terça-feira, julho 21, 2009

ALEXANDRE BARROS

Desregulamentar profissões. Todas!


O Estado de S. Paulo - 21/07/2009
O governo anunciará em breve a proibição de carros pequenos com motores de menos de 2.0 e serão obrigatórios transmissão automática, computadores de bordo e airbags sêxtuplos. Que tal lhe pareceria essa notícia? Fords Ka, Fiats Palio, Fords Fiesta sumiriam do mercado. Todos os carros custariam muito mais caro. Adeus ao sonho do carro 1.0, sem imposto. Seria uma crise nacional.

Mas não causa crise sermos obrigados a pagar a um médico formado numa faculdade, que estudou seis anos, para girar lentes na frente do nosso rosto e nos dizer que temos 2,5 graus de miopia. Ou pagar a um médico a taxa de carta de motorista, para nos mandar ler algumas letras na parede. Nem causa espanto que precisemos pagar a advogados, formados por cinco anos, para nos tirarem da cadeia, coisa que um estudante de Direito do primeiro ano sabe fazer, ou até mesmo quem nunca estudou Direito.

Escrevi, nos anos 70, um artigo chamado Em defesa dos advogados, publicado no Jornal da Tarde. Dias depois chegou pelo correio (a vida era assim antes daquele menino maluquinho e irresponsável, William Gates III, que abandonou a faculdade) cópia de carta do presidente da OAB de São Paulo protestando e explicando detalhadamente por que a regulamentação exercida pela OAB era fundamental para a defesa dos interesses dos possíveis clientes. Mas a carta não falava nada sobre a obrigação de pagar mais caro por advogados que estudaram cinco anos para prestar serviços corriqueiros sem complexidades ou consequências jurídicas maiores. A resposta: custa muito caro porque, quando pagamos a um advogado, temos de ressarci-lo pelos anos de estudos de Direito e pagar um naco das mensalidades da OAB, que é um sindicato que defende mais os interesses dos advogados que o dos clientes.

Desregulamentar a medicina? Certamente. Faço palestras em que proponho a desregulamentação da medicina. A reação das plateias é de horror. Mas como? É a nossa saúde que está em jogo!

Imediatamente depois da reação, mas ainda durante o pânico, peço que levantem a mão todas as pessoas que utilizaram (ou seus parentes próximos) tratamentos alternativos, como cromoterapia, florais de Bach, aromaterapia, cinesiologia, hidroterapia, iridologia, quiropracticia, etc. Sempre mais de metade das audiências levantou as mãos. Ou seja, as pessoas acreditam em terapias alternativas, usam-nas em substituição à medicina e muitas depositam a continuidade de sua vida nelas (como quem se trata de câncer com extratos de sementes de pêssegos). Mas, quando perguntadas, a maioria diz-se a favor da regulamentação da medicina.

Bem-vindos ao mundo das profissões regulamentadas. O Cialis, o maior concorrente do Viagra para disfunção erétil, custou ao laboratório que o inventou, desenvolveu e comercializa entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões antes da venda do primeiro comprimido. Foram centenas de cientistas, pesquisadores, bioquímicos e milhares de testes exigidos pela FDA (a Anvisa americana). Cada vez que compra uma caixa de Cialis, você paga por todos esses custos. Mas há um, inútil, que você paga e não se dá conta: o salário da farmacêutica responsável da filial da empresa que produz o Cialis no Brasil. Ela entra na produção do Cialis como Pilatos no Credo, sem ter nada que ver com os benefícios do remédio. Ela só está lá porque os farmacêuticos (como todos os outros profissionais regulamentados) conseguiram que o Congresso Nacional votasse uma lei obrigando todos os laboratórios a terem um(a) farmacêutico(a) responsável, e também cada farmácia a ter um(a) farmacêutico(a) para lhe vender a caixinha dos comprimidos mágicos (ou de qualquer outro remédio que você queira comprar).

José Zanine Caldas, famosíssimo arquiteto autodidata, desenhou e construiu algumas das mais caras e belas casas do Joá e da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Quem as comprava pagava por sua competência e seu bom gosto, mas um naco era para o engenheiro formado, cuja única função era assinar a planta. Zanine foi professor na Universidade de Brasília. Hoje não poderia, porque não tinha diploma.

Em resumo, não ganhamos nada com profissões regulamentadas. Só ganham os profissionais que fazem parte delas.

Sou contra as faculdades? Não (vivo, em parte, de ser professor). Mas acho que todos devem poder contratar, para qualquer serviço, o profissional em quem confiam, independentemente de ter ou não um diploma e/ou um registro profissional.

Quando regulamentam profissões, parlamentares caem na esparrela de acreditar que estão defendendo o público. Potoca. Estão apenas defendendo um mercado cativo para grupos politicamente organizados que buzinaram nos seus ouvidos que eles deviam regulamentar alguma profissão.

O problema não é só brasileiro. Todos os prédios que você vê ao vivo em Las Vegas, ou no seriado CSI, foram construídos por pessoas de bom caráter. Pedreiros, no Estado de Nevada, precisam apresentar um atestado de bom caráter, além de saber empilhar tijolos.

Uma lei de 1952 proibia comunistas de serem farmacêuticos no Texas e, no Estado de Washington, veterinários eram proibidos de tratar de vacas enfermas se não assinassem um juramento anticomunista.

Há no Congresso brasileiro 169 projetos de regulamentação de profissões. A cada um que for aprovado você pagará mais caro por aquele serviço, em troca de proteção zero. Regulamentações profissionais só protegem os prestadores de serviços e excluem concorrentes que poderiam prestar os mesmos serviços, só que mais barato.

Acabou de ler o artigo? Não tem nada que fazer? Entre no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=B6vOChhue20). E ouça o hino do farmacêutico.

Parabéns! A conta é toda sua, inclusive a do hino.

GOSTOSA


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ARI CUNHA

H1N1 no Brasil


Correio Braziliense - 21/07/2009


Confirma o ministro José Gomes Temporão, da Saúde, que o H1N1 circula pelo Brasil. Reconhece, como cientista, que o governo está investindo e receberá reforço de doses de medicamentos. As recomendações do ministro são que as pessoas que apresentarem sintomas devem procurar o posto de saúde ou o próprio médico. Há no Brasil 68 hospitais para tratamento de pacientes graves. No mundo, 112 países registraram casos da gripe. No Brasil, dos sete óbitos semana passada, pelo menos quatro vítimas apresentavam doenças pré-existentes. O país possui 1.175 casos notificados, conforme boletim divulgado. Desses, a maioria está curada ou em processo de recuperação. Informa o ministro Temporão que o estoque de medicamentos para tratar os casos indicados é suficiente, como também a matéria-prima para produzir mais 9 milhões de tratamentos.

