sexta-feira, abril 10, 2009

GOSTOSA


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GIULIO SANMARTINI

O cara de bobo da corte
SITE PROSA & POLÍTICA

 A esperteza trapaceira dos pobres de espírito, que vêem somente eles no mirrado espelho das vaidades e pensam, num comparativo míope que podem enganar todos, mas só o conseguem fazer aos humildes desprovidos de algum recurso e aos bajuladores, que ao aplaudi-lo, só objetivam vantagens próprias de licitude duvidosa.

Na mão do atual presidente da República, extinguiu-se “o país do futuro” preconizado pelo escritor austríaco Stefen Zweig (1881/1942), passando a ser uma nação mumificada pela corrupção, incompetência e ergofobia.

Para os poderosos do mundo ele é folclórico, grosseiro, rude e ignorante, não é levado a sério, é tratado com condescendência e como um bobo da corte que solta flatos nas festas.

Portanto um homem como Barack Obama, que governa fazendo o que prometeu: as mudanças; que com dístico: “sim nos podemos”, vem norteando os dias cruéis dos estadunidenses, não pode estar falando sério, ele está ironizando o ridículo Lula, ao qualificá-lo como “o político mais popular da Terra” e finalizando com “esse é o cara! Eu adoro esse cara”.

Só não entendo como alguns colegas jornalistas, alguns até de renome, estejam veiculando esse fato como algo sério, quando se percebe imediatamente que Obama não está elogiando o presidente brasileiro, mas mangando dele.

Lula é o governante, com mostra a foto, que em público para fazer graça, talvez por estar bêbado, ou pelos dois motivos juntos, tira o sapato, a meia que a cheirando e fazendo uma grotesca e chula alusão ao mau cheio que lhe vem do pé. Esse que de fato é “o cara”.


MERVAL PEREIRA

 Gestão anticrise

O GLOBO - 10/04/09

A repercussão da crise econômica nas finanças de estados e municípios já está se transformando em fonte de crises sociais e políticas graves, especialmente nas regiões menos desenvolvidas do país, que dependem de transferências do governo federal. Além do decréscimo da atividade econômica, também reduziu a arrecadação, a concessão de isenções, especialmente do IR e do IPI, com que o governo federal tenta reativar o mercado interno. O perigo é que muitas prefeituras paralisem os serviços básicos de saúde, educação e coleta de lixo por falta de dinheiro. O programa de apoio a estados e municípios que o governo deve anunciar na próxima semana objetiva amenizar essas perdas, que deveriam também ser compensadas pelos investimentos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que, no entanto, não conseguem deslanchar.

Em contraposição à ineficiência federal, que coloca em xeque a candidatura da ministra Dilma Rousseff, identificada para o bem e para o mal com o PAC, existem alguns governos estaduais, de diferentes filiações partidárias, mas todos identificados com a oposição, que estão demonstrando como atuar em momentos de crise. Todos são exemplos de gestão pública moderna, tema que estará no centro do debate sucessório.

O Espírito Santo, governado pelo peemedebista Paulo Hartung, é considerado pelo economista Cláudio Porto, da empresa de consultoria Macroplan, especialista em análises prospectivas e gestão pública, "de longe", como o estado que se antecipou mais e deu uma resposta mais organizada à crise.

Depois do Espírito Santo, o estado que teve uma posição mais proativa e agressiva foi São Paulo, governado por José Serra, provável candidato do PSDB à sucessão de Lula. Minas Gerais, governado pelo tucano Aécio Neves, outro potencial candidato à Presidência, e o Distrito Federal, governado pelo democrata José Roberto Arruda, são outros exemplos de boa atuação administrativa durante a crise, na avaliação de Cláudio Porto, que dá consultoria atualmente ao governo do Espírito Santo e já trabalhou com os governos de São Paulo e Minas, e por isso tem uma boa visão interna dos processos decisórios.

Com exceção do Distrito Federal, os outros três estados têm sua economia baseada nos setores mais modernos, ligados à exportação, e por isso sofreram mais fortemente os efeitos da crise.

O governo de São Paulo anunciou, em fevereiro de 2009, medidas para aquecer a economia e combater a crise financeira. Autorizou a antecipação, para o primeiro quadrimestre do ano, período em que a crise se abate com maior rigor, da compra de bens duráveis, e também inverteu as fases do processo licitatório, o que poderá torná-lo mais célere.

No campo dos incentivos aos investimentos privados, para desonerar setores estratégicos, autorizou o adiamento do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) pago na aquisição de bens de capital. Outra medida prorroga a redução de alíquota do ICMS de 18% para 12% até 31/12/2009.

Os micro e pequenos empresários terão acesso facilitado aos empréstimos do Fundo de Aval Estadual (FDA), e o governo irá equalizar a taxa de juros em financiamentos concedidos a micro e pequenas empresas, e reservar até R$80 mil às micro e pequenas empresas nas compras governamentais.

Já em novembro do ano passado, o governador de Minas, Aécio Neves, anunciou um conjunto de medidas de flexibilização tributária e de aumento de crédito para o setor produtivo (injeção de R$1,3 bilhão), para ajudar empresas de vários setores a enfrentar os efeitos da crise.

Prometeu ainda dar mais agilidade aos procedimentos fazendários em 2009. Além disso, o Orçamento de 2009 prevê investimentos do estado da ordem de R$11 bilhões, com a expectativa de executar a integralidade dos investimentos.

Por um período de seis meses, as empresas mineiras terão mais prazo para o recolhimento do ICMS, o que contribui para aumentar a liquidez das empresas.

O governo do Distrito Federal tem hoje R$1,6 bilhão em caixa e está priorizando as obras. As maiores intervenções foram feitas em relação ao serviço público. O GDF decidiu suspender novos concursos e congelar, por pelo menos três meses, os benefícios e reajuste dos servidores públicos (que seria, em média, de 5,5%).

Foi criada ainda uma comissão de avaliação da receita e das despesas que analisará, a cada três meses, a disponibilidade orçamentária e financeira a que ficarão condicionados os futuros reajustes salariais do funcionalismo.

Este tipo de estrutura também foi criada no Espírito Santo, que tem um Comitê Gestor do Programa de Controle e Eficiência do Gasto Público.

O governo do Espírito Santo anunciou um investimento de R$1 bilhão para o estado até 2010, o que só foi possível devido às medidas de contenção adotadas desde setembro do ano passado, quando a crise começou: o estado conseguiu fazer poupança e manter o nível de investimento.

