sexta-feira, fevereiro 20, 2009

DIOGO MAINARDI

REVISTA VEJA

Diogo Mainardi
Sob o domínio de Travis

"Quando leio sobre Lula, Travis, o chimpanzé
– um Travis, o chimpanzé, metafórico –, pula 
em cima de mim e começa a arrancar nacos 
de meu rosto com os dentes"

O enredo da Beija-Flor é sobre o banho. Lula é Beija-Flor. Decidi permanecer alguns dias sem tomar banho. Até quando? Quarta-Feira de Cinzas.

"No chuveiro da alegria, quem banha o corpo lava a alma na folia."

Para mim, nada de banhar o corpo. Para mim, nada de folia.

O meu arrebatamento patriótico – o meu ímpeto transformador – arrefeceu-se tremendamente nos últimos tempos. Reduziu-se a isto: a um protesto aleatório, ocasional, arbitrário, isolado, insensato, ineficaz, melancólico. E, no caso dessa dispensa do banho, profundamente desumano com meus familiares.

Apesar de tudo, continuo a ler sobre Lula. Quando isso acontece – e acontece diariamente –, eu me sinto como Charla Nash. Sim, Charla Nash: aquela pobre americana que foi brutalmente agredida por Travis, o chimpanzé. É o que ocorre comigo: quando leio sobre Lula, Travis, o chimpanzé – um Travis, o chimpanzé, metafórico –, pula em cima de mim e começa a arrancar nacos de meu rosto com os dentes. Depois do incidente, Sandra Herold, amiga de Charla Nash e dona de Travis, o chimpanzé, declarou que o animal era como um filho para ela. Eu, dilacerado por aquela irracionalidade primata, com o rosto desfigurado – metaforicamente desfigurado –, como posso reagir? Posso comer um pudim. Posso marcar uma consulta com o dentista. Posso dormir. Posso me recusar a tomar banho.

Barack Obama – continuo a ler sobre ele, assim como continuo a ler sobre Lula e sobre Travis, o chimpanzé – diria o seguinte a Charla Nash: "Vai piorar antes de melhorar". O que seria um tema perfeito para o samba-enredo da Beija-Flor no ano que vem. Obama está certo. Depois de passar um bom tempo mordendo Charla Nash, Travis, o chimpanzé, foi abatido por policiais. Piorou para ela, antes de melhorar. E também vai piorar no nosso caso, antes de melhorar.

Em 2010, Lula sairá de cima de nós. A imensa carga de irracionalidade com a qual ele acometeu a política poderá ser abatida. Ele já designou sua herdeira, Dilma Rousseff. Ela se apresentou ao eleitorado como a Ugly Betty da luta armada – ou, segundo o original colombiano, a Betty La Fea da luta armada: a secretária meticulosa e dedicada ao chefe, que um dia tira os óculos, tira o aparelho dos dentes, tira a franja e tira as rugas, atingindo o sucesso e encontrando o grande amor.

O campo para o nosso arrebatamento patriótico e para o nosso ímpeto transformador restringiu-se cada vez mais. Só sobraram uns gestos marginais, como a recusa em tomar banho. Perdemos a luta contra Lula, mas daqui a algum tempo, com o rosto roído e comido, já vai dar para ligar o chuveiro.

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO

REVISTA VEJA

Roberto Pompeu de Toledo
Geração "on"

"Estamos diante de um fenômeno de massa: o povo 
brasileiro, maciçamente, anda preferindo dar nomes 
terminados em ‘son’ e ‘ton’ aos filhos homens"

A seleção da coluna entrará em campo para o próximo compromisso com a seguinte formação: Glédson; Joílson, Halisson, Acleisson e Richarlyson; Vanderson, Kléberson, Glaydson e Taison; Wallyson e Keirrison. No banco de reservas ficarão Wanderson (goleiro), Jadilson, Maylson, Leanderson, Cleverson e Roberson. A seleção adversária, armada no três-cinco-dois, se apresentará com: Weverton; Adailton, Heverton e Welton; Arilton, Cleiton, Éverton, Uelliton e Neilton; Washington e Elton. Os reservas serão Dalton (goleiro), Erivelton, Hamilton, Wellington, Hélton e Jailton.

Primeiro aviso ao leitor incauto: os nomes são todos verdadeiros, de jogadores em atividade no futebol brasileiro. Segundo aviso: se os mais distraí-dos ainda não perceberam, o embate acima dá-se entre os nomes terminados em "son" contra os terminados em "ton". Nomes em "son" e "ton" hoje abundam, nos gramados, como estrelas no céu. Tempos atrás, mais característicos eram os apelidos de duas sílabas, Pelé, Didi, Dida, Pepe, Telê, alegres e infantis. Os terminados em "son" e "ton", ao contrário, são nomes severos, que evocam chefes guerreiros. Tanto eles se multiplicam que para escalar as seleções não foi preciso ir além de um restrito universo. Na grande maioria, são de jogadores dos times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, com apenas alguns poucos reforços – afinal, Weverton, goleiro do Vila Nova, de Goiás, não merecia ficar de fora, nem Acleisson, volante do Mirassol, clube do interior paulista.

