quinta-feira, junho 17, 2010

TUTTY VASQUES

A Copa precisa de segunda divisão


TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 17/06/10
Encerrada a primeira rodada de jogos na África do Sul, vamos combinar que não existem no mundo 32 países jogando futebol num nível tal que os credencie a disputar uma Copa. Nova Zelândia, Grécia, Argélia, Honduras, Austrália, Coreia do Norte, Eslovênia, Eslováquia e o escambau estão na África do Sul para encher linguiça.
Sem chances de classificação, o importante para essas seleções não é vencer, é atrapalhar o jogo do adversário. Quanto mais feio o espetáculo, melhor.
Essa é a quarta edição da Copa com 32 participantes. Até 1994, a competição envolvia 24 países. Antes de 1982, 16 seleções brigavam pelo título, que foi disputado pela primeira vez em 1930 entre 13 concorrentes. Hoje em dia, nem o Campeonato Brasileiro tem 32 times.
Talvez esteja na hora de criar uma segunda divisão na Copa do Mundo, reduzindo para 20 ou 24 o número de participantes no grupo especial do torneio. A cada edição, cairiam e subiriam duas ou quatro seleções, a combinar.
Em matéria de organização, a "Super Segundona" seria uma preliminar administrativa obrigatória para o país-sede da competição principal.
Faz sentido? 

GOSTOSA

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Uau! Dunga Faxion Week
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/10


O casaco era lindo, mas o Dunga parecia Mestre de Cerimônias de Cemitério



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo! GOOOL da Suíça! Espanha leva chocolate. A paella azedou! E o modelo do Dunga? Continua a polêmica do Dunga Fashion Week! Paquita de Gola Rolê! E o casaco? Lindo porque era Herchcovitch, mas no Dunga ficou parecendo porteiro de hotel. Ou então Mestre de Cerimônias de Cemitério! Ou como disse um leitor: o Dunga com aquele casaco tava parecendo Napoleão depois que perdeu a guerra! Rárárá.
E o Dunga usa a tática papai-mamãe: os jogadores não mudam de posição! E o Brasil podia ter dado uma goleada nos coreanos. Era só gritar: "Olha o rapa! Olha o rapa!". Rárárá!
Selecinha Dormonid x Coreia do Norte! Por isso é que o Dunga fazia treino secreto. Pra gente não ver. Agora ele vai querer fazer jogo secreto. Dunga exige! Brasil x Costa do Marfim! Só com os portões fechados! Rárárá!
E sabe como se chama o gol do Maicon? Rola torta, só faz de ladinho! O Maicon deve ter a rola torta. Rárárá! E um leitor me disse que os jogos estão tão burocráticos que não têm súmula, têm ata. Parece reunião de trabalho!
E essa: Coreia do Norte contrata torcida na China". Essa é sensacional: TORCIDA PIRATA! Até a torcida é pirata!
E essa: "Maluf leva R$ 400 no bolão dos deputados". Vai depositar o bolão nas Ilhas Jersey. Rárárá! Bolão ele ganha faz tempo!
E adorei o gol da Suíça. Já imaginou se na final dá uns times bem esdrúxulos: Suíça e Sérvia! Rárárá! E um outro leitor me disse que técnico de futebol não pode usar Herchcovitch, tem que usar roupa da Colombo!
E a piada pronta do dia: "Raio destrói estátua em Ohio". Rárárá!

SELEÇÃO DOS PELADEIROS
Sugestões dos leitores pro Dunga. Time de Jericoacoara, praia paradisíaca do Ceará: Revés do Sertão, Irmãos Xingu, Fiapo, Rochinha e Everest. Turco Ovo, Príncipe do Egito, Lacaio, FRANCÊS QUE TROCOU DE MENINA e Manicure.
Ou então o ataque dos Cães Vadios de Curitiba: Todo Mole Pegajoso, Cézio Bunda Podre e Chico Dentadura de Cinzeiro! Hexa garantido.
Nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno.
E Força na Vuvuzela!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Anatel restringe venda de aparelho móvel da Nextel 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 17/06/2010

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) determinou que a operadora Nextel deixe de vender acessos do SME (Serviço Móvel Especializado) a pessoas físicas, sem comprovação de vínculo a grupos de usuários de atividades específicas ou pessoas jurídicas, de "forma indiscriminada".

A medida cautelar da Anatel aumenta a burocracia para as vendas da Nextel, cuja receita cresceu 39% em 2009.

A companhia deverá, conforme a determinação da agência, exigir de pessoas físicas "prévia comprovação, e não somente declaração própria, de que o novo cliente realize atividade específica".

A operadora terá também de publicar anúncios para retificar informações nos mesmos meios de comunicação em que veiculou a publicidade desde 9 de abril de 2008.

Nesses anúncios, deverá ressaltar que o público alvo da Nextel são pessoas jurídicas e pessoas que realizem atividade específica.

A Anatel dá prazo de 60 dias, a contar do recebimento da medida, e fixa multa de R$ 10 milhões, caso a operadora descumpra qualquer uma das obrigações determinadas pela agência.

A empresa ainda pode recorrer. Se o fizer, segundo a Anatel, a decisão irá ao conselho diretor da agência. Em seu despacho, de 24 de maio deste ano, o superintendente interino de serviços privados, Dirceu Baraviera, informa que a determinação decorre de denúncia.

Em nota, a Nextel afirma que "o despacho da Anatel representa uma decisão liminar sujeita a revisão -que foi motivada por processo movido pela concorrência".

A operadora afirma ainda que observa leis e normas de operação no mercado.

"O controle da venda de aparelhos para fins profissionais é um processo que vem sendo aprimorado para garantir a obediência à regulamentação vigente."
Nestlé e CEF lançam mercado e agência flutuantes no Norte 
A Nestlé e a Caixa Econômica Federal lançam supermercado e agência flutuantes para atender comunidades da região Norte do país.

A Nestlé inaugura hoje seu primeiro supermercado flutuante, que irá navegar pelo rio Pará (PA) e oferecer produtos da marca à população ribeirinha de 18 cidades.

A iniciativa faz parte do projeto "Nestlé até você", que tem como objetivo atender consumidores de baixa renda do país e ampliar os negócios da empresa.

