sexta-feira, novembro 28, 2008

MÓNICA BÉRGAMO

MUY AMIGOS

Folha de S. Paulo - 28/11/2008
 

 


A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, não cansa de repetir a colegas do ministério: "O [governador José] Serra me liga todos os dias!".

EM FRENTE
Depois de toda a polêmica em torno da afirmação do ministro José Gomes Temporão, da Saúde, de que na Funasa (Fundação Nacional de Saúde) tem "corrupção", ele recebeu sinal verde do presidente Lula para estudar a criação de uma secretaria que cuide especificamente da saúde dos índios. A atribuição hoje é da fundação.

UM PINGO
Falta pouco para o Brasil erradicar a rubéola. Basta vacinar 85 mil mulheres para que a meta de cobertura de 95% da população feminina seja atingida; já entre os homens a dificuldade é um pouco maior. Falta vacinar 3,7 milhões de um total de 34,7 milhões que garantiriam a cobertura ideal para considerar a doença erradicada.

 


O Ministério da Saúde vai intensificar a publicidade nos estados do Amazonas, Amapá, Tocantins, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás para "caçar" os que fogem da vacina.

TOTAL
E a campanha de prevenção à dengue que o presidente Lula pretende que as TVs e rádios veiculem de graça está orçada em R$ 40 milhões.

NA PISTA
E o São Paulo deve levantar R$ 8 milhões por meio da Lei de Incentivo ao Esporte para reformar a pista em volta do estádio do Morumbi, que ganhará piso olímpico. Como contrapartida, abrirá o local para treino de jovens da favela de Paraisópolis.

DORA KRAMER

Rolando Lero


O Estado de S. Paulo - 28/11/2008
 

Período compreendido entre o balanço de perdas e ganhos de uma eleição e a apresentação das cartas em jogo no próximo pleito, a entressafra eleitoral é a fase das floradas do recesso.

A atual revela-se especialmente fértil em fabulações de toda sorte por causa da dificuldade que a crise econômica impõe à visão do horizonte. Na falta de algo consistente para dizer ou fazer, os partidos, os políticos e os pretendentes a candidatos fazem e dizem qualquer coisa.

Desde que ocupem espaços e aumentem os respectivos cacifes para disputar as melhores posições na largada, valem todas as marolas.

Vale o presidente Lula sacramentar Dilma Roussef como candidata à sucessão sem perguntar o que o PT tem a dizer; vale o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, abraçar a candidatura da ministra ao arrepio da posição de seu partido, mesmo cansado de saber que o PMDB tem outros (no sentido de múltiplos) planos.

Vale Dilma trocar os óculos por lentes de contato, reunir uma claque eleitoral em palácio e posar como provável chefe de Estado não obstante careça dos 50, 60 milhões de votos necessários; vale o DEM pedir rigorosa investigação para “apurar” se Lula está ou não fazendo campanha eleitoral antecipada para Dilma usando da máquina pública, sabendo da esterilidade da ação.

Vale até mesmo os governadores José Serra e Aécio Neves defenderem com assertividade a realização de prévias para escolher o candidato do PSDB à Presidência, quando a hipótese não está nem nunca esteve em cogitação. Se os tucanos falam dia e noite em unidade, há três eleições sofrem as dores da divergência interna, era o que faltava abrirem uma disputa a votos dentro do partido em pleno transcorrer de 2009.

Só o que não vale é o eleitor investir seu estoque de crença nessas conversas, cujo conteúdo é para ser registrado por um ouvido, dispensado pelo outro e nunca, jamais, ser escrito. 

Nada do que está sendo dito ou feito merece confiabilidade rigorosa. Muito menos o que é dito e feito em público, entregue ao exame da população previamente enquadrado na moldura que mais interessa a seus autores.

Nos exemplos acima citados, os interesses são os seguintes: Lula precisa de Dilma para não esvaziar o mandato em curso antecipadamente; o PMDB precisa simular fidelidade para não perder espaço; o DEM precisa posar de oposição aguerrida e o PSDB precisa fazer ares de família que reza unida.

Vida pregressa

A absolvição do deputado Paulo Pereira da Silva no Conselho de Ética da Câmara é dada como certa. Foi alcançado por investigação da Polícia Federal sobre desvio de empréstimos no BNDES e flagrado em telefonema prometendo “mexer os pauzinhos” no Congresso para convocar o ministro da Justiça a dar explicações sobre a prisão de um assessor na operação.

