domingo, janeiro 12, 2014

Guerra psicológica, fraude real - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA 
A virada do ano mostrou que é uma injustiça manter os mensaleiros presos. Ao apagar de 2013 e ao raiar de 2014, o Brasil mostrou que aprova a picaretagem como forma de governo. Não é justo, portanto, em se legitimando os picaretas de hoje, manter os picaretas de ontem encarcerados, sendo todos correligionários. Basta de desigualdade. Liberdade para todos.
A picaretagem inaugural do governo popular em 2014 teve como porta-voz o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Como se sabe, o PT se especializou na arte de mentir para a coletividade - e depois descobriu que não precisava de especialização nenhuma, porque o Brasil engole qualquer mentira tosca. Por isso é que Lula diz que o mensalão era caixa dois de campanha e não se desmoraliza perante a opinião pública. Está provado que o mensalão foi roubo de dinheiro público cometido pelo PT, e está provado que mentir no Brasil não tem o menor problema. Com essa jurisprudência, o ministro da Fazenda não tem por que não se espalhar.

Guido Mantega anunciou, triunfante, que o governo cumpriu a meta de superavit primário em 2013.0 ministro disse que o resultado oficial sairia no fim de janeiro, mas ele decidira antecipar a divulgação para "acalmar os nervosinhos". Assim é o PT hoje: como as mentiras colam facilmente, elas passaram a vir acompanhadas de zombaria. O governo cumpriu a meta de superavit depois de reduzi-la em R$ 35 bilhões - de R$ 108 bilhões para R$ 73 bilhões. Se fizesse isso com pensão alimentar, o ministro estaria preso.

Como já foi dito neste espaço, o Brasil é mulher de malandro. É lesado pelo bando e continua votando nele. Devendo-se ressalvar que mesmo uma mulher de malandro não aceitaria este trato: o malandro paga só dois terços da pensão porque ele mesmo resolveu encolhê-la em um terço. É o tipo da malandragem que só cola no matrimônio petista com o eleitorado masoquista.

O superavit para acalmar os nervosinhos tem outros truques espertos. Mais alguns bilhões de reais em despesas de 2013 serão contabilizados pelo governo popular depois da virada do ano. Malandragem de playground. Fora a contabilidade criativa no Tesouro Nacional - hoje devidamente aparelhado pelos companheiros -, expediente picareta já notado e repudiado mundo afora, mas tolerado Brasil adentro. É com esse arsenal de trampolinagens que os companheiros desviam o dinheiro público para a propaganda política e a rede de facilitações populistas. Por que só os mensaleiros têm de pagar?

O anúncio esperto do ministro da Fazenda foi feito poucos dias depois de um pronunciamento da presidente da República em cadeia nacional - o pronunciamento "de fim de ano" de Dilma Rousseff. Como um país que se diz diferente da Venezuela chavista tolera um "pronunciamento de fim de ano" da presidente em rede obrigatória de rádio e TV? Onde está o senso crítico e a vergonha na cara dos brasileiros para repudiar essa praga do comício oficial em tudo quanto é data comemorativa? Onde estão os manifestantes nervosinhos, a oposição, a OAB, as ONGs da cidadania e todas essas vozes estridentes que vivem panfletando bondades cívicas por aí?

Pois bem: no comício oficial e obrigatório de Réveillon, Dilma Rousseff denunciou - eles continuam denunciando - a existência de uma "guerra psicológica" para afugentar investimentos e desestabilizar a economia nacional. É muita modéstia do PT achar que alguém pode desestabilizar a economia melhor do que eles.

Que repelente contra investidores poderia ser mais eficiente do que um governo que mente a céu aberto sobre suas contas? Que fabrica superavit e esconde dívida? Que atropela a meta de inflação e tenta mascará-la amarrando preços de tarifas, que ninguém sabe quando e como serão liberados? Que faz declarações ideológicas sobre a política monetária e cambial do Banco Central, ora baixando os juros no grito, ora jogando impostos na lua para tentar conter a fuga de dólares? Qualquer guerra psicológica dos inimigos da pátria seria brincadeira de criança perto da lambança real dos amigos da onça.

Não é justo que a turma do valerioduto assista a essa orgia de trás das grades. Pelo grau de tolerância do Brasil 2014, Dirceu, Delúbio, João Paulo Cunha (o Mandela brasileiro) e companhia são uns injustiçados.

Comédia e tragédia - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 12/01

Eu estava no banheiro do shopping quando escutei duas amigas conversando sobre o filme que haviam acabado de assistir. Uma disse: Li no jornal que era uma comédia e vim disposta a gargalhar muito. A outra: Também fui surpreendida, esperava outra coisa, não esse soco no estômago. Estava na cara que elas haviam assistido ao mesmo filme que eu, o impiedoso Álbum de Família, que no roteiro de cinema de Zero Hora está anunciado realmente como comédia, ainda que sejam 120 minutos de descontroles, rancores, humilhação, traição, sarcasmo, agressão física e maquiavelices.

É um filmaço, como quase sempre é quando o cinema presta reverência ao teatro: foi adaptado pelo dramaturgo Tracy Letts, autor da peça homônima, e o diretor John Wells manteve na tela a dramaticidade dos palcos. Em teatro, o exagero é natural, o tom costuma ser ligeiramente mais alto que o naturalismo de uma novela de tevê. Teatro é uma espécie de laboratório da vida e congrega todos os elementos que a ela pertencem.

Álbum de Família mostra o reencontro de três filhas com sua mãe, depois que essa fica viúva, e mais os agregados e parentes próximos que vieram para o funeral. Em poucos dias de convívio numa mansão decadente em Oklahoma, diversos traumas e mágoas eclodem: cada um dos visitantes possui várias dores entaladas na garganta, a ponto de, a certa altura, o espectador começar a achar graça daquele desfile inesgotável de fraturas emocionais.

Família é sempre um prato cheio – e agridoce. Amor e ódio, atração e rejeição, acolhimento e desprezo, idealizações e desilusões, carinho e perversidade: um cardápio sortido de emoções contraditórias distribuídas sobre a mesa. Em volta dela, nós, famintos por compreensão e tendo que ser diplomáticos e civilizados até que uma provocação nos faça perder as estribeiras.

A questão é que entre família não há divórcio. Não existe ex-pai, ex-mãe, ex-filho, mesmo que se suma do mapa, mesmo que peguemos a estrada para o mais longe possível. DNA é praga. Não tem rota de fuga. Nasceu, está danado. Então, melhor condescender do que se estressar.

Há famílias mais serenas do que outras, mais afetuosas do que cínicas, mais cinematográficas do que teatrais. Ainda assim, sempre haverá um papel para cada um de seus membros: o de vilão, o de vítima, o de playboy, o de trabalhador, o de folgado, o de frágil, o de problemático, todos apegados aos motivos que os levaram a ser como são.

E eles se acusarão a vida inteira, e se defenderão, e nunca haverá um consenso, e de nada adiantará tanto berro: de dramáticos passarão a patéticos, inevitavelmente. A classificação que o jornal deu ao filme não está tão errada como parece. Tragédia e comédia cedo ou tarde dão-se as mãos, elas que também são da mesma família.

Dos males, o menor - FERREIRA GULLAR

FOLHA DE SP - 12/01

Na minha terra natal, quando menino, maconha se chamava diamba e não gozava do menor prestígio


Há coisas que tenho dificuldade de entender. Uma delas é a importância que adquiriu a maconha no mundo contemporâneo. Políticos de importância internacional, intelectuais de destaque e até presidente da República preocupam-se com ela, com seu consumo, com sua influência sobre a sociedade e sobre a juventude, principalmente.

Quem diria, digo a mim mesmo, já que, na minha terra natal --São Luís do Maranhão--, quando menino, maconha se chamava diamba e não gozava do menor prestígio: marginais e alguns rapazes do subúrbio fumavam diamba. Só soube disso porque, lá por meus 13 anos, jogava bilhar num botequim da praia do Caju e de lá fui levado a dar uns tragos num cigarro de maconha. Quase vomitei, tinha gosto de mato velho.

Depois, nunca mais ouvir falar dela. No Rio, onde cheguei em 1951, não ouvia falar de drogas e nem sabia de alguém que fumasse maconha. Isso mudou, mais de uma década depois, quando os Beatles e os Rolling Stones tornaram o consumo de drogas expressão de rebeldia.

A guitarra elétrica veio completar a onda de delírio que arrastou boa parte dos jovens daqueles anos, inclusive no Brasil. Juntas, essa dupla, guitarra e droga, transformaram os shows musicais em manifestações que contrapunham a barbárie à civilização burguesa bem comportada. Uma bravata que levou muitos desses rebeldes sem causa à morte precoce.

Apesar disso, passada essa fase heroica, as drogas mantiveram pelo menos parte do terreno conquistado. Nesse quadro, a maconha foi ganhando posição privilegiada, porque possibilitava o barato sem levar o usuário à destruição psíquica, como o fazem a cocaína, a heroína e o crack. Dos males, o menor.

É isso aí. Ignorar o efeito altamente destrutivo das drogas é impossível, mas, por outro lado, opor-se a elas é careta e velho, uma vez que, entre outras virtudes, as drogas se tornaram um sinal de juventude.

Não foram os jovens que as introduziram na sociedade contemporânea? E não foram os velhos babacas que as condenaram? Opor-se às drogas, hoje, pega mal; tolerá-las pega bem.

