terça-feira, dezembro 09, 2008

PARA...HIHIHIHI

A LOIRA E  O TIGRE

A loira liga para o celular do namorado:
- Mor... Oi, sou eu. Tô com um problema enorme.
- O que houve querida?
- Eu comprei um quebra-cabeça, mas é muito difícil. As peças não encaixam.
- Meu amorzinho, eu já te ensinei a montar vários tipos de quebra-cabeças, né? Primeiro você tem que achar os cantinhos, esqueceu??
- Eu sei, lembrei que você disse isso, mas é que eu não consigo encontrar os cantos.
- Ok... Qual é a figura? Deve estar desenhado na caixa - diz o namorado.
- É um tigre - Responde, apreensiva.
- Tigre? Não me lembro desse quebra-cabeças... Se acalma, to indo 'praí'.
Chegando lá, ela o leva até a cozinha e mostra o quebra-cabeça sobre a mesa. O namorado dá uma olhada, balança a cabeça, chora, dá um soco na parede, conta até 10 três vezes e, após longo e pensativo silêncio, não aguenta e explode:
- Bota já os Sucrilhos de volta na caixa!!!

ORGULHO DE SER BRASILEIRO


Brasil é 5º pior em ranking da propina no exterior, diz Transparência Internacional

País teve nota 7,4, segundo relatório sobre 22 países que mais exportam.

Ranking é liderado por Bélgica e Canadá e tem Rússia na pior posição.(leia mais aqui)

COLUNA PAINEL

Swap no PAC


Folha de S. Paulo - 09/12/2008
 

Está no forno um decreto que, na prática, trocará algumas obras do PAC cuja execução patina por outras, hoje fora do programa-vitrine do governo, que estão em estágio avançado. As primeiras perderão dotação orçamentária em benefício das segundas.
Para o Planalto -e em especial para a presidenciável Dilma Rousseff-, a vantagem está em otimizar resultados, aumentando a quantidade de "selos verdes" a exibir no próximo balanço do programa. Para outros ministros, é a chance de incluir obras do interesse de suas bancadas na lista mais protegida das tesouradas no Orçamento e das incertezas da crise.

Veja bem
A bancada ruralista pressiona o governo a dobrar o R$ 1,5 bilhão previsto no Orçamento de 2009 para a política de preços mínimos de produtos agropecuários. A razão alegada é a crise global. 

Não fecha
Técnicos da Comissão de Orçamento concluíram que é impossível atender ao pedido dos ruralistas. A menos que se corte em áreas como educação e saúde. 

Cimento
A visita de congressistas, na sexta, a áreas destruídas em Santa Catarina deve render mais R$ 150 mi no relatório do Orçamento para a reconstrução de casas. 

Censo 1
Segundo relatório do Incra sobre a reserva indígena Raposa/Serra do Sol, cujo destino o Supremo volta a julgar amanhã, há 190 famílias à espera de assentamento. Do total, 140 reivindicam lotes superiores aos cem hectares permitidos no programa de reforma agrária e agricultura familiar. Ou seja, podem ser considerados "produtores de médio porte". 

Censo 2
O documento diz que, desde o final de 2006, foram atendidas 131 famílias, das quais 66 se enquadraram nas regras do programa. Mas os números foram caindo: só 49 apresentaram a documentação exigida pelo Incra e, desse grupo, apenas 27 aplicaram o crédito corretamente.

Trincheira
De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), 40 índios irão ao STF acompanhar a sessão. 

Cofre
Líder dos arrozeiros que se opõem à reserva, Paulo César Quartiero gastou R$ 72 mil do próprio bolso na tentativa de se reeleger prefeito de Pacaraima. Recebeu R$ 20 mil do DEM nacional. O vencedor, Altemir Campos (PSDB), levantou R$ 66 mil.

Mais um
No vácuo de opções para a próxima presidência do PT, o deputado federal Vicentinho (SP) lançou sua candidatura durante seminário da ala dominante do partido, no fim de semana. Ex-presidente da CUT, ele diz ter obtido de Lula autorização para trabalhar seu nome.

Onda
Em palestra nesse encontro, o assessor internacional Marco Aurélio Garcia afirmou que é grande o risco de a crise global levar a novas ações como o calote que o presidente Rafael Correa (Equador) ameaça dar no BNDES. 

Seletivo
Secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar defende, em artigo, "todo apoio ao governo do Equador" contra a Odebrecht, que construiu hidrelétrica no país. Mas pede que os equatorianos poupem o BNDES, financiador da obra. 

Repescagem
Depois de apontar irregularidades na primeira análise das contas de campanha de Luiz Marinho (PT) em São Bernardo, a Justiça Eleitoral aprovou na sexta-feira a nova versão. 