Esta nova etapa do planejamento estratégico do estado reflete uma profissionalização da gestão cada vez maior no Espírito Santo, analisa Porto. Por trás desses bons resultados do governo capixaba está um esforço de modernização da gestão: a simplificação de processos e um sistema de gestão intensiva de projetos.

Praticamente não existem atrasos nos projetos do governo do Espírito Santo. Claudio Porto, presidente da Macroplan, destaca que uma das grandes dificuldades enfrentadas na esfera governamental é justamente conseguir realizar os investimentos previstos no orçamento. "Do governo federal, por exemplo, apenas 52% do orçamento de 2008 previsto para o Espírito Santo foram executados".

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
O Lula shakespeariano

"O Brasil representa o elemento de comicidade
nesses encontros internacionais, a taberna suja
e barulhenta que contrasta com o rigor puritano
do Castelo de Westminster"

Lula e Barack Obama confraternizaram no G-20 como Falstaff e o Príncipe de Gales no H-4 – ou Henrique IV.

Ato I, cena II:

FALSTAFF – Que horas são, rapaz?

PRÍNCIPE – Embruteceste de tal modo, à força de beber xerez, de desabotoar-te depois da ceia e de dormir à tarde sobre os bancos, que esqueces de perguntar o que realmente mais importa saberes. Que diabo tens tu que ver com o tempo?

Falstaff – o Falstaff shakespeariano – é obeso, barbado, embriagado, ocioso, medroso, mulherengo, traidor, desonesto. Ele anima as noitadas do Príncipe de Gales com seus planos para roubar as bolsas dos peregrinos. O Príncipe de Gales só se aborrece quando Falstaff é infiel à sua imagem de fanfarronice, como na passagem em que pergunta, distraidamente, as horas.

Lula – isso mesmo, o Lula shakespeariano – animou as noitadas de Barack Obama durante o G-20. Quando perguntou as horas, ninguém respondeu. O Brasil representa o elemento de comicidade nesses encontros internacionais, a taberna suja e barulhenta que contrasta com o rigor puritano do Castelo de Westminster. A trama que "realmente mais importa", na qual se decide o destino da Inglaterra, se desenrola em outras cenas, em outros ambientes, com outros protagonistas.

Concretamente, em números, como as horas no mostrador de um relógio: Barack Obama, para tentar restabelecer a economia dos Estados Unidos, está aumentando o déficit público, num prazo de dez anos, em cerca de 6 500 000 000 000 de dólares (com todos os zeros); Lula, para tentar restabelecer a economia do Brasil, cortou o IPI de alguns produtos por um prazo de três meses, reduzindo o custo do saco de 25 quilos de cimento em cerca de 40 centavos (com todos os zeros).

Os majestosos pacotes fiscais de Barack Obama prometem enterrar os Estados Unidos, financiando uma série de indústrias falidas. No Brasil, ao contrário, o corte do IPI do cimento ajudará, indiretamente, uma indústria próspera: a do comércio de drogas. Em primeiro lugar, estimulando o crescimento das favelas. Encasteladas nos morros, elas correspondem, para os traficantes, às fortalezas medievais: Comando Vermelho e William Shakespeare. Em segundo lugar, subsidiando a cocaína. Algumas semanas atrás, o Globo mostrou que os traficantes da Rocinha (o rei do tráfico – o Henrique IV da Rocinha – é conhecido como Nem) misturam cimento à cocaína. O que fez o governo? Zerou o IPI da cocaína por três meses, garantindo uma economia de 40 centavos a cada 25 quilos. Isso sim é uma medida anticíclica. O Globo mostrou também que, em nossa taberna falstaffiana, suja e barulhenta, adolescentes com pouco mais de 25 quilos de peso se prostituem por 1,99 real. Sem IPI.

Em Henrique IV, o Príncipe de Gales, depois de assumir o trono, repudia Falstaff. Ei, Lula: agora são 11h53.

PARA...HIHIHI

 A PRIMEIRA VEZ DO ÍNDIO 
  
Um índio encontrou com uma prostituta e disse: 
- Índio quer sexo! Índio tem dinheiro! 
- A prostituta perguntou: 
- Índio tem experiência? Já fez sexo antes? 
- O índio respondeu: 
- Índio primeira vez! 
- A prostituta ponderou: 
- Então, índio vai no mato, procura um buraco numa árvore, aprende 
- como se faz e depois volta aqui! 
- Uma semana depois, o índio voltou a encontrar com a prostituta e disse: 
- Índio quer sexo! Índio tem dinheiro! Índio já aprendeu! 
- A prostituta e o índio foram para um motel. Já no quarto do motel, 

- O índio mandou a prostituta tirar a roupa e ficar de quatro. 

- Depois, o índio pegou um pedaço de pau e começou a bater na bunda dela. 

- Aos gritos, a prostituta perguntou: 
- Ei, índio! O que você tá fazendo? 
- O índio respondeu: 
- Índio tá vendo primeiro se tem abelha no buraco

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama
Holofote


Fábio Portela

Em 2010, FHC para presidente

Dida Sampaio/AE


A situação do colombiano Luis Alberto Moreno à frente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) não é confortável. Sua gestão é contestada dentro e fora da instituição. No ano que vem, seu mandato acabará. Apesar de Moreno sonhar com a reeleição, os Estados Unidos estão reticentes sobre apoiá-lo novamente. Em Washington, surgiu um movimento que pretende colocar no cargo o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso. Seu principal cabo eleitoral é o uruguaio Enrique Iglesias, ex-presidente do BID. FHC já foi sondado para assumir o banco em 2005. Naquela oportunidade, recusou.

 

A Amway agora é made in Brazil

Divulgação


A Amway é uma das maiores empresas de vendas diretas do mundo, mas, no Brasil, nunca deslanchou. O maior problema: seus produtos eram projetados para agradar ao mercado americano, e não ao brasileiro. No ano passado, o presidente da Amway no Brasil, André Raduan, reformulou seu portfólio e passou a produzir aqui mesmo os cremes, perfumes, xampus e vitaminas que vende. Resultado: as vendas no primeiro trimestre de 2009 cresceram 40% em relação a 2008. Animado, Raduan vai abrir três grandes lojas da Amway neste ano – em São Paulo, no Rio e no Recife – e pretende aumentar seu time de representantes de 50 000 para 300 000 até o fim de 2012.

