O GLOBO - 15/01
A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) prendeu, ontem à noite, o funcionário de um colégio municipal em Caxias, RJ, evangélico, 59 anos. É acusado de abusar de dois meninos, de 12 e 17 anos, que viviam com ele.
O homem, meu Deus!, tinha a guarda judicial dos menores.
FIM DO MUNDO II
A Vara Criminal de Itaboraí, RJ, faz amanhã a primeira audiência do processo onde um pai é acusado de entregar o filho, de 14 anos, para ser torturado por traficantes no Morro do Catiço, na cidade.
É que o adolescente teria furtado alguns objetos do bar do pai.
PERNAS PRO AR
O balanço divulgado, ontem, pela Ancine, mostra que a plateia de filmes nacionais, ano passado, representou 10,6% do total.
De outubro para cá, este percentual saltou para 22% por conta de sucessos como Até que a sorte nos separe, Os penetras, De pernas pro ar 2 e Gonzaga - De pai para filho.
ALIÁS...
Dos quatro filmes, três são de comédia, novo filão do nosso cinema.
GRANDE MAESTRO
O maestro alemão Kurt Masur, de 85 anos, que, ano passado, comunicou publicamente que sofre de Parkinson, retorna ao Brasil em agosto para reger a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB).
No programa, a Sinfonia Pastoral de Beethoven.
NA TERRA DE CHÁVEZ
Manchete do site argentino Urgente24, ontem, sobre a escassez de produtos básicos na Venezuela: “Já tem papel higiênico, mas falta açúcar para a Pepsi”.
GRANDE HOTEL
Eduardo Paes concedeu licença para a criação de um hotel na Avenida Rui Barbosa 170, no Flamengo. Terá 464 quartos.
A autorização foi em nome da Rex Hotel Ltda.
CENA CARIOCA
Dia desses, um carioca, logo após ser assaltado na orla de Ipanema, avistou Eduardo Paes caminhando, ao lado de um deputado. A vítima não titubeou e foi reclamar com o prefeito, que nada pôde fazer.
Intrigado, Paes parou em uma barraca, e perguntou ao comerciante:
– Isso [assalto] acontece sempre aqui? É sempre o mesmo bandido?
O barraqueiro respondeu:
– Sim, em uma bicicleta azul. Inclusive, rouba cordões iguais ao seu.
CÂMERAS OCULTAS
Quatro funcionários do restaurante e pizzaria Prado, no Jockey do Rio, estão de avisos-prévios. Foram flagrados pelas câmeras do estabelecimento, em dia de muito calor, tomando refrigerante.
DEUS CASTIGA
Uma senhorinha entrou com ação contra a Paróquia Santo Afonso, na Tijuca, no Rio, porque o padre não permitiu que ela levasse para casa... a hóstia da sagrada eucaristia.
O SENHOR DAS ARMAS
Os planos do presidente americano Barack Obama de apressar a saída do Afeganistão podem afetar o projeto da Embraer de vender para a força aérea americana aviões de combate leve, para uso na região.
Esta compra é aquela que foi ganha pela empresa brasileira, no fim de 2011, e anulada, em seguida, graças ao lobby dos políticos de Kansas, muitos deles financiados pela Hawker Beechcraft, derrotada na disputa.
SEGUE...
O processo de compra dos caças está atrasado há uns 20 meses. Nesse período, a Casa Branca avançou na ideia de bater em retirada do Afeganistão.
Com isso, teme-se que a encomenda se restrinja a apenas 20 aviões.
GUARDIA VIEJA
Um livro do escritor espanhol Arturo Perez-Reverte, ex-correspondente de guerra, cuja obra já foi traduzida para quase 30 idiomas, enfim, chega ao Brasil neste primeiro semestre.
A Record acabou de comprar os direitos de El tango de la guardia vieja, que fala de uma história de amor vivida ao longo de quatro décadas, no século 20.
PONTO FINAL
Veja como o Brasil não é só o do funk Rap das armas ou o do saliente Ai, se eu te pego: 881 mil pessoas visitaram (561 mil no Rio, e 320 mil em São Paulo) a exposição dos impressionistas, uma seleção de 85 obras-primas do acervo do Museu d’Orsay, de Paris. Com esse público, daria para encher o futuro Maracanã umas onze vezes.
terça-feira, janeiro 15, 2013
O Supremo e o rapa - CARLOS HEITOR CONY
FOLHA DE SP - 15/01
RIO DE JANEIRO - A foto do Cachoeira numa praia da Bahia, ao lado da mulher de biquíni, irritou o país inteiro, que vem acompanhando os processos do mensalão e da Operação Monte Carlo. Muita gente chegou a acreditar que se abriu para o Brasil uma nova idade de ouro, à espera de um Ovídio que a cante com todo o esplendor.
Apesar da eficiência e dignidade com que os dois escândalos foram julgados pelas autoridades comprometidas com o Estado de Direito, são remotas, para mim, a possibilidade do cumprimento das penas e multas.
O próprio Joaquim Barbosa, elogiadíssimo por sua atuação no Supremo, não se sentiu obrigado a mandar prender um deles "até que todos os recursos e embargos sejam examinados".
Daqui a um ano, não haverá um só dos condenados preso em regime fechado ou aberto. As multas pecuniárias estabelecidas esbarrarão na realidade patrimonial da maioria deles, um ou outro talvez pagará o que ficou devendo à Justiça -pelo que consta, somente o Valério e o Cachoeira, podendo haver alguma surpresa a respeito dos demais.
Em todo o caso, a cassação dos direitos políticos de todos, ou de quase todos, poderá representar um tipo de pena que pagariam pelos malfeitos contra a nação. E, no plano moral, mesmo sem apelar para a Lei da Ficha Limpa, a maioria dos condenados ficaria impedida de disputar cargos eletivos ou empregos públicos e teria dificuldade de se estabelecer em empresas privadas, sobrando apenas o mercado informal. No qual, aliás, teriam boa habilitação para trabalharem informalmente. Todos possuem excelente currículo e experiência no ramo.
PS - Não estou sugerindo que venham acabar exercendo funções de camelô, quando teriam de enfrentar não mais o STF, mas o rapa da polícia.
RIO DE JANEIRO - A foto do Cachoeira numa praia da Bahia, ao lado da mulher de biquíni, irritou o país inteiro, que vem acompanhando os processos do mensalão e da Operação Monte Carlo. Muita gente chegou a acreditar que se abriu para o Brasil uma nova idade de ouro, à espera de um Ovídio que a cante com todo o esplendor.
Apesar da eficiência e dignidade com que os dois escândalos foram julgados pelas autoridades comprometidas com o Estado de Direito, são remotas, para mim, a possibilidade do cumprimento das penas e multas.
O próprio Joaquim Barbosa, elogiadíssimo por sua atuação no Supremo, não se sentiu obrigado a mandar prender um deles "até que todos os recursos e embargos sejam examinados".
Daqui a um ano, não haverá um só dos condenados preso em regime fechado ou aberto. As multas pecuniárias estabelecidas esbarrarão na realidade patrimonial da maioria deles, um ou outro talvez pagará o que ficou devendo à Justiça -pelo que consta, somente o Valério e o Cachoeira, podendo haver alguma surpresa a respeito dos demais.
Em todo o caso, a cassação dos direitos políticos de todos, ou de quase todos, poderá representar um tipo de pena que pagariam pelos malfeitos contra a nação. E, no plano moral, mesmo sem apelar para a Lei da Ficha Limpa, a maioria dos condenados ficaria impedida de disputar cargos eletivos ou empregos públicos e teria dificuldade de se estabelecer em empresas privadas, sobrando apenas o mercado informal. No qual, aliás, teriam boa habilitação para trabalharem informalmente. Todos possuem excelente currículo e experiência no ramo.
PS - Não estou sugerindo que venham acabar exercendo funções de camelô, quando teriam de enfrentar não mais o STF, mas o rapa da polícia.
Agustina é o nome - JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SP - 15/01
Mas como é possível só ter ouvido falar do maior gênio vivo da literatura portuguesa?
Existem vários mistérios no mundo editorial brasileiro. Mas o maior de todos é Agustina Bessa-Luís não figurar entre os grandes. E por "grandes" leia-se Machado de Assis ou Guimarães Rosa. Leia-se Fernando Pessoa ou José Saramago.
São incontáveis as conversas com amigos brasileiros que ficam com o rosto impassível sempre que elogio Agustina. Sim, eles ouviram falar. Mas como é possível só ter ouvido falar do maior gênio vivo da literatura portuguesa?
Não é possível. Nem desculpável. Sobretudo quando Agustina, autora de vastíssima obra, escreveu um dos mais belos testemunhos sobre o Brasil e as suas gentes.
O livro, reeditado em Portugal pela Babel, intitula-se simplesmente "Breviário do Brasil". É composto por uma narrativa longa, fruto de uma viagem pelo país em 1989, e complementado por textos dispersos e circunstanciais sobre o país.
No essencial, é uma carta de amor ao Brasil, terra onde o pai de Agustina viveu 25 anos e que, através dos seus autores, introduziu a autora na república das letras.
Entre esses autores, há os óbvios: José de Alencar, Machado, Olavo Bilac. E depois há os menos óbvios, como Raduan Nassar ("Um Copo de Cólera", naturalmente) e um certo Escragnolle Dória, que honestamente desconhecia. "Porque se perderam as suas pegadas, não sei, tanto mais que no Rio não neva", escreve a autora.
A pena de Agustina é essa mistura de ironia e aforismo, que alcança alturas sábias quando se debruça sobre o caráter de um povo. Serão os brasileiros um exemplo de alegria para turista ver?
Nunca comprei essa versão dos fatos. Agustina também não: a singularidade do brasileiro está na forma como disfarça a sua natureza trágica. "Os brasileiros", escreve Agustina, "têm essa instabilidade dos que se ofendem depressa e só esperam o acaso da ofensa para ir embora e cortar as amarras com a servidão do amor".
Stefan Zweig, aliás, já tinha notado o mesmo: "Não é da índole do brasileiro justificar-se ou exigir justificação, queixar-se ou mostrar-se zangado e entrar em explicações".
Agustina concorda com o austríaco. E conclui: "Como nos povos trágicos, e o grego é um deles, há um orgulho profundo [nos brasileiros] que se fere quando o sentimento é posto em dúvida. Quebra-se a aliança antes de a relação ou o negócio ser quebrado".
Mas o livro não se prende apenas com sentenças maiores. Também há observações sobre coisas menores que igualmente revelam a natureza de uma cultura.
Agustina tanto pode falar dos Cristos do Aleijadinho em Minas ("duma beleza estilizada ao ponto de parece cinematográfica") ou do simples vendedor de rua no Rio ("Há uma elegância natural no vendedor da rua; não pedincha, não tem a veemência do oriental, que é, de certo modo, um pregador que argumenta. O carioca mostra o artigo, desinteressa-se logo do negócio, parece que experimenta apenas o nosso grau de cobiça").
E, depois, as cidades propriamente ditas. São Paulo não merece grandes linhas, embora também não seja "a cidade mais feia do mundo, com todas as desvantagens de Calcutá e sem as vantagens de Tóquio".
Agustina prefere Salvador ("as calçadas, que só no Douro há semelhantes, são feitas para pé descalço"), mas não o calor de Salvador ("parece um queijo da serra, gordo, pastoso, que se nos atravessa no caminho como derretido").
Mas o melhor são as observações sobre Brasília. Ou, melhor dizendo, as observações dos próprios brasileiros sobre a sua capital: "Quando se fala em Brasília toda a gente põe reservas ou usa dum tom inteligente, de quem tolera mas não aprova"). Confirmo. Quem não confirma?
Finalmente, viajar no Brasil é, para um português, reconhecer "o idioma, a religião e os costumes"; mas é também reconhecer que o Brasil é outra coisa -não um Portugal "inchado pelo calor", como dizia Eça de Queirós; mas um neto que saiu de casa há muito tempo para constituir família e fortuna bem longe dos avós.
