quinta-feira, abril 05, 2012

Calma, gente - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 05/04/12



O site “A verdade sufocada”, de militares viúvas da ditadura, publicou (fruto de um trabalho de jornalismo investigativo ou então de arapongagem) foto, nome, profissão e endereço eletrônico de cinco jovens que teriam participado daquela manifestação em frente ao Clube Militar no dia 29 de março e que acabou em tumulto. Lá dentro, como se sabe, ocorria um ato para celebrar os 48 anos do golpe.

Segue...

O site publica ainda o vídeo em que o cineasta Silvio Tendler, autor de “Jango” e “Anos JK”, convida pessoas para a manifestação contra a ditadura.

Clube Nextel

De um conhecido sambista ao saber que Demóstenes Torres e seu grupo usavam um Nextel habilitado nos EUA para manter conversas secretas: — Lugar que tem muita gente de Nextel e mulherada de perna grossa com shortinhos curtos é lugar de milícia ou de outro tipo de gente barra-pesada. É. Pode ser.

Cem anos

Ziraldo está produzindo um selo especial para festejar os cem anos do futebol do Flamengo. O convite foi feito por Patrícia Amorim. A ideia é que o desenho seja aplicado em todo o material alusivo à data utilizado pelo clube.

União Europeia

A embaixadora Vera Machado será representante do Brasil junto à União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica.

Chico americano

A editora Sextante comprou os direitos de publicação no Brasil do novo livro de James Van Praagh, espécie de Chico Xavier americano. “Laços de amor eterno”, na lista dos mais vendidos do “New York Times”, sai este mês.

NUM MOMENTO em que a política de segurança de Cabral está sendo posta em xeque na Rocinha, a coleguinha Márcia Foletto flagrou esta cena inusitada: um motoqueiro resolve dar carona em sua garupa, sem qualquer segurança, a um cachorro. Pelo visto, além de segurança pública, tem gente na comunidade que precisa zelar melhor pelos animais.

Cadê Portinari?
Os curadores do Google Art Project selecionaram obras de mais de uma centena de artistas brasileiros e as dividiram em três coleções. Candido Portinari (1903- 1962) ficou de fora, para surpresa, inclusive, de João Candido, filho do grande artista e diretor do Projeto Portinari.

Aliás...

Na sua última versão, a coleção de arte do Google juntou 30 mil obras de 134 museus de 40 países.

O sucesso de Dilma

A palestra que Dilma fará na vetusta universidade de Harvard, em Boston, terça, já é um sucesso de público. A procura foi tão grande que sortearam ingressos para a plateia. É alentada a comitiva de Dilma aos EUA: sete ministros, a governadora Roseana Sarney, a senadora Marta Suplicy e o presidente da Finep, Glauco Arbix.

Crime e castigo
A 16a- Câmara do TJ do Rio, por unanimidade, mandou que a prefeitura do Rio indenizasse em R$ 3 mil a auxiliar administrativa, lésbica assumida, Cláudia Regina Gaspar da Silva. É que um guarda municipal a teria chamado, segundo o advogado Armando Souza, de “sapatona”, entre outras ofensas.

Disque-bike

Com as UPPs dominando os morros da Zona Sul do Rio, cresce o uso de bicicletas para a entrega de drogas em domicílio. “Aviões” em duas rodas fazem do trecho da Rua Rodolfo Dantas, próximo à Rua Carvalho de Mendonça, em Copacabana, o seu 
ponto de embarque.

Faz sentido

Passageiros do voo 3837 (Brasília-Rio) da TAM chegaram ao Galeão por volta das 21h20m de terça-feira e esperaram cerca de 20 minutos por um operador de finger. E o piloto: — Senhores passageiros, uma hora ele aparece...

Túnel brilhando

O Túnel General Coelho Cintra, o Túnel Novo, que liga Copacabana e Botafogo, no Rio, é o primeiro da cidade a ter iluminação em LED. Estão em teste cinco luminárias, repare na foto, desenvolvidas para a arquitetura do túnel, tombado pelo Iphan.

Fábrica de dinheiro - ROGÉRIO GENTILE


FOLHA DE SP - 05/04/12


SÃO PAULO - O escândalo da compra inútil de 28 lanchas pelo governo Dilma Rousseff é revelador da criatividade da politicagem brasileira na hora de resolver um de seus principais problemas, que é justamente o de como fabricar dinheiro.

Seu roteiro é um verdadeiro "manual do malfeito". Em primeiro lugar, o Ministério da Pesca simplesmente inventou uma necessidade. Comprou por comprar. Disse que precisava aumentar a fiscalização ambiental da atividade pesqueira no país, mesmo não tendo a competência legal para atuar nessa área.

Também não avaliou se órgãos que podem fazer tal fiscalização, como Marinha, Polícia Militar e Ibama, precisavam de tais embarcações e se teriam condições para mantê-las.

O segundo passo foi realizar uma concorrência com graves suspeitas de dirigismo, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União.

O ministério fez tantas e tão específicas exigências que pouquíssimos estaleiros teriam condições de disputar. O texto chegava a especificar as configurações do banheiro do barco.
Sem a competição, evidentemente, o governo federal acabou comprando barcos por valores superiores aos praticados pelo mercado. "Pelo que pagou por cinco lanchas, o ministério poderia ter adquirido seis", diz a auditoria do TCU.
O final da história é o clássico. Um assessor do Ministério da Pesca procurou o fabricante e, obviamente, conseguiu uma doação para as campanhas eleitorais do PT de Santa Catarina, coincidentemente o partido e o Estado do então ministro da Pesca.

E as lanchas? Bom, quase três anos após a primeira licitação, quando a auditoria do tribunal de contas foi finalizada, 23 dos 28 barcos estavam fora de operação, muitos deles guardados pelo próprio estaleiro, pois não havia onde ser entregues, e correndo risco de sofrer danos por falta de manutenção adequada.
Fabricado o dinheiro, claro, não havia motivo algum para o ministério se preocupar com as embarcações.

Guerra de escândalos - DENISE ROTHENBURG


Correio Braziliense - 05/04/12


Ou os políticos aproveitam a crise envolvendo Carlos Cachoeira para, com uma CPI, limpar a própria imagem ou nada muda: Dilma continuará nas alturas, alheia às crises, enquanto os políticos e os partidos permanecerão como os patinhos feios da história


Prepare-se, leitor: pelo que se ouve nos corredores do Congresso, cada um tem um alvo a atacar quando as excelências voltarem ao trabalho depois do feriadão de Páscoa — que, para muitos parlamentares começou há sete dias. E a guerrilha em curso desconhece a divisão base aliada ou oposição. Tem para todos os gostos e todas as searas. Pedidos de CPI pululam. E, reza lenda, CPI é igual água mole em pedra dura: tanto bate... até que fura. E, para desgosto dos congressistas, está cada vez mais desgastante para os congressistas evitar essas investigações. E os motivos para isso são os mais variados.

Dentro do PMDB, por exemplo, há um grupo de prontidão, cansado de ver os seus integrantes perdendo espaço. Essa turma espera apenas que a oposição comece a instigar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério da Pesca e os negócios da pasta que têm relação direta com empresas doadoras de recursos à campanha da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Ela concorreu ao governo de Santa Catarina em 2010. Os peemedebistas não veem a hora de o governo Dilma bater à porta do partido para pedir ajuda contra CPIs que tentem emparedar Ideli ou a área econômica — leia-se o escândalo relacionado à Casa da Moeda.

Mas esse não é o único foco. Enquanto parte do PMDB torce para ver Dilma dedicada a salvar ministros, grupos de petistas monitoram os pedidos de CPI para investigar o empresário do jogo do bicho Carlos Cachoeira. Há, dentro do PT, quem seja capaz de apostar o 14º e 15º salários dos senadores na seguinte troca: se a oposição quiser mexer com Ideli, que aguente o tranco sobre os seus. Afinal, Demóstenes Torres deixou de ser do DEM, mas continua no campo oposto ao governo Dilma.

Por falar em governo...
Diante de tanta tensão nesse início oficial do feriadão no Congresso, pode ter certeza, leitor, de que a crise não cessará. Em especial, depois que o Ibope registrou a alta popularidade da presidente Dilma Rousseff. A pesquisa CNI Ibope indicou que ela obteve 77% de aprovação popular no auge de seu entrevero com a base e a troca dos líderes do governo nas duas Casas. Isso demonstra que a população, descolada dos congressistas, aprova a forma como Dilma enquadra os políticos. Sendo assim, ela não tem por que mudar essa relação. Pelo menos, não agora.

Curiosamente, os entrevistados não atribuem a ela os erros por ter escolhido dos ministros que terminaram afastados. Ela os afastou e isso é que importa para o cidadão comum, conforme as pesquisas. O desgaste permanece 100% no colo dos partidos e, por tabela, no Congresso. Ainda mais agora que a Casa se vê novamente sob fogo cruzado por conta de várias mazelas, 14º e 15º salários, Carlinhos Cachoeira e suas relações tanto com o senador Demóstenes Torres, que já saiu do DEM, quanto com deputados de dentro e de fora da base governista.

Por falar em mazelas...
O desgaste dos políticos chegou a tal ponto que, ou eles agem como Dilma e aproveitam a crise envolvendo Carlos Cachoeira para com uma CPI limpar a própria imagem — ainda que cortando algumas peças do tabuleiro — ou nada muda: Dilma continuará nas alturas, longe das crises, enquanto os políticos e os partidos permanecerão como os patinhos feios da história.

Por falar em permanecer...
Engana-se quem pensa que o bloco PTB-PR chega como uma força extra capaz de desafiar o PMDB no Senado. Não é segredo para ninguém que os líderes do novo bloco, em especial o petebista Gim Argello (DF), têm excelentes relações com o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Coincidência ou não, o bloco surgiu sete dias depois de o presidente do PMDB, Valdir Raupp, ter recebido a ficha de filiação do secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. A filiação de Zimmermann ao PMDB vem no sentido de deixar o ministério nas mãos de um "peemedebista", caso vingue a ideia de Dilma, de deslocar Edison Lobão para concorrer à presidência do Senado. E todos sabem que Renan ainda não abandonou seu plano de voltar ao comando da Casa. Esse é mais um ingrediente da crise política que só mostrará seu verdadeiro sabor depois das eleições municipais.