Pró
O polêmico projeto de lei da inspeção veicular entrará na pauta de final de ano do Congresso, incluído pelo PP a pedido do ministro Márcio Fortes (Cidades). "É preciso votar rápido uma lei nacional para evitar uma colcha de retalhos de legislações estaduais, como já está ocorrendo", diz o líder da bancada na Câmara, deputado Mário Negromonte (BA). 

Contra
Apesar do lobby poderoso no Congresso, o projeto da inspeção veicular sofre resistências em razão da reserva de mercado que criará para as empresas do ramo.

Tiroteio

"Os anos de festa foram de Lula; agora, a crise é dos outros. Por conveniência, o PT esquece que o fiador da política econômica é o presidente."


Do senador 
SÉRGIO GUERRA, presidente do PSDB, sobre o fato de o PT ter atribuído a atual desaceleração ao "modelo liberal" demo-tucano.

Contraponto

Procura-se

Lula era esperado para apresentar, na semana passada, a premiação da Olimpíada da Língua Portuguesa. Como de hábito, estava atrasado. Depois de meia hora, Rosi Campos, mestre-de-cerimônias, chamou o presidente ao palco. Nada. Para distrair a platéia, a atriz pediu aos músicos que tocassem. Minutos depois, chamou novamente o convidado.
-Ainda não? Então, som!-, ordenou.
Na terceira tentativa, Rosi desabafou:
-Desse jeito, gente, vou ter que dançar!
Lula demorou mais dez minutos para aparecer.

COMPRE! COMPRE! COMPRE!


EDITORIAL: O GLOBO

Rota de perigo

O Globo - 09/12/2008
 

Na campanha de 2002, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, teve a clarividência de assinar a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometia a respeitar contratos - não dar calotes - e não colocar em prática outras propostas delirantes que acompanhavam o partido desde a fundação. Naquela encruzilhada, Lula seguiu o caminho certo, pôde reeleger-se e construir alta popularidade. Agora, com a economia em fase de contágio pela crise mundial, o presidente é colocado, mais uma vez, diante de opções conflitantes, e também não pode errar. Como naquele momento, forças existentes no PT, com representantes próximos ao presidente, aconselham a adoção de medidas exóticas, tecnicamente equivocadas, capazes de colocar o país mais uma vez na rota da insolvência externa e da inflação sem controle. 

É preocupante que o secretário particular do presidente, Gilberto Carvalho, ao defender a concessão de desmesurados aumentos salariais ao funcionalismo, com o inchaço da folha também por meio de novas contratações - e tudo numa difícil conjuntura externa e interna -, justifique a farra fiscal pela necessidade de haver uma prestação de serviços de qualidade à população. É um engano. O que o serviço público necessita é de uma reforma que condicione aumentos salariais a ganhos de produtividade, à eficiência profissional, ao mérito, treinamento e avaliação. Nesse sentido, são esclarecedores os depoimentos, publicados pelo GLOBO de domingo, do ex-governador do Acre Jorge Vianna, do próprio PT, e do médico Jacob Kligerman, secretário municipal de Saúde. Vianna, no momento na iniciativa privada, e Kligerman, prestes a sair do posto, têm pontos coincidentes na crítica ao serviço público: arcaico, lento, onde a impunidade é a regra. 

Assim, quando Carvalho defende mais vagas e mais verbas para a burocracia estatal, ele apenas ajuda a consolidar o corporativismo existente nesse universo e a reafirmar a aliança político-eleitoral do PT com os servidores. Na realidade, não está em questão a qualidade no atendimento à população. 

Também são desaconselháveis essas despesas porque a economia necessita é de mais investimentos em infra-estrutura, a melhor alternativa anticíclica. Tentar inflar artificialmente a demanda pelos gastos públicos correntes, quando a conjuntura mundial é recessiva, resultará em ampliação do déficit externo, e sem que ele possa ser financiado, devido à escassez global de crédito. Logo, o real tenderá a se desvalorizar ainda mais, ampliando o impacto inflacionário nos preços internos. Portanto, não se sustenta a defesa oficial do inchaço da máquina. Falta Lula demonstrar o bom senso de 2002.

