terça-feira, maio 07, 2013

Santo Sudário - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 07/05

Mais um exemplo de como a vinda do Papa ao Rio para a Jornada Mundial da Juventude traz a reboque eventos paralelos interessantes.
Em junho, o Jardim Botânico vai expor os hologramas do Santo Sudário, da coroa de espinhos de Cristo e do chicote que martirizou Jesus.

Como se sabe...

Hologramas são registros dos objetos feitos com a ajuda de laser, e que depois são projetados numa tela. As peças estão em Turim, na Itália.

A noite da abertura está sendo organizada pela socialite Gisella Amaral.

A rainha dos cowboys
A senadora Kátia Abreu está na capa da “Newsweek”.

Diz lá que “a rainha dos cowboys” vai trabalhar a cavalo e não foge de uma briga.

Cartão de crédito
O Data Popular, de Renato Meirelles, divulga amanhã pesquisa sobre crédito.

Mostra que 40% dos brasileiros desempregados têm cartão de crédito, contra 62% entre os empregados.

Corte chique
O alfaiate italiano Salvatore Di Francisca, que cria os ternos de Cristiano Ronaldo & cia, do Real Madrid, chega ao Rio hoje.

Vai atender clientes na Alberto Gentleman. Mas, é bom preparar o bolso: os ternos chegam a R$ 20 mil.

Varig, Varig, Varig
Ufa! Finalmente amanhã, a pedido da ministra Cármen Lúcia, relatora daquela ação bilionária de defasagem tarifária da Varig, o STF julga o caso. 

Pode ser uma tábua de salvação para milhares de antigos funcionários da aviadora.

Redator de verdade
O sociólogo e poeta José Almino, ex-presidente da Casa de Rui Barbosa, vai ajudar na elaboração do relatório final da Comissão Nacional da Verdade.
A ideia é tentar padronizar o texto final para que não fique uma colcha de retalhos dos relatórios produzidos internamente.

Exílio...
Almino, filho de Miguel Arraes, perseguido do regime militar, viveu muito tempo no exílio.

Mãos sujas de sangue...
Aliás, cada um dos membros da Comissão da Verdade recebeu cópias de depoimentos de pessoas torturadas pelo DOI-Codi entre 1970 e 1974, na época comandado pelo coronel Brilhante Ustra.

Ustra, que tinha recusado depor na comissão de São Paulo, teria sido convencido por seus advogados a comparecer sexta agora, às 11h, em Brasília, na Comissão Nacional da Verdade, sob pena de ser preso.

Retratos da vida
Acredite. Dia destes, um grupo de usuários de crack, vindo da Lapa, passou pela Praça Tiradentes, no Centro do Rio, e assaltou... dois mendigos que dormiam na calçada.
Levaram duas garrafas de cachaça e um maço de cigarros.

Jogando a toalha
A unidade da Alsco Toalheiro Brasil, no Jardim Botânico, pretende deixar o bairro, basicamente, residencial.
O terreno foi oferecido à direção do Jardim Botânico, o parque, que enfrenta problemas fundiários.

Quem tem seda?
A Marcha da Maconha, no Rio, foi marcada para sábado, em Ipanema.
A data marca os 32 anos da morte de Bob Marley, o cantor que... você sabe.

Poxa, Puma!
Antes de o Cariocão acabar, já estavam em falta nas lojas do Botafogo as camisas número 10, do ídolo Seedorf.

Lojistas contam que a procura aumentou muito, mas acusam a distribuição da Puma de ser precária.

Aliás...
Viva o Botafogo!

Quem quer viver para sempre? - JOÃO PEREIRA COUTINHO

FOLHA DE SP - 07/05

Se me dissessem que o meu futuro duraria uma eternidade, seria o primeiro a pular da janela sem hesitar


Eu já deveria estar morto. Ou a caminho de. Para alguns leitores, nunca uma frase soou tão verdadeira.

Mas eu falo de história, não de afetos. Se tivesse nascido em Portugal cem anos atrás, já haveria lápide e caixão. Dá para acreditar que, em inícios do século 20, a esperança média de vida para os homens portugueses rondasse os 35-40 anos?

Hoje, andará pelos 80. O que significa que, com sorte e algum bom humor do Altíssimo, eu estou apenas no meio da viagem.

Se juntarmos os progressos da medicina no futuro próximo, é possível que a viagem seja alargada mais um pouco. Cem anos, cento e tal. Nada mau.

Um artigo recente da "Nature", aliás, promete revoluções para a minha pobre carcaça. O segredo está no hipotálamo cerebral e numa proteína do dito cujo que regula o envelhecimento humano.

Não entro em pormenores, até porque eu próprio não os entendo. Mas eis o negócio: se a proteína é estimulada, os ratinhos morrem mais depressa. Se a proteína é inibida, acontece o inverso.

Falamos de ratos, por enquanto, o que significa que a descoberta só terá aplicação imediata entre a classe política.

Mas o leitor entende onde eu quero chegar. E eu quero chegar à maior promessa de todas: o dia em que seremos finalmente imortais.

Na história da cultura ocidental, esse dia pode estar no passado distante (ler o poeta grego Hesíodo, ler a Bíblia).

Ou pode estar no futuro, como garantem os "transumanistas". Falo de uma corrente bioética perfeitamente respeitável que se dedica a essa causa: o destino da humanidade não está em morrer aos cem. Está em viver indefinidamente depois dos cem. Como?

Através dos avanços da tecnologia, claro. Porque só a tecnologia permitirá aos homens suplantar a sua infantil condição mortal.

O nosso corpo é apenas a primeira casca de todas as cascas que estarão para vir. E quem, em juízo perfeito, não gostaria de viver para sempre?

Curiosamente, há quem não queira. O filósofo inglês Roger Scruton, em ensaio recente, dedica um capítulo específico aos transumanistas. O livro intitula-se "The Uses of Pessimism and the Dangers of False Hope" (os usos do pessimismo e os perigos da falsa esperança). Segundo sei, será publicado no Brasil em breve. Recomendo.

Primeiro, porque é uma súmula perfeita do pensamento de Scruton, escrito com a elegância habitual do autor.

Mas sobretudo porque é a mais brilhante refutação do pensamento utópico --e em particular do pensamento utópico transumanista de autores como o norte-americano Ray Kurzweil ou o britânico Max More--, que me lembro de ter lido.

Isso deve-se, em grande parte, ao fato corajoso de Scruton ter sido capaz de virar o debate do avesso e perguntar: por que motivo a doença e a morte devem ser vistos como males intoleráveis que devemos erradicar? Não será possível olhar para eles como bens necessários?

Certo, certo: ninguém ama a doença e, tirando casos extremos, ninguém deseja morrer. Só que esse não é o ponto.

O ponto é que, sem a doença e a morte, a vida não teria qualquer valor em si mesma.

Os projetos que fazemos; as viagens com que sonhamos; os amores que temos, perdemos, procuramos; e até a descendência que deixamos --tudo isso parte da mesma premissa: o fato singelo de não termos todo o tempo do mundo.

Vivemos, escolhemos, amamos --porque temos urgência em viver, escolher e amar. Se retirarmos a urgência da equação, podemos ainda viver eternamente.

Mas viveremos uma eternidade de tédio em que nada tem sentido porque nada precisa ter sentido. Sem a importância do efêmero, nada se torna importante.

Os transumanistas sonham com um mundo pós-humano. É provável que esse mundo seja possível no futuro, quando a técnica suplantar a nossa casca primitiva.

Mas esse mundo, até pela sua própria definição, será um filme diferente. Não será um filme para seres humanos tal como os conhecemos e reconhecemos.

Viver até os cem? Agradeço. Cento e vinte também servem. Mas se me dissessem hoje mesmo que o meu futuro duraria uma eternidade, eu seria o primeiro a pular da janela sem hesitar.

Fábulas do desengano - ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Uma das passagens mais conhecidas de Dostoievski é a história do Grande Inquisidor, relatada no livro Os Irmãos Karamazov. O cenário é Sevilha, nos tempos da Inquisição. Ainda na véspera, uma centena de hereges havia sido queimada, para maior glória de Deus, num soberbo auto de fé. Eis que agora... quem aparece, caminhando suavemente, na mesma praça? Ele mesmo: Jesus! Estava escrito que um dia voltaria. Decidiu voltar, bem de acordo com seu conhecido gosto pelas estratégias de risco, num momento da história em que os que se fizeram de donos de sua mensagem adotaram a política de silenciar pelas chamas os insubmissos, os desobedientes, os desviantes ou os considerados como tais.

