quinta-feira, maio 02, 2013

O custo Brasil - CORA RÓNAI

O GLOBO - 02/05

Hoje eu queria escrever uma crônica bem levinha, que deixasse todo mundo de bom humor, mas está difícil. Passei as últimas horas às voltas com o Imposto de Renda, e tive o desgosto de constatar que um terço do que ganho vai para o governo. Como todo mundo, eu também já sabia disso, mas uma coisa é encontrar descontos mensais no contracheque, e outra, bem diferente, é ver ali, na tela, o total que mando para Brasília. Claro que aí não estão incluídos outros impostos, como o ISS ou o famigerado ICMS, que levam boa parte do que gasto. A sorte é que não sou boa de matemática e não sei calcular quanto isso dá por ano, ou corria o risco de ficar seriamente deprimida ao descobrir que, na minha conta, entra menos da metade do que recebo.

O que me consola é saber que este dinheiro todo será empregado de forma séria e judiciosa, garantindo aos brasileiros bons serviços, boa educação e um sistema de saúde próximo da perfeição, conforme constatou o ex-presidente Lula (antes de ir se tratar num hospital particular, mas isso são outros quinhentos). Fico reconfortada em saber que estou contribuindo para que se paguem salários de R$ 15 mil para os cidadãos que servem cafezinho no Congresso, o que é sinal de que somos um país rico e poderoso: assim mostramos à península escandinava do que somos capazes. Toma, Noruega!

Também me aquece a alma pensar na vida dos nossos parlamentares, que tanto se esforçam para que o Brasil se transforme numa Democracia bolivariana. Quando eu morava em Brasília, me explicaram que é muito importante que os homens públicos tenham excelentes salários para que não caiam na tentação de se corromperem. Foi bom ter aprendido isso, caso contrário eu poderia fazer mau juízo deles.

Já pagar a aposentadoria da Roseana Sarney não chega a ser uma alegria, mas reconheço que ela fez por merecer. Afinal, trabalhou seis anos inteiros no Congresso, naquele ambiente que é, notoriamente, o lugar mais podre do país.

Uma vez fui assaltada a mão armada. Estava num táxi com a Mamãe e a Laura, e caímos num arrastão. Um marginal tão marginal que poderia interpretar marginais no cinema levou as nossas bolsas, enquanto seus comparsas limpavam os cidadãos e os carros vizinhos. A sensação de impotência foi horrível: o que se pode fazer diante de uma arma?

Pois apesar de estar em casa, em suposta segurança, a sensação que tive ao preencher a declaração de imposto de renda foi pior. O assalto é um ato completo em si mesmo. Ele não depende de nós e, com alguma sorte, não se repete. Não vemos o destino do nosso dinheiro e, com o tempo, esquecemos o que nos levaram. Preencher a declaração de imposto de renda, porém, é uma violência que praticamos contra nós mesmos, como se fossemos simultaneamente assaltante e assaltado: apontamos a arma para as nossas próprias cabeças indignadas e fazemos a limpa. Não temos outra opção. Temos que juntar uma papelada seiscentista e perder um tempo precioso, informando ao governo quanto ele pode levar: “Olhaí, seu ladrão, nessa bolsa tem duzentas pratas, ticket de refeição, um talão de cheques, dois cartões de crédito, óculos Rayban...” Com a agravante de que, se não praticarmos o assalto muito bem assaltado, ainda corremos risco de levar multa e sermos ainda mais depenados.

A violência não acaba aí. Ao longo do ano, somos constantemente provocados pelas autoridades federais, estaduais e municipais, que tratam o nosso dinheiro como papel higiênico usado. É superfaturamento de obra, ministério inútil, hotel de luxo em Roma, merenda escolar que vai para o lixo, aparelho hospitalar que apodrece sem sair da embalagem, auxílio moradia com dez anos de retroatividade para juízes sem teto, demolição de equipamentos esportivos recém-construídos — a lista não acaba nunca e desafia a imaginação mais pervertida.

Antes que alguém me acuse de ser uma burguesa elitista que só pensa nos próprios caraminguás, esclareço (é preciso?) que não sou contra o imposto de renda em si, assim como não sou contra o condomínio ou contra as mensalidades do clube. Quem vive em sociedade deve participar do rachuncho. Apenas me sinto otária — muito otária! — em pagar impostos suecos por serviços dignos do Afeganistão.

Nosso alcaide teve uma ideia de gênio: juntar a OSB com a Orquestra da Petrobras para formar uma única grande orquestra, bem representativa do Rio de Janeiro. Tenho uma ideia melhor: por que não juntar todos os times de futebol da cidade para fazer um único timão bem grandão e verdadeiramente representativo do Rio? Seria muito mais econômico e teria uma torcida muito maior.

Pois é. Ainda por cima, somos obrigados a ouvir uma besteira dessas em plena entrega do Imposto de Renda.

Finalmente: vocês sabiam que, em São Paulo, é proibido entrar com livro nos estádios de futebol?

Depois de maio - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 02/05

Meu eu de hoje faria o que fiz em Maio 68 e nos anos 70? E ter me transformado, isso é bom ou ruim?


Por sorte, não perdi "Depois de Maio", de Olivier Assayas.

Nas últimas semanas, eu tinha visto o trailer repetidamente, e imaginava que o filme me aborreceria com um amontoado de chavões ideológicos, ou seja, daquelas frases que, em Maio de 1968, estofavam nossos peitos e, hoje, são inertes, quase desprovidas de sentido.

Ora, tanto na nossa vida quanto na história coletiva do século 20 e 21, Maio de 68 e os anos 1970 foram muito mais do que as convicções e as palavras de ordem da luta política.

Claro, na época, nada nos parecia mais importante do que o sucesso ou o fracasso daquelas convicções. Mas fazer o quê? Foi assim: saímos à rua para fazer uma revolução e acabamos fazendo outras, que não eram previstas, mas talvez fossem melhores do que a que tínhamos planejado.

Não estou falando da revolução nos costumes e na tolerância das diferenças. Falo de outra revolução ainda, que, nos últimos anos, começou a ser contada, indiretamente, nos filmes que tratam de Maio 68.

Os melhores, para mim, eram "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci, e "Amantes Constantes,", de Philippe Garrel. Agora há "Depois de Maio", de Olivier Assayas, que não é apenas o filme sobre Maio que mais me tocou até hoje. É também um dos filmes (sobre Maio ou não) que mais me tocaram nos últimos anos.

Assayas é mais jovem do que eu. Eu tinha 20 anos em 68; ele tinha 13. Mas ambos fomos jovens nos anos 1970 na França; eu estava, por exemplo, nas manifestações de setembro de 70, durante a greve de fome de Alain Geismar.

Há uma pergunta que se colocam quase todos os que viveram "de dentro" Maio 68 e os 1970: o que eu fiz que, assim como eu sou hoje, eu não faria? E ter me transformado, isso é bom ou ruim?

No filme "Depois de Maio", é citado um grande poeta beat dos anos 1950. Em "Gasoline", de Gregory Corso, há um poema ("Tenho 25 Anos"), em que, depois de evocar os poetas que morreram jovens (Shelley, Chatterton, Rimbaud), Corso declara que ele odeia os velhos poetas, "especialmente os que se retratam" e que contam sua juventude sussurrando: "Eu fiz aquilo então, mas isso foi então"¦".

Desses velhos poetas, Corso quer arrancar a língua fora, para que parem de se desculpar.

Será que sou um desses velhos poetas? Vistos de hoje, aqueles dias me parecem uma comédia de erros? E, se não foram, qual foi seu valor?

É que aqueles dias e anos inventaram um novo hedonismo da vida (que talvez já tenha sido perdido, de novo): era um prazer de viver, mas cuidado --levando a vida extremamente a sério. Esse prazer tinha a ver com o quê?

Por exemplo, com uma custosa fidelidade ao desejo da gente, que fosse de ser pintor, militante ou perdido nas drogas.

Ou ainda, com uma extraordinária densidade cultural, uma raiva de ler e estudar, como se colocar as questões certas fosse a condição para viver a vida intensamente.

Em 1970, num seminário de literatura inglesa contemporânea, na Universidade de Genebra, cada estudante foi convidado a apresentar um autor preferido. Escolhi Gregory Corso. No meio da exposição, me empolguei e confesso que atribui a Corso, como se fossem dois versos de um poema dele, as primeiras linhas (memoráveis) de um romance de espionagem de Len Deighton, que eu acabava de ler.

