sexta-feira, agosto 02, 2013

Sem crise - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 02/08

A cobertura duplex do Edifício Juan Les Pins, na Avenida Delfim Moreira, no Rio, está à venda por US$ 15 milhões.

São 1.300m2 com uma vista fantástica da Praia do Leblon.

Irmã Dulce
Deborah Secco não deve mais fazer o papel de Irmã Dulce no cinema.

O motivo seria mudança no calendário das filmagens. A nova data coincide com outro compromisso de Deborah. A conferir.

Boate Kiss
O presidente do STJ, ministro Felix Fischer, negou ontem um pedido de habeas corpus para o empresário Elissandro Callegaro Spohr, um dos donos da Boate Kiss, em Santa Maria.

Em janeiro, 242 pessoas morreram por causa de um incêndio na boate.

Lula no Sírio
Lula esteve ontem no Hospital Sírio-Libanês. Marcou novos exames para o dia 10 e visitou os amigos internados, Genoino e Sarney.

As voltas da História
Veja como são os caminhos da História.

O salão ocupado quarta por manifestantes mascarados na Câmara dos Vereadores do Rio é o mesmo onde foi velado o corpo do estudante Edson Luís, morto pela ditadura em 1968 (foto).

O dono da banda
A 5ª Câmara Cível do Rio cassou ontem a liminar dada aos músicos Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá permitindo o uso do nome “Legião Urbana”.

O advogado Luiz Edgard Montaury, que representa Giuliano, filho de Renato Russo, diz que Dado e Bonfá venderam o nome para o líder da banda nos anos 1990 e agora querem voltar a usá-lo.

Reforço no caixa
O BNDES liberou R$ 7,2 milhões para a Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles, na Lapa, no Rio.

A verba vai ajudar a concluir a obra de restauro de uma das principais salas de concerto do Rio. O prédio, exemplo da arquitetura neocolonial, foi construído no fim do século XIX.

Inédita
O Instituto Estadual do Cérebro, no Rio, fez ontem uma cirurgia complexa, inédita na rede pública.

O neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho realizou uma talamotomia estereotáxica em um paciente com mal de Parkinson. A cirurgia acaba com aqueles tremores no braço provocados pela doença.

Homenagem
Esta escultura abstrata em concreto, obra de Burle Marx (1909-1994), na Praça Heitor Bastos Tigre, no Recreio, será revitalizada, hoje, pela Secretaria de Conservação do Rio. É que, se estivesse vivo, o grande paisagista faria 104 anos no domingo.

Portas abertas
Destruída por vândalos há 15 dias, durante protestos, a loja Toulon do Leblon será reaberta hoje.

Calma, gente
Após o polêmico ato, sábado, em Copacabana, os organizadores da Marcha das Vadias estão sendo ameaçados de morte por meio de telefonemas, torpedos e mensagens nas redes sociais.

Como se sabe, durante o protesto, manifestantes quebraram imagens de santos.

Segue...
A feminista Rogéria Peixinho deu queixa na Deam do Centro.

A turma denunciou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Alerj e vai buscar apoio da Anistia Internacional.

Caso grave
O Hospital Federal de Ipanema, no Rio, está funcionando sem equipamentos para fazer exames de imagem, como tomografia.

Chá literário
Da imortal Cleonice Berardinelli, ontem, no chá da ABL, falando sobre o Papa Francisco:

“Valeu viver 97 anos para conhecer uma pessoa assim.”

Não é fofa?

Dilma reconheceu, a culpa de tudo é o Lula - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO

O Estado de S.Paulo - 02/08

Dilma disse que Lula nunca saiu.

Mas como? Todo mundo viu quando ele foi embora, chorando.

Quando terá voltado?

Terá sido na calada da noite, escondido?

Se ele nunca saiu, está governando.

Como se não votei nele, nem ninguém, porque não era candidato?

Se nunca saiu, está lá. Se está lá, não devia estar.

É um usurpador.

Se está lá, está ilegalmente, anticonstitucionalissimamente (ufa!).

Dilma disse: Lula e eu somos indissociáveis.

Serão um só?

Um dia aparece um, outro dia, o outro.

Lembram-se de Irma Vap? A peça teatral, megassucesso durante anos? Da rapidez com que os atores Nanini e Latorraca trocavam de roupa e surgiam como outro personagem? Se alternavam um na pele do outro?

Teremos na presidência Dilma Vap ?

Dilma sai da sala, volta Lula.

Lula sai, volta Dilma.

Será uma peça teatral de Ionesco? De Beckett, de Jorge Luis Borges? Ou uma chanchada da Atlântida?

Ou será filme do Woody Allen? Zelig, por exemplo, em que o personagem vai adquirindo outras personalidades automaticamente.

Lula será Dilma?

Ou Dilma será Lula?

Por isso que os ministros vivem tão atarantados?

Ou pela primeira vez na história temos uma dobradinha na presidência?

Novo tipo de governo? Dois presidentes por um? Como o antigo doce da Cica, quatro em um?

Lula liga: Dilma, hoje vai você, tenho uma palestra na Sorbonne, ou em Oxford, ou em Yale, ou Cambridge ou na Patrice Lumumba.

Dilma: Lula, hoje vai você, que tenho de fazer um discurso citando o FHC como o culpado de tudo.

(FHC perturba o sono de Dilma; está sempre presente; é um trauma, obsessão, alucinação, pesadelo. Ou será admiração?)

Então, está explicado.

Se o Lula nunca saiu, tudo o que está acontecendo, economia ruim, inflação, saúde péssima, educação aos pedaços, violência desenfreada, povo nas ruas, é culpa do Lula.

Volte a presidir, Dilma.

Falta de noção - MICHEL LAUB

FOLHA DE SP - 02/08

A incapacidade de ver no espelho parte do problema apontado se deve a deficits emocionais e cognitivos


Toda vez que vejo um comercial de banco dando lições de consciência social, de sustentabilidade e de amor pelos nossos filhos, ou até declarando que dinheiro não é tão importante nesta vida, reconheço que os publicitários ainda são capazes de nos surpreender.

Mas fico pensando se a hipocrisia é tão identificável em domínios menos óbvios que os intervalos da TV aberta. E se evocá-la não é uma espécie de argumento "ad hominem", que despreza a ideia discutida para atacar a pessoa ou instituição que a defende.

No caso do vídeo célebre de Marilena Chaui desancando a classe média (http://goo.gl/FKmFN), há duas opções. A primeira é esquecer a mão pesada da ideologia, e aí até concordo com parte do que é dito sobre as esferas pública e privada no país.

A segunda é descartar o conjunto porque, bem, imputar aos outros vaidade e gosto por "signos de prestígio" não é a melhor escolha para quem atingiu o estrelato num meio como a universidade brasileira. Tudo ilustrado pela cena em que esta integrante das classes menos favorecidas --que diz só distinguir "um fusca de um Fiat"-- ouve do motorista de um "gigante prateado" (quase um vilão da Embrafilme fumando charuto à beira da piscina): "E você pensa que vou estacionar meu Mercedes em qualquer lugar?".

Claro que é difícil separar a hipocrisia do discurso sob o qual ela se esconde. O fígado reclama, por exemplo, quando um escritor, que publica por grandes editoras, é resenhado em grandes jornais e recebe grandes quantias em prêmios literários bancados por grandes patrocinadores, tenta emplacar uma imagem de resistência contra poderes que só ele enxerga.

Mesmo assim, nem tudo tem origem na má-fé. A hipocrisia costuma ser identificada com lugares e épocas --a Inglaterra vitoriana, os Estados Unidos dos anos 1950. Há chance de o Brasil contemporâneo entrar com destaque na lista, mas pode haver um erro conceitual aí: o que me parece escancarado pela internet, na qual podemos ouvir a voz das maiorias antes limitadas a seus botecos e rancores, é uma característica humana universal e atemporal.

O apelido moderno dela é falta de noção. Que é diferente da falta de caráter. Quando um crítico de rock cinquentão ironiza a idade de Caetano Veloso ao lançar um disco de rock, ou quando tuiteiros soltam fogos pela morte de Margaret Thatcher depois de se indignarem com as comemorações pela doença de Lula, é possível que não vejam incoerência na própria postura.

A lógica que os faz pensar assim faz algum sentido. Dá para dizer que crítica não é igual a produção artística, ou que o infortúnio de alguém idoso e distante é diverso do de alguém próximo e na ativa. Mas ir um passo além desses argumentos, enxergando como principal traço deles a tentativa de manter uma autoridade facilmente contestável, demanda um pouco mais de repertório.

