BLOG CHAPA BRANCA
VEJAM A NOTA ABAIXO: PUXA-SAQUISMO EXPLÍCITO
14.06
Operação realizada na Sexta 13 fez parte do roteiro pirotécnico
O fato da Operação Higia, realizada pela Polícia Federal no Rio Grande do Norte, em plena Sexta Feira 13...
Não foi coincidência coisíssima nenhuma...
Dentro do sistema pirotécnico com o qual ela foi executada, a Sexta 13 fez parte do roteiro cinematográfico.
Há informação que uma das pessoas detidas ontem pela PF, foi abordada dentro do banheiro.
Tomando banho.
O adjunto da Secretaria de Esporte, João Henrique Bahia, foi acordado com 5 homens dentro do seu quarto, que entraram no apartamento após terem derrubado a porta.
Espetáculo desnecessário.
Caso tivessem sido convocados a depor na Polícia Federal, nenhum dos envolvidos teria se negado.
A prisão fez parte do espetáculo da sexta-feira 13.
*
Há poucos meses tal espetáculo aconteceu em um dos prédios da avenida Getúlio Vargas.
Quando um senhor de mais de 70 anos foi levado para a PF.
Simplesmente para depor.
Depois...
Nada deu em nada...
E a população que assiste à pirotecnia...termina frustrada com seu desfecho, tamanha é a fragilidade com que os espetáculos são encenados.
Pois é...
POIS É... BLOGUINHO FINANCIADO COM DINHEIRO PÚBLICO...
sábado, junho 14, 2008
PIPIADA
A MELHOR DA SEMANA
*O velho Padre, durante anos, havia trabalhado fielmente com o pessoal da Amazônia,mas agora estava morrendo no Hospital de Base de Brasília.
De repente ele faz um sinal para a enfermeira, que se aproxima. - Sim, Padre? diz a enfermeira. - Eu queria ver o Presidente Lula e o José Dirceu antes de morrer,
sussurrou o Padre. - Acalme-se, verei o que posso fazer, respondeu a enfermeira.
De imediato, ela entra em contato com o Palácio do Planalto e com José Dirceu. Logo recebe um aviso: ambos gostariam muito de visitar ao Padre moribundo.
A caminho do Hospital, Dirceu disse a Lula: - Eu não sei por que o velho padre quer nos ver, mas por certo isso vai ajudar a melhorar nossa imagem perante a Igreja, nós que sempre enfrentamos embaraços com ela.
Lula concordou. Era uma grande oportunidade para eles e até um comunicado oficial à imprensa, sobre a visita, foi expedido.
Quando chegaram ao quarto, o velho Padre, pegou a mão de Lula, com sua mão direita, e a mão de José Dirceu, com sua esquerda.
Houve um grande silêncio e se viu um ar de pureza e serenidade no semblante do Padre.
José Dirceu, então, falou: - Padre, porque fomos os escolhidos, dentre tantas pessoas, para estar ao seu lado no seu final?
O velho Padre, lentamente, falou: -Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor Jesus Cristo.
-Amém, disse Lula. -Amém, disse Zé Dirceu.
O Padre continuou: -'Como Ele morreu entre dois ladrões, eu queria fazer o mesmo!!!'
Colaboração enviada por NERI JR
A MELHOR DA SEMANA
*O velho Padre, durante anos, havia trabalhado fielmente com o pessoal da Amazônia,mas agora estava morrendo no Hospital de Base de Brasília.
De repente ele faz um sinal para a enfermeira, que se aproxima. - Sim, Padre? diz a enfermeira. - Eu queria ver o Presidente Lula e o José Dirceu antes de morrer,
sussurrou o Padre. - Acalme-se, verei o que posso fazer, respondeu a enfermeira.
De imediato, ela entra em contato com o Palácio do Planalto e com José Dirceu. Logo recebe um aviso: ambos gostariam muito de visitar ao Padre moribundo.
A caminho do Hospital, Dirceu disse a Lula: - Eu não sei por que o velho padre quer nos ver, mas por certo isso vai ajudar a melhorar nossa imagem perante a Igreja, nós que sempre enfrentamos embaraços com ela.