EDITORIAL- ESTADÃO

O PT tropeça na crise

O Estado de S. Paulo - 09/12/2008
 

Já não bastasse a fatalidade de disputar a próxima eleição presidencial, pela primeira vez desde 1989, sem a candidatura Luiz Inácio Lula da Silva, o PT terá contra si na campanha de 2010 os maus ventos da economia. Ainda que os estragos da crise financeira mundial não venham a mergulhar o Brasil numa recessão como a que já se instalou nos países centrais, bastará a ruptura do ciclo de bonança dos últimos anos para recobrir com pesadas nuvens as chances petistas de se manter no governo - com uma provável candidata, a ministra Dilma Rousseff, da escolha pessoal de Lula, sem raízes na agremiação e cujo apelo eleitoral por enquanto se traduz em índices de um dígito nas pesquisas de intenção de voto. Além disso, tampouco se sabe até que ponto a popularidade do presidente se manterá incólume, à medida que se frustrarem as atuais expectativas otimistas da maioria da população, e, menos ainda, qual será a sua capacidade de carrear votos para a sua afilhada política, no cenário de adversidade que se desenha.

O PT, portanto, tem motivos de sobra para se inquietar - e para procurar, desde já, uma estratégia eleitoral que atenue o dano inevitável da ausência, na cédula eletrônica, do nome que agrega votos numa escala a que a legenda não pode aspirar, para si, nem em sonho. Será, ao que tudo indica, uma jornada acidentada e de resultados duvidosos. 

O primeiro passo, pelo menos, foi um tropeço. No último fim de semana, mais de 200 dirigentes partidários se reuniram em São Roque, no interior paulista, para um encontro da corrente Construindo um Novo Brasil, que controla o PT, nascida dos escombros do antigo Campo Majoritário, alcançado em cheio pelo escândalo do mensalão em 2005 (o que não abalou a liderança, no grupo, do ex-ministro José Dirceu). Ao cabo de três dias de palestras, com a presidenciável Dilma no papel de debutante, a elite petista chegou à notável conclusão de que a culpa pela versão brasileira da crise econômica cabe ao PSDB e ao DEM.

"A crise tem pai e mãe", proclamou no encerramento da reunião o secretário nacional de Comunicação do partido, Gleber Naime. "Ela é uma crise do modelo neoliberal, daqueles que no Brasil defenderam as idéias de desregulamentação do Estado, ou seja, o PSDB e o DEM. E esse debate o PT vai fazer." A confusão é geral. Para começar, os petistas agem como se as políticas que têm como anátema - aquelas iniciadas no primeiro governo de Fernando Henrique a partir da estabilização da moeda brasileira, com a criação do real, e sensatamente mantida, até hoje, pelo presidente petista - não fossem os alicerces de toda sua imensa popularidade. Além disso e mais importante ainda, foi graças a essas políticas, impropriamente rotuladas de neoliberais, que o Brasil é apontado hoje como o país mais apto entre os emergentes a resistir ao tsunami global. Ou, nos termos de um relatório da OCDE, divulgado na última sexta-feira, o cenário é de perda de ritmo, não de "forte desaceleração".

Se o PT, portanto, for aos palanques de 2010 com o dedo acusador apontado para o "modelo falido", como causador do que vier a ser, até lá, a crise no Brasil, estará fazendo campanha contra o governo de seu maior líder histórico e seu principal eleitor. O paradoxo é gritante - e revelador do bloqueio mental de que padece o petismo. O que a companheirada é incapaz de admitir é que não houve no Brasil, sob Fernando Henrique, nada que lembre a desregulamentação dos mercados financeiros nos EUA. Ao contrário, o Proer, que os petistas combateram a ferro e fogo, foi o que proporcionou ao sistema bancário nacional a estabilidade graças à qual não teve o destino dos seus congêneres da América do Norte e da Europa. Também no plano do Estado, foi a "herança maldita" da administração FHC - com a Lei de Responsabilidade Fiscal e o equilíbrio das contas públicas - que hoje permite ao governo fazer praça do seu preparo para enfrentar a conjuntura ameaçadora.

"(No passado), o governo quebrava, perdia a capacidade de fazer política monetária, de expandir crédito", lembrou dias atrás Dilma Rousseff. "Hoje, estamos em situação diferente, temos todos os instrumentos para agir na crise. Podemos ampliar crédito e (adotar) tantas outras medidas para garantir uma aterrissagem mais suave." Para o PT, é porque Lula mudou tudo?