Amargo regresso - ALEXANDRE SCHWARTSMAN


Valor Econômico - 05/04/12


Sim, sou obsessivo, mas nem eu gosto tanto assim de revisitar temas sobre os quais escrevi repetidas vezes e apresentar argumentos já vistos à exaustão. Porém, como o tema da "desindustrialização" teima em voltar a cada fraquejada da produção manufatureira local, não tenho escapatória, mas regressar a ele e mostrar de novo que - embora exitosa (e como!) em sua tarefa de arrancar recursos dos crédulos - a tese não faz sentido.

Seus defensores voltam a apresentar dados sobre a redução da participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) como prova irrefutável de que o Brasil está regredindo economicamente (pelas lágrimas deste pessoal imagino que em breve retornaremos às cavernas). Eu choraria pela indústria nacional, mas minha solidariedade com o resto da humanidade me impede.

De fato, considerando que, segundo a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a participação da indústria no PIB mundial caiu de 27% para 16% entre 1970 e 2010, guardo meus pêsames para a desindustrialização planetária, sem dúvida provocada pela tendência inexorável da apreciação da taxa de câmbio global (não sei ainda se contra o tanpi marciano ou o druggat de Tatooine, mas pretendo descobrir).

Obviamente, para me manter alinhado com o lobby nacional, desconsidero que o enriquecimento e o consequente aumento da demanda por serviços possam ter qualquer papel relevante a desempenhar no processo de redução de peso da indústria no Produto Interno Bruto. Pensando bem, quem quer escola e médico quando fica mais rico, se há sempre a possibilidade de comprar mais uma geladeira? Isto dito, é conveniente deixar de lado também a queda expressiva dos preços das manufaturas relativamente aos serviços, seja no Brasil, ou no mundo, pois isso não justificaria a busca de mais subsídios.

As dificuldades óbvias da tese se sustentar face à tendência global de perda de relevância da manufatura aumentam ainda mais quando se considera que o Brasil tem mantido sua participação na produção industrial global. Segundo os dados da Unido, o Brasil representava cerca de 1,7% da produção manufatureira global em 2000, repetindo o valor em 2010.

Podemos checar esta informação usando outras fontes, a saber, as estimativas da produção industrial global produzidas pelo CPB, assim como as estimativas nacionais, frutos do galhardo esforço do IBGE. O gráfico mostra a razão entre a produção industrial brasileira e a global de janeiro de 1999 a janeiro de 2012, tomando, por conveniência, a média do período como base 100.

Como se vê, a produção nacional não aparenta ter perdido a relevância global. Houve, é claro, momentos em que o Brasil saltou à frente da produção, assim como períodos nos quais ficamos um tanto atrás. Ao longo dos últimos 12 anos (a partir da adoção do sistema de câmbio flutuante), todavia, a razão entre produção local e a global parece oscilar ao redor da média, comportamento consistente com as estimativas da Unido.

É verdade que, a partir de meados de 2010 nossos dados sugerem perda de participação da indústria brasileira na produção global (que, de qualquer forma, apenas reverteu à média do período), mas, como argumentei em minha última coluna neste espaço, boa parte disso resultou da redução da demanda interna, fruto do aperto monetário que se materializou do segundo trimestre de 2010 ao terceiro de 2011. Com o afrouxamento das condições monetárias há plenas condições para a recuperação da produção industrial no futuro próximo, sugerindo que a reversão à média, mais que acidente, faz parte da operação normal da economia.

Obviamente, desmentir a tese da "desindustrialização", por maior prazer pessoal que me traga, tem escasso efeito prático. O lobby já convenceu os crédulos e, na expressão imortal de Armínio Fraga, "o meu, o seu, o nosso dinheiro" já está sendo devidamente canalizado para os suspeitos de sempre, agora numa escala algo maior. Diz-se que "o que os olhos não veem, o coração não sente", mas o que fazer quando os olhos veem?

American dream - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 05/04/12


Republicanos como Santorum são iguais ao Talibã: querem que a lei de seu deus valha para todos



Os Estados Unidos parecem estar divididos como nunca. No entanto, todos concordam: para ganhar as eleições presidenciais, é preciso conquistar o centro moderado -sem ele, não há vitória possível. Mas o que é, nos EUA, o centro político?

Em geral, a gente entende assim: os democratas são socialistas "rosas", indulgentes em matéria de costumes e convencidos de que o governo precisa intervir na vida econômica (por exemplo, para compensar as diferenças excessivas à força de impostos e programas assistenciais), e os republicanos são caretas em matéria de costumes, mas contrários a todo tipo de tutela governamental.

Essa descrição sumária omite um pano de fundo que é comum a democratas e republicanos, simplesmente por eles serem norte-americanos, e esse pano de fundo é feito de antigovernismo e valorização da liberdade individual.

Por exemplo, quando um democrata é indulgente em matéria de costumes, não é necessariamente por inclinação libertina, mas por ele colocar a liberdade dos indivíduos acima da moral comum.

Ou, então, quando um republicano defende um capitalismo desregrado, que garanta ao empreendedor a mesma liberdade que permitiu a expansão do país para o Oeste, não é por convicção econômica, mas porque ele acha que o governo deveria colocar obstáculos nas rodas dos indivíduos só se eles forem absolutamente necessários para a vida em comunidade.

Esse espírito libertário é o do centro americano, sem o qual ninguém é eleito. Dos dois lados desse centro, há extremos que o ameaçam e dos quais os moderados não gostam.

Por exemplo, as aspirações de justiça social dos democratas "extremistas" podem parecer perigosas aos olhos do centro moderado: ainda hoje, discute-se seriamente para saber se o seguro médico universal, por ser obrigatório, não ameaça a liberdade do indivíduo.

Quanto ao "extremismo" republicano, que também faz o desgosto dos moderados, ele mostrou sua cara especialmente no último ano.

Para não perder as simpatias do centro, o partido republicano obviamente prefere candidatos nada "extremos" -hoje, Mitt Romney, em 2008, John McCain.

Mas o sucesso da campanha do maior concorrente de Romney, o senador Rick Santorum, mostra que a tentação extremista republicana é forte. De que se trata?

Santorum, por exemplo, declarou que ele teve vontade de vomitar quando ouviu o presidente Kennedy defender a separação da igreja e do Estado. É óbvio que a união de Estado e igreja leva qualquer governo a atropelar a liberdade privada de seus cidadãos, ou seja, é óbvio que a frase de Santorum é oposta aos ideais libertários do centro americano.

Por que ele se engajou neste caminho? De onde lhe veio essa ideia? Costuma-se pensar (e dizer) que o sonho americano começa com os puritanos, que saíram da Inglaterra a procura de liberdade religiosa. Mas os puritanos estavam interessados só na sua própria liberdade religiosa, não na dos outros.
Como projetava John Winthrop em 1630, ainda no barco que o levava para a nova terra, eles construiriam "uma cidade que brilharia nas alturas", exemplo para mundo, mas uma cidade fechada (na qual quem não concordasse seria enforcado como as bruxas de Salem e a mulher que pecasse por adultério seria marcada com uma letra escarlate).

Por sorte, em 1631, Roger Williams começou a pregar a separação de Estado e igreja e o direito de qualquer um de venerar o deus que bem entendesse.

Williams foi expulso e fundou Providence, outra cidade "nas alturas", mas aberta, onde ele inventou a liberdade de professar sua fé sem impô-la aos outros -ao contrário, com a ideia de que defender a liberdade dos outros é a melhor maneira de proteger a nossa própria liberdade.

Pois bem, o centro moderado norte-americano acredita em Roger Williams. Mas é preciso constatar que Rick Santorum e os republicanos extremistas não são uma invenção recente: como John Winthrop, eles sonham com a paz simplória de um vilarejo onde não se leia nada além da Bíblia e onde sempre seja possível dizer o que é certo e errado -e, claro, proibir o que seria "errado".

É curioso que ninguém repare no óbvio: os sonhos deles não são diferentes dos sonhos do Talibã de qualquer vilarejo do Afeganistão.

Os fundamentalistas são todos iguais: "apenas" querem que a lei de seu deus seja mandatória para todos os demais.

Por sorte nossa, não é esse o sonho daquele centro moderado norte-americano que, em geral, escolhe os presidentes.

Situação calamitosa - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S. Paulo - 05/04/12



Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, as distribuidoras controladas pela Eletrobrás não cumprem as metas de qualidade definidas pelo órgão regulador e, se fosse aplicada a penalidade máxima prevista, elas teriam de sofrer intervenção. Duas dessas distribuidoras - a Amazonas Energia e a Cepisa, do Piauí - "só têm-se mantido porque o caixa da Eletrobrás as segura", acrescentou o dirigente. A situação dessas companhias é conhecida há muito tempo, mas até agora o governo não decidiu enfrentá-la.

Nenhuma das seis distribuidoras sob controle da holding federal Eletrobrás - Amazonas Energia, Boa Vista Energia, Ceal (Alagoas), Cepisa (Piauí), Ceron (Rondônia) e Eletroacre - mostra eficiência gerencial e lucratividade satisfatórias. Elas atuam, de fato, em áreas de baixa densidade populacional e renda, donde o baixo retorno desses investimentos, mas nada justifica o estado em que se encontram. Como disse Hubner, "a Eletrobrás está longe de ser exemplo na condução da distribuição, porque também tem falhado no controle de empresas".

No balanço de 2010, o último conhecido, o prejuízo das seis distribuidoras foi de R$ 1,4 bilhão, contra R$ 322 milhões, em 2009. No relatório anual divulgado em 2011 a Eletrobrás reconheceu que "nenhuma empresa conseguiu atender de modo satisfatório à qualidade do serviço exigida pela agência, ou seja, mais de 60% do total de consumidores tiveram os serviços afetados".