A multidão se aglomera diante dele. Vem um cego e pede: “Senhor, cura-me”. Um gesto, e o cego vê. O povo rejubila-se, canta hosanas. No momento em que adentra a catedral, encontra o pequeno caixão de uma criança mona. A mãe se aproxima, entre lágrimas. ‘‘Ressuscita minha filha.” Ele ordena à criança: “Levanta-te” — e ela se levanta. Nesse momento, surge em cena o Grande Inquisidor. É um velho alto, de face seca e olhar no qual brilha um sinistro clarão. Ele viu tudo: o cego que agora enxerga, a criança que voltou à vida. Aponta o dedo para o autor dos milagres e ordena aos guardas: “Prendam esse homem”. O preso é recolhido ao calabouço dos hereges. À noite, o Grande Inquisidor aparece na cela. É um homem muito ciente de seus deveres e de sua autoridade e por isso lhe comunica que, no dia seguinte, será queimado. Não dá ao condenado nem o direito de palavra. Ordena-lhe: "Não digas nada, cala-te. Que poderias tu dizer? Não tens o direito de acrescentar uma só palavra ao que disseste outrora”.

Dostoievski tinha em mente Jesus e os descaminhos de sua herança nas mãos dos que dela se apropriaram. Uma moral expandida da fábula poderia incluir os grandes pensadores, os políticos, os economistas ou os artistas em nome dos quais seus seguidores, admiradores ou intérpretes haurem prestígio e autoridade. E se eles voltassem? Se Marx voltasse, ou Freud, ou Darwin? Como reagiriam os chefes de suas respectivas igrejas? Para ficar mais perto, e se Bolívar voltasse à Venezuela? Teria ele o direito de acrescentar alguma palavra ao que disse outrora?

O escritor italiano Ítalo Svevo (1861-1928) deixou esboçada uma história, que afinal a morte o impediu de desenvolver, na qual um velho, ao preparar-se para dormir, à meia-noite, lembra que essa é a hora em que Mefistófeles costuma aparecer e propor seus famosos pactos. A esposa, na cama. já dorme placidamente. O velho deixa-se levar pelo devaneio e conclui que — sim, por que não? — de bom grado cederia a alma ao demônio. A questão é: o que pedir em troca? Imagina Mefistófeles, satisfeito por ter amealhado mais um, à espera apenas de que ele declinasse o preço. O vellio pensa, pensa, e não chega a uma conclusão. Pedir de volta a juventude? Mas por quê, se ela é insensata e cruel, ainda que a velhice seja intolerável? A imortalidade? Por quê, se a vida é insuportável, ainda que nos atormente a angústia da morte? O velho se dá conta de que nada tem a pedir e, ao imaginar o embaraço do Mefisto, diante de tão surpreendente situação, põe-se a rir, e tanto que a mulher acorda. “Rindo, a esta hora”, diz ela. ”Ê homem de sorte.”

A fábula de Svevo é parecida com uma outra, de Monteiro Lobato, nesse grande livro que é Reinações de Narizinho. Dona Aranha, exímia costureira, faz o vestido de baile com o qual Narizinho vai se apresentar à corte do Príncipe Escamado. O vestido fica tão bonito que o espelho diante do qual a menina foi prová-lo arregala os olhos de espanto, e, à medida que são acrescentados os adereços, mais os arregala, e mais ainda, até que, de tanto se espantar, racha de alto a baixo. Era o sinal que Dona Aranha esperava desde que tinha nascido e, de menina que era, fora transformada em aranha por uma fada má. Ao mesmo tempo, uma fada boa lhe dera aquele espelho, prometendo que, no dia em que fizesse o vestido mais lindo do mundo, deixaria de ser aranha para ser o que quisesse. E agora? Dona Aranha pensa, pensa. Transformar-se em quê? Princesa? Sereia? Pensa, pensa, e desiste. “Acho melhor ficar no que sou. Estou acostumadíssima.” Tanto na fábula de Svevo quanto na de Lobato a magia é derrotada. Por isso são tão saborosas. É uma delícia ver seres superpoderosos, como Mefistófeles ou as fadas, reduzidos à impotência, diante de quem despreza os seus serviços.

Três senhoras sentadas - LYA LUFT

REVISTA VEJA

Eram três mulheres de uns 50 anos, simples, robustas, cansadas e suadas, esperando ônibus no Rio havia mais de uma hora. Calor, desconforto. A van que costumavam usar a caminho de seu emprego fora desativada com outras. Problema nas vans? Em vez de corrigir, a gente suspende tudo. O povo que se vire.

Mas não conseguiam se virar as três senhoras cansadas. Finalmente um ônibus para; por uma raríssima exceção, não está lotado. Deve ter passado a hora do pico. As três entram, depois aparecem em janelas acenando para a câmera da TV com a folha de papel com que se abanavam na rua. Felizes, lustrosas, risonhas: conseguiram um lugar para sentar, coisa mais difícil do que cair dinheiro do céu. Nós somos essas pessoas que ficam felizes por poder se sentar em mais uma longa, quente, infernal viagem até seu trabalho — aonde chegariam atrasadas, com desconto, xingação, qualquer coisa. Mas estamos acostumados.

A gente abre o jornal de manhã e liga a televisão: notícias, apesar de seguidamente prometermos a nós mesmos não envenenar mais a alma ao começar o dia com o atroz desfile de barbaridades econômicas, policiais ou éticas. O que penso que seja burrice nossa, mas ninguém é perfeito. As novidades são violentas: um dos monstros assassinos que queimaram viva uma dentista de classe média, que sustentava pais velhos e irmã deficiente trabalhando num consultório no fundo da casa, confessou o ato e é menor de idade. Vai passar um tempinho numa casa socioeducativa? No âmbito da educação, mais espanto: as universidades não precisam mais exigir título de mestrado ou doutorado para seus professores. A desculpa é que profissionais brilhantes conseguem ensinar sem esse título. Minha sugestão seria, em lugar de baixar ainda mais o nível, nesses casos raríssimos apelar para o “notório saber”... Mas receio que o autor dessa maravilha ignore o que é isso.

Nestes mesmos dias, anunciou-se outra dessas propostas que pululam feito moscas na carniça: o Supremo não seria mais supremo, mas submetido em várias coisas à análise e aprovação do Congresso. Liguei para meus filhos, como costumo fazer: “Está começando o fim da nossa democracia”. Será o fascismo se instalando, a Justiça nas mãos de deputados e senadores nem sempre votados — tem gente que ocupa o lugar como suplente, sem um voto que seja. Vários deles, aliás, réus condenados, mas que por um desses nossos absurdos continuam na tribuna, votando, dando ordens, quando deviam estar recolhidos.

Moradias populares, concedidas a gente de baixa renda, o sonho de uma vida, muitas nem habitadas, já desmoronam. A caixa-d’água caiu em cima da cama em uma delas, mas ninguém morreu. Que alegria. Edifícios erguidos onde desmoronou o malfadado Morro do Bumba, desgraça mais do que anunciada, inabitáveis, agora demolidos e reconstruídos — nós, o povo, pagamos, como sempre. O dinheiro que ali devia ter sido aplicado escorregou para bolsos alheios como em tantos projetos que, com boa gestão, seriam positivos.

Manifestantes vários causam estragos sérios em edifícios públicos; o conserto pagamos nós, o povo. Eles quase sempre ficam impunes. Mas, se eu destruísse o bem público, certamente não estaria livre para aqui escrever. Aliás, de onde vêm essas multidões que não estão na fábrica, no escritório, na escola ou na enxada?

Enquanto escrevo esta coluna, parece que a nova proposta de reduzir o nível já inferior do nosso ensino superior será arquivada: resta-nos alguma lucidez. O plano de amordaçar a imprensa anda quieto, mas voltará a rosnar. E o projeto de castrar o Supremo, o último reduto de moralidade e respeito, também será engavetado: continuamos uma democracia. Bom se com ele engavetassem a mentira, a roubalheira, a impunidade, a insegurança. Eis a nossa perplexidade: o que vão querer nos impingir, mas esconder por breve tempo, se a gente reclamar mais alto? As três mulheres sentadas no ônibus representam um instante de alívio. Breve trégua, até a próxima tentativa.

Lula e os dois PTs - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 07/05

É temerária a perspectiva de que "se passe a menosprezar o exercício da democracia e se comece a aplicar a ditadura de um partido sobre os demais". Por outro lado, "você pode fazer o jogo político, pode fazer aliança política, pode fazer coalizão política, mas não precisa estabelecer uma relação promíscua para fazer política". Um petista desavisado que topasse com essas declarações sobre a política brasileira não hesitaria em atribuí-las à conspiração da "mídia conservadora" para "acabar com o Partido dos Trabalhadores (PT)". Mas são declarações textuais de Luiz Inácio Lula da Silva, o grande líder do PT. Constam de mais uma publicação destinada a cultivar o mito petista, o livro 10 Anos de Governos Pós-Neoliberais no Brasil: Lula e Dilma, que será lançado dia 13.

