano - atribuir aos outros toda a responsabilidade por seus infortúnios e fazer muito menos que o necessário e possível para corrigir as próprias deficiências. Ela tem um motivo legítimo para preocupação, mas os brasileiros têm dois: o efeito cambial da inundação monetária e a pouca disposição do governo para cuidar seriamente dos problemas internos de competitividade.

A chanceler alemã Angela Merkel prometeu e já deve ter explicado à presidente brasileira a estratégia europeia de combate à crise, determinada em grande parte pelos políticos da Alemanha. Essa estratégia inclui um forte aperto fiscal na maior parte dos países, porque quase todos enfrentam graves desajustes orçamentários e têm pouco espaço para aumentar seus gastos. De fato, até poderiam gastar um pouco mais e aumentar o estímulo fiscal à recuperação, como propõem as autoridades brasileiras, mas isso os líderes alemães não aceitam. A crise tem sido atenuada pela expansão monetária promovida pelo Banco Central Europeu (BCE), formalmente autônomo em relação aos governos da zona do euro. O dinheiro emitido para operações de socorro - cerca de 1 trilhão só a partir de dezembro - tem dado algum alívio aos Tesouros e alguma segurança adicional aos bancos.

Ontem, um repórter perguntou à presidente Dilma Rousseff, na Alemanha, se, ao se queixar à chanceler alemã, o governo brasileiro não estaria sugerindo uma intervenção na política, legalmente autônoma, do BCE. "Não" respondeu a presidente, "e sabe por quê? Por que estão interferindo na nossa." Não está claro se ela entendeu a pergunta, mas pelo menos quanto a um ponto não há dúvida: sua resposta indica uma confusão entre fatos muito diferentes.

Qualquer decisão econômica tomada num grande país ou bloco importante pode afetar positiva ou negativamente a economia de outros países, sem, no entanto, violar sua autonomia. Brasília não violou a autonomia argentina, quando sancionou a desvalorização do real em janeiro de 1999. Foi uma ação direta sobre o câmbio. No caso da enxurrada de euros, o efeito cambial é indireto. Tampouco se pode atribuir aos dirigentes do BCE a intenção de mexer indiretamente no mercado cambial ou de criar uma barreira protecionista - acusação formulada pela presidente brasileira. Ao contrário do BCE e do Federal Reserve, dos Estados Unidos, o governo chinês tem uma clara política de subvalorização cambial, muito raramente citada pelo governo brasileiro.

Políticas cambiais pertencem, ainda, à jurisdição exclusiva de cada país, embora afetem diretamente as trocas internacionais. Mas o assunto, apesar do justificável empenho brasileiro, continua fora da pauta oficial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Muito menos sujeita ao controle externo é a política monetária, e há excelentes razões para isso. O governo brasileiro não deveria esquecer esse fato.

As autoridades de Brasília, podem, no entanto, fazer muito, internamente, para tornar a empresa nacional mais eficiente e mais capaz de competir. Poderia ir muito além das ações defensivas, incluídas nesse conjunto as medidas de controle do fluxo de capitais. Antes das novas ações do BCE já se esperava um ano ruim para as exportações. Projeções do Banco Central do Brasil divulgadas em dezembro já indicavam uma grande redução do superávit comercial.

A expectativa de crescimento recém-anunciada pelo governo da China - 7,5%, depois de muitos anos com taxas entre 9% e 10% - reforça os motivos de preocupação, mas não traz novidade radical. Apenas confirma a inércia do governo brasileiro diante das ineficiências e custos excessivos da economia nacional.

Clima melhor, fundamentos iguais - ILAN GOLDFAJN


O Estado de S.Paulo - 06/03/12


Passado o carnaval, a economia global continua a desfilar um enredo diferente do esperado. Na ala das economias maduras, nada de calote e desintegração do euro, mas sim financiamento abundante e juros ainda mais baixos. Na das emergentes, menos preocupação com a desaceleração global e mais com as pressões cambiais. No Brasil desfilam especulações de aceleração de queda de juros ao som de guerra ou tsunami cambial. Olhando para a frente, o mundo não está tão diferente assim. Talvez seja o clima carnavalesco contaminando todos neste primeiro trimestre.

No meu último artigo do ano passado, olhando para este, esperava um ano difícil, com os problemas da Europa e da desaceleração global: "... o ano que vem parece mais incerto do que o costumeiro. Nem sempre estamos diante da possibilidade real da desintegração de uma importante região monetária (a do euro) no mundo. Só a perspectiva deste fim já reduz a atividade econômica na Europa e no resto do mundo. No Brasil, tudo indica que a economia brasileira começará o ano com atividade fraca e se recuperará no segundo semestre, desde que a confusão na zona do euro o permita. As medidas de estímulo adotadas pelo governo ajudarão nessa recuperação, mas provavelmente também não permitirão a volta da inflação ao centro da meta (4,5%)..."