Um dos problemas é o estoque de débitos em atraso, superior a R$ 1 bilhão em 2009 e 2010. E o maior responsável por essa situação é o setor público. Prefeituras, empresas e órgãos públicos respondem por mais de 40% dos débitos em atraso. A inadimplência não está restrita a essas distribuidoras, mas, nessas proporções, é caso único no País. O corolário natural está no relatório dos auditores independentes das contas da Eletrobrás do ano passado, mencionando os "prejuízos repetitivos" das distribuidoras, o excesso de passivos em relação aos ativos circulantes no montante de R$ 554 milhões. E concluindo: "Essa situação suscita dúvida sobre a continuidade operacional destas empresas".

A Eletrobrás não explica esse quadro, e entre as raras declarações a respeito está a de que "os prazos no ambiente público são mais lentos do que no privado". Foi o que afirmou, há cerca de um ano, o ex-presidente da distribuidora Eletrobrás Ceal, de Alagoas, Pedro Hosken. Mas, entre 2011 e 2012, a situação deu sinais de deterioração. Além do problema com as distribuidoras que controla, a Eletrobrás está socorrendo a distribuidora Celg, que pertence ao Estado de Goiás, segundo reportagem de Eduardo Rodrigues, do Estado (29/3). A Celg e a CEA, do Amapá, deverão ser assumidas pela Eletrobrás. O interesse da holding federal de assumir a CEA e também a CERR, de Roraima, é bem conhecido.

Cabe indagar se o apetite da Eletrobrás não se voltará agora para outra distribuidora da Região Norte, a Celpa, do Grupo Rede, em recuperação judicial desde fevereiro. "Problemas de gestão levaram a companhia a essa situação e o dinheiro público não deve ser usado", disse Hubner. Mas um plano de recuperação foi pedido pela Aneel a duas outras distribuidoras do Grupo Rede, a Cemat, de Mato Grosso, e a Bragantina, de São Paulo. Há dez dias, houve um apagão em Belém, área da Celpa.

A Eletrobrás tem despendido vultosas verbas para manter as distribuidoras que controla, inclusive com empréstimo de US$ 495 milhões do Banco Mundial. As distribuidoras já recebem financiamentos subsidiados com recursos da Reserva Global de Reversão, paga por todos os consumidores.

O mínimo que se exige da Eletrobrás, uma empresa aberta, é dar ampla transparência às operações das distribuidoras sob seu controle. É o que interessa não apenas aos seus acionistas - controlador e minoritários -, mas, ainda mais, aos consumidores de energia elétrica, que indiretamente financiam as distribuidoras. Como disse Hubner, uma intervenção só deve ser usada "em casos extremos". Mas, afinal, não é disso que se trata?

Ainda falta uma política industrial - EDITORIAL O GLOBO

O Globo - 05/04/12

Assim que as condições da economia mundial começaram a se degradar, na explosão da bolha imobiliária americana, em fins de 2008, a competitividade de cada país passou a ser testada a fundo. A crise americana, transmitida para a Europa pelos canais financeiros, com impactos em todos os continentes, estreitou mercados e, com isso, gerou um tal acirramento na competição global que dificuldades mascaradas na longa fase de expansão começaram a surgir. "Só quando a água baixa a gente vê quem está nadando nu" - a folclórica frase do bilionário americano Warren Buffett se aplica à perfeição ao que aconteceu no Brasil. A maré dos bons tempos vazou, e vários setores atolaram, sem conseguir competir com produtos importados - estes também ajudados pelo câmbio -, tampouco exportar.

Mais um pacote de estímulo à indústria foi desembrulhado em Brasília, para proteger o mais atingido dos setores pela maré vazante. A série de medidas, algumas bem-vindas, outras discutíveis, demonstra que nem sempre um conjunto de decisões compõe uma "política", no sentido mais profundo da palavra. Ao ampliar de quatro para 15 o número de setores beneficiados pela desoneração da folha de salários, em troca de uma taxação sobre faturamento, Brasília faz o reconhecimento implícito de que a necrose já vai longe na legislação trabalhista brasileira. Mas não consegue ir adiante para moldar uma verdadeira política com metas de curto, médio e longo prazos de redução efetiva e permanente do "custo Brasil". É provável que as corporações sindicais aliadas impeçam.

O que se passa com a indústria automobilística é exemplar. Depois de baixar o édito protecionista do aumento do IPI sobre veículos importados, Brasília tenta rever exageros, com o aceno de cotas - afinal, os grandes importadores têm fábricas no Brasil -, e acerta ao estimular investimentos em pesquisa. Mas as dificuldades do setor vão bem mais além. Estudo da PricewaterhouseCoopers, noticiado por "O Estado de S. Paulo", comparou os custos de produção de vários países e ficou evidente o porquê as montadoras, embora queiram vender no promissor mercado brasileiro, não planejam transformar o Brasil em plataforma de exportação: custos não competitivos. Enquanto o custo nacional de manufatura de veículos compactos, os escolhidos para serem montados no Brasil, é de US$ 1.400, comparável ao americano e japonês, no México ele se situa em US$ 600, US$ 500 na Tailândia e na China, US$ 400.

Não serão medidas pontuais, muitas tomadas em função do maior acesso a Brasília de segmentos do empresariado, que alterarão este quadro. No pano de fundo desses números há uma infraestrutura precária, operários mal treinados e um sistema educacional público imerso em dificuldades conhecidas. Uma política de fato de aumento do poder de competição da indústria, ou qualquer outra atividade, fica capenga sem melhorias nestes campos.

Não é mesmo fácil executar uma política de fato de elevação de competitividade. Na solenidade em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no seu minuto de propaganda, disse que o Brasil estava reduzindo custos da produção sem retirar "direitos dos trabalhadores", ao contrário de outros países, e deu o azar de citar a Alemanha. Errou no exemplo. Lá, os trabalhadores, via sindicatos e o próprio Parlamento, concordaram em reduzir altos custos do "estado de bem-estar" alemão para defender o maior dos direitos: o do trabalho.

GOSTOSA


No BB, "hoje é dia de juros, bebê!" - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 05/04/12


Começa a funcionar a campanha do governo para baixar, na conversa ou no grito, os juros bancários 

FAZ UMA semana, o governo juntou os principais banqueiros privados e estatais a fim de conversar sobre "spreads", a diferença entre as taxas de juros que os bancos cobram da clientela e aquelas que pagam para levantar recursos no mercado.

Ontem, o Banco do Brasil anunciou que vai emprestar mais e a taxas menores. Na semana passada, fora o caso do também estatal Banco do Nordeste. Em breve, será o caso da Caixa Econômica Federal.

Na reunião com os banqueiros estavam Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.

Na Fazenda, se diz animadamente que um objetivo da reunião era mesmo pressionar bancos a baixar juros, que desde novembro vêm subindo, na média, para indivíduos e empresas. Os juros de mercado seguem, pois, na contramão da taxa "básica" de juros, a Selic, que cai desde o final de agosto.

No Banco Central, ou pelo menos "da parte do BC", a ideia seria a de convencer a banca a reagir de modo mais calminho aos ciclos econômicos; a exercer um papel "mais neutro, menos pró-cíclico".

Ou seja, os bancos têm acelerado a concessão de crédito quando a economia vai bem; pisam demais no freio quando a economia já anda devagar, como o têm feito agora. E, aliás, como o fizeram em 2008. Na verdade, no gosto "técnico" do BC, seria melhor que a banca fosse até ligeiramente "anticíclica".

Ouvidos os argumentos, o fato é que, no dia do pacote da indústria, Dilma Rousseff deu bronca na banca. "É necessário fazer uma discussão sobre os 'spreads'. Não estou falando nem fazendo considerações políticas. Tecnicamente, ['spread' alto] é de difícil explicação".

O governo queima os cartuchos de curto prazo a fim de fazer a economia crescer mais, ao menos no curto prazo também. Baixar juros para o tomador final de crédito é parte desse programa voluntarista.

O Banco do Brasil diz, claro, que não está respondendo à pressão do governo. Sua decisão de emprestar mais seria um negócio pensado, para ganhar mercado de modo seguro, com aumento de escala, política possível apenas porque as taxas de inadimplência do banco são baixas.

Pode ser. O pessoal do Banco Central diz que, de fato, as contas do BB e da CEF vão bem ("analistas de mercado" diziam que os estatais fariam besteira na expansão de crédito iniciada em 2008. Erraram).

As contas dos grandes bancos privados também vão bem, mas estes dizem que seguram o crédito e cobram mais porque a inadimplência é a mais alta em dois anos, o que é fato, na média do sistema. Dizem que, além do mais, a demanda de crédito caiu um tanto. O consumidor está mais apertado, dizem.

BC e Fazenda argumentam que o sistema está ainda mais seguro (no que diz respeito a controle de riscos), pois o BC agora fiscaliza até empréstimos pequenos, de mais de R$ 1.000. É verdade. Até aqui.

O pessoal da Fazenda disse aos bancos privados que, jogando na retranca, vão perder mercado, como aconteceu entre 2008 e 2011, quando Lula e Mantega puseram os bancos públicos para emprestar mais.

Os bancões privados vão se abalar? Se ficarem na deles, a pressão do governo, com aumento de crédito via estatais, não vai dar muito resultado. Ganham mercado, mas o conjunto do crédito não sobe.

A infraestrutura, enfim, entra na pauta do Brasil - LUIZ ANTONIO FAYET

Folha de S. Paulo - 05/04/12

Por ser um tema difuso, difícil de medir e de visualizar, não há no Brasil um cálculo preciso de quanto do PIB do país (Produto Interno Bruto) foi perdido nos últimos tempos com a falta de infraestrutura adequada para apoiar o desenvolvimento econômico. 

As perdas estruturais caíram no ralo de posições ideológicas, modelos viciados, corrupção e, principalmente, falta de competência e visão administrativa estratégica.

Hoje, numa corrida contra o tempo, a principal preocupação em matéria de logística está nos rumos que serão trilhados daqui para a frente, especialmente por sabermos que o governo não tem nem terá dinheiro para fazer tudo o que é necessário ao país.

O primeiro passo será separar o que pode ser "privatizado" e como o será.