"Ser português no Brasil", escreve Agustina, "é tão natural como ser papa em Avinhão; o que quer dizer que tem os seus quês e, às vezes, suas embirrações. Mas tudo com boas maneiras e sentimento de família".
Para quem vive entre os dois países, nunca encontrei sentença mais perfeita sobre aquilo que nos (des)une.
Mas como é possível só ter ouvido falar do maior gênio vivo da literatura portuguesa?
Existem vários mistérios no mundo editorial brasileiro. Mas o maior de todos é Agustina Bessa-Luís não figurar entre os grandes. E por "grandes" leia-se Machado de Assis ou Guimarães Rosa. Leia-se Fernando Pessoa ou José Saramago.
São incontáveis as conversas com amigos brasileiros que ficam com o rosto impassível sempre que elogio Agustina. Sim, eles ouviram falar. Mas como é possível só ter ouvido falar do maior gênio vivo da literatura portuguesa?
Não é possível. Nem desculpável. Sobretudo quando Agustina, autora de vastíssima obra, escreveu um dos mais belos testemunhos sobre o Brasil e as suas gentes.
O livro, reeditado em Portugal pela Babel, intitula-se simplesmente "Breviário do Brasil". É composto por uma narrativa longa, fruto de uma viagem pelo país em 1989, e complementado por textos dispersos e circunstanciais sobre o país.
No essencial, é uma carta de amor ao Brasil, terra onde o pai de Agustina viveu 25 anos e que, através dos seus autores, introduziu a autora na república das letras.
Entre esses autores, há os óbvios: José de Alencar, Machado, Olavo Bilac. E depois há os menos óbvios, como Raduan Nassar ("Um Copo de Cólera", naturalmente) e um certo Escragnolle Dória, que honestamente desconhecia. "Porque se perderam as suas pegadas, não sei, tanto mais que no Rio não neva", escreve a autora.
A pena de Agustina é essa mistura de ironia e aforismo, que alcança alturas sábias quando se debruça sobre o caráter de um povo. Serão os brasileiros um exemplo de alegria para turista ver?
Nunca comprei essa versão dos fatos. Agustina também não: a singularidade do brasileiro está na forma como disfarça a sua natureza trágica. "Os brasileiros", escreve Agustina, "têm essa instabilidade dos que se ofendem depressa e só esperam o acaso da ofensa para ir embora e cortar as amarras com a servidão do amor".
Stefan Zweig, aliás, já tinha notado o mesmo: "Não é da índole do brasileiro justificar-se ou exigir justificação, queixar-se ou mostrar-se zangado e entrar em explicações".
Agustina concorda com o austríaco. E conclui: "Como nos povos trágicos, e o grego é um deles, há um orgulho profundo [nos brasileiros] que se fere quando o sentimento é posto em dúvida. Quebra-se a aliança antes de a relação ou o negócio ser quebrado".
Mas o livro não se prende apenas com sentenças maiores. Também há observações sobre coisas menores que igualmente revelam a natureza de uma cultura.
Agustina tanto pode falar dos Cristos do Aleijadinho em Minas ("duma beleza estilizada ao ponto de parece cinematográfica") ou do simples vendedor de rua no Rio ("Há uma elegância natural no vendedor da rua; não pedincha, não tem a veemência do oriental, que é, de certo modo, um pregador que argumenta. O carioca mostra o artigo, desinteressa-se logo do negócio, parece que experimenta apenas o nosso grau de cobiça").
E, depois, as cidades propriamente ditas. São Paulo não merece grandes linhas, embora também não seja "a cidade mais feia do mundo, com todas as desvantagens de Calcutá e sem as vantagens de Tóquio".
Agustina prefere Salvador ("as calçadas, que só no Douro há semelhantes, são feitas para pé descalço"), mas não o calor de Salvador ("parece um queijo da serra, gordo, pastoso, que se nos atravessa no caminho como derretido").
Mas o melhor são as observações sobre Brasília. Ou, melhor dizendo, as observações dos próprios brasileiros sobre a sua capital: "Quando se fala em Brasília toda a gente põe reservas ou usa dum tom inteligente, de quem tolera mas não aprova"). Confirmo. Quem não confirma?
Finalmente, viajar no Brasil é, para um português, reconhecer "o idioma, a religião e os costumes"; mas é também reconhecer que o Brasil é outra coisa -não um Portugal "inchado pelo calor", como dizia Eça de Queirós; mas um neto que saiu de casa há muito tempo para constituir família e fortuna bem longe dos avós.
"Ser português no Brasil", escreve Agustina, "é tão natural como ser papa em Avinhão; o que quer dizer que tem os seus quês e, às vezes, suas embirrações. Mas tudo com boas maneiras e sentimento de família".
Para quem vive entre os dois países, nunca encontrei sentença mais perfeita sobre aquilo que nos (des)une.
O mensalão de Lincoln - PAULO SANTANA
ZERO HORA - 15/01
Sensacional! Sensacional! É que o filme Lincoln, que tem o maior número de indicações para o Oscar do próximo dia 24 de fevereiro, revela que Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos, subornou dezenas de parlamentares democratas para ver aprovada no Congresso a emenda da Abolição. Sensacional! E nós pensávamos que o mensalão fosse uma criação nossa.
Recapitulemos o que aconteceu. Em 1863, estava terminando a Guerra da Secessão, travada entre 11 Estados confederados do Sul, que não queriam a abolição da escravatura, contra o restante dos EUA, vencida no conflito pelos abolicionistas, quando Lincoln deparou com um terrível impasse: tinha sido vencida a guerra, mas era preciso que a lei fosse modificada e se instaurasse a abolição. Só que faltavam dezenas de votos para completar os dois terços do Congresso necessários para aprovar a emenda respectiva. Foi quando Lincoln, desesperado, nomeou uma comissão sigilosa encarregada de subornar os votos abolicionistas que faltavam.
Isso foi feito e a história registra, como centralmente disso se ocupou o filme Lincoln, que o presidente mais célebre da história americana praticou o mensalão para retirar do mapa norte-americano uma das suas mais sujas nódoas republicanas: a escravidão.
O mensalão de Lincoln, há que se argumentar, foi assim corrompido visando a uma causa nobre. O mesmo se pode dizer do mensalão brasileiro, que durante dois anos subornou parlamentares daqui para votar a favor de causas justas, entre as quais a reforma da Previdência.
Tal como Lula e Fernando Henrique, Lincoln obteve sua reeleição. Por sinal, Lula e Lincoln foram reeleitos, mas quando se elegeram pela primeira vez já constava das duas Constituições respectivas o instituto da reeleição. Já com Fernando Henrique, quando se elegeu pela primeira vez não havia a reeleição, ela foi criada e se diz que muita gente foi subornada para aprovar a emenda da repetição de mandato. Interessante.
A diferença entre o mensalão de Lincoln e o de José Dirceu é que nos EUA ninguém foi condenado por pagar ou receber suborno para votar a favor do governo.
Embora aqui no Brasil muitos parlamentares tenham sido condenados pelo mensalão, até agora nenhum foi parar na cadeia, pairando atualmente sobre o Supremo brasileiro a seguinte dúvida: como dois ministros do Supremo vão se aposentar e assumirão outros dois substitutos nomeados pelo governo, além do novo ministro Teori Zavascki, serão levadas à frente e radicalmente as sentenças condenatórias ou a nova constituição do tribunal máximo e superior cederá diante de recursos dos réus e embargos infringentes e declaratórios que ainda faltam ser examinados?
Ou seja, se decidirá proximamente no Brasil sobre aquela sentença popular que diz que, em nosso país, político nenhum vai para trás das grades por atos cometidos na função pública.
Sensacional! Sensacional! É que o filme Lincoln, que tem o maior número de indicações para o Oscar do próximo dia 24 de fevereiro, revela que Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos, subornou dezenas de parlamentares democratas para ver aprovada no Congresso a emenda da Abolição. Sensacional! E nós pensávamos que o mensalão fosse uma criação nossa.
Recapitulemos o que aconteceu. Em 1863, estava terminando a Guerra da Secessão, travada entre 11 Estados confederados do Sul, que não queriam a abolição da escravatura, contra o restante dos EUA, vencida no conflito pelos abolicionistas, quando Lincoln deparou com um terrível impasse: tinha sido vencida a guerra, mas era preciso que a lei fosse modificada e se instaurasse a abolição. Só que faltavam dezenas de votos para completar os dois terços do Congresso necessários para aprovar a emenda respectiva. Foi quando Lincoln, desesperado, nomeou uma comissão sigilosa encarregada de subornar os votos abolicionistas que faltavam.
Isso foi feito e a história registra, como centralmente disso se ocupou o filme Lincoln, que o presidente mais célebre da história americana praticou o mensalão para retirar do mapa norte-americano uma das suas mais sujas nódoas republicanas: a escravidão.
O mensalão de Lincoln, há que se argumentar, foi assim corrompido visando a uma causa nobre. O mesmo se pode dizer do mensalão brasileiro, que durante dois anos subornou parlamentares daqui para votar a favor de causas justas, entre as quais a reforma da Previdência.
Tal como Lula e Fernando Henrique, Lincoln obteve sua reeleição. Por sinal, Lula e Lincoln foram reeleitos, mas quando se elegeram pela primeira vez já constava das duas Constituições respectivas o instituto da reeleição. Já com Fernando Henrique, quando se elegeu pela primeira vez não havia a reeleição, ela foi criada e se diz que muita gente foi subornada para aprovar a emenda da repetição de mandato. Interessante.
A diferença entre o mensalão de Lincoln e o de José Dirceu é que nos EUA ninguém foi condenado por pagar ou receber suborno para votar a favor do governo.
Embora aqui no Brasil muitos parlamentares tenham sido condenados pelo mensalão, até agora nenhum foi parar na cadeia, pairando atualmente sobre o Supremo brasileiro a seguinte dúvida: como dois ministros do Supremo vão se aposentar e assumirão outros dois substitutos nomeados pelo governo, além do novo ministro Teori Zavascki, serão levadas à frente e radicalmente as sentenças condenatórias ou a nova constituição do tribunal máximo e superior cederá diante de recursos dos réus e embargos infringentes e declaratórios que ainda faltam ser examinados?
Ou seja, se decidirá proximamente no Brasil sobre aquela sentença popular que diz que, em nosso país, político nenhum vai para trás das grades por atos cometidos na função pública.
Acabou a desculpa para o Brasil não crescer - RICARDO GALUPPO
BRASIL ECONÔMICO - 15/01
O mundo parece recuperado ou, pelo menos, estar saindo da situação de maior apuro, enquanto o Brasil, na melhor das hipóteses, parece empacado. Segundo um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado ontem, as perspectivas de crescimento do Brasil este ano são menos otimistas do que a de países que sofreram as consequências mais agudas da crise (conforme mostra a reportagem da pág. 6). Para 2013, a maioria dos países do mundo (inclusive os da Europa) esperam taxas de crescimento superiores às projetadas para o Brasil. Nos Estados Unidos, a expansão deve ser consistente: cerca de 2,5% em 2013 e pelo menos um ponto percentual acima disso em 2014.
Caso as hipóteses de um crescimento mais robusto da Europa, dos Estados Unidos e da China se confirmem, cairá por terra a desculpa que apontava a crise internacional como o maior obstáculo ao crescimento brasileiro nos últimos anos. Sim. Muito embora existisse em 2010 a crença generalizada de que o Brasil ia bem em meio à crise mundial por haver adotado um modelo de crescimento baseado na inclusão social, o fato é que o país não teve forças para crescer nos últimos dois anos.
A opção por um modelo fiscal estúpido, um monte de picuinhas políticas e outros problemas na mesma linha tiraram a competitividade da indústria e impediram que o país atraísse os recursos necessários para financiar o crescimento. Enquanto esse modelo persistir, a economia brasileira só crescerá quando os países desenvolvidos estiverem em expansão.
Por essa razão, a provável reação da economia mundial é a melhor notícia que o Brasil poderia receber neste momento em que o cenário ganha ares nebulosos. Mais do que os programas de distribuição de renda, a expansão do crédito e o estímulo ao consumo por meio de renúncias fiscais, o que assegurou o crescimento em 2010 foi o modelo baseado na exportação de commodities.
