Pobre é uma M...
KATIA MAIA
BLOG DA KATIA MAIA (LINK)
Não sei, mas estou com a estranha sensação de que o maravilhoso mundo das compras coletivas nada mais é do que uma maravilhosa forma de pegar o dinheiro de quem se empolga, age por impulso e em contrapartida tem acesso à mais impossível disponibilidade de datas e horários para resgatar a compra.
Eu explico.
Animei-me toda com essa vida de compras coletivas, mas, confesso que, num total de quase dez cupons comprados, apenas um me satisfez por completo no dia, hora e prestação de serviços conforme o acordado.
Foi quando comprei um tratamento completo para os pés. Um daqueles momentos em que a gente se permite parar para deixar que alguém cuide (mesmo que pagando) de nossos tão maltratados pés. Pelo menos os meus (coitadinhos) o são.
Raramente tenho tempo para eles e nesse dia, com o cupom em mãos, num horário de almoço, eu deixei o estomago de lado – já que ele é sempre o atendido naquela hora – e me dediquei aos ‘pobrezitos’ dos meus ‘pezitos’.
Foi a única vez que a compra coletiva deu 10% certo, porque depois, nas minhas aquisições seguintes, sempre houve um ‘porém’. A verdade é que, quando compramos o cupom, vemos escrito nele – válido até... E a data é algo fora do comum. Sempre são três quatro meses de prazo para utilizá-los.
Talvez, esse prazo tão longo já seja uma pegadinha...
Falo isso, porque, no meu entendimento e pela minha experiência de compra coletiva dois pensamentos vêem à mente na hora da compra: adiantar ou atrasar o uso do cupom.
Se adiantamos e queremos usa-lo o mais breve possível, nunca há disponibilidade para a data que desejamos. E aí vem a atendente e informa:
- Me desculpe senhora, mas é que a promoção começou agora e estamos com os horários todos lotados. Fim de semana, então, não há uma só vaga. Mas, temos horário às 10h ou às 16h no meio da semana.
- Como assim só temos horário no meio da manhã, no meio da tarde, no meio da semana?
A menos que eu esteja errada - e salvo a vida de uma pequeníssima parcela da população - das mulheres economicamente ativas, é impossível parar para fazer um curso de maquiagem rápida, ou se entregar a uma manhã num SPA no meio do dia, ou depilar-se, ou fazer aula de pilates no meio do dia e da semana!
Perdoem meus maus pensamentos e minha falta de humor, mas, para mim, tudo não passa de uma jogada para não atender quem comprou os cupons com (segundo eles) 70% a 80% de desconto.
Fica difícil acreditar que a indisponibilidade existe também para quem quer pagar a tarifa cheia. Pobre é uma M... Parece até Plano de Saúde, quando ligamos para marcar consulta e os horários são sempre para três, quatro meses adiante.
Acho que é assim mesmo que funciona: vendem cupons baratíssimos com descontos inimagináveis e alijam do processo os consumidores pobres que correram atrás da liquidação. Para esses, as condições são tão absurdas que é o famoso: é pegar ou largar! E, não reclama e não chateia! Você já está pagando barato e ainda quer escolher!
Se a opção for marcar o horário de atendimento no fim do prazo do cupom, a resposta também é semelhante a do início:
- Como a promoção acaba no fim deste mês, senhora, estamos com todos os horários lotados. Temos apenas as 10h30 de terça-feira ou às 16h45 da quarta-feira.
- Sim, mas ainda faltam onze dias para o mês acabar!
- Sinto muito senhora, é que todos correram para marcar no fim da promoção.
Ah, ok, então está explicado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Não há saída a não ser perder o dinheiro.
Isso vale também para os restaurantes que vendem cupons coletivos. Quando você chega lá, o prato da promoção acabou!
- Como assim acabou (cara pálida)? Vocês não têm o controle de vendas de cupom?
- Temos, senhora, mas é que não esperávamos que viessem tantas pessoas da promoção no dia de hoje. Se a senhora quiser passar amanhã...
- Como assim passar amanhã (cara pálida, de novo)? Se eu paguei e no cupom diz, promoção válida até tal dia, eu agora preciso ficar indo e vindo para saber quando o prato está disponível? Vou ter que disputar a tapas?
Sei não, talvez eu não tenha dado sorte, mas para mim, a moral da história das compras coletivas é: nada é dado de bom grado. Os descontos só são possíveis por algumas razões e fazer caridade com o consumidor, certamente é a última delas.
Certamente, vender com 80% de descontos e dificultar o resgate do cupom é bastante apropriado para o comerciante. Assim, o lucro fica por conta daqueles que pagaram e não quiseram ou puderam resgatar. Saquei!