Não apenas em termos culturais. A incapacidade de ver no espelho parte do problema apontado também se deve a deficits emocionais e cognitivos. Leiam os textos, ouçam a fala de certos pregadores de costumes em atividade. Quem se expressa daquele modo não parece capaz de segurar garfo e faca ao mesmo tempo, quanto mais de ser hipócrita --sensibilidade que exige alguma técnica e esperteza, quando não a consciência irônica da própria dubiedade.

A falta de noção, ao contrário, é um rochedo de certezas melancolicamente sinceras. Uma forma de amoralidade que não se dá por escolha, e sim por destino: há algo de trágico em todo idiota, mesmo os que passam a vida apontando o dedo para acusar a idiotice alheia, e isso talvez mereça mais solidariedade do que julgamento.

Como não tenho vocação para santo, porém, e nem farei ressalvas do tipo "também estou acusando os outros, quem sabe a falta de noção é minha", não consigo evitar reações menos caridosas. Se em público é obrigatório manter um silêncio respeitoso, magnânimo em relação a estes nossos irmãos vitimados pela sorte, em privado dá para exercitar a vingança sem culpa, na boa e velha forma de condescendência e consumo irônico.

Ao menos faz bem para a saúde. Deixem eu me divertir um pouco com regras que, à luz da pose, da sintaxe e da conduta privada de quem as dita, equivalem a um daqueles vídeos com uma nutricionista gaguejando, um alemão mostrando suas prateleiras cheias de videocassetes ou Carla Perez em "Cinderela Baiana".

A fila não anda - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 02/08

RIO DE JANEIRO - Mick Jagger, líder dos Rolling Stones, fez 70 anos. Quando eles surgiram, em 1962 ou 63, o Reino Unido ainda estava na idade do gelo. O romance "O Amante de Lady Chatterley", de D. H. Lawrence, de 1928, continuava proibido. A pílula anticoncepcional já existia, mas ainda não chegara às farmácias. Homossexualismo era crime. E o "hit parade" inglês tocava xaropes como "Oh! Carol", com Neil Sedaka; "What Now My Love", com Gilbert Bécaud; e "I Can't Stop Loving You", com Ray Charles. Os londrinos tropeçavam em mamutes mortos nas calçadas.

Para os jovens que os ouviam pela primeira vez, os Stones eram um grito de rebeldia contra tudo o que seus pais - os coroas - representavam. E não era só a música ou o barulho, mas os penteados, as roupas, o comportamento, a "atitude". Comparados aos Stones, os Beatles, que tinham nascido pouco antes, eram rapazes de família, com seus terninhos sem gola, gravatas com prendedor e botinhas engraxadas. Os Stones é que eram o bicho, temidos pelos mais velhos.

Mas a fila anda. Uma fã de primeira hora de Mick Jagger teria, digamos, 20 anos em 1963. Isso foi há 50 anos, com o que, hoje, ela terá 70. A filha dessa mulher, nascida naquele mesmo ano, estará com 50 e já lhe terá dado uma neta. Esta neta, nascida em 1983, acaba de fazer 30 e, por sua vez, também tem uma filha, que está agora com 10 anos. Donde esta última menina é bisneta daquela fã original de Mick Jagger. Para ele, deve ser chocante pensar que suas primeiras fãs, as gostosuras de minissaia e longos cabelos escorridos que se atiravam aos seus pés, transformaram-se em... bisavós.

Ou não. O próprio Mick, aos 70, também deve usar óculos de leitura, fazer exame de próstata e controlar o ácido úrico. Mas continua a se ver e a ser visto como sinônimo de rebeldia.

Pensando bem, a fila não anda.

O inferno de Dante e o de Dirceu - NELSON MOTTA

O GLOBO - 02/08

Audaciosas e hilariantes aventuras desse fabuloso personagem que beira o inverossímil



Já leu o best-seller “Inferno”, de Dan Brown ? Não leia, não perca seu tempo com essa longa e entediante palestra sobre pintores renascentistas e igrejas de Florença e Veneza, misturada com versos do “Inferno”, de Dante Alighieri, como pano de fundo para uma gincana de um professor americano de Simbologia, e uma linda jovem com um QI fabuloso, para tentar impedir a ativação de um vírus criado por um cientista louco para matar um terço da humanidade, acreditando que assim a salvaria do inevitável extermínio provocado pela superpopulação da Terra.

O grande mistério da história é: por que o genial cientista que criou o vírus, que eles imaginam ser um 2.0 da peste negra medieval, não se contenta com a sua nobre missão de salvar a raça humana, mas faz questão de se suicidar e deixar um emaranhado de pistas, dicas e charadas em quadros, livros e estátuas para encaminhar os heróis eruditos para o local secreto onde o vírus será ativado na data fatal? Ora, para Dan Brown escrever essa baboseira e ganhar milhões de dólares.

Já leu o best-seller “Dirceu”, de Otávio Cabral ? Corra para ler, você não vai conseguir parar. Não só pelas audaciosas e hilariantes aventuras desse fabuloso personagem que beira o inverossímil e faria a alegria de qualquer ficcionista, mas pela rica narrativa de sua relação de amor e ódio com Lula, que por si só mereceria um livro, e de suas brigas e traições com Palocci, Tarso Genro, Mercadante, Marta e outros grã-petistas.

São várias as vidas de Dirceu, de líder estudantil preso pela ditadura e exilado em Cuba a comandante de focos de guerrilha aniquilados pelo Exército antes de começarem, do falso comerciante Pedro Carôço no interior do Paraná a presidente do PT que chega ao poder com Lula em 2002, de chefe da quadrilha do Mensalão a homem de negócios milionário. De herói a vilão, do céu ao inferno, são muitos os inimigos que enfrentou e as mulheres que conquistou, amou, traiu e enganou. Que filme !

Se fosse traduzido para o inglês e apresentado como um romance, “O inferno de Dirceu” seria muito melhor e faria mais sucesso que o de Dan Brown.

Colunista ninja? - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 02/08

Quem faz parte do clube da rede social se deixa manipular muito além do que jamais poderia calcular


Não conte a ninguém, fica sendo um segredo só nosso, mas eu sou a Mídia Ninja que comete jornalismo a partir do interior de uma Redação. Sou uma representante ninja "embedded". Estou infiltrada nesta Folha há quase 30 anos fazendo jornalismo "caseiro", ninja style, sem ter sido descoberta.

E digo a você: esse pessoal das manifestações, que acha que descobriu a pólvora de um "jornalismo" mais "free", mais "social network friendly" não inventou nadica.

Se é questão de agir por impulso e paixão, o leitor já encontra isso aqui faz tempo. Com a diferença, é claro, que quando piso na bola, tomo cada puxão de orelha que só vendo. Muitas vezes, na frente de um juiz.

Ocorre que as coisas andam mudando e eu resolvi dar uma revitalizada no meu estilo pessoal para não deixar a dever à essa nova onda inspiradora que está transformando o país.

Não é mesmo? Quem não viu, nesta semana, que em vez de optar por se tratar no Hospital Sírio-Libanês, José Sarney ficou firme no Maranhão e foi tratar os pulmões no SUS local? E os pactos todos, como a renúncia voluntária de Renan, as reformas política, fiscal, eleitoral etc, a reestruturação da segurança pública, o afastamento do cargo de ministros de importância crucial que tenham parentes envolvidos em suspeitas de corrupção até que seja tudo investigado, tudo isso está andando a pleno vapor, não?

Percebe-se claramente que não tem mais esse negócio de o pessoal se apoiar num sistema eleitoral de voto obrigatório que funciona na base de tempo na TV e conta com alianças forjadas às custas do nosso dinheiro para continuar tudo como sempre foi, certo? Esse sopro de ar fresco renovador não está apenas em um punhado de garotões de classe média dispostos a azucrinar a porta da casa de um ou outro político, que tomará esta ou aquela medida paliativa de fachada. Arrasamos, brother, sister, uncle e dog!

Pois então, muito prazer, agora sou Barbara Shazam Spotify Instatwitcaster. A câmera do meu iPhone está de olho, meu dedo tem tique programado em 140 caracteres e eu sigo distorcendo as coisas que vejo e formando uma versão toda minha dos fatos.

E quer saber? Que se dane o bom-senso dos meus editores e do departamento jurídico da Folha. De hoje em diante, pretendo me virar muito bem sem eles.

A mim, o futuro. Semana passada, flagrei um casal de tuiteiros, do tipo "nojo da mídia", conversando sobre @barbaragancia. Um chamou-me de idiota. A moça perguntou: "Mas quem é essa tal?". Ele: "É colunista da Folha, BandNews FM etc". Ela reagiu: "Colunista? Isso ainda existe? rsrsrs!"