Lula concordou. Era uma grande oportunidade para eles e até um comunicado oficial à imprensa, sobre a visita, foi expedido.
Quando chegaram ao quarto, o velho Padre, pegou a mão de Lula, com sua mão direita, e a mão de José Dirceu, com sua esquerda.
Houve um grande silêncio e se viu um ar de pureza e serenidade no semblante do Padre.
José Dirceu, então, falou: - Padre, porque fomos os escolhidos, dentre tantas pessoas, para estar ao seu lado no seu final?
O velho Padre, lentamente, falou: -Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor Jesus Cristo.
-Amém, disse Lula. -Amém, disse Zé Dirceu.
O Padre continuou: -'Como Ele morreu entre dois ladrões, eu queria fazer o mesmo!!!'
Colaboração enviada por NERI JR
André Petry
As coisas estranhas
"Se Teixeira tinha permissão para usar o nome de Lula, é bomba de nêutrons. Se não tinha, talvez Lula queira censurá-lo, até romper com ele pelo abuso da amizade e pela prova cabal de deslealdade"
Uma das leis clássicas da política informa que político jamais diminui seu poder por vontade própria. Pode renunciar a ele, mas, enquanto não o fizer, moverá montanhas para mantê-lo ou ampliá-lo. Reduzi-lo, jamais. É por isso que político nunca antecipa sua sucessão. Fazê-lo equivale a encurtar seu mandato, expor-se ao risco de deixar o ponto mais iluminado do palco ou ter de dividi-lo com outros. Equivale, no leilão diário de impressões e informações de que se constitui a política, a apresentar-se menor, enfraquecido, como ficam todos os políticos às vésperas de perder a potência. Um pato manco, como dizem os americanos. Por isso, o movimento do presidente Lula na semana passada fere uma lei clássica da política. E isso é estranho.
Lula disse, pela primeira vez com clareza, que a ministra Dilma Rousseff é "o nome do PT" para suceder-lhe em 2010. Lula está antecipando a disputa por sua sucessão, faltando ainda trinta meses para ir embora. Políticos não fazem isso. Por que Lula fez? Será que Dilma não é o "nome do PT", e Lula apenas o soltou para ver se cola no partido? Será que quer jogar Dilma às feras, distraindo as feras do verdadeiro candidato?
É estranho… Lula encarregou-se de explicar seu gesto precoce. Disse que Dilma é perseguida porque é candidata. A prova seria a cascata de denúncias. Primeiro, foi o dossiê com os gastos do ex-presidente FHC. Agora, veio a pressão para vender a Varig à Gol por preço módico. Com tanto canivete chovendo, Lula quis proteger a ministra, oferecendo-lhe um abrigo. Então, lançou-a candidata sabendo que é perseguida por ser candidata? E colocou-a sob suas asas, correndo o risco de reduzir seu próprio poder?
É estranho… Lula nunca reduziu seu poder para defender quem quer que seja. Reformulando, em nome da precisão: entre José Dirceu e Matilde Ribeiro, Lula já defendeu quem quer que seja, sempre pondo "a mão no fogo" pelo acusado da hora, mas para preservar seu poder, nunca para reduzi-lo. Por que faria isso agora por Dilma? Por que a ministra habita seu coração e fazê-la sua sucessora é a meta superior de Lula, ainda que isso lhe custe nacos de poder a dois anos e meio do fim?
É estranho… O escândalo da Varig é do tipo que faz muito ziguezague, mas acaba no coração do governo. Denise Abreu, ex-funcionária graduada, acusou Dilma de pressioná-la para facilitar a venda da Varig à Gol. Como não há provas materiais, a ministra poderá defender-se na linha tênue que separa pressão de pressa. Mas Denise Abreu também fez uma acusação fortíssima: disse que sofreu pressão "imoral" do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, que dizia falar em nome do presidente. E nada acontece?
É estranho… A acusação precisa ser esclarecida. Denise Abreu está mentindo? Se o advogado tinha permissão para usar o nome de Lula, é bomba de nêutrons. Se não tinha, talvez Lula queira censurá-lo, até romper com ele pelo abuso da amizade e pela prova cabal de deslealdade. Em vez disso, Lula preferiu lançar Dilma, proteger Dilma, defender Dilma. É a receita perfeita para Dilma nunca mais deixar os holofotes. Considerando que na política, tal como na física, dois corpos não ocupam o mesmo espaço, talvez nada disso seja tão estranho.