Pelo visto, as autoridades mundiais também esperavam um ano difícil. Mal teve início, os principais bancos centrais, com receio da desaceleração, adotaram políticas expansionistas. O Federal Reserve, banco central americano, sinalizou que pretende manter os juros baixos até o final de 2014. O Banco do Japão estimulou a economia com expansão de moeda e uma meta de inflação explícita. O Banco Central Europeu (BCE) continuou financiando os bancos na Europa com grandes montantes de recursos (na semana passada, foi de 529 bilhões). O Banco da Inglaterra não ficou atrás e também estimulou a sua economia.

Mas a verdade é que o clima com a economia global começou o ano menos tenso. A liquidez do BCE permitiu às autoridades europeias ganhar tempo e negociar um novo pacote para a Grécia. O risco de calote desorganizado e a saída do país do euro deixaram de ser iminentes (apesar de os problemas fundamentais permanecerem e o risco ainda ser grande no médio prazo). E os dados nos EUA vieram levemente melhores do que o esperado (ou, pelo menos, não decepcionaram). A China está desacelerando, mas de uma forma suave, nada de parada brusca. Neste mundo de expectativas diminutas, a leve melhora bastou para um alívio coletivo.

A ação conjunta, mas não coordenada (ninguém combinou de agir conjuntamente), dos bancos centrais acarretou juros ainda menores no mundo - os mais longos é que cederam, já que os curtos estavam praticamente em zero. A percepção, agora, de que os juros básicos vão ficar em zero por mais tempo (vários anos) derruba os juros longos para patamares mais baixos. Tão baixos que muitos acreditam que mesmo as taxas mais longas chegaram ao seu piso.

No curto prazo, essa sintonia dos bancos centrais pressiona as economias emergentes (interligadas e globalizadas) a acompanhar o grupo e a reduzir também os juros. Mas as economias emergentes estão crescendo mais do que as dos países desenvolvidos, algumas com problemas de inflação e, portanto, exigindo respostas mais comedidas. A assimetria de desempenho das economias leva a pressões cambiais, na medida em que os investidores buscam economias com crescimento mais robusto e retornos maiores. Os governantes nos emergentes resistem à pressão por apreciação com medidas de intervenção e controle cambial. Para evitar a apreciação cambial de forma mais fundamental são necessárias políticas fiscais menos expansionistas, que permitam juros menores e câmbio mais depreciado.

A assimetria de políticas com o resto do mundo é menor no Brasil. A desaceleração de sua economia no ano passado foi mais forte do que no conjunto dos países emergentes, induzida por políticas de combate à inflação - juros mais altos, restrições de crédito e menor crescimento dos gastos - que ameaçavam a estabilidade da economia.

Foi a perspectiva dessa desaceleração que nos fez esperar o seguinte cenário para o Brasil: "Os estímulos adotados pelo governo - inclusive a queda da taxa de juros, que esperamos continue em queda - devem afetar a economia e levar a uma recuperação de atividade na segunda metade do ano. Em especial, os juros reais (juros descontando a inflação) podem cair para uma faixa de 3%-4% em 2012, o que, aliado ao aumento do salário mínimo e ao crescimento maior dos gastos públicos, é bastante estimulativo".

Não obstante a menor assimetria do Brasil com o resto do mundo e a perspectiva de queda de juros ao longo deste ano, a pressão cambial existe e o governo tenta evitar apreciação adicional do câmbio. Foram adotadas várias medidas de intervenção no câmbio e controles cambiais.

Mas o desejo de evitar apreciação cambial adicional, de um lado, e de estimular a economia, de outro, introduz riscos de consequências indesejadas. Há que evitar o excesso de estímulo para não ter de lidar com uma alta de inflação em 2013.

O Brasil ainda precisa dos influxos de capital de fora para financiar o aumento de investimento (por exemplo, o investimento estrangeiro direto), dada a sua escassez de poupança doméstica. Excesso de controle pode afugentar o capital estrangeiro, limitar o financiamento ao investimento e reduzir o crescimento no futuro.

O mundo estava à beira de um ataque de nervos no final do ano passado. Após doses de calmantes administrados por seus bancos centrais neste ano, ele vive no início de 2012 um período de tranquilidade. Mas os problemas fundamentais - excesso de dívidas públicas e privadas, limites ao crescimento global - ainda existem.