Pois é, para que serve uma colunista de jornal em um mundo em que a igualdade tomou a dianteira da representatividade depois que esta andou pisando na jaca com força?

Para complicar um pouco, em breve, ninjas e black blocs terão de encarar a razão cínica do mercado que está agindo nas redes sociais.

O fato de o usuário saber que anunciantes pesquisam seus gostos e costumes (como bem observou ontem nesta Folha a jornalista Sandra Muraki) para criar mecanismos de consumo mais eficientes não exime as pessoas de se deixar manipular.

Ou seja, além de outras desvantagens, como só ser encaminhado a ler tópicos de preferência, o que exclui todo o universo do inusitado ou de estar exposto a falsificações de todo tipo, o membro do clube da rede social ainda está sendo manipulado muito além do controle daquilo que jamais poderia calcular.

Ueba! CabralFolia abala o Leblon! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 02/08

E o penteado PACdérmico da Dilma? Diz que a quantidade de laquê resiste até a tornado categoria 5


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: Jornal de Piracicaba: "Detentos poderão cumprir pena alternativa na Câmara". Rarará!

E o penteado PACdérmico da Dilma? Diz que a quantidade de laquê resiste até a tornado categoria 5. Aqueles que fazem carro voar! E avisa pro Cabral que CEDAE quer dizer Compania Estadual de DESASTRES com Água e Esgoto!

E um leitor quer saber: "E quem é pior no Rio, Flamengo ou Cabral?". Diz que o Flamengo tá igual à Vanusa: não lembra e não sabe onde tava hoje! Rarará!

E o site Kibeloco revela as manchetes para 2030!

1) Controle de natalidade: rodízio começa nesta segunda e nascidos em 2003 não poderão transar.

2) Confira a programação do CabralFolia 2030, que promete quebrar tudo no Leblon! Se ainda existir o Leblon em 2030!

3) Termina namoro de Deborah Secco com subcelebridade da semana.

4) Filho de príncipe William assume que é rainha: "I want to break free". "Quero ser livre! Quero explodir".

5) Lei de incentivo ao são-paulino promete cupcakes de graça para quem virar torcedor. Amanhã farei um especial do São Paulo na Copa Audi! Foram pra Copa Audi e só levam GOL! Rarará!

E a manchete do Sensacionalista: "Em protesto, médicos declaram que não darão mais atestados para trabalhador matar o trabalho".

E têm os bons médicos, os mais médicos e os maus médicos. Aqueles que no protesto ficam gritando: "Somos ricos, somos cultos". Somos ricos, somos cultos e o que você tem é virose! Rarará!

O Brasil é Lúdico! Olha a placa: "Curo empotença, emoróide, apendicita, dor do peto, dor de vista, dor de dente, bronquite, gota e maculu". Com um profissional desse, o Brasil precisa de mais médicos?.

E essa: "Faço remédios para cançaso de asma, bucite, chaqueta, animia, potença e durmença no corpo".

E o famoso Pai Arnápio: "Benze cobreiro, tira bicho do pé, batiza filho de mãe solteira, resgata FGTS e cancela cartão. Cura cogestã, afita, hemorróida, traz marido de volta e descobre corno".

Um país que tem o Pai Arnápio precisa de mais médicos? Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Desperdício de riqueza - ADRIANO PIRES

O GLOBO - 02/08

Daniel Yergin, um conhecido consultor americano, costuma dizer que a energia é um bem tão precioso que não pode ser desperdiçado. Agregaria a esta afirmação que um país que quer alcançar o desenvolvimento e assegurar um crescimento econômico sustentado deve adotar um modelo baseado em energia competitiva. As duas afirmações se complementam e fazem todo o sentido quando olhamos para o Brasil. O Brasil é um país rico em fontes primárias de energia.

Na região Norte, temos um grande manancial de água e reservas de gás natural, no Nordeste um enorme potencial de vento, no Centro-Oeste biomassa, no Sudeste biomassa, gás natural e petróleo e no Sul carvão e vento.

Como um país com essas características pode ter uma das energias mais caras do mundo e se dar ao luxo de desperdiçar um bem tão precioso? A explicação é simples: uma política baseada em populismo e ideologia, o que proporciona uma exagerada intervenção do Estado e a forte presença de estatais como principais produtoras e investidoras, e como braço dos projetos políticos do governo.

Como fazer para pararmos de desperdiçar e passarmos a ter preços de energia competitivos? É simples. O governo tem de mudar o seu olhar sobre o setor. Em vez de usar o setor de energia como um dos principais arrecadadores de impostos, tanto o governo federal como os estaduais deveriam entender que energia mais barata vai gerar investimentos, empregos e possibilitar um maior crescimento do PIB. Na energia o papel do Estado deveria ser mais o de fiscalizador e regulador e menos o de arrecadador. Não faz sentido que na conta de energia elétrica metade seja impostos.

Em segundo lugar, é preciso uma política pública que incentive a concorrência. A concorrência, ao contrário do monopólio, gera preços competitivos, elimina o desperdício, aumenta eficiência e protege o consumidor. No Brasil, a maior parcela da produção e do investimento do setor de energia está nas mãos de empresas estatais, o que acaba distorcendo a competição com as empresas privadas, ao se utilizarem de taxas patrióticas de retorno.

Um exemplo é o subsidio que a Petrobras dá ao preço da gasolina, que cria uma competição desigual com o etanol. Com isso, acabamos desperdiçando um combustível renovável e incentivamos outro mais sujo e importado. Outro exemplo é o gás natural. No gás natural a Petrobras exerce um monopólio desregulado, pelo fato, de ter liberdade de fixar o preço do gás.

Isso trava o mercado do gás no Brasil. Não conseguimos aumentar a produção e temos um gás caro. Enquanto isso, nos Estados Unidos a presença de muitas empresas no mercado e uma politica de preços que retrata as verdadeiras condições de mercado provocou o boom do gás de xisto e hoje, além de gás barato, o país está se transformando num dos maiores produtores mundiais.

Enquanto persistirmos no erro de acreditar mais na intervenção do que no mercado, mais no monopólio do que na concorrência, vamos continuar desperdiçando e tendo um dos preços mais caros do mundo desse bem precioso que é a energia.

Montanha-russa - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 02/08

O desempenho da produção industrial medido pelo IBGE se transformou em montanha-russa. Junho apontou para um crescimento aparentemente forte, de 1,9% sobre o mês anterior que, no entanto, mostrara recuo de 1,8%. Os dados de julho não estão disponíveis, mas as indicações são de novo tombo (veja o gráfico).

Essa volatilidade sugere que se comparem estatísticas de prazo mais longo. E, no entanto, também elas não autorizam comemorações. Em todo o primeiro semestre, a produção industrial cresceu apenas 1,9% e, em 12 meses, 0,2%.

Difícil de discordar do pessimismo do diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini: "Não conseguimos enxergar sinais de recuperação", disse quarta-feira.

O único atenuante para o quadro pouco animador é o surpreendente desempenho da indústria de bens de capital (máquinas e equipamentos) que avançou 6,3% no semestre e 18% em 12 meses. Indica que os investimentos não pararam, o que se confirma com as estatísticas de importação (veja o Confira).

Os problemas de fundo são conhecidos e quase nada mudaram. Concentram-se na baixa competitividade do setor produtivo que, por sua vez, tem a ver com os custos altos demais, sobretudo dos impostos e dos juros; com a infraestrutura precária e cara; e com falta de abertura de novos mercados externos.

Em tese, a desvalorização cambial, de 15% nos últimos três meses, deveria devolver competitividade ao setor. Mas isso não está acontecendo, aparentemente pela forte dependência da indústria de fornecimentos externos: matérias-primas, componentes, máquinas e capital de giro (empréstimos externos).

Foi a razão pela qual ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou medida que reduz a alíquota do Imposto de Importação (tarifa alfandegária) de cerca de cem produtos. O objetivo declarado é compensar com menos imposto o aumento dos preços provocado pela alta do dólar no câmbio interno.

Em princípio, esta não é uma prática adequada. O Imposto de Importação tem funções regulatórias. Serve para calibrar o comércio exterior. Quando usado ou para arrecadar ou para fazer política de preços tende a provocar distorções. Se as tarifas estavam no tamanho adequado, uma redução leva a desequilíbrios no fluxo de mercadorias ou imediatos ou de médio prazo. Se não estavam, então teria sido necessário contemplar mais produtos. Além disso, como não podem alcançar todo o universo da pauta de importações, cortes pontuais causam desalinhamento de preços relativos. O barateamento de matérias-primas importadas para plásticos, por exemplo, pode prejudicar outros tipos de embalagem, como as de vidro ou de cerâmica.