LULA FALA DEMAIS


 Vinicius Torres Freire
Folha de S. Paulo - 09/12/2008
 

Lula faz política econômica no grito, arruma confusão inútil com o BC e não apresenta plano anticrise organizado

O PESSOAL do Banco Central está tenso. Já estava tenso com os relatos que ouviu de Henrique Meirelles a respeito de reuniões da cúpula do governo. Ficou ainda mais nervoso com os discursos de Lula, que dos palanques diz que as taxas de juros são inaceitáveis. Um diretor do BC chegou a dizer que ia embora. Outro ficou mais tiririca após ler coluna de Kennedy Alencar, colega da 
Folha, publicada domingo na Folha Online
O suco do que Alencar escreveu é o seguinte: "Lula estuda agora uma eventual interferência política pública e assumida para forçar uma queda da taxa básica de juros caso o BC insista em manter os juros no atual patamar ou não sinalize que vai baixar a taxa no ano que vem". 
O pessoal do Planalto, pois, está animado com a possibilidade de dar um xeque no BC. Mas faz seis anos que Lula recorre ao truque de se fazer de vítima desentendida do BC, repetido a cada semana prévia às reuniões do Copom. Mas a chorumela luliana não foi de todo sem conseqüências e, desta vez, está em tom acima do queixume habitual. 
No início de Lula 2, Meirelles, político esperto, aproveitou saídas voluntárias da diretoria do BC para formar equipe um pouco menos divergente das idéias da Fazenda. A atual direção do BC é mais discreta e menos carne de pescoço que a de Lula 1. Ainda assim, é o que a cúpula do PT chama de "último bastião da ortodoxia" no governo, opinião reiterada e trombeteada na reunião da tendência majoritária do partido, encerrada domingo. 
Nesta temporada pré-Copom, Lula fez mais pressão sobre bancos privados, via emissários, entre eles o próprio Meirelles. Coloca na parede os presidentes dos bancos estatais. Fez discursos cada vez mais irados contra juros. Sentiu o baque da crise próxima, os pátios cheios de carros, o tombo da indústria, as primeiras levas de demissões. Um assessor próximo diz que não via Lula tão irritado com a economia desde o tempo em que se frustrava o "espetáculo do crescimento". 
Mas Meirelles não pode torcer o pescoço de sua diretoria, com o que perderia credibilidade na praça. 
Lula daria um tiro no pé se pusesse Meirelles para fora, em meio a tal crise. Mas, segundo suas próprias idéias, o BC tem tantos motivos para cortar a Selic como na reunião do Copom de outubro: nenhum. O cenário econômico está muito turvado e incerto, inflação e expectativas não desandam mas não baixam, o dólar foi à estratosfera. 
Mas o ambiente mudou. A curva de juros de mercado levou um tombo de um mês para cá. Bancões dizem "aceitar" que a Selic caia em janeiro. Se o dólar não for da Lua a Marte, o ideal seria o BC não fazer nada agora e dar um talho significativo na Selic caso o PIB embique para baixo entre o fim de 2008 e o início de 2009. Agora, com a falação luliana, o caldo pode entornar. 
Lula poderia ter apresentado um plano coerente e organizado para o período de crise, encaixando o BC no programa e cobrando a fatura da Selic, mas atrás do pano. Poderia cumprir a promessa de palanque de cortar custeio, tomar medidas para dificultar a festa cambial do mercado, organizar com Estados o deslanche de obras mal paradas etc. Mas Lula gosta de falar.

ELIANE CANTANHÊDE

Gol 1907


Folha de S. Paulo - 09/12/2008
 

As conclusões finais sobre o choque do jato Legacy com o Boeing da Gol, amanhã, encerram mais de dois anos de um minucioso trabalho de investigação que parte de três bases: as caixas-pretas dos dois aviões, os dados do controle de tráfego aéreo em terra e os depoimentos de sobreviventes. 
Na lista dos 30 maiores acidentes aéreos do mundo, só três foram por choque de aeronaves em pleno ar. O Gol 1907 é um deles, com uma característica única: um dos aviões, justamente o pequeno Legacy, escapou com seus seis ocupantes. 
O Cenipa, chefiado pelo brigadeiro Kersul Filho, reproduziu, com apoio de técnicos brasileiros, norte-americanos e canadenses, 261 páginas e o que eles chamam de "animação". São duas horas, em três telas, a maior para o mapa e o percurso das duas aeronaves -o Legacy rumo ao norte, e o Boeing no sentido inverso, ambos a 37 mil pés. 
Ao lado direito, a tela de cima tem a movimentação do Legacy, e a de baixo, a do Boeing. A qualquer momento, é possível congelar a imagem e confrontá-la com o registro dos computadores do Cindacta. Assim, é possível saber exatamente onde o Legacy estava quando o seu transponder sumiu dos radares, às 19h01min27s3 (hora Zulu, três a mais que a brasileira naquele mês). 
Isso foi decisivo para a tragédia, que matou 154 pessoas. Mas ela foi tramada caprichosamente por vários e inacreditáveis erros humanos, desde a decolagem do Legacy de São José dos Campos (SP). A mistura de controladores distraídos e despreparados com pilotos displicentes, que desconheciam a máquina e as regras no Brasil, foi explosiva. O azar fez o resto, expondo as vísceras do sistema brasileiro. 
Todos os lados tendem a despejar mágoas e autodefesas contra o relatório, mas ele foi produzido dentro das técnicas internacionais. A culpa da tragédia não foi do Cenipa, e as conclusões, infelizmente, não trazem vidas de volta. Mas ajudam a evitar novas mortes e tanta dor.