Tanto isso é verdade que, no ano passado, o governo fez tentativas de expandir o consumo muito mais ousadas do que as de 2009 e 2010. Só que a economia não reagiu. Com a China e a Europa crescendo, as vendas de minério de ferro, de soja e de outros alimen-tos devem crescer. E, como isso, todo o resto. Será mais uma oportunidade de consertar o que está errado para que o país deixe de depender tanto das commodities para crescer.
O risco dos privilégios - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 15/01
Reformar os apartamentos funcionais é desaforo com a população que paga impostos porque trabalha
Quando e como será, não há como saber. Mas que, em algum tempo, haverá um grosso "chega!" à orgia financeira da Câmara e do Senado, como os centenas de milhões gastos com outra reforma dos apartamentos funcionais de deputados -disso não se tem o direito de duvidar.
O mundo todo já vive uma era de desmoralização dos privilégios. E, no caso, desmoralização é sinônimo de uma linha que começa pela percepção, passa à repulsa, em seguida à perda dos receios e da tolerância. Primavera árabe? É isso. Grande parte do terrorismo contra poderes dominantes -é isso.
Há três meses, a Câmara se concedeu o privilégio de ter atividade propriamente parlamentar, ou a sua aparência melhorada, em apenas um dia na semana. Criou assim o privilégio do privilégio; este, o que permitia aos deputados chegar a Brasília na terça, para a sessão da tarde, e cair fora na quinta.
Para uma noite em Brasília -vá lá, eventualmente duas- reformar os 463 apartamentos e modernizar-lhes os equipamentos domésticos é, para dizer o menos, desaforo com a população que paga impostos porque trabalha.
E exploração desumana dos que sofrem as consequências de falta de emprego, falta de moradia menos humilhante, falta de atendimento à saúde -e excesso de tolerância.
Seja de R$ 280 milhões ou de R$ 680 milhões, o montante do gasto não altera a dimensão da imoralidade. E não há um só partido que se tenha levantado contra. Retrato ainda melhor: não consta haver, entre os 513 deputados, um só que adotasse alguma atitude contra o mal uso do dinheiro público.
No Senado, tivemos senadores recebendo cerca de meio milhão para cobertura de pequenos gastos no correr do ano.
Quem não chegou a tanto, com as mínimas exceções de sempre, ficou em outros centenas de milhares. Um dos tantos privilégios que só os parlamentares do Brasil têm. E que um dia terão de acabar, como e quando não se sabe.
DIZERES
É inútil por muitos motivos o esforço de políticos e jornalistas para descobrir quem no PMDB está atirando pelas costas no peemedebista Henrique Eduardo Alves, com as informações que comprometem moralmente sua candidatura à presidência da Câmara.
A inutilidade começa no fato vulgar de que os dois principais suspeitos, Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, e a vítima (que deveria ser réu) já se davam tiros pelas costas como se dessem bom-dia -que, aliás, não se dão.
Além disso, as denúncias de que Henrique Alves manobra com dinheiro do Orçamento para dá-lo a auxiliares seus, incluído o método do laranjismo, até fortalecem sua candidatura.
Na concepção aparentemente majoritária do exercício parlamentar, manobras imorais com o dinheiro do Orçamento são credenciais, e não fatores depreciativos. São de interesse de toda a raia miúda e inúmeros na raia graúda.
O único efeito possível sobre a candidatura de Henrique Alves depende da atitude de Dilma Rousseff, preservando apesar de tudo ou retirando-lhe o apoio do governo. "Nenhuma complacência com a corrupção", tem dito a presidente. Dito.
Reformar os apartamentos funcionais é desaforo com a população que paga impostos porque trabalha
Quando e como será, não há como saber. Mas que, em algum tempo, haverá um grosso "chega!" à orgia financeira da Câmara e do Senado, como os centenas de milhões gastos com outra reforma dos apartamentos funcionais de deputados -disso não se tem o direito de duvidar.
O mundo todo já vive uma era de desmoralização dos privilégios. E, no caso, desmoralização é sinônimo de uma linha que começa pela percepção, passa à repulsa, em seguida à perda dos receios e da tolerância. Primavera árabe? É isso. Grande parte do terrorismo contra poderes dominantes -é isso.
Há três meses, a Câmara se concedeu o privilégio de ter atividade propriamente parlamentar, ou a sua aparência melhorada, em apenas um dia na semana. Criou assim o privilégio do privilégio; este, o que permitia aos deputados chegar a Brasília na terça, para a sessão da tarde, e cair fora na quinta.
Para uma noite em Brasília -vá lá, eventualmente duas- reformar os 463 apartamentos e modernizar-lhes os equipamentos domésticos é, para dizer o menos, desaforo com a população que paga impostos porque trabalha.
E exploração desumana dos que sofrem as consequências de falta de emprego, falta de moradia menos humilhante, falta de atendimento à saúde -e excesso de tolerância.
Seja de R$ 280 milhões ou de R$ 680 milhões, o montante do gasto não altera a dimensão da imoralidade. E não há um só partido que se tenha levantado contra. Retrato ainda melhor: não consta haver, entre os 513 deputados, um só que adotasse alguma atitude contra o mal uso do dinheiro público.
No Senado, tivemos senadores recebendo cerca de meio milhão para cobertura de pequenos gastos no correr do ano.
Quem não chegou a tanto, com as mínimas exceções de sempre, ficou em outros centenas de milhares. Um dos tantos privilégios que só os parlamentares do Brasil têm. E que um dia terão de acabar, como e quando não se sabe.
DIZERES
É inútil por muitos motivos o esforço de políticos e jornalistas para descobrir quem no PMDB está atirando pelas costas no peemedebista Henrique Eduardo Alves, com as informações que comprometem moralmente sua candidatura à presidência da Câmara.
A inutilidade começa no fato vulgar de que os dois principais suspeitos, Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, e a vítima (que deveria ser réu) já se davam tiros pelas costas como se dessem bom-dia -que, aliás, não se dão.
Além disso, as denúncias de que Henrique Alves manobra com dinheiro do Orçamento para dá-lo a auxiliares seus, incluído o método do laranjismo, até fortalecem sua candidatura.
Na concepção aparentemente majoritária do exercício parlamentar, manobras imorais com o dinheiro do Orçamento são credenciais, e não fatores depreciativos. São de interesse de toda a raia miúda e inúmeros na raia graúda.
O único efeito possível sobre a candidatura de Henrique Alves depende da atitude de Dilma Rousseff, preservando apesar de tudo ou retirando-lhe o apoio do governo. "Nenhuma complacência com a corrupção", tem dito a presidente. Dito.
Contabilidade criativa - AÉCIO NEVES
O Globo - 15/01
O país vem tendo a oportunidade de conhecer, nestes primeiros dias de 2013, análises e opiniões de especialistas sobre os efeitos das manobras contábeis utilizadas pelo Governo federal para sanar as obrigações fiscais não cumpridas ano passado .
A irresponsabilidade fiscal praticada ganhou um nome irônico: contabilidade criativa.
Elas evidenciam que o governo permanece sofrendo de um mal que, invariavelmente, provoca danos severos à sociedade: gasta muito e gasta mal. As contas simplesmente não fecham!
Há um cardápio variado de truques e de estranhezas contábeis que se repetem desde 2009, como a transformação de dívida em receita primária; a venda de dividendos de estatais mistas para o BNDES, visando a calibrar o Tesouro Nacional, e o uso do processo de capitalização da Petrobras como fonte geradora de receitas artificiais.
A novidade, agora, é a apropriação dos recursos do Fundo Soberano - R$ 12,4 bilhões - para o reforço da formação do superávit e o uso do Tesouro como uma corretora de valores, que recebe ações de empresas privadas de um dos seus bancos (BNDES) e manda para outro (CEF). O Tesouro, mesmo que por alguns momentos, passou a ser acionista de empresas privadas. Acrescentou-se a tais manobras o desconto das despesas do PAC do cálculo do resultado primário - R$ 25 bilhões em 2012.
O conjunto de operações atípicas traz à tona uma questão extremamente relevante. Maquiando sua prestação de contas e manejando margens para conseguir se aproximar dos resultados planejados, o governo fragiliza ainda mais a sua já combalida credibilidade.
As manobras fiscais não são um problema isolado. Governando sob o regime do improviso, o Executivo impõe ao país decisões estruturais sem qualquer diálogo, muitas vezes ignorando a sua própria base congressual e importantes atores da área produtiva. Empresta a essas medidas a força da legalidade, através de instrumentos provisórios, como as MPs, e espanta o mercado de investidores..
A mudança do marco regulatório do sistema elétrico é o exemplo mais recente, assim como a insegurança sobre o desempenho do setor. Lembro que dias atrás o Governo federal taxou como "ridícula" a hipótese de racionamento de energia. Mas, como palavras não enchem reservatórios, sob as sombras do constrangimento, reuniu-se essa semana uma preocupada equipe de governo para estudar como evitar justamente o problema que afirmavam não existir.
A questão de fundo é que credibilidade é um ativo importante nos governos democráticos - tem valor simbólico, mas também objetivo. Ela se manifesta através da confiança dos investidores e da sociedade em regras estáveis, o que permite segurança para planejar investimentos e o futuro.
Por isso é temerário que as posições oficiais sejam sistematicamente desmentidas pela realidade, como ocorreu na projeção de 4% de crescimento do PIB previsto para 2012. Fechamos o ano com o minúsculo 1%.
São ações que colocam em risco fundamentos que legaram aos governos do PT a herança bendita da estabilidade econômica, marco inicial imprescindível para o processo de redução da pobreza e para a construção de um novo patamar de desenvolvimento no país.
Pela memória - SONIA RACY
O ESTADÃO - 15/01
A Comissão da Verdade de São Paulo vai lançar campanha pedindo a abertura dos arquivos da ditadura militar – pela memória dos paulistas desaparecidos. O deputado Adriano Diogo, presidente da comissão, convidou atores para gravar depoimentos.O primeiro a entrar no estúdio, ainda esta semana, será Celso Frateschi. Levará para o vídeo a biografia do jornalista Luiz Eduardo Merlino, morto em 1971, aos 23 anos.
Memória 2
Dois filmes sobre a ditadura estão para sair do forno. O novo longa de Luiz Villaça, inspirado no livro de Mario Bendetti, contará a história de um guerrilheiro preso. E Márcia Faria deve filmar a história de uma viúva argentina em busca do neto desaparecido.
De volta para…
O PSDB paulista resgatará texto de Fernando Henrique Cardoso– publicado há um ano, em que discorre sobre a “sociedade decente” – para o congresso que realizará em abril. O objetivo, afirma um tucano, é “ressaltar as diferenças entre PSDB e PT”.
No artigo, o ex-presidente defende que decente é a sociedade que “enfrenta a corrupção e acaba com a impunidade”.
…o futuro
Além de rever seu programa, o estatuto interno e aprovar um Código de Ética, integrantes da legenda vão colocar em discussão os 20 anos de governo em São Paulo. Antes do evento, porém, o PSDB quer realizar debates virtuais.
Bis
Reclusa desde a morte de Dona Canô, Maria Bethânia terá casa cheia nos shows que fará em São Paulo, em março. Os ingressos se esgotaram após 15 dias de vendas.
A abelha-rainha até já abriu uma nova data: 2 de abril.
Apoio
Depois de Jodie Foster assumir sua homossexualidade, anteontem, no Globo de Ouro, Ricky Martin fez coro.
O músico – que afirmou ser gay em 2010 – postou no Twitter: “É o seu tempo. Nem antes e nem depois. Quando sentir que é a hora correta”.
Olho gordo?
E José Genoino foi visto, recentemente, na estação da Luz com… um colar de olho grego enrolado nas mãos.
Não foi reconhecido por nenhum passageiro.
Technicolor
Samuel Klein não leu, até agora, o roteiro do filme que contará a história de sua vida. Mas deverá participar, contribuindo com alguns depoimentos.