No segmento rodoviário, desde 2008, evolui-se para um modelo bastante amadurecido, que continua sendo aperfeiçoado pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

O foco agora é a menor tarifa para o usuário, e não mais o maior ágio (outorga) para ganhar a concessão. No restante da malha, porém, as soluções patinam, conforme registra a Aneor (Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias).

No setor ferroviário, a ANTT tenta promover o equilíbrio entre usuários e concessionários, mas as soluções são mais complexas, até pela característica de monopólio da exploração.

Em relação à infraestrutura aeroportuária, a experiência dos leilões de Brasília, Guarulhos e Viracopos levou ao compromisso de pagamento de elevados ágios -no total, serão arrecadados R$ 24,5 bilhões ao longo de 30 anos. Esses ágios vão para as planilhas de custos e fatalmente serão pagos pelos usuários.

Nesse caso, como o brasileiro já paga altíssima carga tributária, pergunto: não seria mais correto repetir a experiência da ANTT para as rodovias, priorizando a menor tarifa em vez do maior ágio?

Outro nó difícil de desatar, talvez o mais complicado, é o relativo aos portos. Desde a lei 8.630, de 1993, que modernizou os portos, poucas foram as licitações de espaços para novos terminais públicos e autorizações para terminais privativos mistos-uso próprio e de terceiros.

O decreto 6.620, de 2008, burocratizou as concessões do setor, piorou o cenário e ajudou a intimidar investimentos, praticamente paralisando as iniciativas.

Os jovens brasileiros demandam mais oportunidades, mas o atual modelo da gestão de infraestrutura do país está paralisando -e onerando- a economia.

É preciso aumentar a "competitividade sistêmica" para encarar a concorrência global, sem gambiarras para estimular consumo e endividamento das famílias. Melhorar a infraestrutura significa evitar perdas e aumentar a riqueza interna; mais mercado e melhor nível de vida.

O atraso atual, infelizmente, não será indolor, especialmente aos mais pobres. Pelo menos a infraestrutura, enfim, entrou na pauta de governantes e da sociedade.

Ninguém quer CPI - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 05/04/12


O governo e a oposição fizeram um acordo tácito para que o escândalo Carlinhos Cachoeira não vire objeto de uma CPI. O DEM não quer pagar a conta do senador Demóstenes Torres (GO). O PSDB não quer o governador Marconi Perillo (GO) sentado no banco dos réus. O PT não quer ressuscitar o caso Waldomiro Diniz. E o governo não quer fazer nada que possa tumultuar o processo legislativo e tensionar sua base política no Congresso.

Sensação do alívio no PSDB
Depois da incerteza e da ansiedade dos últimos dias, a direção do PSDB saiu ontem em defesa do governador Marconi Perillo (GO). Isso ocorreu porque os tucanos foram informados de que não existe, nas investigações da Polícia Federal, nada que ligue diretamente o governador com a organização de Carlinhos Cachoeira. Os tucanos não se surpreenderam com a revelação de Marconi de que recebeu o contraventor em seu gabinete no Palácio das Esmeraldas. De acordo com um alto dirigente tucano: "É tudo previsível. Esse cara (Cachoeira) é insinuante. Em Goiás tem muita gente emergente bebendo vinhos muito bons e caros."

"Eu ainda não acredito. Como é que pode?” — Ronaldo Caiado, deputado federal (DEM-GO), repete, perplexo, sempre que fala com amigos sobre o caso Demóstenes

CACHOEIRA POR CACHOEIRA. Numa conversa gravada pela Polícia Federal, entre Carlinhos Cachoeira e o ex-agente da Abin Jairo Martins, o contraventor fala de sua indústria de grampos e vazamentos de investigações: "Agora, vamos trabalhar em conjunto porque, só entre nós, esse estouro aí que aconteceu foi a gente. Foi a gente. Quer dizer: mais um. O Jairo, conta quantos foram. Limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí. Quantos já foram, rapaz?"

Prestígio
Nunca um presidente do PT teve tanta força no Planalto. A presidente Dilma despacha regularmente com Rui Falcão. Os ex-presidentes José Dutra e Ricardo Berzoini não tinham o mesmo tapete vermelho com o ex-presidente Lula.

Na mira
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está atravessado na garganta do Palácio do Planalto, que não entende como alguém que foi tão rigoroso e implacável no processo do mensalão tenha contemporizado no caso Demóstenes.

Governo quer investigar os radicais
O Palácio do Planalto sugeriu ao Ministério da Justiça que determine à Polícia Federal a abertura de uma investigação sobre as atividades da organização Liga Operária. O motivo: as depredações na Usina de Jirau (RO). Um auxiliar da presidente Dilma justificou, dizendo que "agir encapuzado e atear fogo em instalações" não é um ato característico "do movimento sindical ou de manifestações espontâneas de trabalhadores".

Isto é história
Em dezembro de 2010, a Câmara derrotou, por 212 votos a 144, projeto que legalizava bingos e caça-níqueis. Entre os que votaram "sim": 34 do PMDB, 23 do PR, 19 do PP, 13 do PT, 11 do PTB, 9 do PDT, 8 do DEM, 5 do PCdoB e 4 do PSDB.

Plantão do turista
O Itamaraty criou o "Observatório dos Inadmitidos" para monitorar, em tempo real, todos os casos de brasileiros que forem barrados no exterior. O objetivo é identificar medidas arbitrárias para que o ministério possa agir.´

A DIRETORIA do DCE da UnB divulgou nota negando "qualquer ligação com o senador (Demóstenes Torres) ou o seu ex-partido (DEM)". Ela diz que nenhum dos diretores do DCE tem filiação partidária.

O EX-MINISTRO do Meio Ambiente Gustavo Krause (DEM) vai concorrer a vereador pelo DEM de Recife.

O MINISTRO Aguinaldo Ribeiro (Cidades) foi convidado pela presidente Dilma para acompanhá-la na viagem aos Estados Unidos. Na comitiva também, a governadora Roseana Sarney (MA). 

Por que a presidente circula em carrão importado? - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O Globo - 05/04/12


A presidente Dilma acredita que, com o aumento "extraordinário" de importação de carros, está em curso "uma tentativa de canibalização" do mercado brasileiro.

Não explicou o que entende por "canibalização", mas ela mesma dá um exemplo de como e por que ocorrem as importações. A presidente circula em um Omega blindado, produzido pela General Motors na Austrália e importado pela GM brasileira.

Também se incluem na frota presidencial carros Ford Fusion, fabricados no México e importados pela mesma montadora. Entre os Fords, aliás, há um híbrido - movido a dois motores, um convencional, a gasolina, e outro elétrico. Trata-se da aposta da companhia para a era dos veículos mais amigáveis com o meio ambiente.

Daí, duas perguntas: 1) por que o Ômega? E, 2) por que não um veículo movido a etanol, a aposta ambiental brasileira?

Para a primeira questão, explica o Gabinete de Segurança Institucional (GSI): "(esse carro) atende, em melhores condições, os requisitos técnicos estabelecidos para garantir a segurança presidencial". Acrescenta: "Tais requisitos não são preenchidos por nenhum produto de fabricação nacional."

Ora, por que as montadoras aqui instaladas - que formam a indústria nacional protegida pelas medidas do governo - não fabricam esses carros de maior qualidade e conteúdo tecnológico?

Elas produzem aqui os modelos populares, básicos e alguns médios. Na Argentina, os médios, já de maior valor agregado. Os carrões são fabricados em diversos outros países, desenvolvidos, como Austrália e Alemanha, e mesmo emergentes, como o México, por exemplo, de onde podem ser importados para o Brasil livres de impostos, conforme o acordo firmado entre os dois países há dez anos.

Esse foi o arranjo que as multinacionais organizaram para sua produção global. Vai daí que as grandes importadoras de carros (e peças) são também as grandes produtoras nacionais.

Estariam essas montadoras canibalizando seu próprio mercado interno? Não faria lógica, não é mesmo? Elas importam os carros que não querem ou não conseguem produzir aqui com qualidade e preço internacional. Resumindo, a Ford mexicana é mais eficiente que a brasileira. Idem para a GM australiana em relação à local.

Cresceu no último ano a importação de carros chineses e coreanos de marcas sem fábricas no Brasil. Esses veículos impuseram forte concorrência em algumas faixas ocupadas pelas montadoras locais. Mas o volume dessas importações nem chega a arranhar o mercado brasileiro - 3,5 milhões de veículos/ano, o quarto ou quinto no mundo - muito menos canibalizar.

Do ponto de vista macro, não há como atender um mercado de 3,5 milhões preferencialmente com importações. As montadoras precisam se estabelecer e produzir aqui, o que estão fazendo. A questão é: o que vão fabricar? A que preço?

O regime automotivo anunciado nesta terça pela presidente exige que os carros aqui produzidos tenham mais conteúdo nacional, que as empresas gastem mais com engenharia e pesquisa, mas não exige que se fabriquem aqui os "carrões". As montadoras (e o governo) sabem que, nas condições estruturais da economia brasileira, não haveria como cumprir essa regra.

A indústria local continua, pois, superprotegida. E o consumidor paga a conta. O imposto bem mais elevado cobrado sobre chineses e coreanos eleva seus preços e alivia a concorrência que faziam com básicos nacionais. As quotas sobre os importados do México reduzem a oferta e, pois, aumentam os preços.

Resultado: o carro local, que já é mais caro do que em qualquer outro lugar do mundo, tende a ficar mais caro ainda. E continuamos a importar os carrões, inclusive os coreanos, também mais caros.

Assim, quando a Presidência renovar sua frota de importados, também pagará mais caro - a menos, claro, que as montadoras façam algum tipo de gentileza, o que, aliás, não seria ético.

Mas, se o espírito é genuinamente nacionalista, se estamos sendo atacados por práticas predatórias estrangeiras, como Dilma e Mantega repetem todos os dias, por que a Presidência não nacionaliza sua frota? O último pacote reforçou a regra pela qual o governo, nas suas compras, deve dar preferência ao nacional mesmo quando este for até 25% mais caro que o importado.