Quem acompanha com um mínimo de espírito crítico a trajetória política de Lula sabe do absoluto descompromisso do ex-presidente com a coerência. Lula fala o que quer, quando quer, movido por notável intuição político-eleitoral e comprovado senso de oportunidade. Não tem o menor escrúpulo de desdizer hoje o que afirmou ontem nem de fazer amanhã o que condenou hoje. Assim, Lula declarar que tem medo da "ditadura de um partido sobre os demais" e reprovar a prática de "relação promíscua para fazer política" não chega a ser surpreendente, mas é de um cinismo de fazer corar um monge de pedra.

Que dizer, então, do comentário do "principal protagonista" do PT a respeito do polêmico episódio da divulgação da Carta ao Povo Brasileiro? Essa proclamação, de cunho essencialmente eleitoral, cumpriu em 2002 o objetivo de, poucos meses antes da eleição presidencial, tranquilizar os setores da opinião pública temerosos diante da determinação dos radicais lulopetistas de reverter a política econômico-financeira "neoliberal" com que o governo FHC lograra acabar com a inflação, promover a estabilidade e retomar o crescimento social e econômico.

Eleito, Lula realmente manteve os fundamentos econômicos "neoliberais", que permitiram a vigorosa ampliação dos programas sociais iniciados por seu antecessor. E agora, num surto de sinceridade, se dá ao desfrute de fazer blague com aqueles acontecimentos: "Eu era radicalmente contra a carta porque ela dizia coisas que eu não queria falar, mas hoje eu reconheço que ela foi extremamente importante". Teria sido mais verdadeiro se dissesse "útil".

De qualquer modo, ao longo das 20 páginas em que o organizador do livro, coadjuvado por outro fiel seguidor do ex-presidente, se empenha em levantar a bola para o entrevistado, Lula faz também uma análise do PT atual a que certamente só se permitiu porque se considera soberano, com direito ao luxo de dizer a mais pura verdade: o Partido dos Trabalhadores está dividido hoje em dois grupos - "o eleitoreiro, parlamentar, o PT dos dirigentes", e o partido "da base, igualzinho ao que era em 1980".

O que Lula não chega a admitir é que, dentro da "democracia petista" - que, de resto, não é muito diferente daquela praticada pelos outros partidos -, quem manda de fato são os "dirigentes", hoje obcecados em perpetuar-se no poder. A base, "igualzinha ao que era em 1980", continua, é claro, defendendo as mesmas propostas radicais que fizeram Lula ser derrotado em três pleitos sucessivos. E para os "dirigentes" é muito importante que mantenha esse discurso, para que o PT possa continuar ostentando a aura de partido popular.

É isso que explica, por exemplo, a presença do disciplinado Rui Falcão no comando formal da legenda. De vez em quando Falcão reúne a tropa, solta algumas palavras de ordem radicais, vocifera contra a "direita", os "neoliberais", a "mídia golpista" e vão todos para casa jubilosos de sua militância "revolucionária".

Enquanto isso, a nomenklatura petista, refestelada nos altos gabinetes do partido e do governo, cultiva relações cada vez mais promíscuas com as lideranças políticas que combateu durante mais de 20 anos e conspira, nos bastidores do Congresso, para sufocar forças políticas que possam emergir na contramão de seus interesses eleitorais em 2014.

Os anéis e os dedos - JOSÉ PAULO KUPFER

O Estado de S. Paulo - 07/05

De todas as más notícias transmitidas pela economia brasileira nos primeiros quatro meses de 2013, a que merece mais atenção talvez seja a piora acelerada das contas externas. São bem conhecidos os problemas de um aumento na vulnerabilidade externa, mesmo que hoje o País disponha do escudo do ainda elevado, embora cadente, nível projetado de ingressos de investimentos diretos externos e da forte posição em reservas internacionais.

Mas, pelo menos por enquanto, não é por essa razão que os desarranjos nas contas correntes mais preocupam. A maior inquietação com os números negativos e a tendência deslavorávei das contas externas é o que eles denunciam em relação a pontos estruturais da economia.

Alguns poderiam imaginar que a inflação devesse merecer a maior atenção. Ou que a prioridade no ranking das preocupações devesse ser ocupada pela atual caminhada errática e, no fim das contas descendente, do nível de atividades - depois dos números da produção industrial de março, aumentou o grupo de analistas com estimativas para o PIB menores que os 3% por enquanto predominantes.

No caso da inflação, contudo, a tendência é de alivio relativo, com retomo do IPCA em 12 meses ao intervalo do sistema de metas - o que já se projeta que ocorrerá, com a divulgação prevista para amanhã do IPCA de abril -, embora mais uma vez desconfortavelmente próximo do teto. E o crescimento da economia é uma variável dependente de outros elementos - exatamente aqueles que hoje produzem sinais amarelos nas contas externas como nâo se observavam há uma década.

No primeiro quadrimestre do ano, o déficit da balança comercial alcançou inéditos US$ 6,2 bilhões. È certo que o ingresso de recursos com exportações da safra recorde de grãos, em atraso por gargalos logísticos, ajudará a descomprimir um pouco esse quadro. Essa perspectiva ainda é sancionada pela mediana, das projeções dos analistas, cuja previsão de momento é de superávit comercial de US$ 10 bilhões - de todo modo, 70% inferior ao resultado de 2011. Mas cresce o grupo daqueles que já estimam saldo inferior a esse nível e já há quem preveja até mesmo um déficit comercial no conjunto do .ano, situação que não ocorria desde o quinquénio 1995-2000.

Não foram poucos os que, no período imediatamente pré-crise de 2008 e nos primeiros anos seguintes, advogaram o abandono de uma indústria que já cambaleava, sem forças para inovar e se inserir nas novas cadeias fragmentadas globais de produção, quando os mercados internacionais de commodities básicas explodiram e levaram o Brasil a comemorar resultados externos excepcionais. Agora, até os "anti-industrialístas" do passado recente descobrem que é essa mesma indústria - derrotada pelas importações no mercado interno, que não encontra espaços para incrementar cruciais exportações, num mercado externo, de um lado deprimido e protecionista e, de outro, disputando agressivamente os mercados alheios - que detém a chave da recuperação e do fortalecimento da economia.

Embora ainda pareça um exagero falar em descontroles, a situação atual é de evidente desequilíbrio. Muitíssimo complicada porque a política econômica, com limites estreitos tanto na perna fiscal quanto na perna monetária e cambial, opera em cenário de estagflação. E isso em ambiente eleitoral já instalado, que remete ao ocorrido em 1998, com a sobrevida por aparelhos de um sistema de câmbio fixo moribundo, nas eleições gerais daquele ano. Foi longa e doída a marcha para superar os desajustes e retomar o crescimento.

Não é possível enxergar, nas propostas em debate - seja nas de desenvolvimentistas, seja nas de ortodoxos saídas para recuperar a produtividade da indústria e sua competitividade sem entregar anéis. Com as distorções que, à espera das eleições, possivelmente serão aprofundadas até 2014, o risco é que até dedos tenham de ir junto.

Agora vai - SONIA RACY

ESTADÃO - 07/05

Corinthians e Caixa Econômica Federal finalmente fecharam acordo sobre as exigências para liberação do financiamento do Itaquerão.

Entre outras, a Odebrecht dará garantias para os três primeiros anos de operação do estádio e disponibilizará R$ 50 miIhões próprios - para garantir o pagamento ao banco.

Vale registrar que a empresa adiantou R$ 600 milhões para viabilizar mais de 70% da construção do estádio.

Agora vai 2
E qual a maior diferença entre as exigências de CEF e Banco Brasil? O BB queria aval da Odebrecht por algo como 14 anos, o que tornava a empreiteira praticamente dona da arena. A exigência não foi aceita.

Fim do impasse, São Paulo abrirá a Copa do Mundo.

Mais três
Diretórios do PSD no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Alagoas fecharam com Dilma. Reúnem-se, amanhã, com Kassab para bater o martelo.

Já são 12 os diretórios do partido que estão com a petista.

Questão de ordem
E o MinC definiu, ontem, os homenageados da Ordem do Mérito Cultural deste ano: Tomie Ohtake e Oscar Niemeyer. Cerimônia em novembro, no Auditório Ibirapuera

Home, sweet
Horas antes de Afif ser confirmado ministro, Silvia Afif foi provocada no evento da Associação Comercial. "Já podemos chamá-la demulher de ministro?", perguntou a coluna. "Acho que sim, né?"

Preparada para se mudar para Brasília? "Onde o boi vai, a vaca vai atrás??, brincou.

Ministrão
Avesso a formalidades, Joaquim Barbosa trocou um jantar com autoridades da Costa Rica por... lazer à beira da piscina do hotel

E ao posar para fotos com funcionárias da embaixada brasileira, ouviu de uma delas: "Este é meu Barbosão".

Festa
A Prefeitura de São Paulo decidiu inovar e comemora publicamente o Dia da Mães com feira gastronômica, debates, shows e um passeio de bicicleta pela cidade.

Ana Esteia Baddad confirmou presença sob duas rodas.

Quem casa...
Donos de imóveis do Paulistano Bairro Privativo, no Mommbi, se organizam para entregar abaixo-assinado a Fernando Haddad.

