sábado, outubro 25, 2014

Ignorantes do bem - GUILHERME FIUZA



O GLOBO - 25/10

A nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção


O Sudeste decidirá a eleição presidencial mais disputada da história recente. E o Rio de Janeiro poderá ser o fiel da balança. O fator decisivo para esse resultado será a famosa tradição carioca de ser oposição — que ultimamente tem se transformado em oposição a favor.

Os ânimos estão exaltados, mas é o destino do país que está sendo decidido palmo a palmo. Demarcada a fronteira da estupidez, ninguém precisa se envergonhar de ser aguerrido. E ninguém precisa se envergonhar do voto que escolher. A não ser que esse voto esteja baseado em premissas hipócritas. Aí é o caso de se envergonhar.

Boa parte do eleitorado carioca resolveu fazer poesia numa hora dessas. Na falta de miragem nova, muita gente boa embarcou na toada de que a disputa entre Dilma e Aécio é um confronto esquerda x direita — a esquerda sendo o bem, e a direita o mal, claro. Muitos repetem até que é uma espécie de reedição do embate Lula x Collor. Só três hipóteses podem explicar a defesa dessa tese: distração, ignorância ou desonestidade.

Em 1989, o Brasil tinha sua primeira eleição direta para presidente depois da ditadura. Collor era identificado com as elites que sustentaram o regime militar. O voto contra Collor, portanto, era um voto contra o autoritarismo. O que as crianças do balneário não querem perceber é que esse filme passou há um quarto de século. E o autoritarismo mudou de lugar.

Arrancado do poder por corrupção, Collor hoje apoia Dilma. Mas isso é o de menos (por incrível que pareça). Dilma e todo o PT apoiam, desinibidamente, os condenados pelo escândalo do mensalão. É como se os presidentes das associações de medicina apoiassem Roger Abdelmassih, o devorador de gestantes. Dilma Rousseff, a candidata do bem contra o mal, apoia pelo menos meia dúzia de governos autoritários na América do Sul e no Oriente Médio, oferecendo-lhes até colaboração econômica — com o dinheiro dos progressistas que votam no PT contra o autoritarismo. Quando Mahmoud Ahmadinejad massacrou manifestantes de oposição, Lula socorreu o ditador iraniano declarando que aquilo era normal, como “briga entre flamenguistas e vascaínos”.

Os progressistas com alma de oposição têm todo o direito de votar em Dilma. Só não fica bem fingirem que estão votando contra as elites reacionárias e autoritárias, sentindo-se humanos e sensíveis. O que há de mais reacionário, autoritário, insensível e desumano no país hoje é o assalto ao Estado brasileiro. Não só o do mensalão, mas o da fraude que o governo Dilma instituiu na contabilidade pública: maquiagem dos balanços para esconder déficits e gastar mais — com uma máquina sem precedentes que acomoda os companheiros e simpatizantes.

Quem são hoje, 25 de outubro de 2014, as elites que se organizam para sugar o que é do povo? Não, meu caro progressista do bem, não dá mais para você olhar no espelho e dizer que é a “direita conservadora” — ou qualquer desses apelidos feios para quem não usa a estrelinha vermelha. A elite egoísta e predadora hoje é essa que você ajudou a vitaminar, achando que estava votando num livro de García-Marquez, numa canção de Chico Buarque ou num poema de Neruda. Traficaram o seu romantismo, caro eleitor de esquerda, e o transformaram na maior indústria parasitária que este país já viu.

O doleiro acaba de revelar que Dilma e Lula sabiam do esquema de saque à Petrobras. O que você fará diante disso, caro progressista do bem? Colocará para tocar um disco de Mercedes Sosa? Ou fechará os olhos e ficará repetindo para si mesmo que casos de corrupção existem em todos os governos? Não, meu caro, a nova elite vermelha não protagonizou casos de corrupção. Ela criou, sob a propaganda da bondade, um sistema de corrupção.

O mensalão foi montado dentro do Palácio do Planalto pelo principal ministro de Estado, fazendo uma transfusão de dinheiro público para o partido do presidente. O tesoureiro desse partido, condenado e preso, foi sucedido por outro tesoureiro que está no centro do escândalo do petrolão. Esse outro, João Vaccari Neto, é o homem forte da campanha de Dilma Rousseff. Será que o doleiro ainda precisa lhe dizer, prezado e orgulhoso eleitor de esquerda, que todos os seus heróis sabiam de tudo? Ou mais claramente: que eles arranjaram um jeito esperto de transformar a política em meio de vida?

São 12 anos de erosão nas contas públicas, o que qualquer economista sério atesta. Gastança sem critério (ou com os critérios acima descritos) que travam o crescimento e geram inflação. Traduzindo: empobrecimento. O país resiste com seu fôlego próprio, mas não há programa assistencial que compense: todos perderão.

O PT está tomando providências: some com os indicadores que fazem mal à sua propaganda — como acaba de fazer com os dados do Ipea sobre a miséria. É a mesma tecnologia da contabilidade criativa. Uma usina de versões, que faz a presidente da República atolar em sua própria fala ao vivo. Um vexame, caro eleitor do bem, um show de impostura.

Exija respeito pela sua escolha na urna. Mas procure um jeito honesto de se orgulhar dela.


Hoje é dia de pensar no Brasil FERNÃO LARA MESQUITA



O ESTADO DE S.PAULO - 25/10


Há um estranho distanciamento entre os temas debatidos na campanha que desaguará na eleição de amanhã e o que de fato está em jogo na escolha que ela decidirá.

Para além dos ataques pessoais que dominaram a cena e das diferenças inerentes ao tema da corrupção, tudo se passou como se não houvesse escolha mais arriscada em jogo para o Brasil do que optar entre dosagens ligeiramente diferentes de intervenção na economia por cima de políticas sociais rigorosamente idênticas, dentro de um ambiente institucional perfeitamente consolidado.

Só que isso não corresponde à realidade. Na verdade, tudo está em aberto. Nem mesmo os itens básicos da Declaração Universal dos Direitos do Homem são incondicionalmente acatados pelo atual governo do País, que há 30 anos clamava em uníssono por "Diretas Já" e nos pede mais quatro anos de mandato.

Em plena revolução tecnológica não há "verdade absoluta" que tenha ficado em pé. A dúvida, cada vez mais, é senhora, e essa ausência de certezas é o pressuposto da liberdade que é, antes de mais nada, a liberdade de dissentir.

Há muito tempo já que não há mais enganos perdoáveis a esse respeito. Não há como não repudiar, de boa-fé, as afirmações categóricas do passado, o apriorismo político e as concepções tendentes a deformar as sociedades humanas e o indivíduo segundo modelos preconcebidos.

A flexibilidade política deixou de ser uma opção para se transformar num imperativo de sobrevivência.

Não obstante o que o PT trata de fazer o Brasil tragar por baixo de um discurso que nunca penetra claramente nessas profundidades, é de impedir o País de navegar conforme a onda que venha e o vento que sopre, livre para mudar de rumo e mudar de prumo; é de fechar a porta de saída - ou, no mínimo, antepor a ela um labirinto virtualmente intransponível - depois de ter aceito o convite para passar pela de entrada.

Os fatos são os fatos.