Logo, vendam os Ômegas e Fusions e comprem os modelos com mais conteúdo nacional, todos movidos a etanol.

Não é provocação. Trata-se apenas de ilustrar o equívoco da política industrial. Suponha que o governo nacionalize mesmo toda sua frota, o que aconteceria? As autoridades, incluindo a presidente, circulariam em carros, digamos, mais modestos e menos seguros, e a indústria nacional continuaria produzindo... as mesmas carroças de sempre, quer dizer, os tais carros sem "os requisitos técnicos estabelecidos para garantir a segurança presidencial". E, acrescentaríamos, sem o conforto que merecem as autoridades.

No fim, todos ganham - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 05/04/12

ESTOCOLMO - A esta altura, mais de dez anos de idas e vindas, todo mundo (quase literalmente) já sabe que o Brasil precisa comprar 36 caças para renovar a frota da FAB. O que poucos sabem é que esta é apenas a parte visível de um processo bem mais complexo.

Com os caças, o Brasil entrou no radar dos países líderes na área de defesa e está sendo cobiçado e levado a sério no contexto internacional -apesar dos vexames pelo caminho.

As empresas selecionadas para o programa dos caças -Boeing (EUA), Saab (Suécia) e Dassault (França)- vêm descobrindo no Brasil um mercado de ouro tanto para a aviação civil, que cresce exponencialmente, quanto para a defesa.

Como comparação, a Suécia tem mais de 9 milhões de habitantes, e o Brasil, mais de 190 milhões. Com empregos, a renda crescendo, as viagens multiplicam-se e isso não vai parar.

Na área de defesa, os dois programas mais vistosos para as empresas são o Sisfron, sistema integrado de fiscalização e controle da Amazônia e das fronteiras terrestres, e o Sisgaaz, da chamada "Amazônia Azul", ou seja, para o pré-sal e a fronteira marítima. Eles envolvem satélites, radares, inteligência, cibernética, mísseis, torpedos.

Na semana passada, dois técnicos de primeiro time da Boeing estiveram em Brasília para trocar ideias na área militar sobre o que o Brasil precisa e o que eles têm a oferecer. Na semana que vem, será a vez de técnicos da Saab. E, evidentemente, a Dassault não ficará atrás.

Brinca-se em Brasília que os políticos preferem a oferta francesa (Rafale), os pilotos, a norte-americana (F-18), e os engenheiros, a sueca (Gripen), sem falar que Lula manifestava a opção pelos Rafale e o relatório da FAB aponta os Gripen.

Independentemente disso, todos eles fincaram uma estaca no Brasil e estão em frenética fase de prospecção de negócios para os próximos 30, 50 anos. Vieram para ficar.

Vídeo show - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 05/04/12

Com o PT impedido pela Justiça Eleitoral de veicular propaganda na TV, o QG de José Serra planeja explorar 100% das inserções a que o PSDB terá direito na Grande São Paulo entre os dias 27 deste mês e 4 de maio. A estratégia dos tucanos é aproveitar o período de subexposição de Fernando Haddad, que só aparecerá no palanque eletrônico a partir de agosto.

O tema ainda é objeto de debate na direção estadual do partido, que pretendia abrir espaço na telinha a pré-candidatos em cidades estratégicas, como Guarulhos e Osasco. Um rodízio de emissoras chegou a ser proposto, mas não houve acordo com a equipe de Serra.

Pegadinha 1 Questionário de pesquisa do instituto Sensus registrada no TSE, com 1.000 entrevistas e campo de terça-feira a amanhã inclui pergunta com três erros sobre Serra e relaciona a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy (PT) em três cenários.

Pegadinha 2 O enunciado é: "O fato de José Serra ter assinado documento em 2008 quando candidato a prefeito de SP de que ficaria no cargo até o final do mandato, e ter renunciado ao cargo no meio do mandato em 2010 para ser candidato a presidente da República". As opções de resposta são: "inviabiliza" ou "não inviabiliza" sua candidatura.

Google Serra assinou o papel e foi eleito prefeito em 2004 -não em 2008. Deixou o cargo em 2006 (e não em 2010). Concorreu a governador, e não a presidente.

Causa... Anunciada ontem, a saída de Sergio Avelleda da presidência do Metrô constrangeu o governo paulista, sobretudo porque o transporte metropolitano está sob ataque do PT.

...e efeito Em privado, Avelleda mostrava-se contrariado com as sindicâncias relativas ao período em que dirigiu a CPTM, no governo Serra. O dirigente também reclamava de ter de custear do próprio bolso sua defesa no processo da licitação da linha 5, que o afastou do cargo provisoriamente há quatro meses.

Desagravo A cracolândia será palco de uma via sacra organizada amanhã pelo padre Júlio Lancelotti, líder da pastoral dos moradores de rua e crítico da operação policial na região central.

Escuta aqui Após a formação do bloco PTB-PR no Senado, Dilma Rousseff convocou o líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM), para conversa reservada no Palácio do Planalto.

Autoridade Surpreendida no caso, a presidente recomendou que Braga se imponha mais diante dos colegas. Com 14 senadores, o bloco pode ser o fiel da balança em votações polêmicas.

Isonomia Com Demóstenes Torres (GO) no banco dos réus e antigos investigados, como Renan Calheiros (PMDB-AL), entre os membros, o Conselho de Ética foi apelidado por senadores de "Conselho Tavares", numa alusão ao personagem de Chico Anysio cujo bordão era: "Sou, mas quem não é?"

Veja bem 1 Em circular distribuída anteontem na Câmara, Sandes Júnior (PP-GO) justifica aos colegas que o acusado de contravenção Carlinhos Cachoeira estava "brincando" quando cobrou metade dos R$ 50 mil a que ele teria direito após rescindir contrato com uma rádio.

Veja bem 2 Sobre o negócio que "não andou", citado por Cachoeira e interceptado pela Polícia Federal, o deputado pepista diz que se referia à publicidade do governo de Goiás. "Afinal, todo município tem rádio, jornal e todos estavam interessados."

tiroteio

O Fernando Pimentel deveria ser assessor da Dilma. Toda vez que eu vou lá, ele diz que a Dilma está chamando. Ele tem que sair do ministério, não consegue tocar a pasta.

DO DEPUTADO PAULINHO DA FORÇA (PDT-SP), que está insatisfeito com o tratamento dado pelo governo ao partido, por conta da demora na escolha do novo ministro do Trabalho, e ameaça passar à oposição.

Contraponto

Olho mecânico

Antes que fosse aberta a sessão do Senado na terça, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Pedro Taques (PDT-MT) se inscreveram para discursar na tribuna. Marta Suplicy (PT-SP), que estava na presidência da Casa, entrou no plenário e quis saber quem eram os primeiros inscritos.

-Sou eu! -, gritou Vanessa Graziotin (PC do B-AM).

Surpresos, os dois senadores se entreolharam. Eunício, então, evocou o testemunho do garçom, que naquele momento levava um copo d'água para a petista:

-Zezinho! Você que viu as inscrições: você decide!

As duas cabeças da corrupção - EUGÊNIO BUCCI


O Estado de S. Paulo - 05/04/12


As metáforas são perigosas, especialmente nessa matéria. Mesmo assim, vale uma figura. Uma só.

A corrupção é uma hidra de muitas cabeças, como muita gente diz, mas duas são as cabeças dominantes: uma é de esquerda e a outra, de direita. Ambas se estranham, encaram-se com ares de ódio espelhado, agridem-se às dentadas, mas acabam por aceitar a convivência. Elas supõem que comandam o corpanzil desse gigante de proporções indefiníveis em que estão plantadas pelo pescoço, mas a verdade é que vão a reboque. As duas seguem juntas a trilha tortuosa que a hidra escolhe sozinha, sem consultá-las. Lá vão elas, sacolejando no dorso de uma razão sem razão, com a pose de quem tenta passar a ilusão de controlar o destino. Lá vão elas, às vezes falantes, outras vezes rabugentas, fingindo dominar o diabo que as carrega.

Ponto. Fim da metáfora - ou quase.

Quando um infeliz que se pensa de esquerda é interceptado com maços de dólares na cueca, seu gesto é imediatamente protegido por um cordão de isolamento imaginário, uma blindagem ideológica. Uma parte considerável dos seus correligionários logo faz circular uma explicação de ordem tática. O começo dessa explicação consiste em pôr a responsabilidade no sistema - palavra que, como bem sabemos, é um curinga nos panfletos de todo gênero. Segundo esse discurso, não há pessoas corruptas na esquerda, só o que existe é um sistema corrupto "que precisamos administrar se quisermos tomar o poder, companheiro". Ou seja, sem lançar mão das armas obscuras não se vence o inimigo de classe. Logo, o militante de esquerda que negocia dia e noite com a corrupção pode até ter as mãos sujas, mas mantém o coração e a consciência limpíssimos, imaculados. Vai roubar ou, pelo menos, vai deixar roubar, mas depois ganhará honras de herói. Eis a justificativa moral que habita a cabeça canhestra da hidra.

Agora olhemos para a direita. No caso brasileiro, é ela a mãe do patrimonialismo - que, por sua vez, é o pai dos corruptos e dos corruptores. Se recuarmos no tempo, e nem é preciso recuar tanto, veremos que nas hostes do conservadorismo pátrio a política não tem sido outra coisa senão a atividade profissional de se apropriar do que é público para fins privados. Como o Estado precedeu a sociedade na formação nacional, foi do primeiro que se pilhou a matéria-prima para vertebrar a segunda, que veio sendo gerada e ordenada à imagem dos sonhos (e pesadelos) mais regressivos. Nesse percurso, tomar para si o que deveria ser de todos se foi tornando o pressuposto da própria sustentabilidade da ação política. Privilégios hereditários, benesses, sinecuras e monopólios inexplicáveis decorrem, todos, daí. Dentro do crânio direitista da hidra metafórica, o poder só se deixa domar por aquele que tem a ousadia de tomar posse pessoal (e familiar) do poder: manda (no Estado) quem é dono ou quem faz as vezes de dono (do Estado). O poder é como o dinheiro: não aceita desaforo. Para exercê-lo é preciso usufruir o erário. Pessoalmente. Fisicamente. Diretamente. Sem cerimônia. A justificativa moral para a corrupção no imaginário da direita está aí: ela é a indispensável fonte extraoficial para sustentar a dispendiosa fachada oficial da vida pública - e para compensar patrimonialmente o agente e seus apoiadores. É pegar ou largar.