A frase que não foi pronunciada


“O futuro é um pouco incerto, mas promissor.”

  • Militante da UNE pensando nas eleições presidenciais de 2010.

  • Produtividade

  • Boa notícia chega do Banco Central. O microcrédito sofre alteração positiva em tempos de crise. Relatório do banco mostra que atividades produtivas receberam estímulo pelo sistema com 11% a mais.

    Melhorias
  • Helmut Scharzer, secretário de Políticas da Previdência Social, abre o encontro dos dirigentes do Conaprev. Em pauta, o impacto da Convenção 102 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que prevê a segurança social dos trabalhadores. Mônica Cabañas termina o encontro no Hotel Nacional, em Brasília, mostrando a relação da proteção social no ambiente internacional.

    De olho
  • Durante a discussão para efetivar a proposta do projeto que garante ao trabalhador escolher a instituição bancária que vai receber o salário, apareceu uma informação interessante. Já é proibido, desde janeiro, que os bancos cobrem das contas salários qualquer taxa de transferência do valor total do provimento para outra conta. Também é vetada ao banco a cobrança de cartão magnético ou de taxa de manutenção da conta.

    Curiosidade
  • Entre Orlando, na Flórida, e o Rio de Janeiro só há uma diferença na violência. A repercussão internacional. A cidade americana tem alto índice de assassinatos, problemas com drogas, sequestros e ataques a turistas.

    Funai
  • Uma das tarefas deixadas pelo Congresso Brasileiro de Acadêmicos, Pesquisadores e Profissionais Indígenas é manter o movimento que garante as cotas para os índios nas universidades. O presidente da Funai, Márcio Meira, prometeu tentar incluir no Plano Plurianual do órgão as principais propostas apresentadas no encontro que aconteceu na UnB.

    Novidade
  • Portaria do MEC estimula a formação de mestres. Professores e pesquisadores têm mais chance de se aprofundar em trabalhos científicos, tecnológicos ou artísticos. O tempo de titulação é de no mínimo um ano e meio e de no máximo dois anos. A principal diferença é a aceitação nas universidades públicas. Docentes com título de mestre profissional serão aceitos como mestres acadêmicos.

    Dúvida
  • Depende de sanção presidencial o projeto do senador Pedro Simon. Trata-se da obrigação de o Executivo apresentar ao parlamento brasileiro todos os nomes que pretende indicar para representar o país no exterior. Vale acompanhar a decisão do presidente Lula.

    Projeção
  • Foi um sucesso a quarta edição do Salão de Turismo no Morumbi. As parcerias firmadas no movimento de quase 100 mil pessoas vão refletir diretamente na Copa do Mundo no Brasil em 2014.

    Liberdade com responsabilidade
  • Não passou em branco o exagero de componentes que participaram da parada GSL e afins. Algumas pessoas estenderam o desfile passeando seminuas entre crianças e policiais na Rodoviária do Plano Piloto.
  • História de Brasília


    O sr. Oscar Niemeyer está projetando para a Praça dos Três Poderes uma prancha elevada, onde poderão ser realizadas exibições artísticas. Quando o dr. Pery da Rocha França viu o projeto, e comentou que era muito bom ter mesmo um coreto, o arquiteto de Brasília não gostou do termo, torceu o nariz, e escreveu na planta: “Prancha Elevada”. (Publicado em 4/2/1961)

    MÍRIAM LEITÃO

    Dívida dividida

    O Globo - 21/07/2009

    O mercado de dívida está mudando no Brasil.

    Antes, o setor público abocanhava quase tudo. Hoje, os papéis lançados pelas empresas ocupam maior espaço. Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor da Quest Investimentos, acha que esse é um sinal de mudança estrutural do país. O presidente da Andima, Sérgio Cutolo, disse que em 2009 o total de títulos privados vai passar o de títulos públicos.

    Há uma divergência entre mercado e Banco Central sobre os juros de longo prazo. O mercado embute uma expectativa de elevação das taxas no futuro. O presidente do BC, Henrique Meirelles, considera que não há motivo para isso. Mendonça de Barros acha que a economia brasileira mudou tanto que não há mesmo motivos para o país voltar a ter juros reais muito altos. Uma dessas mudanças é a estrutura do mercado de dívida.

    Cutolo diz que a queda dos juros, a redução da dívida pública e a força do mercado secundário estão mudando o mercado de dívida no Brasil: — Hoje, o mercado de dívida total é de R$ 2,5 trilhões.

    O total de títulos públicos representa R$ 1,3 trilhão, mas este ano ainda os tomadores privados devem passar o captado de títulos públicos.

    Outra mudança fundamental é o crescimento do mercado secundário nos papéis de empresas.

    — Isso mostra que esses títulos têm liquidez. O mercado secundário em volume cresceu, neste primeiro semestre, 100% em relação ao mesmo período do ano passado, e em operações cresceu 160% — disse Cutolo.

    Mendonça de Barros acha que muitas vezes o mercado não se dá conta em suas análises dessas mudanças estruturais no país. No passado, o domínio absoluto do mercado de dívida pelos papéis públicos parecia uma distorção incorrigível. Hoje, a tendência é que as empresas consigam captar mais no mercado privado, e que haja aceitação desses papéis.

    Na reunião do Copom que começa hoje, o mercado voltou a formar consenso. Desta vez, o cálculo é que os juros cairão meio ponto, para 8,75%. Mendonça de Barros acha que mais importante que o número a que vai se chegar ao fim desse processo é o fato de que o mercado está prevendo uma taxa de câmbio estável de agora até o fim de 2010.

    — Não sei qual é a taxa de juros real ideal, mas isso se saberá com o tempo. Acho que juros reais de 4%, como o país passará a ter depois da reunião desta semana, é um bom nível. Não acho que exista razão para voltar a ter juros reais de 8%, 10%, como no passado, porque o Brasil mudou muito. Apesar da gastança do governo, a dinâmica do setor privado é tão forte que o mercado de crédito, que antes era na sua maior parte tomada pela dívida pública, agora está dividido entre tomadores privados e o setor público. Ninguém deu muita bola para essa mudança, mas ela mostra o amadurecimento da economia brasileira — disse.