Sonho de consumo - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 06/03/12
RIO DE JANEIRO - Todos temos uma lista de palavras das quais não gostamos ou que não entendemos.
"Sustentabilidade", que entrou em moda, é uma delas. "Transparência", "choque cambial", "alavancar", "coalizão" -minha lista não chega a ser longa, mas é radical. Agora mesmo, em nome da coalizão (ou da sustentabilidade), dona Dilma acaba de nomear um novo ministro da Pesca.
Nada contra o mandatário em si. É engenheiro, simpático, bem articulado, o pior que dizem contra ele é que se trata de um evangélico, como se isso fosse um defeito.
O próprio Marcelo Crivella reconhece que nada entende de pesca, mas, na atual circunstância, isso não o desmerece. Em nome da coalizão, qualquer um pode ser ministro dos buracos de rua, das águas servidas ou dos problemas que ainda não têm ministério. Taí uma pasta que até o Tiririca poderia ocupar: o Ministério dos Problemas sem Ministério -MPM, para efeitos burocráticos.
O presidente alemão Hindenburg, quando Hitler foi eleito depois de três derrotas nas urnas, hesitou em nomeá-lo chanceler, mas foi pressionado a cumprir a tradição. Finalmente convocou-o, mas exigiu dele que fizesse um governo de coalizão.
No primeiro gabinete que nomeou, Hitler fez o que velho marechal queria: pôs no ministério apenas dois nazistas,
Goering e o próprio Hitler. Os outros, a maioria, eram sociais-democratas e de outras correntes.
Deu no que deu. Em poucos meses, não havia mais gabinete nem partidos. A coalizão resultou num único partido e num único chefe: "Führer" é para essas coisas.
Longe de mim comparar dona Dilma e o PT com a Alemanha "über alles", mas ter um Congresso Nacional dócil é o sonho de consumo de todo presidente. E, depois do Congresso, a docilidade do empresariado e da imprensa.

EU DIGO SIM - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 06/03/12
O músico Paulo Ricardo se casou com Gabriela Verdeja na Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, no Morumbi. A atriz Maitê Proença, o escritor Marcelo Rubens Paiva e Silvia Feola foram à festa. A mãe da noiva, Dorita Moraes Barros, recebeu convidadas como a apresentadora Marília Gabriela e a socialite Tereza Fittipaldi.

ELE NÃO É O PAI

Cerca de 23% dos exames de DNA realizados pelo governo de SP nos últimos dois anos deram negativo -o filho não era do suposto pai. Os dados são do Imesc (Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo), que faz gratuitamente as investigações de paternidade quando elas são determinadas pela Justiça.

AUSÊNCIA
O instituto atendeu 10.983 famílias em 2011. No entanto, em mais da metade dos 23.131 exames agendados, uma das partes (mãe, filho e suposto pai) não apareceu na hora do teste. Foram 12.128 não comparecimentos, ou 52,5% do total.

NEM AMARRADO
"Uma das partes sempre vem contrariada, normalmente o suposto pai", diz a superintendente do Imesc, Márcia Pereira Facci. Ela também atribui as ausências ao fato de muitas pessoas, de baixa renda, não terem como comparecer a um dos pontos de coleta de material do instituto.

GIRO DAS BOLINHAS
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, criticado pelo governo após dizer que o Brasil merece um "chute no traseiro" para organizar a Copa-2014, defende que o sorteio das chaves do torneio seja realizado em São Paulo. Até então, a capital paulista abrigaria a definição das chaves da Copa das Confederações de 2013, que não terá jogos na cidade. E o sorteio do Mundial seria em Salvador ou Fortaleza.

PONTE AÉREA
Se prevalecer a vontade do dirigente, o roteiro será invertido: uma das capitais nordestinas fará o sorteio da Copa das Confederações, e São Paulo, o da Copa-14.

COMES E BEBES
O PSDB paulista fará jantar para arrecadar fundos para suas campanhas eleitorais. Será em 28 de maio no bufê Baiuca, em Higienópolis, para 500 pessoas. Os convites custarão
R$ 1.000 cada um e ajudarão a bancar as inserções de TV do partido neste semestre.

PRÉ-ESTREIA
A apresentadora Daniela Albuquerque, grávida de oito meses, fará um chá de bebê neste sábado. Será na casa de Amaury Jr.-a mulher dele, Celina, é uma das amigas que estão organizando o evento. "Nunca fui a nenhum chá de bebê; o primeiro vai ser o meu", diz ela.

FASCINAÇÃO
O escritor e novelista Walcyr Carrasco vai publicar uma série de livros adultos pela editora Sextante. O primeiro, com lançamento neste semestre, será "Para Sempre", ficção com elementos sobrenaturais.

EMBALAGEM DE LEITE
A cantora Claudia Leitte será madrinha de um projeto para estimular a reciclagem entre as crianças. O Recicla Kids tem cinco super-heróis como personagens, que aparecerão em um site e darão origem a outros produtos.

