terça-feira, março 17, 2009
PAINEL
Queima de arquivo
Folha de S. Paulo - 17/03/2009 |
Quatro dias antes da eleição de José Sarney (PMDB-AP) à presidência, a Comissão Permanente de Avaliação de Documentos do Senado fez uma faxina nos arquivos, eliminando 965 caixas de papéis referentes ao período 1965-2003. Com a anuência da primeira-secretaria, então chefiada por Efraim Morais (DEM-PB), foram para o lixo quilos de notas fiscais, processos, sindicâncias, inquéritos e comprovantes de despesas que vão de compras de materiais a internações de senadores. A destruição dos documentos ocorreu em 29 de janeiro após autorização do responsável pelo Arquivo da Casa, Francisco Maurício da Paz. Mas a decisão só foi publicada em 3 de março. Seleção Do vereador JOÃO ANTONIO , líder do PT na Câmara, sobre o contingenciamento de recursos para obras de transportes na capital paulista, incluindo o metrô, como medida "cautelar" diante da crise. Um grupo de militantes do PSOL fazia manifestação na Barra da Tijuca, no final de semana, quando um curioso se aproximou do deputado Chico Alencar: |
ILIMAR FRANCO
Emprego melhora
Panorama Político |
O Globo - 17/03/2009 |
Os dados do Caged (emprego com carteira assinada) que o governo anuncia amanhã virão com um saldo de cerca de 20 mil novos postos de trabalho. É pouco expressivo. Mas, para o governo, já é alguma coisa, diante dos números negativos de dezembro, quando foram fechadas 650 mil vagas e janeiro, com menos 101 mil. "Mudou a curva do emprego. Somos o primeiro país a reverter a crise", afirma o ministro Carlos Lupi (Trabalho). |
NAS ENTRELINHAS
As culpas do “boi de piranha”
Correio Braziliense - 17/03/2009 |
Na semana passada, José Sarney (PMDB-AP) queixou-se de uma perseguição da imprensa à Casa presidida por ele. “O Senado está servindo de boi de piranha”, reclamou. A imagem remete ao antigo costume dos boiadeiros que, antes de atravessar um rio infestado pelos peixes ferozes, jogavam na água um animal doente. Enquanto ele era atacado, o restante da boiada passava ileso. Há uma impressão generalizada entre os parlamentares de que o Congresso seria mais visado por ser mais transparente. Executivo e Judiciário escapariam, por ser mais difíceis de investigar. |
DORA KRAMER
Serra finca pé contra a maré
O Estado de São Paulo - 17/03/09
Andar na contramão é algo que o governador de São Paulo faz com relativa frequência – um traço de personalidade –, embora não o faça com estardalhaço, por uma questão de cálculo. Foi um crítico contumaz da condução da política econômica no governo Fernando Henrique Cardoso e continua na mesma posição em relação às escolhas do governo Luiz Inácio da Silva na área. Marca posição aqui e ali, mas não confronta quando não lhe interessa comprar uma briga do ponto de vista político.
A menos que, medidos os riscos, valha a pena. É o caso agora, quando sofre pesada pressão dos aliados para assumir a candidatura a presidente da República em 2010 e rechaça todas elas com veemência. “Não posso evitar que uns me ataquem, outros me provoquem, outros me estimulem como se eu fosse candidato. Entendo os que atacam, tento ignorar os que provocam e agradeço aos que estimulam. Sei conviver bem com essa espécie de diversidade, fico onde estou e não assumo candidatura antes da hora.”
Empenhado em não arrumar confusão com o eleitorado – para seu projeto de se eleger presidente bem mais importante que as reclamações de correligionários ou provocações do adversário –, Serra acha a antecipação da campanha, antes de tudo, contraproducente.
“Primeiro, porque dificulta o combate à crise econômica. O governante, em vez de enfrentar, tende a negar a crise; substitui a eficiência pela afobação, entra em confronto com as forças políticas no momento em que há muito mais necessidade de cooperação e tende a governar menos e a fazer mais espetáculo”, analisa e dá como exemplo o governo federal, cujas energias se desviam para a campanha eleitoral, mais que antecipada, permanente.
“Isso favoreceu a paralisia do governo durante seis meses em relação à política monetária, na contracorrente de todo o mundo, o que permitiu o aprofundamento da crise internamente, devido ao sumiço do crédito.” Na opinião dele, o ambiente eleitoral estimulou “o espetacular aumento de gastos de custeio no governo federal, presente e futuro, prejudicando a elevação de investimentos e dificultando, agora, a correção do problema.”
Em segundo lugar, Serra acha que a campanha antes da hora só serve para irritar o eleitorado. Principalmente no caso de candidatos governantes. “Fui eleito em primeiro turno, tenho responsabilidade de governar um estado difícil onde a crise tem seu maior impacto. O cidadão comum não está pensando em eleição nesta altura. Imagine se começo a fazer discurso de candidato. Qual seria a leitura? A de que estou pouco ligando para os problemas objetivos, preocupado apenas com tititi eleitoral. No dia seguinte seria massacrado pela imprensa e condenado pela população.”