Dos R$ 16 bilhões faturados pela empresa no ano passado, R$ 1,3 bilhão veio dos negócios voltados à população de baixa renda.

A partir do dia 1º de julho, o supermercado flutuante irá atender 800 mil pessoas por mês que moram em comunidades ao redor de Belém. No começo, esses consumidores poderão comprar 300 produtos da marca.

A Caixa lançou edital para contratar uma agência-barco para a região amazônica. Serão atendidos moradores de oito cidades, em que residem 253 mil habitantes.

Além da abertura de contas, a agência-barco vai fazer o pagamento de PIS, seguro-desemprego e outros benefícios sociais. A embarcação irá permitir o acesso de portadores de deficiência.

A licitação, que será feita na modalidade de pregão eletrônico, estava prevista para hoje, mas foi prorrogada. A nova data deve ser anunciada em breve, segundo informa a Caixa.
Emergentes No Brasil
A área de fusões e aquisições tem assistido a dois movimentos no Brasil: de um lado, empresas brasileiras compram outras companhias, não apenas no país, como também, no exterior; e, de outro lado, empresas emergentes adquirem brasileiras, segundo Marcus Silberman, corresponsável pela área de fusões e aquisições de países emergentes do Credit Suisse.

Em 2007, 5% das compras de empresas nacionais foram de emergentes. No biênio 2008/2009, foram de 3%.

Só no primeiro trimestre deste ano, a aquisição de companhias domésticas por emergentes atinge 11%.

Silberman afirma que, entre 2003 e 2009, a atividade em mercados emergentes tem crescido anualmente 25,1%.

Nos países desenvolvidos, a alta é de 5,6%. A atividade de fusões e aquisições em emergentes, que era de apenas 8,6% do volume global em 2003, foi de 20,6% em 2009. Só no primeiro trimestre, o volume de transações com emergentes foi de 43% do total global ante 19% do mesmo período de 2009.

"Se a crise não se agravar, neste ano, pode crescer de 30% a 50% a mais do que em 2008, o melhor ano do setor no Brasil", diz Silberman, que trabalha em Nova York.
Na telinhaImpulsionado pela Copa, o volume de vendas de TVs cresceu 482% em maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2009. O dado é da Agis, distribuidora de marcas como Philips, Samsung e Sony no país.
FestançaO Studio Festi, do italiano Valerio Festi, que assinou o desfile de despedida de Valentino, abre escritório em São Paulo, única filial na América do Sul. A empresa organiza, em Brasília, dia 7 de setembro, o evento "Raízes do Futuro", sobre a história do Brasil, com 1.300 artistas e público de 2 milhões.
PatríciosDe olho no mercado brasileiro, representantes de instituições financeiras de Portugal se reuniram com o advogado Ernesto Tzirulnik, presidente do IBDS (Instituto Brasileiro do Direito do Seguro), para conhecer o projeto de lei 3.555/04, que tramita no Congresso e que pretende implementar a primeira lei de contratos de seguros do Brasil.
Ordem do discursoNo livro "Faça como Steve Jobs e Realize Apresentações Incríveis em Qualquer Situação", Carmine Gallo revela o método dos discursos do fundador da Apple, famoso por conquistar plateias. O autor, especialista em técnicas de comunicação e em treinamento de altos executivos, analisa da roupa à linguagem e às palavras-chave de Jobs e mostra como seguir o mesmo caminho.

GOSTOSA

MÔNICA BERGAMO

Caixa Eletrônico 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 17/06/2010

O teto dos gastos oficiais da campanha de Dilma Rousseff (PT) deve ser fixado em até R$ 160 milhões -ou quase o dobro do que Marina Silva (PV-AC) estabeleceu para tentar se eleger à Presidência (R$ 90 milhões). "Ainda estamos fazendo os cálculos, mas deve ser algo por aí", diz Antonio Palocci, coordenador da campanha. O orçamento de José Serra (PSDB) ainda não é conhecido.

OFICIAL A equipe da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ao governo de SP está orçando os gastos em aproximadamente R$ 50 milhões.

OFICIAL 2
E coordenadores da candidatura de Aloizio Mercadante (PT-SP) ao governo de SP já falam em gastos de cerca de R$ 40 milhões.

NA LATA
Integrante da equipe de Alckmin disse, em jantar recente em que estavam também petistas, que acredita que a campanha presidencial será resolvida no primeiro turno. Diante da saia justa -todos concluíram que a aposta do alckmista é de que Lula elege Dilma -, o tucano emendou: "O que eu digo é que ou ela ou Serra podem ganhar na primeira rodada."

EVENTUAL
Marta Suplicy (PT-SP) diz, "sobre eventual distanciamento político entre eu e Valdemir Garreta", ex-homem forte de seu grupo, que "não existe nenhum tipo de estremecimento na nossa relação, política ou pessoal". Segundo ela, "Garreta optou por desenvolver um projeto empresarial que o impede, neste momento, de estar diretamente ligado à minha campanha [ao Senado]".

NÃO PROCEDE
Dirigentes do PT de SP fizeram circular a informação de que Garreta foi mesmo afastado, e por influência do namorado de Marta, o presidente do Jockey, Márcio Toledo. Diz ela: "Que absurdo! Isto não procede".

EU DISSE, ELA DISSE
A modelo Emanuela de Paula diz que foi chamada de "macaca" pela caça-talentos Marcela Bergamo num camarim da SP Fashion Week. "Fui ofendida." A organização do evento descredenciou Marcela -que nega tudo. "Ela tocou no meu ombro e disse: "Preconceito é crime". Não sei por quê. Respondi: "Calote também é crime"." As duas travam disputa na Justiça por valores do período em que trabalharam juntas.

SEGUUURA, MARIAH
Mariah Carey se apresentará na Festa do Peão de Barretos (SP), no dia 21 de agosto. No contrato da cantora americana com o clube Os Independentes, organizador do evento, há um termo de exclusividade que impede que ela faça shows 70 dias antes e 70 dias depois da performance na cidade. Quarenta pessoas integrarão a comitiva de Mariah -16 delas viajam de primeira classe.