A produção do longa – que será filmado no Brasil e na Polônia – ainda não definiu o ator que encarnará o empresário na telona.
Fogo amigo?
Quem não gostou nem um pouco da revelação do salário de Mano Menezes à frente da seleção brasileira (R$ 517 mil mensais) foi Andrés Sanchez.
O ex-diretor da CBF é amigo do treinador e bancou sua permanência enquanto foi possível. Agora, costura candidatura à presidência da entidade, em 2014.
Fogo 2
Para completar, José Maria Marin acaba de convidar Valdemar Pires, ex-presidente do Corinthians – e ligado ao grupo que faz oposição a Sanchez –, para o cargo de Diretor de Relações Internacionais da confederação.
Ele deve aceitar.
Tatu-bola na área
Se ontem a Couromoda foi dos políticos, quem marca presença hoje é… Fuleco. O mascote “apresenta” os primeiros produtos licenciados para a Copa das Confederações e o Mundial de 2014.
Na frente
O MuBE apresenta a segunda edição da Bienal Internacional Graffiti Fine Art. Hoje.
Rodrigo Rosset, Peu Guimarães, Bruno Poppa, Cadu Costa e Marcos Lee recebem para apresentação de seu novo espaço, chamado… bar. Hoje.
Fabrizio Rollo, eleito um dos 20 homens mais elegantes do mundo pelo site de moda The Sartorialist, soltou a voz em almoço oferecido, no fim de semana, por Scott Shuman – em Florença. O designer de interiores cantou um refrão de My Way.
No Twitter: “Está mais difícil meu voo sair aqui de Congonhas do que o Palmeiras anunciar um reforço de peso”.
Hollande e a guerra - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 15/01
François Hollande, quem diria? Com gorduras a mais na barriga, cabeça de comerciante de meias e dicção vacilante, ele seria a última pessoa que imaginaríamos em uniforme de batalha, examinando um mapa do Estado Maior como MacArthur ou Napoleão. No entanto, desde sábado, Hollande é o comandante-chefe. E lançou um ataque contra o vasto país saariano da África Central, o Mali.
Hollande sempre afirmou que "não envolveria a França militarmente num combate". Um dos seus primeiros gestos foi retirar o contingente francês do Afeganistão. E o presidente, muito inteligente, sabe que de todos os cenários de guerra, o pior é um país como o Mali, ex-colônia francesa. Sempre há suspeita de "neocolonialismo", de um retorno da França à África.
Hollande sabe também que as expedições militares na África ou na Ásia são desastrosas. O Exército americano viveu a experiência no Vietnã, no Iraque com o pobre George W. Bush, no Afeganistão. E a França perdeu todas as guerras contra antigas colônias, da Indochina à Argélia.
No entanto, ele decidiu bombardear o Mali e, depois de três dias, vê-se obrigado a aumentar a força de combate. Como explicar a conversão de Hollande? O fato é que a região pegou fogo. Os islamistas decidiram bruscamente sair do norte do Mali, desértico e grande como a França, e se dirigir ao sul, até a capital Bamako. Ficou claro que o país cairia nas mãos deles, bem guarnecidos, bem formados, de uma coragem terrível e ávidos de mártires. E armados até os dentes, pois se apossaram do enorme arsenal da Líbia. Tanques, canhões e armas foram transportados para o Mali quando o coronel Muamar Kadafi foi derrubado pelas forças da Otan a pedido do presidente François Sarkozy e de seu "inspirado" conselheiro, Bernard-Henri Lévy.
Então, Hollande decidiu-se pela guerra. Adotou algumas precauções: obteve sinal verde do Conselho de Segurança da ONU e entendeu-se com a Argélia para sobrevoar seu território. Sem dúvida, ele esperava que outras nações apoiassem Paris. Mas o apoio foi da boca para fora, oferecendo alguns aviões de reabastecimento, recursos logísticos e hospitais de campanha.
Por que Hollande entendeu que era necessário salvar o Mali? O Mali é um país imenso, miserável, semidesértico, no centro do Sahel. Faz fronteira com Argélia, Mauritânia, Senegal, Guiné, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Níger. Todos esses países são permeáveis. Suas fronteiras são mal fiscalizadas. Seus governos são fracos (exceto Argélia e Senegal). No caso de o Mali ser submetido à lei de ferro do islamismo, o vírus poderá atravessar as fronteiras e ser criado um império islâmico numa área imensa do continente africano. A partir daí, o terror poderá ser exportado e atacar, quando necessário, o Mediterrâneo e a França.
São dois os perigos: o primeiro é de que a operação se prolongue e o Exército francês fique preso num atoleiro. O segundo é o que ocorrerá se o Mali for libertado dos islamistas. Será preciso reconstruir o país, mas como? Nada é mais difícil. Iraque e Afeganistão são testemunhas disso.
As sutilezas e contradições que nutrem a diplomacia estão presentes. Na Síria, o Ocidente e a França apoiam os insurgentes contra Bashar Assad. Ora, a insurgência é formada por três quartos de democratas e um quarto de islamistas, amigos dos grupos que se pretende erradicar no Mali. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
O sócio do Hamas - VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SP - 15/01
No dia 22 de janeiro, os israelenses escolherão um novo Legislativo. Tudo indica que Benjamin Netanyahu continuará como primeiro-ministro, mas agora à frente de um Parlamento ainda mais conservador, devido principalmente à ascensão do partido de extrema direita "Casa Judaica", que concorre à eleição em lista com a "União Nacional".
"Quando Netanyahu fala, o mundo o escuta". Esse é o slogan de sua campanha. De fato, ele tem razão, o mundo não é indiferente ao que o premiê israelense fala, mas talvez porque seja difícil acreditar que está realmente a dizer o que tem dito ultimamente. Não por outra razão, nunca o governo de Israel se viu tão isolado diante da opinião pública. Haja vista a votação da ONU que elevou a Palestina à condição de Estado observador. A despeito de sua intensa movimentação política, apenas oito países votaram conforme posição defendida por Israel.
O que Netanyahu diz com suas ações é que seguirá à risca o programa de seu partido, Likud, que simplesmente não reconhece a existência de um Estado Palestino a oeste do Rio Jordão. Tanto é assim que ele ignorou soberanamente todos os pedidos para que parasse, de maneira definitiva, a construção de novos assentamentos e colônias na Cisjordânia. Seu último ato foi autorizar a construção, na região de Jerusalém, de novas colônias que inviabilizarão, de vez por todas, um Estado Palestino em território contínuo.
Mas talvez seja o caso de dizer que sua maneira de governar transformou Netanyahu no melhor sócio que o Hamas poderia ter. Primeiro, suas ações de punição coletiva em nada contribuíram para quebrar o Hamas. No último ataque a Gaza, Israel descobriu que o grupo palestino tem mísseis que podem alcançar Jerusalém, isto enquanto um de seus líderes, Khaled Meshal, era entusiasticamente recebido por uma multidão.
Na verdade, a retórica belicista de Netanyahu, assim como sua contínua humilhação aos esforços da Autoridade Palestina junto aos órgãos diplomáticos mundiais, apenas reforçaram o Hamas diante de largas parcelas de uma população palestina cansada de esperar uma intervenção internacional, capaz de resolver sua situação aberrante de povo apátrida.
Um governo israelense capaz de garantir a paz para seu povo, ao invés de usar a guerra como elemento de consolidação da unidade nacional, começaria por demonstrar, com atos concretos, que respeita o território do futuro Estado Palestino. Mas façam a seguinte pergunta: se o Hamas desaparecesse, assim como toda ameaça de ataques terroristas, o governo atual de Israel aceitaria entregar toda a Cisjordânia e parte de Jerusalém para um futuro Estado Palestino, como o direito internacional o obriga?
No dia 22 de janeiro, os israelenses escolherão um novo Legislativo. Tudo indica que Benjamin Netanyahu continuará como primeiro-ministro, mas agora à frente de um Parlamento ainda mais conservador, devido principalmente à ascensão do partido de extrema direita "Casa Judaica", que concorre à eleição em lista com a "União Nacional".
"Quando Netanyahu fala, o mundo o escuta". Esse é o slogan de sua campanha. De fato, ele tem razão, o mundo não é indiferente ao que o premiê israelense fala, mas talvez porque seja difícil acreditar que está realmente a dizer o que tem dito ultimamente. Não por outra razão, nunca o governo de Israel se viu tão isolado diante da opinião pública. Haja vista a votação da ONU que elevou a Palestina à condição de Estado observador. A despeito de sua intensa movimentação política, apenas oito países votaram conforme posição defendida por Israel.
O que Netanyahu diz com suas ações é que seguirá à risca o programa de seu partido, Likud, que simplesmente não reconhece a existência de um Estado Palestino a oeste do Rio Jordão. Tanto é assim que ele ignorou soberanamente todos os pedidos para que parasse, de maneira definitiva, a construção de novos assentamentos e colônias na Cisjordânia. Seu último ato foi autorizar a construção, na região de Jerusalém, de novas colônias que inviabilizarão, de vez por todas, um Estado Palestino em território contínuo.
Mas talvez seja o caso de dizer que sua maneira de governar transformou Netanyahu no melhor sócio que o Hamas poderia ter. Primeiro, suas ações de punição coletiva em nada contribuíram para quebrar o Hamas. No último ataque a Gaza, Israel descobriu que o grupo palestino tem mísseis que podem alcançar Jerusalém, isto enquanto um de seus líderes, Khaled Meshal, era entusiasticamente recebido por uma multidão.
Na verdade, a retórica belicista de Netanyahu, assim como sua contínua humilhação aos esforços da Autoridade Palestina junto aos órgãos diplomáticos mundiais, apenas reforçaram o Hamas diante de largas parcelas de uma população palestina cansada de esperar uma intervenção internacional, capaz de resolver sua situação aberrante de povo apátrida.
Um governo israelense capaz de garantir a paz para seu povo, ao invés de usar a guerra como elemento de consolidação da unidade nacional, começaria por demonstrar, com atos concretos, que respeita o território do futuro Estado Palestino. Mas façam a seguinte pergunta: se o Hamas desaparecesse, assim como toda ameaça de ataques terroristas, o governo atual de Israel aceitaria entregar toda a Cisjordânia e parte de Jerusalém para um futuro Estado Palestino, como o direito internacional o obriga?
Túnel do tempo - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 15/01
A romaria de líderes venezuelanos e de outros países latino-americanos a Havana para se informarem e prestarem solidariedade a Hugo Chávez é demonstração clara da hegemonia ideológica cubana na região, um exemplo raro de supremacia política sobre a econômica. E também uma constatação de que o "comandante da revolução bolivariana" transformou-se no verdadeiro líder político da região, seja por proximidades ideológicas, seja pela sustentação financeira à custa do petróleo venezuelano.
Cuba depende do apoio financeiro de Caracas para sobreviver, mas os irmãos Castro dão as diretrizes políticas na ausência física do líder bolivariano. Foi lá que se firmou o já chamado "Pacto de Havana", em que as facções políticas do chavismo, representadas pelo vice Nicolas Maduro e pelo presidente da Assembleia Geral, Diosdado Cabello, fecharam um acordo de boa convivência para garantir o prosseguimento da experiência chavista na Venezuela mesmo na ausência do Grande Comandante.
No fim de semana passado, a alta cúpula do governo venezuelano reuniu-se com eles para analisar a recente reunião Alba-Petrocaribe, e aspectos da aliança entre a ilha e a Venezuela, segundo a imprensa oficial cubana. Estavam lá o poder político e o financeiro: Maduro, a procuradora-geral da Venezuela, Cilia Flores (que acumula a função com a de mulher de Maduro), Diosdado Cabello e o ministro de Mineração e Petróleo, Rafael Ramírez. Tudo indica que ganham tempo para sair desse impasse e estabelecer as bases do chavismo sem Chávez, mas para isso é preciso atingir um mínimo de ordem interna entre os diversos grupos.
Diz-se que o governo brasileiro pressiona por novas eleições nos bastidores, maneira usual de nossa diplomacia trabalhar com as ditaduras amigas, mas o fato é que nenhuma solução existirá enquanto não for possível mostrar Chávez ao mundo, vivo ou morto.