Por sorte minha, ninguém parecia conhecer nem Corso nem Deighton, e não fui desmascarado.

O começo de "An Expensive Place to Die", de Len Deighton ("O Preço da Morte", Nova Fronteira), tinha se tornado meu hino pessoal à vida que se justifica por si só, pela aventura que ela é.

Deighton começa assim: "The birds flew around for nothing but the hell of it" (o sentido é: os pássaros voavam pelo céu pelo puro prazer de voar --mas em inglês é muito melhor).

O filme de Assayas fala do prazer da vida levada a sério em duas sequências magníficas e surpreendentemente longas: a abertura, com os estudantes fugindo de um ataque da polícia, e uma pichação noturna, também com fuga dos estudantes perseguidos pelos vigias.

Nessas cenas, há o fôlego dos estudantes e dos policiais, que correm, há o fôlego do cineasta que consegue manter a sequência, há o fôlego dos espectadores e há, enfim, mais um fôlego, do qual talvez todos precisemos: é o fôlego de se levar a sério, ou seja, por exemplo, de ousar ir às ruas, pelo prazer de declarar o que a gente pensa, desafiando o medo.

O melhor - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O Estado de S.Paulo - 02/04

Era uma época cheia de perigos. Sarampo, caxumba, catapora, bicho do pé. Engolir chiclete era perigoso porque colava nas tripas. Fazer careta era perigoso porque se batesse um vento você ficaria com o rosto deformado pelo resto da vida. Pé descalço em ladrilho: pneumonia. Melancia com leite: morte certa. Banho depois de comer: congestão.

Um dia fizeram uma cabana num terreno baldio. Ainda havia terrenos baldios. A cabana era o mundo secreto deles, da turma. Ganhou um nome: Clube da Sacanagem. Ninguém precisava saber o que acontecia lá dentro. Os cigarros roubados de casa. As revistinhas. Mas a primeira coisa que o menino fez dentro da cabana foi comer melancia com leite e não morrer.

Com o tempo, os perigos mudavam. Desatenção na escola, falta de estudo, notas baixas: fracasso, nenhum futuro, ruína. Sexo sem camisinha: doença, gravidez indesejada, ruína. Amizades perigosas: drogas, dependência, nenhum futuro, ruína, morte.

- E banho depois da comida?

A ironia não era entendida.

- Pode.

O grande amor deixava olhar, mas estabelecera um ponto nas suas coxas do qual era proibido passar. Como o Paralelo 38, que dividia as duas Coreias. E ela era rigorosa. No caso de transgressão, soavam os alarmes e havia o perigo até de intervenção americana.

Mas bom, bom mesmo, era o orgulho de um pião bem lançado, o prazer de abrir um envelope e dar com a figurinha rara que faltava no álbum, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro de terra úmida, o cheiro de caderno novo, o cheiro inesquecível de Vick Vaporub. Mas melhor do que tudo, melhor do que acordar com febre e não precisar ir à aula, melhor até do que fazer xixi em piscina, era passe de calcanhar que dava certo.

É ou não é?

Poder Judiciário, o novo inimigo do povo - CÉSAR FELÍCIO

Valor Econômico - 02/05

Garantir o direito de um indivíduo ou de um grupo faz parte da própria razão de ser da Justiça, em qualquer país que siga o modelo de Montesquieu. Conflitos institucionais, antepondo o Judiciário aos dois outros eleitos pelo povo, portanto, são previsíveis e pertencem à crônica mundial. O caso dos últimos dias no Brasil, com seu jogo de ameaças mútuas entre o Congresso e o STF, não foi o primeiro e não será o último. O problema ganha gravidade quando o conflito entre Poderes é um método de ação política e a desinstitucionalização é uma meta.

Na Argentina, a presidente Cristina Kirchner deve conseguir do Congresso na próxima semana a aprovação de uma reforma do Judiciário que encerra a sua breve experiência como poder independente (apenas dezesseis anos).

Pela reforma, uma liminar contra o Estado só poderá ter vigência caso a Presidência não recorra da decisão. Se recorrer, fica automaticamente suspensa. Sem recurso, vale por seis meses no máximo, prorrogáveis por outros seis.

Atualmente, os juízes são escolhidos ou removidos por um Conselho Nacional de Magistratura, em que o governo tem cinco vagas em 13. O número de conselheiros agora sobe para 19 e 12 das vagas serão decididas em eleições diretas, disputadas pelos partidos. Como o quórum para deliberação passou de maioria de dois terços para a absoluta, basta ao governo eleger a metade dos conselheiros para ter controle do órgão.

A reforma não fica nisso: foi criada uma nova instância do Judiciário, que passa de dois para três foros antes da Corte Suprema. Os futuros integrantes da nova jurisdição serão escolhidos pelo novo Conselho de Magistratura politizado e rateado entre os partidos.

Esta será a quarta reforma do Judiciário na Argentina nos últimos vinte e cinco anos. Foi para conter o leilão de vagas da magistratura no Congresso, patrocinado por Menem, que surgiu na revisão constitucional de 1994 a criação de um modelo autônomo, inspirado na legislação francesa. A independência do Conselho já havia sido atenuada na penúltima reforma, a de 2006, quando o peso do governo dentro do colegiado aumentou e a Presidência ganhou poder de veto sobre a indicação de juízes.

"Com certeza haverá uma nova reforma caso a oposição ganhe as eleições presidenciais de 2015. A disputa pelo controle político da Justiça é tão grande que impede qualquer modernização. Continua em vigor uma norma que obriga a acondicionar os expedientes judiciais em envelopes que são lacrados com costura de linha e agulha. "É uma regra criada há 150 anos e ninguém se lembrou de revogá-la", disse o advogado Rafael Gomez Diez, diretor de assuntos legais de uma petroleira.

O populismo na Argentina está longe de ser um termo pejorativo. É condição assumida e reivindicada para si pelo kirchnerismo. Um dos principais teóricos deste modo de atuar politicamente é o argentino Ernesto Laclau, autor de "A Razão Populista" e um dos intelectuais admirados por Cristina.

Laclau afirma que há pressupostos básicos para a construção de uma liderança: a dimensão anti-institucional, em que a ordem usual das coisas é desafiada; e a construção de uma fronteira interna ideológica, em que a base sempre está mobilizada contra um inimigo. O vilão da ocasião é o Poder Judiciário. No recente encontro de Cristina com a presidente Dilma Rousseff, o secretário jurídico do governo argentino, Carlos Zanini, fez a jornalistas brasileiros uma definição que sintetiza esta lógica: "Quem está contra a reforma está a favor da defesa dos monopólios".

"É preciso definir quem é o inimigo do povo e constantemente renová-lo. O inimigo é necessário para a explicação de todos os problemas. Sempre há uma corporação nova contra quem lutar. É um truque velho. Repugnante mas eficaz", comentou o historiador Luis Alberto Romero, que aposentou-se em 2011 do Conicet, uma mistura de IPEA com CNPq da Argentina, protestando contra a politização do órgão.

No próximo dia 25, se completam dez anos da posse de Nestor Kirchner, marido e antecessor de Cristina. Como o mandato da atual presidente irá até 2015, serão, pelo menos, doze anos ininterruptos de uma mesma hegemonia política, algo que não ocorre na Argentina desde 1930.

O primeiro inimigo do povo definido pelo kirchnerismo veio dos quartéis. De forma espetacular, Kirchner colocou toda uma guarnição em forma e disse, em cerimônia gravada: "Eu não tenho medo de vocês".

Com este gesto e outros, dos quais o mais concreto foi o de revogar todas as normas que preservavam a impunidade dos líderes de um regime militar genocida, Kirchner se apropriou de uma causa que até então era transversal na sociedade argentina.

Em seguida surgiram como adversários os monopolistas do comércio, o sistema financeiro internacional, o grande latifúndio e, já no governo de Cristina, o conglomerado de mídia Clarín. No ano passado, reingressou no repertório o nacionalismo, com o relançamento da reivindicação sobre as ilhas Malvinas e a expropriação da YPF.

"O governo tem sido muito eficiente em levantar bandeiras inquestionáveis. Quando o governo abraça causas que já fazem parte do subconsciente argentino, a oposição não consegue estabelecer uma linha congruente. O espaço para a construção de um discurso opositor desaparece, ninguém pode se identificar com o inimigo", comentou Romero.