DE OLHO NA JABULANI
Um painel de LED de 150 m2 foi montado no Jockey Club para as transmissões dos jogos da Copa do Mundo. Após a estreia da seleção brasileira, anteontem, houve apresentação da dupla sertaneja Fernando & Sorocaba.

UMA NOITE COM YO-YO MA
O violoncelista francês Yo-Yo Ma e a pianista britânica Kathryn Stott fizeram concerto, anteontem, na Sala São Paulo. A apresentação faz parte da temporada 2010 da Sociedade de Cultura Artística.

SHOW À VISTA
O guitarrista inglês Peter Frampton, ganhador de um prêmio Grammy, se apresenta em São Paulo em setembro, no Via Funchal. A data ainda não está confirmada.

PREÇOS CAMARADAS
Glória Menezes volta a São Paulo em agosto com a peça "Ensina-me a Viver".


O espetáculo ficará em cartaz no Tuca por dois meses, com preços populares.

COFRINHO DA VILA
O atacante Neymar, do Santos, está aproveitando a folga dos campeonatos para circular -e, muitas vezes, faturar. Seu escritório recebe até seis propostas por semana para que ele faça presença VIP em eventos -recebendo às vezes cachê, que gira em torno de R$ 40 mil. Nos últimos dias, de graça ou cobrando, o jogador apareceu em balada da Fashion Week, em baile funk no Rio e em show de pagode em SP.

HQ NA TELONA
O produtor Rodrigo Teixeira comprou os direitos do livro de história em quadrinhos "Umbigo sem Fundo", do americano Dash Shaw. "Vamos fazer uma coprodução com a Red Hour Films, empresa do Ben Stiller [ator americano]", diz Teixeira.

CURTO-CIRCUITO
Luiz Barretto, ministro do Turismo, chega hoje a Londres para a abertura do Festival Brazil, que promoverá, até setembro, a cultura brasileira com música, literatura, artes e dança. Gilberto Gil fará o show de abertura. O patrocínio é do banco HSBC.

A mostra "Metamorphosis", de Gene Johnson, será aberta hoje, às 20h, na galeria Mônica Filgueiras.

O músico Vander Lee lança o CD "Faro" hoje, às 21h30, no Citibank Hall. 16 anos.

Marcelo Ponzoni lança "Eu Só Queria uma Mesa", hoje, às 19h, na livraria Saraiva do shopping Morumbi.

Antonio Haslauer e David Israel, da agência AR NY, ganham jantar, hoje, na casa de Silvia Vidigal Ramos.

ARNALDO JARDIM

Brasil aguarda uma política de resíduos 
ARNALDO JARDIM
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/10


Construir um modelo de Política Nacional de Resíduos Sólidos não é tarefa simples para nosso país, pois exige diálogo



No artigo "É preciso avançar quanto a resíduos sólidos" ("Tendências/Debates", 21/5), o sr. Diógenes Del Bel avaliou a proposta de Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) como ambiciosa, mas que não traria de imediato "nenhum grande avanço em padrões de qualidade ambiental e modelos de gerenciamento".
Construir um modelo de PNRS não foi tarefa simples nos países desenvolvidos e não o é para o Brasil, pois exigiu uma formulação conjunta do poder público, setor empresarial e a sociedade. A própria Folha destacou este esforço no editorial "A evolução do lixo" (8/4).
Após 19 anos sem definição, nos últimos 20 meses um grupo de trabalho parlamentar, coordenado por mim, promoveu um diálogo intenso com a sociedade e, assim, a proposta foi por unanimidade aprovada na Câmara, com o respaldo do setor empresarial, ambientalistas, acadêmicos e o movimento nacional dos catadores.
Agimos agora para que o Senado delibere rapidamente.
A PNRS cumpre a Constituição Federal e oferece diretrizes para a gestão e o gerenciamento dos resíduos. Estados e municípios estabelecerão legislações próprias, dentro das suas peculiaridades e realidades, estabelecendo um modelo eficiente que priorizará a não geração de resíduos, a reciclagem, a destinação adequada e o engajamento da sociedade.
Sobre os resíduos industriais, foram estabelecidas regras sobre o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos que estão diretamente vinculadas ao processo de licenciamento da atividade industrial.
A responsabilidade compartilhada prevista na lei realmente não é a solução para todos os males.
Contudo, representa um avanço importante ao explicitar o papel dos vários agentes envolvidos, incluindo produtores, comerciantes, consumidores e poder público.
Também proporciona segurança jurídica, ao colocar na lei determinações que antes constavam em normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) ou em termos de ajustamento de conduta específicos.
Portanto, surpreende-me a postura de um setor específico que, atacando a proposta, atrapalha a aprovação da lei e defende o atual "salve-se quem puder"!
A PNRS estabelece o conceito de ciclo de vida dos produtos, determina a logística reversa, o sistema declaratório e o inventário, fortalece as cooperativas de catadores, institui os acordos setoriais, fundamenta-se nos princípios do direito ambiental e ainda dispõe sobre conceitos e normas que conformam legislação moderna, eficaz e com grandes benefícios.
Caberá à política o papel de fio condutor para compatibilizar diversas iniciativas, estabelecer premissas, coordenar mudanças de atitudes e nortear a sociedade para o desenvolvimento sustentável.
O momento é de nos prepararmos para economia de baixo carbono, e a PNRS se somará a outras políticas nacionais, como a de saneamento, a de mudanças climáticas, a de meio ambiente e a de educação ambiental, sinalizando nosso compromisso com a qualidade de vida no planeta.

ARNALDO JARDIM é deputado federal pelo PPS-SP e coordenador do Grupo de Trabalho Parlamentar para Aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos.

GOSTOSA

PAINEL DA FOLHA

Tabelinha 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 17/06/2010

Na contramão de suas declarações públicas contrárias à construção de novo estádio em São Paulo para 2014, Gilberto Kassab (DEM) operou em total sintonia com Ricardo Teixeira para retirar do Morumbi a abertura e eventualmente qualquer participação na Copa.