A oposição venezuelana se queixa de que Havana se transformou no "centro político" da Venezuela, mas, na verdade, o fato de ter abrigado Chávez transformou a ilha dos Castro no centro político da América Latina. Do que está acontecendo lá em Havana, entre as paredes do Centro de Investigações Médico-Cirúrgicas, depende o futuro do projeto socialista na região.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, esteve com Raul e Fidel, mas não pôde ver Chávez. Mesma sorte teve o presidente do Peru, Humala Olanta. Outros presidentes já estiveram lá. E noticia-se que o ex-presidente Lula se prepara para mais uma viagem à ilha.
Tratar de Chávez sob o mais rigoroso sigilo foi o que deu a Cuba essa inesperada ressurreição política, não sua medicina supostamente avançada. Cuba detém não só as informações sobre o real estado de saúde do venezuelano como o paciente está literalmente nas mãos de seus dirigentes, que manobram os acordos políticos pós-Chávez e ganham tempo para montar um esquema que dê sustentação à continuidade do projeto, muito dificultado sem a presença do líder.
Os últimos boletins médicos, após dias sem informações oficiais, indicam que Chávez estaria se recuperando, embora em situação ainda delicada. Não se sabe que tipo de verdade dizem esses boletins, mas parece improvável que o quase-ditador tenha condições físicas de se manter à frente do governo caso se recupere.
Nessa probabilidade remota, restaria a ele o papel de símbolo vivo do movimento bolivariano. Caso faleça, certamente seu corpo será embalsamado e levado de volta a Caracas, para comoção popular. Pode ser que seja enterrado ao lado de seu ídolo Simon Bolívar, e a mobilização garantirá vitória tranquila do chavismo nas urnas e a permanência do movimento durante certo tempo, não se sabe quanto.
Os problemas econômicos tendem a criar um clima difícil de ser superado sem a presença carismática do "pai dos pobres". Mas todo esse clima de realismo fantástico que cerca a doença de Chávez, e o uso de sua imagem como catalisador de apoios populares mesmo na sua ausência, obedece a uma estratégia política organizada a partir de Cuba para que o socialismo do século XXI continue prevalecendo na região.
A romaria de líderes venezuelanos e de outros países latino-americanos a Havana para se informarem e prestarem solidariedade a Hugo Chávez é demonstração clara da hegemonia ideológica cubana na região, um exemplo raro de supremacia política sobre a econômica. E também uma constatação de que o "comandante da revolução bolivariana" transformou-se no verdadeiro líder político da região, seja por proximidades ideológicas, seja pela sustentação financeira à custa do petróleo venezuelano.
Cuba depende do apoio financeiro de Caracas para sobreviver, mas os irmãos Castro dão as diretrizes políticas na ausência física do líder bolivariano. Foi lá que se firmou o já chamado "Pacto de Havana", em que as facções políticas do chavismo, representadas pelo vice Nicolas Maduro e pelo presidente da Assembleia Geral, Diosdado Cabello, fecharam um acordo de boa convivência para garantir o prosseguimento da experiência chavista na Venezuela mesmo na ausência do Grande Comandante.
No fim de semana passado, a alta cúpula do governo venezuelano reuniu-se com eles para analisar a recente reunião Alba-Petrocaribe, e aspectos da aliança entre a ilha e a Venezuela, segundo a imprensa oficial cubana. Estavam lá o poder político e o financeiro: Maduro, a procuradora-geral da Venezuela, Cilia Flores (que acumula a função com a de mulher de Maduro), Diosdado Cabello e o ministro de Mineração e Petróleo, Rafael Ramírez. Tudo indica que ganham tempo para sair desse impasse e estabelecer as bases do chavismo sem Chávez, mas para isso é preciso atingir um mínimo de ordem interna entre os diversos grupos.
Diz-se que o governo brasileiro pressiona por novas eleições nos bastidores, maneira usual de nossa diplomacia trabalhar com as ditaduras amigas, mas o fato é que nenhuma solução existirá enquanto não for possível mostrar Chávez ao mundo, vivo ou morto.
A oposição venezuelana se queixa de que Havana se transformou no "centro político" da Venezuela, mas, na verdade, o fato de ter abrigado Chávez transformou a ilha dos Castro no centro político da América Latina. Do que está acontecendo lá em Havana, entre as paredes do Centro de Investigações Médico-Cirúrgicas, depende o futuro do projeto socialista na região.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, esteve com Raul e Fidel, mas não pôde ver Chávez. Mesma sorte teve o presidente do Peru, Humala Olanta. Outros presidentes já estiveram lá. E noticia-se que o ex-presidente Lula se prepara para mais uma viagem à ilha.
Tratar de Chávez sob o mais rigoroso sigilo foi o que deu a Cuba essa inesperada ressurreição política, não sua medicina supostamente avançada. Cuba detém não só as informações sobre o real estado de saúde do venezuelano como o paciente está literalmente nas mãos de seus dirigentes, que manobram os acordos políticos pós-Chávez e ganham tempo para montar um esquema que dê sustentação à continuidade do projeto, muito dificultado sem a presença do líder.
Os últimos boletins médicos, após dias sem informações oficiais, indicam que Chávez estaria se recuperando, embora em situação ainda delicada. Não se sabe que tipo de verdade dizem esses boletins, mas parece improvável que o quase-ditador tenha condições físicas de se manter à frente do governo caso se recupere.
Nessa probabilidade remota, restaria a ele o papel de símbolo vivo do movimento bolivariano. Caso faleça, certamente seu corpo será embalsamado e levado de volta a Caracas, para comoção popular. Pode ser que seja enterrado ao lado de seu ídolo Simon Bolívar, e a mobilização garantirá vitória tranquila do chavismo nas urnas e a permanência do movimento durante certo tempo, não se sabe quanto.
Os problemas econômicos tendem a criar um clima difícil de ser superado sem a presença carismática do "pai dos pobres". Mas todo esse clima de realismo fantástico que cerca a doença de Chávez, e o uso de sua imagem como catalisador de apoios populares mesmo na sua ausência, obedece a uma estratégia política organizada a partir de Cuba para que o socialismo do século XXI continue prevalecendo na região.
Ueba! Brasileiros rapam Miami! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 15/01
Vazam fotos da Carolina Dieckmann com drogas! Aí você abre a foto e é ela com o Vágner Love e mais dois
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia: Venezuela governada por respiração artificial! Rarará!
E novidades do futebol! Para evitar lesões, o uniforme do Pato será de plástico bolha! E na camiseta vem escrito: "Cuidado! Frágil!". E quando o Pato começar a jogar, a gente começa a sacanear o marreco!
E atenção! Vazam fotos da Carolina Dieckmann com drogas! Aí você abre a foto e é a Carolina Dieckmann com o Vágner Love e mais dois! O Vágner Love voltou pra Rússia! E muda de nome pra Vágner Engov! Vai encher a cara de vodka com o Depardieu!
E a musiquinha do site Futirinhas! "Ex-my Love, ex-my Love, o Flamengo não tem dinheiro nem pra pagar o Vágner Looove!" "Vágner Love, Vágner Love/ Se te puser na vitrine/ Você não vale nem R$ 1,99."
E o Big Bagaça Brasil? Baixa no "BBB"! Baixa nos Rinocerontes de Sunga! Bambam desiste. E eu já marquei hora na minha analista pra superar esse trauma! E arrumaram outro rinoceronte de sunga!
Prova da comida, Yuri tem que escrever "cóccix", "exceção" e "varíola". E ele: "COQUIZ, ESCEÇÃO e VARIULA!". Trocaram um intelectual por outro! Rarará! E aí me perguntaram: "Mas você assiste ao 'BBB'?!". "Assisto, gosto de uma acefalia televisiva."
E atenção! Agora vai: 2.000 pessoas protestam em Caracas contra o Chávez e 20 pessoas protestam na avenida Paulista contra o Lula! A força das multidões! Rarará!
E o Amaury Jr. tuitou que "a Flórida vai ser o mais novo Estado da federação brasileira, o 28º. Os brasileiros desbragadamente nas compras". É O PIBINHO! Rarará!
Se você encontrar um monte de areia com uma sacola em cima, pode cavucar que é um brasileiro! Rarará! Brasileiro compra até lata de ervilha em Miami!
Quando eu falei que brasileiro tava fazendo até supermercado em Miami, recebi 200 e-mails: "Eu!". "Eu!" "Eu também!" Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Placa num boteco da praia de Jatobá, Sergipe: "Aviso! Não aceitamos cheque, som de mala e bebidas de fora. NÃO EXISTA!". Rarará! Adorei, trocaram o "não insista" por "não exista".
Vou adotar essa. Quando alguém vier me encher o saco, eu grito: "Não exista!". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Vazam fotos da Carolina Dieckmann com drogas! Aí você abre a foto e é ela com o Vágner Love e mais dois
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia: Venezuela governada por respiração artificial! Rarará!
E novidades do futebol! Para evitar lesões, o uniforme do Pato será de plástico bolha! E na camiseta vem escrito: "Cuidado! Frágil!". E quando o Pato começar a jogar, a gente começa a sacanear o marreco!
E atenção! Vazam fotos da Carolina Dieckmann com drogas! Aí você abre a foto e é a Carolina Dieckmann com o Vágner Love e mais dois! O Vágner Love voltou pra Rússia! E muda de nome pra Vágner Engov! Vai encher a cara de vodka com o Depardieu!
E a musiquinha do site Futirinhas! "Ex-my Love, ex-my Love, o Flamengo não tem dinheiro nem pra pagar o Vágner Looove!" "Vágner Love, Vágner Love/ Se te puser na vitrine/ Você não vale nem R$ 1,99."
E o Big Bagaça Brasil? Baixa no "BBB"! Baixa nos Rinocerontes de Sunga! Bambam desiste. E eu já marquei hora na minha analista pra superar esse trauma! E arrumaram outro rinoceronte de sunga!
Prova da comida, Yuri tem que escrever "cóccix", "exceção" e "varíola". E ele: "COQUIZ, ESCEÇÃO e VARIULA!". Trocaram um intelectual por outro! Rarará! E aí me perguntaram: "Mas você assiste ao 'BBB'?!". "Assisto, gosto de uma acefalia televisiva."
E atenção! Agora vai: 2.000 pessoas protestam em Caracas contra o Chávez e 20 pessoas protestam na avenida Paulista contra o Lula! A força das multidões! Rarará!
E o Amaury Jr. tuitou que "a Flórida vai ser o mais novo Estado da federação brasileira, o 28º. Os brasileiros desbragadamente nas compras". É O PIBINHO! Rarará!
Se você encontrar um monte de areia com uma sacola em cima, pode cavucar que é um brasileiro! Rarará! Brasileiro compra até lata de ervilha em Miami!
Quando eu falei que brasileiro tava fazendo até supermercado em Miami, recebi 200 e-mails: "Eu!". "Eu!" "Eu também!" Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Placa num boteco da praia de Jatobá, Sergipe: "Aviso! Não aceitamos cheque, som de mala e bebidas de fora. NÃO EXISTA!". Rarará! Adorei, trocaram o "não insista" por "não exista".
Vou adotar essa. Quando alguém vier me encher o saco, eu grito: "Não exista!". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Corredor polonês - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 15/01
Bastou passar a primeira quinzena de janeiro para que jornais e revistas deflagrassem uma onda de reportagens envolvendo o candidato a presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ele não irá desistir da candidatura por causa das denúncias de que suas emendas beneficiaram a empresa de um assessor. A ordem é tentar atravessar o tiroteio torcendo para que esses 20 dias até a eleição passem depressa de forma a não contaminar as bancadas a ponto de deixar uma maioria disposta a rever apoios declarados a Henrique em dezembro.
A equação, entretanto, não é tão simples assim. O Brasil mudou. E o Congresso não é mais aquela corrente de deputados contra a imprensa. Uma coisa é um deputado envolvido em caso semelhante a esse receber a solidariedade dos colegas num pronunciamento em que tenta explicar um imbróglio, seja qual for. Outra coisa é votar para presidente da Casa, fazendo do parlamentar em questão a imagem da Câmara. E já tem gente nos bastidores fazendo esse discurso.