Ao mirar suar artilharia contra o Judiciário, Cristina não só remove uma eventual barreira contra o exercício pleno de seu poder, mas escolhe um alvo que só é avaliado positivamente por 27% da população, segundo o informe Latinobarometro de 2011, da pesquisadora chilena Marta Lagos. Adestrada a justiça, uma avenida se abriria para Cristina para escolher a próxima vítima e controlar o jogo de 2015. Sua debilidade é que há uma eleição parlamentar decisiva em outubro deste ano. O coquetel de inflação alta, disparada do dólar, baixo crescimento e pouco investimento sugere que o resultado é incerto.

Ueba! Rodízio de arrastão! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 02/05

Adoro quando o Maluf aparece na televisão: "Eu tirei os bandidos da rua". E botou todos na prefeitura!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

E adorei a charge do Duke com o discurso da Dilma: "No que se refere à educação, o nosso governo foi o que mais investiu. A prova disso é que o DUDU TÁ LENDO". Rarará!

E adorei que a argentina que virou rainha da Holanda se chama Máxima. Como todo argentino, ela deve gritar todo dia: "eu sou a Máxima!".

E como disse o tuiteiro Daniel Brandão: "Se o Papa é argentino e a rainha da Holanda é argentina, quando Jesus voltar, eles também vão dizer que é argentino?". Rarará!

E o Real Madri entrou pro Desliga Campeões!

E o Cristiano Ronaldo perde gol porque fica se olhando no telão. O Cristiano Ronaldo namora a Miss Bumbum mas não dá uma bola dentro. E continuo impressionado como o Cristiano Ronaldo joga 90 minutos sem tirar um fio de cabelo do lugar! E o Kaká tá um kokô! Rarará!

E atenção! Aqui em São Paulo o único que trabalhou no Dia do Trabalho foi o assaltante! Bagurança Pública!

Faixa de Gaza: "Zona oeste de SP tem dois arrastões e três baleados em assaltos em menos de 12 horas".

Aí o Alckmin vai criar o rodízio de arrastão: o roubodízio! Quem fizer arrastão em prédio às segundas não pode assaltar na Faria Lima às sextas. E quem assaltar na Mooca às terças não pode fazer arrastão em restaurante japonês às quintas!

E controle de tráfego para as roubovias: "Evite a Paulista, fluxo intenso de assaltantes".

E um amigo disse que "São Paulo tá boa pra sair na rua tomar um ar, um AR-15 na testa". Rarará!

E adoro quando o Maluf aparece na televisão: "Eu tirei os bandidos da rua". E botou todos na prefeitura. Rarará!

Trilha sonora de São Paulo vai ser aquela música da Elis: "Ei, ei, ei, hoje tem arrastão".

E fila de caixa eletrônico agora é assim: um pra tirar dinheiro e oito sequestradores atrás gritando "rápido que eu tô com uma sequestrada esperando no carro!".

E restaurante em São Paulo tá tão caro que o arrastão começa no couvert! E o garçom, quando traz a conta, grita: "ARRAAAASTÃO!".

E uma amiga bem perua mandou blindar a coleira do cachorro!

E agora temos três tipos de paulistas: armados, desarmados e alarmados! Nóis sofre mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

VOZES AFINADAS - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 02/05

Os direitos autorais e o Ecad, escritório que centraliza a arrecadação e a distribuição de recursos para os compositores, voltaram a ser tema de grandes estrelas da MPB como Gilberto Gil e Chico Buarque. Nesta semana, um grupo de artistas se reuniu no Rio de Janeiro para discutir problemas ligados à área.

PONTO
Um dos motivos de tensão é a multa de R$ 38 milhões que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aplicou ao Ecad em março. O órgão concordou com acusação da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) de que os preços cobrados pelo escritório pela reprodução de músicas dos artistas são abusivos e que não há margem para negociação, já que o Ecad e outras seis associações de artistas formariam um cartel.

LUZES
O temor é o de que algumas associações tenham que se valer dos recursos que arrecadam para os artistas para fazer frente à multa, diminuindo o bolo recebido por eles. Outra discussão que voltou à pauta é a necessidade de maior transparência no Ecad. Um projeto que tramita no Congresso Nacional propõe mudanças de gestão e a volta de agência que regule o setor.

DEBATE
Na reunião dos artistas, a segunda em poucos dias, houve troca de informações e de ideias. Não houve conclusão que permitisse a adoção de uma postura conjunta em relação aos temas.

TORCIDA
Eduardo Campos (PSB-PE) tem convicção de que José Serra deixará o PSDB, com chance de se lançar candidato a presidente por um novo partido, o Mobilização Democrática. É o que tem dito a interlocutores. Para ele, que é pré-candidato também, quanto mais oposição a Dilma Rousseff, melhor, para forçar um segundo turno.

TORCIDA 2
Para isso ocorrer, no entanto, é crucial que o STF (Supremo Tribunal Federal) mantenha a possibilidade de novos partidos acessarem recursos e tempo de TV em 2014, viabilizando o Mobilização Democrática.

SUSPENSE
O ministro Gilmar Mendes, que deu a liminar do STF que favorece os novos partidos, só deve levar a questão ao plenário do tribunal no fim do mês.

VAI, MAS VOLTA
O Studio SP, que fecha as portas hoje, já prepara um retorno em formato de festival anual. O primeiro deve ocorrer em junho de 2014. Serão dois dias de shows gratuitos em praça pública no centro de SP, com artistas e bandas independentes.

EM FAMÍLIA
A cantora Luciana Mello tem novo empresário: o marido, o fotógrafo Ike Levy. Os dois criaram a empresa "Cantarolar". Em junho, ela fará shows em Nova York.

O CASAL NÚMERO UM

O cineasta Alain Fresnot se prepara para um dos grandes desafios de sua longa carreira: dirigir dois dos maiores artistas vivos do Brasil, Lima Duarte e Fernanda Montenegro. Eles vão ser os personagens principais de "Uma Noite Não É Nada", seu próximo longa-metragem, para o qual ainda busca financiamento.

É a história de um casal em que ele, professor, se apaixona por uma aluna portadora do vírus HIV. Acaba infectado e, ao mesmo tempo, desprezado. No fim da vida, no hospital, pede para a mulher, interpretada por Fernanda, encontrar sua derradeira paixão. E ela parte atrás da jovem aluna.

Enquanto o filme não começa, Fresnot, "escultor de fim de semana", se dedica às obras que faz com as próprias mãos, como a girafa que tem na sala de casa, batizada provisoriamente de "Elefante n° 1".

EMOÇÕES

Roberto Carlos iniciou temporada de shows em SP, anteontem, no Espaço das Américas. Carlos Alberto Braga, irmão do Rei, o ator Tiago Abravanel, com a mãe, a diretora Cintia, e o secretário estadual da Segurança, Fernando Grella, com a mulher, Maria Olívia, estavam na plateia.

MUITAS GRAVURAS

Rossini Perez ganhou exposição com retrospectiva de sua obra na Estação Pinacoteca. O ex-ministro Rubens Ricupero e os artistas Lena Bergstein e Sergio Fingermann foram ao vernissage de "Rossini Perez- Um Passante e Duas Margens", no fim de semana.

CURTO-CIRCUITO

A exposição "130 anos de Khalil Gibran" será aberta para convidados hoje, às 20h30, no Memorial da América Latina.

A Lacoste lança polos assinadas pelos irmãos Campana, às 18h, na FirmaCasa, no Jardim Paulistano.

A quarta edição do programa "Lado Bi", apresentado por James Cimino e Marcio Caparica, entra no ar hoje, no site da rádio UOL.

Alessandra Blanco ministra hoje a primeira das quatro aulas do curso Comer e Escrever, na Casa do Saber. Até o dia 23.

Buchecha faz show, hoje, na Outlaws, com participação do cantor Marquinhos Osócio. 18 anos.

A loja Meu Amigo Pet passará a vender produtos da Joy Art by Karina Bacchi.

Fator Odebrecht - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 02/05

Neste encontro com Cristina Kirchner, Dilma advogou para as empreiteiras brasileiras que disputam uma bolada de 5 bilhões de dólares para a construção de duas hidrelétricas no Rio Santa Cruz, na Patagônia argentina.

O complexo terá o nome de Néstor Kirchner. Faz sentido.

Bomba no Pedro II
Uma bomba feita com cabeças de nego foi jogada dentro do banheiro do Colégio Pedro II, no Humaitá, na quarta-feira, durante o recreio.