A articulação culminou com uma visita recente do prefeito, levado pelo empresário J. Hawilla, dono da Traffic, à fazenda do presidente da CBF. No encontro reservado, examinou-se um esboço de projeto do "Piritubão", arena multiuso a ser erguida na zona norte da cidade. "Eu não posso vetar o Morumbi", disse o prefeito tricolor aos presentes. "Mas vocês encontrem os meios técnicos que nós vamos em frente."
SeleçõesA defesa pública do "Piritubão" é feita pelo secretário de Esportes, Walter Feldman (PSDB). Já o presidente do comitê paulista para a Copa, Caio Carvalho, integra a ala tucana contrária à realização da obra.
PerdidoA direção do São Paulo FC começou a sentir que as coisas não andavam bem quando Kassab, até o final do ano passado presença assídua na tribuna do estádio, sumiu dos jogos de seu time do coração.
SpamO PSDB apresentará hoje denúncia contra servidores do Banco do Brasil que usaram o e-mail corporativo para espalhar mensagens contra a candidatura de José Serra. O caso será levado à Procuradoria da República.
A herdeiraQuem ouviu Marina Silva dizer, ontem na sabatina da Folha, que os eleitores "votaram num Lula e agora vão continuar votando num Silva" ficou a impressão de que a senadora do PV estava testando ali um esboço de slogan para o horário eleitoral gratuito.
Deixa estarApós acordo com o diretório de Santa Catarina, o PMDB nacional desistiu de intervir no Estado para barrar o apoio à candidatura de Raimundo Colombo (DEM). Além do dedo do ex-governador Luiz Henrique, artífice da aliança, pesou a ameaça dos "demos" de pular fora do barco de Roseana Sarney no Maranhão.
Oh, vida...De Eduardo Pinho Moreira (PMDB), justificando no Twitter seu apoio ao DEM: "Sozinhos não somos invencíveis, tempo de TV é essencial. A frustração é legítima, mas a situação mais difícil foi a minha".
MagnânimoO presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anda pela Casa com uma antiga entrevista a tiracolo, na qual Manoel da Conceição, que encerrou uma greve de fome contra o apoio do PT a Roseana, mostra-se agradecido ao chefe do clã. Motivo: ele o teria ajudado a conseguir uma perna mecânica nos anos 60.
VuvuzelaApesar do esforço de bombeiros para aplacar as declarações de Rodrigo Maia exigindo que o vice de Serra seja do DEM, há uma ala do partido disposta a aprovar, na convenção do próximo dia 30, o nome do deputado José Carlos Aleluia (BA) para ocupar o posto, forçando o tucano ao desgaste de derrubar a indicação.
Kamura styleO novo visual de Dilma Rousseff começou a fazer escola entre candidatas. Uma das primeiras a aderir foi a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), que disputará o Senado pelo Rio Grande do Norte.
PenetraLula não havia chamado o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, para a reunião que, na segunda-feira, discutiu a crise política e de gerência da estatal. Custódio compareceu apenas porque o ministro José Artur Filardi (Comunicações) o levou.
Tiroteio
A seleção brasileira está igual ao time do Serra. (Des) ânimo total.
Contraponto
Hic! 
Findo o expediente de segunda, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou no Twitter que estava num tradicional bar de Brasília com sua equipe tomando cerveja uruguaia, pois "ninguém é de ferro".

-Alguma novidade no Paraná?- "tuitou" de volta o presidente do PT, José Eduardo Dutra, referindo-se à base eleitoral do ministro, onde há meses tenta-se fechar um palanque forte para Dilma Rousseff.

-Ainda não. Mas chegaremos lá- respondeu Bernardo, antes de lamentar o fim do estoque de cerveja:

-Acabou Patricia. Antes, Nortena. Agora pra casa...

MERVAL PEREIRA

Período eleitoral
Merval Pereira
O GLOBO - 17/06/10

Em tempo de eleições, não é permitido aos candidatos ter opinião sobre temas delicados, sejam eles a atuação da seleção brasileira ou o aumento dos aposentados. Ou melhor, só é possível ter opinião quando ela não afeta o interesse de um grupo fundamental de eleitores, como no caso dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo, que tiveram um aumento acima da inflação

Por isso, não se ouviu de nenhum dos candidatos, e nem mesmo do próprio presidente Lula, uma crítica que fosse à atuação pífia da seleção brasileira em sua estreia na Copa do Mundo da África do Sul. Por puro receio de ser taxado de pessimista, de antipatriota.

Vai que a seleção melhora, o que dirá o torcedor comum do candidato que a criticou no primeiro jogo? É uma situação paradoxal essa: é certo que a maioria dos torcedores não gostou do primeiro jogo, e isso deveria permitir que também os políticos criticassem a seleção.

Mas não há quem queira se arriscar. Torcer virou sinônimo de ser patriota, e junto com o futebol carrancudo e sem brilho da era Dunga foi-se também a graça de criticar por criticar, de falar mal dos jogadores, de discordar das opções táticas do treinador.

Ninguém pode pedir Ganso no lugar de Josué ou Neymar em vez de Grafitte, sem correr o risco de ser apontado como um portador do “complexo de vira-latas”, da mesma maneira que os críticos da atuação do governo brasileiro no caso do acordo nuclear com o Irã são acusados de antipatriotismo.

Não foi à toa que os candidatos, sem exceção, limitaramse a demonstrar confiança na seleção de Dunga e a aceitar como verdadeiras as desculpas oficiais para o péssimo desempenho da seleção contra a fraquíssima Coreia do Norte: ansiedade, nervosismo da estreia.

Dilma, diretamente de Paris, toda fantasiada de torcedora verde-amarela, Serra numa churrascaria do Rio ao lado da presidente do Flamengo, uma vereadora tucana, e até Marina de um hotel em São Paulo, nenhum deles se atreveu a fazer uma crítica ao time.

Da mesma maneira, os que falaram foram favoráveis à decisão do presidente Lula de sancionar o aumento dos aposentados e vetar o fim do fator previdenciário.

Serra preferiu o silêncio.

Ora, todos os candidatos defendem uma reforma da Previdência que equilibre as contas, mas nenhum é capaz de explicitar que reforma seria essa, na certeza de que as mudanças que necessitam ser feitas trarão mais dissabores do que bondades.

Portanto, a discussão séria de um problema que afeta o futuro do país fica para quando o candidato for eleito. E, mesmo assim, dependendo da situação.