No plano internacional, o governo do PT alinha-se automaticamente com todas as ditaduras e com os mais notórios violadores dos direitos humanos deste e de outros continentes, muitas das quais, ao arrepio da lei, financia com dinheiro público em contas dadas como "secretas". Chegou até ao extremo de exigir que a ONU desse mais tempo e largueza aos degoladores do Estado Islâmico.

No plano nacional, o partido manipula os números que medem o desempenho da economia, censura as instituições públicas encarregadas dessa medição quando os dados lhe são adversos, financia com dinheiro público uma vasta rede de difamadores assalariados para promover o linchamento moral nas redes sociais de quem quer que divulgue fatos que considere prejudiciais às suas pretensões eleitorais ou manifeste opiniões diferentes das suas e promete solenemente, em caso de vitória, passar a "controlar" o que os brasileiros poderão ver, ouvir ou dizer daqui por diante também na "mídia tradicional".

Num plano mais concreto e efetivo, a própria candidata que pede votos aos brasileiros dentro do sistema ainda em vigor assina o Decreto n.º 8.243 da Presidência da República que revoga a exclusividade do poder de legislar dos representantes eleitos por todos os brasileiros e transfere parte dele a grupos de militantes do seu partido com os quais se reuniu cerimonialmente na sede do governo às vésperas do 1.º turno para reiterar oficialmente seu compromisso de, à revelia do Congresso Nacional e contra a eventual resistência dele, submeter a plebiscito a continuação ou não do regime de democracia representativa eleita pelo voto universal.

Para a massa dos eleitores o volume e a intensidade com que são divulgadas as "mordidas" e os "assopros" da proposta petista são monitorados com o mesmo ajuste fino de modulação com que, na sua sempre reveladora obsessão com os falsos silogismos, contaminam com meias-verdades ou mentiras inteiras as ações e declarações dos adversários, sempre de modo a poder afirmar mais adiante que, seja o adversário, seja o eleitor, disse o que não disse ou votou no que não votou.

Todas essas manobras se dão sob a regência pessoal de um Luiz Inácio Lula da Silva que, à medida que avança a campanha eleitoral, vem recrudescendo seus votos de ódio e suas ameaças de vinganças "inimagináveis" contra quem ousar resistir-lhes, e seguem à risca o roteiro por ele pessoalmente prescrito ao Foro de São Paulo, a entidade que ele próprio criou e congrega em torno desse mesmo esquema tático todos os ditadores em projeto ou já instalados no poder na América do Sul e no Caribe, com a expressa recomendação de que "não permitam recuos" após cada "conquista".

Não obstante tudo isso, acuada pela máquina de mentiras e intrigas que vem semeando a cizânia e empurrando um povo que já foi definido por sua cordialidade para a beira da conflagração, a candidatura de Aécio Neves escolheu trabalhar exclusivamente os temas que menos a diferenciam da blitz lulista, deixando fora do debate a única diferença de fato irreconciliável entre o PSDB e o PT, que é o compromisso de um com a democracia e o compromisso do outro contra a democracia ou pelo menos contra a democracia desadjetivada, o que parece ter desmobilizado uma parcela daquele eleitorado que, sentindo instintivamente o perigo que continua no ar, se aliou no 1.º turno, por cima de suas diferenças, no voto antipetista e a favor da democracia.

Afinal, se as diferenças não passam de nuances, segundo os próprios interessados em ressaltá-las, por que arriscar os incômodos todos de uma troca de governo?

Seria um trágico engano. Acreditar nisso é ignorar o que se passa à nossa volta no continente sul-americano, descrer de tudo quanto o PT afirma sobre si mesmo e suas intenções, relevar o ambiente de violência moral - quase física - em que transcorreu a campanha eleitoral e arriscar-se a descer até à profundidade a partir da qual não há mais retorno nos sistemas de socialização da corrupção e seleção negativa dos parasitas no controle deles em que, década após década numa espiral sem fim, vêm dando voltas, soçobrados, tantos dos países vizinhos do Brasil.

O pau que bate em Chico... - PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA



CORREIO BRAZILIENSE - 25/10

Quando surgiu a informação de que o homem-bomba Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, teria dito em depoimento que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra recebeu dinheiro do esquema de corrupção montado na estatal, toda a mídia estampou a notícia. Na tevê - antes mesmo de admitir as falcatruas na empresa -, Dilma disse que pau que bate em Chico também bate em Francisco. Referia-se ao envolvimento do nome de Guerra, que já morreu, entre os beneficiários da ladroagem. Tucanos pediram a investigação do caso.

Eis que agora surge a denúncia, publicada pela Veja, de que Dilma e Lula sabiam de tudo sobre a roubalheira na Petrobras. Desta vez, a presidente não quis saber se o pau que bate em Chico também bate em Francisco. Em vez de pedir que se apure tudo, bateu na revista. Acusou-a de fazer terrorismo e recorreu à Justiça para tentar tirá-la de circulação. Ao desbaratar a quadrilha e colocar Costa e Youssef na cadeia, a PF estimou que a organização criminosa havia movimentado pelo menos R$ 10 bilhões. Isso quando se imaginava que a maracutaia resumia-se à Diretoria de Abastecimento, então chefiada por Paulo Roberto.

Após a delação premiada - acordo em que os réus se comprometem a confessar o crime em troca de perdão judicial -, sabe-se que o desvio de recursos da Petrobras era bem maior. Eles contaram que parte do dinheiro roubado também jorrava de outras áreas da empresa e ia parar nos cofres do PT, do PP e do PMDB. Em tese, trata-se de confissão, não de denúncia. Se mentirem, além de perder o benefício da delação, eles têm a pena aumentada. Resolveram falar porque - assim como Marcos Valério, no mensalão - temem ser os únicos a pegar uma pena alta e a mofar na cadeia.

A pergunta que não quer calar é: como se monta uma máquina de roubar dessa magnitude, com a distribuição de bilhões roubados aos aliados, e ninguém na cúpula do governo sabe de nada? O estranho é que um dos acusados - por Costa e Youssef - de atuar como operador do esquema é justamente o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. O antecessor dele no partido, Delúbio Soares, teve de passar uma temporada na Papuda depois de condenado pelo STF no escândalo do mensalão. Dirceu e Genoino, também. À epoca do escândalo, Lula jurou não saber de nada. Agora, quem também jura é a presidente. Acredite: pau que bate em Chico pode não bater em Dilma e em Luiz Inácio.

Para frente é que se caminha - LUCIANO NAKABASHI



GAZETA DO POVO - PR - 25/10

Nesta semana, percebo um momento único em minha (não muito vasta) memória. Não me lembro de uma eleição tão disputada e com a população tão dividida entre PT e PSDB nas rodas de conversa, na imprensa e, sobretudo, nas redes sociais.

Uma das estratégias adotadas é a comparação entre o que ocorreu nos anos do ex-presidente Fernando Henrique em relação aos 12 anos do PT. Não acho que essa seja uma boa comparação, visto que o país tende a andar para a frente seja a passos mais largos, em alguns momentos, ou mais lentos, em outros.