A coisa não para aí. Ela é mais complicada.

Quando vista em retrospectiva, a nossa hidra pode ser entendida e explicada, embora repugne. Agora, quando posta em perspectiva, na direção do futuro, prenuncia um quadro bem pior, que aponta para o colapso. À esquerda, a corrupção principia como um atalho pragmático, aparentemente eficaz. Mas logo ela se converte num fim e, tornada fim, nega e aniquila qualquer projeto de justiça social. À direita, ela principia nos hábitos ancestrais e depois, hipertrofiada, se converte na tal esperteza que devora o dono: tende a matar o hospedeiro, exaurir o ambiente e calcinar a terra.

Daí a sensação, que muitos vêm manifestando nestes dias, com notas de moralismo ou de realismo, de que hoje é imperioso conter a corrupção, fazê-la regredir. Mas como?

Uma parte, óbvia, caberia ao próprio aparelho de Estado, desde que ele saiba proteger-se minimamente das quadrilhas. Ao Estado, então, caberiam a repressão policial e o devido julgamento legal. Essa parte vem sendo feita, mas vagarosamente. Agora mesmo, por exemplo, foi uma investigação da Polícia Federal que começou a desbaratar conexões múltiplas entre o senador Demóstenes Torres, Carlinhos Cachoeira e mais uma penca de autoridades. A outra barreira é a impunidade. A propósito, o julgamento do mensalão ficou para quando mesmo?

Mas é preciso mais. É necessário desmontar, no plano do discurso, as justificativas morais silenciosas que validam os negócios ocultos à direita e à esquerda. Trata-se, com o perdão da reincidência na metáfora, de cortar as duas cabeças da hidra. Só isso poderá renovar a cultura política.

Isso, porém, não vem sendo feito. No fundo, muitos dos agentes políticos, no Brasil, ainda acreditam que a corrupção, no curto prazo, funcione. À boca pequena, chamam-na de mal necessário. Ignoram que, uma vez acionada, ela passa a governar o processo, o que significa, hoje, sufocar a normalidade institucional e a própria política. O corruptor e o corrupto se acreditam despachantes um do outro, algo como "facilitadores". Na verdade, são sequestradores da agenda pública.

Se formos capazes de olhar a hidra por esse prisma, veremos que as duas cabeças que nela despontam, a de esquerda e a de direita, são sócias. Xifópagas. Alimentam-se uma à outra. Vivem disso e para isso. Perderam-se de seus programas públicos.

A corrupção é o capital sem lei. Todos os que a invocam, ainda que marginalmente, viram seus servidores. Sem exceção. Sem uma única exceção.

Ueba! Dilma tomou Red Bull! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 05/04/12


Popularidade da presidente bate recorde porque é o Ano do Dragão; se subir mais, vai furar a lona do circo!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O Esculhambador Geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Bahia: "Deputado Roberto Carlos investigado pela Operação Detalhes". Rarará! Não acreditei. Tive que ler umas duas vezes!
E atenção! Demóstenes se desfilia do DEM. Errado. Como punição, o Demóstenes devia ser condenado a FICAR no DEM! Rarará!
E o advogado do Demóstenes pede anulação das escutas telefônicas. E quem ouviu vai ter que esquecer? Rarará!
E mais essa: "PF descobre elo entre Cachoeira e governador do PSDB". O Marconi Perillo vai ter que mudar de nome pra Marconi Perigo. Marconi, Perigo! Rarará! E o Cachoeira mudou de nome pra Cataratas de Iguaçu! E o Demóstenes, ex-DEM e atual Óstenes! E essa: "Dilma tem popularidade recorde". Ela tomou red bull? Se a popularidade dela subir mais um pouco vai furar a camada de ozônio. Aliás, vai furar a lona do circo! Dilma sobe e fura a lona do circo! Rarará!
Já disse que a popularidade da Dilma bate recorde porque esse é o Ano do Dragão! Rarará. Agora ninguém segura! Governo Dilma: quatro anos de piadas machistas! E o assessor: "presidenta, a senhora tem fogo?". "Tenho". "Então cospe aqui". Rarará!
E a Páscoa? A comercialização da Páscoa é tão grande que um menino perguntou pro pai: "Pai, Jesus era um coelho?". Era e fez a multiplicação dos ovos de Páscoa no Carrefour! Nunca vi tanto ovo! E se alguém me pedir um ovo de Páscoa, sabe o que eu respondo? "Hein, não tô ovindo nada. Não ovo nada". E sabe como nasceu o ovo de Páscoa? O coelho comeu a galinha! Pronto! O coelho encontrou a porta do galinheiro aberta, entrou, deu uma coelhada na galinha e nasceu o ovo de Páscoa!
E sabe como se faz aquele ovo vermelho de botequim? Passa batom no fiofó da galinha. E um amigo meu quando menino comeu uma galinha. Viva! Rarará!
E sabe como é ovo de Páscoa de dupla sertaneja? Um faz força e o outro bota o ovo. "Vai Vitor, força!"."Calma, Leo! Uau! ÉÉÉÉÉ O AMOOORRRRRRR!
E a piada do dia: "Senador Magno Malta alerta para a possibilidade de criação de um império homossexual no Brasil". Rarará! Como disse um cara no meu Twitter: minha mãe tomou ácido lisérgico quando tava grávida ou o mundo é assim mesmo? Rarará.
Nóis sofre mas nóis goza! Que vou pingar meu colírio alucinógeno! Ueba! Dilma tomou Red Bull!

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 05/04/12



Pacote do governo prioriza hotéis de luxo

O pacote de incentivos anunciado pelo governo federal para a hotelaria do país prioriza os empreendimentos de luxo, de acordo com executivos do setor.

Os resorts nacionais devem economizar ao menos R$ 25 milhões por ano com a isenção do INSS sobre a folha de pagamento. O tributo será substituído por uma contribuição de 2% sobre o faturamento total, sem incidência sobre o que os hotéis recebem em moeda estrangeira.

"Conseguiremos diminuir o valor das diárias para estrangeiros em até 7% e voltaremos a ser competitivos em relação ao Caribe", afirma Rubens Régis, conselheiro da Associação Brasileira de Resorts.

Em dois anos, a entidade pretende dobrar o número de hóspedes de outros países, que voltariam a representar 40% do total da ocupação.

A medida, porém, não agradou todo o setor.

"Fomos a classe que mais recebeu benefícios. Já ouvimos muitas críticas de redes multinacionais e hotéis econômicos, que foram prejudicados ou pouco beneficiados", afirma Régis.

O presidente da Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Enrico Torquato, minimiza as críticas, mas admite que o segmento de luxo recebeu maior atenção do governo.

"Apenas 8% dos hotéis no Brasil fazem parte de redes. Não dá para analisar o pacote de forma individualizada. É claro que o ideal seria algo mais amplo, como uma reforma tributária, mas foi um bom começo", diz Torquato.

Medidas de incentivo ignoram inovação, diz setor excluído

Falou-se tanto na carência de inovação de que sofre a indústria nacional, mas a aquisição de tecnologia importada de ponta, que pode dar competitividade ao produtor local, foi esquecida, segundo a Abimei, dos importadores de equipamentos industriais.

O setor quer levar ao governo proposta para que o BNDES também incentive a aquisição de máquinas importadas sem similar nacional.

"Faltam linhas de financiamento e o leasing é caro. O crédito direto ao consumidor [para máquina importada] tem juros que não são menos de 25%. Para o nacional, o Finame vai a 6,5% e haverá taxas mais atraentes após o pacote", afirma Ennio Crispino, da Abimei.

Para o Sindusfarma (farmacêutico), o governo perdeu uma oportunidade de também anunciar a ampliação da "lista positiva" de PIS e Cofins para medicamentos para doenças de larga incidência, como hipertensão.

A última atualização que o setor recebeu dessa lista foi em 2007, segundo Nelson Mussolini, do Sindusfarma.

A relação tem hoje mais de mil itens, porém, mais de 300 estão pendentes.

João Carlos Basilio, da Abihpec (higiene e cosméticos), disse que a cadeia produtiva tem sofrido com a importação para embalagens.

"Ainda está em tempo, mas o governo perdeu oportunidade de fazer algo positivo"

NELSON MUSSOLINI - vice-presidente do Sindusfarma

Entre o computador... Se tivessem de escolher entre computador ou celular, a maioria dos consumidores (65%) abriria mão do segundo, segundo levantamento da Ipsos. No Brasil, o número é ainda maior (77%).

...e o celular Os canadenses são os que menos se importariam em ficar sem celular (80%). A Arábia Saudita é o único país, dos 25 analisados, onde a preferência é o telefone, com 51%. Foram ouvidas 19,3 mil pessoas.

LOJA DE CASA

O grupo de vendas de imóveis Brasil Brokers vai abrir 20 lojas neste ano. A expansão faz parte de um plano que deve se manter com volume de inaugurações semelhante nos próximos três anos.

Nas unidades de 2012, serão investidos R$ 15 milhões. A maior parte ficará em São Paulo, segundo Sergio Freire, presidente do grupo. "Estamos usando os recursos do 'follow on' para elevar a presença no mercado de imóvel pronto e fazer aquisições", diz.

Outra do setor, a BM Sua Casa, braço de distribuição de crédito imobiliário da Brazilian Mortgages Cia Hipotecária, planeja chegar a cem lojas nos próximos meses. Está hoje com 93 pontos de vendas no Brasil.

O que fazer? Gastar! - JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS e SERGIO VALE


O Globo - 05/04/12


Todo ano repete-se a discussão sobre o governo conseguir ou não fechar o superávit do setor público em 3,1% do PIB. Antes costumávamos duvidar da capacidade do governo em atingir tal objetivo, mas agora acreditamos 100% que o governo fará esse resultado. Como? Com a criatividade usual, que vai de jogar investimentos e custeio em restos a pagar cada vez maiores a manobrar com dividendos das estatais.