NÃO É VOCÊ, É ELE
Na sexta-feira, uma fã invadiu o palco do HSBC Brasil antes de Chico Buarque retornar para o último bis de seu show. Os seguranças correram para proteger o cantor, mas o alvo dela era outro: o baterista Wilson das Neves. Chico, gargalhando, repassou ao companheiro de cena o buquê que ganhou de outra admiradora.

NOVO TOM DE ROUGE
O produtor Rick Bonadio estará no reality show musical que a produtora Elisabetta Zenatti negocia com emissoras abertas. O programa pretende formar uma banda só de garotas. Bonadio deixou o júri do "Ídolos", da Record, para o novo projeto.

CANTO E DANÇO

O artista Guga Stroeter se apresentou com a cantora Lia Paris no show "Jazz Monsters", no Estúdio Emme.

A UNIÃO FAZ A FORÇA O dentista Fábio Bibancos (o quarto da esq. para a dir. na fila do alto) posa com os 20 melhores coordenadores de sua ONG, a Turma do Bem, no Museu da Eletricidade, em Lisboa; eles viajaram a Portugal para capacitar profissionais daquele país no tratamento odontológico gratuito a jovens carentes

curto-circuito

Claudia Matarazzo lança hoje, às 19h, nova edição do livro "Etiqueta sem Frescura", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

A revista "Elle" faz hoje, em parceria com a Ellus, coquetel de lançamento da nova edição da revista, no bar Louis.

O arquiteto Fábio Galeazzo e a Antigua lançam hoje linha de azulejos na feira Revestir, no Transamerica Expo Center.

A atriz Denise Fraga conversa sobre bullying, hoje, a partir das 19h30, na Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho.

Ricardo Moreno fala sobre criatividade e inovação em São Paulo, no dia 15, em palestra em Montreal, no Canadá.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

A mulher não existe - ARNALDO JABOR


O Estado de S.Paulo - 06/03/12


Depois de amanhã é o Dia Internacional da Mulher. E várias amigas já me pedem: "Escreve, escreve sobre nós!..." E muitas me dão pistas, dicas do que dizer. Uma delas, se disse "perua inteligente" e me escreveu: "Antes, as mulheres eram escravas passivas, hoje somos ativas, mas continuamos escravas. Mesmo sendo frígidas, temos de insinuar grandes desempenhos sexuais. Temos de prometer 'funcionamento'. Não é por acaso que eles nos chamam de 'aviões'. É só olhar as revistas masculinas. O que está acontecendo no Brasil é a libertação da 'mulher-objeto'. A publicidade é toda em cima de sexo."

É verdade, penso eu: a bunda é a esperança de milhões de Cinderelas. O corpo tem de dar lucro.

As mulheres querem ser disputadas, consumidas, como um bom eletrodoméstico. Ficam em acrobáticas posições ginecológicas para raspar os pelos pubianos nos salões de beleza e, depois, saem felizes com apenas um canteirinho de cabelos, uns bigodinhos verticais que lembram o Hitler ou bigodinhos nordestinos. A liberdade de mercado produziu o mercado da "liberdade".

Sempre me espanto com o Dia da Mulher. O psicanalista Lacan disse que "A Mulher" não existe, pois não há nenhuma coisa que as unifique. Eu nunca conheci a Mulher. Eu já amei e odiei "mulheres". Então, por que esse título genérico? Existe a mulher de burca, a stripteaser, existe a freira, a bondosa, a malvada, existe Eva e Virgem Maria, existe a histérica, a obsessiva. A "Mulher" é invenção dos machos.

Sempre que chega esse Dia Internacional, nós machistas elogiamos o lado "abstrato" das fêmeas, sua delicadeza, sua capacidade de perdão (sic), sua coragem, em textos de hipocrisia paternalista, como se falássemos de pobres, de crianças ou de vítimas. Claro que na História, as mulheres foram e são oprimidas, estupradas na alma e corpo.

Mas não é como vítimas que devemos lamentá-las ou louvá-las . Sua importância é afirmativa, pois elas estão muito mais próximas que nós da realidade deste mundo aberto, sem futuro ou significado. Elas não caminham em busca de um "sentido" único, de um poder brutal. Não é que sejam "incompreensíveis"; elas são mais complexas, imprevisíveis como a natureza. O homem se crê acima do mistério, mas as mulheres estão dentro. São impalpáveis como a realidade que o homem "pensa" que controla. A mulher pensa por metáforas. O homem por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico, como a arte. O homem quer princípio, meio e fim.

A mulher não é um enigma. Nós é que somos, disfarçados de sólidos. Os homens são óbvios, fálicos. A mulher não acredita em nosso amor. Quando tem certeza dele, para de nos amar. O homem só vira homem quando é corneado. A mulher não vira nada nunca... Nem nunca é corneada, pois está sempre se sentindo assim... Como no homossexualismo: a lésbica não é veado.