Certamente, os indicadores estão melhores, na média, hoje em relação ao período FHC, assim como estavam melhores nos anos FHC em relação aos anos 80. O fato é que Fernando Henrique teve grandes méritos em pegar um país com vários problemas, solucionar alguns deles e entregar o país em uma situação melhor do que pegou. Ele, sua equipe e sua base de apoio foram capazes de debelar a inflação; realizar reformas na previdência (o que melhorou a situação fiscal futura); sancionar a Lei de Responsabilidade Fiscal de estados e municípios – dando mais estabilidade ao orçamento dos mesmos –; sanear o sistema bancário, que era muito dependente de receitas decorrentes da alta inflação; adotar o sistema de metas de inflação, que deixou o país menos dependente da entrada de capitais externos para controlar a inflação; e formar a base para programas de transferência de renda focados em famílias que de fato são mais vulneráveis, entre outros avanços.

O ex-presidente Lula também fez reformas importantes no primeiro mandato e que favoreceram o sistema imobiliário e de crédito. Elas foram muito importantes na melhora do crescimento econômico, na ampliação dos programas de transferência de renda e na manutenção da política econômica que estava dando certo. Os avanços sociais foram consideráveis, além da melhora nas contas externas. No segundo mandato, pouco foi feito, até por um cenário externo favorável e que não pressionava pela manutenção de reformas para que o país continuasse crescendo. De qualquer forma, ele também entregou um país melhor do que pegou.

O problema do governo Dilma é que está entregando um país em condições piores em relação a 2010. Hoje a economia cresce menos e indicadores econômicos importantes vêm apresentando deterioração, como o déficit nas contas externas, a piora nas contas do governo federal (com consequente aumento da dívida interna), certo descontrole inflacionário mesmo segurando vários preços administrados, além da piora no ambiente de negócios devido à falta de transparência e maior intervenção direta do governo. Esses problemas vêm segurando o crescimento da economia brasileira e gerando passivos que teremos de pagar mais à frente, além de tornar mais difíceis os avanços sociais, sendo que os dados já mostram que também paramos de avançar nessa frente.

Pela dificuldade do governo Dilma em enxergar que os principais problemas da economia têm raízes internas e não externas, não vejo grandes mudanças em mais quatro anos do PT e, desse modo, uma deterioração gradativa nos avanços econômicos e sociais dos governos FHC e Lula. Espero que o eleitor não se engane pelas comparações que estão sendo feitas e, caso o PT vença nas urnas, que eu esteja errado.


Uma eleição de recordes - FERNANDO RODRIGUES



FOLHA DE SP - 25/10

BRASÍLIA - Como a democracia brasileira é jovem, a cada eleição registram-se alguns ineditismos. Será assim amanhã, com a escolha do próximo presidente da República.

Se Dilma Rousseff (PT) ganhar mais quatro anos no Planalto, ela será a primeira mulher a conseguir tal feito. Estará também consignada uma outra lógica: presidentes que disputam a reeleição têm sucesso nas urnas. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e com Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

Em caso de vitória, Dilma governará até 2018, quando o PT completará 16 anos no poder. Nunca na história verdadeiramente democrática do Brasil um único partido comandou o país por tanto tempo.

Na hipótese de Aécio Neves (PSDB) ganhar, sua vitória significará a chegada ao poder do primeiro político que fez carreira majoritariamente no Brasil pós-ditadura. Seria uma troca geracional relevante num país que muitas vezes vive mais do passado do que do presente ou do futuro.

Mas o maior recorde talvez seja a realização das eleições em si. Apesar do clima beligerante entre os candidatos a presidente, não há dúvidas na sociedade a respeito da lisura da disputa --o nível de fraudes ou urnas com defeito fica sempre perto de 0,5% do total.

Tampouco se coloca em dúvida a solidez das instituições: ganhe quem for, tomará posse no dia 1º de janeiro de 2015. Nessa data, escrevo isso sempre e acho importante repetir, o país terá realizado sete eleições presidenciais diretas consecutivas com a posse do eleito. O fato é único na história brasileira.

O aspecto negativo da atual corrida presidencial fica para o quadro político fracionado que vai emergir na segunda-feira. O próximo presidente terá enormes dificuldades na construção de algum consenso. É um desafio que nenhum dos anteriores enfrentou e será mais um teste sobre o grau de maturidade da democracia local.

Confronto inédito - MERVAL PEREIRA



O GLOBO - 25/10

País que sairá das urnas estará dividido.


Mesmo que não se confirmem os boatos de que pesquisas não divulgadas mostram resultados muito mais próximos de um empate técnico do que uma vitória folgada da presidente Dilma - hoje saem as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha -, nunca uma eleição brasileira nos últimos tempos teve tanta disputa quanto esta, que entra no fim de semana decisivo sem um vencedor claramente identificado.

Na melhor das hipóteses para o PT, a presidente Dilma será reeleita com uma votação menor do que a que o partido vinha tendo até 2010. E Aécio Neves, mesmo que não vença, deve ter a melhor performance de um candidato tucano nos últimos tempos, o que o credenciará como um líder incontestável de uma oposição que será muito mais aguerrida, pelas próprias circunstâncias da campanha atual.

O clima de agressividade que marcou a disputa, plantado no 1º e elevado ao extremismo neste 2º turno, dificultará a conciliação nacional, e certamente precisaremos de um governo com legitimidade para levar o país adiante em meio a previsíveis crises institucionais, mais graves ainda, pois turbinadas por problemas econômicos que só os que acreditam no mundo cor de rosa do marqueteiro João Santana desconhecem.

E o país que sairá das urnas estará irremediavelmente dividido. A legitimidade de um eleito não se deve apenas ao número de votos que teve nas urnas, mas à maneira com que os conquistou. Esta sem dúvida será a mais rasteira das campanhas eleitorais dos últimos anos, só comparável com a que elegeu Collor em 1989. Não à toa ele teve o fim que se sabe, pois alcançou a vitória usando manobras baixas, e não conseguiu nunca mais se aprumar como um presidente respeitável.

A começar pelo estelionato eleitoral caracterizado pelo confisco da poupança dos brasileiros, que ele acusava Lula de premeditar. Na eleição de 2002, o candidato derrotado do PSDB José Serra fez um discurso de despedida onde marcou com a expressão "estelionato eleitoral" o primeiro governo Lula, vencedor naquela eleição depois de ter perdido quatro eleições seguidas para Collor e Fernando Henrique.

Os eleitores petistas naquele ano, que acreditavam em grandes mudanças na economia, foram realmente enganados, pois Lula adotou práticas ortodoxas na economia e seguiu à risca o receituário do governo tucano, até nomeando para o Banco Central Henrique Meirelles, banqueiro internacional eleito deputado federal pelo PSDB.

Mas aquele parecia ter sido um estelionato "do bem", pois o PT abriu mão de teses radicais como o calote da dívida externa para colocar o país no rumo do crescimento. No segundo governo, quando a hoje presidente Dilma assumiu o Gabinete Civil em lugar de José Dirceu, em meio ao escândalo do mensalão, o PT retomou aos poucos suas teses econômicas, aprofundadas pela troca do ministro Antonio Palocci por Guido Mantega.

Um novo estelionato eleitoral está sendo montado agora caso a presidente Dilma se reeleja amanhã. Sua campanha esconde o fato de que a crise econômica está se agravando e que terá que adotar medidas amargas para que o país não perca seus fundamentos e não se veja novamente às voltas com uma inflação sem controle e uma economia estagnada.

Mesmo os programas sociais que são o sustentáculo de sua votação correrão perigo com a economia sem produzir riqueza para ser distribuída. O aumento real do salário mínimo, por exemplo, depende por lei do crescimento econômico dos últimos anos, e por isso não acontecerá em 2015.