A questão é: por que a pesada preferência pelos nomes em "son" e "ton"? O futebol não é um universo fechado. Ele espelha a sociedade brasileira. Mais exatamente, espelha as camadas mais populares da sociedade. O que leva a concluir que estamos diante de um fenômeno de massa: o povo brasileiro, maciçamente, anda preferindo dar nomes em "son" e "ton" aos filhos homens. Complexas e misteriosas são as razões pelas quais um nome, ou uma classe de nomes, entra ou sai de moda. É tarefa para antropólogos e sociólogos. Modestamente, enquanto se espera por mais doutas explicações, o que se pode é especular.

É de supor, em primeiro lugar, que quem pespega no filho os nomes de Wallyson ou Leanderson espera do interlocutor reação que vá além da indiferença. Afastemos desde logo, no caso do "son", ter sido ele importado dos costumes nórdicos, em que a terminação "son" (ou "sohn" – "filho", em inglês, alemão e línguas afins) identifica o filho de alguém de nome igual ao contido nas sílabas precedentes. É improvável que Leanderson signifique "filho de Leander" ou que Wallyson signifique "filho de Wally". Parece ser mais o caso de criações livres, movidas pelo gosto da invenção. Keirrison, artilheiro do Palmeiras, contou à revista Veja São Paulo que deve seu nome à preferência do pai pela letra K, combinada à admiração pelo beatle George Harrison. Keirrison tem um irmão chamado Kimarrison, de novo com K, e dessa vez homenagem do pai, roqueiro incorrigível, a Jim Morrison. Como Harrison e Morrison viraram Keirrison e Kimarrison, isso fica por conta da peculiar alquimia que rege a produção de nomes no Brasil.

Ao lado do gosto da invenção, a queda pelo estrangeirismo é outro traço que se adivinha nos pais dos "son" e dos "ton". São nomes que soam estrangeiros. Por coincidência (ou não?), as terminações em "on", tanto no inglês quanto no francês e no espanhol, correspondem ao "ão" português. Entre outros milhares de exemplos, action, em inglês e francês, e acción, em espanhol, dão em "ação" em português. Ora, o "ão" é o som mais típico da língua portuguesa, terror dos estrangeiros que o tentam imitar. Fugir do "ão", como se faz, mesmo inconscientemente, quando se opta pelo "on" é negar a língua portuguesa como nem São Pedro negou Jesus Cristo antes que o galo cantasse.

O gosto da invenção, somado à queda pelo estrangeirismo, colabora para a hipótese seguinte: a escolha dos nomes Kléberson ou Richarlyson, Welton ou Arilton, trairia o desejo de, com o fermento de toques originais e estrangeiros, prover o filho de uma personalidade forte e única. Não, ele não haverá de ser um zé qualquer, nem um joão-ninguém. A ironia desta história é que, em contraponto à tendência pelos "son" e "ton" nos estratos populares, nas classes altas vigora a tendência oposta. Lá reinam os Josés e os Joões, Antônios e Franciscos, como fazia décadas não se via. Tal qual em outros campos, um Brasil vai para um lado, o outro para a direção inversa.

FERNANDO GABEIRA

Cortar a própria carne


Folha de S. Paulo - 20/02/2009
 

O caso da brasileira que teria sido atacada por skinheads na Suíça trouxe inúmeras lições.
Assim que soube da notícia, resolvi que daria o mesmo tratamento que dei ao processo da morte de Jean Charles, assassinado em Londres. Visitaria a embaixada, acompanharia as notícias sobre o tema, para que o Congresso tivesse uma posição, se achasse conveniente.
Marquei audiência na embaixada para terça, 17. Era quinta-feira. Alguns acharam o prazo muito longo e, no mesmo dia, levaram nota à embaixada. Recusei. Não por desconfiar da versão de Paula naquela hora. Mas pelo fato de que, em política externa, um tempo de decantação sempre ajuda.
Tive sorte. Nos tempos em que cadeias globais de televisão, CNN, BBC, estão em cena, a diplomacia não apenas se tornou mais transparente. Foi forçada a mudar de ritmo. No entanto, a diplomacia e o jornalismo jamais terão a mesma rapidez. A sintonia precisa acaba nos expondo a gafes.
Outro problema da pressa é anexar os fatos à nossa visão de mundo, como se estivéssemos sempre procurando algo para comprovar uma teoria. A crise econômica vai fortalecer o nacionalismo, em alguns casos, estimular a xenofobia. É a tese. A versão inicial de Paula era uma armadilha, o famoso cqd, como queríamos demonstrar.
É preciso deixar que os fatos aconteçam, respirem, tenham seu desdobramento. No caso de Paula Oliveira, havia muitas máquinas de interpretar, sondando o universo em busca de exemplos. Ela não estava grávida de gêmeos e os cortes poderiam vir de automutilação.
Nesses 200 anos de Darwin, sua visão é um socorro para todos nós: por mais que nos apeguemos a uma hipótese, é preciso abandoná-la sem pena quando as evidências a contestam.

