FOLHA DE SP - 05/04/12
FAZ UMA semana, o governo juntou os principais banqueiros privados e estatais a fim de conversar sobre "spreads", a diferença entre as taxas de juros que os bancos cobram da clientela e aquelas que pagam para levantar recursos no mercado.
Ontem, o Banco do Brasil anunciou que vai emprestar mais e a taxas menores. Na semana passada, fora o caso do também estatal Banco do Nordeste. Em breve, será o caso da Caixa Econômica Federal.
Na reunião com os banqueiros estavam Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.
Na Fazenda, se diz animadamente que um objetivo da reunião era mesmo pressionar bancos a baixar juros, que desde novembro vêm subindo, na média, para indivíduos e empresas. Os juros de mercado seguem, pois, na contramão da taxa "básica" de juros, a Selic, que cai desde o final de agosto.
No Banco Central, ou pelo menos "da parte do BC", a ideia seria a de convencer a banca a reagir de modo mais calminho aos ciclos econômicos; a exercer um papel "mais neutro, menos pró-cíclico".
Ou seja, os bancos têm acelerado a concessão de crédito quando a economia vai bem; pisam demais no freio quando a economia já anda devagar, como o têm feito agora. E, aliás, como o fizeram em 2008. Na verdade, no gosto "técnico" do BC, seria melhor que a banca fosse até ligeiramente "anticíclica".
Ouvidos os argumentos, o fato é que, no dia do pacote da indústria, Dilma Rousseff deu bronca na banca. "É necessário fazer uma discussão sobre os 'spreads'. Não estou falando nem fazendo considerações políticas. Tecnicamente, ['spread' alto] é de difícil explicação".
O governo queima os cartuchos de curto prazo a fim de fazer a economia crescer mais, ao menos no curto prazo também. Baixar juros para o tomador final de crédito é parte desse programa voluntarista.
O Banco do Brasil diz, claro, que não está respondendo à pressão do governo. Sua decisão de emprestar mais seria um negócio pensado, para ganhar mercado de modo seguro, com aumento de escala, política possível apenas porque as taxas de inadimplência do banco são baixas.
Pode ser. O pessoal do Banco Central diz que, de fato, as contas do BB e da CEF vão bem ("analistas de mercado" diziam que os estatais fariam besteira na expansão de crédito iniciada em 2008. Erraram).
As contas dos grandes bancos privados também vão bem, mas estes dizem que seguram o crédito e cobram mais porque a inadimplência é a mais alta em dois anos, o que é fato, na média do sistema. Dizem que, além do mais, a demanda de crédito caiu um tanto. O consumidor está mais apertado, dizem.
BC e Fazenda argumentam que o sistema está ainda mais seguro (no que diz respeito a controle de riscos), pois o BC agora fiscaliza até empréstimos pequenos, de mais de R$ 1.000. É verdade. Até aqui.
O pessoal da Fazenda disse aos bancos privados que, jogando na retranca, vão perder mercado, como aconteceu entre 2008 e 2011, quando Lula e Mantega puseram os bancos públicos para emprestar mais.
Os bancões privados vão se abalar? Se ficarem na deles, a pressão do governo, com aumento de crédito via estatais, não vai dar muito resultado. Ganham mercado, mas o conjunto do crédito não sobe.
Ontem, o Banco do Brasil anunciou que vai emprestar mais e a taxas menores. Na semana passada, fora o caso do também estatal Banco do Nordeste. Em breve, será o caso da Caixa Econômica Federal.
Na reunião com os banqueiros estavam Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.
Na Fazenda, se diz animadamente que um objetivo da reunião era mesmo pressionar bancos a baixar juros, que desde novembro vêm subindo, na média, para indivíduos e empresas. Os juros de mercado seguem, pois, na contramão da taxa "básica" de juros, a Selic, que cai desde o final de agosto.
No Banco Central, ou pelo menos "da parte do BC", a ideia seria a de convencer a banca a reagir de modo mais calminho aos ciclos econômicos; a exercer um papel "mais neutro, menos pró-cíclico".
Ou seja, os bancos têm acelerado a concessão de crédito quando a economia vai bem; pisam demais no freio quando a economia já anda devagar, como o têm feito agora. E, aliás, como o fizeram em 2008. Na verdade, no gosto "técnico" do BC, seria melhor que a banca fosse até ligeiramente "anticíclica".
Ouvidos os argumentos, o fato é que, no dia do pacote da indústria, Dilma Rousseff deu bronca na banca. "É necessário fazer uma discussão sobre os 'spreads'. Não estou falando nem fazendo considerações políticas. Tecnicamente, ['spread' alto] é de difícil explicação".
O governo queima os cartuchos de curto prazo a fim de fazer a economia crescer mais, ao menos no curto prazo também. Baixar juros para o tomador final de crédito é parte desse programa voluntarista.
O Banco do Brasil diz, claro, que não está respondendo à pressão do governo. Sua decisão de emprestar mais seria um negócio pensado, para ganhar mercado de modo seguro, com aumento de escala, política possível apenas porque as taxas de inadimplência do banco são baixas.
Pode ser. O pessoal do Banco Central diz que, de fato, as contas do BB e da CEF vão bem ("analistas de mercado" diziam que os estatais fariam besteira na expansão de crédito iniciada em 2008. Erraram).
As contas dos grandes bancos privados também vão bem, mas estes dizem que seguram o crédito e cobram mais porque a inadimplência é a mais alta em dois anos, o que é fato, na média do sistema. Dizem que, além do mais, a demanda de crédito caiu um tanto. O consumidor está mais apertado, dizem.
BC e Fazenda argumentam que o sistema está ainda mais seguro (no que diz respeito a controle de riscos), pois o BC agora fiscaliza até empréstimos pequenos, de mais de R$ 1.000. É verdade. Até aqui.
O pessoal da Fazenda disse aos bancos privados que, jogando na retranca, vão perder mercado, como aconteceu entre 2008 e 2011, quando Lula e Mantega puseram os bancos públicos para emprestar mais.
Os bancões privados vão se abalar? Se ficarem na deles, a pressão do governo, com aumento de crédito via estatais, não vai dar muito resultado. Ganham mercado, mas o conjunto do crédito não sobe.
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