No entanto, pouca coisa trava mais o desempenho da indústria do que a falta de confiança na economia. Quando pairam dúvidas, como hoje, sobre a solidez dos fundamentos; quando se vê que o governo não consegue levar adiante o que começa, como o processo de desoneração tributária; e quando o governo reage aos problemas com soluções improvisadas (puxadinhos) a recuperação fica mais difícil.

O que Santa Catarina tem - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 02/08

Atlas de Desenvolvimento Humano permite refinar o entendimento das nossas grossuras


QUAL O ESTADO mais civilizado do Brasil? Pelo menos em termos socioeconômicos? Onde a renda e o bem-estar social sejam de bom nível e bem distribuídos, onde a vida seja mais pacífica, onde seus filhos se atrasem pouco na escola?

Para quem anda um pouco pelo país e/ou lê jornais, a resposta parece mais ou menos óbvia: algum lugar do Sul. Mais precisamente, Santa Catarina. São Paulo não fica muito atrás.

Não é lá grande novidade, mas os dados do Atlas de Desenvolvimento Humano, publicado nesta semana, permitem responder à pergunta com precisão.

O Atlas teve alguma atenção da mídia, que relatou brevemente uma ou outra informação "estilizada" essencial: os "rankings" do Índice de Desenvolvimento Humano, o fato de o país ter ficado menos desigual e melhorado nos últimos 20 anos etc. Esse trabalho magnífico e excelente, porém, apresenta um mar de informações: duas centenas de indicadores sociais e econômicos para cada um dos 5.565 municípios do país.

Os dados são baseados no Censo de 2010, do IBGE, e foram calculados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e pela Fundação João Pinheiro.

Mesmo uma avaliação inicial das informações do Atlas deve levar semanas, mas uma garimpada inicial mostra que a vida, em média, é mais civilizada em Santa Catarina.

O Estado tem a melhor combinação de (baixa) desigualdade de renda com (alto) índice de desenvolvimento humano, tanto na média estadual como no número proporcional de municípios que pontuam bem nesses dois quesitos (São Paulo e Rio Grande do Sul vêm a seguir).

Um indicador que mostra a adequação entre idade do estudante e a série em que estuda mostra também São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul à frente.

Na média dos Estados, é sabido que foram em geral os Estados mais pobres que tiveram os maiores aumentos de renda na década 2000-2010. Mas Santa Catarina lidera o bloco do Sul-Sudeste.

Esses dados mais elementares do Atlas mostram também que foram os Estados mais pobres que registraram o maior número de cidades com grandes aumentos de renda entre 2000 e 2010, o que também era a impressão comum. Piauí, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba lideram o ranking de cidades que tiveram aumentos de renda maiores do que a média nacional. Mas RS e SC vêm logo em seguida.

Junte-se a esses indicadores os de violência, medida, por exemplo, pela taxa de homicídios (número de homicídios como proporção da população). O Estado com a menor taxa de assassinatos é SC, com SP em segundo lugar. Pode ainda parecer estranho juntar estatísticas de homicídios com outros indicadores sociais e, também, com econômicos.

Mas não vamos melhorar a nossa reflexão e ação sobre as barbaridades brasileiras se, além de indicadores de saúde, renda, escola e outros dados de bem-estar material, não contarmos nossas violências, os assassinatos, as 40 mil mortes anuais no trânsito, as mortes no trabalho, o sequestro do tempo de vida perdido nos ônibus e trens horríveis.

Os dados do Atlas são utilíssimo trabalho para refinar nossas ideias sobre nossas grossuras sociais.

O rombo do petróleo MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 02/08

Mal deu para comemorar a alta da produção industrial de junho. Ela acabou sendo ofuscada pela notícia do forte déficit da balança comercial de julho. No semestre, a indústria cresceu 1,9%; de janeiro a julho, a balança comercial foi negativa em US$ 5 bilhões. A indústria cresceu puxada por veículos; o rombo da balança foi produzido pela importação de petróleo e combustíveis.

Não explica tudo, mas há relação entre o crescimento da indústria e a queda da balança comercial. Quem está puxando a produção industrial são os veículos automotores, que disparam 14,9% de janeiro a junho. Da alta de 1,9% do total da indústria no primeiro semestre, 1,4 ponto percentual é produção de veículos: automóveis, ônibus, caminhões e tratores. Somente no mês de junho, a produção de veículos subiu 2% em relação a maio e 15,4% sobre o mesmo mês de 2012. Em parte, resultado de todos os subsídios e incentivos do governo.

Mas o setor energético é hoje um dos principais gargalos do país. Como não há capacidade de refino de combustíveis e a produção de petróleo está estagnada com a manutenção de várias plataformas da Petrobras, o jeito é exportar menos e importar mais. Segundo o MDIC, a importação de combustíveis e lubrificantes cresceu 20% de janeiro a julho. Chegou a US$ 25 bilhões. A importação de petróleo, em julho, aumentou 180% sobre junho, pela média diária. Ao mesmo tempo, a exportação do óleo caiu 50% nos sete primeiros meses do ano.

Em parte, esses combustíveis alimentaram as térmicas. Em parte, foram combustíveis para os veículos. A deficiência do transporte público e os engarrafamentos que paralisam as cidades foram duas das razões dos protestos que tomaram as ruas desde junho. Mas, sem a produção de veículos, os números industriais teriam sido mais fracos. Uma pergunta inevitável é: por quanto tempo é possível que o motor industrial sejam os veículos, sem que as cidades fiquem mais intransitáveis e a balança comercial tenha um déficit ainda maior?

A notícia positiva de ontem foi que o resultado da indústria em junho foi bom. O crescimento superou as projeções; a taxa em 12 meses voltou a ficar positiva; e a produção de bens de capital cresceu fortemente. Tudo isso fez o Itaú reforçar sua projeção de 0,8% para o PIB do segundo trimestre, com chance de ser maior. Se confirmada, será uma aceleração sobre os 0,6% do primeiro tri.

O que preocupa é o sobe e desce dos indicadores industriais. A alta em junho foi de 1,9%, mas em maio houve tombo de 1,8%. Segundo o banco HSBC, a média mensal, no ano, é de 0,6%, de janeiro a junho. O banco estima que a indústria fechará 2013 com alta de apenas 1,6%. Um crescimento que não recupera a queda de 2,7% do ano passado. Para ver como o ritmo de recuperação é lento, basta saber que produção está 1,6% abaixo do pico atingido em maio de 2011.

Os bens de capital cresceram a uma taxa chinesa de 13,8% no semestre. Podem levar à impressão de que o país passa por um período de exuberância nos investimentos. Mas a produção de equipamentos para transporte distorce para cima o indicador. Houve crescimento de 26% na produção de caminhões, ônibus e tratores, que são classificados como investimentos. O IBGE explica que a base de comparação é muito baixa, porque no primeiro semestre de 2012 houve recuou de 18%. Quando se olha para as outras categorias de uso, as taxas são mais reais. Os bens de consumo duráveis cresceram 4,9%, mas também influenciado pela produção de automóveis, que cresceu 7,7%.

Há várias incertezas para o segundo semestre e por isso as projeções para o PIB deste ano continuam na faixa de 2%. A confiança dos empresários e dos consumidores caiu muito em julho e isso pode afetar os investimentos. Já houve muita recomposição de estoques industriais e de produção de caminhões, que ficou travada no ano passado com a mudança da legislação de motores.

Ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poor"s disse que o país terá o terceiro ano seguido de baixo crescimento, com projeção de 2% para 2013. Alertou o governo de que novos incentivos fiscais podem provocar rebaixamento de rating, porque vão aumentar a dívida pública e reduzir a arrecadação.

Um déficit comercial hoje não tem tanto peso quanto no passado, mas a ironia é ser provocado pelo petróleo, no qual fomos declarados autossuficientes, numa bravata de campanha política.