 

Uma vaga na Infraero

Sergio Dutti/AE


O brigadeiro Cleonilson Nicácio, atual presidente da Infraero, já avisou ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que deixará o cargo até julho. Nicácio quer voltar para a Aeronáutica. Caso contrário, será automaticamente reformado, o que não está nos seus planos. Já começam a surgir interessados na vaga. O mais explícito postulante é Wagner Rossi, atual presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, que tem entre seus padrinhos o presidente da Câmara, Michel Temer, do PMDB de São Paulo.

 

De quem é o prejuízo?

Antonio Milena/AE


A prefeitura de São Paulo recebeu uma má notícia. Parte do dinheiro que o Ministério Público diz ter sido desviado dos cofres públicos pelo ex-prefeito Paulo Maluf evaporou devido às oscilações do mercado. A história é a seguinte: o Deutsche Bank na Ilha de Jersey informou que 93 milhões de dólares que transitaram por uma conta controlada pela família Maluf foram investidos em debêntures da Eucatex. As debêntures foram convertidas em ações da empresa. O valor dos papéis, no entanto, despencou com o terremoto financeiro global. As ações compradas a partir de Jersey valem hoje 49 milhões de dólares. Um tombo e tanto.

 

De Jacutinga para o mundo

Edu Lopes


Para a bela estilista mineira Cecília Prado,de 26 anos, a crise mundial é uma abstração. As máquinas de tear de sua fábrica em Jacutinga, Minas Gerais, não param. Elas estão embaladas pelo sucesso que as criações de Cecília fazem no exterior. A partir de setembro, os vestidos de tricô da grife que leva o nome da moça estarão à venda na Harrods, a mais famosa loja de departamentos inglesa. "Tive medo da crise no começo, mas já passou. Acabei de receber um novo pedido da Anthropologie (uma das lojas mais descoladas de Nova York) e o meu faturamento deverá crescer 20% em 2009", diz. Das 2 500 peças que a mineira fabrica por mês, 70% são vendidas no exterior, em 21 países. Na Europa, um vestido dela custa o equivalente a 1 000 reais, em média.

UM CRISTO PARA COMER

Cristo feito de chocolate

INFORME JB

As sucessões que passam por SP (2)

Leandro Mazzini

JORNAL DO BRASIL - 10/04/09

O poder fascina, disse no fim da década de 80 o então candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. De lá para cá, são vários os exemplos de políticos que usaram cargos como trampolim para outros voos. Incitado pela coluna a provar que não será candidato ao governo do estado ano que vem, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), deixou algo no ar: "Só vou conversar sobre isso com (José) Serra no início do ano". Mas Kassab, mais uma vez provocado, jurou que – ao contrário do padrinho que deixou a cidade pelo estado – não vai sair à sucessão do tucano de jeito nenhum. Já o vice-governador Alberto Goldman – que não responde por Serra, pede para lembrar – diz que o governador é o grande nome de 2010. "Serra vai ter o que mostrar".

Fantasma Fantasma 2

O prefeito da pequena Canapi (AL), José Hermes de Lima (foto),, não gosta da cidade. Ele mora em Maceió, na praia Ponta Verde.

O prefeito canapiense ainda tem outros dois endereços na capital do estado. E vai pouco à cidade que administra, no sertão.

Queda

O PMDB do poder no Senado deu uma rasteira no advogado-geral da Casa, Luiz Fernando Bandeira. O argumento para a troca dele no cargo foi que era "consultor geral" no órgão, e não "consultor da advocacia". Vá entender!

Bênção, padim

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi quem indicou Shalom Granado para a vaga de Bandeira na Advocacia.

Magoei

Um amigo do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, perto dele em Montes Claros (MG), disse que o petista não escondeu a mágoa ao ver o presidente Lula exarcebar nos elogios ao governador tucano Aécio Neves.

Governista

Candidato ano que vem, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho procura partido. Segundo um deputado aliado, tem conversas avançadas com o PTB e o PR. Dois partidos da base do governo Lula, seu rival.

Prefeitos verdes

Os prefeitos Eduardo Paes, do Rio, e Gilberto Kassab, de São Paulo, serão as estrelas do Fórum de Comandatuba (BA) dias 19 e 20. Vão falar de Desenvolvimento econômico com sustentabilidade.

Pouso certo

A presidente da Anac, Solange Paiva, aparece dia 30 na Comissão de Turismo da Câmara para falar da disputa dos aeroportos Santos Dumont x Galeão.

Tô fora

Da deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), em conversa no fundo do plenário: "Não tenho uma nota fria. Eu? Quer apostar?"

Lupa

O tucano Otávio Leite (PSDB-RJ) virou uma arara. O deputado federal requereu ao TCU lista completa do andamento das obras do PAC no Rio. O plenário do tribunal simplesmente indeferiu solicitação de cópias, de cujo relatório teve acesso.

Lupa 2

Segundo Otávio, "tem muita obra que nem foi licitada ainda". Ele pediu ajuda ao presidente da Câmara, Michel Temer, para desobstruir o caminho..

Euuu?

O vice-governador Luiz Pezão, secretário de Obras e "pai do PAC" no Rio, diz que pelo estado está tudo avançado. "Isso (o atraso) deve ser dos contratos do PAC direto com prefeituras pequenas no interior", explica.

Negócio...

O presidente da Comissão de Agricultura do Senado, Valter Pereira (PMDB-MS), cobra do governo medidas para minorar a dependência da importação de fertilizantes e insumos: 91% do potásssio e 75% do nitrogênio.

...da China

Dia 14, a comissão debate o assunto no Senado. O setor de fertilizantes no país movimenta US$ 10 bilhões/ano, com 25 milhões de toneladas consumidas, mas depende da importação dos insumos da China e Índia.

Lembrete

A Drogasil, que comprou unidades da Alquimia no Espírito Santo, informou que não adquiriu a rede Santa Mônica.