O presidente Lula, que aprovou a duras penas no início de seu governo uma parte da reforma da Previdência, nunca mais a regulamentou, o que significa que na prática ela não existe.

Não quis correr o risco de perder a enorme popularidade.

O desagradável disso tudo é ver como a incoerência revelada não constrange ninguém.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vacarezza, esbravejou contra a “irresponsabilidade eleitoral” de seus colegas logo após a aprovação, certo de que o presidente Lula vetaria o aumento, como a área econômica do governo pedia.

Quando o presidente Lula espertamente sancionou o projeto, recebendo todos os louros pelo aumento, Vaccarezza deu o dito por não dito.

Também o presidente Lula bravateou no primeiro momento que vetaria qualquer proposta que desequilibrasse o Orçamento, mesmo em tempo de eleições.

Mobilizou seus ministros econômicos para anunciar os perigos de um aumento real nessa dimensão para os aposentados que ganham mais de um salário mínimo, para depois desautorizá-los em público e aparecer como herói dos idosos.

Uma manobra política perfeita, que certamente renderá votos para sua candidata oficial.

A direção do Partido Verde anda satisfeita com os resultados obtidos até agora pela candidatura de Marina Silva à Presidência, e vem procurando tirar o maior proveito das seguidas entrevistas que ela está dando neste momento da campanha.

Para o presidente do PV do Rio, Alfredo Sirkis, o simples fato de ela estar com 10% a 12%, quando em outubro do ano passado estava com 3%, já indica uma mobilização social em curso.

Na avaliação da direção do partido, as campanhas cada vez mais se concentram nas últimas três semanas do processo, e as novas mídias têm jogado um papel crescente, embora não se possa ainda afirmar que poderá ser decisivo.

Sirkis lembra que em 2008, na campanha para a prefeitura do Rio, a um mês das eleições, o candidato Fernando Gabeira ainda estava em quarto lugar, com menos de 10%, e acabou perdendo no segundo turno por pequena diferença para o atual prefeito, Eduardo Paes.

Sirkis também não crê que a ideia de governar com o PT e o PSDB seja necessariamente utópica, como classifiquei na coluna de ontem.

No raciocínio de Sirkis, esses partidos social-democratas, cada um à sua maneira, não se juntariam em um governo comandado por um ou outro, mas Marina poderia promover esse “realinhamento histórico” com sua mediação, criando uma alternativa de um governo programático à rendição ao PMDB ou ao DEM.

Para fazer recuar o fisiologismo, o clientelismo e o assistencialismo da política brasileira, cada vez mais dependente dos “centros assistenciais”, é preciso mudar o sistema eleitoral para o voto proporcional por lista ou o distrital misto, defende Sirkis.

Atualmente, diz ele, os três partidos que lançaram candidatos à Presidência (PT, PSDB e PV) são os que ainda possuem alguma referência programática, e não é absurdo se pensar que um dia possam governar juntos.

JAPA GOSTOSA

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

"Um dia estarei na Copa" 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 17/06/2010

Enquanto a seleção brasileira cantava o Hino Nacional em Johannesburgo, Ganso (ao lado), o não escalado, ganhava cachê para assistir ao jogo Brasil e Coreia do Norte na loja Los Dos, em Moema. Sentado à mesa, bebendo guaraná e cercado por seguranças, o moço se viu vigiado, anteontem, por mais de 20 lentes profissionais. Durante os 90 minutos, cinegrafistas e fotógrafos se posicionaram atrás da TV para qual Ganso olhava. Tímido, o craque de poucas palavras, revezou-se entre assistir aos colegas no gramado e dar autógrafos. Quando se concentrava na partida, cutucava espinhas do rosto. Depois da disputa, Ganso falou à coluna.
Deu para prestar atenção no jogo e dar autógrafos?

Ah, até deu, sim. Mas depois eu revejo no VT.

Como é estar aqui e não e lá na África do Sul?

Ah, eu só fico pensando que quero jogar muita bola, treinar bastante e que um dia estarei lá, na Copa do Mundo.

Como é a vida de celebridade?

Tento manter meu jeito. Ficar sempre tranquilo, ter muita paciência, atender fãs, tratá-los com carinho. Sou novo mas tenho uma cabeça boa.

Muito homem nem faz ideia do que seja uma calça saruel. E você está usando uma...

(Risos) É, eu adoro moda. Adoro andar na moda. Cada dia faço um estilo, gosto de inventar.

Já que não sou bonito, tenho que andar bem arrumado.

Muitas meninas lindas te chamaram hoje de "lindo, bonito e gostosão". Acha que se você não fosse um jogador tão talentoso, chamaria a atenção?

Acho que sim. Quero dizer... Não sei. Mas é bom ser chamado de bonito, né?

Você fez fotos só de toalha para a Vogue RG. Posaria nu?

Aí, não. Já quase morri de vergonha para fazer aquelas fotos. E eu sou magrelinho...

Como vê o homossexualismo no futebol?

Em alguns clubes por aí tem, sim. Mas no Santos, graças a Deus, não.

Como você sabe?

Ué, porque eu trabalho lá e a gente sabe de tudo.

Você está namorando?

Hmmm. Não fala para ninguém, não, mas eu tô, sim.

Quem cuida do seu dinheiro é seu pai? Assim como o pai de Neymar cuida do dele?

Não, não. Bem, ele me ajuda, meu irmão, o Papito, me dá uma força. Mas eu sou mais velho que o Neymar, já posso me cuidar sozinho.

Qual seu palpite para o próximo jogo?

Dois a zero para o Brasil. Dessa vez, em um jogo mais tranquilo. (A entrevista é encerrada para que ele tire fotos com Preta Gil, que chega para cantar na festa) Olha lá a Preta Gil, adoro ver o sorrisão dela.

E você ficaria com ela, Ganso?

(Risos) Não espalha.

DEBORA BERGAMASCO

Fome de quê?
Sai do forno pesquisa mundial do Ipsos avaliando o contentamento das pessoas em relação às comunidades em que vivem. Para 61% dos entrevistados, está tudo satisfatório por aqui. O levantamento, feito em 23 países, põe o Brasil em 15º lugar no ranking -à frente da França e da Itália.