A mulher precisa do homem impalpável. As mulheres têm uma queda pelo canalha (cartas indignadas para a redação). O canalha é mais amado que o bonzinho. Ela sofre com o canalha, mas isso a legitima, pois ela quer que o homem a entenda e o canalha lhe dá um sentido claro com sua viril antipatia. As mulheres não sabem o que querem; o homem acha que sabe. O masculino é certo; o feminino é insolúvel. A mulher é metafísica; homem é engenharia. A mulher deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande beleza.

Elas ventam, chovem, sangram, elas têm inverno, verão, TPMs, raiam com a luz da manhã ou brilham à noite, elas derrubam homens com terremotos, elas nos fazem apaixonados porque nelas também buscamos um sentido que não chega jamais. Elas querem ser decifradas por nós, mas nunca acertamos no alvo, pois não há alvo, nem mosca.

Daí o pânico que sentimos diante dessas forças da natureza, com nossas gravatas da cultura, daí o ódio que os primitivos cultivam contra elas, daí os boçais assassinos do Islã apedrejando-as até a morte. As mulheres são sempre várias. Isso não as faz traidoras; nós é que nos achamos "unos". Só os autoconfiantes são traídos. Esta é uma das razões do sucesso das putas. O que buscamos nelas? Os homens pagam para que elas não existam, para que sejam úteis, sem vida interior. Pagamos a prostituta para que nos dê uma trégua, para que não nos confunda, não nos traia. Nós nos deixamos enganar e ela finge que não nos engana. Ela nos despreza, claro, mas muitos preferem essa humilhação consentida, em vez de um amor puro e perigoso. A prostituta só ama o cafetão porque ele a esbofeteia e lhe dá o alívio de se sentir injustiçada.

O único grande mistério talvez seja a divisão entre os sexos. Por mais que queiramos, nunca chegaremos lá. Lá, aonde? Lá na diferença radical onde mora o "outro". Há alguns exploradores: os veados, sapatões, travestis, que mergulham nesse mar e voltam de mãos vazias, pois nunca saberemos quem é aquele ser com útero, seios, vagina, aquele ser maternal, bom, terrível quando contrariado no "ponto G" da alma. Por outro lado, elas nunca saberão o que é um pênis pendurado, um bigodão, a porrada num jogo do Flamengo, um puteiro visitado de porre, nunca saberão do desamparo do macho em sua frágil grossura. Elas jamais saberão como somos. O amor é a tentativa de pular esse abismo. Eu sou hoje o que as mulheres fizeram comigo ou o que eu aprendi com elas, no amor ou no sofrimento. Eu descobri defeitos e qualidades que me formaram, como acidentes que me foram desfigurando. O que aprendi com elas? Não tenho ideia, mas sei que me mudaram. Eram como quebra-cabeças: ao tentar armá-los, eu achava que sabia tudo, mas entrava em novos labirintos. Com elas, loucas, sóbrias, boas e más, descobri que não tenho forma nem lógica e que sempre me faltará uma peça na charada.

JAPA GOSTOSA


Justiça de transição - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 06/03/12
No próximo dia 9, a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge vai ajuizar ação que envolve cinco casos que aconteceram na ditadura. A ação será assinada por procuradores de outras regiões do país e sustentará o entendimento de que desaparecimento forçado e ocultação de cadáver são crimes continuados. Há um terceiro: formação de quadrilha para esconder as informações sobre os eventos. Nada disso está coberto pela Anistia.

A subprocuradora afirma que, apesar da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a Lei de Anistia encerrou os casos ocorridos durante o governo militar, há esse mesmo entendimento de que os desaparecidos são vítimas de um crime que ainda não se encerrou. Ela diz que a 2 Vara do Ministério Público Federal vem trabalhando com essa interpretação há mais de um ano, no Grupo de Trabalho de Justiça de Transição. Essa expressão "Justiça de Transição" é usada para definir as dúvidas que ficam em países que saíram de um regime de exceção, uma ditadura, para um regime democrático de direito.

Ela conta que foi tomada a decisão de não autorizar o arquivamento de dois casos que correram no Ministério Público Militar. Aliás, a subprocuradora está convencida de que apesar de serem crimes cometidos por militares não é a Justiça Militar que tem que conduzir a ação, mas a Justiça Federal. Na entrevista que fiz com o promotor Otávio Bravo, da Justiça Militar do Rio e Espírito Santo, ele contou que - com esse entendimento de que o crime do desaparecimento forçado é permanente - tinha reaberto 39 casos de desaparecidos políticos ocorridos no Rio e no Espírito Santo.