Apenas um aluno estava no local na hora. O artefato explodiu ao lado dele.

Segue...
O jovem, de 17 anos, perdeu 20% da audição do ouvido direito. Seus pais deram queixa na delegacia.

Lei Beatriz Segall
A querida atriz Beatriz Segall, 86 anos, ganhou o título de “Musa da meia-entrada” entre os colegas de luta desta lei, que limitou a 40% o número de ingressos com o benefício.

Segundo o ator Odilon Wagner, a eterna Odete Roitman iniciou esta campanha há 15 anos. Não é fofa?

Pop sessentão
Lulu Santos vai festejar seus 60 anos amanhã com um festão no Copacabana Palace para mil pessoas. A festa promete.

Ele chamou o DJ Fabiano Moreira para fazer “mashups”. A voz de Lulu cantando seus sucessos será misturada a melodias de outros artistas, como Lady Gaga.

A poesia de Míriam
Veja só. Três poemas da coleguinha Míriam Leitão, ela mesma, a craque da economia, serão publicados na revista literária italiana “In Limine”.

Em português e italiano, vertidos pelo editor Fabio Pierangeli.

Fator Ronaldo
Galvão Bueno, no “Bem, amigos” de segunda, no SporTV, esqueceu de citar entre os convidados o cantor Naldo, que é empresariado por Ronaldo Fenômeno.

Naldo saiu antes de o programa acabar.

Mas...
O prestígio do Fenômeno tem rendido frutos a Naldo.

Além de ter cantado, sábado, “Amor de chocolate”, na reabertura do Maracanã, ele participou do jogo no time dos Amigos de Ronaldo contra os Amigos de Bebeto.

Burocracia argentina
A família do cardiologista carioca Roberto Bittencourt, que morreu dia 7, na Argentina, espera trazer o corpo dele para o Rio até amanhã, quase um mês após o infarto fatal.

É que a liberação depende de uma assinatura da médica que fez o atestado de óbito. Mas ela saiu de férias.

Duro recomeço
O líder comunitário William da Rocinha, solto depois de 17 meses preso, acusado de envolvimento com o traficante Nem, vai trabalhar como auxiliar de pesquisa no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais.

O convite foi do professor Paulo Baía, ex-secretário de Estado de Direitos Humanos.

O mistério do tomate
Como mostra a foto ao lado, o preço da caixa do tomate-cereja em um supermercado nos EUA é 99 centavos de dólar.
No Brasil, a mesma caixa custa R$ 5,99, quase três vezes mais. 

Lá vem o noivo
O jogador Adriano procurou esta semana um advogado especialista em direito de família para conhecer mais sobre pacto pré-nupcial.

Ele está noivo de Renata Fontes, uma estudante de odontologia.

Mais Imperador....
Fora dos campos desde novembro, Adriano perdeu seis quilos. Diz que volta a jogar no segundo semestre.

Barraco na orquestra
Não é fácil unir, como sugeriu Eduardo Paes, as duas orquestras, a OSB e a Sinfônica da Petrobras.

Isaac Karabtchevsky, maestro da orquestra da Petrobras, não frequenta os concertos da OSB por incompatibilidade com o maestro Roberto Minczuk.

Ajuda para a OSB...
Aliás, o vereador Cesar Maia fez uma emenda à lei de diretrizes orçamentárias do Rio para destinar R$ 700 mil por mês à OSB.

No mais...
Eduardo Paes tem, eventualmente, o direito de não gostar de música clássica. Aliás, o primeiro espetáculo-teste na Cidade das Artes foi sobre o Rock in Rio.

Mas, neste caso do corte de verba para a OSB, o prefeito foi, no mínimo, mal assessorado. É pena.

Freio de arrumação - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 02/05

O ministro Gilmar Mendes (STF) saiu satisfeito da conversa com os presidentes do Senado e da Câmara. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) garantiu que, se a PEC 33 for aprovada, não será promulgada. O regimento permite que ela seja engavetada, porque não dá prazo para sua promulgação. O deputado Henrique Alves (PMDB-RN) assegurou que não a colocará em votação.
"Vivemos atualmente um regime anárquico em termos de produção legislativa. Votam o que bem entendem"
Pedro Simon
Senador (PMDB-RS)

Deputados: escolham o seu partido
Estão em formação no país 27 partidos, além da Rede, de Marina Silva, e do Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). A maioria, na fase de coleta de assinaturas e checagem nos cartórios eleitorais. Apenas um, o PLB (Partido Liberal Brasileiro), já pediu ao TSE seu registro. Há partidos para todos os gostos, como o PSPB: Partido dos Servidores Públicos e dos Trabalhadores da Iniciativa Privada. Tem a volta da Arena (Aliança Renovadora Nacional) e dois PMBs, um para as Mulheres do Brasil e outro para os Militares do Brasil. Tem também o PEC, o Partido Ecológico Cristão, e o PN, cuja sigla quer dizer, simplesmente, Partido Novo. Que tal?

Resposta pronta em Comandatuba
Cobrado sobre o atraso nas obras de mobilidade urbana para a Copa, o ministro Aldo Rebelo (Esportes) explicou que elas decorrem da falta de parceria de estados e municípios, da ação dos órgãos de controle e de questões ambientais.

Frente ampla
Ex-fundador da UDR, o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado, que também é candidato ao governo de Goiás, teve conversa promissora com o governador Eduardo Campos (PE), candidato do PSB à Presidência. Caiado, adversário do governador Marconi Perillo (PSDB), pode colocar seu palanque à disposição do candidato socialista.

O estágio da batalha
Explica o prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso: "Hoje, minha luta é no PSB. Não podemos ter um candidato de oposição integrando o governo. Um partido de esquerda não pode ter candidato sustentado pela direita".

Colocando os pingos nos is
Apesar das reações, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), defende a criação da comissão da PEC 37, que define limites para a atuação do Ministério Público. Sustenta que ela é destinada a buscar um entendimento e evitar que a proposta seja votada em clima de radicalismo. Depois deste trabalho, caberá aos parlamentares debater, formular e votar o texto final.

Queda de braço
Escanteado pela Casa Civil, o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, recebeu uma boa notícia do Planalto. A presidente Dilma mandou devolver para o seu comando a execução do Programa de Investimentos em Logística.

Sem glamour
O empresário José Batista Júnior (Friboi) desistiu da festa, para 50 mil pessoas, pela sua entrada no PMDB. O vice Michel Temer o tirou do PSB. Mas o PMDB goiano não gostou muito da ideia nem garante para Júnior a candidatura ao governo.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB) terão companhia amanhã em Uberaba. A presidente Dilma vai à Expozebu.

Tensão pré-eleitoral - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 02/05

Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Paulinho da Força (PDT-SP) bateram boca ontem no showmício do Dia do Trabalho. Antes de subir ao palanque, o ministro questionou a proposta de reajuste salarial trimestral do pedetista: "Isso é inconsequente. Indexação é um erro". Paulinho atacou: "O responsável pela inflação é o governo, não sou eu". Fernando Haddad (PT), que estava próximo, tentou contemporizar: "Paulinho, você não pode ser intransigente".

Onde pega O que contrariou as centrais sindicais foi o fato de Carvalho ter chamado o presidente da CUT, Vagner Freitas, ao Planalto na véspera para apresentar a proposta de mesa de negociações permanente sobre a pauta trabalhista. "A CUT não fala pelas centrais", disse Paulinho.

Assim não Informadas de que o fim do fator previdenciário e a jornada de 40 horas não estarão em discussão na rodada de conversas proposta pelo governo, outras centrais ensaiam boicote à mesa, prevista para o dia 14.

Repeteco Aécio Neves acusa Dilma Rousseff de se aproximar dos sindicatos apenas em ano eleitoral. "Ela procurou as centrais na campanha, mas hoje está distante da agenda do trabalhador."

Fauna Após Gilberto Carvalho ter dito que a presidente age como uma "leoa" para deter a inflação, um tucano ironizou: "A briga é boa. O adversário é um dragão".

Recolhido Depois de cancelar a ida ao ato da Força, Eduardo Campos (PSB) também desistiu de comparecer hoje ao jantar de boas-vindas da Expozebu, em Uberaba (MG), promovido pelo deputado Marcos Montes (PSD).

Lotação No jantar, Campos iria se encontrar com Aécio. E Dilma confirmou presença na abertura oficial do evento, amanhã. De novo o governador de Pernambuco alegou agenda no sertão para sair da cena nacional.