PANORAMA

REVISTA VEJA

Panorama
Holofote

Felipe Patury

De volta ao jogo

Paulo Filgueiras


O lobista Marcos Valério voltou à ativa. Depois de passar tês meses no xilindró, ele foi solto há um mês e já se reuniu por três vezes com representantes do empresário Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis. A última ocorreu na semana passada. Foram justamente essas relações que o levaram à prisão. As reuniões com os executivos de Faria tiveram lugar no escritório que o operador do mensalão divide com o advogado Rogério Tolentino. Marcos Valério também tem mantido contatos frequentes com o presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clésio Andrade, seu antigo sócio nas agências de publicidade SMPB e DNA.

 

O novo porto de São Paulo

Roberto Barroso/ABR


O governo paulista cogita ressuscitar o projeto de construção de um porto no município de Peruíbe, no Litoral Sul do estado. O primeiro a propô-lo foi o empresário Eike Batista, que pretendia investir 2 bilhões de dólares no que chamou de Porto Brasil. O plano foi abortado em razão da crise econômica e de problemas fundiários da área, localizada em frente a uma aldeia indígena. Pode ser desengavetado por Claudio Vaz, presidente da recém-criada Investe São Paulo, a agência de desenvolvimento do estado. Vaz acredita que a Petrobras só explorará as jazidas da Bacia de Santos a partir de São Paulo se tiver um porto exclusivo no estado, e Peruíbe é um dos poucos lugares disponíveis.

 

No ombro presidencial

Raul Junior


Foi carregada de emoção a reunião que tiveram na semana passada o empresário Eugênio Staub, da Gradiente, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Staub fez um apelo comovido para que o governo ajudasse sua empresa a atravessar a crise na qual se encontra. A certo momento, desatou a chorar. Entre comovido e constrangido, Lula enxugou as lágrimas do empresário com lenços de papel.

 

Guerra ao Morumbi

Almeida Rocha/Folha Imagem


A cartolagem paulista concluiu que é inviável o projeto de reforma do Estádio do Morumbi apresentado à Fifa pelo presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio. O orçamento está subestimado e o projeto não preenche todos os requisitos exigidos das arenas candidatas a sediar a abertura ou a final da Copa de 2014. Por isso, os cartolas pressionam a prefeitura e o governo estadual a aceitar a ideia de erguer um estádio na Zona Norte da capital.

 

O regra-três

Joedson Alves/AE


O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) anda magoado com o Palácio do Planalto. Muito paparicado no passado, ele chegou a ser cotado para vice na chapa do presidente Lula em 2006. Agora, aparece na bolsa de apostas palaciana em terceiro lugar entre os possíveis vices de Dilma Rousseff. Perdeu a primazia para dois peemedebistas: o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

 

O pequeno segredo dos Schürmann

Arquivo pessoal


O próximo longa-metragem do cineastaDavid Schürmann, integrante da família que viaja o mundo em um veleiro, abordará a doença e a morte de sua irmã adotiva, Katherine. Filha de amigos da família, Katherine morreu de aids pouco antes de completar 14 anos. Havia contraído o vírus de sua mãe, contaminada em uma transfusão de sangue. Schürmann pretende contar o drama da irmã por meio de quatro histórias que convergem para o momento em que Katherine fez 9 anos e sua família lhe contou que ela havia sido infectada. O filme, que custará 5 milhões de reais, já tem título: O Pequeno Segredo. Parte dos custos de produção será coberta pela Volkswagen e pela Hering.

LYA LUFT

REVISTA VEJA

Lya Luft 
Eu acredito em Obama

"Obama voltou a acender em mim uma
ideia entre matreira e inocente de que
afinal nem tudo está perdido"

Pois é, esperei que passassem semanas para entrar no assunto Obama. Gosto dele. Gosto da sua cara limpa, do seu sorriso bom, gosto da sua mulher graúda e enérgica, daquelas que não estão aí para brincadeiras, gosto das duas meninas encantadas com o que acontece ao seu redor, mas sem sinal de deslumbramento. Gosto quando ele se abaixa para beijar uma das crianças, ou quando anda com uma delas pela mão. Gosto do olhar que ele e a mulher trocam. Gosto de pensar que na Casa Branca mora uma família normalzinha e amorosa. Neste mundo cada vez mais louco, cruel, contraditório e às vezes simplesmente besta, Obama voltou a acender em mim uma ideia entre matreira e inocente de que afinal nem tudo está perdido, nem mesmo quando sofremos uma crise tão grave causada por irresponsabilidade, ganância, omissão e burrice.