Reclamam do atraso na entrega de suas casas e apartamentos.

...quer casa
Indagadas, tanto a construtora Rossi quanto a Even afirmam que está tudo pronto, faltando somente a licença ambiental.

Indagada, a Secretaria do Verde garante que parte das pendências foi sanada e o Habite-se para dois lotes sai em 15 dias.

Na frente

As Letras da lei, organizado por Pierre Moreau, reúne contos de Eduardo Muylaert, Eros Grau, José Gregori e Miguel Reale Junior, entre outros. Lançamento? Dia 28, na Livraria da Vila da Lorena.

Dilma preparou fala de 20 minutos na Associação Comercial - falou por 50. Te-mer, Alckmin e Haddad gastaram, juntos, apenas... 15

TESOURA PAULISTANA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 07/05

A Prefeitura de São Paulo já cortou R$ 350 milhões de contratos herdados da gestão de Gilberto Kassab (PSD-SP). A meta do atual prefeito, Fernando Haddad (PT-SP), é chegar a R$ 500 milhões.

TESOURA 2
No total, a prefeitura tem cerca de R$ 14 bilhões em contratos com terceiros. Só um terço do total poderia ser alterado sem contestações jurídicas. Ou cerca de R$ 5 bilhões. Haddad quer passar a tesoura em 10% disso, em busca de caixa para investimento.

MUSCULAÇÃO
E o prefeito tinha marcada para ontem consulta com um ortopedista. Ele tem sentido fortes dores na região do joelho.

FIO DA NAVALHA
O ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), pode reverter também a decisão da corte que determinou a cassação automática dos mandatos dos réus do mensalão que são parlamentares, como os petistas João Paulo Cunha e José Genoino. Em estudo publicado em 1997 numa revista jurídica, ele defendeu que cabe ao Congresso a última palavra sobre a cassação.

ESPELHO
Trechos do estudo de Zavascki, "Direitos Políticos - Perda, Suspensão e Controle Jurisdicional", foram reproduzidos nos votos de três magistrados contrários à cassação: Rosa Weber, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.

COISA ESTRANHA
No texto, Zavascki diz que a condenação acarreta a perda dos direitos políticos, "mas não extingue, necessariamente, o mandato eletivo", o que só ocorreria "por voto secreto e maioria absoluta" do parlamento. "Ou seja: não havendo cassação do mandato pela Casa a que pertencer o parlamentar, haverá aí hipótese de exercício do mandato eletivo por quem não está no gozo dos direitos de cidadania", conclui. Ele define a possibilidade como "estranha exceção".

LENÇO
Roberto Carlos quebrou a tradição de receber seus convidados no camarim depois dos shows. Ele está com medo de pegar gripe.

ACELERA, ANHEMBI
Geraldo Alckmin, governador do Estado de SP, e o prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, foram assistir à Fórmula Indy anteontem, no Anhembi. As apresentadoras Sabrina Sato, Adriane Galisteu e Marina Mantega, o ex-piloto Emerson Fittipaldi e sua mulher, Rossana, a cantora Paula Lima e Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, também compareceram ao camarote da Band, onde foram recebidos por Johnny Saad, presidente do grupo Bandeirantes, Ricardo Saad e sua filha Carolina.

GOL CONTRA
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) julga hoje um processo que pode causar reviravolta na relação dos torcedores com a CBF: um homem foi assistir, no Rio, a uma partida do Atlético Mineiro contra o Botafogo. Por uma falha depois comprovada, o árbitro deixou de marcar um pênalti contra o Galo. O torcedor pede indenização por danos morais, já que teria pago por um serviço que veio "com defeito".

ÚLTIMA PALAVRA
Processos parecidos com esse se multiplicam nos tribunais. Mas será a primeira vez que o STJ aprofundará a questão, criando jurisprudência.

CACHORRO-QUENTE
Sarah Jessica Parker revelou a amigos brasileiros que quer voltar ao país com a família. Na semana passada, nas horas livres em SP, ela visitou o Mercado Municipal e foi a lojas na rua Oscar Freire e na Vila Leopoldina, ciceroneada por Jânio Quadros Neto. Comprou acessórios para cachorros da Zee Dog e calçados e bijuterias em brechós. Adorou pão de queijo.

SALVEM MORENAS
Ivete Sangalo será a embaixadora da campanha contra o tráfico de pessoas que o Ministério da Justiça e a ONU lançam na quinta. Estima-se que as vítimas do crime no mundo cheguem a 2 milhões. A mobilização já foi feita em outros dez países.

CURTO-CIRCUITO
A renda do Bazar da Costura Dia das Mães, no auditório da Fundação Dorina Nowill, na Vila Clementino, irá para a instituição. É hoje, das 9h às 14h.

A galeria Vermelho abre hoje exposições individuais de Claudia Andujar, Dora Longo Bahia e Keila Alaver. A partir das 20h, na Consolação.

O cineasta Cláudio Assis lança o DVD de "Febre do Rato", às 19h, na Saraiva do shopping Paulista.

A Daslu apresenta coleção de inverno e nova edição de sua revista com desfile hoje, às 18h, na loja do shopping JK Iguatemi.

A revista "Casa Vogue" traz reportagem sobre a casa da arquiteta Fernanda Marques em Paraty (RJ).

O futuro de uma reforma - FLÁVIO CROCCE CAETANO

O GLOBO - 07/05
Há inúmeros temas importantes em relação à Justiça. Estima-se em 90 milhões de processos em andamento, segundo dados do CNJ(Conselho Nacional de Justiça). Ou seja: há um processo para cada duas pessoas. Com esse volume, torna-se imperioso desafogar o sistema de Justiça, pois sabe-se, desde Rui Barbosa, que "Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada".

O tempo médio transcorrido entre a distribuição de um processo e seu julgamento final é de dez anos, sendo que 51% envolvem governos (federal, estaduais e municipais), 38% o setor bancário e 6% empresas de telefonia. Isso significa que muita gente não chega ao Judiciário.

A Secretaria de Reforma do Judiciário (SRJ) completou dez anos de criação em abril. Nesse período, foi capaz de conduzir ações concretas para mudar essa realidade. A principal foi a aprovação da Emenda Constitucional 45/2004, a chamada Reforma do Judiciário. Trata-se de marco definitivo na história do Brasil, que criou os órgãos de planejamento e controle - CNJ e Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O advento do CNJ, por exemplo, inaugura um Judiciário que passa a ter planejamento, metas, gestão e dados sobre seu funcionamento.

Além disso, a reforma inovou ao criar a Súmula Vinculante e a Repercussão Geral, que reduziram o volume de processos no Supremo Tribunal Federal (STF). A Emenda 45 também elevou a duração razoável do processo à condição de direito fundamental em nossa Constituição, bem como federalizou os crimes contra os direitos humanos e instituiu a autonomia da Defensoria Pública.

Mas esses inegáveis avanços não dissolveram as dificuldades de acesso à Justiça, especialmente entre os mais pobres. Para tanto, é preciso ingressar em uma nova fase da reforma, com quatro frentes essenciais.

A primeira é a de reformas nas legislações e códigos (Penal, Processual Civil e Processual Penal), que devem se pautar pela busca da duração razoável do processo e por conferir mais eficácia às decisões de primeiro e segundo graus, sem comprometer os direitos e garantias fundamentais, sobretudo o duplo grau de jurisdição.

A segunda é estimular meios adequados de solução de conflitos, como a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem. Assim, apenas os conflitos insuperáveis passarão a depender de sentença judicial. Por essa razão, criamos, em parceria com o CNJ, a Escola Nacional de Mediação e Conciliação (Enam), para qualificar e difundir tais meios. É salutar, igualmente, exigir dos estudantes e de quem busca uma vaga em processos seletivos (exame de Ordem e concursos públicos para o Ministério Público, a magistratura etc.) conteúdos ligados à negociação, à conciliação, à mediação e à arbitragem. Por isso, a SRJ dialoga com o Ministério da Educação e as entidades de Direito.

A terceira frente é fortalecer a Defensoria Pública. Atualmente, apenas em 25% dos processos a Defensoria está presente. Portanto, faz-se necessário que, em atuação conjunta da União com os estados, consigamos atingir a meta de ao menos um defensor para onde estiver um juiz e um promotor de Justiça.

Finalmente, é preciso aprimorar a gestão do Poder Judiciário. E, aqui, é inevitável apoiar a implantação do processo judicial eletrônico em todo o país, mudança que garante transparência e eficiência, porque faz os processos tramitarem muito mais rápido. O modelo deve ser o Processo Judicial Eletrônico (PJE), criado pelo CNJ, com prazo de transição do papel para o meio eletrônico. Ademais, compete-nos criar duas novas carreiras: a de gestor de política judiciária, para o planejamento estratégico do Judiciário e avaliação das metas e resultados; e a do administrador judicial, para cuidar da administração cotidiana.