Mais impostos? Em que mundo eles vivem? - GILBERTO STÜRMER

ZERO HORA - 02/08

No sábado, 27 de julho, a sociedade teve mais um testemunho de que parte da classe política não vive no mundo real. Um artigo publicado neste jornal defendeu a criação e o aumento de impostos.
Nestes tempos de alta da inflação, de aguda crise política e moral, mas, principalmente tempos de escandalosa e impune corrupção no país _ não por acaso acentuada a partir de 2003 _, a sociedade trabalhadora, sufocada por uma carga tributária que beira 40% do PIB(inho) sem a contrapartida básica em segurança, saúde e educação, depara com a demagógica defesa do aumento e criação de impostos sob fundamento de potencializar justiça social.
Inicialmente, a defesa do chamado imposto progressivo é injusta na medida em que, em percentuais iguais, quem tem mais já paga mais.
A taxação sobre grandes fortunas, por sua vez, fundada na doutrina socialista francesa (socialismo que, diga-se de passagem, não combina com competência e meritocracia), poderia ser discutida se a carga tributária vigente não fosse sufocante como é, mas, principalmente, se houvesse retorno à população (nunca houve, quem garante que haverá?). Ademais, não se pode conceituar como "grande fortuna" o patrimônio de quem leva uma vida trabalhando para conquistá-lo.
Mais grave, contudo, é defender a tributação do repasse de lucros das pessoas jurídicas para os seus sócios. Os empreendedores no Brasil, inacreditável e historicamente, têm sido punidos por empreender! E quem aplica esta punição? Exatamente aqueles que, por incompetência ou preguiça, não empreendem.
A ideia não é nova, mas é absurda. As pessoas jurídicas, em geral, já têm no Brasil como sócio majoritário o poder público (especialmente o federal). A carga de impostos imputada às empresas é maior do que a retirada dos seus sócios majoritários, reitera-se, sem contrapartida. Somos assaltados por bandidos todos os dias, criminosos invadem e destroem o nosso patrimônio (público e privado), nossos filhos não têm escolas públicas decentes e os nossos doentes são condenados a um sistema de (anti)saúde semelhante ao que se via nas masmorras na Idade Média.
Assim, havendo tributação da empresa, como querer tributar o repasse de lucros auferidos na retirada de quem trabalha e produz? Há uma resposta: o ódio ao "lucro" (dos outros).
Por fim, debochando da sociedade, são lembrados a doutrina francesa e o aumento de impostos nos Estados Unidos. Aliás, falando em deboche, nesses países, a segurança, a saúde e a educação devem ser muito parecidas com as do Brasil.
Nós, trabalhadores que empreendemos para buscar um Brasil melhor e que vivemos no mundo real, temos que ficar atentos: em 2014 temos eleições!

Opinião - RODOLFO LANDIM

FOLHA DE SP - 02/08

Ao aumentar transferências para o Tesouro, a Petrobras poderá reduzir a sua capacidade de investimento


Durante várias décadas, as atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo no Brasil foram executadas exclusivamente pela Petrobras, empresa que detinha o monopólio da operação desse setor em nome do Estado brasileiro.

No entanto, uma emenda constitucional em 1995, que foi regulamentada por lei em 1997, abriu a ati- vidade a outras companhias, que passaram a poder atuar em com- petição ou mesmo associadas à Petrobras por meio de contratos de concessão.

A principal motivação para a mudança foram as grandes descobertas ocorridas a partir da segunda metade da década de 1980 em águas profundas da bacia de Campos. Elas indicaram a existência de um enorme potencial geológico marítimo no Brasil, mas ao mesmo tempo exibiram as dificuldades para transformar esses recursos naturais em riquezas para o país, tendo apenas uma empresa com limitada capacidade de investimentos para realizar a tarefa.

A alteração regulatória, ao contrário do que muitos acreditavam, tornou a Petrobras mais forte. O seu conhecimento diferenciado das bacias sedimentares brasileiras, aliado ao avançado estágio de desenvolvimento tecnológico e o entendimento de como atuar no ambiente empresarial brasileiro, tornou-a a parceira ideal para a grande maioria das empresas de petróleo que se interessaram em investir por aqui.

Com isso, ganhou a Petrobras, por ter a colaboração de novos parceiros e poder melhor distribuir o seu risco exploratório, e ganhou o Brasil, por conseguir assim intensificar o nível de atividade no país.

A sequência de gigantescas descobertas no pré-sal feitas por consórcios operados pela Petrobras a partir de meados da década passada, que pelo menos aparentemente reduziram o risco exploratório e aumentaram o prêmio de descobertas em sua área de ocorrência, induziu à revisão do marco regulatório brasileiro.

Um novo tipo de contrato, o de partilha da produção, foi criado. Compreensivelmente, o Estado brasileiro buscou ampliar a sua parcela de remuneração. Além disso, foi outorgado à Petrobras não só o direito mas a obrigação de participar como empresa operadora de todos os futuros blocos dentro do novo regime com um percentual mínimo de 30% de participação.

Isso certamente forçará a companhia a direcionar prioritariamente e por décadas a maior parte dos seus investimentos para esse fim.

Apesar de não apresentar seus indicadores econômico-financeiros por unidades de negócio, é sabido que historicamente a área de E&P da Petrobras é a que de longe apresenta os melhores resultados.

E entre as razões certamente está a enorme habilidade demonstrada pela companhia de avaliar o risco exploratório e selecionar blocos com alto potencial geológico, conseguindo, assim, um baixo custo para cada barril de óleo descoberto.

No entanto, ao tornar-se uma empresa prioritariamente direcionada ao pré-sal, a Petrobras terá essa vantagem competitiva bastante reduzida. Adicionalmente, à medida que maiores quantidades de recursos forem sendo investidos sob o regime de partilha de produção, menor será a receita líquida futura por unidade de investimento realizado em razão do aumento da remuneração do Estado.

A questão que fica no ar é como conseguir desenvolver o enorme potencial do pré-sal na velocidade necessária, conciliando todos os aspectos acima citados e sem correr o risco de entrarmos em um ciclo vicioso.

Ao gradualmente aumentar a transferência para o Tesouro Nacional de boa parte dos recursos que hoje vêm caindo em seu caixa e servindo para custear seu plano de negócios, a Petrobras poderá com isso também ir reduzindo a sua capacidade de investimento e, consequentemente, tornar-se o gargalo para que novas áreas do pré-sal possam ser colocadas em leilão.

Deixar a companhia livre para escolher os seus projetos sem obrigações ou amarras e permitir que outras empresas possam atuar no pré-sal sem necessariamente terem que passar pela operação ou mesmo parceria com a Petrobras podem novamente vir a ser uma solução ganha-ganha para a Petrobras e para o Brasil.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 02/08

Perto do fim do prazo, portos instalam scanners
A menos de cinco meses do fim do prazo para instalação de scanners de contêineres em terminais alfandegados, a compra de equipamentos por portos brasileiros movimenta o segmento.

A inglesa Smiths Detection, que fabrica as máquinas, afirma que só o setor de portos deve gerar US$ 100 milhões (cerca de R$ 230 milhões) para a companhia no Brasil.

"É o maior volume de negócios do grupo nessa área em todo o mundo", diz o CEO da empresa, Danilo Dias.

O prazo, definido em lei federal, venceria no fim de 2012, mas foi prorrogado e expira no dia 31 de dezembro.

O objetivo é melhorar a inspeção das cargas. Os aparelhos importados permitem vistoriar os compartimentos sem abertura e em movimento.

A Receita Federal informou que monitora a colocação das máquinas nos portos.

A Abratec, que representa operadoras de contêineres dos terminais portuários, diz que seis de suas 13 associadas já usam os scanners.

Os outros sete locais (não citados nominalmente) compraram os equipamentos e devem colocá-los em funcionamento até dezembro.

Nesta semana, o porto de Chibatão, em Manaus, inaugurou um scanner de cerca de R$ 11,5 milhões.

"A fiscalização, que levava até três dias, passará a ser feita em apenas 20 segundos", diz o gestor do terminal amazonense, Jhony Fidelis.

São Paulo terá mais 17 áreas para cultivo de peixes
Além das 14 áreas já divulgadas na semana passada, o Ministério da Pesca e Aquicultura abre hoje uma concorrência para a cessão onerosa (locação) de outros 17 locais de criação de pescados no Estado de São Paulo.

As áreas somam 29,2 hectares, com a produção de 9 mil toneladas por ano. Do total, 14 ficam em reservatórios e 3 estão em enseadas e praias.

A seleção dos locais é feita por demanda espontânea, segundo Maria Fernanda Nince Ferreira, secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura.

"O próprio interessado identifica a área como propícia para cultivo e apresenta o pedido ao ministério. Como é água da União, é necessário fazer uma licitação."

Cada espaço tem um valor mínimo para o lance inicial, que depende do tamanho e da capacidade de produção. No edital lançado hoje, o valor mais baixo é de R$ 713,20.

Os locais licitados têm anuência prévia do Ibama, o que deve desburocratizar o processo, diz a secretária.

"Queremos movimentar a economia do país com o aumento da produção de pescados. Por isso, esperamos que a ação não seja demorada."