Claro que ser um cara legal e aparentemente ter uma bela família não vai resolver o dramalhão mundial em que nos meteram ou nos metemos. Mas dá algum alento. Tem gente que de saída odiou tudo: o negro culto e refinado, a mulher, as meninas, achou tudo falso, viu por trás disso graves maquinações, sinais de hipocrisia, negociatas e sei lá o que mais. Tem gente que desconfia do mundo sem querer saber do que se trata: acha que todos os médicos são charlatães, que todos os empresários são canalhas, que todas as mulheres são burras ou galinhas, que todos os homens são cafajestes, que todos os empregados são ladrões e todos os patrões são exploradores e blablablá. Esses, sinceramente, não me interessam. Meu cansaço pelos eternos pessimistas e desconfiados é tão grande quanto a exaustão pelos ingênuos ou bobos, que acreditam que está tudo bem, que o pessimismo é manipulação, que as maiores empresas do mundo estarem indo para o fundo do fundo do poço é pura invencionice. Esses que acham que os números publicados na imprensa internacional são mascarados, mas que os números nacionais são, ah sim, verdadeiros, esses me dão um tédio mortal.

Ilustração Atômica Studio


Gosto de Obama porque foi um passo contra o preconceito, que é uma doença da alma e uma peste da cultura. Não só porque um primeiro presidente negro nos Estados Unidos é um avanço, mas porque ele é preparado para esse cargo, ao que tudo indica. Estudado, viajado, objetivo, sereno, não vocifera nos discursos, não lança perdigotos sobre o microfone, não humilha nem insulta os adversários, mas sabe ser realista e severo quando fala em possibilidade de catástrofe caso os políticos não se cocem.

O triste é que receio, apenas pela intuição e observação das coisas, que a lua-de-mel de Obama com seu povo e com o mundo não perdure, simplesmente porque as cretinices, as jogadas perversas, as roubalheiras, os desperdícios e a omissão geral eram grandes demais e não há plano que resolva. Tomara que os trilhões, que em breve serão quatrilhões, ajudem de verdade. Tomara que o mundo todo, nessa degringolada que nos inclui, se recupere a tempo, antes de virarmos manadas de pedintes revirando lixo: outro dia vi uma reportagem de gente comendo do lixo em esquinas de Paris, e foi uma punhalada. Vi bandos de animais de estimação soltos em ruas americanas porque, desempregados e sem dinheiro, os donos os estão soltando. Foi um tapa de realidade, mas então as coisas já estão assim? Parece que estão. Não inventei, não sonhei: foram reportagens, diretas, e eu vi. Queria não ter visto. Espero não ver nada disso multiplicado, enquanto os poderosos e os políticos discutem, trocam xingamentos, guerreiam pelo poder, e nós aos poucos (talvez menos que em alguns outros países) nos damos mal. Ou vocês acham que não?

Por gostar de Obama, vivo entre contentamento porque ele parece querer honradamente sustar a derrocada, não americana mas mundial, e tristeza por não saber se qualquer ser humano, partido político ou país tem força para corrigir tão enormes malfeitos. Seja como for, da minha velha e teimosa decepção em relação a políticos e governos, por algum tempo está brotando, teimoso e alegrinho, algo com cara de esperança. Bipolarmente, enroscado nela, nota-se algo chamado descrença.

VEJA EDIÇÃO DE HOJE

PAINEL

Sorte grande


Folha de S. Paulo - 20/02/2009
 

A descoberta de que o encontro de prefeitos custou dez vezes mais do que o valor inicialmente divulgado pelo Planalto trouxe ao noticiário a Dialog Comunicação e Eventos, responsável pela produção da maratona de dois dias em Brasília.
A empresa completa hoje cinco anos de existência com um desempenho invejável: faturou R$ 33 milhões em convênios com o governo Lula. A escalada de contratos, que começou em 2006 com modestos R$ 15,6 mil, atingiu R$ 26,6 milhões no ano passado. O cliente preferencial é o Ministério das Cidades, locomotiva do PAC. Segundo a Receita Federal, a Dialog declara ser uma agência de publicidade. A descrição das atividades, porém, abrange toda sorte de eventos.

Veja bem
A Dialog afirma que "trabalha basicamente só para a área pública" e que "cresceu rapidamente porque grandes empresas de eventos não atuam em Brasília". Diz ainda que seus contratos com o governo foram obtidos por meio de pregão eletrônico. 

Assim não
A ideia do governo de zerar o ICMS do material de construção como parte do pacote de estímulo ao setor habitacional enfrenta resistência por parte dos governadores. "É gentileza com chapéu alheio", diz um deles. 

Queda livre
Sede da Embraer, que ontem anunciou o corte de 4.000 vagas, São José dos Campos foi das poucas cidades do Estado de São Paulo em que o ritmo de demissões cresceu de dezembro para janeiro. O nível de emprego recuou 1,08% no município. 

Lá e cá
Convidada para o Carnaval de Recife, Dilma Rousseff tentará equilibrar a agenda para dar atenção aos vários aliados. Hoje, no Marco Zero da cidade, será convidada da prefeitura, que é do PT. Amanhã, no Galo da Madrugada, ficará no camarote do governo do Estado, do PSB. 

Só alegria
Depois de ver seu partido derrotado na disputa pela presidência do Senado, e agora ameaçada de perder a comissão de Infraestrutura para Fernando Collor (PTB-AL), Ideli Salvatti (PT-SC) resolveu buscar alívio no bloco "Enterro da Tristeza", de Florianópolis. "Nem lembro mais onde fica Brasília."

Andar com fé
Um grupo de rezadeiras se concentrou ontem pela manhã no TSE, onde seria julgado o pedido cassação de Jackson Lago (PDT). Não se sabe se o trabalho era para o governador do Maranhão ou para a família Sarney, que quer apeá-lo do cargo. À noite, o julgamento foi suspenso pela segunda vez. 

Retificação
Joaquim Barbosa mudou a justificativa de seu pedido de licença do TSE. Não é mais para tratar de "assuntos particulares", e sim de "problema de saúde". O ministro, que sofre de dores na coluna, seguirá trabalhando normalmente no Supremo. 

Será que dá?
O deputado Paulo Maluf (PP-SP) consultou formalmente a Mesa Diretora da Câmara sobre a possibilidade de a Eucatex, empresa de sua família, pleitear financiamento do BNDES. 

Nem pensar
A Constituição proíbe que empresas de congressistas façam contrato com órgãos públicos. A assessoria do BNDES diz que, por essa razão, a Eucatex não poderia obter o empréstimo. 

Sorry
Pouco antes de assumir a presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) tentou incluir, no reembolso médico da Casa, gastos com telefone feitos do hospital, no ano passado, quando se internou para tratar do joelho. O pedido foi recusado. 

Voo solo
O deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) discorda de colegas tucanos que pretendem apresentar texto paralelo na CPI dos Grampos. Segundo-vice da comissão, seguirá o voto do relator, Nelson Pellegrino (PT-BA). Abi-Ackel diz que não vê "base para pedidos de indiciamento".

Tiroteio 

"A ministra já tem discurso montado. Se a Justiça Eleitoral não agir, ela passará este ano e o próximo fazendo campanha com a máquina pública." 

Do deputado 
ROBERTO MAGALHÃES (DEM-PE), sobre Dilma Rousseff, segundo quem a oposição pretende "interditar o governo" ao recorrer contra a realização de eventos como o encontro dos prefeitos. 

Contraponto 

Varejão de ofertas

José Serra falava anteontem a uma plateia de secretários de municípios do interior paulista, durante evento no qual anunciou medidas para reformar e equipar postos de saúde e unidades do programa de Saúde da Família.
Mergulhado em papéis, o governador tucano se pôs a recitar o volume de repasses para cada cidade, de acordo com o tamanho de sua população. Citou os municípios "com até 9.900 habitantes", passou depois aos que têm "até 19.900 habitantes" e assim por diante, até que interrompeu a leitura e disparou, para gargalhada geral:
-Mas isso aqui parece os preços das Casas Bahia!

DORA KRAMER

Lá se vão só uns anéis


O Estado de S. Paulo - 20/02/2009
 
A decisão da Câmara - a ser seguida, espera-se, pelo Senado - de divulgar as notas fiscais dos gastos com a verba extra e a identificação completa dos fornecedores não encerra como imagina o primeiro-secretário da Casa, Rafael Guerra, "a polêmica da transparência parcial".

A discussão está só começando. Ainda há léguas a percorrer antes que o Parlamento recupere autoridade moral para exibir a credencial de "Poder mais aberto da República". É, no máximo, o Poder mais vulnerável. 

Vulnerabilidade crescente, institucionalmente defeituosa e responsabilidade do Congresso.

Fruto do aviltamento do ambiente onde prevalece a noção de que o Legislativo é propriedade dos partidos, que, por sua vez, são feitos para uso e abuso do Executivo mediante o livre acesso de amigos e correligionários à estrutura do Estado. 

Essa mentalidade permeia todos os embates entre o Congresso e a opinião pública: parlamentares chegam às casas legislativas achando que a partir daquele momento fazem parte de uma casta de "nobres colegas" desobrigados de qualquer compromisso com a sociedade.

É comum ouvir dos mais cínicos que pouco se lhes dão as críticas e cobranças da imprensa porque, ao fim e ao cabo, as regras são feitas e executadas por eles.

Verdade. E por isso mesmo não se pode conferir o dístico de "Poder aberto" a um colegiado especializado no ato de legislar em causa própria ou em prol de quem lhe atenda os interesses.

Agora mesmo já se aproveita o ensejo para aprovar a incorporação do adicional de R$ 15 mil aos salários.

Nessa altura do raciocínio alguém haverá de ponderar que, bem ou mal, a Câmara "recuou" e cedeu à pressão para a divulgação do detalhamento dos gastos com a verba dita indenizatória. Na realidade, um truque inventado para garantir um "por fora" depois que passou a não ser tão fácil aprovar aumentos de salários na calada das madrugadas.

É um engano acreditar que houve recuo. Ao contrário. Continua havendo a mais sórdida - por dissimulada - das resistências na aplicação do princípio constitucional da publicidade para a administração pública. 

Por ora o que há é uma promessa a ser cumprida não se sabe ao certo a partir de que dia do mês de abril e a certeza de que até lá o sigilo em vigor há oito anos está totalmente preservado. 

Se alguém pecou, jamais se saberá. Isso por nenhuma razão a não ser a deliberação unilateral de suas excelências que ainda se consideram merecedoras de reverências.

"Não tem sentido tomarmos uma medida tão importante e continuarmos a ser criticados", reclama o primeiro-secretário, Rafael Guerra.

É de se perguntar: qual medida importante? O cumprimento mínimo do dever de prestação de contas ao dono do santo dinheirinho de cada mês?

O Parlamento passou anos aludindo a impedimentos legais inexistentes para ocultar as notas, promete ceder uns anéis porque o PMDB, general da banda, está com medo de perder os dedos e ainda quer elogio? Ora, por quem sois, há limites. 

Estação Barbacena

O governador de Minas, Aécio Neves, desmente - e, com isso, desautoriza integrantes da cúpula do PMDB - que algum dia tenha afirmado a alguém do partido que possa vir a deixar o PSDB. Por um motivo simples: "Não o farei." 

Escreve o governador: "A insistência com que tentam difundir a ideia de que possa vir a deixar a minha legenda, e a insistência com que venho negando essa possibilidade lembram o tradicional diálogo atribuído a políticos mineiros. 

"Diz o primeiro: você vai para onde? Para Barbacena, responde o segundo. E o primeiro pensa: ele disse que vai para Barbacena para eu achar que ele vai para Lavras, mas ele vai é para Barbacena mesmo.

"Ou seja, no campo das divagações cabe tudo. Mas, no meu caso, a realidade é que nunca cogitei deixar o PSDB. Também nunca dei qualquer ultimato ao partido, especialmente no que diz respeito às prévias. Não defini prazos, o que não me caberia fazer, apenas sugeri a definição de critérios o mais rapidamente possível.

"Existem duas formas de vermos as prévias. Há quem veja como um risco de divisão e há aqueles, como eu, que entendem como um processo de fortalecimento partidário.

"Considero o processo mais importante que os nomes. Neste aspecto há, também, duas visões distintas. Há quem seja contra ou a favor em função de um possível resultado e há os que acreditam na incorporação dessa prática para promover mudanças na vida do PSDB.

Por acreditar que o processo está acima dos nomes, convidei o governador José Serra para viajarmos juntos em campanha de mobilização do partido no País. Estaremos juntos, embora muitos não acreditem e até torçam pelo contrário.

"Enfim, estou dizendo que vou para Barbacena, não para despistar, mas porque vou mesmo." 

Em adendo, Aécio Neves esclarece: "Tancredo Neves não é meu tio-avô." Avô, consignado seja.

BRASILEIROS


ELIANE CANTANÊDE

Não sobra um, meu irmão


Folha de S. Paulo - 20/02/2009
 

O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), foi cassado sob a acusação de distribuir 35 mil cheques nominais no ano em que disputava a reeleição. 
Seu sucessor, José Maranhão (PMDB), responde a nada menos que 8 processos, sendo que 2 são por suspeita de compra de votos e podem dar em nova cassação. E o sucessor do sucessor no Senado, Roberto Cavalcanti (PRB), também está sendo processado por corrupção na Justiça Federal. É uma teia sem fim. 
Cunha Lima ainda tem duas chances de recurso, uma à presidência do próprio TSE e outra ao Supremo, mas Maranhão não perdeu tempo. Nem bem assumiu, já deu uma canetada botando para fora uns mil funcionários herdados do antecessor. Provavelmente, não por moralização, mas por retaliação -e para dividir a boquinha com a sua própria turma. 
Já Cavalcanti não é bobo nem nada: ganhou o mandato de senador e, de brinde, o foro privilegiado. Entrou mudo para sair calado. Se sair. A depender da tradição do Supremo, ele pode ir ficando tranquilo, cumprindo o mandato que seria de Maranhão, que agora cumpre o mandato que seria de Cunha Lima, que... está a ver navios, mas já pode voltar a se candidatar. 
Coitado do povo paraibano. Mas a Paraíba não está isolada, muito pelo contrário. Governador processado é o que não falta, e um deles está para ser encaçapado a qualquer momento: Jackson Lago (PDT), do Maranhão. Se cair, sobe Roseana Sarney (PMDB). 
Ou seja: o PMDB já tem o maior número de governos, de prefeituras e de cadeiras no Congresso, acaba de ganhar as presidências da Câmara e do Senado e três comissões importantes na Câmara e deve ficar com mais dois Estados: a Paraíba, de Maranhão, e o Maranhão, de Roseana. Assim mesmo, complicado. 
Mas o pior é que o partido não ganhou, mas está levando. E o eleitor não tem para onde correr.

FERNANDA KRAKOVICS

Trote

Panorama Político 

O Globo - 20/02/2009
 

O presidente Lula vai vetar o projeto de lei que pune o trote estudantil violento, aprovado anteontem pela Câmara, caso ele seja ratificado pelo Senado. O governo considera a proposta inconstitucional porque interfere na autonomia universitária. Entre as punições previstas está o cancelamento da matrícula do aluno por um ano. A Câmara quis dar uma resposta a casos que tiveram repercussão nacional no início do ano letivo. 

Começar de novo 

Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), querem mudar o rito de tramitação das medidas provisórias, que obstruem a pauta de votações do Legislativo. Apesar de a Câmara ter começado a votar, no ano passado, uma emenda constitucional para mudar essas regras, eles pretendem começar do zero e tentar construir uma proposta consensual. Sarney defende que as MPs tratem apenas de assuntos relativos à defesa, ordem econômica e calamidade pública. Também quer devolver ao Executivo atribuições relativas à administração pública. "Já teve medida provisória até para comprar automóvel para vice-presidente", afirmou Sarney. 

O Serra tem que entender que há vida inteligente fora de São Paulo" - Arthur Virgílio, senador (AM), líder do PSDB, dando conselho ao presidenciável José Serra. 

BOLCHEVIQUE. A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) perguntou ao ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral) se ele concordaria em participar de um debate sobre a crise internacional com o PCdoB. "Claro, ainda mais agora que sou bolchevique", respondeu Dulci, que foi acusado pelo ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel de ser um dos que querem manter o PT como um partido "de inspiração bolchevique". 

Agronegócio 

Indicado para a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, o deputado Roberto Rocha (PSDB-MA) recebeu R$40 mil da Ceagro Agronegócios na campanha de 2006. O valor corresponde a 15% do total arrecadado.

Compensação 

A pedido da Confederação Nacional dos Municípios, o deputado João Dado (PDT-SP) apresentou emenda à MP que aumenta o salário mínimo. Quer um fundo de compensação de R$500 milhões, com recursos do Tesouro Nacional. 

Em pé de guerra 

O procurador-geral de Justiça do Rio, Cláudio Lopes, recorreu à Procuradoria Geral da República para tentar derrubar a lei aprovada pelos deputados estaduais do Rio que obriga os servidores de Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria a enviar suas declarações de bens e fontes de renda para a Alerj. Ele alega que a lei contraria o princípio de independência entre os poderes, previsto na Constituição. 

Filiação partidária pela internet 

Em consulta ao Tribunal Superior Eleitoral, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) está questionando a proibição de filiações partidárias pela internet. "Hoje você pode pagar Imposto de Renda pela internet, mas não pode se filiar a um partido político", disse ele. O deputado também aguarda resposta do tribunal sobre a aplicação da fidelidade no caso de criação de novo partido. Quer saber se os deputados levam para a nova legenda tempo de televisão e fundo partidário. 

PARA QUEM perguntava ontem ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sobre a separação de Marta Suplicy e Luís Favre, a resposta estava na ponta da língua: "Eu quero que ela seja feliz e esteja bem, para o bem dos meus filhos e netos". 

LENDA URBANA. Três rezadeiras foram vistas ontem jogando uma essência na entrada do TSE. Um segurança garante que elas aparecem toda vez que a cassação do governador Jackson Lago (MA) entra em pauta. O julgamento foi adiado mais uma vez 

LEMBRETE. A Comissão de Ética Pública alerta que as autoridades públicas não podem aceitar convites de empresas privadas para o carnaval.

MÍRIAM LEITÃO

Conduta política

Panorama Econômico
O Globo - 20/02/2009
 

O Brasil já teve todo tipo de chefe da Casa Civil. Técnico, intrometido, articulador, discreto, conspirador, totalitário. Desta vez temos um novo tipo: candidato. O presidente Lula diz que a inauguração de obras pela ministra Dilma Rousseff faz parte das funções de chefe da Casa Civil. Não faz. Gerente não inaugura, não sobe em palanque, não discursa: administra. 

Ela quer inaugurar obra inconclusa, cada etapa de cada projeto e até pedra fundamental; porque é candidata. Não fosse, faria visitas aos canteiros de obras para acompanhar, verificar, como gerente. Como é candidata, em qualquer visita é armado um palanque e convocada uma claque. Isso é campanha política. A inteligência alheia não deve ser agredida com tentativas de se provar o contrário. 

É legítima a aspiração da ministra Dilma Rousseff de concorrer à Presidência. Aqui neste espaço, escrevi, desde que ela foi nomeada, que a ministra não era um quadro técnico. Ela sempre foi uma militante e tem se esforçado para adquirir competências administrativas. Sua aspiração agora é, além de legítima, previsível, já que outros potenciais concorrentes se enfraqueceram. 

O que não é correto é usar a máquina pública para fazer campanha, dizendo que está em função governamental. A reunião dos prefeitos foi eleitoreira, seja o que for que o governo diga em contrário. Gastou-se dinheiro público, sete vezes mais do que o admitido, para reunir os possíveis cabos eleitorais de 2010. 

Na Europa, houve uma reunião de 700 prefeitos e saiu um acordo de adesão ao protocolo 20-20-20 da União Europeia: 20% de redução de emissão de carbono, 20% de energia alternativa e 20% de eficiência energética até 2020. Eles perseguirão essas metas em seus municípios. Nos Estados Unidos, houve uma reunião de prefeitos que também terminou com consenso de estudar a adoção do modelo climático europeu. Da nossa reunião, os prefeitos saíram com fotos tiradas com bonecos do presidente Lula e da ministra Dilma e dívidas previdenciárias roladas. Eles ouviram muitos discursos, viram o presidente divulgar um dado errado sobre o analfabetismo de um estado administrado por um concorrente político e assistiram aos ensaios eleitorais de Dilma Rousseff. 