A queda da desigualdade foi interrompida no último ano exatamente devido à falta de crescimento econômico, mas os números não foram divulgados para não manchar a campanha eleitoral, que mostra um país pujante que só existe na propaganda do PT.

Os últimos dias de campanha estão marcados por denúncias de práticas ilegais e imorais da militância petista, e acusações de tentativa de golpe por parte dos petistas, que atribuem intenções eleitoreiras à reportagem da revista "Veja" revelando que o doleiro Alberto Yousseff afirmou em sua delação premiada que Dilma e o ex-presidente Lula sabiam da corrupção na Petrobras e se beneficiaram dela em campanhas eleitorais. Caberá ao eleitor avaliar as informações ao seu dispor e decidir em quem votar. Só não é possível exigir que casos polêmicos não sejam julgados ou reportagens não sejam publicadas quando há eleição por perto.


Pela vitória do Brasil, não existe gol feio - SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR.



GAZETA DO POVO - PR - 25/10


Em 1946, Perón assumiu o poder argentino com um golpe, apoiado pelo exército e pela classe trabalhadora contra um regime tido por conservador. Tendo os sindicatos como importante base de sustentação política, o governo de Juan Perón promulgou extensa legislação social em benefício dos trabalhadores, apresentando-se como uma espécie de pai dos pobres. Usando e abusando das técnicas de demagogia populista, o peronismo exacerbou a figura do líder carismático que, da noite para o dia, caiu nas graças das camadas populares. Mesmo após sua queda, em 1955, sua aura de representante do povo foi mantida e permanece idealizada entre os trabalhadores argentinos.

Se trocássemos as datas e substituíssemos os personagens, praticamente tudo que foi dito caberia na recente história política do Brasil. A única diferença é que o populismo argentino tinha o apoio das armas, enquanto aqui a pólvora fardada foi substituída pelo fogo insaciável da marquetagem oficial. No fim, a estratégia política era a mesma: saciar o povo com efêmeras conquistas de forte apelo eleitoral. Coincidentemente, apesar de toda a teatralidade retórica, o cerrar de ambas as cortinas foi marcado pelo tom de sérias denúncias de corrupção, indignidade no exercício da função pública e um progressivo desarranjar da situação econômica real.

Certa vez, uma prestigiada inteligência advertiu que insanidade seria repetir a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Ora, a vida ensina que a melhora das condições de vida do povo é uma consequência do aprimoramento institucional de um país e não da suposta vinda de um líder messiânico. Política responsável se faz com trabalho sério, responsabilidade e observância das regras do jogo. Quando a atividade política se transforma em um teatro de palavras fáceis e uma peça de fragilidade ética, o resultado é o enfraquecimento das instituições do Estado com o consequente comprometimento das condições dinâmicas da economia.

Dito e feito. Os sintomas de que a situação brasileira é periclitante são absolutamente palpáveis: inflação alta, câmbio em disparada e famílias endividadas. Abandonando a demagogia e voltando a administrar o país com prudência e seriedade, ainda temos tempo de manter a estrutura econômica em ordem. Sem cortinas, precisamos retomar o bom hábito de fazer o certo, olhar com rigor para os problemas da realidade e deixar de dizer que os problemas são os outros. Enfim, está chegada a hora de um governo competente que ponha um basta nos descaminhos e ineficiências da máquina pública brasileira.

Ato contínuo, não podemos mais continuar dividindo o país e divorciando a nação. Independentemente de loiro ou moreno, branco ou preto, homem ou mulher, pobre ou rico, somos todos só, e somente só, cidadãos brasileiros e, assim, merecedores de igual respeito e atenção. A velha máxima do dividir para governar está vencida. Um bom governo deve unir pontos diferentes em vez de cavar valas separatistas entre iguais. Aliás, os divorcistas políticos apenas representam a flagrante inabilidade de formar os consensos necessários às boas soluções democráticas.

Ao fim e ao cabo, o Brasil precisa de um novo modelo de gestão pública, pautado por eficiência, legalidade e meritocracia. Não podemos mais aceitar o improviso, a incoerência e a mentira. Não podemos mais tratar criminosos como heróis de uma causa perdida. Não podemos mais tolerar a corrupção como um modus operandi de uma política rasteira e distanciada da ética. Não podemos mais condenar nossas crianças à miséria da ignorância e da incultura. Não podemos mais abandonar nossos idosos na solidão de um sistema de saúde pública sucateado. Enfim, precisamos resgatar o amor próprio e o orgulho de sermos cidadãos do Brasil.

O peronismo brasileiro tem de acabar. Assim como no futebol, dá para vencer os hermanos de plantão. Basta entrar em campo, jogar com seriedade e deixar aflorar o talento que pulsa em nosso peito. Temos plenas e totais condições de vencer a partida contra a imoralidade política desbragada que aí está. A bola da vez é o voto. Votando bem, vamos levantar o caneco e festejar a vitória na rampa do Planalto.

Como disse um grande goleador e agudo poeta futebolístico, “não existe gol feio; feio é não fazer o gol”. Falando nisso, quantos gols você prefere fazer: 13 ou 45?

Não é João Santana - DEMÉTRIO MAGNOLI



FOLHA DE SP - 25/10


A publicidade de Dilma é superior pois opera no universo da política, não no do marketing


"É Duda Mendonça!", exclamaram tantos analistas em 2002, quando Lula conquistou o Planalto. "É João Santana!", começam a dizer agora, no rastro das pesquisas que indicam uma dianteira de Dilma. O diagnóstico estava errado ontem --e continua errado hoje. A campanha eletrônica da presidente-candidata é muito melhor que a de Aécio, mas por razões estranhas às técnicas de marketing. No fundo, o predomínio de Dilma na telinha deve-se, justamente, à sábia descrença do lulopetismo nos poderes encantatórios do marqueteiro.

"O que parece, é!", ouvi de um publicitário, anos atrás, numa mesa-redonda sobre o valor da Copa do Mundo para o Brasil. O brilho exterior do evento da Fifa justificava-o automaticamente, gerando por si mesmo efeitos benéficos em diversos níveis, argumentava o profissional do marketing. Ele não sabia que a ciência só existe porque as aparências enganam: afinal, não é o Sol que gira ao redor da Terra. As ferramentas do marketing funcionam bem no universo do consumo, mas não no da política. O primeiro tem como centro o indivíduo e seus desejos de consumo. O segundo estrutura-se em torno da sociedade e dos valores coletivos. A publicidade de Dilma é superior pois opera no universo da política, não no do marketing.

"Nós contra eles": pobres versus ricos, povo versus elite. O tema invariável do lulopetismo brota da extensa tradição populista, inaugurada no Senado romano. Mesmo enveredando pelas trilhas da difamação e da mentira, a propaganda de Dilma jamais renunciou ao registro da política. A propaganda de Aécio, pelo contrário, apenas roçou as fronteiras do discurso político, esterilizando-se no registro do marketing. O candidato oposicionista não soube dizer que Dilma não é o que parece.