Isso da boca para fora. Ou seja, a teoria na prática é diferente. Por isso mesmo, a maconha é a solução: fumando-a o cara mostra-se avançado, sem se destruir rápida e inevitavelmente. Não falo dos que são psiquicamente dependentes e que, quase sempre, terminam aderindo às drogas pesadas.

Faz sentido, mas não explica tudo. Por exemplo, governantes de Estados norte-americanos a legalizaram sob o pretexto de que ela é inofensiva ou até mesmo medicinal. Ótimo calmante.

Sucede que existem muitos calmantes que se vendem nas farmácias e não são alucinógenos como a maconha. Devemos concluir que é exatamente por ser alucinógena que ela é legalizada? Tenho uma possível explicação para isso: muitas das pessoas que hoje têm poder de decisão na sociedade são os jovens daquela época, hoje com seus 50 a 60 anos de idade. As drogas fazem parte de sua história, ainda que já não as consumam. Tampouco as condenam para que não se pense que se tornaram iguais aos velhos babacas daquela época. Legalizar cocaína pega mal, mas a maconha dá pé.

Esse talvez não seja o caso de José Mujica, presidente do Uruguai, que não apenas propôs a legalização da marijuana como pretende ter o controle total da produção, venda e consumo dessa droga em seu país. Vai criar uma espécie de "Maconhabras".

No caso de Mujica, as intenções são as melhores possíveis, pois acredita que, assumindo o controle total da droga, anulará a ação dos traficantes. Seu projeto prevê que cada consumidor terá direito a fumar 40 cigarros de marijuana por mês, desde que se inscreva oficialmente como maconheiro.

Como chegou ele a esse número, não sei, mas pode ocorrer que o maconheiro não se contente com essa quantidade de baganas. Nada impede que uma legião de falsos consumidores se inscreva para ter direito a esses 40 cigarros, que se tornarão milhares (e no total milhões), obrigando assim o governo a aumentar incessantemente a produção de marijuana.

Em breve, o Uruguai se tornará o maior produtor mundial de maconha, para a felicidade e enriquecimento dos traficantes. Espero, sinceramente, estar enganado.

Répteis do Maranhão - MARCELO LEITE

FOLHA DE SP - 12/01

Grupos sob condições extremas, como nos nossos presídios, regridem a estágios morais inferiores?


A governadora Roseana Sarney (PMDB) considera inexplicáveis as decapitações na masmorra de Pedrinhas, em São Luís, capital do Maranhão. Problema dela.

No restante do país, a pergunta que perambulou pelos giros e sulcos dos córtices cerebrais foi: como se pode entender que um ser humano chegue a tal ponto de crueldade? De que servem as ciências naturais, se incapazes de oferecer explicações não triviais para o buraco negro que se instalou em Pedrinhas e ameaça sugar tudo à volta em São Luís?

O entusiasta da neurociência contemporânea talvez proteste que ela tem, sim, muitas explicações para fenômenos como esses. Afinal, ela tem explicação para tudo.

Do alicerce ilusório do livre-arbítrio e dos juízos éticos, sempre precedidos por decisões ou reflexos inconscientes, passando pelas razões evolucionistas para preservar no pool genético da espécie alguns genes de propensão para a agressividade e pela sobrevivência de estruturas cerebrais primitivas, até chegar à cumeeira do edifício neodarwinista com "os melhores anjos da nossa natureza" (título do livro de Steven Pinker) e o declínio da violência --nada na mente humana parece escapar à luz que emana da fusão de Darwin com a ressonância nuclear magnética funcional.

E Pedrinhas? Podem-se elucubrar duas vertentes de explicação.

Na primeira, que privilegiaria o plano individual, haveria que buscar na anatomia ou no perfil genético-neuroquímico disfuncionais de cada perpetrador as raízes do comportamento celerado. Esse programa lombrosiano de pesquisa deu poucos resultados até hoje, pela imensa dificuldade de provar nexos causais entre uma coisa e outra.

Na outra vertente sobressairia o plano coletivo, o da etologia. Grupos de pessoas submetidas a condições propícias, ou extremas (como sem dúvida são as dos presídios nacionais), regrediriam a estágios anteriores do comportamento moral. Uma vez confinados à lógica da violência e da sobrevivência, os prisioneiros ficariam sob o jugo do cérebro, digamos, reptiliano.

Ficou famoso, na história contemporânea da ciência, o Experimento da Prisão de Stanford (em inglês: www.prisonexp.org), capitaneado pelo polêmico Philip G. Zimbardo. Ainda que não tenham alcançado o paroxismo de Pedrinhas, estudantes universitários precisaram de apenas seis dias para se transformar em guardas sádicos, numa simulação da vida em cárcere.

Zimbardo interrompeu a experiência quando as coisas começaram a sair do controle, antes das duas semanas previstas. No Maranhão, 62 mortes não bastaram.

Não tenho dúvida de que há um réptil adormecido em todos nós. É a condição necessária para o que se passa em São Luís. Mas é também insuficiente, parece óbvio, para explicar o nível rastejante em que se encontram os costumes por lá.

Para isso, não há como escapar das ciências sociais e históricas. Pobreza não explica tudo, mas tampouco há de ser coincidência que o Estado do ex-presidente da República e do Congresso José Sarney tenha o segundo pior IDH do país (0,639). O pior de todos (0,631) está nas Alagoas de Renan Calheiros --o atual presidente do Congresso.

O que sofre o lavador de louça - FABRÍCIO CARPINEJAR

ZERO HORA - 12/01

Sou um lavador de louça contumaz: retiro manchas, elimino riscos nos copos, realizo milagres com o Limpol e o Sapólio. A esponja e o Bombril são extensões de minhas mãos. Não uso luvas ou água quente por uma questão de caráter; recuso qualquer elemento que seja entendido como uma vantagem.

Faz 30 anos que lavo por persuasão feminina, e já assimilei os sofrimentos do ofício.

O pior não é lavar a louça, é terminar o serviço e a esposa comentar que faltam as panelas. No campo de batalha do fogão, descobrir que resta o triunvirato formado pela panela com o arroz queimado, a frigideira com o molho de carne e a panela de pressão do feijão. Tudo o que lavou não corresponde nem à metade do que cabe ainda lavar.

A notícia aniquila com sua boa vontade. Ao assumir o comando da torneira e do detergente, o mínimo que deseja é visualizar o trabalho a ser feito. Pretende ter a consciência exata do seu esforço. Não quer sofrer nenhum contratempo. O surgimento de quinquilharias de última hora é o equivalente a ser trapaceado na contagem doméstica.

Eu me sinto roubado. Eu me sinto traído pela casa. Eu me percebo humilhado. Nada contra colaborar, o que me incomoda são os imprevistos.

Louça é para profissional. Requer planejamento. Não dá para mudar as regras no meio do jogo. Acabo irritado com o despreparo dos familiares, que nem se desculpam e soltam – com risinhos envergonhados – pires e peças retardatárias na pia.

O pior não é lavar a louça, é lavar antes de servir o doce e o café. Assim que decretar o descanso pousando a chaleira na toalha de crochê, aparecerão pratinhos e xícaras para o segundo turno eleitoral da espuma.

O pior não é lavar a louça, é estender o pano de prato no gancho e sua mulher decidir – porque é você que está com avental naquele dia! – desovar todos os potinhos da comida na geladeira. Precisará dar conta de um estoque completo da Tok&Stok.

O pior não é lavar a louça, é quando esfrega aquela fôrma do assado, debruçado nas frinchas, suando frio, e a família lhe chama sem parar na sala – você não escuta nada porque é impossível participar da conversa ao mesmo tempo noutro lugar.

Mas o pior, o pior mesmo, não é lavar a louça, é secar a louça. Coitado do secador, vice-prefeito da cozinha. Ninguém jamais lembra ou agradece essa tarefa que pode ser exercida pelo vento.

Feliz - CAETANO VELOSO

O GLOBO - 12/01

Boas leituras, de Elio Gaspari e Eichbauer


* Kennedy cogitando invadir o Brasil de Jango é “Reis e ratos” puro. Quem não viu ou não atentou para esse filme não tem a excitação de ler as novidades da futura edição do livro de Elio Gaspari sobre a ditadura. Mautner e eu temos. E, claro, Mauro Lima também.

*O ano de 2013 teria valido a pena se fosse só pelo romance de Fernanda Torres. Que beleza é ver um talento literário autêntico surgir assim tão nitidamente. Não que Nanda seja uma surpresa absoluta: quem lê suas crônicas sabe que ela é do ramo. Mas um romance é outra coisa — e no seu “Fim“ de estreia ela mostra que vai além de escrever bem. O tom é tão bem encontrado que eu gostei da primeira frase, maldizendo a calçada portuguesa, eu, que sou um eterno defensor das pedrinhas lusitanas e só gostaria de vê-las sempre bem repostas: ouve-se a voz interior de alguém que tem por que dizer aquilo daquele jeito. E assim vai até o Padre Graça (Nanda relembra Nando) ir ao encontro dos índios, virada descontínua que põe tudo o que tínhamos acabado de ler sobre caras de Copacabana, entre lágrimas e gargalhadas, sob uma inesperada perspectiva. Eu só perguntaria a Nanda se foi ela ou o revisor da editora quem corrigiu o português de Dolores Duran, evitando tanto o “lhe” original quanto o “te” opcional de quem canta como os cariocas falam: “Não deixe o mundo mau levá-lo outra vez”? Acho que isso pode ser descorrigido numa próxima impressão (com o merecido sucesso, impressões se sucederão e novas edições há de sempre haver).