Há muito trabalho pela frente. Estamos empenhados em fazer do acesso à Justiça uma realidade em nosso país, com a observância do direito fundamental à duração razoável do processo. Mas esse objetivo só será alcançado com a participação contínua de todos os que atuam no sistema de Justiça. Que 2013 seja o marco definitivo dessa nova fase da reforma do sistema de Justiça.

Ueba! Rogério Ceni vira 3D! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 07/06

E o Ganso perdeu o pênalti. O Ganso gozou pra fora. Rarará! Como disse uma amiga: acertou no umbigo!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Que ano é hoje? "Após 17 anos, policiais acusados de matar PC Farias vão a julgamento." Já? Como a justiça brasileira é rápida! E o legista se chama Sanguinetti!

E adorei a charge do Pelicano: "Lula pede que PT recupere valores". E o petista: "De quanto você tá falando?". Rarará! "Valor", em política, só tem um sentido!

E o Corinthians x São Paulo! Mais um clássico da Disney! Bambi x Gambá! Sendo que, no filme "Bambi", o gambá se chama Flor!

E a defesa hilária do Ceni no pênalti do Pato? O Ceni queria agarrar o pênalti no meio do campo. Ele queria dividir a bola com o Pato. "Deixa que eu bato o pênalti pra você." Rarará!

O Ceni se adiantou tanto que o apelido dele agora é Rogério Ceni 3D: invade as telas. Ele se adiantou tanto que pensei que a minha TV fosse 3D: veio parar no meio da minha sala. Mais adiantado que o Rogério Ceni só o fuso horário do Japão.

E o site Futirinhas com o "Rogério Ceni Facts": "O Ceni é tão adiantado que, quando criança, corria antes de tocar a campainha. O Ceni canta pro galo acordar. O Ceni já se aposentou antes de parar de jogar!".

E o Casagrande tá certo: "Futebol brasileiro tá muito chato: é só simulação, todo mundo se atirando no chão e discutindo com o juiz".

Em qual posição o jogador brasileiro joga? Na horizontal! E quando o juiz apita qualquer coisa, vão uns 20 pra reclamar. Cercam o juiz!

E o Ganso perdeu o pênalti. O Ganso gozou pra fora. Rarará! Ganso sem pontaria. Como disse uma amiga minha: acertou no umbigo! Rarará! Ganso acertou no umbigo!

E o site CornetaFC revela o novo apelido do Luis Fabiano: Pipoca Fabulosa! Rarará! E é claro que os corintianos já tão dizendo que os relógios Casio não se adiantam!

E o Botafogo? O Botafogo não tem torcida, é isso? Porque todos os sites de humor esportivo colocam assim: "Torcida do Botafogo em festa". Aí, aparece um só e sentado! A torcida do Botafogo cabe numa Kombi!

Dizem que o torcedor do Botafogo liga pro clube: "Vai ter jogo hoje?". "Vai, se você vier." Rarará!

E o Ceni tem ejaculação precoce! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

O câmbio ressuscitado, afinal - ANTONIO DELFIM NETTO

Valor Econômico - 07/05

No seu 13º aniversário, o Valor publicou um magnífico caderno, "Rumos da Economia". Nele recolheu as opiniões do "crème de la crème" da profissão com competentes contribuições que abrangem quase todo espectro ideológico da economia. É importante conhecer as múltiplas respostas à questão fundamental colocada pelos editores: "Por que o Brasil não cresce?" Tratando-se da economia é natural obter respostas muito diferentes. O importante é que cada uma delas, no seu próprio contexto, parece fazer sentido.

O acepipe adicional é a inteligente e civilizada "entrevista cruzada" entre dois profissionais brilhantes que não habitam a mesma frequência: os professores Luiz Gonzaga Belluzzo e Edmar Bacha. Ambos chegaram à conclusão que é indispensável recuperar nosso sofisticado setor industrial.

Sua destruição e a substituição da produção nacional por importações não foi um acidente. Foi fruto de um cuidadoso descaso ideológico da política cambial dos últimos 30 anos. Na média do período 1981-1984 (no momento da grave crise do petróleo) a participação das exportações brasileiras com relação ao mundo era de 1,2%, igual à da Coreia e da China. Durante o primeiro mandato de FHC, uma política cambial alienante levou o país em 1998 à beira do "default", o que representou séria ameaça à sua reeleição. Esta foi salva graças a um "socorro" do FMI feito às pressas sob a intervenção política intempestiva do governo americano. Chegamos, assim, à dramática queda do valor das exportações para apenas 0,9% do comércio mundial. Para quê? Para esconder "artificialmente" a taxa de inflação!

Em 2012 o Brasil exportou US$ 242,6 bilhões; a Coreia, US$ 548,2 bilhões, e a China, US$ 2,05 trilhões, respectivamente, 10, 20 e 80 vezes mais do que em 1984! A natureza de nossas exportações sugere que com a composição atual elas serão menos elásticas no futuro em resposta ao aumento da renda mundial do que a dos países que exportam produtos industrializados.

O gráfico 1 dá uma ideia do que aconteceu com a nossa produção industrial no período posterior à crise do Lehman Brothers. Grosseiramente, o indicador do comércio mimetiza a demanda de bens industriais e a produção industrial corresponde à parcela daquela demanda satisfeita pela indústria nacional. Há múltiplas explicações para esse perverso movimento, mas como mostrou o diálogo entre Belluzzo e Bacha, "se o câmbio não é tudo, é quase tudo", num horizonte de dois ou três anos.

Não é preciso ser um físico quântico para saber que a produtividade física (produção física por hora trabalhada) que é o codinome do desenvolvimento, depende das instituições, dos incentivos que elas proporcionam e da qualidade: 1) da infraestrutura; 2) do capital físico (absorção de novas tecnologias); e 3) do capital humano (educação e saúde). Nada disso se alterou de forma importante entre 2008 e 2013. De fato o que mudou foi o agravamento da valorização da taxa de câmbio real, definida como a relação entre a evolução da taxa de câmbio nominal e a evolução dos salários nominais.

Tudo o mais igual (como é, de fato, o que aconteceu desde 2008), a produção industrial responde às variações da taxa de câmbio real. Quando ela se valoriza, por exemplo, não aumenta a demanda total de equipamentos, apenas cresce a demanda de máquinas importadas, como se vê no gráfico 2. O mesmo ocorre em outros setores, como revela o dramático aumento do déficit em transações correntes.

Diante de tal situação e tendo em conta que é social e politicamente impensável realizar uma custosa "desinflação competitiva", é preciso pôr em prática o que vem sendo sugerido há pelo menos quatro anos e, recentemente, na última conferência da Abimaq: 1º) construir as condições para uma flutuação organizada do câmbio nominal; e 2º) comprometer-se com políticas fiscal, monetária e trabalhista que conduzam à moderação salarial e reduzam seus eventuais efeitos inflacionários.

Essa manobra precisa apoiar-se em cinco verdades: 1ª) que é urgente reconstruir o sistema de tarifas efetivas e, ao mesmo tempo, executar um forte programa de apoio ao aumento da competição na produção dos insumos básicos; 2ª) que câmbio e tarifas são intercambiáveis, como aliás tem insistido o ministro Mantega na OMC; 3ª) que tarifa sobre importação tem o efeito de imposto sobre a taxa de câmbio da exportação; 4ª) que a manobra cambial corta os salários em dólares do setor exportador e aumenta a sua competitividade. Não corta, necessariamente, o salário real interno que depende da taxa de inflação. E, finalmente 5ª) que, para que o câmbio flutuante flutue sem ruído é preciso que a taxa de juros real interna seja, a menos de variações aleatórias, igual à externa.

Nós, as pessoas físicas, e o poderoso Fisco - EUGÊNIO BUCCI

REVISTA ÉPOCA

Na terça-feira passada, quando deu meia-noite, a Receita Federal tinha recebido 26.034.621 declarações de Imposto de Renda de brasileiros como você ou eu, gente de carne e osso ou, no linguajar do Fisco, simplesmente "pessoa física". O número ultrapassou com folga a marca do ano passado, de 25,2 milhões.

Boa parte dessa multidão passou dias e noites gramando diante de uma tela de computador, suando para decifrar os comandos de um idioma estranhíssimo, cujo vocabulário inclui "declaração de ajuste", "tributação suspensa" ou "extrato Dirpf". Passar por isso é passar por um ritual de humilhação. O poder parece entrar em êxtase quando obriga todo mundo a falar a língua cla tecnocracia. O software da Receita Federal funciona assim como um exercício de "opressão idiomática": popularizou à força siglas absurdas como Darf e fez da expressão "malha fina" uma entidade mais temida que o inferno. Para uma pobre pessoa física, anônima, trabalhadora e mortal, preencher o formulário da Receita a cada mês de abril equivale a um purgatório. Só serve para evitar o inferno da "malha fina". Atrás da tela do computador, lá está o Grande Irmão Tributarista que tudo sabe sobre os caraminguás de cada um de nós, que enfia as mãos no nosso bolso, vasculha nossas contas bancárias, pergunta detalhes da nossa condição conjugal, separa nossos centavos de um lado para outro e, depois, pega a bolada que bem entende. Durante a sessão de tortura simbólica, a pessoa física, atônita, liga desesperada para o cunhado que entende disso: "O programa não aceita gravar minha declaração! O que eu faço?".