Em 2009 não haverá eleição, mas há uma perigosa crise global para ser enfrentada. Os administradores públicos devem, com seriedade, cuidar da crise econômica para revertê-la. Ninguém ganha com a crise: não é o fracasso de um pensamento econômico adversário, como pensa a ministra Dilma. Seja o que for que aconteça, já morreu a ideia de que o estado deva controlar os meios de produção. Não deu certo, não funcionou. Que o diga a China, que continua querendo que o Brasil conclua o reconhecimento de que ela é uma economia de mercado. 

O PSDB fala em prévias. Ótimo. Esse é um bom hábito político, como acabamos de ver nos EUA. Fortalece os partidos e divulga as ideias dos pré-candidatos quando é uma primária bem feita. Quando são oficializadas, funcionam melhor. É preciso definir as regras e fazer uma primária formal. Para isso, o TSE teria que permitir primárias abertas, em vez da jurisprudência de prévias fechadas que dão todo o poder às convenções. 

O presidente Lula estranhou que o governador José Serra vá viajar sem ter obra para inaugurar. Mostra que acredita que a obra é o álibi perfeito. O PSDB tem que oficializar sua consulta às bases. Não procurar pretexto, como o governo faz. 

A maneira como a ministra Dilma foi escolhida pré-candidata do PT lembra o modelo político do "dedaço" que vigorava no México na época do PRI. Até lá caiu em desuso. O "dedaço" era o costume de o presidente anunciar que candidato o partido teria. O PT nunca fez uma prévia como a que vimos entre Hillary Clinton e Barack Obama. A disputa entre Lula e o suposto pré-candidato Eduardo Suplicy foi para inglês ver. O candidato sempre foi Lula em todas as eleições do PT porque ele era o único nome que unia o partido. Isso não é transferível. Em vez de trabalhar para que sua candidata suba nas pesquisas e vire fato consumado, o presidente deveria querer a escolha democrática que fortalecesse o petismo. O contrário só fortalece o lulismo, que não é um partido, é movimento personalista. 

A vantagem das primárias seria treinar Dilma Rousseff no palanque, na disputa pelo eleitor, nas pressões dos debates. Ela nunca viveu situações de disputa política. Essa habilidade não se adquire em cirurgia. 

O PSDB vive sempre sob a suposta divisão dos grupos pró e anti-Serra. As prévias ajudariam a acabar com o mito ou oficializá-lo. Os governadores José Serra e Aécio Neves têm, também, a ambição legítima de disputar a Presidência. O partido tem um patético histórico de decisões tomadas entre quatro paredes ou nos quatro lugares de uma mesa de restaurante. 

O desafio para todos será separar o que é máquina pública e o que é disputa partidária interna. O Brasil já andou demais no desvio, tem sido muito tolerante com irregularidades. É hora de um manual de conduta, respeitado por todos os possíveis contendores desta primeira fase da disputa presidencial de 2010.

ANCELMO GOIS

Por falar em Vasco...


O Globo - 20/02/2009
 

De Lula, que em 2008 viu seu Corinthians amargar a segunda divisão, confortando Sérgio Cabral, que se prepara para encarar seu Vasco na segundona: 

- Sérgio, a segunda divisão é o maior barato. Os jogos são televisionados no sábado, quando a casa está vazia, e, no fim, quase sempre, nosso time vence. 

É. Pode ser. 

Guerra do Pantanal 

Ferve a guerra Cuiabá x Campo Grande pela vaga de sede do Pantanal na Copa de 2014. 

A turma de Campo Grande contratou profissionais de informação até para falar mal de Blairo Maggi, lembrando que o governador de Mato Grosso é acusado mundo afora de desmatar a Amazônia.

Legislativo laico 

O deputado Arolde de Oliveira, evangélico, fez requerimento para Michel Temer, presidente da Câmara, retirar os símbolos católicos do Legislativo. 

Ao saber, o deputado Jair Bolsonaro, católico, entrou com pedido para manter os crucifixos.

Torneira fechada 

Um diretor de um bancão teme que a tendência de estatização de bancos lá fora dificulte o acesso de empresas brasileiras a linhas de crédito de instituições financeiras estrangeiras: 

- Em geral, bancos estatais emprestam só a empresas de seu país. Poucos têm a generosidade do BNDES, que empresta a países vizinhos.

FARSANTES: PAULA E O IDIOTA


SEXTA NOS JORNAIS

Globo: Embraer alega crise sem precedentes e demite 20%

 

Folha: Embraer corta 20% dos funcionários

 

Estadão: Falta dinheiro no FAT para ampliar seguro-desemprego

 

JB: Violência atravessa o samba

 

Correio: Bebedeira estimula surtos de violência

 

Valor Econômico: Citi coloca à venda fatia de R$ 2,5 bi na Redecard

 

Gazeta Mercantil: Embraer demite 4.273, mas mantém investimento externo

 

Estado de Minas: Receita prepara supermalha fina

 

Jornal do Commercio: Saúde ganha reforço