PARA...HIHIHI

Tipos de mulheres, o que dizem na hora H: 

01 - Asmática.....................: Uhh...Uhhh...uhhh 
02 - Geográfica....................: Aqui, aqui, aqui.... 
03 - Matemática....................: Mais, mais, mais... 
04 - Religiosa.........................: Ai meu Deus ,ai meu Deus. 
05 - Suicida............................: Eu vou morrer, eu vou morrer. 
06 - Homicida.........................: Se você parar agora, eu te 
maaaaatoooo! 
07 - Sorveteira.......................: Ai Kibon, ai Kibon, ai Kibon... 
08 - Zootecnista.....................: Vem, meu macho!!! Vem, meu Macho. 
09 - Torcedora.......................: Vai, vai, vai... 
10 - Professora de Inglês.........: Ohhh !!! YES !!!Ohhh....God...! 
11 - Margarina........................: Que Delícia, que delícia.. 
12 - Negativa..........................:Não....Não.....Não.... 
13 - Positiva...........................:Sim ..Sim... Sim... 
14 - Pornográfica....................: Puta que o Pariu.... vai filho da 
puta. 
15 - Serpente Indiana..............:Ssssssssss.........Ssssssssss... 
16 - Professora.......................: Sim, isso...exato....isso.... 
17 - Sensitiva.........................: T?? sentindo.... t?? sentindo..... 
18 - Desinformada...................: O que é isso ? ...O que é isso?..... 
19 - Degustadora.....................: Ai gostoso...gostoso...gostoso.... 
20 - Cozinheira.......................: Mexe..Mexe....Mexe.... 
21 - Casada..............................: A faxineira não limpou o lustre! 

J. R. GUZZO

REVISTA VEJA

J.R. Guzzo
Tudo pelo racial

"Como disse recentemente o escritor João Ubaldo
Ribeiro, citando um dos seus personagens da Ilha
de Itaparica, "quem tem raça é cachorro". Não 
poderia ter feito um resumo melhor da coisa toda"

O Brasil está fazendo o possível, nestes últimos tempos, para dar a si próprio algo que até hoje conseguiu não ter: um problema racial. Se tantos outros países importantes têm questões sérias de racismo, por que o Brasil também não poderia ter a sua? Parece um motivo de desapontamento, na visão das pessoas que foram nomeadas pelo governo para defender os interesses da "população negra", ou nomearam a si mesmas para essa tarefa, que o Brasil seja possivelmente o país menos racista do mundo. Que outros poderiam ser citados? Certamente haverá nações que têm um número maior de leis contra a discriminação, são mais sérias na sua aplicação e adotam medidas de proteção especial a minorias raciais. Mas não dá para sustentar, não a sério, que haja mais racismo no Brasil do que em qualquer delas. Como poderia haver, num país onde a grande maioria da população não sabe dizer ao certo qual é a sua cor, nem demonstra maior interesse em saber? "Moreno" é a sugestão de resposta mais frequente, quando a pergunta é feita para a imensa massa de brasileiros que não se identificam claramente como brancos, nem pretos, nem qualquer outra coisa.

Criar um racismo que se preze, num país assim, não é trabalho fácil – mas é possível. Uma das ferramentas mais utilizadas para isso é distribuir aos "brancos" uma espécie de culpa geral por tudo o que ocorre de errado aqui dentro. Não se citam nomes; só se cita a cor da pele. Tornou-se comum, por exemplo, o uso da expressão "elite branca" como símbolo de coisa do mal – com a agravante, em certos casos, de que essa elite, além de branca, pode ser "do sul". A mesma gente, de "pele clara e olhos azuis", é culpada também pelo que ocorre de errado lá fora, como a crise financeira internacional; por essa maneira de ver a vida, os desastres que produziram foram provocados por seu tipo físico, e não pelo seu comportamento individual. Outro esforço é criar repartições públicas para cuidar da questão racial – o que tem a tripla vantagem de dar uma cara oficial à existência do problema, passar a impressão de que o governo está cuidando dele e arrumar empregos para amigos. A mais notável delas é um órgão com nove palavras no título e status de ministério – a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Seu grande feito, em seis anos de existência, foi a demissão da secretária-ministra Matilde Ribeiro, em 2008, quando se descobriu que ela usava o cartão de crédito destinado ao exercício de sua função para pagar despesas de free shop ou contas no Bar Amarelinho, no Rio de Janeiro.

Nada parece pior, porém, do que a tentativa de estabelecer por lei que cidadãos devem ter direitos diferentes de acordo com a cor de sua pele, como preveem os projetos de "cotas raciais" ora em debate no Congresso Nacional – pelos quais os brasileiros negros, ou definidos como tal, deveriam ter mais direitos que os brasileiros brancos, ou de outras origens, no mercado de trabalho, nas vagas universitárias ou nos concursos para cargos públicos. É o contrário, exatamente, do que deveria ser. A grande vitória da humanidade contra a discriminação racial foi excluir das leis a palavra "raça"; o objetivo era estabelecer que todos têm direitos idênticos, sejam quais forem as suas origens, dentro da ideia de que todos os homens pertencem a uma "raça" apenas – a raça humana. No Brasil de hoje, em vez de proibir o uso da noção de raça para dar ou negar direitos, tenta-se ressuscitar a tese de que os indivíduos são diferentes uns dos outros, em termos de cidadania, segundo a cor que têm.

"Os defensores de leis raciais ludibriam a boa-fé alegando que cota racial é ação afirmativa", escreveu, num artigo para O Estado de S. Paulo, o advogado negro José Roberto Militão, um especialista em antidiscriminação na OAB de São Paulo. "Ação afirmativa", de fato, é outra coisa: é a efetiva atuação da autoridade para coibir a discriminação contra minorias e multiplicar oportunidades, sem criar cotas, exigir reparações pelo passado ou estabelecer diferenças de direitos. "Ao estado cabe atuar para destruir a crença em raças", diz Militão. "Leis raciais não servem para a redução das desigualdades entre brancos e pretos, pois atacam os efeitos, mas aprofundam as causas." São, além disso, o oposto da harmonia: como se sabe, nada é mais fácil do que passar da distinção à divisão.