"Aécio é o Brasil sem medo do PT." Na sua melhor frase, a campanha dos tucanos contrapôs "o Brasil" ao "PT", utilizando a ideia de unidade como antídoto contra o discurso da divisão ("nós contra eles"). É política, mas só até a página 3. Segundo a lógica binária dos marqueteiros, existem apenas as alternativas do discurso "positivo" (propostas) e do "negativo" (ataques). Aécio oscilou entre os comportamentos polares, ao sabor das pesquisas qualitativas. A lógica conflitiva da política, contudo, exige o emprego da crítica, um recurso situado além do espectro de opções do marketing.

"Os ricos nunca ganharam tanto dinheiro quanto no meu governo." Na frase de Lula encontram-se as chaves para a crítica dos governos lulopetistas --isto é, para desvendar a empulhação veiculada pelo discurso populista. Aécio martelou o prego da inflação crônica, mas não esclareceu suas relações com a persistência de taxas de juros que desviam a riqueza social para o sistema financeiro. O candidato também não acendeu um holofote sobre o "bolsa empresário" do BNDES, iluminando a face oculta da "mãe dos pobres". Ele insistiu no escândalo da Petrobras, mas não explorou seu potencial pedagógico, explicando o lugar ocupado pela estatal na santa aliança da coalizão governista com as grandes empreiteiras. O marketing está para a política como o ensino fundamental está para a universidade.

"Escolas e hospitais padrão Fifa." Os manifestantes das Jornadas de Junho ofereceram uma bússola para as oposições, gritando nas ruas que a função do Estado é gerar bens públicos, não soprar bolhas de consumo com os foles do crédito, dos subsídios e da dívida. Os tucanos deixaram passar a oportunidade de mostrar as imagens das manifestações e de abrir um diálogo honesto com a maioria dos brasileiros, que as apoiaram. Provavelmente, escutaram o alerta de marqueteiros sobre os riscos de avivar a memória de um movimento avesso ao conjunto da elite política. O marketing teme a incerteza, que é inerente ao mundo da política.

João Santana não ganha eleições. No máximo, empacota um discurso eficaz.

Apagão de informações e uso da máquina pública - EDITORIAL O GLOBO



O GLOBO - 25/10

Apuradas as urnas, é possível que se constate que nestas eleições houve a mais escandalosa manipulação de recursos públicos a favor da candidatura oficial


Transcorria o governo Itamar Franco, o Plano Real havia começado a ser implementado, quando o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, ao se preparar para conceder uma entrevista à Globo, não percebeu que os microfones estavam abertos e verbalizou o enunciado dos governos: “O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".

Era setembro de 94, FH estava em campanha para ganhar sua primeira eleição presidencial. Ricupero entregou o cargo a Itamar, mas suas palavras nunca deixaram de, volta e meia, ser confirmadas.

É o que acontece, duas décadas depois, nesta campanha das eleições de 2014, em que o governo do PT evita divulgar pesquisas, informações em geral de interesse da população, para proteger a presidente Dilma na campanha de reeleição.

Em mais uma prova de que todo o governo subiu ao palanque da presidente, o Ministério da Educação adiou a liberação da listagem do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) referente ao rendimento em Português e Matemática, em 2013. Em setembro, foram divulgados os índices para as redes pública e particular. O resultado nos anos finais do ensino fundamental e em todo o ciclo médio não foi bom, tendo ficado abaixo das metas. Deduz-se que as informações agora sonegadas confirmem este cenário pouco animador. Para não dar munição ao candidato da oposição, Aécio Neves, segurou-se o dado, como estabelece o enunciado de Ricupero.

Também foi postergado o relatório de setembro sobre a arrecadação tributária, campo em que o governo também não se sai bem, devido aos efeitos da atividade lenta na economia. A coleta fraca de impostos projeta ainda mais preocupações sobre as contas públicas, equilibradas apenas devido à aplicação de técnicas de “contabilidade criativa”. Pura fantasia.

O apagão eleitoreiro de informações também atinge o desmatamento da Amazônia. A ONG Imazon indica haver crescimento da destruição da floresta. Mas apenas em novembro o governo liberará o que aconteceu na Amazônia em agosto e setembro.

O flanco social da pobreza e miséria, muito explorado por Dilma e adversários, também tem sido bem protegido: a direção do Instituto de Pesquisa Ecônomica Aplicada (Ipea), subordinada à Secretaria de Assuntos Estratégicos, vetou a divulgação de análise de estatísticas sobre a miséria, feita com base na última Pnad. Por isso, um diretor, Herton Ellery Araújo, entregou o cargo, assim como o pesquisador Marcelo Medeiros. Nem na ditadura militar houve esse tipo de ingerência no instituto.

Apuradas as urnas amanhã, é possível que se constate que nestas eleições houve talvez o mais escandaloso uso da máquina e de recursos públicos a favor da candidatura oficial, pelos menos desde a redemocratização.

O tamanho da crise do etanol - EDITORIAL O ESTADÃO



O ESTADO DE S.PAULO - 25/10

A crise que afeta as usinas de açúcar e álcool está longe do fim. Com a dívida 10% maior do que o faturamento que poderão alcançar, as usinas terão uma de suas piores safras dos últimos anos. A crise financeira mundial iniciada em 2008 tornou ainda mais difícil a situação das empresas brasileiras do setor sucroalcooleiro, que já começavam a pagar o preço da errática política do governo do PT para o etanol. Esse preço continua a aumentar. Como mostrou reportagem do Estado (21/10), com faturamento de R$ 70 bilhões no ciclo 2014-2015, as usinas deverão encerrar a safra devendo R$ 77 bilhões, de acordo com estimativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Tendo acreditado nas promessas do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tornar o Brasil o líder e o exemplo mundial na produção de energia limpa e renovável, as usinas investiram pesadamente entre 2003 e 2008 na expansão da capacidade de produção do etanol e, para isso, contraíram dívidas pesadas, que a maioria ainda não quitou.

O discurso ufanista do governo - que apontava as vantagens econômicas, ambientais e sociais do etanol de cana-de-açúcar sobre o similar americano produzido a partir do milho (com o desvio de boa parte da safra do grão que seria destinada para outras finalidades) - estimulava esses investimentos. Ao mesmo tempo, a política do governo de exigir das montadoras a produção de veículos bicombustíveis (flex) - que podem utilizar etanol, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção - parecia assegurar um grande volume de vendas para o mercado doméstico. Somadas às possibilidades de conquista de fatias maiores no exterior, com a transformação do etanol brasileiro de cana em commodity negociável em qualquer mercado do planeta, as possibilidades de crescimento do setor pareciam imensas.

Tudo mudou de repente. Com a descoberta, em 2007, de grandes acumulações de petróleo e gás em águas profundas, na camada do pré-sal, o governo Lula viu ali um potencial político-eleitoral muito maior, e de efeitos mais rápidos, do que o oferecido pelo etanol. Até então no centro das preocupações do governo petista, a energia limpa e renovável, que vinha sendo alardeada como o combustível do futuro, do qual o Brasil seria o grande fornecedor mundial, deixou de merecer a atenção das autoridades.

Mas o pior ocorreu no governo Dilma. Com o aumento das pressões inflacionárias a partir de 2011, o governo passou a conter o preço da gasolina. Com isso, também o preço do etanol adicionado à gasolina passou a ser comprimido. Já o preço do etanol vendido na bomba, embora teoricamente livre, é dependente de uma relação inescapável: a eficiência energética do álcool corresponde a cerca de 70% da da gasolina, o que condiciona seu preço ao do derivado do petróleo.