As provas, ao presumido sentir do conselho, são inconsistentes.

Insuficiente também para caracterizar falta de decoro é o inquérito que corre contra ele no Supremo Tribunal Federal por causa de repasses de verbas do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Presidente da Força Sindical, o deputado responde pela entidade sob suspeita de ter recebido dinheiro do Ministério do Trabalho para promover cursos inexistentes oferecidos a alunos fantasmas.

As acusações atingem outras centrais, entidades patronais e apontam para a conivência do ministério, que avalizou todos os convênios feitos ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso. 

Na campanha eleitoral de 2002, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, Paulo Pereira ameaçou fazer e acontecer contra seus “caluniadores”. Terminou ele sendo o investigado e, dependendo da decisão do STF, processado.

Na Câmara nada disso conta. O mandato parlamentar serve para conferir foro privilegiado por atos cometidos antes do mandato, mas esses mesmos atos não pesam na avaliação da conduta do parlamentar. 

Autocombustão

À falta de argumentos consistentes para defender o correligionário Cássio Cunha Lima, governador cassado da Paraíba, os tucanos disseminam desconfiança sobre o voto do ministro-relator do caso no Tribunal Superior Eleitoral, Eros Grau.

Dizem que ele votou “muito rápido”. Sobre os 35 mil cheques de programa social distribuídos no período eleitoral como “um presente do governador” ou a respeito de boladas usadas para pagamento de contas pessoais de Cunha Lima, nem uma palavra. Não lhes ocorre, por exemplo, que o ministro tenha sido ligeiro exatamente porque os fatos são espessos.

O tucanato repete aqui o gesto da defesa do senador e então presidente do PSDB Eduardo Azeredo no caso do “mensalão mineiro”, em 2005.

Lá, perdeu a moral para acusar o PT e, recolhido à insignificância conferida pelo equívoco, viu Lula renascer.

Aqui, joga no lixo o discurso da probidade e eficácia administrativas.

FALTOU GASOLINA

APOSENTADOS

GOVERNO NEGOCIA MUDANÇA NAS REGRAS DA APOSENTADORIA

PRESSIONADO, GOVERNO NEGOCIA MUDANÇA NO CÁLCULO DA APOSENTADORIA
Autor(es): Isabel Sobral e Rosa Costa
O Estado de S. Paulo - 28/11/2008
 

Acuado pelos projetos que beneficiam aposentados, mas aumentam o rombo da Previdência Social, o governo admite, pela primeira vez, negociar o fim do fator previdenciário em troca da exigência de idade mínima nas aposentadorias. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou ao Estado que, além disso, outra proposta está sendo costurada: a de substituir os projetos que reajustam valores das aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por um programa de recuperação dos benefícios de valor mais baixo. 

O assunto será discutido entre o ministro da Previdência, José Pimentel, e representantes das centrais sindicais em 4 de dezembro. A data foi marcada anteontem em jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sindicalistas, na Granja do Torto, em Brasília.

“Estamos caminhando para o fim do fator previdenciário e vamos trabalhar pelo limite de idade”, disse Jucá. “Vamos construir uma solução, um programa de recuperação (dos benefícios) da Previdência até dois, três salários mínimos.”

Para o líder do governo, as alternativas analisadas mostram que nem ele nem ninguém do governo se opõem ao mérito dos três projetos do senador Paulo Paim (PT-RS). Há, no entanto, preocupação com o impacto nas contas da Previdência. Já aprovados no Senado e aguardando votação na Câmara, os textos provocaram duas reações: a oposição de técnicos da equipe econômica e a mobilização de aposentados e pensionistas a favor dos projetos. 

Segundo as projeções dos técnicos do Ministério da Previdência, somente a proposta de Paim, que reajusta os benefícios pela indexação ao número de salários mínimos a que eles equivaliam no momento da concessão, custaria R$ 76,6 bilhões por ano aos cofres do INSS. Outro projeto estende a todos os benefícios o reajuste de 9,2% dado este ano ao salário mínimo. As aposentadorias e pensões de valor superior a um mínimo tiveram 5% de reajuste (inflação acumulada pelo INPC). Isso resultaria num impacto anual de R$ 9 bilhões. 

A declaração de Jucá sinalizando o fim do fator previdenciário mostra que o governo vai negociar para evitar o pior. “A grande contribuição é a gente se debruçar para construir uma alternativa. Isso é possível.” 