EDITORIAL - FOLHA

APARELHAMENTO 

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/09


Governo Lula evita reformas espinhosas e embarca no espalhafato e no aparelhamento da direção de banco público


O PRESIDENTE Luiz Inácio Lula da Silva diz que a redução do "spread" bancário -a margem entre o custo de captar o dinheiro e a taxa cobrada ao cliente no empréstimo- se tornou "obsessão" pessoal. A ministra Dilma Rousseff também avisou que o governo "não aguenta mais" pedir a redução dos juros.
A preocupação com o destino econômico do país era tamanha nas altas esferas da administração federal que a solução encontrada não poderia ser outra: aparelhar ainda mais o Banco do Brasil. O PT foi convocado para mais uma missão patriótica...
A nova anedota palaciana, disseminada na praça para tentar justificar a troca de comando no BB, não combina com alguns fatos. No período de impacto da turbulência global, o Banco do Brasil foi a instituição que mais reduziu as taxas de juros nos empréstimos pessoais. A taxa mensal, que era de 5,99% em agosto -no pré-crise, portanto-, foi 23% menor no mês passado.
O conjunto de bancos federais seguiu a linha do obcecado presidente da República e liderou, no período, a redução nas taxas de juros e o aumento na concessão de crédito. Esta expansão, aliás, elevou a participação dos bancos públicos no total dos empréstimos concedidos e evitou um tombo no crédito nacional.
O problema é que a teoria da "indução" -segundo a qual os bancos privados, temerosos de perder fatias do mercado, logo iriam aderir à expansão do crédito empreendida pelos públicos- ainda não funcionou. Não funcionou, pelo menos, do modo como seus propagandistas oficiais alardeavam: pois é razoável cogitar que a reação dos bancos privados à crise teria sido mais violenta, no sentido de restringir empréstimos e elevar taxas, não fosse a ação "contracíclica" das instituições públicas.
Seja como for, aumentar a tutela do governo e do PT sobre a direção do Banco do Brasil não vai resolver esse problema -resolverá outros, decerto, atinentes às eleições que se aproximam. Há limites para a ação antirrecessiva dos bancos públicos, e o principal é a responsabilidade fiscal: aventuras nessa seara redundam em contas bilionárias, divididas entre os contribuintes.
Acostumada a colher apenas os louros da bonança, a administração Lula evita assuntos espinhosos que poderiam diminuir o custo absurdo do dinheiro no Brasil. Faz espalhafato com o BB, mas dribla, por exemplo, a necessidade de modernizar o sistema de poupanças obrigatórias e tabeladas. Fundo de Garantia, Fundo de Amparo ao Trabalhador e caderneta de poupança são arcaísmos que direcionam, por força de lei, recursos que pertencem aos cidadãos. Estabelecem pisos artificiais para os juros de mercado, dificultando quedas maiores nas taxas.
A crise chegou ao Brasil há mais de seis meses, sob a forma de um torpedo no crédito, mas até hoje o governo não conseguiu formular um plano ambicioso para livrar o mercado de suas notórias amarras institucionais, concorrenciais e tributárias. Nem mesmo o chamado cadastro positivo -que possibilitaria a oferta de juros mais baixos para bons pagadores- foi aprovado no Congresso.

GOSTOSA


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PAINEL

O inquilino

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/09

Nomeado ministro do Tribunal de Contas da União em janeiro de 2007, o ex-deputado baiano Aroldo Cedraz continuou por quase dois anos a morar num apartamento da Câmara. Nesse período, resistiu de todas as formas à pressão do então presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) para desocupar o imóvel. Para tanto, contou com a ajuda do ex-colega de partido José Carlos Machado (DEM-SE), que comandava a quarta-secretaria, espécie de imobiliária dos deputados. 
Quando finalmente teve de devolver as chaves, Cedraz não se apertou. Pediu socorro a outro ‘demo’, Efraim Morais (PB), que era primeiro-secretário do Senado. Desde então, o ministro que fiscaliza as contas públicas mora num apartamento do Senado.

Reação - A oposição tentará usar o périplo anunciado por Lula pelas obras do PAC para atingir Dilma Rousseff. ‘Ele está assumindo a incompetência gerencial da ministra’, diz o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).

Room service - Em meio à temporada de escândalos administrativos, o Senado segue lançando licitações. No momento, a Casa busca serviço de hotelaria de luxo para hospedar convocados para audiências ou depoimentos e abrigar os suplentes de senadores. O custo é de R$ 118 mil em diárias neste ano.

Ontem... - Discurso de posse do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), em fevereiro: ‘Não vamos nos atemorizar quando tivermos que tomar medidas impopulares, quando vez ou outra a imprensa [nos criticar]. [A imprensa] é irmã siamesa do Poder Legislativo... E Legislativo forte é sinônimo de imprensa livre e forte’.

...e hoje - De Temer, anteontem, reclamando da crise no Congresso. ‘As manchetes e as fotos visam colocar a Câmara em confronto com a opinião pública... Se nós não repudiarmos um pouco, não tivermos uma ação muito concreta em relação a isso, não estaremos fazendo um benefício à democracia’.

Tanque vazio - Integrantes da CPI dos Grampos tiveram uma breve reunião após ouvirem o monossilábico delegado Protógenes Queiroz, anteontem, e chegaram à unânime conclusão de que não há munição nova para sustentar o depoimento de Daniel Dantas, programado para a semana que vem.

Tardio - A saída apontada pelo grupo foi preparar um requerimento à Justiça dos EUA solicitando cópia de documentos da Brasil Telecom. A intenção é obter detalhes de um contrato ‘guarda-chuva’ elaborado com o auxílio do hoje ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), mas a avaliação é que eles não chegarão a tempo.

Strike - Entre petistas originários do sindicalismo bancário, a expectativa é que a ida de Aldemir Bendine para a presidência do Banco do Brasil seja seguida por mudanças em cadeia na instituição, ao estilo do que ocorreu quando Lina Vieira foi colocada no comando da Receita Federal.

Caminhos... - A recondução à Agência Nacional do Petróleo do diretor Victor Souza Martins, investigado pela PF por suposto favorecimento a prefeituras na arrecadação de royalties, teve uma relatoria para lá de favorável no Senado, aos cuidados do capixaba Gerson Camata (PMDB) e de Ney Suassuna (PMDB-PB).

...e caminhos - Os dois últimos diretores indicados, Allan Kardec Duailibe e Magda de Regina Chambriard, tiveram tucanos na relatoria.

Antecedente - O projeto de José Serra (PSDB) para extinção da carteira de previdência dos advogados baseia-se em parecer do Ministério da Previdência de que ela é estranha ao sistema. O Estado não vai colocar dinheiro público, diz o secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey. A OAB-SP ameaça com ação judicial.

Tiroteio

O Brasil não descolou da crise, mas Lula está cada vez mais descolado da realidade.