Finalmente, depois de obedecer mecanicamente, por horas e horas, às ordens cibernéticas da autoridade fazendária virtual, a pessoa física expira prostrada, nocauteada, desvalida e frágil como um paciente que acaba de sair de uma cirurgia. Ainda festeja, iludida: "Ufa, acabou!"

Acabou mesmo? Não: o jogo sádico ainda seguirá. No dia seguinte, na vã empreitada de tentar recobrar a auto estima e deixar para trás a ressaca de tanto estresse, a pessoa física começa a pensar 110 destino fiscal de suas parcas economias. Nessa nova fase do jogo, há lances que causam males mais sérios à saúde da pessoa física. Pensar que seu dinheiro poderia ser gasto pelo governo do Distrito Federal em capas de chuva para os policiais de Brasília trabalharem durante a Copa do Mundo provoca náuseas, tonturas, pranto convulsivo c depressão. Felizmente, o governo cancelou na quarta-feira essa medida descabida, dado que a Copa está agendada para um período de rigorosa seca no Distrito Federal - e economizou RS 5 milhões do contribuinte.

Aqui na planície, a gente sabe quanto custou ganhar os reais que vão embora para Brasília na velocidade da luz. Em Brasília, no entanto, parece que eles não têm a mesma noção. Desde burocratas que viajam de classe executiva para frequentar seminários diletantes, até outros burocratas que não fiscalizam (e não deixam fiscalizar) os dispêndios pantagruélicos sob sua responsabilidade, as fórmulas de torrar sem cerimônia as horas de trabalho de milhões de brasileiros são inesgotáveis. Entre todas, uma das mais criativas é essa nova modalidade de patrimonialismo, um patrimonialismo pós-moderno, que consiste em empenhar recursos do Erário para financiar publicidade de governo. Sc pensar muito nisso, a pessoa física tentará arrancar os minguados cabelos que lhe restam.

A cada ano, os governos todos, municipais, estaduais e federal, numa raríssima unanimidade suprapartidária, consomem em conjunto alguns bilhões de reais para promover espetacularmente o que consideram seus grandes feitos. Fazem publicidade paga de si mesmos, com o único objetivo de ganhar votos. Quem paga a conta são os milhões de pessoas físicas com trabalho honesto. Pense bem: quantos brasileiros enfrentaram jornadas extenuantes para financiar esses filmetes que a gente vê 11a TV, nos quais as autoridades públicas posam alegres e saltitantes como se fossem um elenco de novela das 6? F. justo que as economias de tantos milhões de pessoas físicas sejam consumidas assim, sem a menor cerimônia, para atender a interesses meramente partidários de tão poucos?

Fazer o quê? Nada. Envie logo sua declaração. Resigne-se. Declarar imposto, às vezes, é como dizer amém a um coletor medieval, que pega nossas moedas e some. O jogo é cruel. A pessoa física é forçada a preencher um formulário exaustivo e invasivo, enquanto os governantes se esquivam. Ainda bem que só pensaremos nisso de novo daqui a um ano.

Parada dura - CELSO MING

ESTADÃO - 07/05

O governo brasileiro está fortemente empenhado em que o embaixador Roberto Azevêdo seja eleito nesta sexta-feira o novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Azevêdo é profissional sério, dedicado e respeitado. Parece ser bem mais talhado para o cargo do que o outro candidato, o mexicano Hermínio Blanco, que conduziu as negociações de seu país para acordos comerciais paralelos à OMC.

Como Estados Unidos e a União Europeia apoiam Blanco, Azevêdo virou o candidato dos países pobres. O que talvez tenha se tornado fator decisivo nessa parada dura é a confusa política do Brasil. Azevêdo representa um país que não tem levado a sério seu comércio exterior.

A OMC é instituição historicamente identificada com a liberalização do comércio mundial. Busca insistentemente a redução gradativa das tarifas alfandegárias e coíbe práticas desleais de comércio.

Mas o Brasil trabalha na contramão dos ideais da OMC. É uma das economias mais fechadas do mundo. Seu comércio exterior (exportações mais importações) não pesa mais do que 20% no PIB, pouco quando comparado com o que acontece com outros países emergentes. O México, a China e a Coreia, por exemplo, são bem mais abertos do que o Brasil. Comercializam 43%, 47% e 93% de seus PIBs, respectivamente.

Além de fechado, o Brasil se mostra cada vez mais protecionista – como ficou demonstrado pela sua nova política automotiva, pelas redobradas exigências de conteúdo local e pela imposição de reservas de mercado para alguns setores industriais – num mundo cada vez mais dependente de suprimento global.

Nos últimos dois anos, tanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, como a presidente Dilma Rousseff têm insistido em denunciar as políticas monetárias expansionistas dos grandes bancos centrais, destinadas a recuperar a economia global, como prejudiciais ao comércio dos países emergentes.

Eles têm seu punhado de razão. Não há como negar que essas políticas de desvalorização sistemática das moedas fortes produzem mais efeitos devastadores no fluxo do comércio mundial. No entanto, a excessiva beligerância do Brasil nesse tema, especialmente no âmbito do Grupo dos 20 (G-20), pode ter prejudicado a capacidade negociadora do Brasil dentro da OMC.

A política desastrada desenvolvida pelo governo brasileiro no Mercosul, principal bloco de integração de que participa, ajuda a criar a percepção de falta de compromisso com regras firmes e civilizadas de comércio. O governo brasileiro tolera o jogo travador e desintegrador provocado pela Argentina. Mostra-se omisso e subserviente diante dos métodos trogloditas praticados pelo seu secretário do Comércio, o ministro Guillermo Moreno.

Afora isso, o governo Dilma já não vinha dando condições consistentes de competitividade para o setor produtivo brasileiro. E agora assiste passiva e desinteressadamente à quebra da capacidade de investimento da indústria diante da perspectiva de forte redução de custos de produção dos Estados Unidos, que começa a tirar enorme proveito da energia abundante e barata proveniente da produção de gás de xisto.

CONFIRA

Medidas pontuais. Ao discursar nesta segunda-feira, na posse da nova diretoria da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff reconheceu que seu governo vem tomando “medidas pontuais”, mas avisou que busca “medidas estruturantes”. Parece que aí está o reconhecimento do curto alcance da “política de puxadinhos”.

O que oscila, oscila. A presidente também declarou que “qualquer oscilação no comércio exterior é apenas uma oscilação”. Ou essa afirmação é vazia ou precisa ser melhor explicada. Na Argentina, por exemplo, há uma oscilação no volume de dólares à disposição no mercado. É bem mais do que somente uma oscilação.

Produtividade. O único jeito de reduzir o custo do trabalho sem diminuir os salários, como prometeu Dilma nesta segunda, é assegurar políticas que aumentem a produtividade. E isso exige mais educação e mais treinamento. Coisa de longo prazo.

Duas apostas - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 07/05
Tem sido frequente na mídia a discussão sobre virtudes e defeitos do nosso sistema penal. Com ênfase nos defeitos. Dois exemplos, colhidos nos jornais dos últimos dias: o primeiro é a constatação de que somos talvez generosos demais com adolescentes que cometem crimes graves, inclusive homicídios.

O nosso Estatuto da Criança e do Adolescente prevê uma pena máxima de três anos de internação; em países europeus e das Américas, menores de 18 anos podem pegar 15 anos de cadeia. Num rol de 17 países, apenas Brasil e Alemanha aplicam o teto de três anos. É uma diferença considerável, indício seguro que um dos critérios está errado. Os nossos índices de criminalidade juvenil sugerem - e essa parece ser uma sugestão generosa - que está na hora de rever nossos índices.

Talvez não seja má ideia um estudo suplementar: acompanhar por um tempo razoável o comportamento de um grupo selecionado segundo critérios óbvios - organização familiar, comunidade de moradia etc. - o comportamento dos jovens devolvidos aos seus habitats. Esse estudo certamente produziria dados bastante importantes sobre os benefícios da internação. Ou a ausência de qualquer benefício.

Para muitos estudiosos do problema, brasileiros ou não, o nosso limite de três anos de internação é ineficiente. Seja isso verdade ou não, parece óbvio que a questão prioritária é outra: mais do que o tempo de internação, o que importa é outro fator: exatamente o que acontece com os menores internados. Apenas cumprem uma pena, ou são submetidos a algo que poderia ser definido como um curso de cidadania? Acompanhado por algum tipo de formação profissional?