Mesmo havendo duas visões sobre a competência, o que não há entre eles é divergência sobre se a Lei da Anistia se aplica a esses casos ou não. Tanto o promotor Otávio Bravo quanto a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge acham que os crimes não prescreveram nem podem ser apagados pela Lei da Anistia porque continuam em curso. Consideram também que a determinação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA - para que o Brasil investigue os crimes cometidos durante a ditadura militar - deve ser avaliada, dado que o Brasil ratificou a Carta de São José, que criou a corte.

O debate jurídico será intenso e interessante. Uma decisão da Corte Interamericana pode se sobrepor à decisão do STF? Crimes cometidos por militares devem ser julgados pela Justiça Federal? Leis do regime de exceção devem ser reconhecidas e seguidas pelo regime democrático?

O Grupo de Trabalho da Justiça de Transição fará agora nos dias 12 e 13, em Brasília, o segundo workshop sobre o assunto. Para ele virão procuradores regionais, subprocuradores-gerais e promotores de todo o Brasil. Serão apresentados dois estudos encomendados às universidades de Stanford e Harvard.

- Estudei em Harvard e tenho muito respeito pela capacidade de pesquisa da universidade. Eles apresentarão para nós estudos comparando as várias soluções nacionais dadas em países da América Latina, África e Europa que transitaram de uma ditadura para a democracia. Stanford apresentará um estudo sobre competência de crimes cometidos por militares em regime de exceção - disse Raquel Dodge.

A subprocuradora não informa que crimes serão objeto dessa ação que será ajuizada na Justiça Federal, no dia 9, nem mesmo em que região do país foram cometidos.

Em maio de 2010, o Supremo Tribunal Federal decidiu por 7 votos a 2 rejeitar a ação impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que pedia a revisão da Lei de Anistia, de 1979. A maioria seguiu o voto do então ministro Eros Grau. A lei foi aprovada no começo do governo João Figueiredo, ainda na ditadura, após um movimento nacional de mobilização pela anistia "ampla, geral e irrestrita". Os membros do movimento pediam que fossem anistiados todos os condenados pelo regime ditatorial, inclusive os integrantes da esquerda armada. Os militares aceitaram após exigir que fossem considerados anistiados também os militares que tinham participado de crimes. A OAB argumenta que nem sequer foram identificados os agentes do Estado que cometeram crime, como é que eles podem ser anistiados? Mas perdeu a ação.

No entanto, a Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, criada com base na Carta de São José, que o Brasil subscreveu, condenou o país por não ter punido os responsáveis pelas 62 mortes e desaparecimentos ocorridos na Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1974. O próprio Supremo Tribunal Federal equiparou o crime de desaparecimento forçado - quando uma pessoa é presa e nunca mais aparece - com o de sequestro. E nesses casos não se tem uma informação básica: quando o crime terminou? Se foi antes de 1979, está coberto pela lei, se foi depois, não está.

A questão permanece em debate jurídico cuja intensidade deve continuar este ano por dois motivos. A Comissão da Verdade começará a funcionar e ela vai levantar informações, vai requisitar documentos, convocar para depor agentes do Estado. Os militares da reserva estão rebelados contra isso com um número cada vez maior de signatários do documento de protesto contra a comissão da verdade e de críticas ao governo. Oficiais generais que até recentemente ocupavam postos de comando estão entre os signatários. O general Luiz Eduardo Rocha Paiva, que foi secretário-geral do Exército até 2007, me disse, em entrevista à Globonews e a este jornal, que as críticas que fez representam o pensamento do pessoal da ativa.

Pressão sobre pressão - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP -06/03/12

BRASÍLIA - Dias depois de a Força Aérea dos EUA suspender um negócio formidável com a Embraer, o embaixador Thomas Shannon, sua antecessora Donna Hrinak, agora presidente da Boeing Brasil, e dois altos executivos da Boeing internacional disseram a jornalistas ontem em Brasília que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Uma é o feito e a desfeita da Força Aérea, que, segundo Shannon, "vai ser refeita". Outra é o que realmente interessa ao governo, ao Congresso, à Boeing e a dezenas de empresas dos EUA: a venda de caças para renovar a frota da FAB. Um negócio de ouro para eles.
Segundo Shannon e Hrinak, ambos em muito bom português, o mais importante é a parceria cada vez mais sólida e madura entre os EUA e o Brasil na área de defesa, o intercâmbio tecnológico, os investimentos da Boeing em pesquisa e tecnologia em universidades brasileiras. Saia ou não a venda dos caças F-18, tudo isso será mantido tal como está. Palavra de diplomatas.
A expectativa é a de que o anúncio do governo brasileiro seja ainda neste semestre, depois de mais de dez anos de indecisão. Além do escritório em São Paulo, a Boeing está abrindo outro em Brasília.
Bem-humorada, Hrinak afirmou que sua vinda para o Brasil, pela Boeing, não está atrelada à venda dos caças e que, independentemente do resultado, pretende ficar um bom tempo por aqui: "Meu marido me mataria se eu dissesse que iria voltar depois de poucos meses...".
Shannon, também sorridente, disse que a demora na escolha do vencedor (concorrem com o F-18 o Gripen NG sueco e o Rafale francês) não tem importância: "É melhor tomar o máximo de tempo e chegar à decisão mais adequada".
Além da turma da reserva, Dilma e Amorim que se preparem para a volta de outra pressão: EUA, França e Suécia também estão fechando o cerco. A pressão voltou com tudo.