De EDUARDO GRAEFF, secretário-geral da Presidência no governo FHC, sobre declarações de Lula a propósito da situação econômica.

Contraponto

Não é comigo

Em 2004, o então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos era entrevistado no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura. A certa altura, alguém lhe fez uma pergunta sobre a profusão e a alta visibilidade das ações da Polícia Federal no governo do presidente Lula: 
-O senhor já citou aqui as operações Perseu, 
Sentinela, Pororoca, Cataratas, Anaconda...-, enumerou o jornalista. 
O ministro imediatamente o interrompeu: 
-Olhe, não sou eu quem dou esses nomes!

CLAUDIO DE MOURA CASTRO

REVISTA VEJA

Claudio de Moura Castro claudio&moura&castro@cmcastro.com.br 
Embromação a distância?

"No seu conjunto, as avaliações não deixam
dúvidas: é possível aprender a distância"

Novidade incerta? Mais um conto do vigário? Ilustres filósofos e distinguidos educadores torcem o nariz para o ensino a distância (EAD).

Logo após a criação dos selos de correio, os novidadeiros correram a inventar um ensino por correspondência. Isso foi na Inglaterra, em meados do século XIX. No limiar do século XX, os Estados Unidos já ofereciam cursos superiores pelo correio. Na década de 30, três quartos dos engenheiros russos foram formados assim. Ou seja, novo não é.

Ilustração Atômica Studio


E
AD significa que alunos e professores estão espacialmente separados – pelo menos boa parte do tempo. O modo como vão se comunicar as duas partes depende da tecnologia existente. No começo, era só por correio. Depois apareceu o rádio – com enorme eficácia e baixíssimo custo. Mais tarde veio a TV, área em que Brasil e México são líderes mundiais (com o Telecurso e a Telesecundaria). Com a internet, EAD vira e-learning, oferecendo, em tempo real, a possibilidade de ida e volta da comunicação. Na prática, a tecnologia nova se soma à velha, não a substitui: bons programas usam livros, o venerando correio, TV e internet. Quando possíveis, os encontros presenciais são altamente produtivos, como é o caso do nosso ensino superior que adota centros de recepção, com apoio de professores "ao vivo" para os alunos.

Há embromação, como seria esperado. Há apostilas digitalizadas vendidas como cursos de nomes pomposos. Mas e daí? Que área escapa dos vigaristas? Vemos no EAD até cuidados inexistentes no ensino presencial, como a exigência de provas presenciais e fiscalização dos postos de recepção organizada (nos cursos superiores).

Nos cursos curtos, não há esse problema. Mas, no caso dos longos, o calcanhar de aquiles do EAD é a dificuldade de manter a motivação dos alunos. Evitar o abandono é uma luta ingente. Na prática, exige pessoas mais maduras e mais disciplinadas, pois são quatro anos estudando sozinhas. As telessalas, que reúnem os alunos com um monitor, têm o papel fundamental de criar um grupo solidário e dar ritmo aos estudos. E, se o patrão paga a conta, cai a deserção, pois abandonar o curso atrapalha a carreira. Também estimula a persistência se o diploma abre portas para empregos e traz benefícios tangíveis – o que explica o sucesso do Telecurso.

Mas falta perguntar: funciona? Prestam os resultados? Felizmente, houve muita avaliação. Vejamos dois exemplos bem diferentes. Na década de 70, com Lúcia Guaranys, avaliei os típicos cursos de radiotécnico e outros, anunciados nas mídias populares. Para os que conseguiam se graduar, os resultados eram espetaculares. Em média, os alunos levavam menos de um ano para recuperar os gastos com o curso. Em um mestrado de engenharia elétrica de Stanford, foi feito um vídeo que era, em seguida, apresentado para engenheiros da HP. Uma pesquisa mostrou que, no final do curso, os engenheiros da HP tiravam notas melhores do que os alunos presenciais. Os efeitos do Telecursosão também muito sólidos.

Para os que se escandalizam com a qualidade do nosso ensino superior, sua versão EAD é ainda mais nefanda. Contudo, o Enade (o novo Provão) trouxe novidades interessantes. Em metade dos cursos avaliados, os programas a distância mostram resultados melhores do que os presenciais! Por quê? Sabe-se que a aprendizagem "ativa" (em que o aluno lê, escreve, busca, responde) é superior à "passiva" (em que o aluno apenas ouve o professor). Na prática, em boa parte das nossas faculdades, estudar é apenas passar vinte horas por semana ouvindo o professor ou cochilando. Mas isso não é possível no EAD. Para preencher o tempo legalmente estipulado, o aluno tem de ler, fazer exercícios, buscar informações etc. Portanto, mesmo nos cursos sem maiores distinções, o EAD acaba sendo uma aprendizagem interativa, com todas as vantagens que decorrem daí.

No seu conjunto, as avaliações não deixam dúvidas: é possível aprender a distância. Cada vez mais, o presencial se combina com segmentos a distância, com o uso da internet, e-learning, vídeos do tipo YouTube e até com o prosaico celular. A educação presencial bolorenta está sendo ameaçada pelas múltiplas combinações do presencial com tecnologia e distância.