Calhamaço Os advogados de José Genoino (PT-SP) apresentarão hoje no STF embargos de declaração com 290 páginas apontando omissões e contradições no julgamento do mensalão.

Tem mais No documento, a defesa do petista pede ainda a reabertura do prazo de contestação para que seja complementado o recurso.

Muita calma... A comissão criada por Henrique Alves (PMDB-RN) para rever a PEC que tira poder de investigação do Ministério Público revoltou deputados governistas e da oposição. Eles alegam que Alves acertou a estratégia com o Executivo, sem o aval de parlamentares.

... nessa hora Rodrigo Maia (DEM-RJ) acusa Alves de retirar poderes da Casa ao delegar a missão a grupo "externo". A comissão terá congressistas, promotores, policiais e um emissário do governo. "O texto é ruim, mas foi aprovado em comissão. Poderíamos mudá-lo", diz.

Petit comité Na conversa com Michel Temer, na segunda, Alves, Aloizio Mercadante (Educação) e Cândido Vaccarezza (PT-SP) discutiram, além de palanques para 2014, problemas na articulação política do governo.

Em todas Mercadante também despachou anteontem com Dilma, no Alvorada, sobre política e cenários estaduais. Participaram José Eduardo Cardozo (Justiça) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento e Indústria).

Digestivo Prestes a assumir o comando do PSDB-SP, Duarte Nogueira se reúne hoje com o secretário José Aníbal (Energia), um dos apoiadores do atual presidente, Pedro Tobias, que desistiu de disputar novo mandato após pressão de Geraldo Alckmin.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"Como capitão do time dos mensaleiros, Dirceu confunde os papéis. A seleção do Supremo jamais será escalada por ele."
DO SENADOR ÁLVARO DIAS (PSDB-PR), sobre o pedido do ex-ministro da Casa Civil para afastamento de Joaquim Barbosa da relatoria do mensalão.

contraponto


Duro de engolir
Durante a festa do Dia do Trabalho, ontem, em São Paulo, a tônica dos discursos era crítica ao governo de Dilma Rousseff. Em dado momento, foi dada a palavra ao ministro Manoel Dias (Trabalho). O pedetista, então, começou a abordar os feitos da presidente.

--É preciso que reconheçamos os avanços-- disse, antes de engasgar, fazendo uma pausa forçada em sua fala.

Um assessor ofereceu copo d'água ao ministro, que continuou seu pronunciamento enaltecendo o governo.

--Deus castiga quando a fala não condiz com as ações-- gritou, rindo, um dos sindicalistas no palco.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 02/05

CRESCE A VENDA DE PASSAGENS DE ÔNIBUS VIA WEB
Um site vendeu um milhão de bilhetes em 2012 e planeja alta de 60% este ano. Outro espera bater mil operações por dia

Empresas de venda de passagens de ônibus pela internet estão expandindo operações. É efeito da popularização do serviço e da massificação do acesso à web no país. O Netviagem, site da G&M Soluções criado em 2005, vendeu um milhão de passagens em 2012. Prevê 1,6 milhão este ano. Mês passado, pôs no ar aversão para smartphones. Em junho, lança totens para troca de bilhetes similares àqueles do check-in dos aeroportos. As primeiras máquinas ficarão em 15 rodoviárias das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Hoje, a empresa é parceira de 30 viações. Serão 50 até dezembro. lá o Embarcou-.com quer chegar a mil passagens vendidas por dia, até outubro. Há cinco meses em operação, comercializa de 300 a 500 bilhetes a cada 24 horas. O ecommerce oferece aos usuários o pagamento com boletos bancários. "Abrimos o leque de clientes. Atingimos até os que não têm conta em banco", diz o sócio Henrique Rangel. Quer vender R$ 25 milhões este ano. A demanda pelo serviço deve ganhar fôlego com a vinda de turistas para eventos esportivos no Brasil. Este ano, o site da Rodoviária Novo Rio bateu um milhão de acessos em 15 dias em janeiro, período próximo ao carnaval.

R$ 68 M1LHÕES
Foi o volume financeiro do NetViagem com bilhetes de ônibus em 2012.0 site recebeu 26 milhôes de acessos de usuários de 179 países. A venda on-line ganhou força com as empresas aéreas.

Turbulência
A Firjan vai reagir à suspensão pela TAM dos voos do Rio para Paris e Frankfurt. Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da entidade, envia, hoje ainda, carta contra a decisão ao governador Sérgio Cabral, à presidência da aérea e à Anac. "É incoerente com o momento do Rio', desabafa.

Florida
A Ceasa, em Irajá, inaugura mercado de flores sábado. Vai concorrer com o Cadeg. Começa com 50 produtores. Espera o triplo no fim do ano. A Secretaria estadual de Desenvolvimento Regional estima que serão vendidas 200 mil toneladas no 19 mês.

FAZENDO A CABEÇA
A Alta Moda É..., marca de cosméticos para cabelos do Grupo Alfaparf, estreia hoje comercial de TV. Quem estrela é a atriz Adriana Birolli. A campanha terá ainda peças para mídia impressa e redes sociais. A previsão é de crescimento de 25% nos negócios e de 30% na distribuição dos produtos. É criação da agência Comunicação Estratégica.

DIREÇAO SEGURA
A Dinisa, concessionária Nissan, estreia amanhã campanha pela segurança no trânsito. Brinca com personalidades históricas, como Santos Dumont, Einstein e Shakespeare (ao lado), que escreve "Hamlet° montado num cavalo. É provocação aos que dirigem falando ao celular. A PS10 assina.

`Gelato'
A Venchi, marca italiana de chocolates e gelatos, abre filial no Leblon este mês. Será a 1á unidade na América do Sul. O plano é inaugurar outra no Rio este ano e mais cinco no país em 2014, diz Irajá Guimarães, sócio. O investimento médio é de R$ 1,5 milhão por filial.

Da fruta 1
A marca brasileira Do Pomar lança a Petit Fruit, linha de purês de fruta. Projeto de R$ 1 milhão do francês Rapahël Feuilloy, tem os cinco primeiros sabores fabricados na França. Os produtos já estão à venda em Rio, São Paulo e Minas. Chegam este mês às lojas do Pão de Açúcar.

Em tempo
Feuilloy planeja produzir mais sabores de purê com frutas nacionais, para o mercado brasileiro e para exportação. "Isso pode acontecer num par de anos', prevê o empresário.

Da fruta 2
Chega ao varejo este mês o suco Camp de laranja com gominhos. A General Brands investiu R$ 1 milhão em máquinas para produzir a linha. As vendas devem crescer 10%. 

Do mar
A Frescatto, de pescados, lança o lombo de salmão defumado fatiado na 29á edição da Feira APAS, semana que vem, em São Paulo. Prevê alta de 15% nas vendas da linha premium.

PROPAGANDA PREMIADA
0 Prêmio Colunistas, um dos mais tradicionais do setor de propaganda, apresenta hoje a campanha nacional. Anuncia, com frases divertidas, a abertura das inscrições para a edição 2013. Os anúncios vão circular em mídia impressa, internet, TV e rádio. A agência 11:21 assina.

FREGUESIA
A Calçada lança condomínio na Freguesia na 14 quinzena deste mês. 0 1llimitato terá 84 apartamentos de quatro e cinco quartos. Parceria com a Newserrat, deve somar R$ 65 milhões em vendas. A Percepttiva assina campanha em jornais e rádio. É investimento de R$ 350 mil.

ENGENHO DE DENTRO 
0 Grupo Avanço Aliados lança, dia 18, o Elo Residencial Clube, no Engenho de Dentro. É o terceiro empreendimento
da construtora na Zona Norte carioca. 0 condomínio terá 120 apartamentos de dois e três quartos. A estimativa é
totalizar R$ 40 milhões em vendas. 

Demanda
A imobiliária Judice&Araujo registrou alta de 47,7% nas operações de simulação de crédito no 19 trimestre de 2013 sobre um ano antes. Saíram de R$ 34,2 milhões para R$ 50,5 milhões.

Mobiliário
A Riccó espera vender, até o fim do ano, 18 mil projetos da linha Citizen Office, de móveis corporativos.

Livre Mercado
A Gaoli, multimarcas de moda praia, começa a vender peças da grife MOS hoje. Quer faturar 40% mais.
A Ganish vai repassar à Fundação do Câncer a renda dos colares com a logo da entidade. A joalheria tem loja no Rio e vende pelo site.