Além disso, se Henrique chegar ao ponto de ter que ficar se explicando o tempo todo, nada impede que o PT se assanhe e tente romper o acordo com o PMDB. Vale lembrar que, antes da eleição municipal, houve um discreto movimento em prol de Arlindo Chinaglia (PT-SP), atual líder do governo. A movimentação não prosperou e não foi apenas por conta do acordo entre PT e PMDB para o rodízio entre os dois partidos no governo Dilma.
O que deu errado para os petistas ali foi o resultado da eleição municipal, quando o PSB de Eduardo Campos “engrossou o pescoço” para sustentar uma possível cabeça de chapa ao Planalto. De bate pronto, a estratégia petista foi se voltar ao PMDB e garantir o cumprimento do acordo assinado no fim de 2010 entre os comandantes José Eduardo Dutra, do PT, e Michel Temer, do PMDB. Foi então que Henrique Eduardo Alves se consolidou como candidato a presidente da Casa.
Para evitar que esse acordo se rompa na hipótese de um enfraquecimento maior de Henrique, alguns deputados têm procurado a vice-presidente da Casa, deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), uma das candidatas a comandante da Câmara. Para os peemedebistas, o pior cenário seria a Presidência da Câmara terminar nas mãos do quarto-secretário, o deputado Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais.
Uma vitória de Delgado fortalece Eduardo Campos e, a depender dos horizontes e possibilidades futuras, pode comprometer a manutenção de Michel Temer na vice de Dilma no que vem. A opção por Rose não abala os planos do PMDB de fazer de Michel Temer candidato a vice na chapa da presidente Dilma Rousseff, enquanto Júlio Delgado fortalece o nome de Eduardo Campos, do PSB. O PMDB registrou o convite de Dilma para o almoço em Salvador e a audiência ontem em Brasília, onde Eduardo e Dilma acertaram uma viagem da presidente a Pernambuco em 18 de fevereiro.
Nos próximos dias, vale acompanhar de perto as movimentações de Rose de Freitas e de Júlio Delgado. Afinal, com as denúncias a respeito de Henrique Alves, tanto Rose quanto Júlio ganham um discurso para buscar votos justamente nesta reta final. Enquanto isso, caberá a Henrique Alves, em vez de buscar votos, tecer explicações e se desviar da pancadaria que caracteriza esse corredor polonês que ele atravessa a fim de chegar um pouco mais forte logo ali, em 4 de fevereiro.
Enquanto isso, no Senado...
Em um corredor paralelo ao que Henrique atravessa está o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Candidato a presidente do Senado, Renan passou os últimos dias sob uma capa de invisibilidade e viu seu nome lembrado apenas a titulo de memória sobre os maus bocados que passou em 2009, como um apêndice às notícias sobre Henrique Alves. Seus aliados torcem para que a situação não se inverta até 1º de fevereiro, data da eleição do comandante da Casa.
Até aqui, Renan ficou invisível porque o Regimento do Senado estabelece que a Presidência cabe ao maior partido, no caso, o PMDB. E nenhum outro nome da legenda tem a preferência da maioria, pelo menos, até agora. Henrique Eduardo Alves não teve a mesma sorte. Precisou se apresentar e fazer campanha com o PT, o PSB e parte do PMDB em seu encalço. Agora, ainda vêm as denúncias. Não é à toa que muitos comparam o Senado ao céu. Ali, até corredor polonês pode parecer um passeio.
A hora da verdade - PAULO D'ALMEIDA
O Estado de S.Paulo - 15/01
Desde quando garantir a legalidade dos processos é incentivo à corrupção? Ou não seria o contrário?
Com o falacioso argumento de estímulo à corrupção, entidades ligadas ao Ministério Público (MP) têm atacado a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37/2011, alardeando informações inverídicas, com o intuito único de confundir a opinião pública. Todavia, ao trabalhar com a desinformação da população - manipulando as paixões de quem já vem sendo assoberbado pelos descalabros de políticos e entes públicos envolvidos em corrupção -, o MP só corrobora o que julga combater.
Aprovada em comissão especial da Câmara dos Deputados, a PEC 37, ou PEC da Legalidade, como vem sendo chamada pelos defensores do ordenamento constitucional, apenas reafirma o que já reza a Constituição da República, delimitando os papéis de cada um dos agentes públicos que participam da atividade persecutória penal do Estado. Em seu texto, a PEC define que a apuração das infrações penais incumbe privativamente às Polícias Federal e Civis dos Estados e do Distrito Federal.
Senão, vejamos: a Constituição federal é taxativa ao listar as funções e competências do Ministério Público - e fazer investigação criminal não é uma delas. Assim, não cabe falar em perda do poder de investigação do MP, uma vez que ninguém perde o que não tem. Ao contrário do que vem sendo difundido, não existe nenhuma norma expressa ou implícita que permita ao Ministério Público realizar investigação criminal. Por outro lado, o MP mantém intocadas as suas prerrogativas de requisitar, a qualquer tempo, a instauração de inquérito policial e de qualquer diligência que entenda necessária à denúncia. Também permanece intocado o salutar controle externo da atividade policial exercido pelo MP.
E o motivo pelo qual o Ministério Público - que é quem forma as convicções sobre a autoria do crime - não pode fazer diligências para ele mesmo se convencer é muito simples. No Brasil, o MP é a instituição que acusa. Se o promotor investigar, como teremos o equilíbrio entre acusação e defesa, se toda a prova produzida for feita pela acusação? Por isso, num sistema justo, as Polícias Civil ou Federal, que não têm interesse direto na acusação ou na defesa, são as quem devem produzir a prova, por serem imparciais e por causa desse necessário equilíbrio. Portanto, Polícia Judiciária investiga, promotor acusa, advogado defende e juiz julga. Quebrar essa sistemática fere mortalmente a segurança jurídica do cidadão. Investigação realizada pelo Ministério Público fere direitos individuais. Isso, sim, é contrário aos interesses da sociedade.
Logo, não é verdade que a PEC 37 queira mutilar o trabalho do Ministério Público, muito menos que compactue com a corrupção. Todos os que têm tomado posição a favor da PEC o fazem por entenderem que ela só vem contribuir com o órgão, propiciando maior rapidez numa de suas funções mais importantes, que é processar o autor do crime.
Outra mentira descarada que vem sendo alardeada é que, caso o Congresso Nacional venha a aprovar a proposta, "o reflexo imediato será o questionamento sobre a legalidade e a completa anulação de importantes apurações". Não é verdade! No artigo 3.º do substitutivo aprovado, o texto ressalva todos os procedimentos investigativos criminais já realizados pelo Ministério Público até a data da publicação, mesmo sem o devido amparo legal. Ou seja, o texto não deixa espaço para questionamento nem anulação de nenhum processo em andamento.
O substitutivo reitera, também, o poder investigatório das Polícias Legislativas, das comissões parlamentares de inquérito, bem como dos tribunais e do próprio Ministério Público em relação aos seus membros, conforme previsto nas respectivas leis orgânicas. As apurações feitas por todos os demais órgãos públicos (agências, ministérios, secretarias, empresas públicas, autarquias, etc.) não são atingidas pela PEC 37, visto que se prestam à apuração de infrações administrativas, cujo resultado pode até mesmo servir de base para a propositura de ação penal pelo Ministério Público.
A investigação criminal, porém, é e continuará sendo função da Polícia Judiciária, porque é ela que possui o conhecimento e as ferramentas necessárias para isso. A investigação realizada pela Polícia Judiciária tem regras definidas por lei, além de ser controlada pelo Ministério Público e pelo Judiciário. Por ser ilegal e inconstitucional, na investigação criminal pelo Ministério Público não há regras, não existe controle, não há prazos nem acesso à defesa, deixando o cidadão à mercê de quem investiga.
Cooperação e integração não são sinônimos de invasão de competência. O que gera insegurança jurídica é o órgão responsável por ser o fiscal da lei querer agir à margem da lei, invadindo a competência das Polícias Judiciárias. E quem fiscaliza o fiscal?
O Ministério Público não está interessado em todas as investigações, passando ao largo dos casos que atentam contra a vida e os bens do cidadão comum. Investiga um ou outro caso, sem nenhum controle, escolhidos apenas por seu potencial midiático, contra os milhares de investigações realizadas pelas polícias, que atinge todos, grandes e pequenos. Basta lembrar as operações da Polícia Federal que tiveram como consequência a prisão de Carlinhos Cachoeira (Monte Carlo), a do mensalão, bem como a recente Operação Porto Seguro e tantas outras não divulgadas pela mídia. Isso é ser a favor da corrupção? Não se pode falar em PEC da Impunidade se ao MP compete fiscalizar o trabalho policial, complementá-lo por meio de requisição e prevenir eventuais omissões.
O combate à corrupção passa pelo respeito à norma legal e pelo respeito às competências legais de cada órgão. Isso, sim, é combater a criminalidade e a corrupção.
Bens de Lula - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 15/01
BENS DE LULA 2
Uma hipótese levantada pela assessoria do ex-presidente é a de que "provavelmente usaram o nome ou CPF dele na hora de fazer o registro ou se trata de um homônimo". O hacker, identificado como nbdu1nder, postou no Twitter também linhas telefônicas e firmas registradas supostamente em nome de Lula.
PARE AGORA
Homens e mulheres com mais de 60 anos são até 40% mais lentos para frear o carro do que adultos entre 30 e 50 anos, mostra estudo feito pelo Hospital das Clínicas. Com 45 participantes, o teste calculou quanto tempo motoristas levavam para reagir a uma placa de "pare". Os mais velhos demoravam, em média, 1,34 segundo, contra 0,96 segundo dos mais novos. A taxa de idosos que se envolveram em acidentes ou foram multados é baixa: 3%.
PÚBLICO E NOTÓRIO
O senador Pedro Taques (PDT-MT) recorreu à internet para tentar convencer seus colegas a barrar a PEC 37, uma proposta de emenda constitucional que retira os poderes de investigação do Ministério Público. Ele já recolheu 11,6 mil assinaturas num abaixo-assinado divulgado no site Avaaz -o mesmo que abrigou petições contra o novo Código Florestal (o "Veta, Dilma") e a favor dos índios Guarani Kaiowá.
PONTO FINAL
A cantora Daniela Mercury e o empresário Marco Scabia estão separados, informa a revista "Contigo!" que chega às bancas amanhã. O casal estava junto havia quatro anos e adotou uma filha, Ana Isabel, 2. Ela, que morava em SP, voltou para Salvador.
MENOS GLAMOUR, POR FAVOR
Patrícia Pillar, 49, faz pose de estrela em ensaio para a "IstoÉ Gente", mas desce do salto quando indagada sobre sua rotina de atriz. "Eu não usufruo desse glamour que me atribuem. A verdade é que trabalho desde os 15 anos."
Ela, que está na novela "Lado a Lado" (Globo), fala com carinho sobre Ciro Gomes, ex-ministro com quem se relacionou de 1999 a 2011. "Ciro foi um companheirão quando o câncer me fragilizou não só o corpo mas também o espírito." Os dois continuam se falando com frequência, afirma à revista.
EM RITMO DE JAZZ
O musical "Cabaret", estrelado por Claudia Raia e seu namorado, Jarbas Homem de Mello, reestreou no fim de semana no teatro Procópio Ferreira, nos Jardins. Os atores Guilherme Magon e Marcos Tumura também integram o elenco da peça.
TALCO NO SALÃO
A festa Talco Bells, dos DJs Bruno Torturra, Elohim Barros, Guilherme e Felipe Luna, estreou em novo endereço na sexta: o Cine Joia. A grafiteira Verônica Amores e sua irmã, a fotógrafa Camila, e a designer de joias Maria Fernanda circularam pela balada de música soul.