A cessão de uso é de 20 anos, prorrogável pelo mesmo período de tempo.

Editais semelhantes já foram lançados em Goiás, Paraná, Bahia e Pernambuco.

TORRES NOVAS
A Atua Construtora, joint venture entre a Yuny Incorporadora e a empresa Econ, vai lançar um empreendimento residencial com 16 torres e que recebeu investimento de R$ 40 milhões.

Construído em um terreno de 57 mil m², na zona leste de São Paulo, o projeto terá oito condomínios com 2.312 apartamentos.

O potencial de vendas é de R$ 575 milhões, o maior da companhia.

"O bairro de Vila Prudente foi uma escolha estratégica porque há um deficit habitacional ali", diz Marcos Yunes, presidente da Yuny.

Criada em 2007 para atuar no segmento econômico, a Atua tem sete empreendimentos entregues no Estado, oito em construção e mais três em fase de lançamento em Itaquera, Saúde e Taboão da Serra.

O faturamento da Atua em 2012 foi de R$ 147 milhões. Para este ano, a expectativa é fechar em R$ 250 milhões.

MERCADO DE CARBONO
A Santo Antônio Energia, responsável pela Usina Santo Antônio, no rio Madeira (RO), recebeu certificação da ONU (Organização das Nações Unidas) para vender créditos de carbono.

A companhia diz que pretende faturar aproximadamente R$ 100 milhões com a negociação de 40 milhões de créditos, a serem comprados por países desenvolvidos com metas de corte de emissões.

Para obter a aprovação do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), a empresa argumentou que o processo produtivo evita o lançamento de gás carbônico.

"Temos a favor do nosso empreendimento uma grande quantidade de tecnologia. A barragem é a fio d'água, com área alagada muito pequena", diz Luiz Pereira de Araujo Filho, do grupo.

Ativa desde 2012, a hidrelétrica tem hoje 14 de suas 44 turbinas em funcionamento.

A estimativa é que até o segundo semestre de 2014 a usina atinja sua capacidade total, com energia gerada equivalente para abastecer cerca de 40 milhões de pessoas.

Lançamento Com mais de 40 anos de experiência em seguradoras no Brasil e no exterior, Acácio Queiroz, CEO da Chubb, vai lançar o livro "Minhas Bagagens".

Na obra, Queiroz, que começou a trabalhar aos 11 anos, relata sua trajetória e aborda temas que vão de liderança a motivação.

O livro traça um retrato da recente história do mercado de seguros no país.

"Sempre acreditei no setor, mesmo quando muitos achavam que ele era marginal. Hoje ele representa 6% do PIB", diz.

Design... O grupo Viszla abre sua primeira loja na capital paulista. A empresa vai representar a italiana Seletti, do segmento de design de móveis.

...italiano Outra marca da Itália representada pelo grupo é a Abici, que fabrica bicicletas com estilo vintage.

Voo baixo na construção
O nível de emprego na construção civil brasileira no primeiro semestre deste ano registrou desaceleração em comparação com o mesmo período de 2012, constatou o SindusCon-SP (sindicato paulista do setor).

Houve um avanço de apenas 3,43%, com a abertura de 115,7 mil vagas, ante 6,9% de janeiro a junho de 2012, quando foram criados 193,4 mil novos postos de trabalho.

"O setor desacelerou, mas isso não é nenhuma situação ruim porque o nível de atividade continua alto", diz o presidente do sindicato, Sergio Watanabe.

Em junho, o indicador de emprego subiu 0,09% em relação ao mês anterior, com a contratação de 3.113 trabalhadores. Em maio, o índice ficou negativo.

"O momento é de estabilização depois de um processo de desaceleração, que vinha desde 2011", diz Watanabe.

Até o final do primeiro semestre, o setor empregava 3,5 milhões de trabalhadores em todo país. A maior concentração estava na região Sudeste, com 1,8 milhão.

NEGÓCIOS DA COPA
A venda de artesanato para turistas brasileiros e do exterior atingiu R$ 2,7 milhões durante a Copa das Confederações, de acordo com levantamento do Sebrae.

Foram montados showrooms em cinco cidades que receberam os jogos --Belo Horizonte, Rio, Brasília, Fortaleza e Salvador.

A capital baiana e o Rio foram as cidades com mais vendas, somando R$ 400 mil em negócios fechados.

A iniciativa será repetida durante a Copa."Para 2014, vamos aprimorar o modelo do projeto", diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae.

Intercâmbio... A rede CI, especializada em intercâmbios, lançou um plano de expansão para chegar a 100 lojas até 2015. Hoje são 71 unidades.

.. em expansão As próximas serão abertas em São Paulo e Franca. A marca faturou R$ 220 milhões em 2012 e cresceu 25% no primeiro semestre.

Firme, mas nem tanto - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE - 02/08

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), reafirmou ontem que o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) será lançado candidato ao Palácio Guanabara. O governador ainda não sabe, porém, se será seu companheiro de chapa, concorrendo ao Senado, ou se permanecerá no posto.

Essa indecisão de Cabral não tem nada a ver com desânimo, por causa do desgaste que sofreu com as sucessivas manifestações de protesto que ainda ocorrem no Rio, inclusive, na rua onde mora, no Leblon. Em seus últimos pronunciamentos, marcados por autocríticas sobre o próprio comportamento, o governador fluminense tem demonstrado que pretende reagir à queda brutal que sofreu nas pesquisas — tem apenas 12% de aprovação (Ibope/CNI). E, para isso, está disposto ao debate político aberto e franco com os adversários.

Permanecer no cargo ou disputar a eleição para o Senado tem a ver com a estratégia que pretende adotar no próximo ano. A desincompatibilização significa entregar o comando do processo sucessório para Pezão, que assumiria o governo e concorreria à reeleição. Restaria a Cabral cuidar de sua eleição ao Senado, que já não será um passeio pela Avenida Rio Branco. Permanecer no cargo, trocando um possível mandato de oito anos pelo sereno da planície, seria administrar a própria sucessão, em pleno exercício do poder. Ou seja, a candidatura de Pezão subiu no telhado. Dependendo da situação, Cabral poderia até apoiar o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) para manter a aliança do PMDB com a presidente Dilma Rousseff e com o PT.

Herdeiro
Quem farejou o perigo foi o presidente do PMDB fluminense, Jorge Picciani, que na quarta-feira havia anunciado a saída de Cabral do governo para abril do próximo ano. O principal argumento de Picciani é que a permanência no cargo, até a eleição, impede a candidatura do filho de Cabral, Marco Antônio, atual presidente nacional da Juventude do PMDB, à Câmara Federal. Picciani é aliado incondicional de Pezão e vive às turras com o senador Lindbergh Farias (PT).

O exemplo
Situação mais ou menos parecida com essa de Pezão, embora em um cenário eleitoral muito mais favorável, foi a sucessão do governador capixaba Paulo Hartung (PMDB). O vice Ricardo Ferraço (PMDB), hoje senador, era o candidato à sucessão escolhido desde a reeleição de PH. Na hora da onça beber água, para manter a aliança com o PT, Hartung resolveu apoiar o então senador Renato Casagrande (PSB), que foi eleito governador. Ferraço concorreu ao Senado, com o apoio de Hartung, e se elegeu.

Enxugamento
A propósito de Ricardo Ferraço (PMDB-ES), ele propôs, ontem, da tribuna, que seu partido coloque à disposição de Dilma Rousseff os cargos que ocupa no governo federal, deixando a presidente livre para empreender a redução do número de ministérios. O parlamentar observou que a medida foi defendida pelo presidente da Câmara de Política, Gestão, Desempenho e Competitividade da Presidência da República, empresário Jorge Gerdau.

Água fria
O presidente do PT, Rui Falcão (foto), atuou como bombeiro, ontem, para evitar uma nova crise entre a legenda e o PMDB. Rebateu as afirmações do governador gaúcho, Tarso Genro (PT), de que a aliança com o PMDB “é mais problema do que solução”. A nota de Falcão reafirma a parceria governamental e a aliança eleitoral prioritária com o PMDB, bem como a disposição do partido em reeditar a chapa Dilma-Temer. Os peemedebistas gostaram muito.

Amazônia
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, lança hoje os editais para a Região Norte. O programa Amazônia Cultural tem investimento no valor de R$ 5 milhões.

Agora vai
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco (foto), entregaram ontem ao ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, os estudos de concessão dos aeroportos internacionais Tom Jobim/Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Confins, em Belo Horizonte. O leilão está marcado para 30 de outubro.