A Fiszpan lançou a campanha Skullmania ontem. Dará como brinde bolsas decoradas com caveiras. Espera vender 15% mais.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 02/05

Intenção de buscar financiamento cai quase 10% em abril entre paulistanos
A disposição do paulistano para contrair empréstimos caiu 9,8% em abril, ante o mês anterior, de acordo com um levantamento realizado pela FecomercioSP.

Na comparação com junho do ano passado, mês em que a pesquisa começou a ser realizada, a retração foi de 30%.

"A série ainda é curta, mas, com certeza, houve uma grande diminuição. Não pode haver uma volatilidade tão grande", diz Fábio Pina, economista da entidade.

O receio com a inflação impactou o resultado, segundo a Fecomercio. Os bancos também começaram a elevar os juros e a restringir as condições de financiamento.

A queda na intenção de contrair empréstimos pode afetar o varejo, pois os créditos respondem por 30% a 40% das vendas no setor.

A pesquisa mostra também que houve redução na poupança da população da cidade. O indicador que mensura o volume de pessoas que possuem algum tipo de aplicação diminuiu 7% no mês passado.

Cerca de 35% dos paulistanos que estão endividados têm dinheiro em poupança, segundo o levantamento.

"No país, não existe crédito em stand by'. Por isso, as pessoas preferem comprar a prazo e deixar alguma coisa guardada na poupança para alguma eventualidade", acrescenta o economista.

Ao todo, 2.200 pessoas foram entrevistadas.

DÍVIDA PARCELADA

O programa de parcelamento de débitos do ICMS (PEP), que reduz as multas e os juros para quem liquidar a dívida com o fisco paulista, registrou 12.582 adesões, até quinta-feira passada, segundo a Secretaria da Fazenda.

Desse total, 7.943 optaram pela parcela única, que permite uma queda de 75% do valor das multas e 60% dos juros incidentes.

A secretaria não tem um levantamento do total de contribuintes que poderiam entrar no parcelamento especial, oferecido a contribuintes no início de março.

A arrecadação atingiu R$ 611,6 milhões até a semana passada.

"A expectativa é arrecadar R$ 3,54 bilhões. Para este ano, com base nas adesões feitas, o volume será de cerca de R$ 1,19 bilhão", afirma Érika Yamada, diretora de arrecadação da Fazenda.

As adesões estão abertas até o próximo 31 de maio.

Com a crise, a secretaria julgou que já era tempo de oferecer um novo programa para dívidas de ICMS.

A última iniciativa do gênero da Fazenda paulista ocorreu em 2007.

"Observamos que muitos contribuintes chegavam a um ponto e não conseguiam mais pagar. Hoje, no PEP, as parcelas são de, no máximo, 120 e constantes, desde que com o valor mínimo de R$ 500."

O parcelamento possibilita a redução de 50% do valor das multas e 40% dos juros.

CONSTRUÇÃO PLÁSTICA

A MVC, companhia que produz soluções em plásticos de engenharia, irá acelerar e ampliar seus investimentos para a construção de 1.050 creches, após fechar contratos com o MEC (Ministério da Educação).

Antes de vencer a concorrência, a empresa previa um aporte de R$ 30 milhões até 2015. Agora, serão R$ 45 milhões até o final do próximo ano na expansão da capacidade de produção.

As fábricas de Caxias do Sul (RS) e Camaçari (BA) estão sendo reformadas. O parque de São José dos Pinhais (PR), que já tem três plantas, receberá uma quarta fábrica. Uma nova unidade em Maceió está em construção.

"Mesmo com as obras, não poderemos pegar novos projetos. A ampliação é para atender os que já foram fechados. A folga nas fábricas será muito baixa", diz Gilmar Lima, diretor-geral da empresa.

A companhia também fornece material para a indústria eólica, automotiva, ferroviária e de máquinas agrícolas.

ARTESANATO CORPORATIVO

O Empório Beraldin criou um departamento para ampliar o atendimento a hotéis, escritórios, hospitais e diretoria de empresas.

Especializada no mercado de luxo de móveis, tecidos e assessórios, com produtos artesanais e uso de matérias-primas naturais, a empresa comandada por Zeco Beraldin tem como meta ampliar o faturamento com essa clientela, dos atuais 5% para 20% em um ano.

SACOLAS DE COMPRAS

Em meio às dificuldades da economia europeia, a população de apenas três países tem maior propensão a gastar, aponta uma pesquisa da consultoria GFK com consumidores do continente.

Em uma escala de -100 a 100 pontos, os alemães atingiram um índice de 36,2 em março deste ano.

Austríacos (com 18,2 pontos) e búlgaros (10,9) também apontaram interesse em continuar a consumir.

Os moradores de Portugal, Itália e França, por sua vez, estão mais cautelosos. Os índices dos dois primeiros países foram de -44 pontos e o dos franceses, de -36,2.

Lençóis O segmento de cama, mesa e banho do comércio atacadista de São Paulo cresceu 1,5% em abril ante março. O resultado anterior havia sido de queda de 2,7%, segundo o sindicato do setor.

O governo não acredita em dietas - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 02/04
Vamos supor que você se coloque como meta manter os 70 quilos. Estando abaixo disso, está beleza, não é mesmo? Mas não significa que você pode largar os exercícios e cair na farra. Significa apenas que você não precisa de sacrifícios. Basta levar a vida - e os vinhos, as comidas, com temperança.

É o contrário, claro, se você estiver acima da meta, mas sua reação depende de quão longe está e há quanto tempo. Aos 80 quilos, depois de alguns meses de progressiva expansão, você tem que fazer alguma coisa drástica para inverter a curva, como se diz em economia. Ou, se confia na sua perseverança, pode optar por uma dieta de resposta gradual, lenta e segura.

Ou então pode simplesmente decretar: quer saber? Esse oitentinha já está muito bom.

E tocar a vida da mesma maneira que antes. Sabe o que vai acontecer? Você vai estourar a nova meta, pois esta terá sido fixada não por virtude, mas por preguiça, falta de vontade e até uma ignorância oculta.

É a mesma coisa que o governo federal está fazendo com suas duas principais metas econômicas, a de inflação e a do superávit primário (a economia feita para pagar despesas de juros e financiamento de dívida).

Na verdade, é até um pouco pior, pois o governo está se enganando ou está tentando enganar a gente. Nos documentos oficiais, as metas estão mantidas, de 4,5% ao ano para a inflação e de R$ 155,9 bilhões para o superávit primário (equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto -PIB).

Ao mesmo tempo, porém, autoridades da área econômica distribuem comentários cujo sentido é o seguinte: as metas estão aí, mas não são obrigatórias, pelo menos não para este ano nem para o próximo; além disso, os números atuais, embora fora do alvo, já são suficientes.

Ou seja, 80 quilos está mais que bom, não é preciso mudar a política econômica e nem as metas, pois um dia, quem sabe, a gente chega lá. E, se não chegar, qual o problema?

Se fosse o marido dizendo para a mulher (ou, ok, o contrário), a crise estaria instalada: afinal, a gente faz o quê? Alguma dieta para salvar os 80 ou deixa tudo como está? É grave, mas é doméstico.

Imaginem a dúvida dos chamados agentes econômicos -nome que se dá a todo mundo que toma decisões, do consumidor ao empresário, passando pelo líder sindical que negocia salários e pelo comerciante que fixa seus preços. Então, para compensar a inflação, preciso reajuste de quanto? Qual aplicação vai bater a inflação?

A inflação é facilmente percebida pelas pessoas. E isso está acontecendo. Recentes pesquisas - como as que medem a confiança do consumidor - mostram que a alta de preços, a velha carestia, já é a principal preocupação, com expectativa de alta.

O superávit primário, claro, é tema mais restrito, mas não menos impactante na vida das pessoas. O gasto público maior significa que o governo continua comendo sem controle e que isso vai levar a mais inflação.

Ora, se isso tudo é verdade, por que o governo não reage com uma dieta rigorosa, no caso, com o Banco Central elevando a taxa básica de juros com mão pesada e com o governo, no conjunto, controlando seu desejo de gastar mais?

É por que o governo, a começar pela presidente Dilma, não acredita no atual regime de política econômica, que vem desde o tempo do Plano Real. Sabe aquele sujeito que não acredita em dietas, porque seu metabolismo é diferente, seus ossos são pesados, sua digestão é especial?