Lula disse, pela primeira vez com clareza, que a ministra Dilma Rousseff é "o nome do PT" para suceder-lhe em 2010. Lula está antecipando a disputa por sua sucessão, faltando ainda trinta meses para ir embora. Políticos não fazem isso. Por que Lula fez? Será que Dilma não é o "nome do PT", e Lula apenas o soltou para ver se cola no partido? Será que quer jogar Dilma às feras, distraindo as feras do verdadeiro candidato?
É estranho… Lula encarregou-se de explicar seu gesto precoce. Disse que Dilma é perseguida porque é candidata. A prova seria a cascata de denúncias. Primeiro, foi o dossiê com os gastos do ex-presidente FHC. Agora, veio a pressão para vender a Varig à Gol por preço módico. Com tanto canivete chovendo, Lula quis proteger a ministra, oferecendo-lhe um abrigo. Então, lançou-a candidata sabendo que é perseguida por ser candidata? E colocou-a sob suas asas, correndo o risco de reduzir seu próprio poder?
É estranho… Lula nunca reduziu seu poder para defender quem quer que seja. Reformulando, em nome da precisão: entre José Dirceu e Matilde Ribeiro, Lula já defendeu quem quer que seja, sempre pondo "a mão no fogo" pelo acusado da hora, mas para preservar seu poder, nunca para reduzi-lo. Por que faria isso agora por Dilma? Por que a ministra habita seu coração e fazê-la sua sucessora é a meta superior de Lula, ainda que isso lhe custe nacos de poder a dois anos e meio do fim?
É estranho… O escândalo da Varig é do tipo que faz muito ziguezague, mas acaba no coração do governo. Denise Abreu, ex-funcionária graduada, acusou Dilma de pressioná-la para facilitar a venda da Varig à Gol. Como não há provas materiais, a ministra poderá defender-se na linha tênue que separa pressão de pressa. Mas Denise Abreu também fez uma acusação fortíssima: disse que sofreu pressão "imoral" do advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, que dizia falar em nome do presidente. E nada acontece?
É estranho… A acusação precisa ser esclarecida. Denise Abreu está mentindo? Se o advogado tinha permissão para usar o nome de Lula, é bomba de nêutrons. Se não tinha, talvez Lula queira censurá-lo, até romper com ele pelo abuso da amizade e pela prova cabal de deslealdade. Em vez disso, Lula preferiu lançar Dilma, proteger Dilma, defender Dilma. É a receita perfeita para Dilma nunca mais deixar os holofotes. Considerando que na política, tal como na física, dois corpos não ocupam o mesmo espaço, talvez nada disso seja tão estranho.
Diogo Mainardi
Dois estalos— e virei Newton
"Além de cobrar 1 220 448 reais, Teixeira se atribuía a seguinte vitória: ‘Tivemos êxito integral na defesajurídica dos interesses do grupo, livrando-o, até o momento, da sucessão das dívidas trabalhistas da Varig’"
Me deu um estalo durante o depoimento de Denise Abreu no Senado. Se eu fosse Newton, teria descoberto a lei da gravidade. Eu sou o Newton do lulismo. Cada um tem o Newton que merece. Estou para Newton assim como o lulismo está para as leis.
Acompanhe. Denise Abreu declarou que foi convocada por Dilma Rousseff dezenove dias depois de ser empossada na Anac. Isso significa que o encontro ocorreu precisamente em 8 de abril de 2006. Dilma Rousseff teria falado sobre a necessidade de criar um plano emergencial para atender os passageiros da Varig, porque o fim da empresa era iminente. Vinte dias mais tarde, Denise Abreu foi novamente convocada ao Palácio do Planalto. O tom de Dilma Rousseff era outro. Segundo Denise Abreu, ela agora fazia de tudo para agilizar a venda da Varig aos sócios arrebanhados pelo fundo americano Matlin Patterson. Foi nesse momento do depoimento que me deu o estalo: o que aconteceu entre os dias 8 e 28 de abril? Qual foi o fator que pode ter determinado o novo rumo do negócio? Quem teria persuadido o Palácio do Planalto a mudar de idéia, de uma hora para a outra? O que teria induzido a Casa Civil a pressionar a Anac no sentido de ignorar a suspeita de que os compradores da Varig eram apenas testas-de-ferro do fundo americano?
A resposta à primeira pergunta foi moleza. Fiz dois telefonemas e descobri que o fato mais marcante ocorrido no período entre 8 e 28 de abril de 2006 foi a entrada em cena de Roberto Teixeira. Para ser mais exato, ele apresentou sua proposta de honorários aos sócios do fundo americano em 15 de abril. Foi imediatamente contratado. Falta descobrir o seguinte: ele se reuniu com Dilma Rousseff naqueles dias? Mais importante: ele se reuniu com Lula?
Durante o depoimento de Denise Abreu, me deu um segundo estalo. Dois estalos no mesmo dia podem ser considerados um feito histórico. E o segundo estalo foi ainda melhor do que o primeiro, porque corroborado por um documento inédito.
Os compradores da Varig foram isentados do pagamento das dívidas fiscais e trabalhistas da companhia aérea. Esse é um dos aspectos mais nebulosos do negócio. No interrogatório a Denise Abreu, os senadores lulistas insistiram que o procurador-geral da Fazenda e o juiz encarregado do caso decidiram a matéria com total autonomia, baseados em argumentos puramente técnicos, sem nenhuma interferência política. Meu estalo me levou a perguntar qual havia sido o papel de Roberto Teixeira nessa história. Fiz mais dois telefonemas e descobri um documento assinado pelo próprio Roberto Teixeira, datado de 24 de janeiro de 2008. Além de cobrar 1.220.448 reais dos sócios da Matlin Patterson, ele se atribuía a seguinte vitória: "Tivemos êxito integral na defesa jurídica dos interesses do grupo, livrando-o, até o momento, da sucessão das dívidas trabalhistas da Varig, que a muitos pareceria impossível".
Alguns dos principais escritórios de advocacia do Brasil, como Pinheiro Neto e Machado Meyer, foram consultados sobre o assunto. A todos eles pareceu impossível livrar a Varig das dívidas. O compadre de Lula dispunha de outros meios. Segundo seu cliente Marco Antonio Audi, Roberto Teixeira tinha "trânsito privilegiado" nos órgãos federais. A ele, tudo podia parecer possível.
Me deu um estalo durante o depoimento de Denise Abreu no Senado. Se eu fosse Newton, teria descoberto a lei da gravidade. Eu sou o Newton do lulismo. Cada um tem o Newton que merece. Estou para Newton assim como o lulismo está para as leis.
Acompanhe. Denise Abreu declarou que foi convocada por Dilma Rousseff dezenove dias depois de ser empossada na Anac. Isso significa que o encontro ocorreu precisamente em 8 de abril de 2006. Dilma Rousseff teria falado sobre a necessidade de criar um plano emergencial para atender os passageiros da Varig, porque o fim da empresa era iminente. Vinte dias mais tarde, Denise Abreu foi novamente convocada ao Palácio do Planalto. O tom de Dilma Rousseff era outro. Segundo Denise Abreu, ela agora fazia de tudo para agilizar a venda da Varig aos sócios arrebanhados pelo fundo americano Matlin Patterson. Foi nesse momento do depoimento que me deu o estalo: o que aconteceu entre os dias 8 e 28 de abril? Qual foi o fator que pode ter determinado o novo rumo do negócio? Quem teria persuadido o Palácio do Planalto a mudar de idéia, de uma hora para a outra? O que teria induzido a Casa Civil a pressionar a Anac no sentido de ignorar a suspeita de que os compradores da Varig eram apenas testas-de-ferro do fundo americano?
A resposta à primeira pergunta foi moleza. Fiz dois telefonemas e descobri que o fato mais marcante ocorrido no período entre 8 e 28 de abril de 2006 foi a entrada em cena de Roberto Teixeira. Para ser mais exato, ele apresentou sua proposta de honorários aos sócios do fundo americano em 15 de abril. Foi imediatamente contratado. Falta descobrir o seguinte: ele se reuniu com Dilma Rousseff naqueles dias? Mais importante: ele se reuniu com Lula?
Durante o depoimento de Denise Abreu, me deu um segundo estalo. Dois estalos no mesmo dia podem ser considerados um feito histórico. E o segundo estalo foi ainda melhor do que o primeiro, porque corroborado por um documento inédito.
Os compradores da Varig foram isentados do pagamento das dívidas fiscais e trabalhistas da companhia aérea. Esse é um dos aspectos mais nebulosos do negócio. No interrogatório a Denise Abreu, os senadores lulistas insistiram que o procurador-geral da Fazenda e o juiz encarregado do caso decidiram a matéria com total autonomia, baseados em argumentos puramente técnicos, sem nenhuma interferência política. Meu estalo me levou a perguntar qual havia sido o papel de Roberto Teixeira nessa história. Fiz mais dois telefonemas e descobri um documento assinado pelo próprio Roberto Teixeira, datado de 24 de janeiro de 2008. Além de cobrar 1.220.448 reais dos sócios da Matlin Patterson, ele se atribuía a seguinte vitória: "Tivemos êxito integral na defesa jurídica dos interesses do grupo, livrando-o, até o momento, da sucessão das dívidas trabalhistas da Varig, que a muitos pareceria impossível".
Alguns dos principais escritórios de advocacia do Brasil, como Pinheiro Neto e Machado Meyer, foram consultados sobre o assunto. A todos eles pareceu impossível livrar a Varig das dívidas. O compadre de Lula dispunha de outros meios. Segundo seu cliente Marco Antonio Audi, Roberto Teixeira tinha "trânsito privilegiado" nos órgãos federais. A ele, tudo podia parecer possível.
Ensaio:
Roberto Pompeu de Toledo
Eleições primárias aqui não têm vez
E mais: o compadre Roberto Teixeira como "Papai"; Álvaro Lins como Clark Kent
A cada quatro anos fica-se com inveja do sistema americano de escolher candidato às eleições. Nenhum outro é tão transparente e proporciona tanta participação popular. Mais ainda se ficou desta vez, em que a disputa do Partido Democrata foi acirrada e à qualidade dos candidatos se somava a peculiaridade de um ser negro e o outro mulher. Não adianta ter inveja. A instituição da eleição primária, fruto da combinação do radical federalismo americano com o sistema bipartidário, viaja mal para outros climas. No Brasil, as chances de vingar com igual viço são nulas.
Do federalismo vigente nos Estados Unidos resulta que nem mesmo a eleição presidencial pode ser considerada propriamente nacional. É, antes, a soma das diversas eleições estaduais. Tanto é assim que nem sempre o candidato que obtém mais votos nacionalmente é o eleito – o que vale é o Colégio Eleitoral, em que cada estado tem determinado peso. A mesma lógica impõe uma seqüência em que as primárias se sucedem estado por estado. Exige-se dos candidatos que marquem presença e façam campanha em cada um deles. Teria pouco sentido, em países sem o mesmo tipo de federalismo – e o Brasil é um deles –, copiar o modelo. Mesmo que tivesse sentido, esbarraríamos em outro obstáculo – o quadro partidário amalucadamente pródigo. Pressuposto para o interesse e o engajamento popular nas primárias é um quadro partidário enxuto. Nos EUA, são só dois os partidos que contam. Fossem muitos, a atenção popular, assim como a cobertura de mídia, tenderia a se dispersar, se é que haveria condições de haver as eleições, tantos seriam os desafios logísticos impostos aos organizadores.