Somada à excessiva e danosa interferência do governo no setor, a gestão financeira em muitos casos imprudente de muitas usinas - que continuaram a tomar dívidas para a mecanização da colheita, renovação do canavial e até expansão da capacidade - tornou os problemas ainda mais graves.

De acordo com o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, há cerca de 375 usinas em operação no País. Dessas, ele estima que 30 talvez não tenham condições de moer cana na próxima safra, por causa de seu alto nível de endividamento. Desde 2008, entre 60 e 70 usinas encerraram suas atividades por problemas financeiros. Cerca de outras 70 operam em regime de recuperação judicial. Estima-se que, desde o início da crise, o setor de açúcar e álcool fechou 100 mil empregos diretos e 250 mil indiretos (de um total, respectivamente, de 1,5 milhão e 2,5 milhões).

Além da crise que se arrasta há seis ou sete anos, a seca reduziu a colheita de cana no Centro-Sul para 545 milhões ou 55o milhões de toneladas, cerca de 40 milhões do que se previa. Com isso, o fim da moagem será antecipado e, sem produtos para comercializar, o setor pode estar prestes a enfrentar uma das piores entressafras de sua história.


Diferenças externas - EDITORIAL FOLHA DE SP



FOLHA DE SP - 25/10


Em entrevistas a esta Folha, assessores de Dilma e Aécio reafirmam divergências de PT e PSDB em relação à estratégia internacional


Embora tenha ocupado espaço secundário nos debates eleitorais, a política externa é fundamental para o desenvolvimento do Brasil, que precisa usar seu peso demográfico e econômico para defender de maneira pragmática seus interesses nas esferas internacionais.

Não há dúvida de que os presidentes Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) souberam impulsionar o país no cenário global.

Coincidiram em algumas linhas gerais, como a consolidação da liderança regional e a valorização do "soft power". Divergiram, contudo, em questões relevantes.

Ao nomear o petista Marco Aurélio Garcia como assessor palaciano para a área, Lula diminuiu o papel do Itamaraty e adotou abordagem mais ideológica, anti-EUA.

Tal inflexão, que serviu para recompensar setores da esquerda do PT, culminou em posicionamentos criticáveis --caso do apoio ao então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (2005-2013), um líder autocrático que fustigava os EUA e pregava a eliminação de Israel.

Por outro lado, a reorientação ajudou o Brasil a se tornar menos dependente dos EUA. O país, que em 2002 recebia 25,5% de nossas exportações, neste ano é o destino de 11,5% delas, enquanto a participação da China, nesse período, saltou de 4% para 20%.

A presidente Dilma Rousseff (PT), no início de seu mandato, parecia disposta a corrigir rumos. Essa impressão, porém, durou pouco.

A falta de apetite de Dilma para o tema parece ter contribuído para aumentar o desgaste do Itamaraty. Vieram dificuldades orçamentárias e uma inédita carta contra o congelamento da carreira, além de decisões reprováveis, como a suspensão do Paraguai do Mercosul, num agrado à Venezuela.

Em entrevistas a esta Folha, os responsáveis pela área externa das campanhas presidenciais de Dilma e Aécio Neves (PSDB) reafirmaram as conhecidas diferenças.

O tucano Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, defendeu a recuperação do papel do Itamaraty, maior aproximação com os EUA e a Europa, além de mudanças para que o Mercosul não trave a celebração de acordos bilaterais.

O petista Garcia reiterou o propósito de "falar grosso" com os EUA e de privilegiar os pactos regionais.

Os dois candidatos sabem, de todo modo, que a estratégia externa precisa ter como meta reverter o declínio do saldo comercial, que despencou de um superavit de US$ 12,7 bilhões nos primeiros nove meses de 2010 para um deficit de US$ 690 milhões no mesmo período deste ano.

Sabem ainda que o Brasil tem perdido um espaço que conquistou. Suas exportações, da ordem de US$ 60 bilhões em 2002, chegaram a US$ 256 bilhões em 2011, mas diminuíram no governo Dilma. Enquanto isso, os manufaturados, que em 2002 representavam quase 55% das vendas no exterior, agora nem chegam a 35% delas.

O próximo mandato presidencial, como se vê, deverá ser de ajustes também na política externa.

Mais perdas no setor externo - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE



CORREIO BRAZILIENSE - 25/10


O Brasil ganhou ontem novo motivo para rever o mais cedo possível a condução da política econômica que minou a competitividade da indústria e vem reduzindo a participação dos produtos brasileiros no comércio mundial. Além disso, é urgente mudar a política externa desenvolvida nos últimos anos, para abrir espaço para negociações com países ou blocos que estão saindo da crise mundial iniciada em 2008/2009.

Com mais um preocupante deficit em transações correntes, de US$ 7,9 bilhões em setembro, o país passou a acumular em nove meses um resultado negativo nas contas externas de US$ 62,73 bilhões. É maior (4%) do que o acumulado em igual período de 2013 e empurra para US$ 83,55 bilhões o acumulado nos últimos 12 meses.

O resultado equivale a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior desde 2002 (12 anos), quando essa proporção foi de 3,9%. Além disso, antecipa a superação da previsão pessimista do Banco Central, que espera fechar 2014 com o deficit em US$ 80 bilhões, o pior entre os países emergentes.

Pouco adianta a autoridade monetária minimizar o problema, afirmando que o país tem conseguido financiar o deficit. De fato, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos somou US$ 4,2 bilhões em setembro, acumulando US$ 46,1 bilhões este ano. Na verdade, já vivemos dias melhores, quando superavits permitiram a formação das reservas cambiais que o país tem hoje.

Mas o crescimento dessa necessidade de financiamento, em razão do fraco desempenho comercial e das pressões sobre a balança de serviços, é uma preocupação que não pode deixar de ser levada em conta. Uma das razões é que ninguém sabe ainda ao certo como será o mercado financeiro internacional no ano que vem, quando os Estados Unidos passarem a aumentar as taxas de juros, como está anunciado.

Soma-se a esse cenário de incerteza no mercado internacional o baixo crescimento da economia brasileira e a dificuldade do governo em fechar o balanço fiscal, tendo de recorrer a recursos conhecidos como "contabilidade criativa". São dados que podem levar o país a ter de pagar mais caro por empréstimos e financiamentos, como consequência de eventual rebaixamento na classificação da dívida soberana, e mesmo dos bancos e empresas nacionais, pelas agências internacionais de risco de crédito (rating).

É preciso recuperar a confiança do investidor privado na economia do país, para que os investimentos na modernização da indústria e na reciclagem de pessoal sejam retomados, em busca de aumento da produtividade. Ao mesmo tempo, é indispensável aumentar o investimento público em infraestrutura e educação, para atrair a parceria com o capital privado.

Relatório anual da Organização Mundial do Comércio (OMC), divulgado esta semana, revela que o Brasil, além de perder posições no comércio mundial, está se distanciando das cadeias globais de produção industrial. Considerando ser a formação dessas cadeias uma inexorável tendência mundial ditada pela globalização da economia, esse distanciamento acabará provocando um isolamento que vai prorrogar a nossa condição de exportador de produtos primários, de baixo valor agregado. Temos de deixar as velhas práticas do protecionismo e ir em busca da competitividade, ou ficaremos à margem do comércio mundial.