Mas essa discussão não depende apenas desses movimentos. Grande parte disso vem da expansão das receitas além do crescimento do PIB, algo que temos tido recorrentemente nos últimos anos. Em termos práticos, a cada aumento de 1% no PIB a receita real tem crescido em torno de 1,7% sistematicamente nos últimos anos. Isso se explica por vários motivos. Primeiro, nosso sistema tributário é progressivo nos impostos diretos e o aumento da classe média num ritmo maior do que o resto da economia ajuda a explicar parte do aumento de receita. Segundo, nosso sistema também tributa mais via impostos indiretos do que diretos, algo diverso do resto do mundo, mas dado que são esses setores que mais crescem na economia, como telecomunicações, combustíveis, financeiro e energia, é natural que contribua com maior arrecadação do que setores industriais tradicionais, por exemplo. Terceiro, a formalização tem aumentado ano a ano e permitindo aumento além da média tradicional do imposto de renda e outros tributos. Quarto, mesmo com perda de impostos importantes, como a CPMF, o governo achou um substituto à altura no IOF, que já tem nível de arrecadação semelhante ao finado "imposto do cheque". Como se espera que esse imposto vá aumentar pelas majorações recorrentes de alíquota, também é mais uma receita que cresce acima da média do PIB. Não podemos esquecer que o governo aproveitou o momento para trazer à discussão novamente aumentos de alíquotas de IPI de bebidas e cigarros, algo compensador das desonerações recentes.

Tudo isso fica mais evidente quando um setor como a indústria sofre mais do que o resto da economia como aconteceu em 2008/2009: a receita tributária acaba crescendo num ritmo ainda maior do que o PIB comparado com momentos sem crise. Nesses dois momentos, o governo tem optado pelo caminho mais prejudicial para o crescimento, que é aumentar os gastos num momento em que havia a oportunidade de desonerar de forma mais ousada a economia. Ou seja, mudamos de patamar de gastos, que se tornam rígidos, e não ajudam a indústria no longo prazo. Agora isso ocorre da mesma forma. A oportunidade perdida aqui não é simplesmente de se pensar num superávit primário maior do que já temos. Com 3,1% do PIB em 2016 chegamos a uma dívida líquida de 32% do PIB, um número bastante baixo sob qualquer critério. O que se perde é a possibilidade de pensar numa desoneração mais ampla e ousada que de fato significasse redução de custos para as empresas. Isso não acontece em grande parte porque o governo tem uma visão equivocada de acreditar que o câmbio é o grande vilão industrial. Algo que ficou muito claro no anúncio da nova política industrial. Além disso, acredita que parte do problema também é falta de financiamento, aportando mais recursos no BNDES.

Tudo isso apenas ajuda a distorcer mais o sistema fiscal, premiando uns em detrimento de outros, e amarrando ainda mais o financiamento de longo prazo no BNDES, um aporte que se torna um custo relevante para o Tesouro por se financiar pela Selic. Por mais relevante que seja o banco, e acreditamos que o seja, seu foco recente tem sido apoiar grandes campeões nacionais de forma pouco eficiente deixando de lado o que deveria ser um objetivo natural, que é o financiamento da inovação.

Daí a alusão no título ao fato de o governo amarrar as novas receitas com mais gastos. Mas não necessariamente gastos em si. O gasto aqui é de tempo desperdiçado ao não pensar em uma estratégia de longo prazo para a indústria. Países como Coreia do Sul e Taiwan não viram suas indústrias florescerem com políticas curto-prazistas. Ao fazer isso o governo joga fora novamente a oportunidade de estimular a indústria voltando a dar diretrizes para o setor. Um saudosismo das câmeras setoriais dos anos 80 que não nos cheira bem.

Inquisição e extermínio - KENNETH MAXWELL


FOLHA DE SP - 05/04/12

Paul Preston, o mais conhecido historiador britânico da Espanha moderna, revela a plena extensão do que define como "holocausto espanhol" do século 20 em seu novo livro, sobre a horrenda repressão e a violência perpetradas pelo general Francisco Franco. O livro também ajuda a explicar a oposição continuada que existe na Espanha quanto ao reconhecimento dessa história sombria.
Mais de 200 mil pessoas foram mortas na Guerra Civil Espanhola, e outras tantas morreram longe das frentes de batalha. Preston mostra como as vítimas foram estigmatizadas. Ele também detalha a violência do lado republicano: os assassinatos extrajudiciais, as execuções após julgamentos sumários, a destruição causada pelas colunas anarquistas e o papel de agentes soviéticos no massacre de trotskistas.
Mas é a violência sistemática das forças de Franco que causa maior choque. Preston descreve como 12 mil crianças foram roubadas de suas mães e as experiências médicas conduzidas pelo comandante do serviço psiquiátrico franquista, que buscava uma causa patológica para as ideias esquerdistas, um "gene vermelho" que vincularia o marxismo a uma deficiência mental, como parte de um racismo eugênico para "depurar nossa raça".
Recentemente, os juízes da Suprema Corte espanhola decidiram demitir o juiz Baltazar Garzón de seu posto, em um caso envolvendo gravações de conversas entre advogados de defesa e seus clientes em um processo de corrupção. Líderes locais do partido do premiê espanhol haviam sido acusados de conceder contratos em troca de propinas. A Suprema Corte decidiu que Garzón havia excedido em seus poderes.
Garzón é o juiz que solicitou a detenção do general chileno Augusto Pinochet em Londres por supostos crimes contra os direitos humanos. Ele também havia iniciado uma investigação sobre a morte de 114 mil pessoas durante a Guerra Civil Espanhola. A Suprema Corte decidiu, quanto a este processo, sustentar os termos da lei de anistia espanhola de 1977, afirmando que ela foi crucial na transição pacífica espanhola da ditadura à democracia, em 1975.
Há a informação de que cerca de 300 mil bebês espanhóis foram roubados de suas mães e vendidos para a adoção, com a conivência da Igreja Católica, entre 1939 e 1989. As mães foram informadas de que seus bebês morreram. A lei de anistia, uma vez mais, impede a investigação de crimes ocorridos na era Franco, mas promotores estão investigando 900 desses casos em todo o país.
A justificativa de freiras e médicos que perpetraram esses crimes era a de que as mães não eram competentes para cuidar de seus filhos, e que as crianças ficariam melhores sob a guarda de pais "devotos".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

JESUS E A FALTA DE LADRÕES


Doença incurável - DORA KRAMER


O Estado de S.Paulo - 05/04/12


Finalmente descortinou-se ao menos uma razão de ser para o Ministério da Pesca: servir de ponte para o trânsito do dinheiro público aos cofres de um partido. No caso, o PT que, diga-se, não é o único a se valer do expediente.

A mesma prática revelou-se em episódios anteriores e voltou a aparecer nas denúncias que levaram ministros à queda ou à berlinda ao modo de uma derrocada em dominó.

Havia nos escândalos recentes envolvendo ministros do PC do B, PDT, PMDB, PR e PSB, o traço - em alguns mais acentuadamente que em outros - do uso da máquina administrativa para algum tipo de favorecimento privado. Partidário ou familiar e, portanto, pessoal.

A denúncia sobre o ministério da Pesca é tão cristalina quanto as que durante o ano passado detectaram a transformação de pastas em feudos de partidos usuários do aparelho (nos dois sentidos) de Estado como fonte de financiamento.

A diferença aqui é que quando se trata do PT o tratamento é mais brando do lado do governo e mais petulante, para não dizer cínico, da parte dos acusados em sua infinita capacidade de negar as evidências. Por mais evidentes que sejam.

Vejamos resumidamente o que nos mostra o "caso das lanchas", a partir de minuciosos relatos dos repórteres do Estado: em 2009, o Ministério da Pesca concluiu uma negociação com a empresa Intech Boating para a compra de 28 lanchas-patrulha no valor de R$ 31 milhões.

A transação deu-se sem necessidade de comprovação da necessidade da aquisição - tanto que a maior parte (19) não foi usada - e acabou caindo na rede do Tribunal de Contas da União sobre licitações supostamente dirigidas.

Em 2010, o secretário de Planejamento do ministério, Karim Bacha, pediu uma doação para a campanha do PT ao governo de Santa Catarina de R$ 150 mil ao dono da empresa fabricante das lanchas. Pedido feito, pedido obviamente aceito por aquele que ganhara um contrato cujo valor, na comparação, tornava a doação irrisória.

Pois a questão aqui não é de montante, nem do fato de os recursos terem sido devidamente contabilizados. A contribuição foi legal, como alega a hoje ministra das Relações Institucionais e à época candidata ao governo de Santa Catarina, Ideli Salvatti, e depois titular da Pesca.

Ilegítima - para dizer bem pouco, já que o direcionamento da licitação é ainda uma suspeita - foi a "troca" perfeitamente caracterizada na solicitação feita por intermédio do ministério.

Aqui não está em jogo só a conduta dos ministros (Ideli e seu antecessor Altemir Gregolim), embora esteja também.

O dado mais relevante é a prática que se repete, se estende aos outros partidos participantes do governo e é responsável pela produção de denúncias numa série, pelo visto, interminável.

Mata-borrão. A julgar por algumas reações diante dos ótimos índices de aceitação da presidente Dilma Rousseff, as pesquisas seriam, além de uma espécie de salvo-conduto ao erro, um fator de aniquilação do senso crítico.

Celebrar a avaliação positiva é uma coisa. Inclusive porque se as pessoas estão gostando da atuação de Dilma, governo e governistas devem mesmo comemorar.

Outra coisa bem diferente é achar que pontuação em pesquisa é um valor absoluto perante o qual devem se curvar os fatos nem sempre levados em conta pela maioria.

Maioria esta que na mesma pesquisa condena a pesada carga tributária, mas não conecta o fato ao desempenho da presidente.

Aparências. Ainda pensando na dupla face do senador Demóstenes Torres: havia no governo Lula algo mais respeitável que as maneiras, a fala e a figura de Antônio Palocci?

