Ainda chocado com o teatrinho ridículo de Mano e da seleção ontem à noite.
Para quem não viu: a CBF trouxe um boi de piranha – a China – para ser goleado e aliviar a pressão em cima do técnico Mano Menezes, que faz um trabalho esquizofrênico no comando do time.
Na verdade, seriam dois bois de piranha, mas a seleção brasileira é tão ruim que fez jogo duro até com a África do Sul.
A China, me perdoem os orientais, é uma piada. Acho que foi a pior seleção profissional que já vi jogar. Sem exagero, esse time chinês perderia da seleção brasileira feminina.
O time de Mano ganhou de 8 a 0 e saiu de campo com aquela pompa de “dever cumprido”.
Jogadores só falavam da “ótima atuação” contra “um adversário de respeito”. Na coletiva, Mano teve a pachorra de dizer as palavras “China” e “forte” na mesma frase.
E o pior é perceber que não houve UM jornalista para questioná-lo. As perguntas variaram do patriotismo mais rasteiro (“O time parecia muito unido ao cantar o hino…”) ao puxa-saquismo mais embaraçoso (“O Brasil não deixou a China jogar…”).
Para piorar, técnico e jogadores exaltavam a torcida nordestina e creditavam ao “grande apoio” dela a atuação do time.
“Grande apoio”? Onde?
O estádio do Arruda recebeu 29.658 pessoas. Ano passado, quando estava na 4ª divisão do Brasileiro, a média de público do Santa Cruz era de 36.916 pessoas.
A torcida nordestina foi tratada como claque de programa de auditório. Pelas declarações exultantes dos jogadores e de Mano, parecia que a única coisa que se esperava do torcedor nordestino era apoio cego e incondicional, por pior que jogasse o time.
É muito triste perceber que o escrete canarinho virou um joguete de relações públicas na mão da CBF.
Triste notar que Mano, com a cara de pau que estamos acostumados a ver em políticos, escala o são-paulino Lucas de titular num jogo no Morumbi e o nordestino Hulk para um jogo em Recife.
Mais que um teatrinho, a seleção parece uma “boy band”, tipo Jonas Brothers.
Temos um produto – o time – de qualidade sofrível, mas que é vendido como a última bolacha do pacote.
Os “atores” – os jogadores – são jovens, bonitinhos e facilmente manipuláveis, prontos a bater continência para qualquer coisa que o empresário – a CBF – disser.
Nos “shows”, todos têm seu script: o time ganha de um adversário ridículo, a claque bate palmas, e os jornalistas, ou melhor, assessores de imprensa, tratam de levantar a bola do time.
Nossos Jonas brothers têm até coreografia. É só ver a dancinha de Lucas e Neymar após um dos gols de ontem.
Para completar, chega o intervalo do jogo e qual o primeiro comercial que pinta na TV?
O super-herói Neymar, chutando a caspa para longe com chutes de videogame.
Chega logo, Maracanazo!