    Ele alerta que esse fenômeno estaria muito mais evidente se o governo tivesse feito reformas e controlado os gastos. A mudança se deve mais ao dinamismo do setor privado do que à modernização do setor público. De qualquer maneira, ele acha que as previsões de estabilidade do câmbio (em torno de R$ 2,00 até o fim de 2010) mostram a força do real.

    — Isso reflete as mudanças que ocorreram nas contas externas nos últimos anos, desde a estabilização.

    É por isso que eu acho que o Brasil criou condições para ter taxas de juros reais bem mais baixas do que anteriormente — afirmou Mendonça de Barros.

    O grande problema, na opinião dele, continua a ser o mercado bancário.

    — O setor bancário é oligopolizado e precisa mudar.

    A nova queda de juros trará de volta a discussão sobre mudanças na poupança. Eu acho que a caderneta tem que pagar imposto como os outros produtos. Mas os bancos hoje cobram taxas de administração altas para apenas pegar seu dinheiro e comprar títulos públicos. As taxas dos bancos têm que cair — disse Mendonça de Barros.

    Em sua última pesquisa, a Anefac mostrou que a Selic caiu 32% de dezembro a junho, saindo de 13,75% para 9,25%, enquanto os juros cobrados das empresas caíram apenas 6,54%, de 66,69% para 62,33% ao ano, e os das pessoas físicas recuaram 4,38%, de 137,91% para 137,87%.

    Os bancos de investimento estão dizendo que não temem a competição da poupança.

    Segundo Marcelo Giufrida, presidente da Anbid, um novo corte na Selic na próxima quarta-feira não altera tanto o cenário: — A poupança para aplicação de até R$ 50 mil já está mais atraente — afirmou.

    Mas o fato é que os bancos estão preocupados e derrubando taxas de administração

    GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


    CLÓVIS ROSSI

    O vazio de ideias e projetos

    FOLHA DE S. PAULO - 21/07/09

    Paulo Cunha, o presidente do grupo Ultra, é uma das pessoas que mais e melhor pensam o país, e o faz sem buscar os holofotes, o que torna sua entrevista à Folha uma preciosidade.

    Só tenho uma discordância: dizer, como o faz Cunha, que "o bafafá político tem impedido o Brasil de discutir essas questões [as relevantes]", é dizer pouco. Não é só o "bafafá" político. É, acima de tudo, "um sistema político que não atende às necessidades do país", como também afirmou o empresário, aí sim acertadamente.

    Partidos políticos são, com perdão da obviedade, o elo indispensável entre a sociedade e o poder. No Brasil, não funcionam como tal. O PT até que tentou cumprir esse papel. Tenho em casa um livro grosso com as teses discutidas nos congressos do partido, sua instância máxima, desde a fundação até já não lembro que ano.

    Havia alucinações e disparates, mas havia também uma porção de propostas sensatas -havia, enfim, um projeto de país, bom ou ruim ao gosto de cada freguês. Depois que Lula disse que tudo isso não passava de "bravatas", acabou.

    Nos outros partidos, basta o exemplo da eleição de 2006: até hoje, o PSDB não conseguiu explicar que projeto de país tornava Geraldo Alckmin o candidato ideal. Obriga a supor que se tratava, antes como agora (José Serra x Aécio Neves), de mera questão de nomes.

    Mas não são só os partidos. Os companheiros empresários de Paulo Cunha tampouco pensam o país, com raríssimas exceções. Na academia, o Brasil é, sim, analisado, mas de um modo isolado e fragmentado.

    Não surgiu nada parecido com o Cebrap e o seu papel relevante na ditadura e na transição para a democracia.

    Como a era dos caudilhos, que mobiliza o país contra ou a favor, aparentemente terminará com Lula em 2010, seria o tempo das instituições e das ideias. Onde estão?

    PANORAMA POLÍTICO

    Corte de 50%

    Ilimar Franco
    O Globo - 21/07/2009


    As relações entre o governo Lula e o Congresso vão ser ainda mais tumultuadas na volta do recesso. Por causa da crise, o
    Ministério do Planejamento só pretende autorizar o empenho de 50% das emendas individuais dos parlamentares. No ano passado, foram pagas 100% para governistas e oposicionistas. Mas agora, dos R$5,94 bi aprovados, apenas R$2,97 bi ainda poderão ser liberados.

    Medo da força dos ruralistas


    O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) desistiu de editar uma nova medida provisória fazendo alterações no Código Florestal, que pretendiam dar tratamento diferenciado para os pequenos produtores rurais e a agricultura familiar. Aconselhado por ONGs e pelo ex-ministro e deputado Sarney Filho (PV-MA), Minc chegou à conclusão que o envio dessa MP poderia abrir as portas para que a articulada bancada ruralista aprovasse outras mudanças no Código Florestal. As medidas em favor dos pequenos produtores, que são considerados aliados estratégicos dos ambientalistas, serão adotadas por resoluções do Conama.

    O presidente Lula já disse que no Congresso havia 300 picaretas, agora diz que os senadores são pizzaiolos" - Cristovam Buarque, senador (PDT-DF)


    QUEDA-DE-BRAÇO. O ministro Edson Santos (Igualdade Racial) esteve quinta e sexta-feira em Alcântara (MA) para acalmar os quilombolas. O ministro Nelson Jobim (Defesa) tem afirmado que vai removê-los do local, onde fica uma base da Aeronáutica. O Ministério da Defesa recorreu à Advocacia Geral da União contra a demarcação das terras, e a titulação ainda não saiu. O presidente Lula deve bater o martelo no próximo mês.

    E se for o contrário

    Aliados do governador Aécio Neves (MG) na disputa pela candidatura presidencial do PSDB cobram reciprocidade. Caso o mineiro esteja em melhores condições, querem que o governador José Serra (SP) concorde em ser o vice.

    Sem espaço para um terceiro palanque


    O presidente Lula teve ontem à noite mais uma conversa para compatibilizar o palanque de Dilma Rousseff com as candidaturas aos governos estaduais. Foi com o governador Jaques Wagner. Na Bahia, a avaliação do petista é que, mais uma vez, ele polarizará as eleições contra o representante do carlismo, Paulo Souto (DEM). A avaliação de Wagner é que não há espaço para uma terceira via.

    Dinheiro mais fácil


    No lançamento do Plano Safra para a agricultura familiar amanhã, o presidente Lula e o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) apresentarão a Lei Geral de Assistência Técnica e Extensão Rural, que facilitará o repasse de dinheiro para as entidades estaduais de assistência técnica. Não será mais necessária a realização de convênios. Ainda não está definido se o governo enviará um projeto de lei ao Congresso ou se editará uma medida provisória.

    O EX-SECRETÁRIO de Formação Política do PT Joaquim Soriano foi nomeado coordenador-geral do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

    A SENADORA Marina Silva (PT-AC) escreve dizendo que "sempre apoiou a ideia da fábrica de preservativo", tanto que foi em sua inauguração, em abril de 2008, em Xapuri.

    ALIADOS do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), colocaram um site no ar, o "fica Sarney", que tem como função destratar seus adversários.

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    INFORME JB

    Dilma e o exemplo que vem do Sul


    Autor(es): Vasconcelo Quadros
    Jornal do Brasil - 21/07/2009

    O ministro Tarso Genro (foto) desencadeou um princípio de rebelião contra a tese da direção nacional do PT, de priorizar a aliança com o PMDB, mesmo que o partido se veja obrigado a abrir mão de candidaturas a governos estaduais. O primeiro a se manifestar depois que Genro ganhou, por consenso, o direito de disputar o governo gaúcho, é o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. Ele acha que, aberto o precedente, vai levar seu nome à convenção do partido e, se emplacar, irá até o fim para disputar o governo do Rio. Farias trabalha com a tese de que o governador Sérgio Cabral não ultrapassará os 30% e, sendo assim, a hipótese de um segundo turno ganharia corpo. A moda pode complicar a costura de Lula pela candidatura de Dilma.

    Observador

    Tarso Genro explicou ontem que a presença do secretário-geral do partido, José Eduardo Cardozo, na convenção, foi uma demonstração de que não há insubordinação do PT gaúcho à orientação nacional. A recomendação de priorizar a aliança com o PMDB é onde e quando isso for possível – o que nunca foi o caso do Rio Grande do Sul.

    E Yeda e Serra?

    Ao contrário do que sugeriu o senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, o ministro não vê motivo para deixar o cargo por causa das investigações que a Polícia Federal – a ele subordinada – desenvolve tendo a governadora Yeda Crusius como alvo. "A Yeda e o Serra também renunciariam?", pergunta Genro. Segundo ele, um eventual afastamento depende unicamente do presidente Lula.

    Recomendações

    O relatório preliminar da FAB sobre o acidente com o A-320 em Congonhas, há dois anos, tem 61 recomendações destinadas à Anac, Infraero, TAM, Airbus, a fabricante do avião, e ao próprio órgão encarregado das investigações, o Cenipa. Todas elas têm a finalidade de melhorar a segurança de voo e revelam um conjunto de fatores que podem ter contribuído para o acidente que matou 199 pessoas, 12 delas no prédio onde o avião se chocou depois de varar a pista.

    Relações perigosas

    Ao aceitar, ontem, a nova denúncia contra o banqueiro Daniel Dantas, a Justiça Federal desmembrou a Operação Satiagraha em outras três investigações que vão levar dor de cabeça ao governo e ao PT. Uma delas vai apurar o papel do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh nos negócios de Daniel Dantas. O MP suspeita que não havia procuração, mas ele diz que atuou como advogado.

    O grande negócio

    A investigação que o governo queria evitar vai esclarecer as circunstâncias em que o banqueiro transferiu a Brasil Telecom para a OI. Dantas alega que o PT tomou o controle de suas mãos. Mas o negócio envolveu financiamento oficial, e o próprio banqueiro acabou sendo beneficiado.

    Avisaram aos russos?

    Novo decreto do presidente Lula e da ministra Dilma Rousseff cria um grupo "interinstitucional" para supervisionar as buscas no Araguaia. Fazem parte os ministros Paulo Vannuchi, dos Direitos Humanos, Antônio Hermann, do STJ, um ex-ministro de Fernando Henrique, José Gregori (Justiça), o ex-procurador-geral Paulo Fonteles e, entre outros, o jornalista Ricardo Kotscho. Só falta combinar com o Exército.

    A lista

    A Polícia Federal tem uma relação de pelo menos 50 grandes investidores que aplicaram ilegalmente seus recursos no exterior através do Fund Opportunity, cujas atividades serão tratadas numa investigação específica autorizada agora pela Justiça Federal.

    Insônia

    Tem gente do PSDB reunindo dados sobre recursos do Petros, o fundo de pensão da Petrobras, aplicados nos empreendimentos da Cooperativa dos Bancários de São Paulo (Bancoop).

    DEA

    Expulsos da Bolívia por decisão do presidente Evo Morales, os agentes da Drug Enforcement Administration (DEA), a famosa agência americana de combate aos cartéis de cocaína, encontraram guarida no Brasil. Boa parte deles vive em Brasília, perfeitamente integrada à política de cooperação internacional de combate ao crime.

    JANIO DE FREITAS

    Negócio nas alturas


    Folha de S. Paulo - 21/07/2009

    Só quando a bilionária compra de aviões for fechada se saberá se os olhos estão postos em boa transação para o Brasil

    O TURISMO parisiense pago pela fábrica de aviões Dassault para um grupo relevante de deputados, encabeçado pelo próprio presidente da Câmara, Michel Temer, já indica o que se esperar dos congressistas quanto ao seu dever de examinar a compra bilionária de aviões e submarinos pelo governo Lula. Tanto mais que crescem os indícios de negócio com cartas duplamente marcadas, nesta história em que tudo vem errado, na área civil, desde o início.
    Ao sustar o fechamento da compra de 12 caças para a FAB, em 2002, Fernando Henrique invocou a inconveniência de um negócio tão alto em último ano de mandato, transferindo a decisão ao sucessor. O motivo era outro. O caça da americana Lockheed Martin, o F-16, estava mal na competição com fabricantes de outros países. E Fernando Henrique, possível aspirante a um cargo internacional de relevo como a secretaria da ONU ou similar, não quis contrariar as pressões de Bill Clinton. Ao qual já cedera na malabarista entrega do sistema de vigilância amazônica à americana Raytheon.
    Na campanha sucessória daquele ano, Lula acompanhara Ciro Gomes na afirmação de que não haveria compra no exterior. A Embraer, embora não seja a única empresa capaz de consórcio internacional para produzir caças jato, seria a contratada como representante do "made in Brazil". De fato, já na primeira reunião ministerial, em 2003, Lula deu por encerrada a concorrência internacional. Lembrou a escassez de recursos herdada e a determinação de prioridade a programas sociais. Com o estilo transformista que logo começou a revelar, porém, em outubro as formalidades da concorrência foram autorizadas, e confirmaram-se em reunião entre pretendentes à venda e a FAB.
    O problema anterior ressurgiu, no entanto. Não com o caça dos Estados Unidos, que nem admitiam vender suas últimas modernidades. A FAB não aderiu ao pretexto de indústria brasileira. Já por haver na Embraer participação estrangeira, na proporção de 20%, sendo a francesa Dassault sua sócia. E, mais importante, porque o Mirage 2000, da Dassault, não foi o que respondeu melhor às exigências militares, técnicas, geográficas e comerciais. Assim como não foram o Gripen sueco (consórcio Saab/BAE/Volvo) e o MIG-29, da russa Mikoyan. Outro russo, o Sukhoi, que a FAB foi submeter a testes e informações com a Força Aérea da Índia, estava na frente.
    Nos sete anos de lá para cá, a Dassault retirou-se da composição da Embraer, o que facilitaria, mas parece não o ter feito o bastante, as simpatias da FAB. A Gripen cometeu o lobismo antiético de levar à Suécia um grupo de jornalistas brasileiros, na óbvia esperança de obter apoios na imprensa & cia. Os russos ou sumiram ou trabalharam em silêncio impenetrável, talvez confiantes em um pacote cujo resultado não depende dos méritos e atrativos. A mesma Dassault substituiu em sua oferta o Mirage 2000, que ainda equipa a Força Aérea Francesa, pelo novo e caríssimo Rafale. Com a introdução de Nelson Jobim e Mangabeira Unger como pontas de lança, o governo alterou os propósitos da "concorrência", multiplicou a dimensão do pacote e os bilhões e, com isso, enfim encaminha o negócio para a Dassault, já com os Rafales. A qual promove o tour de Michel Temer e sua trupe e, com isso, leva a outro indício de carta marcada.
    No Congresso, só o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) voltou-se para o assunto e prometeu convocar audiências para vê-lo explicado por alguns dos envolvidos. O que já sugere certa utilidade dos turistas Michel Temer e sua turma. Há mais. A concordância final para o negócio deve ser, ainda que por formalidade, em reunião do Conselho de Defesa Nacional, integrado pelo presidente, ministros do Gabinete Civil, das Relações Exteriores e da Fazenda, presidentes do Senado e da Câmara, e comandantes da Aeronáutica, da Marinha e do Exército. Para um negócio tão extraordinário, nada mais recomendável, contra os contrariados e críticos, do que a unanimidade na "aprovação".
    Nem por isso pode ser um bom negócio. Qual é a utilidade de apenas 12 aviões, a preço tão absurdo que nem está revelado (depende de muitas possíveis variações do equipamento), para um país com as dimensões do Brasil? A solução racional e sensata me foi dita há dois dias. A França executa o plano de substituir Mirages 2000, ainda modernos, pelos novos Rafales, até pelo compromisso de governo que justificou o investimento da Dassault. Para a França, portanto, será bom negócio vender os Mirages 2000 por preço decente e, para o Brasil, aí está a possibilidade de comprar várias esquadrilhas a mais sem gastar tanto com uma só e mínima. E, como reza a regra brasileira de primeiro escolher o fornecedor depois fazer a concorrência, são aviões também da Dassault e de sua representante Embraer.
    Mas só quando o negócio for afinal fechado se saberá se os olhos estão postos em boa transação para o Brasil (supondo que o Brasil necessite de modernos jatos de caça) ou no máximo montante da transação - adivinhe por quê.

    GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


    BRASÍLIA - DF

    Subiu no telhado


    Correio Braziliense - 21/07/2009


    Por onde anda, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB-PE), é cumprimentado como o mais novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), cargo que almeja para encerrar a carreira política. Menos por colegas do Palácio do Planalto, que aguardam uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto. Aliás, o presidente da República é o único que nunca comentou a indicação ao TCU com o político pernambucano.

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    Empenhado em derrotar o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), e o ex-vice-presidente da República Marco Maciel (DEM) — ambos concorrerão à reeleição para o Senado —, Lula arma a chapa para enfrentar a dupla oposicionista nas eleições pernambucanas e Múcio é uma das opções. A propósito, no momento, Lula tem duas obsessões eleitorais: fazer da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a sua sucessora e eleger a maioria dos senadores da safra de 2010.


    Lacônico// Não passou de seis linhas a nota do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sobre o falecimento do ex-senador Gilberto Mestrinho, que por três vezes governou o Amazonas. Ele foi um dos protagonistas do populismo pós-Vargas, ao lado do ex-presidente João Goulart e dos ex-governadores Leonel Brizola e Miguel Arraes.


    Prudência/ O governo delegou aos presidentes das agências reguladoras a responsabilidade de definir o limite de gastos com saques na boca do caixa com os cartões corporativos em seus órgãos. Até ontem, quem respondia pelo teto de despesas com os chamados fundos de suprimentos era o ministro da pasta à qual a agência é vinculada.

    No rastro/ O governador José Serra (PSDB) corre atrás dos investimentos do governo federal na área do ensino profissionalizante. Depois de implantar uma escola técnica em Heliópolis, com cinco cursos e 520 vagas, Serra pretende implantar outra unidade, em Paraisópolis, até 2010, com 400 vagas em quatro cursos técnicos. Apesar do nome, o bairro é um inferno, com a maior taxa de analfabetismo acima de 25 anos de São Paulo.

    Interino/ O Diário Oficial da União não deixa dúvida de que a nomeação do novo chefe da Receita Federal, Otacílio Dantas Cartaxo, não encerra a luta pela sucessão de Lina Maria Vieira. Interino, o novo xerife da órgão tem apoio na corporação, mas adversários poderosos perante o presidente Lula querem um nome ligado ao ex-secretário Jorge Rachid. Um deles é o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci (PT-SP).