Sem isso - e não estou sugerindo que realmente não exista preocupação com a formação de jovens cidadãos, preparados para ganhar a vida honestamente - o tempo de internação é praticamente irrelevante. Um ano bem utilizado é obviamente mais útil do que a simples internação dos menores.

Países europeus e americanos aparentemente cuidam apenas de tirar os jovens delinquentes das ruas pelo maior tempo possível. O que talvez possa recuperar alguns - mas também pode torná-los criminosos, digamos sem qualquer esforço de humor negro, mais eficientes.

No momento, aqui e além-mar, o problema da delinquência juvenil ainda é um desafio. Daqui a algum tempo, saberemos se o nosso sistema mais brando tem mais eficiência do que aquele usado em outros países. Ou, o que parece mais provável, descobriremos que as duas apostas têm virtudes e defeitos de igual nível.

Terceirização civilizada - JOSÉ PASTORE

O ESTADO DE S. PAULO - 07/05
Até que enfim surgiu um Projeto de Lei (PL) que garante a proteção de todos os trabalhadores que participam dos processos de terceirização. Trata-se do PL 4.330/2004, que está sendo examinado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.

Animo-me em dizer isso porque o referido projeto define uma responsabilidade conjunta das empresas contratante e contratada no que tange aos direitos dos empregados da contratada, a saber, pagamento regular da remuneração mensal, adicionais, recolhimento das contribuições ao INSS e FGTS, 13º salário, repouso remunerado, férias e respectivo adicional.

O regramento proposto contribuirá decisivamente para acabar com a irresponsabilidade de muitas empresas prestadoras de serviço que desrespeitam deslavadamente os direitos dos seus empregados. Além disso, o projeto estabelece exigências de capital e de caução (ou seguro) por parte das contratadas. Só isso já afasta da terceirização uma série de empresas inidôneas. Na mesma linha, a propositura impõe o mesmo tratamento entre os empregados da contratante e da contratada quanto ao uso de refeitórios, ambulatórios e facilidades de transporte.

A garantia dessas proteções é muito mais prioritária do que a discussão da pertinência da terceirização em atividades-fim ou atividades-meio, como faz a atual Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho. Eu já visitei empresas que terceirizam atividades-meio onde os empregados da contratada comem comida fria sentados numa sarjeta, enquanto os da contratante usufruem de uma boa alimentação em restaurante climatizado. De que adianta saber que a terceirização é realizada nas atividades-meio? Nada.

Não há justificativa para tamanha discriminação em contratos de prestação de serviços terceirizados nos quais os empregados da contratante e da contratada devem trabalhar como parceiros. Se a parceria entre eles é um requisito estratégico, as empresas também precisam ser parceiras. Repito: na terceirização, o mais prioritário é garantir as proteções dos trabalhadores que nela participam - tanto do lado da contratante como da contratada.

Tenho ouvido alguns empresários criticarem o projeto em tela sob o argumento de que a nova terceirização custará mais, em decorrência de tantas garantias. Vejo pouco fundamento nessa crítica, pois a boa terceirização não é a que custa menos, mas, sim, a que produz melhores resultados. Ademais, esses empresários não computam o alto custo da insegurança jurídica que ronda a maioria dos contratos de terceirização. Eles só sentem o peso da incerteza quando a Justiça do Trabalho os condena a pagar multas elevadas, obrigando-os ainda a incorporar nos seus quadros os empregados da contratada. Isso, sim, é caro, fere a imagem da contratante e abre infindáveis conflitos.

O PL 4.330 é de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB/GO), mas passou por uma extensa revisão liderada pelos relatores deputados Roberto Santiago (PSD/SP) e Arthur Maia (PMDB/BA) que deram àquele instituto a segurança que o processo de terceirização exige, fazendo contratantes e contratadas responsáveis pelos direitos e pela vida dos que trabalham em atividades terceirizadas. Foi um grande passo. Uma vez aprovada, a nova regra exigirá uma especificação clara da natureza do trabalho a ser realizado, local e prazo de execução, condições de higiene e segurança e várias outras. Por fim, o PL prevê o respeito rigoroso dos acordos e convenções coletivas referentes aos empregados das empresas envolvidas. Isso significa que, por meio desses instrumentos, as partes podem complementar o que acharem conveniente. Ou seja, a lei pode ser ajustada às necessidades das partes pela via da negociação coletiva e com a participação dos sindicatos laborais.

Espero que, desta vez, o Congresso Nacional regulamente a matéria e crie no Brasil o clima seguro para uma terceirização civilizada.

Há hora para tudo - BENJAMIN STEINBRUCH

FOLHA DE SP - 07/05

Será um erro andar novamente na contramão do mundo, como já ocorreu durante longos anos


Olhemos para a Europa. A população começa a perder a paciência com a política anticrise imposta principalmente pela liderança alemã no continente. Há 19 milhões de desempregados nos países da zona do euro, 12,1% da população economicamente ativa.

Na Grécia e na Espanha, a taxa de desemprego já se aproxima dos 30%. Entre os jovens que tentam entrar no mercado de trabalho, o índice passa do nível assustador de 60%. Cenários um pouco menos dramáticos se espalham por França, Itália e Portugal, mas com níveis também muito elevados.

Prevaleceu até agora na União Europeia a política imposta pela líder alemã Angela Merkel, a "chanceler da austeridade", segundo a qual a retomada do crescimento ocorre apenas depois que a economia perfaz um ciclo completo de rigorosa contração fiscal. Ou seja, não há sucesso sem sacrifício.

Pode ser que essa política funcione no longo prazo. Mas, enquanto os efeitos práticos não se dão, o que se vê na Europa são índices como os citados, que podem levar essas vítimas da austeridade a revoltas sociais de desfecho imprevisível.

Por isso, líderes europeus começam a clamar contra o rigor fiscal que pretende trazer o deficit público ao nível tradicionalmente determinado pela UE, de 3% do PIB.

O presidente da França, François Hollande, em carta aberta, pediu reorientação das políticas econômicas europeias em direção ao crescimento. E ganhou apoio de Itália, Holanda e Espanha. A própria diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, tradicional aliado de Merkel, fizeram declarações simpáticas à proposta de afrouxamento fiscal.

Olhemos para os Estados Unidos. Não há lá um cenário tenebroso como o da Europa. O desemprego recuou e a economia cresceu a uma taxa anualizada de 2,5% no primeiro trimestre, nível um pouco abaixo do esperado. Mas houve crescimento contínuo nos últimos 15 trimestres, a uma taxa média de 2%.

Apesar dessa melhora, o banco central americano continua em sua política heterodoxa. Obama trava uma batalha fiscal no Congresso contra os cortes de gastos preconizados pelos republicanos.

Olhemos agora para o Japão, onde o BC comprometeu-se no mês passado com um vigoroso plano de flexibilização pela compra de títulos até dobrar a base monetária (para US$ 2,7 trilhões) no fim de 2014. O objetivo é elevar a inflação para 2% ao ano e acabar com a doença do baixo crescimento que atinge o país há 15 anos.

Isso que ocorre no mundo ainda em crise deveria servir de reflexão por aqui. Radicalismos monetários e fiscais estão fora de lugar. Será um erro andar novamente na contramão do mundo, como já ocorreu durante longos anos, quando o Brasil perdeu oportunidades para baixar os juros para níveis civilizados. Na área fiscal, a política anticíclica parece ser a opção mais razoável no momento.

Não é o caso, naturalmente, de defender leniência com inflação nem irresponsabilidade fiscal. Mas também não se pode incentivar o avanço de discursos monetaristas e fiscalistas radicais.

O gasto público, no momento, é importante para reidratar a economia, desde que direcionado a investimentos e não a despesas com custeio da máquina ineficiente do governo --no primeiro trimestre, os gastos com investimento tiveram um crescimento de apenas 7,4%, metade da expansão dos dispêndios com custeio. É inegável que a oferta de recursos para investimentos em infraestrutura, por exemplo, dá impulsos duradouros à economia.

Há hora para estímulo fiscal e hora para contração, porque os gastos levam ao endividamento público excessivo, que pode provocar o baixo crescimento --embora alguns economistas preguem o contrário, que o baixo crescimento é a causa do endividamento. Estudo recente que tentou demonstrar a relação entre baixo crescimento e elevada dívida pública em relação ao PIB foi desacreditado por erros metodológicos.

Sobre esse tema, vale citar uma frase do comentarista econômico Martin Wolf. Em artigo no "Financial Times", ele lembrou que em 1816 a dívida pública líquida do Reino Unido chegou a 240% do PIB, como parte do legado fiscal da guerra de 125 anos com a França. "E qual foi o desastre econômico que se seguiu a esse fardo esmagador das dívidas? A revolução industrial."