Pois, então, o pessoal do governo, no fundo, não acredita que metas de inflação e de superávit primário - bases da política macroeconômica lançada por FHC e mantida em boa parte por Lula - formem a teoria mais adequada para o país.

Isso cria um baita problema cognitivo. Sim, porque, no oficial, a meta de inflação, por exemplo, continua sendo de 4,5%, mas no paralelo pode ser 6,5% ou até mais. Ora, pensam as pessoas de fora: a gente incorpora os 6,5% ou será que em algum momento o governo vai apertar os cintos para buscar os 4,5%, como o Banco Central às vezes diz que vai fazer?

Por que, então, a presidente Dilma não muda tudo? Por que não anuncia as bases de uma nova política, dizendo que a prioridade é expandir o consumo, que isso é o caminho do crescimento, e que a inflação será o que der? Que o governo vai gastar e que o superávit primário, se der, será o que vier?

Seria oficializar o neodesenvolvimentismo, inclusive com as políticas protecionistas e real mais desvalorizado. Tem teoria e teóricos para isso.

De certo modo, algumas autoridades têm dito isso, mas fica assim meio no provisório, informal. Talvez não oficializem por medo da repercussão negativa. Ocorre que, apesar de todo o debate econômico mundial, os fundamentos são os fundamentos: a inflação tem que ser baixa e controlada (até 3% para os emergentes), e a dívida total, bruta, não deve estar em tendência de alta insustentável.

Não é fácil mantê-los. Mais difícil é não respeitá-los e dizer que os cumpre. 80 quilos não são 70.

Nada é tão ruim que não possa ficar pior - EVERARDO MACIEL

O ESTADÃO - 02/05

Todos os especialistas sabem que temos um precário modelo de tributação do consumo - possivelmente o mais complexo do mundo. Nele, têm especial destaque as distorções provocadas pela guerra fiscal do ICMS, que decorre de uma combinação de fatores que vão desde a renúncia do governo federal à indispensável tarefa de coordenação de um imposto de vocação nacional até o fracasso das políticas de desenvolvimento regional, daí passando à obsolescência das sanções às entidades que concedem benefícios em desacordo com as regras estabelecidas pela Lei Complementar n.º 24, de 1975.

Ao exacerbar-se, a guerra fiscal gerou um confronto aberto entre os que não admitem a competição fiscal lícita e os que proclamam a necessidade de concessão de benefícios fiscais, sem nenhuma restrição. As intervenções do Judiciário, invariavelmente declarando a inconstitucionalidade da guerra fiscal, foram sempre respondidas com mudanças formais na lei impugnada, preservados os meios para dar curso às concessões ilícitas. Para reverter esse quadro, o governo federal apresentou vários projetos.

A guerra dos portos, inacreditáveis benefícios à importação, foi enfrentada pela Resolução n.º 13, do Senado. Essa via, contudo, afrontou o preceito constitucional que remete à lei complementar (art. 155, § 2.º, inciso XII, g) o disciplinamento de concessões e revogações de benefícios no âmbito do ICMS. Ademais, o recurso à resolução representou flagrante desvio de finalidade da competência do Senado, pois a fixação das alíquotas interestaduais do ICMS pretende tão somente proceder à partilha horizontal de rendas.

Ao reduzir para 4% as alíquotas das operações interestaduais subsequentes à importação de mercadorias, a resolução admitiu casuísticas exceções, a exemplo das mercadorias com conteúdo local superior a 40%, as sem similar nacional, as destinadas às indústrias de automação, informática e TV digital, as importadas pela Zona Franca de Manaus e o gás natural importado. A indeterminação dos conceitos e as extravagâncias dos requisitos estão promovendo um festival de liminares, sem falar das acumulações de créditos de dificílima liquidez.

Para os demais casos de guerra fiscal, foram propostas medidas que incluem um projeto de lei complementar (PLC) abrindo exceções ao requisito da unanimidade, a "uniformização" das alíquotas interestaduais do ICMS e a criação de fundos para compensar perdas dos entes federativos.

O PLC pretende sustar, até 31/12, a exigência de unanimidade nas decisões dos secretários da Fazenda, reduzindo o quórum para 3/5, para permitir a convalidação de benefícios concedidos ilegalmente, desconhecendo completamente a vedação constitucional de a União conceder isenções de tributos estaduais (art. 151, inciso III) e o requisito de aprovação por lei estadual específica que regule exclusivamente a matéria (art. 150, § 6.º). A regra, de resto, inviabilizará investimentos futuros, que não lograrão concorrer com empreendimentos incentivados.

O projeto de resolução visando a "uniformizar" as alíquotas interestaduais, em relação à matéria, é o mais complexo modelo já concebido pela mente humana. Afora o longo processo de redução das alíquotas, o projeto é pródigo em exceções: Zona Franca de Manaus, áreas de livre comércio, gás natural, transporte aéreo, produtos agropecuários, situações alcançadas pela malsinada Resolução n.º 13 e mercadorias sujeitas a um enigmático "processo produtivo básico" a ser aprovado pela União (sic). Assim, as duas alíquotas atuais se converterão em várias, a pretexto de "uniformização"!

Isso posto, a guerra fiscal continuará, por ausência de sanções legais, a tributação ficará mais complexa e mais créditos se acumularão. Ao contribuinte restará pagar uma conta superior a R$ 400 bilhões a serem destinados aos fundos compensatórios nos próximos 20 anos. A despeito das evidências, sou cético quanto à possibilidade de elaborar-se algo pior.

Aumentam as distorções - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 02/05

Até agora, as distorções da economia brasileira eram percebidas dentro do governo mais como consequência das mudanças estruturais do que da deterioração dos seus fundamentos. Essa convicção está sendo abalada.

A atual combinação de políticas não vem conseguindo assegurar o crescimento esperado do PIB do Brasil, de 3,5% a 4,0% ao ano, e, ao mesmo tempo, produz inflação que, em 12 meses, ameaça saltar para acima dos 6,0%. Afora isso, o investimento ainda se mantém fraco demais. Esses são os principais sintomas de desequilíbrio.

Enquanto prevaleceu dentro do governo o ponto de vista de que esses desarranjos eram momentâneos e que não passavam de desdobramentos inevitáveis da derrubada dos juros e do avanço da política distributiva (transferências para o setor privado), a atitude dos administradores da economia do Brasil foi esperar pela virada, dada como certa. Mas essa virada não veio. E o governo se aflige agora com a incapacidade de entregar o prometido.

Neste clima, o miolo da administração Dilma passou a divergir tanto no diagnóstico quanto na ação. Para as autoridades do Ministério da Fazenda, falta consumo - conclusão inexplicável diante da expansão das vendas ao varejo, superior a 7% em 12 meses, e da situação inédita de pleno emprego.

O Banco Central, por sua vez, entende que o problema é a incapacidade de oferta do setor produtivo. Mas não é claro na análise dos fatores que concorrem para isso, provavelmente por lhe faltar autonomia e não querer polemizar com as demais áreas do governo.

O fato é que a indústria nacional está desencorajada. Já não vinha conseguindo superar sua falta de competitividade e, neste momento, tem de enfrentar a alta progressiva dos custos da força de trabalho.

Mas o que pesa mais na prostração do setor é a ausência de confiança. O empresário brasileiro sente que os resultados de sua atividade são baixos em relação às suas expectativas e reforça suas suspeitas de que há alguma coisa errada na política econômica: a inflação derruba o câmbio real e o mercado do seu produto; e deteriora-se a já baixa capacidade de competição de sua empresa. Essa é a principal razão pela qual não se anima a investir.

Por enquanto, a principal resposta tática do governo para esse déficit de resultados é o acirramento da gastança, tratada eufemística e enganosamente como política fiscal anticíclica - já inserida no novo contexto eleitoreiro que toma corpo no Brasil.

É provável que as notórias contradições entre o que pensam e o que fazem o Ministério da Fazenda e o Banco Central tendam agora a se acirrar ainda mais, caso não haja reação satisfatória do sistema produtivo e se a inflação não recuar, o que aparenta ser mais provável.

A piora das condições da economia brasileira tem tudo para transformar-se em prato principal do debate político, sobretudo agora que começam a aparecer rachaduras na base de apoio do governo. A pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e os discursos pronunciados ontem, nos festejos do Dia do Trabalho, são indicação disso.