TÁ NO GLOBO

PARAGUAI QUER AGORA DAR CALOTE DE US$19 BI

UM "PERDÃO" DE US$19 BILHÕES
Autor(es): Ricardo Galhardo
O Globo - 09/12/2008
 

País vizinho vai propor que Brasil "perdoe" dívida da usina de Itaipu 

Governo do Paraguai quer empurrar para o Brasil maior parte das dívidas de Itaipu 

Após a recusa do Equador a pagar US$243 milhões ao BNDES, agora é a vez do Paraguai que, depois de amanhã, apresentará ao Brasil a proposta de "perdão" de US$19 bilhões referentes à obra da hidrelétrica de Itaipu, concluída em 1984. O Tesouro paraguaio assumiria outros US$600 milhões, equivalentes a 3% da dívida. O autor da proposta é o engenheiro Ricardo Canese, negociador do governo Lugo. O ministro Edison Lobão disse ainda desconhecer a proposta. 

Após o Equador contestar empréstimo feito junto ao BNDES, o governo do Paraguai apresentou oficialmente proposta para mudar os pagamentos pela energia de Itaipu. Batizada "Solución Todos Ganan" (Solução todos Ganham, em português), o texto prevê a transferência da dívida da usina hidrelétrica binacional, de US$19,6 bilhões, para o Tesouro dos dois países. Mas a divisão não seria igual: o Tesouro paraguaio assumiria US$600 milhões, enquanto o Brasil arcaria com US$19 bilhões. 

O Brasil ainda não respondeu à proposta, apresentada a seus representantes no dia 27 de outubro, mas em conversas reservadas a "solução" é classificada como "estapafúrdia". A próxima reunião entre os dois governos acontecerá quinta-feira, em Foz do Iguaçu (PR). 

O autor da proposta é o engenheiro Ricardo Canese, um dos coordenadores da campanha do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Canese, autor de outras teses polêmicas, é o negociador oficial do governo Lugo na Subcomissão de Análise da Dívida do Paraguai. 

O GLOBO teve acesso a uma versão simplificada da proposta, na qual Canese resume o plano em apenas sete páginas. Os dois governos assumiriam os US$19,6 bilhões de dívidas de Itaipu. Cada país arcaria com o valor correspondente à energia contratada entre 1985 e 2008. No período, o Brasil usou 97% da potência de Itaipu e o Paraguai, 3%. Atualmente, Brasil e Paraguai pagam, cada um, aproximadamente US$1 bilhão em encargos da dívida (juros e amortizações) por ano. 

Lugo quer receita de US$1,6 bilhão 

O Brasil teria direito a 50% da energia ao custo de US$12/MWh. Hoje, o preço médio é de US$40/MWh para o consumidor brasileiro. O Paraguai também receberia 50% da energia a US$12/MWh. Hoje, o país paga US$32/MWh. O excedente da energia paraguaia (pela qual o Brasil tem preferência de compra, segundo o tratado de Itaipu) seria vendido a US$57/MWh. Assim, o governo paraguaio passaria a receber US$1,6 bilhão por ano. Atualmente o país vizinho recebe US$380 milhões líquidos. Quadruplicar o ingresso de recursos derivados de Itaipu foi uma das bandeiras de Lugo nas eleições deste ano. 

- A chance de a proposta prosperar é zero - disse uma fonte do governo brasileiro. 

Canese argumenta em favor de seu plano para Itaipu. 

-Todos saem ganhando. O consumidor brasileiro e paraguaio teriam energia mais barata, a hidrelétrica estaria capitalizada, os dois governos teriam dinheiro efetivo para investimentos na área energética e o conflito com o Paraguai estaria resolvido - disse Canese. 

Antes desse novo plano, Lugo chegou a sugerir a suspensão do pagamento da dívida, por contestar os valores. Em troca, o Brasil sugere financiar até US$200 milhões para a modernizar a rede de distribuição no Paraguai para que o país possa atrair empresas por meio da oferta de energia barata. Oficialmente, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse desconhecer a proposta. A assessoria do Itamaraty também informou que não recebeu "nenhuma proposta neste sentido".

O IDIOTA


NAS ENTRELINHAS

A crise, o “sifu” e os 70%


Correio Braziliense - 09/12/2008
 


Tratar a crise em tom emocional pode ser bom para a popularidade de Lula. Mas o que está em jogo é o Brasil e será necessário mais que um bom discurso

Esta coluna, vocês sabem, é produzida em revezamento. A mim cabem as terças e quintas-feiras. Por conta desse calendário, ainda não tive a chance de escrever sobre o “sifu” pronunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada. Pode parecer assunto velho, mas não dá para resistir. O palavrão presidencial merece uma análise mais profunda. Ao contrário do que pensa a maioria, não atribuo a arroubos ou escorregões os momentos mais folclóricos dos discursos presidenciais. Lula pensa no que fala. Mesmo quando parece que não. 

Vale a pena recapitular o episódio. Na quinta-feira, durante uma cerimônia oficial, o presidente usou uma metáfora para dizer que era necessário manter o otimismo diante da crise econômica internacional. Comparou o papel do governo ao de um médico, para quem é aconselhável dizer que o paciente vai se recuperar. “Ou você diria ao paciente ‘sifu’? Se você chega dizendo a gravidade da doença, acaba matando o paciente.” 

A declaração causou constrangimento. A ponto de a Presidência da República tê-la censurado em sua página na internet, na qual são preservados para a posteridade todos os pronunciamentos do primeiro mandatário da nação. A incômoda expressão foi registrada como “inaudível”, embora o país inteiro a tivesse escutado em alto e bom som no Jornal Nacional, da TV Globo. 

Seguiu-se, como seria de esperar, uma onda de protestos. Parte veio de gente genuinamente indignada. Parte, de adversários declarados do governo, na política ou na mídia. Toda a crítica foi centrada naquela palavrinha de quatro letras, resumo de uma expressão que não fica bem citar por inteiro em uma coluna familiar. Mas há uma declaração mais grave por trás do sifu. Que passou despercebida na poeira levantada pelos ohs! e uhs! dos moralistas. 

O que disse Lula? Que é importante manter o discurso otimista, mesmo se não houver motivos para tanto. É melhor não assustar o doente. Não sei quanto a vocês, mas eu prefiro saber a gravidade do quadro. Até para adotar o tratamento mais adequado. Daqui para frente, vou redobrar a desconfiança quando ouvir o presidente e sua equipe garantirem que está tudo bem e a crise não vai atingir o Brasil. Será que é isso mesmo? Ou eles não querem nos assustar? Talvez seja melhor tirar outra radiografia, ou pedir a opinião de mais um médico. No meu caso, a falta de confiança no doutor é um fator capaz de induzir a crises pesadas de hipocondria. 

A declaração revela muito da visão do governo sobre a crise. Lula realmente acredita que ela vai passar. É o que percebo nas conversas que tenho com fontes do Palácio do Planalto. Para ele, o grande perigo está no pânico, que pode contaminar a sociedade e paralisar a economia. É compreensível e será bom se ele estiver certo. Mas o país não compartilha esse otimismo oficial. Não sai da lembrança a frase na qual Lula comparou a uma “marolinha” o tsunami que varre a economia mundial. As notícias cotidianas indicam um quadro preocupante, no qual a crise se estende para a economia real. 

Para entender os discursos presidenciais, é preciso saber que eles servem a dois objetivos. O primeiro é o de salvar o doente, no caso a economia brasileira. Lula quer evitar o aumento no medo, identificado por ele como o grande veneno. O outro, é preservar o governo. É preciso demonstrar que a culpa pela crise não é de Lula ou sua administração. Aí se explicam as bravatas lançadas contra o presidente americano George W. Bush e as promessas de que a encrenca não ultrapassaria o Atlântico. 

Lula quer demonstrar que está fazendo todo o possível para resolver o problema e que, se isso não aconteceu, é culpa dos outros. Nesse ponto, o discurso em tom populista, com simplificações e o apelo a expressões pouco protocolares, é uma arma. A maior parte do público que assiste à TV pode não compreender as explicações macroeconômicas, mas entende o “sifu.” 

Ao que parece, vem dando certo. A pesquisa mais recente do Datafolha mostrou que a popularidade presidencial atingiu um patamar inédito. O trabalho de Lula foi considerado “ótimo ou bom” por 70% dos entrevistados. Isso num momento em que o crédito diminuiu, a produção industrial encolheu e alguns setores já começam a demitir. Na semana passada, amigos inteligentes e a quem respeito sustentavam a tese de que o grande problema da crise era a ação alarmista da imprensa, interessada em piorar a crise para dificultar a vida de Lula. Não adiantou nada argumentar que tal tática seria suicídio, uma vez que a mídia depende diretamente da força da economia. “Eles têm como resistir”, me disse um deles. 