O que ainda preocupa? Os brasileiros apontaram serviços de saúde (62%), oportunidades de emprego (56%) e criminalidade (56%).

Fica a dica aos candidatos.

Dunga who?

Dúvida que não quer calar: qual é o nome real de Dunga. Pesquisa rápida pela cidade e ninguém soube dizer.

A quem se interessar: Carlos Caetano Bledorn Verri.

Dois em um
PSDB economiza esforços. Ana Lobato, Paulo Renato Souza, Maria Helena Guimarães, entre outros, montam proposta para a área social de Serra e Alckmin. Compilada por Floriano Pesaro.

Ecos da SPFW
Luiza, de 4 anos, filha de Alexandre Menegotti, fisgou o coração de Gisele Bündchen.

A pequena tirou de sua micro Louis Vuitton um Bubbaloo para dar à top.

Pré-copa
Carol Gimenes comemora. A Rede, empresa do Grupo ABC, foi escolhida pela Local Organising Committee para organizar e produzir o sorteio dos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014.

O famoso Preliminary Draw acontece ano que vem, reunindo 208 delegações do mundo.

Sufoco
A cena dá uma ideia da confusão que tomou conta da cidade de Johanesburgo.

Meia hora antes do jogo Brasil, a coordenadora de segurança do estádio Ellis Park, ainda tentava organizar e posicionar o policiamento do local. Sem sucesso.

Dolce far niente
Ninguém quer sair da concentração da seleção italiana em Centurion, próximo da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Não é para menos: a Casa Azzurri atrai convidados com champanhe, pratos de massas, piano-bar, mesa de pebolim e... belas recepcionistas.

Manequim
Deu muito o que falar o casaco do estilista Alexandre Herchcovitch que Dunga resolveu usar anteontem, durante o jogo do Brasil, em Johanesburgo.

Quem quiser um, no entanto, não vai ter. O modelo saiu de linha em 2006. O seu preço? Algo em torno de R$ 3 mil.

Na frente
Bob Wolfenson ousa. Abre hoje exposição com fotos de materiais apreendidos pela polícia brasileira. No Centro Universitário Maria Antônia.

Carmo Sodré Mineiro comanda jantar em prol dos artesãos da ArteSol. Hoje, na Casa Cor, no Jockey.

Monica Filgueiras exibe mostra de Gene Johnson. Hoje.

Katie van Scherpenberg abre individual, no Paço Imperial, no Rio. Também hoje.
Comentário de torcedor revoltado: "Certamente esqueceram de avisar ao Kaká que ele estava sim no jogo."

CLÓVIS ROSSI

De alegria, governos e mercados
CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/06/10


SÃO PAULO - Estava pronto para falar de Dunga, para dizer que o que me incomoda nele não são os jogadores que levou ou deixou de levar, a maneira de jogar do time brasileiro e coisas que tais. O que me incomoda é que ele é triste.
Sob esse aspecto, não é brasileiro, se por brasileiro se tomar o estereótipo do "povo alegre".
É tudo o que Dunga não é. Ao contrário, é chato. Tem tudo, portanto, para ser campeão de uma Copa de futebol triste, em que a única seleção até agora alegre foi a alemã, que os torcedores brasileiros sempre achávamos ter a cintura dura.
Mas vou deixar o Dunga em paz para chamar a atenção para mais lances da guerra governos x mercados. Guerra que, em tese, pode moldar um pouco o futuro do planeta, com inevitáveis repercussões até na terra de Dunga e de Lula.
Primeiro lance: o presidente Barack Obama exige que a BP pague pelo estrago feito no golfo do México. Justo, muito justo, mas no jornal-porta-voz dos mercados, o "Wall Street Journal", Holman Jenkins Jr. já saiu ao ataque para dizer que é melhorar deixar que a BP faça bons negócios, para poder reinvestir. Quem paga, então, os prejuízos causados pelo "negócio"?
Segundo lance: George Osborne, responsável pelo Tesouro britânico, está avisando os bancos de que eles, como a BP, terão que pagar pelos danos que provocaram na economia britânica durante a crise que ainda está em andamento.
Osborne, adicionalmente, reitera que quer taxar os bancos, intenção também anunciada pelo governo da Alemanha, embora apenas a partir de 2013.
Tanto na Alemanha como no Reino Unido, o governo é uma coligação conservadores/liberais, com predominância conservadora. Bichos de uma raça avessa a bulir com os mercados.
Mas, se o futebol alemão virou alegre, e o brasileiro está triste, tudo pode acontecer no mundo.

MÍRIAM LEITÃO

O peso da mancha 
Miriam Leitão 

O Globo - 17/06/2010

A entrada dos seis homens e duas mulheres, vestidos de preto, ontem, na Casa Branca, confirmou que o vazamento do Golfo afetará a indústria do petróleo no mundo. Na reunião com o presidente Barack Obama, os executivos da British Petroleum foram avisados que terão que fazer um fundo de US$ 20 bilhões para as compensações. O valor pode crescer

O maior desastre ambiental dos Estados Unidos obrigou o presidente Barack Obama a fazer o seu primeiro pronunciamento do Salão Oval para tentar salvar seu próprio projeto político.

No ano das decisivas eleições de meio de mandato, a popularidade do presidente tem afundado a cada novo sofrimento causado pelo vazamento de petróleo no mar. Ele joga a chance de um segundo mandato nessa reação.

É absolutamente improvável que depois de tudo isso a exploração de petróleo no mar continue a mesma. Os custos serão mais altos pela obrigatoriedade de medidas de segurança muito mais rigorosas do que as atuais; a regulação será mais forte; os prêmios de seguro mais caros; a energia limpa será mais valorizada; uma das maiores companhias do mundo pode desaparecer.

Neste momento, está temporariamente suspensa a exploração no mar na Noruega e nos Estados Unidos.

A BP é hoje uma empresa com um gigantesco passivo ambiental e financeiro.

Pode não sobreviver e é a operadora do maior campo petrolífero na América do Norte, o Prudhoe Bay, e uma das cinco maiores refinadoras de petróleo do Texas.

Obama anunciou a criação de um fundo independente no qual a BP terá que depositar “o dinheiro que for necessário” para pagar as indenizações e o custo de recuperação da economia da região afetada pelo vazamento. Os advogados da Casa Branca e da BP negociaram o valor do aporte no fundo em US$ 20 bilhões, mas no mercado a estimativa é que o fundo pode acabar tendo que chegar a US$ 60 bilhões. Ontem, a empresa anunciou que não pagará dividendos aos acionistas este ano.

O presidente americano, ao falar do Salão Oval, disse que vai mudar a regulação, nomeou um procurador federal para ser o novo chefe da agência reguladora, criticou a hostilidade contra os reguladores e a promiscuidade da regulação entre regulador e regulado. No Brasil, nos últimos anos, surgiram as duas tendências: o Ibama é acusado de intransigente e inimiga do progresso; as agências reguladoras no governo Lula foram enfraquecidas, partidarizadas e algumas passaram a ser braços dos regulados.

Uma comissão de moradores, estados, negócios afetados vai traçar um plano de recuperação que será financiado pela BP. Uma comissão nacional vai investigar as causas do desastre.

“O país tem o direito de saber por que houve a tragédia”, disse Obama. “Por gerações, famílias mantiveram estilo de vida à beira do mar que pode ter se perdido para sempre. Vamos lutar por meses ou anos contra os efeitos do vazamento”, afirmou. Ele acrescentou que na indústria da exploração de petróleo, nada foi tão grande e tão fundo quanto o campo da BP, e por isso foram testados os limites da tecnologia desenvolvida pelo ser humano. E pelo visto, reprovados.

Tudo isso evidentemente serve de alerta para o Brasil porque a exploração de petróleo do pré-sal será ainda maior e mais funda do que a dos campos do Golfo do México. A regulação tem que ser mais rigorosa e transparente, o princípio da precaução precisa ser levado a sério, um fundo contra desastre precisa ser constituído, os reguladores tem que ser independentes.

A mudança no regime de exploração de petróleo no Brasil foi formulada com dois objetivos: tirar proveitos políticoeleitorais da mudança do modelo, e retirar tributos recolhidos pelos estados produtores. Não houve preocupação com aumento da proteção do meio ambiente, nem de medidas de prevenção de riscos.

A estimativa feita ontem era que 60 mil barris por dia estão saindo do vazamento de petróleo para o mar do Golfo. Há uma semana, o cálculo era de 25 mil barris. O valor de mercado da BP caiu 48%. A ação era negociada a US$ 60 em 20 de abril e na terçafeira estava em US$ 31.

Obama disse no pronunciamento que “agora é a hora da atual geração adotar a energia limpa. Neste momento, milhares de trabalhadores estão construindo novas turbinas de energia eólica e painéis solares.

Mas temos que acelerar a transição.” Citou a China como investidor em energia limpa. Ele disse que nos Estados Unidos falam e falam há décadas sobre a redução da dependência do petróleo, e permanecem dependentes.

Isso é que acabou sendo a principal crítica feita a ele pelos especialistas. A de que faltaram medidas concretas para acelerar essa transição, como disse Andrew Revkin, do site Dot Eearth, do “NYT”. Na opinião de Revkin, Obama foi vago sobre uma das propostas que apoiou durante a campanha, o Cap and Trade, (cotas e comércio de carbono, que criaria um mercado compulsório de carbono nos Estados Unidos). Obama referiuse a “um plano” no Congresso, o que é na verdade a lei proposta pelo senador democrata, ex-candidato à presidência, John Kerry e pelo senador independente Joe Lieberman.

A imprensa cobrou. A CNN ao fim do discurso dele na noite da terça-feira cortou para um auditório com pessoas das comunidades atingidas. E a crítica foi exatamente que era preciso mais objetividade.

Ou seja, o governo americano foi duro com a BP, mas terá que endurecer ainda mais com toda a indústria de exploração de petróleo no mar se quiser reverter a situação desfavorável junto à opinião pública.

JAPA GOSTOSA

BRASIL S/A

PIB no pano verde
Antonio Machado

CORREIO BRAZILIENSE - 17/06/10

Crescimento em 2010 virou loteria. Apostas vão de 6,5% a 8%, com forte queda até dezembro. Será?


O desempenho da economia brasileira este ano virou loteria depois da expressiva variação do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre. Ponto pacífico é que está garantida expansão mínima de 6% em relação a 2009. Incerto é quanto mais que isso poderá ser.

O ritmo de crescimento de 2,7% em relação ao trimestre anterior e de 9% sobre igual base de 2009 não vai repetir-se. A economia vai crescer menos — bem menos, na conta do Ministério da Fazenda e de uns poucos analistas —, e não muito menos, na visão de consenso.

Parece picuinha discutir se o crescimento estará mais perto de 8% sobre 2009 que de 6,5%, a aposta da Fazenda. No boletim Focus, do Banco Central, que revisa semanalmente os cenários de uma centena de bancos e consultorias, o PIB projeta crescimento de 7%.

Parece bobagem, mas não é. Conforme as expectativas, o ciclo e a intensidade da Selic serão maiores ou menores. Indústrias ajustam a produção e estoques conforme o que esperam da demanda, e fazem o mesmo com a velocidade dos investimentos, influenciadas não apenas pelos seus dados internos, mas também pelos cenários externos, que por sua vez repercutem na veia a trajetória esperada para a Selic.

Aliás, o efeito imediato da Selic é sobre as disponibilidades das empresas, não bem sobre o consumo das famílias diretamente, já que há uma forte relação entre juros e a taxa de retorno da atividade operacional. Se o BC pilota a Selic de olho na pressão do consumo sobre a oferta interna limitada, complementada por importações, o consenso de curto prazo sobre a temperatura da economia não é uma informação fútil. É decisiva para a condução dos negócios.

Os argumentos que fundamentam os cenários mais ou menos aquecidos sobre o comportamento do PIB até o final do ano são consistentes, o que significa que os indicadores setoriais de produção, de renda e de evolução do crédito ao consumo não estão prontos para indicar a tendência que se avizinha. Sabe-se que a economia vai rodar a um ritmo menor frente ao primeiro trimestre. Mas se desconhece se sua velocidade vai passar da 4ª marcha para a 3ª ou para a 2ª.