FORÇA PROS MUSEUS
Na última reunião da Comissão Nacional de Cultura do Ministério da Cultura, realizada no mês passado, foram aprovados 18 projetos relacionados à área de museus. Em São Paulo, o Museu do Futebol, a Pinacoteca, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu da Pessoa e o Museu Asas de um Sonho poderão captar recursos via Lei Rouanet para desenvolver seus planos em 2013.
SÓ FALTAVA ESSA
O artista Romero Britto, que tem desenhos seus em produtos que vão de canecas a malas, agora será tema de sapatos. O designer Fernando Pires, famoso por criar saltos altíssimos e extravagantes, com preços acima de R$ 500, assinará linha inspirada na obra do brasileiro radicado em Miami.
CAUBY EM CONSTRUÇÃO
Aos 81 anos, Cauby Peixoto continua ligado com o que diz a crítica. O cantor anda lendo tudo o que sai sobre seu novo CD, "Minha Serenata", na mídia. E acha que "ainda dá para melhorar".
CURTO-CIRCUITO
O Mube apresenta hoje sua 2ª Bienal Internacional Graffiti Fine, para convidados.
Fernanda Yamamoto desenvolverá roupas para os coelhos de Páscoa da Chocolat du Jour.
Fernando Meirelles será jurado de projeto que dará R$ 265 mil a vídeos sobre progresso. No www.youcreate.com.br.
A ONG Ampara Animal lança calendário hoje, na Fnac da av. Paulista.
2013 - ANTONIO DELFIM NETTO
Valor Econômico - 15/01
Nunca foi tão necessária como agora uma relação da mais absoluta confiança entre o governo e o setor privado. Dela vai resultar o crescimento de 2013 e 2014. Se olharmos o PIB pela ótica da oferta, ela depende: 1) da produtividade total dos fatores (PTF); 2) do crescimento e melhoria da qualidade da mão de obra empregada; e 3) do pleno uso da capacidade produtiva instalada e do crescimento dos investimentos (públicos e privados).
A produtividade total dos fatores do "ambiente" dos negócios (carga tributária mais equânime, regulação estável, estímulo à concorrência etc.) e da clara manifestação do governo, que deseja manter uma relação amigável com o setor privado. Tal cooptação acende o "espírito animal", estimula os investimentos em infraestrutura, facilita o crédito e dá à perspectiva de crescimento um horizonte mais longo.
Sua melhoria pode ser um fator significativo na taxa de crescimento, mesmo no curto prazo. Mas isso exige transcender à desconfiança que hoje existe entre o setor privado capaz de produzir as obras de infraestrutura e a sua interface no governo. A experiência recente mostrou que essa tem mais "poder" do que "competência", como evidencia o fato de atacar os problemas certos, mas na execução sempre gerar mais calor do que luz!
A taxa de crescimento deste ano está nas mãos do governo
No aumento da mão de obra o problema é quantitativo (o nível de emprego está alto) e qualitativo: os talentos são escassos e levam tempo para amadurecer. A solução é estimular a imigração da mão de obra preparada e disponível na Europa, acelerar a capacitação e participação da mão de obra em idade ativa, continuar a desonerar os salários e aperfeiçoar instituições que permitam - sem violar os direitos constitucionais dos trabalhadores - a livre negociação dentro das empresas, sob a vista dos sindicatos.
Quanto ao uso da capacidade instalada, é preciso redirecionar a demanda para bens industriais, de consumo e de capital, produzidos internamente, corrigindo as distorções tributárias, exonerando de fato as exportações e mantendo uma taxa de câmbio relativamente desvalorizada, sem grandes flutuações.
Quanto ao crescimento da capacidade instalada, é preciso dar um horizonte razoável de estabilidade aos investimentos privados no setor de bens e serviços e atraí-los, com leilões inteligentes, para disputarem as obras de infraestrutura.
Diante do quadro de oferta atual da economia brasileira, não há razão para não pensar que um crescimento entre 3,5% e 4% seja possível. Mas e a demanda? De onde virá para estimulá-lo? Sob a ótica da demanda podemos decompô-la em quatro componentes: 1) as despesas de consumo das famílias; 2) as despesas de consumo do governo; 3) os gastos com a formação bruta de capital fixo (investimento em bens de capital e infraestrutura); e 4) as exportações líquidas (a diferença entre exportação e importação nas contas nacionais).
Da primeira componente podemos esperar ainda algum aumento, mesmo com uma expansão menor no nível de crédito, desde que mantida a atual política fiscal e seus efeitos redistributivos. Da segunda, seria bom esperar apenas a sua manutenção, ou uma ligeira diminuição em favor dos investimentos do governo. A quarta (exportações líquidas), que já foi fortemente negativa, parece caminhar para um nível ligeiramente negativo (talvez -0,05% do PIB). Isso nos deixa com apenas uma alternativa significativa para aumentar a demanda global de 2013: um bom aumento da taxa de formação bruta de capital do setor privado e do governo (investimento em equipamentos e infraestrutura) em relação ao PIB, que diminuiu dramaticamente de 7% no terceiro trimestre de 2010 para - 2,4% no de 2012!
A taxa de crescimento de 2013 está inteiramente nas mãos do governo: no reconhecimento de que, ao longo dos anos, ele destruiu a sua capacidade de projetar e executar investimentos. É hora, portanto, de acelerar o programa de transferir - com leilões competentes - os investimentos em infraestrutura para o setor privado e aproveitar a capacidade já criada pela maturação dos investimentos para os eventos internacionais, antecipando seus efeitos para 2013.
Não tem nada errado com as políticas fiscal, monetária e cambial e muito menos com os objetivos explícitos do governo, de reduzir a taxa de juro real, os custos dos insumos básicos, estimular a competição e "desaparelhar" as agências de regulação.
É pena, portanto, que o governo perca credibilidade em troca de nada, como, por exemplo, estimular a contabilidade "criativa", pois um superávit primário de 2% do PIB faz todo o serviço de que precisamos. A recente "quadrangulação" para cumprir o superávit primário foi uma deplorável operação de alquimia. A repetição desses "truques contábeis" está construindo uma relação incestuosa entre o Tesouro Nacional, a Petrobras, o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Trata-se de uma sucessão de "espertezas" capazes de destruir o esforço de transparência que culminou na magnífica Lei de Responsabilidade Fiscal, duramente combatida pelo Partido dos Trabalhadores na sua fase de pré-entendimento da realidade nacional, mas que continua sob seu permanente ataque.
A quebra de seriedade da política econômica produzida por tais alquimias não tem qualquer efeito prático, mas tem custo devastador. Se repetida, vai acabar matando os próprios alquimistas pela inalação dos gases venenosos, que, todos sabemos, elas mesmas emitem...
Camaradagem - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 15/01
BRASÍLIA - O Itamaraty não se meteu onde devia, só onde não devia.
Dilma destacou para o caso Venezuela seu assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, há décadas guru do PT na área externa. Restou aos diplomatas produzir "papers".
Desde que Garcia passou o dia e a noite de 31/12 em Havana, confabulando sobre a Venezuela com o vice Nicolás Maduro e os irmãos Fidel e Raul Castro, ficou claro que o Brasil trataria a questão com viés partidário-ideológico, não diplomático.
Foi o que também fez no caso do Paraguai, mas em sentido oposto. Aos amigos Hugo Chávez e Fernando Lugo, tudo. Às Constituições dos dois países, nem tanto.
No caso paraguaio, a Corte Suprema -como a Câmara, o Senado, a igreja e a opinião pública- confirmou a decisão (ou conveniência) interna quando Lugo foi deposto. Mas o Brasil não respeitou a decisão da Justiça e liderou a suspensão do país do Mercosul e da Unasul. A Corte referendou, mas era muito anti-Lugo...
No caso da Venezuela, Maduro nem foi eleito vice -foi ungido por Chávez-, mas a Corte Suprema ratificou sua "posse" e, assim, legitimou, ou "lavou", a posição brasileira: já que a Corte referendou... Se é muito chavista? É só um detalhe.
Se o Itamaraty deixou a bola Chávez com Dilma e Garcia, agora faz gol contra ao conceder passaporte diplomático para os criadores e líderes de uma tal Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro e Franciléia de Oliveira. Qual o sentido?
Na era Lula, o Planalto definia os passaportes para o Itamaraty assinar. Com Dilma não é assim e ela não deve ter nada a ver com o mimo para Valdemiro, que anda na mira do Ministério Público por enriquecimento, digamos, mal explicado.
O Itamaraty tem razões que a própria razão desconhece (a regalia vale para todas as igrejas?), mas acertaria mais se invertesse, assumindo a questão venezuelana e dizendo "não" para pastor investigado.
BRASÍLIA - O Itamaraty não se meteu onde devia, só onde não devia.
Dilma destacou para o caso Venezuela seu assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, há décadas guru do PT na área externa. Restou aos diplomatas produzir "papers".
Desde que Garcia passou o dia e a noite de 31/12 em Havana, confabulando sobre a Venezuela com o vice Nicolás Maduro e os irmãos Fidel e Raul Castro, ficou claro que o Brasil trataria a questão com viés partidário-ideológico, não diplomático.
Foi o que também fez no caso do Paraguai, mas em sentido oposto. Aos amigos Hugo Chávez e Fernando Lugo, tudo. Às Constituições dos dois países, nem tanto.
No caso paraguaio, a Corte Suprema -como a Câmara, o Senado, a igreja e a opinião pública- confirmou a decisão (ou conveniência) interna quando Lugo foi deposto. Mas o Brasil não respeitou a decisão da Justiça e liderou a suspensão do país do Mercosul e da Unasul. A Corte referendou, mas era muito anti-Lugo...
No caso da Venezuela, Maduro nem foi eleito vice -foi ungido por Chávez-, mas a Corte Suprema ratificou sua "posse" e, assim, legitimou, ou "lavou", a posição brasileira: já que a Corte referendou... Se é muito chavista? É só um detalhe.
Se o Itamaraty deixou a bola Chávez com Dilma e Garcia, agora faz gol contra ao conceder passaporte diplomático para os criadores e líderes de uma tal Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro e Franciléia de Oliveira. Qual o sentido?
Na era Lula, o Planalto definia os passaportes para o Itamaraty assinar. Com Dilma não é assim e ela não deve ter nada a ver com o mimo para Valdemiro, que anda na mira do Ministério Público por enriquecimento, digamos, mal explicado.
O Itamaraty tem razões que a própria razão desconhece (a regalia vale para todas as igrejas?), mas acertaria mais se invertesse, assumindo a questão venezuelana e dizendo "não" para pastor investigado.
Tudo em casa - FÁBIO ZAMBELI - PAINEL
FOLHA DE SP - 15/01
Candidato favorito à presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) repassou nos últimos quatro anos R$ 117 mil de sua verba de gabinete para o próprio suplente como pagamento de aluguel do imóvel onde funciona seu escritório político em Alagoas. Fábio Lopes de Farias é amigo do senador e integra a direção alagoana do partido. De abril de 2009 a novembro do ano passado, ele recebeu mensalmente valores que oscilavam de R$ 2.589 a R$ 2.799 pela cessão do imóvel.
Outro lado A assessoria do senador afirma que o contrato é de julho de 2005, "não havendo relação de causa ou consequência entre a locação e a suplência". Procurado, o suplente informou que conhece Renan "desde os tempos da universidade".
Divã Em retiro em Alagoas, Renan telefonou ontem para Michel Temer. Pediu ao vice-presidente conversa em Brasília nos próximos dias.
Rédea curta Na conversa de ontem com Temer, Dilma Rousseff quis saber em que pé está a disputa na liderança do PMDB na Câmara. O vice prometeu à presidente que terá "controle absoluto" sobre os movimentos do sucessor de Henrique Alves (RN). Estão no páreo Eduardo Cunha (RJ), Sandro Mabel (GO) e Osmar Terra (RS).
Rodízio Cunha, Luiz Sérgio (PT) e Hugo Leal (PSC) convidaram a bancada do Rio, em nome de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, para almoço de apoio à candidatura de Henrique Alves no Palácio da Cidade, sede da prefeitura, na quinta-feira. Avisados sobre os riscos legais, aliados de Alves mudaram o encontro para uma churrascaria.