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 07/05

PEC das Domésticas, mães que trabalham e problemas com trânsito pesam na decisão de pais de alunos da rede privada
APEC das Domésticas deve dar impulso extra à demanda por horários estendido e integral nas escolas particulares, sobretudo na educação infantil. Este ano, a procura já subiu entre 5% e 8% no país, segundo a Fenep, a federação do setor. "A PEC deve fazer a taxa dobrar em 2014", prevê Amabile Pacios, presidente da entidade. Por enquanto, diz ela, as famílias estão começando a ajustar o orçamento às mudanças na lei. "As mães trabalhando fora e a lenta mobilidade urbana puxam a busca por colégios com atividades e ensino por mais horas", completa Victor Nótrica, à frente do SinepeRio, que reúne escolas privadas da cidade. "É um momento de transição. A escola precisa multiplicar opções de horário, para acomodar a rotina familiar", afirma Branca Portes, coordenadora do Miraflores, em Niterói. Este ano, o colégio fez obras para ampliar atividades nos horários estendidos. E dobrou o número de alunos no integral. Por causa da PEC, agora oferece jantar. A Escola Parque faz o mesmo. "Ainda não há reflexo da PEC, mas 75% dos pais perguntam por horário estendido. Em 2014, a filial da Barra terá a opção de período integral", diz Eliete Wernelinger, coordenadora de atendimento.

30% NA MENSALIDADE
É quanto cresce, em média, o custo do aluno bilíngue (termo que designa o horário estendido) para o integral, no colégio Miraflores. Escolas reforçam instalações e equipes para absorver a demanda.

JEANS DO ROCK
Ficou pronta a campanha que anuncia o patrocínio da Taco ao Rock in Rio 2013. A rede de moda jovem investirá, ao todo, R$ 5 milhões no festival. A agência Script assina os anúncios, que vão circular em mídia impressa, TV e nos 150 pontos de venda no país. A marca terá ainda loja conceito no evento e linha de jeans e camisetas licenciadas.

GLOBAL
Entra no ar hoje a campanha da próxima Ação Global, que será realizada dia 18, em todo o país. Quem estrela é o ator Alexandre Borges, padrinho do projeto, que terá edição especial para mulheres. O comercial foi gravado na Quinta da Boa Vista. A Comunicação da TV Globo assina.

Tá fraco 1
É de 5,8% a previsão de aumento de vendas do varejo brasileiro com o Dia das Mães 2013. A previsão é da CNC. Se confirmado, o resultado será o menor desde 2009, quando a data rendeu 3% a mais nas receitas. A entidade estima que o movimento financeiro chegará a R$ 2,29 bilhões.

Tá fraco 2
O Dia das Mães é a 2ª melhor data comercial do ano. Só perde para o Natal. Este ano, segundo a CNC, os lojistas devem contratar 11.800 temporários. É alta de 1,8% sobre 2012.

Em tempo
Desde 2004, o Dia da Mães teve alta de vendas de dois dígitos por quatro vezes: 2004 (11%), 2007 (10,6%), 2008 (11,1%) e 2010 (10,3%).

Em dia
Cresceu 4,4% o movimento de quitação de dívidas no varejo carioca em abril, informa pesquisa do
CDL-Rio. Foi o quarto mês de resultado positivo e o melhor do ano. A entidade acredita que consumidores acertaram as contas para comprar no Dia das Mães.

Com renda
A renda do trabalhador carioca cresceu 1,9% em março, para R$ 2.412,10, sobre um ano antes. Mas em relação a fevereiro, recuou 1,2%. O desemprego, estável em 5% na média, caiu 9,9% na construção. São dados do IPP, com base na PME-IBGE.

Mercosul
Autoridades do Uruguai participam, hoje, de almoço com empresários na Firjan. Vão tratar do 2º Fórum Empresarial do Mercosul, em Montevidéu, dia 27 de junho, véspera da reunião de líderes. “A ideia é estimular a presença do setor produtivo”, diz Ivan Ramalho, representante-geral do bloco. Haverá encontro em São Paulo, 4ª e 5ª; 6ª, em BH.

Brasil-Coreia
Representantes de nove empresas de Chilgok, na Coreia do Sul, chegam ao Rio na 6ª. Vêm para o Brasil-Korea Business Meetings da Kotra (divisão comercial da embaixada). Juntas, faturam US$ 65 milhões por ano.

MORDIDA
É de R$10 milhões o investimento do Bob’s na campanha trio Bob’s Picanha com sundae grátis, que recomeça amanhã. A NBS assina o comercial, em que o dono, não o cão, ataca o sanduíche de outro. A promoção durou três meses, em 2011. Volta a pedido dos clientes.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 07/05

PPPs da Saúde serão concluídas em 2013, diz Cerri
A secretaria estadual da Saúde de São Paulo espera concluir as três parcerias público-privadas (PPPs) planejadas para a área ainda neste ano, segundo o secretário Giovanni Guido Cerri.

Ontem houve uma audiência pública para apresentar o modelo final do projeto a ser seguido pelas empresas na construção dos hospitais, divididos em dois lotes de duas unidades cada um.

No primeiro grupo estão os hospitais em São José dos Campos e Sorocaba. O segundo lote engloba o novo Pérola Byington, na Nova Luz, e o centro especializado em olhos e ouvidos (no HC).

A consulta pública ficará aberta um mês, e o edital deverá sair no final de junho. A assinatura do contrato, por sua vez, deverá ocorrer entre setembro e outubro.

As outras duas PPPs referem-se a medicamentos.

A que está mais adiantada é a da unidade de produção de remédios, uma parceria da Furp, indústria de medicamentos do Estado, com um grupo privado.

"Esperamos que as três PPPs estejam concluídas neste ano", diz o secretário.

"O edital da fábrica deve ser publicado na próxima semana e deveremos assinar o contrato em agosto ou setembro", acrescenta.

A última PPP prevista pela Saúde paulista é a de uma empresa de logística e distribuição de medicamentos. A companhia cuidará do armazenamento e criará centrais que vão enviar os remédios às prefeituras.

"É uma área que tem perdas e roubos. Remédios de grande complexidade têm preço alto e essa logística não é uma especialidade do Estado. A PPP trará ganhos para a pasta."

Empresas manifestaram interesse público em participar e apresentaram propostas para a formatação dos editais das PPPs, que no país são inéditas (no caso dos hospitais, pela sua dimensão).

Indústria farmacêutica não terá de informar margem de lucro
O setor farmacêutico foi mais um que conseguiu suspender a medida que obriga as empresas a informarem, em suas notas fiscais, o valor das operações de importação discriminando suas margens de lucro.

Na semana passada, a indústria de cosméticos também foi beneficiada por uma liminar da Justiça.

O Sindusfarma (sindicato do setor farmacêutico), que entrou com a ação, argumenta que a norma é ilegal por "instituir obrigação por instrumento impróprio, bem como a existência de risco à ordem econômica, à livre concorrência e ao direito ao sigilo dos dados".

As informações sobre custos e margens na nota fiscal passaram a ser obrigadas na quinta-feira passada.

A norma faz parte da resolução aprovada no Senado para acabar com a guerra dos portos --quando Estados concedem benefícios tributários para que empresas importem por meio de seus portos.

A exigência dos dados foi a forma como o governo encontrou para identificar a procedência das mercadorias.

NÚMEROS
4%
é a alíquota unificada de ICMS para produtos importados --porcentagem determinada pelo Senado para acabar com a guerra dos portos

40%
do conteúdo do produto deve ser de outro país para que ele seja considerado importado

ONDA LATINA
A Starwood Hotels planeja expandir unidades no país e conquistar turistas daqui para seus hotéis no exterior.

Em 2014, a rede hoteleira deve inaugurar em Recife (PE) uma unidade do Sheraton, marca de luxo para viajantes de lazer e de negócios.

A Starwood também tem interesse em cidades turísticas como Foz do Iguaçu (PR) e Manaus (AM) e pretende trazer outras bandeiras do grupo, como o W Hotels e o St. Regis Hotels.

O CEO e presidente da empresa, Frits van Paasschen, está no Brasil para um tour por cidades do país.

"É uma oportunidade para encontrar nossas equipes, entender como está o andamento dos negócios e como podemos melhorar nossa operação", diz Paasschen, que define o mercado brasileiro como "desafiador".

Amanhã, ele vai inaugurar mais uma unidade do Sheraton, em Salvador (BA), o oitavo da rede no Brasil.

100 países
têm ao menos um hotel da Starwood Hotels & Resorts

72 hotéis
estão na América Latina, de um total de 1.128 unidades; devem ser cem até o fim deste ano

Casa... O Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, deve receber neste mês seu maior público desde a inauguração do local, em agosto de 2012.

...cheia Onze eventos devem reunir mais de 63 mil pessoas. O megacentro foi bancado pelo governo estadual e pelo Ministério do Turismo, ao custo de R$ 580 milhões.

Reúso Em 2012, a Gerdau ampliou em 80% o nível de aproveitamento de resíduos de sua produção para gerar novas matérias-primas.

Aula exportada A SKF do Brasil vai treinar profissionais em empresas de Moçambique e Portugal. Eles vão atuar em áreas como manutenção, planejamento e lubrificação.