Inflação “basal” e atrocidades derivadas - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

VALOR ECONÔMICO - 02/05

Primeiro negaram que a inflação fosse se acelerar. Quando acelerou, inventaram que se tratava de um “choque de oferta”, contra o qual a política monetária seria impotente. Agora que a Selic começou a subir, a modinha é falar da “inflação basal” (nome novo para a velha – e desmentida – “inflação estrutural” dos anos 50 e 60) para justificar propostas estapafúrdias, que ignoram tanto a teoria econômica como a experiência nacional e internacional sobre o assunto.

Os suspeitos de sempre, por exemplo, defendem elevar a meta de inflação. Como a “inflação basal” seria alta, a alternativa seria acomodá-la por meio de uma meta maior. Trata-se de uma atrocidade e explico o porquê.

Imaginemos, para começar, um país cujo BC, ao contrário do nosso, tenha credibilidade, em que se anuncie uma meta futura de inflação, digamos, 1% acima da existente. Neste caso, as expectativas de inflação futura imediatamente se ajustam 1% para cima.

Isto acelerará a inflação corrente, pois, sabendo que esta irá subir à frente, empresas e trabalhadores elevarão hoje seus preços e salários. Neste caso, o BC, para manter a inflação presente na meta terá que elevar a taxa nominal de juros por mais do que 1%, ou seja, aumentará a taxa real de juros, levando a um crescimento menor do produto. Ao contrário do que nossos “keynesianos de quermesse” imaginam, elevar a meta futura de inflação forçaria o BC a reduzir o crescimento atual.

Pode parecer que ignoro o efeito da inflação passada sobre a inflação corrente, mas não é o caso. Mesmo que tanto a inflação passada quanto a futura influenciem na formação de preços hoje, a primeira é um dado que não se altera com o anúncio da nova meta. Já os efeitos decorrentes do canal das expectativas continuam valendo, mesmo na presença de inércia, de modo que a elevação da meta futura acaba implicando juros nominais e reais mais altos do que no caso de manutenção da meta.

É verdade que, por hipótese, trabalhamos com um BC crível, de modo que o mero anúncio de uma meta de inflação basta para fazer com as expectativas convirjam para aquele valor. Esta suposição não é, obviamente, uma boa descrição da nossa situação atual, como expresso pelas expectativas de inflação que se cristalizaram pouco mais de 1 ponto percentual acima da meta, tanto para 2013 como para 2014.

O que ocorreria neste caso se a meta fosse alterada para 5,5%, próxima às expectativas hoje vigentes?

Economistas ingênuos podem acreditar que as expectativas ficariam inalteradas. Isto, porém, ignora a percepção deteriorada dos agentes acerca do compromisso do BC com a meta. Muito mais provável seria a elevação adicional das expectativas levando em consideração a incapacidade do BC em entregar a inflação na meta, permanecendo acima dela desde 2010. Ou seja, a mesma dinâmica descrita acima permanece válida, com a agravante que – com a credibilidade combalida – a inflação esperada (e, portanto, a efetiva) continuaria a superar a meta.

A proposta de elevação da meta simplesmente desconsidera que agentes econômicos não ficam passivos em face de alterações nos parâmetros de política econômica, mas, pelo contrário, tratam de se adaptar o mais rapidamente possível às novas circunstâncias.

Este mesmo erro aparece em outra das sugestões mágicas, a saber, a extensão do período de convergência à meta, mas, antes de tratar dele, não posso deixar de sugerir aos autores da proposta que, por obséquio, antes de falar qualquer coisa, tenham a bondade de olhar os números para notar já tivemos quatro anos para trazer a inflação de volta à meta, sem sucesso. A verdade é que a convergência lenta já está em vigor e, de forma nada surpreendente, não funcionou.

Para entender a razão, voltemos ao caso do BC com credibilidade, mas suponhamos que ele resolva seguir o sábio conselho acima e alongue o período de convergência, digamos, para 3 anos, após a inflação ter atingido 7,5% contra uma meta de 4,5%.

Deve ser óbvio que, sob estas circunstâncias, a expectativa ótima de inflação não será a meta, mas alguma coisa entre a inflação passada e meta (por exemplo, 6,5% no primeiro ano, 5,5% no segundo e, finalmente 4,5% no terceiro). Posto de outra forma, a convergência lenta à meta faz com que as expectativas passem a incorporar a inflação passada.

A indexação – que vários destes economistas citam como motivo para alongar a convergência – acaba sendo, na verdade, resultado desta estratégia. Também neste caso, a desconsideração da reação dos agentes econômicos leva a propostas equivocadas de política.

Resumindo, não apenas não há a tal “inflação basal”, como as propostas para lidar com este “problema” apenas piorariam o problema real, a saber, a perda de credibilidade do BC, manifesta em expectativas teimosamente superiores à meta. A solução, simples, mas politicamente inviável a pouco mais de um ano da eleição, consiste na adoção de um conjunto de políticas, fiscal e monetária, consistentes com inflação mais baixa, isto é, um superávit primário (de verdade, por favor) mais elevado e um BC firmemente comprometido com sua tarefa institucional. O resto é diversão.


Ritmo dos EUA - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 02/05

A economia americana cresceu menos que o esperado no primeiro trimestre. Mas o corte de gastos públicos foi maior que o previsto. O consumo das famílias sustentou o crescimento, mas elas queimaram poupança. O PIB do ano deve ficar abaixo de 3%, mas o déficit fiscal pode voltar para 5%. Os sinais, ora positivos, ora negativos, mostram que a maior economia do mundo ainda balança em recuperação.

As previsões do mercado para o crescimento do PIB dos EUA no primeiro trimestre estavam em 3%, numa taxa anualizada, em comparação com o quarto trimestre. Deu 2,5% e isso frustrou expectativas. Mas, quando se olha por dentro dos números, descobre-se que a contração de gastos do governo foi mais intensa do que se esperava. O corte automático de despesas só deveria começar no dia primeiro de março, mas o governo Obama começou a fazer o ajuste no início do ano.

- Essa é uma notícia boa, porque significa que o corte de gastos ao longo do ano terá que ser menos intenso para se atingir o que foi acordado com o Congresso. Então dá uma folga ao governo para dosar o ajuste - explicou o economista Roberto Prado, do Itaú Unibanco.

Pelas contas da consultoria Capital Economics, os cortes do governo nos últimos seis meses tiveram a maior intensidade desde a retirada do país na Guerra da Coreia, nos anos 50. No quarto trimestre, houve retração de 7%, seguida por mais uma queda de 4,1%, no primeiro tri. Ao todo, calcula-se que o PIB ficou dois pontos percentuais menor por causa disso. Ainda assim, a economia cresceu. Prado explica que, ao contrário da Europa, os americanos estão conseguindo combinar taxas de crescimento com ajuste nas contas públicas.

- Essa é uma diferença grande entre os EUA e os países em crise na Europa. Os americanos fazem ajuste fiscal e crescem. Na Europa, os países em crise estão, na prática, fazendo contração fiscal e monetária. Os bancos da Espanha, por exemplo, acabam tendo que emprestar a juros mais altos porque os títulos do governo espanhol estão com taxas de risco maior. Na ponta, há um contágio - disse.

Tudo isso parece bom para os americanos, mas aí surgem os dados que lembram que o país continua em crise. Parte do crescimento aconteceu via recomposição de estoques da indústria, e o consumo só cresceu porque os americanos pouparam menos. E apesar de ter começado a cortar gastos antes do previsto, o ajuste do governo precisa continuar. Com estoques de volta a níveis normais e perspectiva de menos gastos do governo e das famílias, a tendência é que os investimentos também percam força.

- O PIB deve desacelerar nos próximos trimestres, para fechar no ano na casa de 2%. O aumento do consumo das famílias também aconteceu pela recuperação da bolsa, pagamento de dividendos e recuperação do preço dos imóveis. Mas são coisas pontuais, que não vão se repetir ao longo do ano - disse o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa.

O desemprego recuou para 7,6% em março, a menor taxa desde dezembro de 2008. Mas o que explica essa redução é o desalento dos americanos, ou seja, a perda de vontade de procurar emprego diante de um mercado de trabalho fraco. Essas pessoas, temporariamente, deixam a força de trabalho e não entram nas estatísticas. Desse modo, a taxa cai.

Estados Unidos e China começaram o ano crescendo menos do que se previa. Isso pode provocar novas revisões para baixo no crescimento da economia mundial este ano. Para o Brasil, isso é bom para a inflação, porque tira a pressão sobre o preço dos alimentos, mas é ruim para as nossas exportações e balança comercial, que até abril acumula um déficit de US$ 6,4 bilhões.