* Tem uns erros de português (que me perdoem os linguistas o uso da palavra “erro”, para a qual eles devem ter substituta que não me ocorre) no livro maravilhosamente intitulado “Identidade Frota”, mas o livro é cheio da vitalidade e da franqueza de Alexandre, o Grande, figura importante em minha segunda (ou terceira) vida carioca. Os erros em geral são de flexão indevida dos verbos ter e haver. Como a maioria se dá nas falas entre aspas do biografado, pode ser apenas o modo de transcrever seu linguajar coloquial. Mas não sei não. Tem muito “fuder” e “fudido”, “viado” e “muleca”, esse velho hábito de escrever sem cuidado as palavras que se referem a coisas desrespeitáveis. Sempre achei esse costume chato e moralista no mau sentido. Já discuti com linguistas petistas no blog obraemprogresso que mantínhamos durante a feitura de “Zii e zie”. Seja como for, o livro sobre Frota é muito bom de ler. Muito quente e honesto, pelo menos por parte do protagonista.

* Mas esse é livro que leio em 2014, interrompendo mais uma vez o “Getúlio” (já não mais na fase gaúcha), que quero retomar logo. Em 2013 saiu “Cartas de marear” de Hélio Eichbauer, um livro de memórias que é ao mesmo tempo uma reflexão sobre os sentidos artísticos da atividade do seu autor. Hélio é uma personalidade muito especial e o livro traz isso pelas observações sobre cultura clássica e experimentações modernas. Um jovem de Copacabana — que poderia cruzar com os personagens de Nanda pelas calçadas de pedras portuguesas — amadurecendo sua sensibilidade num mundo em guerra (essa estendida guerra que atravessou as vidas das pessoas de minha geração) olhando para os clássicos, estudando com Svoboda e colaborando com Zé Celso. Muito bonito quando a gente não sabe se algumas conversas estão se dando entre deuses do Olimpo e semideuses das ruas de Atenas ou entre estudantes tensionados pela Guerra Fria. “Cartas de marear” é um livro civilizado e civilizador. Desejo a muitos a sorte de lê-lo.

* Talvez haja manifestações em junho outra vez. Alguns amigos me dizem que os grupos anarquistas estão se multiplicando e que, embora a polícia esteja agora mais avisada e preparada para conter os movimentos, os manifestantes também aprenderam muito com a experiência. Há muitos que dizem que não haverá Copa. É preciso saber se o grosso da população urbana brasileira aderirá a algo assim. Eu sou da classe média (não adianta os malucos da internet dizerem que sou rico: minha cabeça é classe média e, na real, não fiquei rico), tendo a reagir como pessoas da classe média. Sim, sou rebelde, na verdade um medalhão transviado, mas sou classe média (como a maior parte dos que precisam se manifestar de alguma forma nessa vida). Prefiro que haja Copa. Queria que a Fifa fosse respeitável e que o time brasileiro pudesse fazer jus à antiga fama do nosso futebol. Quero ser feliz. Afinal, foi o que todo mundo me dizia, na passagem do ano, para eu ser.

* Gostei de ler Francisco Bosco com jeito de quem está lendo Proust em Trancoso. Proust faz nossos neurônios se comportarem de acordo com o texto que ele vai destilando. Pegou Bosco. Há anos que não releio mas me lembro de tudo.

Meu regime fechado - HUMBERTO WERNECK

O Estado de S.Paulo - 12/01

A foto, na última página de O Diário, não é grande coisa, e a impressão, desbotada por quase meio século de arquivo, pior ainda - mas dá para ver um rapaz de roupa clara que um policial tem preso pela gola; à frente dele, imobilizado numa "gravata", outro moço se contorce, prestes a ser tragado pela goela de um camburão. "Dois guardas tentam levar o estudante preso e o outro presta atenção", descreve uma legenda que parece não fazer fé no poder de informação da fotografia.

É a primeira vez que vejo essa imagem - e eis que, num susto, reconheço o cara apanhado pela gola.

Para dizer como Roberto Carlos: esse cara sou eu.

Sou eu, e vou passar os próximos 17 dias numa cela que, sendo térrea, não posso chamar de "porão da ditadura". Vivemos ainda uma barra relativamente leve, pois o AI-5 só virá daqui a dois anos e pouco. Mesmo assim, a situação em que me encontro é mais aflitiva que a descrita aqui no último domingo, quando relatei as agruras de operário de fábrica que vivi aos 15 anos para purgar pecados de estudante fragorosamente reprovado.

Dureza aqueles despertares madrugais, aquelas horas de trabalho em pé. Mas era pena, em todo caso, a ser cumprida em regime semiaberto - menos amarga, portanto, do que essa que agora me espera, aos 21. De novo, tem bomba na história, mas de outra natureza: bombas de "efeito moral" que me fizeram correr, no Centro de Belo Horizonte, até de ser enlatado no camburão. Para mim, terminava a passeata estudantil contra a eleição indireta, naquele dia - 3 de outubro de 1966 -, do segundo presidente militar do regime de 64, o nada elevado Costa e Silva.

Não espere de mim um relato de heroísmos que não houve. Não estava ali de bobeira, é verdade, como um sacristão pascácio que também caiu e que ao sair da cana, muitos dias depois, ainda não tinha entendido bem o que lhe acontecera. Sem o talento de um condutor das massas, eu era apenas um a mais a berrar desaforos contra os milicos.

Sendo leve a barra, não sofri violência física, eu e os 12 companheiros de gaiola, distribuídos por duas celas. Em matéria de tortura, o máximo que me tocou foi o convívio com um escriba que, entre chuvas de perdigotos, nos submetia à audição de sua versalhada incendiária.

Fizemos camaradagem com um dos carcereiros, o Zé do Norte, que nos deixava esticar o banho de chuveiro. Um radinho de pilha nos fartou de Chris Montez, nas paradas com The More I See You, e, ai de nós, um grude musical chamado Pãozinho do Leblon, na voz de Rosa Maria: "Fico triste em pensar, pãozinho, / que não é meu seu coração". Se você não esteve em 1966, saiba que "pão" era homem bonito.

Com exceção da quentinha (nem tanto) do primeiro dia, o passadio era bom, pois a comida vinha de casa e as famílias caprichavam. Ganhei uma fartura de maços de cigarros, um deles levado pelo secretário da minha faculdade - gentileza protocolar de quem ainda não sabia, e eu tampouco, que anos mais tarde ele seria avô de meus filhos.

Não vou contar, uma vez mais, que na cela em frente tínhamos a simpática vizinhança do sociólogo Bolívar Lamounier, a décadas da tucania e ainda oxítono - Bolivar -, cujo calvário merecerá dedicatória e alusão ("...alguns amigos nas prisões padecem...") num poema de Affonso Romano de Sant'Anna.

Para defender-nos no Superior Tribunal Militar, tivemos ninguém menos que o grande Sobral Pinto, cujo escritório conseguiu, em 20 de outubro, um habeas corpus por 12 a zero, ainda hoje a maior goleada em minha vida. Para constrangimento nosso, o relator do processo foi o general Olímpio Mourão Filho - sim, aquele que em 31 de março desencadeou o golpe ao botar a tropa na estrada rumo ao Rio de Janeiro. "Os jovens são capazes de morrer por um ideal e não será a polícia que irá impedir esta luta", perorou o general ante seus pares.

Outro dia, passeando por Belo Horizonte, me bateu vontade de revisitar a cela 3. Não deu: o antigo prédio do Dops, na avenida Afonso Pena, virou albergue exclusivo para gente apanhada com o nariz na botija. Depois das políticas, são de outra ordem as aspirações que ali agora se reprimem.

O Avô da Lucinda - ADRIANA CALCANHOTTO

O GLOBO - 12/01

Luis Fernando Verissimo é aquele que hoje em dia é conhecido como o avô da Lucinda


Aprendi a amar Erico Verissimo antes mesmo de ler sua obra. Minha tia Istellita, professora de língua portuguesa, me preparou antes. Falava de sua escrita, do quanto era telúrico, simples, político, autêntico. Quando fui ler já sabia do homem simples que ele gostava de ser. Mergulhei na sua obra e me transportei inteira para o seu mundo (com um pouco mais de comedimento do que minha tia Istellita, anos antes, que se despedia das pessoas com “tchau, gente, vou embora que meu amante está na cama me esperando”. “Seu amante!? E quem é o seu amante?” “Erico Verissimo”, ela dizia, e saía em disparada para a cama, para a página marcada no livro.

Depois comecei a seguir o filho, Luis Fernando Verissimo, que escrevia para o jornal, que criou o analista de Bagé, que criou As cobras e outras maravilhas. E ainda desenhava, e não bastando fez a minha querida amiga Fernanda, a Mariana, o Pedro, mas aí com a amorosa ajuda da Lucia. Acho lindo, quando perguntado sobre quem é a mulher mais bonita do Brasil, ele sempre responde: “Lucia Verissimo”.

Uma vez fui visitá-lo em um grupo, e fomos para o seu escritório. Umas pilhas de livros sobre caixas de livros. Livros, mais uma pilha de livros. Mais livros em cima da mesa, livros, uma pilha de livros e … uma bandeirinha, do Internacional, sobre uma pilha de livros. Somos duas pessoas tímidas que preferem ouvir a falar, de modo que nossos encontros não costumam ser ruidosos, os dois ficam olhando para o chão, é uma mania nossa. Tendo aquela sensação de maravilhamento entre suas pilhas de livros me deparei com uma bandeirinha do Internacional. Ele torce para o Inter. Como minha tia Istellita. Eu sou gremista (e botafoguense). Toquei a bandeira de leve, com a ponta dos dedos, delicadamente, assim como quem não tem mais esperança de nada nesta vida, achei que ele não estivesse me observando, mas estava, e nós, em silêncio, olhando para o chão, nos dissemos mutuamente: “ninguém é perfeito”.

Algum tempo atrás tivemos uma conversa, publicada neste Segundo Caderno, e desta vez ele me recebeu na biblioteca, do pai. A biblioteca de Erico Verissimo. As lombadas, as lombadas, a energia que emana daqueles livros, lidos, manuseados pelo grande escritor, amigo de Clarice Lispector, amante da minha tia Istellita, o avô da Fernanda, pai do Luis Fernando. Luis Fernando Verissimo é aquele que hoje em dia é conhecido como o avô da Lucinda.

Pois bem, foi na condição de leitora, não do Erico, mas do avô da Lucinda, que li que o coitado tinha medo de monstros debaixo da cama, na hora de dormir. Sempre tive pena dele por isso. Lucinda então ganhou de presente da Partimpim uma canção para que ela cantasse à noite para o avô. Para ele dormir sossegado. Junto com os monstros. Porque, se tem realmente monstros debaixo da cama, Lucinda pode, cantando, botar logo esses monstros pra dormir em vez de ficar tentando convencer o avô de que debaixo da cama não tem monstro nenhum. Em seguida ele quase me mata do coração, foi parar no hospital, passou uma temporada lá, quase mata todo mundo do coração. Pedi notícias e a resposta foi um “voltou melhor ainda, agora fala”.

Aí, esse homem, o avô da Lucinda, imaginava eu, recuperado, dias atrás, na coluna aqui do jornal, levantou a possibilidade de uma possibilidade de a final da Copa “do mundo da Fifa” deste ano ser entre Brasil e Uruguai, no Maracanã, exatamente como em 1950. Desde que li isso uns monstros estão morando debaixo da minha cama. Não posso, como o avô da Lucinda sugere, fazer as contas e os cálculos das tabelas porque não sei matemática. Assim como não sei história mas conheço algumas coisas muito importantes sobre o Brasil. Que foi descoberto, da carta de Pero Vaz de Caminha, de muita coisa boa e muita coisa ruim, escravatura, até censura e ditadura tivemos, mas que o episódio mais negro e desolador, o que mais feriu a alma da nação no fundo de seu âmago, a enorme sombra escura sobre o orgulho dos milhões de brasileiros, foi a derrota para o Uruguai em 1950 no estádio do Maracanã. Sei que tem gente que nunca se recuperou daquilo. Daquele estádio em silêncio ensurdecedor, o país cabisbundo, um trauma eterno. Filmes foram feitos para modificar a triste realidade, em vão. A esta altura do campeonato já se sabe se existe ou não alguma chance de isso acontecer. “O time do Uruguai não está jogando mal”, engorda meus monstros o avô da Lucinda, na mesma coluna.

Vamos vencer a Copa, é claro, temos o Felipão, no comando de bons jogadores motivados por ele como uma “equipe”. Tabelas são tabelas, mas no jogo de futebol, como o nome diz, absolutamente nada é impossível. Qualquer coisa pode acontecer. A graça toda é essa. Não sei, mas acho que o avô da Lucinda vai ter que deixá-la vir me botar pra dormir até a final no Maracanã.

Programação intensa - JOÃO UBALDO RIBEIRO

O GLOBO - 12/01

Somos viciados em fazer uma porção de coisas e, mesmo quando se chega a uma altura da vida em que elas se mostram inúteis e trabalhosas, continuamos sem deixar de fazê-las



Como de costume, vou deixar em paz o generoso leitor e a amável leitora por quatro domingos, neste começo de ano, a partir de hoje. Se não erro aqui nas minhas contas, devo estar de volta em 16 de fevereiro. Também como de costume, vou passar o tempo que puder na minha terra, com os amigos de infância, que vêm escasseando num ritmo alarmante, o que os torna cada vez mais preciosos. Lá se foi, faz poucos meses, Ary de Almiro, que jogou bola comigo e, quando rapazinho, era discípulo de meu primo Walter Ubaldo, na Escola Filosófica do Sorriso de Desdém. “Mais eloquente que a pena do escritor, mais poderosa que a espada do soldado, a maior arma que o homem tem é o sorriso de desdém” — era o moto da escola e eles saíam pela rua, tacando o sorriso de desdém a torto e a direito.

Uma vez ficaram filosofando e bebendo cerveja no bar que hoje é de Espanha, mas na época era de Waldemar e, quando Waldemar trouxe a conta, todos lhe deram um sorriso de desdém como resposta e ninguém se coçou para pagar. Rendeu um certo bode, porque Waldemar não apreciou essa forma de pagamento e foi queixar-se ao coronel Ubaldo, avô de Walter (e meu). O coronel pagou, mas decretou a extinção da escola filosófica e disse que mandava cobrir de porrada o primeiro filósofo, desdenhoso ou não, que aparecesse em sua frente, com isso quase ferindo de morte o sempre fértil pensamento filosófico na ilha. Na última vez em que conversei com Ary, lembramos isto entre risos. Pois agora ele se foi, menos uma testemunha e participante de meu tempo e de minha história pessoal — e é por isso que se diz, com plena razão, que, quando morre um amigo, também nós morremos um pouco, é como se a vida não fosse mais inteira. Um por um, vão desaparecendo os que conheceram os filósofos do sorriso de desdém e daqui a pouco talvez também desapareça para sempre a sua lembrança.

Por essas e outras e cada vez mais ciente de que meu futuro é agora mesmo, vou cumprir uma extensa agenda itaparicana, para aproveitar de tudo o que posso, não só da companhia dos amigos, como das experiências que somente agora começo a valorizar direito. Não organizei nada, nem sequer mentalmente, resolvi deixar que as coisas ocorram de forma espontânea, ao acaso. Até porque um dos meus projetos mais importantes, talvez o mais importante, pode vir a anular todos os demais. Já falei aqui em Vavá Major, renomado peixeiro aposentado, amigo meu de longa data, que hoje não faz nada, nem de dia nem de noite. Pergunta-se: como assim, não faz nada? É isso mesmo, não faz nada, não joga dominó, não joga carteado, não discute futebol, não comenta mulher, não carrega nem pacote nem embrulho, não canta, não toca violão, não passeia, não cria nem galo nem passarinho, não joga no bicho, não faz absolutamente nada.

Quem nunca experimentou não fazer nada, não sabe a dificuldade. Somos viciados em fazer uma porção de coisas e, mesmo quando se chega a uma altura da vida em que elas se mostram inúteis e trabalhosas, continuamos sem deixar de fazê-las. Vavá me disse que exageram um pouco, nesse negócio de ele não fazer nada. Claro que faz, tem muitos pensamentos e faz outras coisas, de que assim no momento não recorda. Só não quer saber de nada que dê labuta e certos pensamentos dão labuta, de forma que estes ele evita, nada de contas, adivinhações e perguntas que puxem demais pela ideia. Por exemplo, aprecia uma bela história bem contada, mas, se puxar pela ideia, não tem negócio, assim como, se não tiver quem explique a novela tintim por tintim, ele é que não vai fazer força para compreender, cansa muito, quem quiser que goste de viver na canseira, ele não.

Já fiz algumas tentativas de aprender pelo menos um pouco da técnica de Vavá, porque da outra vez subestimei as dificuldades. Agora, em lugar de simplesmente ouvir conselhos e lições, vou pleitear um estágio, com o cuidado de que não renda nenhuma labuta para ele. Vou simplesmente acompanhá-lo e imitá-lo na medida do possível. Pretendo também conversar um pouco, mas tenho que caprichar numa conversa que tampouco renda labuta. Acho que, num mês de estágio, dá para pegar o fundamental.

E há outras opções, além do estágio com Vavá Major. Xepa diz que o amigo dele que fisga tatus na vara de pescar está disposto a pescar mais dois para eu ver, é só esperar uma maré boa para tatu, que deve ser depois dessa lua nova. Mas agora ele exige que passe tudo no Fantástico. Isto eu não posso prometer, mas vou levar uma câmera para filmar não somente este evento, como outros acontecimentos biológicos, quais sejam uma jararaca cruzando com um caramuru, que Sete Ratos me garantiu ter visto mais de uma vez e um galo de briga raceado com urubu, que meu primo Zé de Neco também me garantiu ter visto.

Finalmente, o setor social está mais que assegurado. Reabriu em alto estilo o Grande Hotel, todo reformado e cheio de estrelas. Aproveitando o ensejo, Gugu Galo Ruço, rico milionário que não tem mais onde socar dinheiro e dizem que outro dia, por causa de um aborrecimento no aeroporto, quis comprar La Paz à vista, arrendou o hotel para hospedar os convidados de uma festa de arromba que vai dar. Eu não devia contar, mas o primeiro dever do jornalista é para com a verdade e a verdade parece ser é que vão instalar um cassino durante os sete dias de festa, com Zecamunista jogando pôquer pela casa. E, se vocês aparecerem durante as festividades e quiserem me ver, eu sou aquele nativo de bermuda e chinelo, junto de uma barraquinha, trocando livros por fichas de roleta — o Brasil é um país de todos.


Olhos cor de âmbar - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O ESTADÃO - 12/01

A decoração estava diferente. As toalhas eram de outra cor. Os quadros tinham desaparecido das paredes. E ele não reconhecia nenhum dos garçons.

— O que houve? — perguntou a um dos desconhecidos.

— Pardon, monsieur?

— O que houve com este lugar? Está tudo mudado.

— Não, não. Desde que eu trabalho aqui, nada mudou.

— E o Michel, que fim levou?

— Quem, monsieur?

— Michel, o garçom mais antigo daqui. Um que adora cachaça. Eu sempre trago uma cachaça para ele, do Brasil. Aliás, estou trazendo uma agora.

— Não conheço, monsieur.

— Não é possível. Será que ele se aposentou? Não tem ninguém que possa me dar notícias do Michel?

— Talvez o Gerard. Ele está aqui há mais tempo do que eu.

— Chame o Gerard, por favor.

Alívio! Ele reconheceu o Gerard. Já estava começando a pensar que tinha entrado no restaurante errado. E o Gerard o reconheceu. Ou pelo menos disse que sim, quando ele perguntou:

— Lembra que eu venho sempre aqui?

— Certamente, monsieur.

— E o Michel, se aposentou?

— Michel...

— Você tem que saber quem é. O velho Michel.

— Francamente, eu...

— E monsieur e a madame Geroux? Onde estão?

— Os dois morreram, monsieur.

— O quê?! E o restaurante ficou para a Lola?

Lola, a de olhos cor de âmbar. Filha do casal Geroux. Linda. Ele também sempre trazia um presente do Brasil para a Lola. Desta vez viera disposto a convidá-la a sentar-se com ele, talvez até saírem para passear na beira do Sena. Mas, segundo Gerard, Lola vendera o restaurante e fora morar em Grenoble com o marido. E já era avó.

De repente ele teve uma espécie de vertigem. A Lola, avó? Isso queria dizer que o tempo passara mais depressa do que ele pensava. Muito mais depressa. Queria dizer que ele estava delirando, sonhando ou talvez até morto. Seria isso? Voltara ao seu restaurante preferido depois de morto só para ter aquela revelação: nosso tempo não é nosso.

O tempo faz o que quer conosco e com a nossa memória, além de nos envelhecer e nos matar. Quando Gerard lhe ofereceu o menu, disse “o de sempre” e viu pelo rosto do garçom que ele não sabia o que era o de sempre. Pediu um Clos des Jacobins como costumava pedir e ouviu Gerard dizer que o restaurante nunca servira aquele vinho.

Na saída do restaurante, teve uma alucinação. A torre Eiffel estava pela metade. O topo da torre ruíra. Uma mensagem final do que o tempo pode fazer com o ferro, o que dirá conosco.

Bafo! Sensação garrafa térmica! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 12/01

E diz que a Dilma vai lançar o Bolsa Calor: todo brasileiro terá direito a uma piscininha de plástico!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Hoje a sensação térmica é de garrafa térmica! E com o Carnaval, Páscoa, Copa e eleições, 2014 só vai entrar em 2015! Bafos da semana: a morte do Nelson Ned e o presídio de Maranhão!

E com a morte do Nelson Ned, o único anão celebridade agora no Brasil é o PIB do Mantega! Ops, com a morte do Nelson Ned, o único anão celebridade agora no Brasil é o ACM Neto! ACMeio metro! Rarará! E a manchete do Piauí Herald: "Dilma decretou meio minuto de silêncio em homenagem ao Nelson Ned".

E atenção! Eu sei como acalmar os presídios no Maranhão! É só o Sarney ir lá e ameaçar ler um livro dele. Aí já é crueldade! Na Constituição de 88 tá escrito que é proibida a tortura no Brasil!

E tá todo mundo falando mal da Roseana porque ela licitou 80 kg de lagosta. Mas a Roseana é fofa: os 80 kg de lagosta eram pra botar nas quentinhas do presídio. Arroz cru, feijão azedo e por cima uma lagosta! Quentinha Roseana Gourmet!

E o nome do presídio: Pedrinhas. Esse Pedrinhas deve ser parente do Sarney. Presídio Pedrinhas Sarney!

Tudo no Maranhão leva o nome do Sarney. "Maranhão tem 26 maternidades com o nome Sarney." Também, pra nascer aquela parentada toda!

E sabe qual o apelido da família Sarney? Morimbundos de Fogo! E sabe como o Sarney chama o Maranhão? MYranhão! E a sigla do Maranhão, MA: Me Ajudem! Rarará!

E o calor? O bafo dos infernos? Sensação térmica: quero ficar pelado. Quero ir pra praia já! Test-drive pro inferno! Hoje dormi no freezer ligado no modo nevar. Tem gente filando ar-condicionado de banco! Vou levar uma cadeira de praia pra agência do Banco do Brasil!

E diz que a Dilma vai lançar o Bolsa Calor: todo brasileiro terá direito a uma piscininha de plástico!

E esse site de Campinas: "Frente frita derruba temperatura". O estagiário errou acertando. Tá tendo uma frente frita no Brasil. Chegou a frente frita! Rarará! E uma amiga dá tanto nesse verão que o apelido dela é Imigrantes: ninguém vai pro litoral sem passar por ela! Rarará! E com esse calor, a Miriam Leitão vai virar torresmo! Rarará!

E olha essa placa num portão: "Querida admiradora secreta: amei o vinho e as flores no portão, só não entendi a galinha e a farofa". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Vamos alugar uns vídeos - FÁBIO PORCHAT

O Estado de S.Paulo - 12/01

Percebi que já faço parte de uma outra geração. Não em relação aos meus pais, em relação aos meus sobrinhos. Semana passada eu falei pra eles: Vamos sair pra alugar uns vídeos. Quê? Vídeo? Primeiro, tio, o que é vídeo? Segundo, pra que sair de casa e alugar um vídeo, se podemos fazer isso em casa pelo Netflix ou por qualquer canal On Demand da TV a cabo?

Realmente, alugar uns vídeos ficou puxado. É que na verdade, eu ainda não consigo sair pra pegar uns DVDs. É estranho. Não é natural pra mim ainda. Fora que já não é nem mais DVD, que agora é Blu-Ray. Aí fica mais difícil ainda de mudar. Mas, parando pra pensar, eu entendo pessoas de outras gerações que ainda falam "bater à máquina", "passar os ferrolhos", "tomar um Grapette". É que tem muito mais coisa por trás dessas frases do que três ou quatro palavras.

Na frase "sair pra alugar uns vídeos" está implícita muita coisa, talvez, toda a minha infância. Eu indo na videolocadora com os meus pais, escolhendo o que eu queria assistir, descobrindo quais eram os novos lançamentos, esperando um tempo na locadora enquanto meus pais iam comprar pão pra ver se devolviam o filme que eu queria e que já estava alugado, colocando a fita no vídeo de casa, descobrindo que tinha que rebobinar porque o cliente anterior devolveu a fita correndo, descobrindo que o cabeçote do videocassete estava sujo e que agora tinha uma linha cinza na tela, vendo minha mãe pegar um cotonete com álcool para limpar por dentro, tirando a fita e percebendo que ela enganchou lá dentro e tem que ter um MacGyver em casa (no caso minha mãe) para tirar sem arrebentar e enroscar a fita de novo, vendo os trailers para saber quais eram os próximos lançamentos, eu sentando a noite com pipoca e chocolate ao lado da minha mãe fazendo ponto e cruz sem olhar a tela porque ela entendia inglês e do meu pai sem camisa sentado na cadeira do papai acelerando o filme porque ele não tinha paciência pras cenas sem fala, e, de vez em quando, se a noite estivesse muito quente, e São Paulo quando é quente é quente, a gente colocando a TV, o vídeo e as cadeiras na varanda pra assistir do lado de fora no ventinho, mesmo cheio de mosquito, minha mãe usando o filme da cinderela para dar aula de inglês pra minha prima Adriana, tampando as legendas, eu gravando o TV Pirata para os meus pais que tinham saído à noite...

Então, realmente, pra eu deixar de falar "alugar uns vídeos" vai levar um tempo. Talvez toda a minha vida adulta. Até porque, quando eu for velhinho, eu aposto que, assim como o LP, o vídeo vai voltar com tudo.

O descaso - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O GLOBO - 12/01

As cenas da barbárie no Maranhão mostraram um grau de selvageria provocado pelos anos de indiferença que espantou o mundo



Esse horror na penitenciária do Maranhão é apenas um exemplo extremo do descaso com que são tratados os apenados no Brasil. Em geral as prisões brasileiras são sucursais do inferno, e tem sido sempre assim, não importa quem governe. O que leva a pensar se não existe, por trás da insensibilidade hereditária, outra razão para o horror. Verbas para o sistema penitenciário estão tradicionalmente entre as últimas prioridades do país, o aumento da criminalidade lota prisões inadequadas, esquecidas pelo poder público, mas não é só isso. Haveria outra lógica, inconsciente mas não menos culpada, justificando o descaso. Chamar as prisões de infernos, como é comum, nos dá uma pista do que seja essa outra lógica. De acordo com a cosmogonia cristã, o inferno é para onde vão os pecadores — para sempre. Pecadores não merecem perdão nem compaixão, seu sofrimento é contínuo e eterno. Existiria a convicção, nunca reconhecida mas prevalente, de que bandido tem que sofrer mesmo, que deveria ter pensado no que o esperava no inferno da prisão antes de cometer seu pecado, e que a sociedade não lhe deve a consideração que daria a um animal.

Qualquer discussão sobre direitos humanos sempre empaca na questão dos limites de consideração que merece um criminoso. É comum acusarem os que se preocupam com os direitos humanos de qualquer humano, mesmo os criminosos, de ignorarem os direitos humanos das suas vítimas. O que é um falso silogismo. Todo humano é humano antes de ser qualquer outra coisa, inclusive um monstro. Na questão de como castigar o criminoso é que seguidamente se sente, disfarçada ou não, a nostalgia da velha e boa, e acima de tudo simples, cosmogonia: o céu para os bons, o inferno e todas as suas agonias para os maus. Presos amontoados, matando-se uns aos outros — é pena, mas quem mandou serem maus?

Penitenciárias superlotadas e violentas não são vergonhas só brasileiras, claro. O problema de como alojar apenados, tratá-los como gente e se possível reabilitá-los é internacional. Mas as cenas da barbárie no Maranhão mostraram um grau de selvageria provocado pelos anos de indiferença que espantou o mundo. Chegamos a isto. Somos os campeões do descaso e das suas consequências.

Tema do garanhão - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 12/01

São do grupo britânico The XX (que nada tem a ver com Eike Batista) as duas músicas mais vendidas no iTunes, hoje em dia, no Brasil. Ambas estão na trilha sonora de "Amores roubados", da TV Globo.
Uma se chama "Angels", tema do garanhão Leandro, personagem de Cauã Reymond, e outra é "Intro", usada nas chamadas da minissérie.

Estilo Antônia...
Aliás, o topless na Praia de Ipanema não pegou, mas, sexta, veja só, três meninas passeavam pelo Posto 9, no mesmo estilo da personagem Antônia, que Ísis Valverde encarna em "Amores roubados".
As moças estavam de seios à mostra por baixo de uma bata transparente, finíssima.

Outra...
José Luis Villamarim, diretor de "Amores roubados", vai estrear no cinema.
Irá dirigir "Cataguases", baseado no romance "Inferno provisório", do escritor mineiro Luiz Ruffato.

Rádio Corredor
A Allianz, a gigante alemã do seguro, negocia uma parceria com o braço segurador do Itaú.
A sede da empresa é em Munique, onde detém os direitos do moderno estádio Allianz Arena, que recebeu o jogo de abertura da Copa de 2006.

Bolsa Miami
Na terça passada, 68% dos visitantes do Downtown Disney, centro de compras e restaurante em Orlando, nos EUA, eram brasileiros.
E olha que, há duas semanas, o governo elevou o imposto sobre cartões pré-pagos e de débito internacionais.


Humor no banco 
Tatá Werneck, a Valdirene de Amor à vida , e Rafael Infante, que faz sucesso com o Porta dos Fundos, são os novos garotos-propaganda do Banco do Brasil. 
Eles vão participar de pequenas esquetes de humor, que serão colocadas na internet a cada 15 dias. O primeiro vai ao ar esta semana. 

A flor da Márcia 
O carnaval já começou nos camelôs de Copacabana. A turma começou a vender acessórios para fantasias. 
O que tem vendido loucamente até agora são aquelas flores para se colocar no cabelo que Márcia (Elizabeth Savalla) usa em Amor à vida . 
Custa R$ 5. 

Torres na Romênia 
Essa terra , de Antonio Torres, vai ser lançado na Romênia, pela editora Universo. 
O negócio foi fechado pelo agente literário francês, Stéphane Chao. O romance já foi lançado em 11 países. 

Literatura fantástica 
A portuguesa Editora Saída de Emergência, recém-chegada ao Brasil, vai fazer, este ano, o prêmio Bang!. 
Trata-se do primeiro concurso internacional de literatura fantástica em língua portuguesa. 
O prêmio será de 3 mil euros.

Lei Roberto Carlos 
O Bloco do Barbas, que desfila em Botafogo, completa 30 anos neste carnaval com o tema Uma biografia não autorizada . 
A camiseta, veja ao lado, foi desenhada pelo cartunista e compositor Claudio Cartier. 

O exibido de Ipanema 
O assunto do momento nos escritórios do Ipanema Business, na Av. Visconde de Pirajá, é sobre um, digamos, vizinho exibido. 
O sujeito tem andado peladão na sala e sacada de uma das unidades de fundos do apart-hotel Tiffany´s Residence Service, no mesmo quarteirão do prédio comercial. 

Afogados da Barra
Um levantamento da Secretaria municipal de Saúde do Rio mostra que as praias da Barra e do Recreio têm mais vítimas graves de afogamento que as da Zona Sul. 
Em 2012 e 2013, o Hospital Lourenço Jorge, na Barra, recebeu 63 vítimas. Já o Miguel Couto, no Leblon, 58. 

Tradição ameaçada 
O quiosque Pôr do Sol, em Ipanema, bem em frente ao Hotel Fasano, não abre mais o coco, uma tradição carioca. 
Um funcionário diz que o patrão, após aumentar o preço para R$ 5, só voltará a abrir o fruto para os clientes quando o número de turistas na cidade diminuir. 

Imagina na Copa!
Um executivo do Citibank esteve, sexta, no Rio. No hotel, pediu um hambúrguer. Cobraram R$ 43.

1.001 Noites de Sheherazade - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 12/01

Famosa pelos comentários polêmicos, a apresentadora Rachel Sheherazade completa mil dias à frente de telejornal do SBT, diz que se decepcionou após votar em Lula e confessa ser 'neurótica' com a violência em São Paulo

O Uruguai virou "sócio de traficantes" ao regulamentar o comércio da maconha. A defesa do Conselho Federal de Medicina à legalização do aborto é "abominável", e possivelmente está criando "um novo nicho de mercado" para a classe médica.

São algumas das ideias da jornalista Rachel Sheherazade, 40, que há quase três anos é paga para falar o que pensa no "SBT Brasil", jornal das 19h45, do qual é apresentadora.

Quem fala o quer quer, lê o que não quer na internet. "Meus votos para 2014: que a Rachel Sherazedo seja estuprada", postou o filósofo Paulo Ghiraldelli, em 26 de dezembro. Ela rebateu no Twitter e vai processar o detrator por incitação a crime. Ele creditou o ataque a um hacker.

Por conflitos como este ("que estavam consumindo meu tempo"), a apresentadora já havia decidido se afastar da internet. "Foi ela que me trouxe aqui, mas comentários e ofensas estavam me deprimindo", conta ao repórter Chico Felitti.

Foi o YouTube que lhe garantiu fama. Em 2011, ela fez um vídeo criticando o Carnaval, pois a festa cercearia o direito de ir e vir do cidadão e sugaria recursos públicos. O comentário, feito na TV Tambaú, de João Pessoa, sua terra natal, caiu na rede e foi visto por mais de meio milhão de pessoas em uma semana.

Três dias depois, em pleno reinado de Momo, recebeu uma ligação de Leon Abravanel, sobrinho de Silvio Santos e diretor de produção do SBT. "Achei que fosse trote." O contato era um convite para vir a SP conhecer a rede.

"Vim desconfiando que seria um convite. Nunca quis sair da minha cidade, não preciso sair da minha região para me realizar." Mas topou.

Até então fazia dupla jornada. Passou em um concurso para ser escrivã em um tribunal para ajudar a fechar as contas, porque o jornalismo na Paraíba "não bastava". Está licenciada e termina nos próximos dias o período máximo de afastamento. "Vou pedir desligamento."

Passaram-se mais de mil dias até a certeza de que poderia abdicar da estabilidade do funcionalismo público. Ela não fala em dinheiro, mas o salário de apresentadora, em torno de R$ 150 mil, permitiu que seu marido, Rodrigo, deixasse o emprego na Paraíba para acompanhá-la.

"Foi uma prova de fogo. O homem nordestino pode ser muito machista. Olhamos o que é melhor para a família." Moram com os filhos Clara, 5, e Gabriel, 3, numa casa em Alphaville, complexo de condomínios de luxo a 23 km de São Paulo. Mas o clã faz pouco esse percurso.

"Eu tenho muito medo. Sou meio neurótica com violência urbana, mais ainda depois de começar a fazer bancada, noticiar tudo o que há de ruim." Quando os quatro vêm a São Paulo, "muito esporadicamente", optam por ir a teatros de shopping.

Se não, é de casa para a labuta, como no dia em que encontrou a reportagem. Ela chega ao SBT às 14h, dirigindo seu sedã preto, com pulôver da mesma cor, bordado com pedrarias. Ainda não decidiu o tema do comentário.

Está entre Edward Snowden, ex-agente que vazou informações confidenciais da agência de inteligência americana e sinalizara que queria asilo do Brasil, e a rebelião na Papuda, penitenciária onde estão presos condenados do mensalão. Acabou ficando com política brasileira, "mais interessante".

Escreve o texto no camarim, "como quem conta uma história". Seu nome, inclusive, veio de uma contadora de casos: a avó paterna leu os contos das mil e uma noites e se apaixonou pela protagonista, Sherazade. O segundo nome, adotado como sobrenome no lugar do original, Barbosa, ganhou nova sílaba sem razão conhecida.

Ela dá as razões para ter mudado de orientação política. "Eu era de esquerda. Pintei a cara para o Collor sair. Votei no Lula até ele ser eleito. Me decepcionei com o PT." Hoje, vota "em pessoas, não em partidos". Não declara em quem vai votar neste ano.

"Com a minha maturidade, passei a ter posicionamentos mais de direita do que de esquerda." Cita o direito à vida e à propriedade como exemplos. Em um aspecto pelo menos ficou mais liberal: o estético. Foi instruída pela emissora a usar bobes para dar volume às mechas escorridas. Detestava. "Hoje, não tenho vergonha de ir à praça de alimentação de bobe."

Confessa não ser vaidosa. "É um suplício", diz ao se dirigir ao camarim para ser maquiada. No caminho, elogia Reinaldo Azevedo, colunista da Folha e da revista "Veja". "Ele é um fofo! Me defendeu na história do Lula."

A tal história: o ex-presidente teria se referido a ela como "uma jornalista do SBT, de 20 e poucos anos" que faz críticas "sem embasamento". Azevedo fez um texto em defesa da colega em seu blog.

Rachel, por sua vez, defende o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. "Ele sofre perseguição religiosa", diz ela, sobre o parlamentar criticado por posições controversas como a "cura gay".

É evangélica desde os 23 anos, quando foi batizada na igreja Batista. "A fé é 100% importante. Não teria resistido às dificuldades que encontrei aqui se não fosse pela fé."

Entre os percalços, ser nordestina ("ainda há preconceito forte") e trabalhar em "uma redação que te olhavam de banda por ter chegado pelas mãos do dono".

Não que fosse queridinha do patrão. Diz só encontrá-lo no salão de cabeleireiro Jassa, que tem convênio com a emissora. "Silvio é muito gente."

O chefe um dia perguntou por que ela não improvisa seus famosos comentários. "A gente faz ao vivo, cada segundo conta", respondeu. Precisa treinar para encaixar a fala em 45 segundos.

Chegando ao camarim, ela comenta que não quer fazer jornalismo para sempre. Mas desconversa. "Por enquanto estou feliz." Pelo menos até 2015, quando vence seu contrato, vai viver de discursar, como a xará da literatura. A personagem original, diz a lenda, prendia a atenção do rei narrando aventuras por mil e uma noites. "Ela, no fim, é igual à gente, tem que segurar a audiência."

Na marca do pênalti - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 12/01

A maior ameaça ao PP no Ministério das Cidades não é o PMDB nem o PT. Mas sua candidata ao governo gaúcho, a senadora Ana Amélia. Ela é cortejada pela presidente Dilma, pelo tucano Aécio Neves e pelo socialista Eduardo Campos. O Planalto já mandou recado: o partido perderá a pasta caso ela abra seu palanque para a oposição. A neutralidade é o máximo tolerável.

Com a corda toda
O desgaste do governador Sérgio Cabral (RJ) vem sendo cantado em prosa e verso. Mas o PT, que terá candidato próprio, está preocupado com sua conduta na campanha. Um de seus dirigentes regionais afirmou que eles terão de “calibrar” o discurso crítico. “É estranho bater num governo do qual participamos desde o início”, comentou ele. O caso dos tucanos é ainda mais eloquente. O PSDB tem se recusado a embarcar na candidatura de Cesar Maia (DEM). E sonha com uma aliança com Cabral, candidato ao Senado. Os tucanos consideram eleitoralmente relevante ter a máquina do PMDB no governo estadual a serviço de seu candidato ao Planalto, Aécio Neves.

“A culpa não é do governo. O problema é que cada ministro acha que é o dono do mundo”
Eduardo Cunha Líder do PMDB na Câmara (RJ), sobre o descontentamento da base com a execução e liberação das emendas parlamentares ao Orçamento

Na carona
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, quer aproveitar a presença da presidente Dilma na reunião de Davos, no final de janeiro, para se reunir com ela. Blatter encaminhou ao Itamaraty um pedido de audiência para tratar da Copa.

Na tela da TV
O governo brasileiro está preparando uma grande campanha internacional para vender a imagem do Brasil. O mote é a realização da Copa e depois das Olimpíadas. A APEX é patrocinadora da Copa e terá painéis em todos os estádios dos jogos.

Na linha de passe
Os petistas conseguiram detonar a ida de Ciro Gomes (PROS) para a Saúde. Mas o governador Cid Gomes (Ceará) está bem posicionado para a Educação, no caso de reeleição. A presidente Dilma não se cansa de elogiar a gestão de seu governo para a área. Com ênfase para o programa de alfabetização de crianças até os oito anos.

Intriga na rede
A repercussão do artigo publicado na página do PT no Facebook desancando o governador Eduardo Campos (PSB) virou uma arma na disputa interna para comandar a campanha na internet pela reeleição da presidente Dilma.

Em causa própria
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) virou alvo dos petistas que querem derrubá-la. Na liberação de créditos extras, ela levou para Santa Catarina R$ 30,5 milhões de Cidades; R$ 61,3 milhões do Turismo; e mais R$ 6,2 milhões da Agricultura.

O MINISTRO Antônio Andrade (Agricultura) é quem o PT quer para vice de Fernando Pimentel. Perdeu a preferência o senador Clésio Andrade (PMDB).

Imagina na Copa - BERNARDO MELLO FRANCO - PAINEL

FOLHA DE SP - 12/01

A Polícia Federal foi acionada para monitorar a situação dos presídios nas 12 cidades que receberão jogos da Copa. Depois das cenas de barbárie no Maranhão, o Planalto passou a ter pesadelos com a possibilidade de rebeliões perto dos estádios. A ordem é reduzir os riscos de novo desgaste à imagem do país quando toda a imprensa mundial estiver aqui. No governo Dilma, já houve motins em presídios de cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Santa Catarina e Paraná.

Além das 12 
O governo também está preocupado com a segurança das seleções que se hospedarão fora das capitais onde acontecem os jogos. Só no interior e no litoral de São Paulo, por exemplo, ficarão 12 delegações.

Rédea curta 
Em contagem regressiva para a Copa, Dilma Rousseff decidiu se reunir a cada 15 dias com todos os ministros envolvidos na organização dos jogos.

Tô nem aí 
Alvo de críticas do mercado, o ministro Guido Mantega (Fazenda) estará de ferias durante o Fórum Econômico Mundial, no fim do mês. Dilma vai a Davos com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Alforria 
Petistas querem que a presidente libere Alexandre Padilha (Saúde) para a campanha assim que chegar da Suíça. No cargo, o ministro só tem os fins de semana para tocar sua candidatura ao governo paulista.

O argentino 
O publicitário Diego Brandy, espécie de guru de Eduardo Campos (PSB), já teve as primeiras conversas com a equipe de Marina Silva. Segundo aliados do pernambucano, ele deve comandar a comunicação da campanha.

Ele é o cara 
O alckmista Márcio França (PSB-SP) criou mais um atrito com a Rede. No fim de 2013, seu gabinete distribuiu informativo que atribuía a Marina um depoimento cheio de elogios ao deputado. "Foi o Márcio França que me trouxe para o PSB", dizia a ex-senadora no texto.

Só que não 
Ao lado da frase, o jornalzinho trazia uma foto de Marina, sorridente. O problema é que ela nunca disse nada daquilo. França reconheceu o erro pelo Facebook, mas os sonháticos ainda estão irritadíssimos.

Lagosta 
A família Sarney comemorou o Ano-Novo com uma grande festa na residência oficial de veraneio do governo do Maranhão. A casa é a mesma que receberia encomenda de 80 kg de lagosta fresca às custas do Estado.

Champanhe 
Além de reunir o clã, Roseana Sarney (PMDB) convidou empresários e socialites para brindar o Réveillon. Entre eles, Luiz Carlos Cantanhede, cuja empresa recebeu R$ 7,6 milhões em 2013 para ajudar a gerir os presídios maranhenses.

Discurso 
Perto da meia-noite, o patriarca José Sarney (PMDB-AP) fez a saudação de Ano-Novo. Segundo o jornal da família, o senador "leu trechos da Bíblia e fez prece por dias melhores para o Maranhão, para o Brasil e para toda a Humanidade."

Filósofo 
De acordo com a coluna social do jornal "O Estado do Maranhão", as palavras do ex-presidente tiveram "a força das lições que ficam e que se vão, sopradas pelos ventos constantes, mas que devem nos fazer refletir."

De uma vez 
Prestes a mexer na equipe, Geraldo Alckmin (PSDB) avalia uma sugestão inusitada: exonerar todos os secretários e renomear, em seguida, os que devem ficar até o fim do ano.

Tem lógica? 
A ideia, explica um aliado, é poupar o governador de constrangimento ao se livrar de secretários que não deram certo. Alckmin ficou de pensar.

Tiroteio
Com tanto partido interessado, tem gente sugerindo trocar o nome do ministério para Desintegração Nacional. Da base, é claro!

DO DEPUTADO LÚCIO VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre a disputa entre PMDB e PP para assumir o Ministério da Integração Nacional após a reforma de Dilma.

Contraponto


Para que lado eu vou?
O ex-presidente Lula chegou animado à sessão solene em homenagem aos 25 anos da Constituição, em setembro passado. Na hora de discursar, perguntou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), qual das duas tribunas era usada pelos políticos de situação.

-Eu estava preocupado e perguntei ao Renan qual era a tribuna da oposição e qual era a da situação -contou o presidente, ao iniciar sua fala.

-Ele me disse que esta aqui era a da situação. E eu respondi: "Então é dessa que vou falar, para a imprensa não me confundir!" -arrematou.

O perigo das PECs - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 12/01

Nas reuniões que a presidente Dilma Rousseff terá ainda este mês a fim de preparar seu governo para a volta dos trabalhos no Congresso Nacional, ela pedirá a ministros e líderes que fiquem em estado de alerta em relação às propostas de emendas constitucionais, as PECs. Elas são a nova onda dos congressistas para abrir a caixa de bondades. É que essas propostas, apesar de exigirem o sim de um número expressivo de parlamentares (308 na Câmara, em dois turnos), têm virado “arroz de festa”, pois não passam pelo crivo do Poder Executivo (são votadas e promulgadas pelo Legislativo). Para completar, “furam” a fila e a barragem a que ficam restritos os projetos de lei quando há medidas provisórias em pauta.

A lista de fogueiras a pular nesse quesito é grande: tem emendas constitucionais para tratar de benefícios de todos os tipos, para os soldados da borracha, ampliação de salários para agentes de saúde, policiais militares e por aí vai. Em um ano eleitoral, em que muitos deputados (e partidos) ficarão insatisfeitos com a reforma ministerial e ávidos para agradar ao eleitor, todo o cuidado com esses dispositivos é pouco.

Campeões de gastos
A Câmara publicou em seu site oficial na internet (www.camara.gov.br) os gastos dos deputados com a cota de atividade parlamentar. De fevereiro de 2011, quando começou a legislatura, até o fim de dezembro de 2013, os deputados que mais gastaram foram: Raul Lima (PP-RR), R$ 1.206.954,21; Jhonatan de Jesus (PRB-RR), R$ 1.198.508,56; e Padre Ton (PT-RO), R$ 1.164.954,31.

Campeões de economia
Dos 513 deputados, os que menos gastaram foram: Miro Teixeira (Pros-RJ), R$ 204.206,06; Nice Lobão (PSD-MA),
R$ 85.866,47; e Reguffe (PDT-DF), apenas R$ 30.925,79.

Campeões do disfarce
A cota de atividade parlamentar misturou gastos normais de gabinete — tais como o uso do telefone fixo — com a verba indenizatória. O mix vem sob medida para não deixar nenhum deputado com custo zero. Reguffe, por exemplo, optou por não usar a verba indenizatória.

CURTIDAS 
A alegria do PMDB/ Michel Temer saiu pra lá de satisfeito com a conversa que manteve com a presidente Dilma Rousseff a respeito dos palanques regionais. Tanto é que vai amanhã ao Rio de Janeiro para dizer aos peemedebistas que nem tudo está perdido. Ele ainda convocou a cúpula do partido para uma reunião em Brasília nesta quarta-feira.

A desconfiança do PMDB/ A convenção que deverá selar o acordo do partido com Dilma Rousseff ficou para abril. Assim, têm-se três meses para ver se a conversa de Dilma foi para valer ou apenas mais um afago no vice.

Fora da foto/ No papel de pré-candidato ao governo do Maranhão, o presidente da Embratur, Flávio Dino, do PCdoB, se mantém longe do desgaste que assola a governadora do estado, Roseana Sarney. Dino está de férias. Só volta na semana que vem.

A esperança de Walter/ O deputado Walter Feldman (foto), da virtual Rede, avisa que nada está fechado no PSB a respeito do governo de São Paulo: “Geraldo Alckmin foi muito elegante ao dizer que seguirá qualquer caminho que o PSB e a Rede determinarem. Temos programa, temos nomes e não está descartada a candidatura própria. A política deve prevalecer nessa construção”. Em tempo: de Pernambuco, vêm avisos de que Feldman não deixa de ter alguma razão nas suas declarações.

Convers@de domingo
O líder do Pros, deputado Givaldo Carimbão, de Alagoas, conta os planos eleitorais do partido e as perspectivas de ingresso no governo Dilma dentro da reforma ministerial. Confira no site www.correiobraziliense.com.br

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 12/01

Grupo investirá R$ 400 mi em condomínios industriais
A Log Commercial Properties, empresa controlada pelo grupo MRV, do setor de construção, investirá cerca de R$ 400 milhões neste ano em novos projetos de condomínios logísticos e galpões industriais para locação.

O aporte permitirá a expansão de aproximadamente 35% no estoque de imóveis da companhia para aluguel.

"Terminamos dezembro de 2013 com um total de 550 mil metros quadrados de ABL [área bruta locável]. Deveremos chegar neste ano a 750 mil metros quadrados", afirma Sérgio Fischer, executivo responsável pela empresa.

Ao menos cinco projetos que serão lançados no primeiro semestre de 2014 têm locais definidos: Aracaju, Curitiba, Rio de Janeiro, Macaé (RJ) e Uberaba (MG).

Além desses, há outras obras já anunciadas que estão em andamento e deverão ser entregues neste ano em municípios como Fortaleza, Goiânia, Viana (ES), Resende (RJ) e Juiz de Fora (MG).

"Os nossos maiores locadores de espaço são voltados ao consumo, como atacadistas e transportadoras. Então, a força do mercado é o principal critério levado em consideração na hora de escolha da cidade", diz Fischer.

"Muitas regiões se tornaram grandes centros de consumo, mas ainda têm carência de parques industriais de qualidade", afirma.

O montante necessário para os projetos está garantido desde o ano passado, de acordo com o executivo.

Em 2013, a Log recebeu uma capitalização de R$ 278 milhões --R$ 128 milhões foram do FIP MPlus, fundo de private equity gerido pelo Bradesco BBI.

O QUE EU ESTOU LENDO
JOSÉ BERENGUER, diretor-presidente do J.P. Morgan no Brasil

Principal executivo do banco J.P.Morgan no Brasil, José Berenguer tem deixado à sua cabeceira livros mais voltados à distração.

Ganhou de um amigo "Noble Rot: A Bordeaux Wine Revolution", de William Echikson, colunista de vinhos do "Wall Street Journal".

"O presente já estimula a leitura, pois assim poderemos compartilhar mais sobre o tema. Tenho a impressão de que, quanto mais se aprende sobre o vinho, mais saboroso ele se torna", afirma Berenguer.

"A narrativa de Echikson proporciona uma viagem pelo mundo do bordeaux."

A leitura é alternada com a de "Inferno", do norte-americano Dan Brown, o mesmo autor do best-seller "O Código Da Vinci".

"Faz o leitor grudar os olhos nas páginas. O cenário é a belíssima Florença [na Itália] e a narração é fácil. Nada melhor para quem tem um cotidiano intenso do que um livro como esse na cabeceira. Pura diversão."

GARANTIA EXECUTADA
O governo de São Paulo realizará um leilão de créditos de ICMS no início de fevereiro. Essa é a segunda vez que o Estado organiza uma disputa nesse modelo --a primeira foi em julho de 2013.

O valor de face dos créditos aumentou: passou de R$ 20 milhões, no ano passado, para R$ 30 milhões. O deságio máximo, no entanto, foi reduzido de 8% para 6%.

O governo também alterou o formato do leilão: irá oferecer 26 lotes, cada um de R$ 1,148 milhão. As empresas deverão pagar um preço mínimo de R$ 1,08 milhão.

"A mudança foi feita para atrair firmas com menor volume de pagamento de ICMS", diz Gilberto Fioravante, superintendente da Desenvolve SP --órgão que organiza o leilão. No ano passado, a Ambev foi a única participante da disputa.

Os créditos leiloados são originalmente de abatedouros de aves. Para ajudar o setor em crise, foram concedidos créditos do imposto no valor de 5% das vendas realizadas a outros Estados.

Em seguida, a Desenvolve SP concedeu empréstimos a essas empresas. Os créditos de ICMS foram dados como garantia. No momento de pagar, as firmas preferiram ter a garantia executada. Na prática, pagaram os empréstimos com os créditos de ICMS.

MORDIDA MAIOR
A média global das alíquotas máximas de imposto de renda de pessoas físicas cresceu em 2013. O percentual passou de 28,9% em 2012 para 29,2% no ano passado, segundo estudo da KPMG.

Houve ampliação em nove países, em um universo de 115 pesquisados pela empresa.

A maior elevação ocorreu na Eslovênia, onde o teto do imposto avançou nove pontos percentuais --de 41% para 50% dos rendimentos.

Nos Estados Unidos, a alíquota federal mais alta passou de 35% para 39,6%.

"A situação econômica dos países causou o aumento dos impostos", afirma Patrícia Quintas, sócia de tributos da KPMG no Brasil.

A elevação dos percentuais ou mesmo a criação de tributos temporários para contribuintes com rendas mais altas foi a saída encontrada por vários governos diante de seus deficits orçamentários, de acordo com a executiva.

Em quatro das nações pesquisadas, no entanto, houve queda: Grécia, Islândia, Letônia e Reino Unido. Neste último, o topo da cobrança foi de 50% para 45%.

O Brasil manteve sua alíquota máxima em 27,5%.
Sinal para todos O governo de Minas Gerais vai publicar um edital nesta segunda para selecionar a empresa responsável pelo projeto de universalização da telefonia móvel do Estado. A companhia vencedora receberá R$ 134,8 milhões em créditos de ICMS.

Energia A ABB, de energia e automação, concluiu um projeto de revitalização da usina Governador Ney Braga (PR), orçado em R$ 17 milhões.

Novo segmento A Naxentia, que atua com fusões e aquisições, entrará no mercado de administração de carteiras e fundos de investimentos com a Naxentia Capital.