O fator previdenciário foi criado em 1999 para controlar o crescimento das despesas previdenciárias em conseqüência do aumento da expectativa de vida da população. A fixação de uma idade mínima para aposentadoria também funciona como freio às aposentadorias precoces. 

Para a área técnica do governo, entretanto, o fim do fator só é aceitável se ocorrer gradualmente, porque a fixação de uma idade mínima, além da necessidade do tempo mínimo de contribuição ao INSS (35 anos para homens e 30 anos para as mulheres), só pode ocorrer por meio de emenda constitucional que, para valer, tem de receber pelo menos três quintos de votos favoráveis no Congresso. 

Segundo Jucá, o governo quer condicionar a negociação ao que chama de “limite da capacidade da Previdência no sistema futuro”. Ou seja, adotar uma idade limite compatível com a expectativa de vida do brasileiro, que está crescendo, e se reflete nas contas da Previdência.

TIRANDO O SONO DO GOVERNO

OS PROJETOS DE PAIM


Fator Previdenciário: Elimina do cálculo das aposentadorias por tempo de contribuição a fórmula que tenta desestimular as aposentadorias . Com o Fator Previdenciário, quanto mais jovem é o segurado, menor o valor do benefício. A proposta muda também a forma de calcular o benefício: em vez de tomar por base a média das contribuições feitas ao INSS desde 1994, ela retoma o critério antigo de considerar apenas os últimos três anos de contribuição. 

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara

Reajuste: Repassa a todos os benefícios de valores superiores a um salário mínimo o índice de 9,2% de aumento aplicado ao mínimo este ano. Esses benefícios foram reajustados em 5%, índice correspondente à variação anual do INPC.

Já aprovado no Senado e aguardando votação no plenário da Câmara.

Vinculação ao salário mínimo: A proposta cria um mecanismo que vincula as aposentadorias e pensões ao salário mínimo e reajusta os benefícios atuais para que voltem a ter, em número de salários mínimos, valor equivalente ao que tinham na época em que foram concedidos.

Já aprovado no Senado, em caráter terminativo, seguiu esta semana para análise das comissões da Câmara.

O QUE É FATOR PREVIDENCIÁRIO Fórmula criada em 1999 que considera a idade e a expectativa de sobrevida do trabalhador (conforme dados do IBGE) no momento do pedido de aposentadoria para calcular o valor do benefício. Quanto mais jovem, menor o valor da aposentadoria.

QUAL SEU EFEITO 

O fator estimula as pessoas a permanecer mais tempo trabalhando para poder receber o maior valor possível de aposentadoria. O valor do benefício depende do histórico das contribuições de cada pessoa. Mas, nos últimos anos, a aplicação do fator têm resultado em uma redução entre 20% e 30% no valor máximo da aposentadoria, se o segurado decide se aposentar logo no final do tempo mínimo de contribuição (hoje, 35 anos para homens e 30 para mulheres), sem passar mais algum tempo em atividade. 

ECONOMIA PARA O INSS

R$ 10 bilhões, nos últimos oito anos.

O QUE PODE MUDAR

Se cair o fator previdenciário e no seu lugar for estabelecida uma idade mínima para aposentadoria pelo INSS, um trabalhador só poderá se aposentar no momento em que completar o tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 anos para homens) e também uma idade que vier a ser especificada na Constituição. Servidores públicos, por exemplo, atualmente devem cumprir a exigência de 35 anos de contribuição e 60 anos de idade, se homens, e de 30 anos de contribuição e 55 anos de idade, se mulheres.

BRASÍLIA-DF

O golpe de Renan


Correio Braziliense - 28/11/2008
 

Bastou o presidente do PMDB, Michel Temer, e o líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), fecharem o a troca de comando no partido para ceder a vaga ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Essa foi a senha para que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) saísse a campo nos bastidores, em consultas sobre as chances do senador Pedro Simon (PMDB-RS) como candidato à Presidência da Casa. O objetivo de Renan é evitar que o senador Tião Viana (PT-AC) conquiste o cargo por W.O. Ele sabe que ninguém votará contra Simon, um dos senadores de maior prestígio no Parlamento. O petista Eduardo Suplicy (SP) já afirmou que, se o gaúcho estivesse no páreo, votaria nele. PSDB e DEM idem. 

*

Com isso, Renan, que começava a ficar isolado, tenta voltar para o jogo. É o mais novo capítulo da novela e pode fazer voar pelos ares o tabuleiro em que Jucá jogava para conquistar a presidência do PMDB, guindar Michel Temer à Presidência da Câmara, e fazer de Tião Viana, o chefe no Senado.


Novo alvo I

A oposição vai aproveitar esse empréstimo de R$ 2 bilhões que a Petrobras tomou com a Caixa Econômica Federal para, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), perguntar sobre outros movimentos da empresa, comentados à boca pequena entre o pessoal do mercado financeiro. A última diz respeito a uma suposta retirada que a Petrobras teria feito de suas aplicações no Unibanco, no valor de R$ 12 bilhões — o que teria abalado a estrutura da instituição financeira e levado o Banco do Brasil a se mexer para fechar negócio. Só que o Itaú acabou atravessando o BB. 

Novo alvo II 

Os oposicionistas vão aproveitar ainda para exercitar o esporte predileto: dizer que o governo Lula é ruim de gestão e que a empresa foi aparelhada pelo PT a ponto de transferir a diretoria financeira para a Bahia, onde nasceu o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. E tem mais: vão dizer que, se a Petrobras estivesse bem gerenciada, não teria dificuldades em captar esse empréstimo com grupos privados. Afinal, o papel da Caixa deve financiar obras de cunho social, como saneamento. 

Paternidade 

Os parlamentares estão desconfiados de que o governo não quer o desgaste de cortar R$ 7 bilhôes do Orçamento de 2009 em discussão no Congresso. Mas o relator, senador Delcídio Amaral (PT-MS), já avisou que, se não houver resposta, vai cortar no custeio. “Não dá para cortar investimentos num momento de crise e de desaceleração do setor privado”, comenta. 

Na surdina 

Há tanta intriga dentro dos primeiros movimentos para a eleição do futuro presidente do PT que já tem gente achando melhor ficar mesmo com Ricardo Berzoini (SP). De perfil discreto, ele desponta como um quadro que pode perfeitamente ser reconduzido para comandar a sucessão presidencial de 2010. 

No cafezinho...
Rose Brasil/Esp. CB/D.A Press
 
 

Na disputa 
Diante das dificuldades para conseguir um lugar no clube que comanda a Câmara, a bancada feminina decidiu ir à luta. Ex-presidente do PMDB Mulher, a deputada Elcione Barbalho (foto), do Pará, avisa que concorrerá a uma das vagas da Mesa Diretora da Casa. “Ainda não sei a qual secretaria vou disputar, mas não tenho nada a perder”, comenta ela, pronta para a briga. 

Aécio vem aí 
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), avisou ao comando de seu partido que, a partir de agora, fará uma série de ações como pré-candidato a presidente da República. A ordem é se colocar definitivamente no jogo. E o anúncio veio acompanhado de um alerta: “É o que Minas espera de mim”. Trata-se do segundo maior colégio eleitoral do país. 

Bombou 
Concorrentes à Presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI) marcaram presença no convescote em homenagem ao subsecretário de Assuntos Parlamentares do Ministério de Relações Institucionais, Marcos Lima, ontem em Salvador (BA). Estavam na casa do deputado João Carlos Bacellar (PR-BA) nada menos que três ministros, José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e Juca Ferreira (Cultura), dezenas de deputados e senadores. 

Tempo de serviço 
O deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) deixou a coordenação da bancada mineira na Câmara, depois de sete anos no posto. A partir de 1º de janeiro, ele passará a cuidar dos interesses do prefeito eleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), em Brasília. Os deputados Mário Heringer (PDT) e Gilmar Machado (PT) estão cotados para substituir o colega.

ILIMAR FRANCO

Obama: "Comprem"

 Panorama Político
O Globo - 28/11/2008
 

Primeiro foi o presidente Lula, depois o governador José Serra, e agora é o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, quem diz: "Comprem". Mas, em jantar anteontem, os dirigentes das centrais sindicais disseram ao presidente Lula que a população não vai consumir se não tiver garantia de emprego. Sugeriram que o socorro aos bancos, à construção civil e à agricultura tenha como contrapartida o emprego. Lula concordou: "Sem segurança, o trabalhador não vai comprar parcelado".

Tasso e Virgílio: Não é a primeira vez 

Em março do ano passado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) fizeram uma grave denúncia no Senado: o Brasil estaria exportando armas pesadas para a Venezuela. No dia seguinte, o ministro Nelson Jobim (Defesa) foi ao Senado mostrar que eles estavam errados. Agora, Tasso e Virgílio fazem nova denúncia: a Petrobras enfrentaria gravíssima crise e estaria quebrada. Na próxima semana, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, e a presidente da CEF, Maria Fernanda Coelho, estarão no Senado explicando o empréstimo de R$2 bilhões da CEF para a Petrobras. A história vai se repetir? 

Não tem por que fazer uma marola em cima de um copo d"água" - Romero Jucá, líder do governo no Senado (PMDB-RO), sobre a denúncia do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) em relação à gestão da Petrobras 

INCANSÁVEL. Abandonado por Sarney, Renan Calheiros (PMDB-AL) começou a articular a candidatura de Pedro Simon à presidência do Senado. Alega que Simon é de oposição, mas é do PMDB e não pertence ao grupo do presidente do partido, Michel Temer (SP). Pelo seu empenho, parece que Renan é Simon desde criancinha e que ele não tem nada pessoal contra o candidato do PT à presidência do Senado, Tião Viana (AC). 

Encolhe e estica 

Com a renúncia de José Maranhão (PMDB-PB) e a eventual ida de Leomar Quintanilha (PMDB-TO) para o TCU, o PMDB perderá dois senadores. Os suplentes são do PRB e do PT. O PT passará a ter 13 senadores, como o DEM e o PSDB.

Aprovados 

A Comissão de Economia do Senado sabatinou ontem José Jorge (DEM) e o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), indicados para o TCU. Os dois vão a votação no plenário. Ninguém questionou Quintanilha sobre o inquérito no STF. 

Yeda enfrenta professores e o DEM 

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), vai entrar na Justiça para tirar do ar propaganda do sindicato dos professores afirmando que ela aumentou seu salário e mostrando pessoas ensangüentadas após confronto com a polícia. O DEM, partido do vice Paulo Feijó, anunciou, ao lado de PT, PDT e PCdoB, que vai apresentar proposta de decreto legislativo para sustar o corte de ponto dos grevistas. 

O TSE entre Cássio e Hauly 

O que serve ao governador tucano Cássio Cunha Lima (PB) não ajuda o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Com sua candidatura cassada, Cássio quer uma nova eleição e não a posse do que ficou em segundo lugar, o senador José Maranhão (PMDB). Segundo colocado na eleição de Londrina, Hauly quer ser declarado prefeito depois que a candidatura de Antonio Belinati foi impugnada. Hauly entregou aos ministros do TSE um parecer do ex-ministro Walter Costa Porto. 

A PETROBRAS fez 18 operações financeiras, como a da CEF, neste ano envolvendo captação de recursos de cerca de R$15 bilhões. 

INTEGRANTES da coordenação de governo dizem que o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do PSDB, está fazendo "terrorismo econômico", ao colocar em dúvida a saúde financeira da Petrobras.

MÍRIAM LEITÃO

Sinal ruim

 Panorama Econômico
O Globo - 28/11/2008
 

A Petrobras é a maior empresa do país. Até outro dia, tinha sonhos delirantes de investimento. De repente, precisa da Caixa para capital de giro. O fato levanta dúvidas: o que está acontecendo com a Petrobras? Qual é a função da Caixa Econômica Federal? A Petrobras, recentemente, divulgou o maior lucro trimestral da sua história e a ação despencou no dia seguinte.

As ações caíram 13%, depois da divulgação de um lucro recorde, por bons motivos: achou que havia pouca transparência em vários dados das despesas da empresa. Era gasto de R$1 bilhão com consultoria, outros R$2,378 bi de despesas não especificadas - no trimestre anterior havia sido de R$956 milhões. Houve um aumento total de 41% nas despesas. Por ser pública, por ser empresa de capital aberto, ela tem que ser mais transparente. 

A esperança dos analistas é que, com a desaceleração mundial, alguns custos sejam reduzidos, como aluguéis de plataforma e de equipamentos. No início do mês, a Petrobras cancelou todos os eventos internos. Até os contratos já assinados com empresas prestadoras de serviços foram atingidos: a ordem foi cancelar, ver o que poderia ser adiado e, em último caso, negociar as multas. 

A grande dúvida é em relação à capacidade de investimento da Petrobras a longo prazo. O mercado acha que os investimentos não se manterão tão elevados - estavam em R$34 bilhões até setembro - por causa das quedas no consumo e no preço do petróleo. 

- Outubro mostrou uma mudança de paradigma, por causa da crise. A discussão é para saber se os investimentos vão se manter nos níveis atuais. O investimento é alto e o retorno, no curto e médio prazos, é pouco - diz Michelle Pereira, analista da Modal Asset. 

A Caixa Econômica é a principal financiadora da construção, num momento em que o crédito está mais raro e mais caro. A MP 443 dava a ela o direito de criar uma empresa, a Caixa Par, para comprar participações nas construtoras. A idéia era ruim e foi rechaçada pelas próprias construtoras, que precisam que a Caixa continue a ser o que sempre foi: a maior financiadora do setor imobiliário do país, e não passar a ser o banco das emergências das próprias estatais. 

Claro que a Caixa vai além da construção. O empresário Roberto Kauffman explica que a construção civil tem dois locais de recursos, o FGTS e a caderneta de poupança. É de lá que sai o dinheiro emprestado pela Caixa para o setor. Os recursos do FGTS só podem ser usados para habitação de interesse social, saneamento básico e transporte. Os da poupança, só para habitação. A Caixa não pode emprestar dinheiro dessas duas fontes para outros fins. Ele acha que são fontes diferentes, e que a Caixa pode emprestar para quem quiser, desde que não mexa no FGTS e na poupança. 

A operação de captação para capital de giro é rotineira e, em outros momentos, seria visto como normal. Mesmo com esta ressalva, é bom lembrar que a Petrobras, sendo a maior empresa do país, tem uma enorme capacidade de captação aqui e no exterior. Lá fora a crise está mais grave, mas ela não pode ir pelo caminho mais fácil e tomar recursos no próprio setor público. Desta forma, as estatais acabam monopolizando os recursos disponíveis nos bancos públicos num momento que há escassez de recursos no mercado. 

Os dados da semana mostram um país sem crise, aparentemente: o crédito cresceu, a dívida pública líquida caiu para 36% do PIB. Mas há nuances por trás dos números. No crédito, está havendo uma concentração para grandes empresas. O volume permanece o mesmo, mas uma empresa menor só consegue renovar seus financiamentos a juros cada vez mais altos. No superávit primário, uma nota preocupante: as estatais tiveram, em outubro, déficit de R$2,8 bilhões. Na dívida pública, um alerta: não se deve comemorar uma queda que é puramente reflexo de conjuntura cambial. Esses dados não podem dar a impressão ao governo de que está tudo bem com as contas públicas. 

A grande questão em relação à operação Caixa-Petrobras é que a competição fica desleal. Imagina se qualquer empresa, mesmo das grandes, for à Caixa pedir R$2 bi para capital de giro. Terá essa mesma facilidade, mesmo não sendo esta a vocação do banco? Por ser grande demais, e estar agora voltada a captar dentro do mercado interno e junto a bancos públicos, a Petrobras desequilibra o mercado de crédito. Se fosse captar competindo com outras empresas, junto a outros bancos, seria normal. Mas indo à Caixa, é um duplo sinal ruim: de favorecimento, e de problemas urgentes. 

Mesmo quem acompanha com atenção as decisões diárias da economia já se perdeu na quantidade de vezes que se sacou do FAT e, agora, do FGTS, para acudir emergências. É preciso cuidado com os fundos de poupança compulsória, porque eles têm destinação específica. 

Estes são tempos difíceis, que não comportam tanto ruído como está acontecendo na economia brasileira. Ora o governo bate no peito para dizer que só aqui não há crise e que o país vai crescer 4% em 2009; ora saem medidas aos borbotões, criando exceções e facilidades; ora a maior empresa estatal do país pega um inusitado empréstimo junto a um banco público não especializado neste tipo de operação.

SEXTA NOS JORNAIS

Globo: Socorro da Caixa à Petrobras põe as duas estatais em xeque

 

Folha: Índia ataca terroristas e solta reféns

 

Estadão: Governo negocia mudança nas regras da aposentadoria

 

JB: Toque de recolher e Força Nacional contra saques

 

Correio: Justiça libera venda de lotes no Noroeste

 

Valor: Linhas do BC funcionam e exportador quer mais

 

Gazeta Mercantil: Fundos sustentáveis excluem Petrobras

 

Estado de Minas: Cheque embala calote das classes média e alta