O governador acha essa antecipação “espantosa” e lembra que nunca foi essa a prática. “Em março de 1988, de 1993 ou de 2001, ninguém estava falando nas eleições presidenciais dos anos seguintes, não havia nenhuma definição.”
E por que há agora? Serra prefere deixar a resposta para gente despida de compromisso partidário. “Como um dos possíveis, e não mais do que possíveis, candidatos no ano que vem, minhas hipóteses poderiam soar, digamos, eleitorais.”
Não seria a hora nem o caso de dizer, por exemplo, que isso acontece porque o presidente Lula gosta mesmo é de um palanque. Fazendo campanha, dá a impressão de governar sem precisar governar de fato, no estrito senso do ato.
O tempo de Lula é o tempo de Lula, avalia Serra, que não considera, por isso, que a oposição deva atuar no mesmo tempo Nem para fazer frente à campanha do adversário, hoje correndo sozinho com Dilma Rousseff?
Na visão de Serra, a oposição só teria a perder pelas razões já expostas (seus dois candidatos são governadores) e não teria nada a ganhar. “Ela é a candidata que o PT poderia apresentar, não há outro nome. Isso vale para agora e vale também para o ano que vem.”
Para torná-la conhecida o governo federal não precisaria de mais que os seis meses do prazo legal de desincompatibilização, a partir de abril de 2010, e sem correr o risco de contestações na Justiça Eleitoral. Serra invoca, a título de comprovação, o exemplo do prefeito Gilberto Kassab, em São Paulo. Correr, agora, não adianta nada, na opinião dele. “Dilma crescerá de qualquer maneira, chegará aos 30% só pela força do governo e pelo patamar tradicional de votos no PT.”
Somados os fatores em jogo – crescimento inexorável da principal adversária, condenação da atitude do governante por parte do eleitorado e desvio do foco do enfrentamento da crise com todos os riscos decorrentes –, Serra finca o pé: “Não vou assumir nenhuma candidatura este ano.”
Logo, assume-se desde já o candidato em 2010, correto? “Não digo isso. Quem apostar numa quebra do PSDB por conflitos entre mim e o Aécio (Neves, governador de Minas Gerais) vai perder. Até porque quando um não quer dois não brigam e quando dois não querem aí é que não brigam mesmo.”
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - Enquanto Lula defendia com Obama uma maior aproximação dos EUA com os países da região, os "hermanos" agiam em sentido exatamente oposto.
Na Bolívia, Evo Morales mandou retirar os soldados que há anos e anos faziam a segurança da embaixada americana, agora entregue à própria sorte num país em que o presidente vive de impropérios contra os EUA e expulsando diplomatas norte-americanos.
Na Venezuela, Hugo Chávez não perdeu tempo depois de conquistar o direito de mandatos consecutivos, "ad eternum", e se comporta como se estivesse em guerra, ou à beira de uma guerra. Ocupou militarmente os principais portos do país, em regiões comandadas pela oposição, e já assumiu o controle da polícia metropolitana de Caracas, de hospitais, escolas e uma TV.
Ou seja: Obama quer abrir; Chávez e Morales, fechar. Assim fica difícil para Lula se arvorar em líder regional no bom momento da troca de Bush para Obama e de republicanos para democratas.
Se algo mudou, é a disposição de Washington de realmente dialogar e ouvir mais. Obama privilegiou os vizinhos (quem desconhece o valor de uma boa vizinhança?), repetindo a tradição de fazer a primeira viagem ao Canadá e receber em seguida o presidente do México, Felipe Calderón. Depois, abriu a Casa Branca para prestigiar o principal aliado em três continentes.
Pela ordem: os primeiros-ministros Taro Aso (Japão), pela Ásia, e Gordon Brown (Reino Unido), pela Europa, e Lula, pela América Latina. Por lógica, o próximo visitante deve ser da África do Sul. Para bons entendedores, meia palavra basta. Para a diplomacia, gestos bastam.
Chávez e Morales, porém, não estão avalizando a posição de Lula na região nem dando um voto de confiança para Obama, sua biografia e suas manifestações de intenção. Não estão ajudando. E deveriam, porque, nessa crise, eles é que mais precisam ser ajudados.
TERÇA NOS JORNAIS
- Globo: Em Nova York, Lula confirma que vai mexer na poupança
- Estadão: Juro baixo deve forçar novo acordo das dívidas estaduais
- JB: Governo qur mudar cálculo da poupança
- Correio: Senado faz a fortuna dos terceirizados
- Valor: Lula afirma que país supera a crise
- Gazeta Mercantil: Obama tenta impedir bônus milionário a executivos da AIG
- Jornal do Commercio: Tragédia em família