    Ficam


    Paulo Duque (PMDB-RJ), octogenário presidente do Conselho de Ética do Senado, continua firme no cargo, apesar das pressões para que o titular de sua vaga, o secretário-chefe da Casa Civil do Rio, Regis Fitchner, assuma o mandato. A troca dependeria do governador Sérgio Cabral, que é aliado do presidente do Senado, José Sarney, e do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Duque virou uma espécie de para-choque da dupla de caciques no conselho.

    Voo 3054


    A Força Aérea Brasileira (FAB) já enviou a minuta do relatório final das investigações sobre as causas do acidente com o Airbus A320 da Tam que saiu da pista e explodiu ao aterrissar em Congonhas, em 17 de julho de 2007, para a Organização Internacional de Aviação Civil (Oaci), autoridade máxima da aviação comercial, ligada às Nações Unidas. O relatório faz 61 recomendações de segurança para a aviação brasileira.

    Caneta


    O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), continua pavimentando sua candidatura ao governo da Bahia. Ontem, liberou
    R$ 6,6 milhões para a realização de obras emergenciais de recuperação de estradas e pontes nos municípios baianos.

    Estranho


    O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), andou falando a correligionários de Carapicuíba, na Grande São Paulo, que ainda não tem plena certeza de sua candidatura à reeleição, apesar dos bons resultados nas pesquisas de opinião. O PT não tem um candidato competitivo ao governo de São Paulo. Tanto Mercadante quanto a ex-prefeita Marta Suplicy, candidata a deputada federal, já avisaram à cúpula da legenda que não querem concorrer ao Palácio dos Bandeirantes.

    Excomunhão



    Os pastores da Assembleia de Deus - Ministério de Madureira, reunidos no fim de semana em Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, decidiram retirar o apoio à reeleição do senador Marcelo Crivella (foto), do PRB-RJ, ligado à Igreja Universal. Sob comando do pastor e deputado federal Manoel Ferreira(PTB-RJ), fecharam com a candidatura ao Senado do presidente da Assembleia Legislativa fluminense, Jorge Picciani (PMDB).

    DORA KRAMER

    Intenções e gestos

    O Estado de S. Paulo - 21/07/2009
    Na teoria elaborada e difundida pelo Palácio do Planalto, o PMDB será o parceiro preferencial do PT nas eleições de 2010. Nem que isso custe o que resta de reputação aos petistas e a desistência do partido de conquistar, manter ou retomar governos de Estados importantes.

    Na tese defendida hoje pela direção do PMDB, o partido vai decidir logo, em novembro, enquanto não definha o poder do presidente em retirada, o apoio oficial à candidatura da ministra Dilma Rousseff.

    Dará ao PT seu precioso tempo de rádio e televisão no horário eleitoral, sua monumental estrutura partidária no País todo, nem que isso custe o risco de ver o PT ultrapassá-lo na quantidade de representantes no Congresso.

    A questão é que, na prática, nenhum dos dois partidos tem atuado de acordo com as respectivas normas escritas. Em boa medida, chegam mesmo a contrariar decisões tomadas em nome da "aliança maior" depois de pagar por elas um preço altíssimo.

    O PT, por exemplo. Curvou-se à exigência do presidente Luiz Inácio da Silva e recuou na confrontação com o presidente do Senado, José Sarney. Zigue-zagueou, ficou mal com todo mundo, mas cumpriu a ordem alegadamente dada para manter o PMDB fora da esfera de influência da seara oposicionista.

    Pois, ato quase contínuo, no último domingo o PT oficializou a candidatura do ministro da Justiça, Tarso Genro, ao governo do Rio Grande do Sul. Embora a ideia aludida pela direção nacional fosse tentar uma composição com o PMDB local, os petistas dispensaram tratativas e deram por consumado o fato.

    A missão era difícil? Praticamente impossível. Mas, não há registro de que o Rio Grande do Sul estivesse sendo tratado como uma exceção à regra. Tanto não estava que Tarso Genro tratou logo de estabelecer a diferença de calendários dos interesses nacionais e das conveniências locais.

    "A experiência mostra que a demora na definição de candidaturas dificulta a composição das alianças", disse. Depreende-se disso que o ministro esteja estendendo a mão ao PMDB, mas sob a condição de ficar dono da cabeça da chapa.

    Como não é crível que o PT gaúcho - cujo candidato é um ministro - ou qualquer outra seção do partido esteja em guerra com o presidente da República, algo não fecha nessa conta.

    Muito antes disso, mas já depois de validados os termos do acordo entre PT e PMDB, a disputa pela presidência do Senado já havia produzido cenas de pura contraposição à política de boa vizinhança preconizada por Lula.

    O senador Tião Viana lançou sua candidatura à presidência do Senado em setembro de 2008, numa antecipação típica de quem desconfia de que há algo mal parado no ar e busca se prevenir. Em tese, não seria necessário, pois estava acertado que o PMDB presidiria a Câmara e o PT o Senado.

    O PMDB, entretanto, resolveu brigar pelo poder. Ganhou, mas não levou. Atribuiu suas agruras à reação vingativa dos petistas, o que, convenhamos, não é coisa de parceiros.

    Em Salvador, a eleição municipal - pelo mesmo motivo de quebra de acertos e apresentação de candidatura própria - terminou em clima de puro rififi entre o governador petista Jaques Wagner e o ministro pemedebista da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

    Este avisou àquele que se a regra era cada um por si na municipal também seria na estadual dali a dois anos. Dito e feito, Vieira Lima rompeu com Wagner e já anuncia que será candidato a governador ou a senador sem ligar seu destino aos planos do PT.

    No Rio de Janeiro, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria, pode até perder a parada para o governador do PMDB Sérgio Cabral, mas cairá atirando. Como, de resto, já faz mesmo antes de cair.

    Em Minas Gerais, a direção nacional não teve força (ou interesse) para enquadrar Fernando Pimentel quando da aliança do então prefeito de Belo Horizonte com o governador tucano Aécio Neves. Dificilmente terá agora para obrigar Pimentel, Patrus Ananias ou quem venha a ser o candidato do PT a apoiar Hélio Costa, do PMDB.

    O que dizer, então, de São Paulo, onde o mandachuva do PMDB, Orestes Quércia, já fechou acordo com o governador do PSDB, José Serra? Pode haver mudança de rumo? Pode, mas mediante uma confusão de enorme tamanho.

    Em Pernambuco, o PMDB tem na liderança o senador Jarbas Vasconcelos, um dissidente, e a influência de ninguém menos que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra.