Estupros A presidente Dilma Rousseff sancionou, sem vetos, a lei que obriga os hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) a prestarem atendimento emergencial e multidisciplinar às vítimas de violência sexual.

Turismo/ Levantamento da Embratur mostrou que, durante a Jornada Mundial da Juventude, 30,6%, de 500 turistas estrangeiros pesquisados, consideraram os serviços de telefonia e acesso à internet ruins ou péssimos. Foi a pior avaliação. Surpreenderam as aprovações da sinalização no Rio de Janeiro (79,4% responderam ótimo e bom), dos aeroportos (76,5%) e da segurança pública (73,2%).

Desvios/ Durante a solenidade de entrega de 106 ônibus escolares ao governo do Distrito Federal, ontem, o líder do PT na Assembleia Distrital, deputado Chico Vigilante, propôs ao ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que crie uma comissão para fiscalizar a aplicação dos recursos do Fundeb nos pequenos municípios. “É só chamar o juiz, o delegado, o padre e o pastor”, sugeriu.

No banco dos réus - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 02/08

A Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça decidiu autuar o Banco do Brasil, o Bradesco e o Itaú. A deliberação deve ser publicada hoje no Diário Oficial. Duas destas instituições serão multadas pelo envio de cartões para clientes ou futuros clientes sem autorização prévia destes. Uma delas por prática de propaganda enganosa. Os bancos podem recorrer da medida.

Andando em círculos
Os petistas relatam que a presidente Dilma está furiosa com o ministro Aloizio Mercadante (Educação). A razão, o prematuro recuo do estágio obrigatório de dois anos, no SUS, pelos médicos formados, que consta do Mais Médicos. A desistência foi antecipada pela coluna em 25 de julho. Parlamentares do PT estão atônitos com os recuos sistemáticos do governo em projetos e medidas. Além do que chamam de "barbeiragem" de Mercadante, citam os recuos nos temas Aids e transexuais, na Saúde, comandada pelo ministro Alexandre Padilha. A essas mancadas, soma-se a proposta da própria presidente Dilma de promover um plebiscito sobre reforma política.


"O PDT tem que sair do Ministério. Quando o partido vota a favor, dizem que é porque tem cargo. Quando vota contra, é porque quer mais"
Mito Teixeira
Deputado federal (PDT-RJ)

Um tiro no pé
Os petistas não poupam o ministro Alexandre Padilha (Saúde) na trapalhada de permitir aos jovens de 16 anos fazer tratamento de mudança de sexo. Eles temem que isso dê combustível para reabrir o debate da redução da maioridade penal.

Ciumeira
Os petistas da tendência majoritária, a CNB, estão incomodados com o peso, no governo, da Mensagem. Eles não se conformam com a presença do ministro Pepe Vargas na pasta do Desenvolvimento Agrário. Afirmam que o ministério tem muita capilaridade e citam o programa de distribuição de tratores para as prefeituras de todo o país.

Polêmica para conter a inflação
A redução de alíquotas de importação divide opiniões. O secretário Márcio Holland (Política Econômica) venceu. Mas há quem tema pelos setores (aço, químicos e bens de capital) que enfrentam concorrência dos importados.

Marina lidera em Brasília
A exemplo de 2010, quando fez 41,9% dos votos, Marina Silva lidera em Brasília, com 38,3%. A novidade da pesquisa do instituto O&P, com mil entrevistas, entre 25 e 28 de julho, é o terceiro lugar da presidente Dilma, com 17,1%. Ela fez 31,7% em 2010. O senador Aécio Neves está em segundo, com 18,3%. Em 2010, Serra fez 24,3% dos votos. Eduardo Campos tem o apoio de 4,1%.

Me deixem fora disso
Sobre rumores de que o ministro Aloizio Mercadante (Educação) estaria tramando para derrubar o ministro Guido Mantega (Fazenda), o vice Michel Temer liga para dizer: "O Mercadante jamais conversou comigo sobre a queda do Mantega."

Preservando as relações
Sobre a atual impopularidade do governador Sérgio Cabral, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), pede para registrar: "Tenho relações pessoais e antigas com o Cabral que independem de circunstâncias políticas."

"Realismo socialista".
Em informação publicada ontem, erramos na conjugação do verbo intervir. O certo é "interveio" e não "interviu".

Banca examinadora - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 02/08

Os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) entrevistam a partir de hoje os três candidatos à sucessão de Roberto Gurgel na Procuradoria-Geral da União. A lista, definida em abril, é formada pelos subprocuradores-gerais Rodrigo Janot, Ela Wiecko e Deborah Duprat, nessa ordem. Dilma Rousseff estava propensa a escolher Janot, mas pessoas próximas dizem que o processo foi reaberto. Ela tem até o dia 15 para fazer a indicação.

Pé... Foi definido em reunião com mais de dez ministérios anteontem, na Casa Civil, que será traçada agenda de inaugurações às quais os ministros deverão comparecer. A ideia é evitar que governadores e prefeitos faturem obras com recursos federal.

...na estrada Nos eventos em que o titular da pasta não puder estar, deverá comparecer um ministro daquele Estado. Além disso, a orientação é convidar parlamentares das regiões para acompanhar os eventos e usar os palanques para falar de outras obras em andamento.

Dobradinha Aécio Neves vai usar o corte de 13% de custeio anunciado pelo governador Antonio Anastasia (MG) como contraponto à gestão Dilma. O senador e presidenciável tucano participou da definição das medidas em reunião com o aliado.

Reedição 1 Escaldada depois de ser tragada pelo escândalo dos pareceres na Operação Porto Seguro, a AGU deve entrar com ação para desconstituir uma área de 344 hectares no Distrito Federal cuja regularização está sob investigação da PF.

Reedição 2 A AGU mandou dois ofícios, em abril e maio, para que a Secretaria de Patrimônio da União no DF confirmasse parecer técnico favorável à regularização da área. A SPU --cuja chefe, Lúcia Carvalho, foi exonerada esta semana-- não respondeu aos pedidos.

Guerrilha Contrário à sanção do projeto que prevê assistência a vítimas de estupro, Eduardo Cunha (RJ) promete inserir em todas as medidas provisórias em tramitação no Congresso a mesma emenda para revogar a lei.

Pessoa física Cunha explica que mais essa posição contrária ao Palácio do Planalto não é da bancada, e sim individual. "Vou pegar a frente parlamentar evangélica para assinar junto", diz o líder do PMDB na Câmara.

Trava-língua A lista de cargos prolixos do governo federal foi engrossada nesta semana pelo de "coordenador na Coordenação da Coordenação-Geral de Produtividade do Departamento de Produtividade e Inovação da Secretaria de Competitividade e Gestão da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República".

Por... A bancada do PT na Assembleia Legislativa paulista recolhe assinaturas para apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição que confere aos deputados estaduais o poder de aprovar ou rejeitar a indicação do procurador-geral de Justiça, escolhido pelo governador.

...fora O texto também determina que o chefe do Ministério Público analise as denúncias de promotores contra agentes públicos. A proposta ganha corpo como alternativa ao projeto de Campos Machado (PTB) que retira dos promotores o poder de investigar políticos.

Visita à Folha Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Zeca Rudge, vice-presidente executivo, Fernando Chacon, diretor executivo, e Paulo Marinho, superintendente de comunicação.

com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN

tiroteio
"Minha dúvida é se o prefeito omitiu a autoria do projeto por esquecimento ou por falta de honestidade intelectual."
DO VEREADOR JOSÉ POLICE NETO (PSD), sobre Fernando Haddad não ter citado que foi dele a ideia de criar o Conselho Participativo Municipal, lançado ontem.

contraponto


Bancada ambulante
Amparado por uma ampla base de deputados aliados na Assembleia Legislativa, o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) costuma brincar nos eventos oficiais de sua gestão quando encontra um grande número de parlamentares entre os convidados.

Em março, durante ato no Palácio dos Bandeirantes, o tucano saudou 14 deputados ao iniciar seu discurso, incluindo políticos de partidos de oposição. Ao terminar a lista de presença, Alckmin brincou com o presidente da Assembleia, Samuel Moreira (PSDB):

--Pode começar a votação. Já temos quorum!

