Consumo industrial de energia cresce apenas 2%
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 24/08/11
O consumo industrial de energia no Brasil apresentou crescimento abaixo do estimado no primeiro semestre. Foi de apenas 2% a alta no consumo das unidades industriais, ante os primeiros seis meses do ano passado, segundo índice da gestora independente de energia elétrica Comerc Gestão.
"No início do ano, a previsão para o setor era de cerca de 5%", diz Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc. Neste mês, o crescimento foi revisado para baixo pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), de 5% para 3,9%. Também foi revisto pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), que havia previsto alta de 5,4% na demanda de eletricidade no país em 2011, mas reduziu para 3,6%. Para o segundo semestre há esperança de que o nível se eleve. Costuma haver elevação pelos setores ligados a refrigeração e pelo aquecimento do comércio.
"Boa parte do crescimento insatisfatório foi causado pela crise internacional. Houve queda nas Bolsas, redução da atividade nos EUA, na Europa e no Japão e câmbio valorizado", diz Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc. Entre os setores de maior impacto estão têxtil, eletroeletrônicos e químico, nos quais o câmbio exerce influência. Eles são mais vulneráveis à concorrência de importados, que atrapalham o ritmo de produção local. Entre os destaques positivos estão vidros e material de construção civil, estimulados pelo crescimento brasileiro.
TEMPERO MINEIRO
A Laticínios Porto Alegre abre em setembro seu novo complexo industrial, na cidade de Ponte Nova (MG). O projeto, de 170 mil metros quadrados e que recebeu investimentos de R$ 50 milhões, permitirá que a companhia dobre a sua produção. A unidade abrigará três fábricas: de queijos, de soro de leite em pó e de rações. A produção de alimentação para gado visa atender a demanda de fornecedores de leite.
O objetivo da empresa é aumentar sua participação de mercado em Espírito Santo, Minas e Rio, principalmente com derivados do leite de maior valor agregado, como requeijão e manteiga. O projeto ainda prevê a produção diária de 150 mil litros de leite longa vida. Além da sede em Ponte Nova, a companhia também tem fábrica em Mutum (MG). A principal concorrente da Laticínios Porto Alegre é a Itambé, além de pequenas fábricas de queijo de MG.
UM POR TODOS
A CMA, especializada no desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para o mercado financeiro, lança amanhã um pacote de soluções para o setor. Foram investidos R$ 53 milhões para criar um programa que unifica os sistemas usados pelas corretoras e facilita a administração de contas, segundo a empresa. Entre as plataformas que serão lançadas está um dispositivo de segurança para gestores de fundo. "As tecnologias nascem, mas leva tempo até que sejam popularizadas. Não espero retorno imediato", diz o presidente da empresa, José Juan Sanchez.
Exportação de máquina pesada sobe, mas deficit permanece
Diferentemente do que vinha ocorrendo há alguns anos, a exportação de bens de capital sob encomenda cresceu com mais força que a importação no país nos primeiros sete meses deste ano. Apesar da alta nas vendas de maquinário pesado ao exterior, o deficit comercial, ainda que um pouco menor, permanece no setor, segundo a Abdib (associação de infraestrutura e indústria de base).
O saldo da balança está negativo em US$ 524,8 milhões de janeiro a julho deste ano, ante US$ 577,8 milhões em igual período de 2010. O resultado, porém, ainda não deve ser tomado como tendência de que a balança possa ser revertida no curto prazo, segundo a Abdib. De janeiro a julho, as exportações foram de US$ 2,9 bilhões, alta de 26% em relação aos sete primeiros meses do ano passado. As importações somaram US$ 3,4 bilhões, 19% superior em relação a igual período de 2010.
Economia mundial deve ter incremento de 2,5% em 2011
A economia global deve fechar o ano com crescimento de 2,5%, de acordo com novo estudo da EIU (Economist Intelligence Unit). África subsaariana e Améria Latina serão as responsáveis por alavancar o incremento econômico, com 4,6% e 4,2%, respectivamente. Ásia e Austrália, que juntas cresceram 6,5% no ano passado, devem ter uma expansão bem mais modesta em 2011, de 3,7%. As conhecidas crises nos EUA e na zona do euro são apontadas como causas do fraco desempenho da economia. A desaleração do Brasil e da China também colaborou para a queda no crescimento global, segundo a EIU.
O estudo prevê crescimento ainda menor para 2012 (de 2,4%). A economia europeia deve ter o ritmo mais lento entre todas (1,3%).
VIVAS PARA O PROER
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, e os ex-diretores Claudio Mausch, Alkimar Moura e Luis Carlos Alvarez recebem no dia 31 uma homenagem da Câmara Municipal do Rio.
Um conjunto de medalhas será entregue em reconhecimento pela formulação e pela implementação do Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional). "Quase 15 anos depois, todos nós estamos fora do governo", lembra Mausch. "Uma de nossas falhas, talvez, tenha sido a falta de uma melhor comunicação."
Para o ex-diretor de Normas e Fiscalização, todo programa governamental para o sistema financeiro já nasce antipático. "Talvez seja algo característico dos bancos", observa ele. "Houve uma forte crítica inicial, tão grande quanto o desconhecimento do que era o próprio Proer."
com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ
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