Pode-se contrapor que tais argumentos não impedem a realização de prévias no âmbito dos filiados aos partidos, num mesmo dia, sem a peregrinação estado por estado. O.k., mas assim não teríamos nem transparência nem, principalmente, participação popular como nos EUA. Pode-se argumentar também que eleições primárias não são o único jeito de garantir transparência e participação à escolha. Haverá outros, e a internet está aí para ajudar a encontrá-los. Mas... interessa? A resposta é não. A escolha é fechada porque assim se deseja. A organização (ou desorganização) política brasileira como um todo – da liberalidade com que proliferam os partidos à eleição para deputado por um sistema que o eleitor não compreende e que só canhestramente o representa – já provou ser disfuncional. Nem por isso será reformada. Interessa a seus operadores que seja disfuncional. De igual modo, interessa escolher os candidatos em segredo. Resta-nos o consolo de que, com todas as suas virtudes, as eleições primárias também produzem monstrengos. George W. Bush passou por elas – e venceu.
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"Papai" é o novo personagem que irrompe no cenário político brasileiro. Quer dizer: "Papai" já estava aí, mas faltava o glamour que o apelido lhe confere. "Papai" é o advogado Roberto Teixeira, o compadre do presidente Lula. Na entrevista aos repórteres Mariana Barbosa e Ricardo Grinbaum, do jornal O Estado de S. Paulo, que desenterrou o caso da venda da Varig, a advogada Denise Abreu, ex-integrante da Agência Nacional de Aviação Civil, contou que a filha de Teixeira, Valeska, combativa propugnadora da operação, dizia coisas como: "Agora temos de ir embora porque papai já está no gabinete do presidente Lula". Tanto se ouviu a filha invocar papai que, segundo Denise Abreu, papai virou "Papai" mesmo para quem não era filha. "Nas reuniões (...) várias vezes ouvimos a Erenice falando com o Zuanazzi e referindo-se a alguém como ‘papai’", disse. Erenice Guerra é a número 2 da Casa Civil; Milton Zuanazzi, o ex-presidente da Anac. Denise contou ainda que ouviu Erenice e a ministra Dilma Rousseff dizendo uma para a outra: "Porque papai precisa analisar". Eis as manda-chuvas da República estremecidas de desvelos filiais, a Mãe do PAC sem vergonha de reduzir-se a filha. Há apelidos que valem mais que mil palavras. "Papai" ilumina o papel do compadre como nada poderia fazê-lo.
E mais: o compadre Roberto Teixeira como "Papai"; Álvaro Lins como Clark Kent
A cada quatro anos fica-se com inveja do sistema americano de escolher candidato às eleições. Nenhum outro é tão transparente e proporciona tanta participação popular. Mais ainda se ficou desta vez, em que a disputa do Partido Democrata foi acirrada e à qualidade dos candidatos se somava a peculiaridade de um ser negro e o outro mulher. Não adianta ter inveja. A instituição da eleição primária, fruto da combinação do radical federalismo americano com o sistema bipartidário, viaja mal para outros climas. No Brasil, as chances de vingar com igual viço são nulas.
Do federalismo vigente nos Estados Unidos resulta que nem mesmo a eleição presidencial pode ser considerada propriamente nacional. É, antes, a soma das diversas eleições estaduais. Tanto é assim que nem sempre o candidato que obtém mais votos nacionalmente é o eleito – o que vale é o Colégio Eleitoral, em que cada estado tem determinado peso. A mesma lógica impõe uma seqüência em que as primárias se sucedem estado por estado. Exige-se dos candidatos que marquem presença e façam campanha em cada um deles. Teria pouco sentido, em países sem o mesmo tipo de federalismo – e o Brasil é um deles –, copiar o modelo. Mesmo que tivesse sentido, esbarraríamos em outro obstáculo – o quadro partidário amalucadamente pródigo. Pressuposto para o interesse e o engajamento popular nas primárias é um quadro partidário enxuto. Nos EUA, são só dois os partidos que contam. Fossem muitos, a atenção popular, assim como a cobertura de mídia, tenderia a se dispersar, se é que haveria condições de haver as eleições, tantos seriam os desafios logísticos impostos aos organizadores.