Trem-bala será tema de campanha eleitoral - DANIEL RITTNER

VALOR ECONÔMICO - 02/08

Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff resolveu ouvir quatro ministros sobre um assunto do qual vem apanhando injustamente: o leilão do trem-bala. Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e César Borges (Transportes) sentaram-se à frente dela para discutir se o governo adiará ou não o leilão do trem de alta velocidade (TAV) que fará a ligação Rio de Janeiro-São Paulo-Campinas. A entrega de propostas está marcada para o dia 16 de agosto. Dilma não tomou uma decisão taxativa, mas está realmente inclinada a suspender o leilão.
É um processo, no entanto, cheio de minúcias - e o adiamento, se concretizado, fará jus à complexidade do empreendimento. A presidente simpatiza com a ideia de adiar a licitação, mas sem jogar a data para daqui a três ou quatro meses. Diante das críticas ao projeto, Dilma prefere, em caso de adiamento, simplesmente levar o debate sobre a viabilidade do TAV à campanha presidencial de 2014. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato já definido, e o ex-governador José Serra, este ainda um presidenciável, já se declararam contra o trem-bala.
Fazer o leilão agora tem seus riscos. Os espanhóis, que estavam firmes na disputa, ainda sofrem com a ressaca do acidente em Santiago de Compostela. A ministra de Infraestrutura da Espanha, Ana Pastor, mandou uma carta pedindo o adiamento da licitação brasileira. Os alemães, que haviam desaparecido da contenda, voltaram em cima da hora e percorreram gabinetes de Brasília para dizer que, dentro de quatro meses, são capazes de montar um consórcio encabeçado pela Siemens. Para isso, fazem um apelo por mais tempo e espalharam que, se necessário for, um ofício da chanceler Angela Merkel chegará às mãos de Dilma nos próximos dias.
Sobraram os franceses. A Alstom e a operadora SNCF estão prontas para entregar uma oferta no dia 16. Ao contrário do que se pensa, as chances de sucesso do leilão são altas, ainda que ele tenha um único concorrente. Os franceses só querem que o governo anuncie logo a entrada de "sócios estratégicos", basicamente fundos de pensão estatais e o BNDES, no capital da futura concessionária do trem-bala. Com isso, compartilham os riscos na operação do projeto. Aí começam os problemas.
O chamado "fundo noiva", que casaria com o vencedor do leilão, ainda não foi oficializado, a menos de 15 dias da entrega de propostas. Ele está quase pronto, mas os consórcios terão pouco tempo para estudá-lo e entendê-lo.
Não dá para desprezar também o efeito das manifestações de junho e o clamor por mais investimentos em mobilidade urbana. As ruas têm voz própria, mas os porta-vozes dela correram para interpretar um suposto recado dos manifestantes: eles não querem o trem-bala e essa montanha de dinheiro poderia ser mais bem empregada na ampliação dos metrôs.
Em meio ao custo político de levar adiante o leilão do TAV, mais criticado do que elogiado, Dilma tende a tomar a seguinte decisão: o projeto executivo de engenharia, que está perto de ser contratado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), continuará com seus trâmites. Ele dará uma noção exata do custo do empreendimento e de todas as dificuldades para tocar as obras civis. O projeto ficará pronto no fim do ano que vem.
Já o leilão para definir quem vai operar o trem-bala e fornecer toda a tecnologia ficaria suspenso por pelo menos 18 meses. Dilma afaga a ideia de levar o debate sobre o TAV à campanha presidencial que termina em outubro de 2014. Se ganhar as eleições, terá legitimidade para enfrentar os críticos e fazer o leilão no início de 2015, com uma vantagem: o projeto de engenharia estaria pronto. Se perder para Aécio, por exemplo, que é contra, o trem-bala é simplesmente engavetado.
A última estimativa do governo, atualizada nesta semana, é que construir o TAV exigirá investimentos de R$ 38 bilhões nas obras civis. Os críticos do projeto podem até argumentar que é devaneio gastar tanto dinheiro com outras prioridades pela frente, mas ficarão decepcionados ao constatar que o adiamento não abrirá um centavo a mais no orçamento federal para metrôs ou corredores de ônibus.
A União já tem quase R$ 10 bilhões parados, no PAC Mobilidade Urbana, porque governos estaduais e municipais não conseguiram tirar do papel seus projetos para transportes públicos de massa. Estão disponíveis para o primeiro que chegar no balcão do Ministério das Cidades. Mas só cinco Estados ou prefeituras, entre mais de 80 propostas selecionadas e com dinheiro a fundo perdido da União, conseguiram fazer o básico do básico: concluir um projeto de engenharia e realmente tirar as obras do papel.
O pior é que a discussão está fora de foco. O trem-bala pode até custar R$ 40 bilhões ou R$ 50 bilhões - ninguém sabe ao certo -, mas jamais custaria isso aos cofres públicos. O leilão do TAV tem um valor mínimo de outorga de R$ 30 bilhões. Ou seja, o futuro operador terá que pagar esse montante ao governo. Se nunca ocorrer, é dinheiro que nunca entrará no caixa da União, portanto jamais existirá.
O desenvolvimento do potencial imobiliário no entorno das futuras estações pode render outros R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões. De resto, há financiamento subsidiado do BNDES - como Belo Monte ou as empresas de Eike Batista - e "equity" dos vencedores do leilão, junto com seus sócios estatais (a EPL e os integrantes do fundo noiva).
Ainda assim, é um projeto caro e polêmico. Por tudo isso, e para não contaminar todo o pacote de concessões, Dilma tende a tomar a posição mais cautelosa: deixá-lo para janeiro de 2015.

Nada de novo no front - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 02/08

Uma a uma, as "respostas" que o governo federal procurou dar aos protestos de junho perderam com muita rapidez o prazo de validade: os cinco pactos, a constituinte exclusiva, o inexequível plebiscito sobre reforma política para valer em 2014 e o intempestivo lançamento do programa para "importar" médicos estrangeiros sem revalidação dos diplomas com acréscimo de dois anos na formação dos brasileiros com dedicação compulsória ao Sistema Único de Saúde.

Todas se mostraram inviáveis na prática e obrigaram o governo a dar o dito pelo não dito. Uma leitura generosa atribui os recuos à premência decorrente do susto geral que atingiu governantes de todas as esferas.

Uma avaliação realista, porém, mostra que o vaivém é uma constante no governo federal desde o primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff. Não há, portanto, nada de novo no front. O improviso não decorre das manifestações, mas de um modo de governar que antecede aos protestos.

Uma pesquisa rápida mostra exemplos de decisões apressadas que, na definição de Chico Otávio e Gérson Camarotti em reportagem de O Globo de julho de 2011, tornaram-se "não-decisões" devido a medidas anunciadas sem negociação ou consulta prévias ao Congresso e/ou à sociedade. Exatamente como aconteceu recentemente com os profissionais de Saúde, com os partidos (em especial o PMDB) aliados e com os governadores.

São elas: a promessa de liberação de emendas de 2009 no valor de R$ 4,6 bilhões (suspensa depois pelo ministro da Fazenda), o cancelamento do chamado kit homofobia devido à pressão dos grupos evangélicos liderados pela bancada no Congresso e o caso do sigilo de documentos oficiais, que fez Dilma mudar de opinião sobre o prazo de divulgação para ceder aos reclamos dos ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney e depois voltar atrás, alertada pelo Itamaraty.

O roteiro de improvisos decorrentes de precipitações não é um acidente de percurso. É, antes, condição inerente a um governo sem rumo.

Palavrório. O PT levou mais de dez dias para chegar a um acordo sobre o texto do documento que resultou da reunião do diretório nacional para analisar "o quadro".

Fez um ensaio de proposta de retorno à esquerda e revisão das alianças com os conservadores. Recuou e, no fim, concluiu o seguinte: "A condução de uma nova etapa do projeto exige ratificações na linha política do PT e do governo que se reflitam na atualização do programa e na consolidação da estratégia que expressa a radicalização da democracia".

Considerando a inexistência de pistas sobre a "nova etapa", tendo em vista a ausência da lista das "ratificações" necessárias, levando em conta a falta de referência aos pontos de "atualização do programa" e de que forma isso se expressaria na "radicalização da democracia", o que se tem é uma linha de raciocínio ligando o nada a coisa alguma.

Faz de conta. Se o governo acredita mesmo que as emendas ao Orçamento não são instrumento de barganha, mas uma via pela qual os parlamentares levam "benefícios à população", como diz o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ficam dúvidas.

Por que essas verbas são as primeiras a serem retidas pelo Executivo que só as libera quando a coisa aperta no Legislativo? E mais: por que em geral essa liberação não passa da promessa, esquecida depois que o clima ameniza?

Partindo-se da premissa de Carvalho pode se chegar à conclusão de que o governo tem deliberadamente negado dinheiro para financiar "benefícios à população". Trata-se, porém, de um sofisma. Mas é ao que se presta o argumento artificial do ministro para dourar a pílula do toma lá dá cá.