DORA KRAMER

O mal desnecessário

O ESTADO DE SÃO PAULO - 10/04/09

Dizer que a maioria dos congressistas brasileiros não convive bem com a democracia seria um exagero tão distante da realidade quanto afirmar que o Congresso em sua totalidade tem os preceitos básicos ligados mentalmente no piloto automático.
Boa parte considera relativos conceitos como liberdade de expressão, nela contido o direito da sociedade à informação, respeito às leis e decoro no exercício da função pública.Justiça seja feita, essa inadequação a normas que em democracias mais avançadas nem são postas em discussão não se limita ao Parlamento. 
Está latente e aparece, por exemplo, quando figuras proeminentes da cultura nacional resolvem por identificação ideológica fazer o elogio público das “mãos sujas”; teoria segundo a qual a malfeitoria é inerente à atividade política, um mal necessário na democracia.
Nesse aspecto, um artista que aceita crimes de corrupção quando cometidos por políticos de sua preferência não difere de um deputado ou senador que defende seu direito à transgressão porque as “coisas funcionam assim”.
Não há, tampouco, distinção entre a alegação de que a divulgação de escândalos é coisa da imprensa inimiga a serviço da conspiração das elites e a mais nova teoria difundida na Câmara sobre a melhor maneira de reagir à recente série de denúncias sobre o Poder Legislativo. 
Ao enunciado, na voz do presidente Michel Temer: “Vejam que a cultura política vai sendo construída de uma maneira que, se nós não repudiarmos um pouco, não tivermos uma ação muito concreta em relação a isso, não estaremos fazendo um benefício à democracia”.
Uma sugestão de “ação concreta” benfazeja, de autoria do deputado Cândido Vaccarezza: alertar aos integrantes da Mesa Diretora para tomar “cuidado” ao escolher os temas de debate, “a fim de não ajudarmos aqueles que não querem difundir notícias, mas fazer disputa, em geral com posições conservadoras, contra o Parlamento brasileiro”. 
O arremate da lavra do deputado Ricardo Barros: “Cada vez que uma boa intenção não for valorizada pela imprensa e deixar de ser realizada, eles (os jornalistas) vão aprender que, quando decidirmos dar um passo na direção certa, ou eles valorizam ou o passo não será dado.” Em miúdos: se a Câmara de alguma forma não criar obstáculos à divulgação de informações sobre o que se passa lá dentro, a democracia correrá perigo, já que a liberdade de expressão é instrumento dos conservadores e estes, por princípio, combatem a existência do Parlamento. Defendem a ditadura, portanto. Isso posto, qualquer decisão apresentada como restauradora da moralidade deve ser elogiada pela imprensa. Se não for, locupletam-se todos. Só de raiva.

HOMEM TRABALHANDO
Extinta a fartura, o presidente Luiz Inácio da Silva começa a querer vender bravura no mercado eleitoral. O problema é que o outro mercado examina a mercadoria sob critérios mais objetivos: reage de acordo com o que as coisas lhe parecem ser e não conforme o governo diz que as coisas são.
Lula quis dar à demissão de Antonio Lima Neto da presidência do Banco do Brasil a conotação de uma guerra santa contra os juros altos com ele no papel de santo guerreiro.
Não levou em conta um dado: nessa seara, ninguém acredita em almoço grátis.A reação negativa deveu-se à percepção nítida de que há uso político de um tema complexo, numa decisão cuja única medida de consequência é a popularidade do presidente.
Se o gesto for lido como heroico pela massa e servir de barreira de contensão a novas quedas nos índices de aprovação, Lula terá atingido seu objetivo. Esta, e não a “ queda do spread”, é sua verdadeira - e, dependendo do que mais vier por aí, desatinada - obsessão.

CARIMBADO
Não fez bem à pretendida imparcialidade investigativa de Protógenes Queiroz a aliança firmada com deputados do PSOL e do PT durante o depoimento de quarta-feira na CPI dos Grampos. Parceria esta evidenciada no veto à exibição de um resumo das contradições do delegado e na diferença de tratamento nas respostas dadas aos deputados. Aos amigos, algum esclarecimento era oferecido; aos outros, só o silêncio garantido pelo habeas corpus do Supremo. 
Quando Raul Jungmann, do PPS, perguntou se a ministra Dilma Rousseff fora investigada, o delegado calou. Quando Nelson Pelegrino, do PT, repetiu a indagação, Protógenes negou, mas não o deixou sem resposta. 
Para Jungmann recusou-se até a dizer se era verdadeira ou falsa a carta endereçada ao presidente dos Estados Unidos com ilações de suspeitas sobre as relações do presidente Lula com o banqueiro Daniel Dantas.
Não se sabe qual seria a resposta em caso de insistência, porque, a despeito do espanto com a ausência de negativa, ninguém voltou ao tema.

CLÓVIS ROSSI

Chega de lendas, vamos aos fatos

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/09
SÃO PAULO - É inacreditável a capacidade que o Brasil tem de engolir, digerir e cultivar lendas. Uma das mais persistentes é a lenda da queda da desigualdade, que agora reaparece na sua versão "reversão da lenda", conforme estudo de Marcelo Neri (Fundação Getulio Vargas), que vem a ser o principal cultor da lenda.
Explico:
1 - TODAS as medições da desigualdade levam em conta APENAS a renda do salário. Não incluem os ganhos com o capital. E é, obviamente, na diferença entre o rendimento do capital e o do trabalho que se verifica a mais obscena das desigualdades brasileiras.
2 - No ano passado, quando consultei Neri para saber se suas pesquisas levavam em conta também o rendimento do capital, respondeu com um sonoro NÃO.
Trechos:
"Fizemos um experimento no Censo e vimos que quem tem três carros ou mais no domicílio (sinal de riqueza aparente) tem quatro vezes mais chances de omitir a resposta de renda que quem não tem carro no domicílio, situação que corresponde a boa parte da população brasileira".
Conclusão inescapável: "Neste sentido, a desigualdade brasileira (salarial), que já era muito alta, tende a ser mais alta ainda" quando entra também o capital.
Logo, não é correto dizer, agora, que a crise fez aumentar a desigualdade, pela simples e boa razão de que ela jamais diminuiu. O correto seria o IBGE e o Ipea, cujo presidente, Marcio Pochmann, já escreveu mais de uma vez o que está dito acima, terem a honestidade intelectual de divulgar uma nota para, de uma vez por todas, colocar a lenda no seu devido lugar.
Desigualdade é um problema não apenas ético mas também de funcionamento do sistema econômico-social. Não se resolvem problemas escamoteando os fatos ou maquiando estatísticas.