Pode-se contrapor que tais argumentos não impedem a realização de prévias no âmbito dos filiados aos partidos, num mesmo dia, sem a peregrinação estado por estado. O.k., mas assim não teríamos nem transparência nem, principalmente, participação popular como nos EUA. Pode-se argumentar também que eleições primárias não são o único jeito de garantir transparência e participação à escolha. Haverá outros, e a internet está aí para ajudar a encontrá-los. Mas... interessa? A resposta é não. A escolha é fechada porque assim se deseja. A organização (ou desorganização) política brasileira como um todo – da liberalidade com que proliferam os partidos à eleição para deputado por um sistema que o eleitor não compreende e que só canhestramente o representa – já provou ser disfuncional. Nem por isso será reformada. Interessa a seus operadores que seja disfuncional. De igual modo, interessa escolher os candidatos em segredo. Resta-nos o consolo de que, com todas as suas virtudes, as eleições primárias também produzem monstrengos. George W. Bush passou por elas – e venceu.
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"Papai" é o novo personagem que irrompe no cenário político brasileiro. Quer dizer: "Papai" já estava aí, mas faltava o glamour que o apelido lhe confere. "Papai" é o advogado Roberto Teixeira, o compadre do presidente Lula. Na entrevista aos repórteres Mariana Barbosa e Ricardo Grinbaum, do jornal O Estado de S. Paulo, que desenterrou o caso da venda da Varig, a advogada Denise Abreu, ex-integrante da Agência Nacional de Aviação Civil, contou que a filha de Teixeira, Valeska, combativa propugnadora da operação, dizia coisas como: "Agora temos de ir embora porque papai já está no gabinete do presidente Lula". Tanto se ouviu a filha invocar papai que, segundo Denise Abreu, papai virou "Papai" mesmo para quem não era filha. "Nas reuniões (...) várias vezes ouvimos a Erenice falando com o Zuanazzi e referindo-se a alguém como ‘papai’", disse. Erenice Guerra é a número 2 da Casa Civil; Milton Zuanazzi, o ex-presidente da Anac. Denise contou ainda que ouviu Erenice e a ministra Dilma Rousseff dizendo uma para a outra: "Porque papai precisa analisar". Eis as manda-chuvas da República estremecidas de desvelos filiais, a Mãe do PAC sem vergonha de reduzir-se a filha. Há apelidos que valem mais que mil palavras. "Papai" ilumina o papel do compadre como nada poderia fazê-lo.
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Este senhor Álvaro Lins, com nome de ilustre crítico literário, ex-chefe da Polícia do Rio de Janeiro, denunciado como chefe de quadrilha, não espanta apenas pelo exemplo vivo de como o cargo de máximo defensor da lei é o melhor lugar possível para transgredi-la. Espanta também pela cara. Tão sério, tão bem-apessoado... Álvaro Lins tem um quê de Clark Kent. Não são só os óculos, ou a expressão contida. É também o tórax avantajado que se adivinha sob o terno e a gravata. Clark Kent, quando virava o Super-Homem, combatia o mal. Álvaro Lins é acusado do contrário. Mas como sabe disfarçar! Nisso, é até melhor que Clark Kent. Só bobo não desconfiava do fato de que Kent só aparecia na redação do Planeta Diário quando o Super-Homem não estava em ação; era só o Super-Homem surgir nos céus e ele faltava ao serviço. Álvaro Lins contava com a vantagem de poder executar sua dupla função no mesmo local de trabalho e sob a mesma aparência
Este senhor Álvaro Lins, com nome de ilustre crítico literário, ex-chefe da Polícia do Rio de Janeiro, denunciado como chefe de quadrilha, não espanta apenas pelo exemplo vivo de como o cargo de máximo defensor da lei é o melhor lugar possível para transgredi-la. Espanta também pela cara. Tão sério, tão bem-apessoado... Álvaro Lins tem um quê de Clark Kent. Não são só os óculos, ou a expressão contida. É também o tórax avantajado que se adivinha sob o terno e a gravata. Clark Kent, quando virava o Super-Homem, combatia o mal. Álvaro Lins é acusado do contrário. Mas como sabe disfarçar! Nisso, é até melhor que Clark Kent. Só bobo não desconfiava do fato de que Kent só aparecia na redação do Planeta Diário quando o Super-Homem não estava em ação; era só o Super-Homem surgir nos céus e ele faltava ao serviço. Álvaro Lins contava com a vantagem de poder executar sua dupla função no mesmo local de trabalho e sob a mesma aparência
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