Tratar a crise em tom emocional pode ser bom para a popularidade de Lula. Mas o que está em jogo é o Brasil. E será necessário mais que um bom discurso.

DORA KRAMER

O bagaço da laranja


O Estado de S. Paulo - 09/12/2008
 

Difícil vai ser o PT convencer alguém com neurônios em estado razoável de conservação. Noves fora esse detalhe, é perfeita a estratégia do partido de transferir a culpa da crise econômica para o PSDB: se os tucanos importaram o modelo e ele desmorona, é preciso eleger uma pessoa comprometida com a mudança.

Seria apenas elementar o silogismo não fosse tosca e, sobretudo, cínica a tentativa do PT de ficar no poder mediante a reinvenção de um discurso de crítica aos fiadores originais da política econômica adotada pelo partido em dois períodos consecutivos frente à Presidência da República. 

Isso depois de se negar a dividir com os autores os bons resultados obtidos ao longo de seis anos, de se apropriar do fim da inflação, da estabilidade da moeda e de todos os fundamentos, cuja adoção anterior permitiu ao governo Luiz Inácio da Silva desfrutar dos efeitos da bonança internacional e amealhar respeitável patrimônio de 70% de popularidade.

Tal decisão não é fruto de opiniões isoladas, coisa daquela ala antigamente denominada xiita. Foi anunciada pelo tesoureiro do partido - "É a crise de um modelo do qual o governo FHC e o DEM foram os grandes patrocinadores no Brasil" - e corroborada pelo presidente da agremiação, deputado Ricardo Berzoini.

"Eles (os partido hoje de oposição) avalizaram o movimento neoliberal no Brasil", disse Berzoini todo convicto de que o ataque pesado à política inaugurada nos anos 90 é a saída ideal para o PT tentar eleger Dilma Rousseff ou quem quer que venha a ser o candidato, ou candidata, oficial à sucessão de Lula.

Pelo que se depreende do debate ocorrido entre dirigentes petistas no último fim de semana no interior de São Paulo, o partido pensa em patrocinar uma volta às origens, a fim de se credenciar ao recomeço; de preferência do zero naquilo que for conveniente.

Por exemplo: anula-se o desgaste de dois mandatos, a desmoralização resultante dos escândalos, a banalização das más companhias, a degeneração fisiológica, a perda da bandeira da ética em algum lugar no meio desse caminho e volta-se a preconizar ao eleitorado a "mudança". 

A motivação para se dar um "boot" na máquina seria um problema, mas eis que a crise econômica surge para dar a solução aparentemente ideal: ao mesmo tempo permite ao PT dar o dito pelo não dito e ainda é uma maneira de atacar o principal candidato, o tucano José Serra, em primeiro lugar nas pesquisas.

O singular é que a nenhum dos dirigentes tenha ocorrido a hipótese de a argumentação soar tenebrosa ao eleitorado, do ponto de vista, senão da coerência (preceito devidamente revogado), pelo menos da amoralidade.

Evidentemente, o PT não espera que no meio da turbulência de conseqüências ainda desconhecidas o "seu" governo vá mudar radicalmente o rumo das coisas. Portanto, no essencial a política segue como está.

Sendo assim, como é que o PT pode pensar que o eleitor vá votar no representante de um governo que faz uma coisa, cujo partido diz que está errada, e promete, se eleito, fazer tudo diferente? 

Como espera que alguém acredite que a responsabilidade seja dos dois partidos de oposição que estão há seis anos assistindo à comemoração do desempenho de uma política, sem direito a um mísero ingresso para a festa? 

Pois então o governo usa e abusa de uma herança dita "maldita" no início, usufruiu de todos os méritos, subtrai do registro da História a assinatura dos autores e, quando o vento vira, devolve o capital dilapidado e sai ileso dizendo que não tem nada a ver com isso?

Foi isso o que propôs o PT em seu encontro de São Roque. Agora, pode ter havido um mal entendido. Se houve, urge o PT esclarecer as coisas o quanto antes. 

Sob pena de fazer fama de mau caráter na praça, de querer crescer à custa de difamação, de não ter aplicado a fórmula correta a tempo de evitar o desastre e, pior, de não ter uma única idéia nova a apresentar ao eleitorado para justificar sua permanência no comando na Nação. 

Antes que o leitor lembre a ausência de pensamentos (qualquer um, novos ou velhos) também na oposição, cumpre registrar ser este um fato sobejamente conhecido. Quem se apresentou ao debate com a novidade da estação foi o PT e, com isso, reservou mesa de pista na berlinda. 