Esconde-esconde estatístico - EDITORIAL GAZETA DO POVO - PR



GAZETA DO POVO - PR - 17/10


Às vésperas da eleição, governo federal suspende divulgação de dados fiscais e educacionais, adiando tudo para depois da votação decisiva


Uma venda cobre os olhos dos brasileiros que se preparam para, neste domingo, ir às urnas para eleger o presidente que comandará os destinos da República pelos próximos quatro anos a contar de 1.º de janeiro. Estes eleitores – mais de 140 milhões de cidadãos – estarão impedidos de decidir conscientemente para quem darão seus votos se dependerem da análise de alguns dados públicos importantes, tais como a situação fiscal do país e a qualidade do ensino. É que o governo, por motivos que parecem óbvios, achou por bem só divulgá-los após a eleição deste domingo.

Em condições normais (ou melhor, se as informações fossem positivas), os dados em questão já deveriam ter sido divulgados. Um deles diz respeito à arrecadação tributária. Sintomas já conhecidos indicam que a receita, que já era insuficiente para cobrir todos os gastos da União, vem caindo nos últimos meses, certamente um reflexo da decadência da atividade econômica e fator de aumento do déficit e da consequente redução do superávit primário – parcela que o governo reserva para fazer frente ao pagamento do serviço da dívida.

Outro dado se refere ao desempenho dos alunos da rede pública em Matemática e Português, os mais vitais para a aferição da qualidade do ensino que se pratica nas escolas. Já se conhece desde setembro, parcialmente, o resultado do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e já sabemos que houve uma generalizada estagnação. Poucas redes conseguiram atingir as metas estabelecidas; ao contrário, na média, houve decréscimo.

Como sub-índice do mesmo Ideb, deveriam ser tabuladas e divulgadas as notas referentes especificamente àquelas duas disciplinas – o que se esperava acontecer já nos dias ou semanas subsequentes à divulgação dos índices gerais. Entretanto, embora já disponha das informações, o governo decidiu que só vai torná-las públicas após o segundo turno. De novo, infere-se a obviedade: elas não favorecem a imagem de gestora eficiente que a presidente-candidata pretende passar, especialmente na área educacional.

Tal comportamento está se tornando rotina. Faz poucos dias o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concluiu estudo segundo o qual, bem ao contrário do que afirma a propaganda oficial, a concentração de renda no Brasil aumentou, isto é, houve queda no ritmo de diminuição das desigualdades sociais nos últimos anos. Também este estudo recebeu o carimbo de adiamento, só podendo ser divulgado depois do próximo domingo. Por esta razão, em sinal de protesto, o diretor do Ipea responsável pela pesquisa pediu exoneração do cargo. O IBGE, que faz a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), foi obrigado, também este ano, a passar por idêntico vexame.

Este jogo de esconde-esconde produz efeitos perversos. Primeiro, por levar ao descrédito as nossas principais instituições de pesquisa, impondo restrições de natureza nitidamente política às suas atividades. Segundo, por cegar outras entidades que, munidas a tempo e à hora de informações produzidas pelas primeiras, poderiam servir-se de seus dados para tomar eventuais medidas corretivas. E, terceiro, por agredir o princípio da transparência e sonegar à sociedade o direito de conhecer a realidade tal como ela é.

E tudo isto por quê? Pelo simples desejo de manter o poder, nem que custe “o diabo”.

A cultura da corrupção - EDITORIAL ZERO HORA



ZERO HORA - 25/10

Casos de desvio de dinheiro público, antigos e recentes, dominaram os debates eleitorais na campanha presidencial que está terminando e também em algumas disputas estaduais. Candidatos e partidos políticos procuraram sempre evidenciar os malfeitos de seus adversários, mas poucos foram capazes de reconhecer que o modelo político do país, que eles próprios fazem questão de manter inalterado, é o principal fator gerador da corrupção. Enquanto vigorar um sistema que conjuga deformações institucionalizadas _ entre as quais alianças partidárias aberrantes para sustentar o presidencialismo de coalizão, loteamento da administração pública como compensação para o apoio político, financiamento de campanhas políticas por empresas que fazem negócios com o governo e proliferação desenfreada de partidos sem qualquer identidade programática _ todos os discursos moralizadores serão inconsequentes.
Superada a atual campanha eleitoral, que já está sendo apontada como uma das mais agressivas da história republicana, o país tem que parar para refletir e para repensar o seu fazer político. Parcela significativa da população brasileira sai desse momento triste verdadeiramente enojada com a política, tal foi o festival de acusações, denúncias e ofensas entre os candidatos nos espaços públicos e entre os eleitores nas redes sociais. A chamada estratégia da desconstrução acabou desconstruindo um pouco mais a confiança do povo nos seus representantes.
Como alterar esse estado de coisas? Já está evidente que não basta defender e sonhar com a esperada reforma política, que não vem nunca porque os beneficiários do atual sistema são os primeiros a boicotá-la no Congresso. Constituinte exclusiva, como querem algumas lideranças respeitáveis, é uma alternativa tão anômala, que implica riscos à democracia. Então, não resta outra saída a não ser a aplicação rigorosa da legislação já existente para punir infratores e a criação de novos mecanismos preventivos que aumentem a transparência na administração pública.
Corrupção se combate com o exercício diário e permanente da ética. Simples assim, desde que se convencione que não há ética pela metade, nem ética exclusiva e muito menos ética adaptada ao gosto de quem ocupa o poder.

Desastre nas contas externas - EDITORIAL O ESTADÃO



O ESTADO DE S.PAULO 25/10

O rombo nas contas externas aumentou de novo em setembro, quando o déficit em conta corrente acumulado em 12 meses chegou a US$ 83,56 bilhões, valor correspondente a 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Nada indica melhora até o fim do ano, porque as exportações continuam fracas e o mau desempenho do comércio exterior tem sido, até agora, a causa principal da deterioração do balanço de pagamentos. O déficit da conta corrente em setembro, de US$ 7,91 bilhões, foi um recorde para o mês e ficou bem acima do previsto no mês passado pelos técnicos do Banco Central (BC), de US$ 6,7 bilhões.


Na semana passada, o mercado financeiro elevou de US$ 80 bilhões para US$ 81 bilhões o buraco estimado para as transações correntes neste ano. O BC manteve a estimativa de US$ 80 bilhões no relatório sobre o setor externo divulgado nessa sexta-feira. Em 2013, o resultado negativo chegou a US$ 81,11 bilhões, ou 3,62% do PIB.

As transações correntes - ou, de modo mais simples, a conta corrente - englobam as trocas de bens e serviços do País com o exterior. Seu primeiro item é a balança comercial, formada por exportações e importações de produtos físicos (mercadorias). Até setembro, o resultado dessas operações, considerado no relatório mensal do BC, foi um déficit de US$ 696 milhões - reflexo, principalmente, da baixa competitividade industrial. O saldo em vermelho acumulado no ano chegou a US$ 1,28 bilhão em 19 de outubro.

O segundo item é formado pela balança de serviços (como viagens, transportes e aluguel de equipamentos) e de rendas (como juros, lucros e dividendos). Essa conta é tradicionalmente deficitária. Neste ano, até setembro, o resultado é um buraco de US$ 63,13 bilhões.