Participação nos lucros - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 06/03/12

Tanto faz se a presidente Dilma Rousseff entrará ou não pessoalmente na campanha para as eleições municipais, conforme avisara, ou se vai a campo como pareceu indicar a substituição de um deputado petista no Ministério da Pesca, por um senador representante da Igreja Universal sob a legenda do PRB.

A presença de Dilma nos "palanques" - propaganda de rádio e televisão, "vistorias" em obras, inaugurações ou visitas presidenciais às cidades com vista a produzir noticiário festivo-eleitoral - não pesa necessariamente a favor.

Dado o desengonçado gestual e a desarticulação verbal da presidente nesse quesito, há casos em que a presença dela - ainda mais se excessiva - pode representar um fardo.

É diferente com Lula, a estrela da companhia. Se estiver bem de saúde para entrar na campanha, será disputadíssimo por exímio no manejo das paixões. Verdadeiras ou falsas.

Isso não significa que os partidos aliados sejam indiferentes ao apoio e à presença federais em suas campanhas. Tanto são fatores considerados fundamentais que o PMDB providenciou um "alto lá" para tentar impedir que o PT capture com exclusividade os benefícios de ser governo.

Mas não é exatamente a presença de Dilma o que reclamam. É a sinalização de poder que possa representar a "presença" da máquina federal ao lado deles.

Notadamente nas médias e pequenas cidades - onde ocorrerá a disputa forte pela contabilização do maior número possível de prefeituras -, pesa e muito junto ao eleitor a percepção de que a parceria com o governo central pode levar benefícios aos municípios.

Esse é o capital em disputa. Por duas razões básicas: a contabilidade pós-eleitoral da quantidade de vitórias, que leva um partido a ser visto como "forte", e a influência dos prefeitos nas próximas eleições proporcionais, que determinam também força, mas no Congresso.

De onde é indiferente para os partidos que Dilma suba ou não nos "palanques", desde que compartilhe as vantagens substantivas de ser governo.

Leite derramado. O PT não tem motivo para lamentar a suspensão dos horários a que teria direito na televisão agora no primeiro semestre. Perdeu porque em 2010 desrespeitou a lei e usou o programa do partido como propaganda eleitoral para Dilma.

Errou e não errou inocente. E agora, quando lamenta a perda por causa da falta de espaço para divulgar a candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo, mostra que, se pudesse, repetiria a infração.

Calça curta. Mal foi divulgado o documento de protesto contra os termos da aliança com o PT, assinado por metade da bancada do PMDB na Câmara, a cúpula do partido tratou de se associar ao movimento.

Não tão incisivamente que desse a impressão de ter incentivado o levante, nem tão discretamente que transparecesse ter sido pega de surpresa.

Mas a verdade é que foi. Na quinta-feira, quando começou a circular, nem o presidente do partido, Valdir Raupp, nem o vice-presidente da República, Michel Temer, nem o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, tinham cópia do abaixo-assinado.

Isso quer dizer que há insatisfação externa e contestação interna.

Lacuna. O encaminhamento das queixas expressas por militares da reserva, na realidade servindo como eco também para os da ativa impedidos por lei de se manifestar, evidencia a falta que o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim faz como interlocutor na área.

As reclamações começaram com críticas a declarações de duas ministras sobre a ditadura, cresceram nos ataques à ainda não formada Comissão da Verdade e agora já permeiam o terreno da reivindicação salarial.

Urge, sem dúvida, uma intermediação antes que se explicite uma quebra de hierarquia sem porta de saída.

"O VERDADEIRO CHUTE NA BUNDA"


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 06/03/12
Procura por galpão logístico gera alta nos preços e ocupação 648% maior

A ocupação de condomínios logísticos vagos de alto padrão aumentou 648% no Brasil no ano passado, ante 2010, segundo estudo da Colliers International Brasil.

Em 2011, o total absorvido foi de cerca de 1,1 milhão de m2 ocupados. Um ano antes, o índice foi de 146,5 mil m2.

"O crescimento é consequência da produção das empresas nacionais e da entrada de estrangeiros", diz Patrick Samuel, da Colliers International Brasil.