Mas admitamos que seja isso mesmo, que o PT pretenda reeditar em 2010 o discurso de 2006, atacando os neoliberais, os privatistas, os fiéis seguidores do Banco Central etc. 

Ver-se-á frente a frente com um adversário de "top" semelhante. Com a diferença que José Serra discorre a respeito desse conteúdo de uma forma muito mais consistente, concorde-se com ele ou não. 

Se o intuito do PT for justamente se preparar para enfrentar o adversário no campo localizado à esquerda, vai precisar de um invólucro melhor do que este da devolução da herança na antiga versão maldita, depois da satisfação obtida ao longo de dois mandatos consecutivos.

ILIMAR FRANCO

Lambança

 Panorama Político
O Globo - 09/12/2008
 

Para voltar a liderar a bancada do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) está oferecendo ao atual líder, Valdir Raupp (RO), o que não pode entregar: a liderança do governo no Congresso. O cargo é ocupado por Roseana Sarney (MA) e a negociação está sendo feita à revelia do presidente Lula. A movimentação das peças pretende evitar que o PMDB do Senado se divida ainda mais.

Serra, Datafolha e prévias 

A equipe do governador José Serra está exultante com os resultados da pesquisa Datafolha. Avaliam que, mantido esse patamar, não faz nenhum sentido realizar prévias para escolher o candidato do PSDB. Na direção nacional tucana também há resistências à consulta. Lá se diz que isso poderá transformar-se em um obstáculo, caso Serra se consagre candidato derrotando o governador Aécio Neves. Um dirigente tucano explica que há um sentimento disseminado entre os mineiros de que Aécio deveria ser candidato à Presidência. Por isso, teme que esses eleitores não dêem apoio a quem inviabilizou o sonho do estado. 

As pessoas valorizam as mudanças que fizemos, mas não a identificam com um projeto estruturalmente diferente do anterior" - Luiz Dulci, ministro da Secretaria Geral da Presidência 

MÃO NA MASSA. Pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff deu um caloroso abraço no rapper MV Bill ontem, no lançamento da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública. Organizada pelo ministro Tarso Genro (Justiça), a conferência vai reunir 2.000 delegados para debater a política para o setor. Serão 810 representantes da sociedade civil, 607 trabalhadores e 607 autoridades indicadas pelo ministério. 

Vingança 

Uma das mágoas do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) com os petistas deve-se à abstenção em seu processo de cassação. Embora tenha contribuído para sua absolvição, ele esperava que os aliados assumissem sua defesa. 

Cesar Maia alerta contra a euforia 

Aliado do governador José Serra, o prefeito do Rio, Cesar Maia, reagiu com cautela aos resultados da pesquisa Datafolha. Numa roda de conversa, alertou que a eleição de 2010 não será um passeio. Ele prevê que as intenções de voto em Serra cairão quando for sacramentado publicamente o candidato oficial. "O governo é que ainda não tem exposição com efeito eleitoral, além da figura do Lula", comentou Maia. 

Medicina em Cuba 

As comissões de Seguridade Social e de Educação da Câmara dos Deputados rejeitaram projeto que permite o reconhecimento de diplomas de médicos brasileiros formados em Cuba. Mesmo assim, o projeto ainda vai a plenário. A proposta é fruto de acordo internacional firmado pelo governo brasileiro. O objetivo é validar diplomas de medicina expedidos em Cuba sem a necessidade de provas, levando em conta apenas se a grade curricular é compatível . 

ÀS VÉSPERAS de deixar a presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) arquivou a CPI da TVA. Alegou inexistência de fato determinado. 

UMA SEMANA depois da Construindo um Novo Brasil, corrente majoritária no PT, a Mensagem ao Partido fará seminário nacional em São Paulo, no sábado. As discussões serão sobre a crise internacional e as eleições de 2010. 

PREPARAÇÃO. Já a Construindo um Novo Brasil prepara reuniões nos 27 estados, em março.

É o cara 

O PSB vai embalar a candidatura de Ciro Gomes, depois de amanhã, no Recife, quando o governador Eduardo Campos será reconduzido à presidência do partido. Ciro é o nome dos socialistas para concorrer ou para compor chapa.

TERÇA NOS JORNAIS

Globo: Paraguai quer agora dar calote de US$ 19 bi

Folha: Expectativa de mais ajuda oficial faz Bolsas subirem

Estadão: Crise provoca queda na arrecadação

JB: Deflação já ameaça economia brasileira

Correio: É o fim do espetáculo

Valor: Reservas devem financiar rolagem de dívida externa

Gazeta Mercantil: Redes de 3G derrubam ligações em SP

Estado de Minas: 7.221 jovens motoristas perdem a carteira