    As dificuldades não representam obstáculos intransponíveis à formalização de uma aliança PT-PMDB para 2010. Até porque a regra vigente não obriga a que as coligações regionais sigam o modelo das chapas nacionais.

    Mas a existência de incongruências entre a parceria pretendida e as divergências praticadas revela, no mínimo, que não há unidade nem razoável consenso de propósitos entre as partes para assegurar a entrega das respectivas mercadorias prometidas. Há mais conflitos a separar que harmonia a unir PT e PMDB.

    GOSTOSA


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    ARNALDO JABOR

    O dia em que conheci meu pai

    O GLOBO - 21/07/09

    Meu pai foi um mistério em minha vida; não nos comunicávamos bem... Ele era o perigo de castigos, o Supremo Tribunal que julgava meus erros. Por isso, ao escrever este artigo, sinto seu olhar por cima do meu ombro. Escrevo de novo sobre ele porque o filme que termino agora nasceu talvez de sua presença poderosa - eu, minha mãe, minha irmã girávamos em torno dele como satélites. Naquela época, o pai de família era a bússola de todos - viver era aceitá-lo ou contrariá-lo.

    Eu sempre quis que ele me aprovasse, receber um elogio, um beijo espontâneo que nunca vinha. Ele parecia saber de algum crime que eu cometera, mas não dizia qual era. Eu sofria: "O que foi que eu fiz?" Meu pai ria pouco, como se o riso fosse um luxo, mas eu me empolgava quando ele chegava num avião de combate, coberto de dragonas douradas no uniforme da Aeronáutica, ele, meu herói que conquistara o pico do Papagaio como jovem alpinista e que fazia acrobacias de cabeça para baixo nos aviõezinhos do Correio Aéreo. Quando peguei coqueluche, ele me levou num bi-motor a 4.000 metros de altura, pois diziam que isso curava a tosse renitente. O avião subiu com meu pai pilotando, um sargento e minha mãe num casaco de pele, com o cabelo preso num coque alto chamado "bomba atômica", cruel homenagem da moda à destruição de Hiroshima. De repente, a porta do avião se abriu a 4.000 metros e eu teria sido chupado para fora, não fosse a rápida ação do sargento.

    Até hoje, não sei se isso realmente aconteceu, pois meu pai sempre me causava fantasias de extinção. Ele era um árabe alto, nariz de águia, bigodinho ralo, cabelo reluzente de Glostora, óculos Ray-Ban, sapatos de borracha Clark, da Casa Polar.

    Hoje, entendo que ele queria fazer de mim um homem - a severidade ocultando o amor. Sei agora que ele queria dar-me exemplos de espartana resistência, de chorar sem lágrimas. Claro que virei artista, por formação reativa, claro que, quando ele me deu um livro (nunca aberto) sobre mineração de carvão, eu ia ler Rimbaud e escrever poesias. Com minha mãe superprotetora, se eu bobeasse, hoje estaria cantando boleros, "drag queen" com o codinome Neide Suely.

    Minha vida se organizou para ser tudo o que ele não era - uma maneira de obedecê-lo em revolta. Ele era moralista? Eu defendia sacanagens e palavrões. Ele era da UDN? Entrei para o PCB aos 18 anos.

    Então, comecei a despertá-lo da letargia desatenta a mim, provocando-o, esculhambando norte-americanos e militares, culpando a Aeronáutica pelo suicídio do Getúlio. Aí, conseguia berros à mesa de jantar, com minha mãe pálida, sussurrando: "Olha os vizinhos!"

    Queriam-me diplomata? Ah... hoje eu poderia ser um pobre itamarateca alcoólatra... Fui ser nada, maluco, comuna na UNE; depois, por acaso, acabei cineasta... O tempo foi passando. Papai aposentou-se cedo demais e aquele projeto de "picos do Papagaio", de aviões em parafusos, de um heroísmo guerreiro virou um silêncio aterrador no apartamentozinho de Copacabana, onde o tempo parecia parar. Entre as poltronas dos anos 40, entre os vasos de flores de minha mãe, a presença de meu pai era quase abstrata, vendo TV de tarde, de pijama, em meio a minhas visitas, quando eu tentava alguma coisa que mudasse aquela paralítica tragédia, aquele relógio do avô que batia o pêndulo em vão.

    Todos os dias eram iguais; só minha mãe mudava, cada vez mais perto da senilidade, visitando a médium "linha branca" que lhe dava conselhos com voz grossa de caboclo. Eu queria que alguma coisa acontecesse, queria vê-los dentro da vida da cidade, mas só saíam para comer num sinistro restaurante "a quilo", de fórmica rosa e amarela.

    Um dia, nasceu-me a primeira filha. Foi um momento de vida e luz, mas, logo depois, meu pai caiu doente, com uma enigmática infecção pulmonar, que não passava. Médicos se sucediam: tuberculose, enfisema? O quê? Foi uma revolução cultural no apartamentozinho de Copacabana: aquele rei silencioso estava caído no divã, cuspilhando, febre permanente, precisando de ajuda. Então, a força estava fraca? O pai virara filho? Minha mãe pirou mais ainda, sem saber lidar com tanto poder que ganhara, tanta liberdade súbita. Eu também estranhava aquele titã caído. Um dia, o médico decretou: "Está muito anêmico... Precisa de transfusão de sangue".

    Fui levá-lo à Casa de Saúde São José, onde minha primeira filha tinha nascido, pouco antes.
    Deixei meu pai na cama de um quarto, com a bolsa de sangue pingando-lhe nas veias e, para evitar o silêncio triste da lenta transfusão, saí pelos corredores, para dar uma volta sem rumo.
    De repente, ouço dois tiros. Sim, dois tiros de revólver.

    E foi aí que minha vida começou a mudar. Pela porta do quarto ao lado, olho e vejo dois homens caídos no chão branco de fórmica, boiando em duas imensas poças de sangue. Um já estava morto e o outro agonizava de boca aberta, emitindo um soluço com um assobio assustador, como um peixe morrendo fora d’água. Enfermeiros acorreram e eu soube que tinha sido um crime passional.

    Um médico matara o outro e suicidara-se em seguida. Nada mais fora de lugar que um assassinato no hospital.