O varejo perde pique
O pessoal preocupado com o radar tenderá a tirar o pé do pedal do crescimento, se considerar notícias como a das vendas do varejo em abril. O comércio vendeu 3% menos que em março, maior queda de um mês para outro na pesquisa do IBGE. No varejo ampliado, conceito que adiciona o comércio de carros, motos e material de construção, a redução foi ainda maior, 4,7%. É a série mensal que prenuncia o comportamento da economia no curto prazo, não o comparativo anual.

Por tal critério, o varejo tradicional vendeu em abril 9,1% mais que em igual mês do ano passado. O comércio ampliado, mais 12,7%. Mas isso é passado, tanto quanto o PIB do primeiro trimestre.

Dosagens divergentes
Para adiante o que será? Duas fontes de referência da coluna não se põem de acordo sobre o desempenho do PIB de abril a dezembro. O economista Fernando Montero, especialista em contas nacionais, por exemplo, revisou sua projeção de crescimento de 7,1% este ano para 7,8%. A consultoria LCA fez o mesmo, mas de 6,2% para 6,6%.

A divergência está na dosagem da desaceleração até dezembro. Para Montero, para o PIB crescer 6,5% no ano, como projeta a Fazenda, a desaceleração prevista implica “estagnação”. A evolução do PIB nos três trimestres finais de 2010 teria de ser, em média, de 0,34%, o que, diz ele, é inexequível, tanto quanto a variação anual do IPCA prevista pela Fazenda, de 5%, que supõe acréscimos mensais de 0,2% ao mês. A economia perde pique, mas não é acuada. O consumo cai em seu cenário, mas o investimento cresce, amortecendo a redução.

É cedo para concluir
Para a LCA, o fator estoques, “que impulsionou os resultados do PIB nos dois últimos trimestres”, terá redução significativa nos próximos meses. O consumo das famílias, acrescenta, também será um “vetor importante de desaceleração do PIB”. Tais premissas levam o cenário da LCA a projetar crescimento médio de 0,6% entre o 2º e o 4% trimestre do ano. Ou, sem o dado de estoques, 1% por trimestre.

Os indicadores antecedentes próprios da consultoria já captam um desaquecimento maior em curso. “Dado que o PIB deve ter avançado 1,2% em abril-junho, nossa projeção supõe crescimento médio no 2º semestre de 0,4% por trimestre”, diz a análise da LCA. Resultado: a economia transitará de um ritmo de quase 3% por trimestre para um pouco menos que 0,5%. A questão é se o BC concorda com cenário tão moderado de crescimento. Parece cedo para tirar conclusões.

BC vai ter trabalho
Pelas decisões do governo envolvendo o reajuste de aposentadorias e de servidores do Judiciário, depois de outros aumentos em curso e mais na fila, além da rédea curta sobre os bancos federais para que não racionem a expansão do crédito, será muito difícil que o Banco Central tenha sucesso em seu empenho para esfriar o consumo.

Os cortes de gastos compensatórios à expansão fiscal aprovada no Congresso e sancionada por Lula, totalmente concentrado no prêmio eleitoral de tais medidas, têm sido só sobre o que está projetado, não sobre a despesa incompressível, de modo que por ai o PIB não será frustrado. Aumento de juros também é duvidoso para encolher o crédito para valer. E não há nada à vista que segure a ascensão do investimento. O crescimento deverá esfriar, mas vai dar trabalho.

ANCELMO GÓIS

CERVEJA E FUTEBOL
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 17/06/10

Depois da derrota da Espanha, o ministro Temporão ficou ainda mais convencido de que a seleção de Dunga tem muita chance de ganhar o hexa:
— Estamos no caminho certo. A única coisa que me incomoda nesta Copa é esta campanha “brahmeiro”.

SEGUE... 
Para o ministro da Saúde, é péssimo associar uma marca de bebida alcoólica à seleção:
— A sociedade precisa discutir esta questão. A Copa é um evento que mobiliza crianças e jovens.

COPA DA INTERNET 
Os gaiatos da internet fazem uma Copa à parte, e não só com o “Cala boca Galvão”. Agora, editaram os melhores momentos de Brasil x Coreia do Norte, numa suposta versão da TV norte-coreana. Acaba 1 a 0 para eles.
Confira no site da coluna (www.oglobo.com.br/ancelmo).

GANSO E NEYMAR 
A torcida Bafana Bafana, triste com a derrota para o Uruguai (3 a 0), conheceu ontem as virtudes futebolísticas de Ganso e Neymar, os craques do Santos.
Os dois apareceram com Robinho no telão do estádio, no anúncio da Seara em que o trio faz malabarismos com a bola.

COMO SE SABE... 
A salsicheira brasileira é patrocinadora oficial da Fifa.

COLEGUINHAS N’ÁFRICA
São 13 mil os jornalistas que cobrem a Copa na África.
Cinco mil coleguinhas a menos que na Alemanha, em 2006.

MULATOS DO GOIS
Esta é, sem dúvida, a Copa da miscigenação. E não por causa dos africanos.
Até agora, encerrada a primeira rodada, brilham os crioulos suíço (Fernandes) e alemão (Cacau).
Que venham outros.

LIGA NÃO, TEMER
Numa conversa com o candidato a vice de Dilma, Michel Temer, José Sarney foi direto:
— Vice é como rabo de papagaio: não serve para nada.
Mas, ao ver a contrariedade de Temer, amenizou: 
— Só que, sem o rabo, o papagaio não sobe!
Ah, bom!

EM TEMPO... 
Na terra do Sarney, papagaio é sinônimo de pipa. 

DORME COM O INIMIGO
Terça, pouco antes do jogo, o ministro Ayres Britto, vice do STF e vascaíno doente, foi visto comprando camisas do Fluminense na loja Só tricolor, em Brasília. Já na porta, um amigo lhe perguntou se tinha virado casaca. O ministro sorriu:
— Sou vascaíno, mas minha mulher e filha são tricolores roxas.
Ah, bom!

NEGÓCIOS DO SAMBA 
A Unidos da Tijuca rompeu o contrato de patrocínio com a Vivo e vai processar a ex-parceira.
A campeã do carnaval alega que a empresa de telefonia deixou de lhe pagar duas parcelas do compromisso.