Foi praticamente o fiador da ascensão do PT ao poder e acabou, com todo o reconhecimento de valor, sob os escombros de uma casa de lobby em Brasília.

O ensaio de ressurreição que viria depois, com Dilma, foi apenas um estertor.

Dilma agrega apoios - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 05/04/12


O recorde de 77% de aprovação pessoal que a presidente Dilma obteve na mais recente pesquisa de opinião do Ibope pode ser explicado por uma conjunção de apoios, pois ela mantém a hegemonia na Região Nordeste (82%) e entre os cidadãos que ganham entre um e dois salários (59%), mas conseguiu ser igualmente bem avaliada entre os eleitores com renda familiar superior a dez salários mínimos (60% de ótimo e bom) e na Região Sudeste (75%).

Isso quer dizer que a maneira de governar de Dilma tem agradado à classe média, sem perder o apoio das classes mais populares.

Embora sua aprovação seja maior entre os residentes em cidades do interior (79%) e cidades pequenas (83%), e a confiança seja menor à medida que aumenta o grau de instrução do entrevistado, segundo o Ibope, o aumento no percentual de eleitores que confiam na presidente Dilma foi proporcionalmente maior nas regiões Sul (de 65% para 72%) e Nordeste (de 73% para 79%).

O Ibope atribui ao "estilo" da presidente - que teria mostrado firmeza na substituição de ministros e resistência no relacionamento com a base aliada no Congresso - o sucesso pessoal de Dilma, que estaria sendo avaliada pela população como mais presente na administração do governo.

Essa análise provoca a dúvida sobre se a aprovação de um estilo diferente do de Lula indicaria uma tendência do eleitorado de se afastar de sua maneira populista de governar, preferindo uma presidência pelo menos aparentemente mais eficiente.

Não é o que indica a pesquisa, pois paradoxalmente, para 60%, o governo Dilma é igual ao governo Lula, e apenas 15% o consideram melhor, enquanto 23% ainda preferem o governo do ex-presidente.

A avaliação positiva de seu governo, no entanto, ficou estacionada em 56%, indicando um claro descolamento entre a popularidade pessoal da presidente e a avaliação de seu governo, que, segundo o Ibope, só foi bem avaliado em três de nove áreas de atuação: combate à fome e à pobreza; combate ao desemprego; e meio ambiente.

Houve um empate em educação (49% aprovam e 47% desaprovam), e, nas outras cinco áreas - impostos, saúde, segurança pública, taxa de juros e combate à inflação -, o governo é desaprovado.

O pior resultado foi em impostos, em que 65% desaprovam, e apenas 28% aprovam. A proximidade da Conferência Rio+20 e a discussão do novo código florestal no Congresso chamaram a atenção dos pesquisados, e políticas para o meio ambiente foram as que apresentaram maior crescimento na aprovação em relação à última pesquisa de dezembro, indo de 48% para 53%.

As áreas com pior avaliação foram, além dos impostos, de acordo com a pesquisa, saúde (63% de desaprovação) e segurança pública (61%).

Essa divisão de temas mostra bem que a aprovação do governo está longe de ser uma tendência consolidada, ainda mais se lembrarmos que assunto negativo como o baixo crescimento do PIB, de apenas 2,7% em 2011, foi citado por apenas 1%, ou que e a crise política só foi lembrada por 4%.

As notícias de corrupção, lembradas por apenas 5% dos pesquisados, parecem assunto superado se compararmos com os 28% registrados em dezembro do ano passado.

Essa baixa percepção da gravidade de tais questões indica uma desinformação do eleitorado que pode favorecer a avaliação sobre o governo, mas mostra também que esses problemas não atingem diretamente o cidadão em seu dia a dia.

Os assuntos políticos parecem não ser levados em conta na hora de uma avaliação, a não ser para louvar a posição firme da presidente, enquanto o baixo crescimento claramente ainda não chegou ao bolso do eleitor.

Para se ter uma ideia do grau de informação dos pesquisados, apenas 40% deles se lembraram de algum tema relacionado ao governo, e os assuntos mais lembrados espontaneamente foram os "programas sociais voltados para mulheres" e as "viagens da presidente Dilma". A maioria (60%) não respondeu ou não se lembrou de qualquer notícia.

É bom lembrar também que a pesquisa do Ibope foi feita entre 16 e 19 de março, em meio à crise do governo com a base aliada, o que deve ter influenciado positivamente a reação dos entrevistados.

O número dos que desaprovam a presidente caiu de 21% em dezembro para 19% em março, dentro da margem de erro. A pesquisa revela ainda que 34% consideram o governo regular, 8% o acham ruim ou péssimo, e 2% não responderam.

Para 58%, o restante do governo será ótimo ou bom; 25% acham que vai ser regular; e 10%, ruim ou péssimo. O resultado geral é muito bom para a presidente, que entrou em seu segundo ano altamente popular, mas a avaliação do governo em si se mostra estável, sem perspectivas de melhora, com a maioria das áreas sendo criticada pelo eleitorado.

O descolamento da presidente do seu governo é um fenômeno que já ocorreu com o ex-presidente Lula, mas não se dava muito valor a esse distanciamento pela maneira de governar de Lula, que centralizava as expectativas em si próprio.

Já a presidente Dilma chegou ao Palácio do Planalto precedida da fama de ser uma boa gestora, e a avaliação negativa da maior parte das áreas de sua administração coloca em risco esse trunfo.

Sua popularidade está vindo de outra zona de percepção, a do rigor com que enfrenta o Congresso e se impõe como a condutora das políticas públicas.

Essa é uma postura difícil de ser mantida sem entrar em conflitos com os demais poderes, especialmente com o Legislativo.

Efeito Cascata - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 05/04/12
Os antigos advogados de Carlinhos Cachoeira, preso sob acusação de corrupção, pensavam em negociar uma delação premiada do empresário. Eles calculam que, se condenado por corromper policiais e políticos de Goiás, sua sentença pode ultrapassar 250 anos. Mesmo que cumpra um sexto dela, passaria 30 anos encarcerado, o máximo permitido no país.

BOCA FECHADA

Advogados que assumiram a defesa de Cachoeira depois de preso dizem que a possibilidade de que ele opte pela delação premiada é hoje de "menos dez".

RUMO AO PLANALTO

Na penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Cachoeira fica trancafiado por 22 horas. Embora a cela seja limpa e as refeições sejam as mesmas que as consumidas pela direção do lugar, ele tem direito a apenas duas horas de sol e convivência com outros detentos. Pode receber visitas, mas sem qualquer contato físico.

Cachoeira pediu ontem transferência para Brasília.

RUMO AO PLANALTO 2

O braço direito do empresário de jogos, Lenine Araújo de Souza, já obteve habeas corpus para ser transferido para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

IPTU EM DOBRO

Alguns contribuintes de São Paulo receberam em duplicidade os boletos do IPTU com vencimento em abril.

Dois documentos com os dados rigorosamente iguais chegaram às casas, causando dúvida sobre qual deles deveria ser pago.

ROLO DE PAPEL

A Secretaria de Finanças diz que houve um problema na gráfica, durante a troca das bobinas de impressão. O arquivo ficou "preso", causando a produção de boletos repetidos. A pasta ainda tenta descobrir quantos contribuintes receberam duas cobranças. E orienta que eles descartem um dos papéis na hora de fazer o pagamento.

KARATÊ KID
O atacante Neymar (à dir.) gravou na semana passada, em um restaurante japonês do Guarujá (SP), sua participação no clipe da música "Zica, Vai Lá!", de Emicida (à esq.).

A inspiração para o vídeo, dirigido por Fred Ouro Preto, foram filmes de lutas marciais como "O Grande Dragão Branco". O jogador aparece como treinador do rapper. "Maior honra treinar esse cara aqui", afirmou o santista. A letra da música gravada diz "Meu treinador é Deus/ Me escalou pra jogar/ Olhou pro banco e disse/ Zica, vai lá!".

O REI EM TRÊS DIMENSÕES

Os cantores Daniel e Roberta Miranda foram ao lançamento do DVD "Roberto Carlos em Jerusalém", anteontem, no Cinemark Cidade Jardim. A apresentadora Hebe Camargo viu o filme com óculos 3D. O Rei e seus filhos Luciana e Dudu Braga, com a mulher, Valeska, estavam lá.

A TRÊS

O conselho da Pinacoteca de SP estuda ter um triunvirato à frente da instituição no lugar de Marcelo Araújo, novo secretário estadual da Cultura. O diretor financeiro do museu, Miguel Gutierrez, é um dos nomes cotados junto com o do curador Ivo Mesquita.

LUA NOVA

Ronaldo Bianchi, há dois anos vice-presidente de gestão da Fundação Padre Anchieta e um dos principais assessores do presidente, João Sayad, pediu demissão. Vai se associar a uma empresa de consultoria.

ÁGUAS PASSADAS

"Isso aí já passou, já foi!", disse Hebe Camargo sobre a cirurgia que fez para retirar um tumor no intestino no mês passado. Animada anteontem no lançamento do DVD do show de Roberto Carlos em Jerusalém, Hebe disse que "se eu não estivesse superbem, não estaria aqui". "Quero falar do Roberto, só de coisa boa."

GAVETEIRO

E no evento do Rei, Dudu Braga, filho do cantor, deu entrevista ao "CQC", da Band. A repórter Monica Iozzi perguntou: "Você já pegou a Paula Fernandes?". E ele respondeu: "Não mexo nas gavetas do meu pai".

A cantora mineira já foi apontada como affair do Rei.

CURTO-CIRCUITO

O maestro Julio Medaglia será o regente convidado de concerto da Bachiana Filarmônica no domingo, às 21h, na Sala São Paulo. Livre.

O shopping SP Market inaugura hoje exposição de caricaturas em homenagem a Chico Anysio.

Frank Totino dará curso de improvisação de amanhã até domingo, no Quintal de Criação.

Thiago Oliveira, da Safernet, dará palestra na próxima terça no seminário de segurança LAAD, no Riocentro.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY