CORREIO BRAZILIENSE - 12/01
A reação dos deficientes visuais privados de entender a mensagem da presidente da República em 21 de junho de 2013 reabre velha ferida para a qual se exige resposta imediata. Na oportunidade, Dilma usou cadeia nacional de rádio e televisão para dar satisfação aos milhões de manifestantes que protestavam nas ruas das principais cidades de norte a sul do país.
O pronunciamento foi apenas oral. Quem não tinha a capacidade de ouvir só teve a alternativa de adivinhar a fala pelo movimento dos lábios. É como se não existissem recursos aptos a incluir os 9 milhões de surdos na normalidade da comunicação. Mas existem. Além da legenda, que só atende os alfabetizados, há intérpretes especializados na língua brasileira de sinais (Libras). O Ministério Público abriu inquérito para investigar a discriminação frequentemente observada contra essa parcela da população.
Na verdade, a acessibilidade não constitui problema apenas dos privados do sentido da audição. É bem mais geral. Outros brasileiros com necessidades especiais também sofrem ao exercer o legítimo direito de cidadão. Faltam sinais sonoros para avisar aos cegos a hora de atravessar a rua. Ônibus não baixam o degrau para facilitar a entrada ou a saída de passageiros idosos ou com dificuldade de locomoção.
Não só. Prédios, mesmo públicos, não dispõem de rampas de acesso nem contam com elevador. As calçadas impossibilitam o vai e vem de pedestres e cadeirantes. Além de buracos e entulhos ao longo do percurso, muitas interrompem o caminho com vasos de plantas postos em frente de residências ou de casas comerciais. Quedas e acidentes tornam-se rotina em espaços tão hostis.
A realidade externa das pessoas com alguma necessidade especial lembra canção de Chico Buarque: "O tempo passou na janela / só Carolina não viu". Foi o que aconteceu no Brasil. As autoridades desconheceram - e teimam em desconhecer - mudança no comportamento da sociedade. Ficaram no passado distante os tempos em que as famílias escondiam os filhos ou parentes com qualquer característica que os diferenciava da maioria. Isoladas, eram pessoas sem visibilidade e sem direitos.
Hoje a mentalidade é outra. Eles estão nas ruas, nas escolas, nos concursos, nos empregos. Exercem a cidadania. Votam e pagam impostos. Têm direitos e querem exercê-los. O Estado precisa agir - fazer cumprir a Constituição e as leis. A falta de compromisso é resquício caduco. Segundo o Censo de 2010, 24% da população têm alguma necessidade especial. Excluir um em cada 4 brasileiros é bancar a Carolina. Envergonha o Brasil moderno.
O pronunciamento foi apenas oral. Quem não tinha a capacidade de ouvir só teve a alternativa de adivinhar a fala pelo movimento dos lábios. É como se não existissem recursos aptos a incluir os 9 milhões de surdos na normalidade da comunicação. Mas existem. Além da legenda, que só atende os alfabetizados, há intérpretes especializados na língua brasileira de sinais (Libras). O Ministério Público abriu inquérito para investigar a discriminação frequentemente observada contra essa parcela da população.
Na verdade, a acessibilidade não constitui problema apenas dos privados do sentido da audição. É bem mais geral. Outros brasileiros com necessidades especiais também sofrem ao exercer o legítimo direito de cidadão. Faltam sinais sonoros para avisar aos cegos a hora de atravessar a rua. Ônibus não baixam o degrau para facilitar a entrada ou a saída de passageiros idosos ou com dificuldade de locomoção.
Não só. Prédios, mesmo públicos, não dispõem de rampas de acesso nem contam com elevador. As calçadas impossibilitam o vai e vem de pedestres e cadeirantes. Além de buracos e entulhos ao longo do percurso, muitas interrompem o caminho com vasos de plantas postos em frente de residências ou de casas comerciais. Quedas e acidentes tornam-se rotina em espaços tão hostis.
A realidade externa das pessoas com alguma necessidade especial lembra canção de Chico Buarque: "O tempo passou na janela / só Carolina não viu". Foi o que aconteceu no Brasil. As autoridades desconheceram - e teimam em desconhecer - mudança no comportamento da sociedade. Ficaram no passado distante os tempos em que as famílias escondiam os filhos ou parentes com qualquer característica que os diferenciava da maioria. Isoladas, eram pessoas sem visibilidade e sem direitos.
Hoje a mentalidade é outra. Eles estão nas ruas, nas escolas, nos concursos, nos empregos. Exercem a cidadania. Votam e pagam impostos. Têm direitos e querem exercê-los. O Estado precisa agir - fazer cumprir a Constituição e as leis. A falta de compromisso é resquício caduco. Segundo o Censo de 2010, 24% da população têm alguma necessidade especial. Excluir um em cada 4 brasileiros é bancar a Carolina. Envergonha o Brasil moderno.
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