O terceiro componente é formado pelas transferências unilaterais, como remessas de trabalhadores no exterior e dinheiro enviado a estudantes. O resultado é normalmente positivo e o saldo até novembro ficou em US$ 2,5 bilhões. Entre 2003 e 2007, a soma do superávit comercial com o pequeno saldo das transferências cobriu com folga o déficit de serviços e rendas. Isso havia ocorrido também desde a segunda metade dos anos 80 até 1994.

Um déficit em conta corrente pode ser saudável, quando é moderado e resulta de uma expansão dos investimentos. Nesse caso, a captação de recurso externo para financiar o déficit complementa a poupança interna, facilitando as aplicações de capital em máquinas, equipamentos, construções industriais e obras de infraestrutura. Quando esse processo é bem conduzido, o resultado é uma aceleração do crescimento econômico e da renda per capita. Mas o déficit em conta corrente, nos últimos anos, tem resultado basicamente da expansão do consumo privado e dos custos de operação do governo.

O investimento tem oscilado na vizinhança de 18% do Produto Interno Bruto e chegou a cair nos últimos dois anos. A produção de máquinas e equipamentos tem diminuído, assim como a importação, e isso comprova a continuada retração do investimento empresarial.

Como o investimento público avança muito devagar, a formação de capital físico no Brasil continua muito inferior à necessária para ampliar o potencial de crescimento. O déficit em conta corrente, portanto, reflete o excesso de consumo e de gastança pública improdutiva e sua expansão é um indício de vulnerabilidade crescente da economia nacional.

Também tem piorado o financiamento desse déficit. Entre 2008 e 2012, o investimento estrangeiro direto, o capital estrangeiro mais produtivo e menos sujeito a súbitas mudanças de direção, foi mais que suficiente para cobrir o buraco da conta corrente. Em 2013, esse tipo de capital totalizou apenas US$ 64,04 bilhões, enquanto o déficit chegou a US$ 81,11 bilhões. Nos 12 meses até setembro, o investimento direto ficou em US$ 66,46 bilhões. Faltou muito para cobrir os US$ 83,56 bilhões de saldo negativo. Pelas estimativas do BC, esse tipo de aplicação deve totalizar US$ 63 bilhões entre janeiro e dezembro. O resto do déficit será coberto, como tem sido há quase dois anos, por dinheiro de outro tipo, mais instável e muito mais especulativo.

COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO

“A gente sabia que a delação premiada traria transtornos violentos”
Deputado Domingos Sávio (PSDB-SP)sobre Dilma e Lula saberem que havia Petrolão.



IMPEACHMENT DE DILMA JÁ TEM 575 MIL ASSINATURAS

Petição de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) acumulava no começo da noite desta sexta-feira (24) mais de meio milhão de assinaturas (exatas 575 mil). A petição, no site Avaaz, ganhou fôlego após revelação do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal de que Dilma e Lula sabiam do roubo na Petrobras. A PF suspeita que Youssef “lavou” R$ 10 bilhões.

DESQUALIFICANDO

Em sua propaganda eleitoral na tevê, Dilma optou por desqualificar a revista Veja, que publicou a notícia, ameaçando-a de processo.

CREDIBILIDADE

Ao afirmar que Veja “não tem credibilidade”, Dilma deveria explicar por que seu governo acredita na revista: é um dos principais anunciantes.

GATUNAGEM

O megadoleiro Alberto Youssef era o caixa do esquema de gatunagem na Petrobras, desmantelado pela Operação Lava Jato.

BC DA LADROAGEM

Youssef e seu “sócio” Paulo Roberto Costa comandavam uma espécie de “banco central” da corrupção, instalado em 2006, no governo Lula.

JOAQUIM SE OMITE E DESAPONTA ADMIRADORES

Joaquim Barbosa abandonou o Supremo Tribunal Federal quando mais ele era necessário, para alegria dos mensaleiros – que já voltam para casa. Prometeu um livro revelador, e recuou. Jurou protagonismo na campanha, e se omitiu. De forma vexatória, o “juiz do Brasil” saiu do País pela porta dos fundos para estar no exterior no dia da eleição, sem assumir lado nem sob proteção da cabine indevassável da urna.

EXPECTATIVA

Admirado por grande parcela da opinião pública, Joaquim não poderia se esquivar de marcar posição, contra ou a favor, Dilma ou Aécio.

LIÇÃO CÍVICA

Joaquim Barbosa ainda tomou lição cívica de garotos como Neymar, que assumem a responsabilidade de líderes, tomando posição firme.

NEM NO TWITTER

Arredio a entrevistas, até porque nelas raramente se sai bem, Joaquim Barbosa emudeceu até mesmo no Twitter, onde prometeu “bombar”.

EXTRADIÇÃO DE PIZZOLATO

Deve ser julgado na Justiça italiana, terça-feira (28), o pedido de extradição do pilantra Henrique Pizzolato, o mensaleiro fugitivo. O ex-diretor do Banco do Brasil está condenado a 12 anos e 7 meses de prisão.

ENSINAMENTO

Em caso de vitória, Aécio Neves vai lembrar do avô Tancredo, mestre da bruxaria política. Quando alguém lhe cobrava uma nomeação, ele respondia: “Rapaz, diga que eu convidei e que você não aceitou...”.

MINISTRO MEIRELLES

Ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles deve ser ministro da Fazenda, em eventual novo governo Dilma. A opção de Dilma é o ex-tudo Delfim Netto. Também citado, Jaques Wagner já pode escolher o gabinete que quiser, no Palácio do Planalto. Exceto o da chefa, claro.

DUAS MEDIDAS

O PT cearense anda indignado com Lula, que gravou vídeo de apoio a Robinson Faria (PSD) no Rio Grande do Norte, mas não pôs os pés no Ceará para ajudar o candidato petista Camilo Santana.

CENSURA NA MARRA

No Recife, ontem, e em várias cidades, falsários engravatados dizendo-se “funcionários do TRE”, recolheram exemplares de Veja nas bancas. Mas, apesar da tentativa do PT, a Justiça não impediu sua circulação.

NO ORIGINAL

Questionado sobre a revelação do doleiro Alberto Youssef, de que ele sabia do roubo da Petrobras, disse que não lê a revista Veja. Lê somente a inglesa The Economist, que andou criticando.

ELES FAZEM O DIABO

O PT intensificou o terrorismo nas redes sociais e no WhatsApp afirmando que Aécio Neves “vai acabar com Bolsa Família”, uma mentira cujo desmentido é ignorado pelos governistas.

CARTA NA MANGA

Dirigentes do PMDB garantem que o vice Michel Temer tem uma carta na manga para permanecer no comando nacional do partido, tanto na reeleição de Dilma quanto em caso de vitória de Aécio Neves.

CABO ELEITORAL

Apoio do craque Neymar a Aécio Neves (PSDB) repercutiu na internet. A hashtag #AtéoNeymar bombou no Twitter, nesta sexta-feira.


PODER SEM PUDOR

PERGUNTAS CONVENIENTES

Na campanha para governador, em 1990, o atual senador Roberto Requião concedia entrevista na TV Cidade, em Londrina (PR), quando seu assessor Waurides Brevilheri Jr entregou ao apresentador do programa, Próspero Neto, cinco perguntas a serem distribuídas aos jornalistas participantes. Perguntas que Requião queria que fossem feitas. Os jornalistas, é claro, recusaram a manipulação.

Desde então, o ex-governador paranaense mantém o hábito de atacar a imprensa que não controla.