ELIANE CANTANHÊDE

A conta não fecha

FOLHA DE SÃO PAULO - 10/04/09
NOVA DÉLI - Falar em Brics, o grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China, remete para países de grandes dimensões, populações gigantescas e rápidos processos de desenvolvimento. São os "emergentes", que deslancham suas economias e exigem maior participação e poder político. Daí o G20.
O problema é sair dos números e cair na real. Na Índia, economia, informática, ciência e tecnologia, energia nuclear e sólida aliança com os EUA são atestados do estonteante crescimento econômico, mas nada chegou ainda ao cidadão -às pessoas que se amontoam com roupas sujas e olhar perdido em ônibus velhos num dos piores trânsitos do mundo, nem às multidões que pulam desesperadas e fedidas sobre os turistas para vender qualquer coisa por qualquer dinheiro.
Já no aeroporto, fica evidente que Nova Déli é congestionada e caótica. As exceções de praxe são os setores arborizados e limpos onde vivem ou trabalham altos funcionários e diplomatas estrangeiros.
Soldados e policiais com fardas mal ajambradas e curiosas espingardas estão por toda a parte, e a revista de pessoas, bolsas e porta-malas é rotina. O pretexto é o medo de atentados de terroristas do vizinho Paquistão, como no início do ano. A sensação, porém, é que o risco não vem de fora, mas de dentro. A explosão social parece iminente, pela miséria da população (que passa de 1 bilhão, como na China) e apesar da passividade da divisão em castas.
O PIB do Brasil e da Rússia está em torno de US$ 1,3 tri cada um; o da Índia, de US$ 1,1 tri; a China saiu de US$ 3,3 tri em 2007 e desbancou a Alemanha como terceira economia mundial. Mas, para nós, os leigos, que olhamos pessoas e cidades além dos números e cifras, ainda falta muito para um encontro de contas entre o crescimento pujante dos países e o bem-estar mínimo dos seus cidadãos. Na capital da Índia e arredores, isso parece particularmente sufocante.

MÍRIAM LEITÃO

Melhor assim


O GLOBO - 10/04/09

Chique é. O Brasil receber uma carta do FMI – Ah! As cartas do FMI! – propondo que o pais vire credor do Fundo e o governo poder responder que sim, que atende ao pedido. Isso no mesmo momento em que o México está pedindo empréstimos à velha moda e a Argentina pode também ir pelo mesmo caminho. Na longa e tumultuada relação do Brasil com o Fundo houve tudo, menos isso.

O fato mostra que o Banco Central estava certo, e seus críticos errados, em acumular reservas cambiais, ainda que a história seja mais complicada. Foi um péssimo negócio do ponto de vista de um investidor. O BC comprava dólar, que se desvalorizava, e investia em títulos do Tesouro americano que rendem cada vez menos, e ao mesmo tempo mantinha uma dívida numa moeda que subia e a juros espantosamente altos.

O BC foi criticado porque mantinha juros altos e isso derrubava mais o dólar, que já caía em outros países, por outras razões. O BC comprava dólar para tentar impedir a sua queda. Mas carregar moeda cadente, e se endividar em moeda que se fortalecia a juros altíssimos, era um péssimo negócio, diziam os críticos. E era. A diferença é que para um banco central a lógica é diferente do que para um investidor comum. Olhando para trás, pode-se dizer que o Brasil poderia ter crescido mais e aproveitado melhor a época de boom se os juros tivessem sido menores. Vários economistas dizem isso, um deles o diretor da Escola de Economia da FGV, Yoshiaki Nakano. Ele me disse isso na semana passada e repetiu ontem no Valor Econômico. Outros economistas argumentavam que, com o histórico do Brasil na área inflacionária, só restava ao BC perseguir à risca a meta de inflação.

Seja errando no varejo, seja pagando um preço alto, o fato é que o Banco Central acumulou reservas cambiais num volume que dá mais conforto na travessia do momento de dificuldade.

Chique é. Inédito é. Mas quem viu a longa caminhada do Brasil até que esta carta chegasse a Brasília sabe o quanto custou cada passo da estrada: a renegociação da dívida deixada pelos militares, a abertura da economia, a estabilização, os vários ajustes fiscais, a flutuação do câmbio, o esforço dos exportadores, as privatizações, a superação da crise bancária, a Lei de Responsabilidade Fiscal, os superávits primários, a estabilidade de regras mesmo com mudanças políticas. Tudo jogou um peso nesse processo.

Uma das máximas do fim dos anos 70 e começo dos anos 80, no governo militar, quando o Brasil assinava cartas anuais com o FMI se comprometendo com metas que nunca cumpria, é que dívida não era para ser paga, mas sim “administrada”. Foi impossível administrar o impacto no Brasil da quebra do México em 1982. O Brasil fez duas maxidesvalorizações e uma baita recessão para ter dólares para pagar o empréstimo do FMI.

No começo da democracia, o lema era “não pagaremos a dívida com o sangue do povo brasileiro”. Mesmo assim, o país fez várias negociações, entremeadas por um período de suspensão do pagamento por absoluta falta de dólares em caixa em fevereiro de 1987. Da dívida velha herdada dos militares, acrescida pelos novos empréstimos para pagar os antigos, inadministráveis, o Brasil só se livrou numa longa renegociação, que envolveu troca de papéis velhos por novos bonds em que os credores aceitavam dar descontos na dívida.

Em 1995, o México quebrou de novo. O Brasil, no começo do Real, aguentou o primeiro tranco. Vieram outros colapsos na Ásia, na Rússia e depois no Brasil em 1999. Vieram novos socorros do FMI e do Tesouro americano. A melhora nos anos seguintes permitiu a recompra da dívida velha que começou no governo Fernando Henrique e continuou no governo Lula. Essa era a dívida que o quando oposicionista Lula da Silva tanto prometeu não pagar ou fazer auditoria.

Dos dois grandes momentos de sufoco, nas décadas passadas, ficou um trauma: sempre que o México quebrou, o Brasil, mais cedo ou mais tarde, o seguiu. Desta vez tudo parece diferente.

O México acaba de pedir socorro ao FMI. Recebeu US$ 46 bilhões de empréstimo por um ano na nova, e bem mais macia, linha de crédito: a Flexible Credit Line. O país vem sofrendo o impacto da queda da economia americana da qual é cronicamente dependente. O peso já perdeu um terço do seu valor desde agosto, e o país deve ter uma recessão de 3,3% este ano. O presidente do Banco Central do México disse que, com esse empréstimo, a economia mexicana estará “blindada”. Essa palavra deveria ser evitada!

Ontem, os rumores eram que a Argentina também estaria negociando um acordo com o FMI, em que o país aceitaria uma supervisão nas contas nacionais. A jornalista Débora Thomé informa no seu blog Notícias das Américas, que está no site www.miriamleitao.com, que isso só aconteceria depois das eleições legislativas, porque a campanha contra o FMI é uma obsessão dos Kirchner. Como é ultrapassado esse antagonismo!

Emprestar alguns bilhões ao FMI não faz do Brasil potência, não abona os erros que têm sido cometidos na administração da crise, não impede que o Brasil sofra o impacto dela, como vem sofrendo. Mas faz o país mais próximo da Índia, que ontem também anunciou um aporte de US$ 11 bilhões, que do México ou da Argentina. Melhor assim.