Baião de dois O PT realizará, pela primeira vez, uma reunião de seu diretório nacional no Nordeste. O partido escolheu Fortaleza, administrada por aliados de Ciro e Cid Gomes (PSB), para sediar o encontro de 1° e 2 março. À ocasião, dirigentes tratarão da reforma política e da eleição de grupo para coordenar o quinto congresso da sigla.
Agora vai? Marina Silva convocou os "sonháticos" de São Paulo para explicar, no dia 22, as diretrizes do projeto de fundação de seu novo partido. O sarau foi programado para tradicional reduto marineiro na Vila Madalena.
Apertem... Frente ao que a Secretaria de Fazenda classifica como "ligeira queda na arrecadação", Geraldo Alckmin assinou decreto contingenciando 20% do custeio e investimentos das secretarias. Ficaram livres da degola Educação e Saúde, além das universidades.
... os cintos A retenção, já adotada por Alckmin no início do mandato, será obrigatória até março. O governo vai monitorar a "evolução da arrecadação no trimestre".
Quem não chora A medida provocou romaria de secretários ao Bandeirantes. Mônika Bergamaschi (Agricultura), Linamara Battistella (Pessoa com Deficiência) e Silvio Torres (Habitação) puxam a fila da lamúria.
Ato... Depois do protesto de petistas, líderes da Igreja Católica contestam critérios de escolha dos subprefeitos em São Paulo. "Não pode ser um burocrata que pega o carro às 17h e vai embora pra casa. Fernando Haddad prometeu que seria alguém do bairro, para motivar a comunidade local", diz o padre Antonio Marchioni, o Ticão.
... de contrição O prefeito nomeou para a administração regional de Ermelino Matarazzo, área de atuação do padre, Cláudio Toshio Itinoshe, que mora na Mooca.
Afago Acolhendo pleito de prefeitos, o Ministério da Fazenda adiou para 2014 o prazo para municípios adequarem práticas contábeis ao manual do setor público.
Tiroteio
Quem postula dirigir um colegiado com 513 deputados não pode alegar desconhecimento sobre emendas que beneficiam seu assessor.
DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre empresa de funcionário de Henrique Alves (RN) ter recebido recursos de emendas do peemedebista.
Contraponto
Eles estão descontrolados
Durante solenidade em que tomou posse o novo secretário paulista de Esportes e Lazer, José Auricchio Jr., ontem, no Bandeirantes, deputados discutiam o que consideram "excessivo rigor" dos mecanismos de controle sobre a administração pública. Roque Barbiere (PTB) disse:
-Criamos e apoiamos tantos órgãos de fiscalização para nos controlar... É tribunal de contas, procuradoria...
Ante a perplexidade dos colegas, o delator do "escândalo das emendas" na Assembleia paulista concluiu:
-Mesmo assim, não controlamos nem a nós mesmos. Cada um faz o que quer.
Caro Rubem Braga - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 15/01
Caro Rubem Braga,
Escrevo-lhe estas mal traçadas linhas para comemorar seu aniversário de 100 anos. Sei que me condenaria por este começo de artigo, pois você lutava contra os lugares-comuns da imprensa. Uma vez me disse que demitiria qualquer redator que começasse um texto com "Natal, Natal, bimbalham os sinos" ou então "Tirante, é obvio..." ou ainda "O comboio ficou reduzido a um montão de ferros retorcidos". Sei que, odiando lugares-comuns, você estaria rindo das homenagens que lhe prestam - velhinho com 100 anos sendo tratado como um ser especial, logo você que sempre quis ser um homem comum, sem lugar claro na vida. Você não tinha nada de 'especial', nenhum brilho ostensivo; você não falava muito e tinha a melancolia que lhe dava o posto de observação privilegiado para ver a vida correndo à sua volta 'aos borbotões, a vida ávida e passageira' (perdoe-me de novo...)
A primeira vez que nos vimos foi por volta de 1975, quando lhe pedi autorização para usar Ai de ti, Copacabana como título de meu filme Tudo Bem, que acabei não usando; mas, bem antes disso, eu tinha visto você de longe no Antonio's, nosso bar mitológico, brigando com o Di Cavalcanti ("para de pintar mulatas que você não come!", e tinha lido crônicas geniais como Um Pé de Milho - você observando um grão virar pendão em seu jardim, você, um feliz fazendeiro da Rua Júlio de Castilhos.
Vi você vendo o outono chegar a Botafogo dentro de um bonde, vi você vendo as estações do ano voando sobre Ipanema (desculpe as aliterações...), vi que você via a cidade por baixo das casas e edifícios, a praia dos tatuís hoje sumidos, o vento terral soprando nas praças, senti que você tinha uma saudade não sei de que, uma nostalgia repassava suas crônicas, como em Tom Jobim, em Vinicius, numa época em que a literatura era importante, em que o Rio tinha a placidez baldia de uma paisagem vista de dentro; lembro-me de você espinafrando a destruição de Ipanema pelos bombardeios criminosos de Sergio Dourado e Gomes de Almeida Fernandes, os dois malfeitores que exterminaram a zona sul em poucos anos. "Eu sou do tempo em que as geladeiras eram brancas e os telefones pretos" - você batia na mesa - "e eles destruíram tudo!"
Suas frases ecoam na minha cabeça, não por alguma profundidade ambiciosa, mas justamente por uma 'superficialidade' buscada, como uma conversa de amigos íntimos. Não vou citar nada, mas estou no Rio, em frente do 'velho oceano' (ah! Cuidado com o 'rocambole'!...), são 6 da tarde e vejo ao longe as ilhas Cagarras envolvidas numa névoa roxa, naquela hora em que a linha do horizonte se une ao céu, com o mar imóvel, sólido e cinzento.
A segunda vez que lhe vi foi em sua casa, numa festa pequena para amigos onde eu entrei sem ar (quem me levou?). Ali na varanda em frente de Ipanema estavam homens que eu temia - ídolos de minha juventude angustiada. Ali estavam tomando uísque o Vinicius de Moraes, você, Fernando Sabino e minha paixão literária máxima: João Cabral de Mello Neto, o gênio da poesia. Danuza Leão também estava. Todo mundo meio de porre, principalmente o João Cabral, que bebia mal e implicava com o Vinicius numa agridoce provocação, criticando-o por ter abandonado a poesia pela música popular. João Cabral odiava música, que lhe doía na cabeça como um barulho, estragando seu pensamento obsessivo, piorando suas horrendas dores de cabeça. João Cabral sacaneava: "Que negócio de 'garota de Ipanema', Vina, você é poeta!". O Vinicius ficava puto, mas respondia conciliatório: "Para com isso, Joãozinho; deixa isso pra lá!". O Cabral insistia: "Que tonga da milonga do caburetê que nada...", a ponto de Danuza ralhar com ele: "Deixa de ser chato, João Cabral!". Lembra disso, Rubem? Imagine minha emoção de jovem tiete ao assistir àquela briguinha íntima e mixa entre minhas estrelas. A honraria me sufocava. Você ria dos dois ali no seu jardim suspenso, como um operário de outra construção - crônicas sem ambição e por isso mesmo muito além de teorias.
Lembro que, em dada hora, o João Cabral me segredou (Oh, suprema alegria!...): "O mal que Fernando Pessoa fez à poesia foi imenso." Tremi aliviado, pois secretamente sempre achei a mesma coisa - aqueles delírios portugueses lamentosos e subfilosóficos sempre me encheram. (Por favor: cartas me esculachando para a redação).
Que pena que não lhes conheci mais intimamente, pois tinha medo de vocês - não me achava digno. Naquela época (início dos 70) havia tempo e energia para se discutir literatura. Hoje, neste tempo digital e veloz, ou temos o derrame de besteiras nas redes sociais ou porcarias de autoajuda nas listas de best-sellers.
Só. Naquela época havia o consolo de um sentido, mesmo sob a ditadura, que até enfurecia nossa fome de verdade.
Tenho saudades das polêmicas sobre 'forma', sobre 'mensagens' até caretas, tenho saudades 'das velhas perguntas e das velhas respostas' - como escreveu Beckett.
A última vez que nos vimos, Rubem, foi numa noite chuvosa em que saímos do Antonio's meio de porre e eu lhe dei uma carona até a Rua Barão da Torre. No carro, você me contou, rindo com a voz pastosa, que aparecera uma garota de uns 18 anos em sua casa que resolveu se apaixonar por você e que ia ao seu jardim para 'dar ao mestre'. "Não sei o que ela vê em mim, mas vou comendo..." Adorei a confidência, mas vi que você estava mais velho e cansado, mais bêbado do que eu. Ajudei você a sair do carro até a portaria de sua pirâmide, onde deixei você, meio grato e meio irritado pela ajuda.
Depois, você morreu. Soube emocionado que você contratou a própria cremação - foi a São Paulo e o funcionário perguntou: "Pra quem é?" "Para mim mesmo", respondeu você, poeta macho. Por isso, quando vejo esse papo todo de 'fazendeiro do ar', de 'poeta do cotidiano', imagino que você diria: "Não me encham o saco. Sou apenas um pobre homem de Cachoeiro de Itapemirim..."
Grande abraço e parabéns pelos 100 anos.
A.J.
Projeto mantido - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 15/01
Os petistas querem Rose fora
Escaldados pela disputa entre Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e Virgílio Guimarães (PT-MG), no governo Lula, que resultou na eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara, ministros petistas avaliam que seria conveniente que o PMDB atuasse para retirar a candidatura de Rose de Freitas (PMDB-ES) à presidência da Câmara. Os petistas veem um risco de a deputada dissidente prejudicar a eleição do candidato oficial, Henrique Alves (PMDB-RN). A cúpula do partido não vê esse risco, mas trabalha para isolar Rose com o objetivo de que ela acabe desistindo.
“Nós, do PT, apoiamos Henrique Alves por sua experiência e por entendermos que o PMDB tem sido fundamental para a governabilidade do país”
André Vargas Deputado federal (PT-PR)
O prefeito entra em campo
Os secretários de Eduardo Paes Rodrigo Bethlem (Governo) e Pedro Paulo (Casa Civil) reassumem seus mandatos na Câmara dos Deputados, dia 4 de fevereiro, para votarem na candidatura de Eduardo Cunha para líder do PMDB na Câmara.
Sucessão no PT
A principal tendência do PT, a Construindo Um Novo Brasil (CNB), reúne-se nos dias 25 e 26 para decidir quem irá substituir José Guimarães (PT-CE), na vice do partido, e André Vargas (PT-PR), na Secretaria de Comunicação. Vargas, na foto, é candidato único a vice-presidente da Câmara e Guimarães é o novo líder da bancada.
Cotados para a direção do PT
O senador Humberto Costa (PE) pode voltar a assumir a vice-presidência do PT. A Secretaria de Comunicação está sendo disputada pelos deputados Emiliano José (BA) e Paulo Ferreira (RS), que foi tesoureiro no governo Lula.
Pé na estrada
No Planalto, a sucessão presidencial já começou. A agenda da presidente Dilma, para este ano, prevê muitas viagens país afora. Mesmo que obras e programas não estejam concluídos, a ideia dos marqueteiros palacianos é mostrar que elas estão em andamento, contrapondo-se ao discurso da oposição, que canta em prosa e verso que a crise internacional parou o Brasil.
Já ganhou?
O candidato a líder do PMDB Sandro Mabel (GO) está adotando a mesma tática que usou quando disputou a presidência da Câmara (pelo PR) contra o petista Marco Maia (RS). Ele pede votos dizendo que já tem votos para vencer.
Tucanos mantêm apoio
Não são apenas os aliados, a oposição também está mantendo o apoio ao candidato do PMDB à presidência da Câmara, Henrique Alves. Diz o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE): "Por enquanto, não há fato que justifique uma mudança."
Leitura de cabeceira....
Leitura de cabeceira. A presidente Dilma está lendo o livro "Os pilares da Terra", de Ken Follett. A trama se passa na Inglaterra de Henrique I (1068-1135).
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