Com a demanda por esses empreendimentos, sete Estados terminaram 2011 com taxa de vacância de 0%.

Todas as regiões do país registraram aumentos no preço médio de locação, sendo o maior deles no Sul, de 15%.

Para atender às companhias interessadas, a previsão é que ao menos 2,72 milhões de m2 sejam entregues neste ano. Em 2011, esse número foi de pouco mais de 1 milhão de m2.

Em São Paulo, as cidades que mais se destacaram em lançamentos foram Cajamar e Indaiatuba. "Além da procura em áreas tradicionais, como Barueri, há crescimento significativo em Guarulhos", diz Samuel.

No resto do país, a liderança foi de Cabo de Santo Agostinho, que teve expansão de 26%. "É reflexo da movimentação do porto de Suape."

A área dos condomínios de alto padrão varia de mil a 50 mil metros quadrados, com pé-direito de até 12 metros de altura. A capacidade de carga do piso é de 5 a 6 toneladas por m2.

Associação de exportadores questiona tributos no STF

A AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), que reúne empresas como Odebrecht, Suzano e Weg, entre outras, entrou com ação no STF contra uma norma da Receita Federal que prejudica, segundo a entidade, pequenos exportadores.

A ação direta de inconstitucionalidade foi protocolada na última quinta-feira.

A AEB questiona a instrução de 2009 que impõe tributos sobre aqueles que vendem ao mercado internacional via "trading companies" (empresas compradoras e exportadoras de mercadorias).

De acordo com a constituição, no entanto, as contribuições sociais não incidem sobre as receitas decorrentes de exportações.

"É difícil para o pequeno exportador [embarcar suas mercadorias]. Como não tem estrutura própria, ele costuma fazer as vendas através das tradings", diz o vice-presidente-executivo da associação, Fábio Martins Faria.

Hoje, porém, está pior para quem utiliza essas empresas do que para os que tentam trabalhar sozinhos, segundo Faria. "Fica mais oneroso com a trading", afirma.

A associação não soube informar quantos exportadores são prejudicados pela instrução da Receita Federal.

FUNDO A PEQUENOS

A Agência de Fomento Paulista e o Sebrae acabam de fechar parceria para que empresas que faturam entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões anuais possam utilizar o Fampe (Fundo de Aval da Micro e Pequena Empresa).

O fundo, que está disponível para companhias de todos os setores, funciona como complemento às garantias tradicionais exigidas em operações de crédito.

A iniciativa poderá ser usada para garantir até 80% do valor financiado, limitado a R$ 150 mil por operação.

FRONTEIRA DO AGRONEGÓCIO

A Golden Cargo, empresa especializada em gerenciamento e operação da logística de mercadorias especiais, como defensivos agrícolas e produtos químicos embalados, vai construir e reformar instalações no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sul do país, neste ano.

"Estamos acompanhando o movimento da fronteira agrícola do Brasil. Vamos abrir um centro de distribuição em Balsas, no Maranhão", diz Oswaldo Dias de Castro Jr, que se tornou o principal executivo da companhia em janeiro passado.

Para este ano, a empresa do Grupo Arex planeja investimentos de R$ 20 milhões distribuídos na renovação e ampliação da frota de caminhões (R$ 15,5 milhões) e em infraestrutura operacional e tecnológica dos terminais.

Feito sob... A exemplo do que tem feito no exterior, a grife Ermenegildo Zegna dedica este mês à alfaiataria sob medida no Brasil. Com novos tecidos, a etiqueta oferecerá profissionais especializados para orientar os clientes.

... medida O cliente escolhe do modelo do paletó ao tipo de barra -e até os botões do terno. Medidas e tecido são enviados à confecção na Suíça. Quando pronto, o costume volta para uma prova final no Brasil, de acordo com a grife.

Compartilhamento A Agilent Technologies, de análises químicas, eletrônicas e de comunicações, acaba de inaugurar um centro no Brasil onde deve dividir tecnologia de suas ferramentas com alguns clientes, como USP e Polícia Federal.

ALTOS E BAIXOS

O preço da energia vendida no curto prazo entre grandes consumidores no mercado livre disparou entre a primeira semana de fevereiro e o mesmo período em março.

O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), que baliza todo o sistema, ficou em quase R$ 100/MWh nesta semana, segundo análise da gestora e comercializadora Comerc, com base em dados da CCEE (câmara de comercialização).

Na primeira semana de fevereiro, o valor girava em torno de R$ 15/MWh para o Sul e o Sudeste.

O que explica a elevação dos preços é o nível de chuvas, que ficou abaixo do estimado pelas previsões climáticas, segundo a Comerc. O nível de água nos reservatórios compõe o preço.