    Tudo se juntava, meus fantasmas acorriam todos, num clímax de vida e morte. Vi, espantado, que um deles era o ginecologista que tratava de minha mãe e que estava ali, boiando no próprio sangue, no hospital onde acabara de nascer a minha filha. A transfusão acabou, as ambulâncias levaram os corpos e ficamos, eu e meu pai, assustados, sozinhos ali no quarto. O mundo tinha mudado.

    Então, não sei por que, comecei a sentir um imenso carinho por meu pai, ali, fraquinho, cabelo branco. Ajudei-o a se arrumar, fechei-lhe o paletó e voltamos para casa, como cúmplices mudos de um crime, de um jorro de morte que destruiu nossa melancolia e nos uniu de uma forma misteriosa.

    Nunca entendi bem o que aconteceu - só sei que não houve mais silêncios tristes entre nós dois.

    ANCELMO GÓIS

    CALMA, GENTE

    O GLOBO - 21/07/09

    Sexta, por volta de 14h, duas senhorinhas de idade avançada bateram boca no saguão do Santos Dumont, à espera da ponte aérea para São Paulo, porque uma espirrou ao lado da outra.
    – Sua gripe suína?!?
    – Gripe suína é você!!!
    – Você!
    – É você!
    GRIPE SANTA...
    Na missa de domingo, meio-dia, na Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, alguns fiéis pediram ao padre Jorjão para não receberem a hóstia na boca, por temer o contágio.
    O padre boa-praça respeitou o pedido, mas anunciou ao microfone que daria, àqueles que quisessem, a hóstia na boca.
    SANTA GRIPE...
    Aliás, na mesma igreja, em outra missa, o padre recomendou que os fiéis, na hora do Pai-Nosso, evitassem dar as mãos e fossem contidos no congraçamento, quando uns desejam aos outros “a paz de Cristo”.
    TESOURADA NO PERU
    A Aduana do Peru apreendeu 13.200 tesouras piratas, com a marca da brasileira Mundial, que seriam distribuídas lá.
    Segundo o escritório de propriedade industrial Dannemann Siemsen, o exportador é uma empresa chinesa.
    NO MAIS
    A coluna não quer desmerecer a Lua logo no dia em que se comemoram 40 anos do desembarque do homem em seu solo.
    Mas, como dizia vovô Anacleto, “todo mundo gaba a Lua, mas tem dia que lhe falta uma metade”.
    EUCLIDES INÉDITO
    Nova Aguilar e Nova Fronteira preparam uma nova edição em dois volumes da obra completa de Euclides da Cunha, cuja morte completa 100 anos dia 15 de agosto.
    Trará cartas e poemas inéditos do autor de “Os sertões”.
    LAMINADOS DO PARÁ
    Com apoio de Lula, a governadora Ana Júlia persiste na ideia de a Vale, que extrai quase todo o seu minério no Pará, montar uma siderúrgica por lá.
    Mês que vem, ela entrega à empresa, em Marabá, o terreno para a construção da usina, orçada em uns R$ 5 bi.
    SÓ QUE...
    A Vale já manifestou interesse, mas o projeto tem outros obstáculos pela frente, além da crise no setor de aço. O governo teria de tornar navegável um trecho do Rio Tucuruí, o que exigiria a retirada de rochas gigantes de seu leito.
    GONZAGUINHA
    Um DVD inédito de Gonzaguinha chega às lojas em agosto.
    É um especial de 1981, com imagens e áudio restaurados, do saudoso cantor, com um emocionante dueto dele com o pai, Gonzagão. É parceria da EMI com a Globo Marcas.
    O PETRÓLEO É NOSSO
    Desde que assumiu, Sérgio Cabral trava batalha contra a finada refinaria de Manguinhos, cujo antigo regime especial tributário teria, diz o governo, causado perda fiscal de R$ 600 milhões, dinheiro meu, seu, nosso.
    Embora o bombardeio judicial tenha recomeçado, a Justiça, até agora, evita novas sangrias dos cofres públicos — apesar de a refinaria ter sempre contratado, em suas causas, advogados parentes de desembargadores.

    GOSTOSA


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    ELIANE CANTANHÊDE

    Palocci para toda obra

    FOLHA DE SÃO PAULO - 21/07/09

    BRASÍLIA - O PT não tem candidato ao governo de São Paulo? Chama o Palocci!
    O partido quer tirar os aliados da frente e reassumir a coordenação política no Planalto, hoje com o PTB? Chama o Palocci!
    O Lula vai mexer em ministério importante? Chama o Palocci!
    Se não fosse aquele probleminha das variadas denúncias, o ex-ministro nem teria saído da Fazenda e hoje seria um candidato muito mais óbvio do que Dilma Rousseff.
    Palocci já superou os processos de Ribeirão Preto, onde se meteu com uma turma da pesada na prefeitura, mas ainda depende da decisão do Supremo sobre a acusação da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, já como ministro.
    Você conhece algum tubarão condenado pela Justiça brasileira?
    Então, é só aguardar a absolvição, prevista para o início do segundo semestre, provavelmente em agosto. E, aí, ninguém mais fala nisso.
    Independentemente do cronograma, Lula, que não dá bola mesmo para essas bobagens de mensalão, aloprados, caseiros, empreguismo e processos -tudo é coisa da oposição e da imprensa...- decidiu dar uma guinada de volta ao futuro.
    Destacou para a campanha de Dilma a mesma dupla dinâmica de sua própria eleição em 2002. Palocci mantém sob controle a elite empresarial e financeira, e José Dirceu, que foi cassado da Câmara e está com os direitos políticos suspensos, amansa o PT para articular os palanques de Dilma nos Estados.
    Os dois, pragmáticos que só, já atuam abertamente na campanha.
    Palocci mais concentrado em São Paulo e no centro econômico, Dirceu viajando pelo país todo.
    Enquanto o comando fica onde sempre esteve, renova-se o time da campanha em Brasília. Com tantas contusões e baixas entre os titulares, estão em aquecimento dois novos craques: Cândido Vaccarezza (PT) na Câmara e Gim Argello (PTB) no Senado. Nenhum deles está aí para brincadeira.

    CLÁUDIO HUMBERTO

    “Lula confunde o Brasil com o sindicalismo pelego da CUT”
    DEPUTADO FEDERAL JOSÉ CARLOS ALELUIA (DEM-BA) E O ‘BOLSA-PARAGUAI’ AO PRESIDENTE LUGO.

    MINISTRA DILMA FORA DE CONTROLE. DE NOVO
    A ministra Dilma Rousseff aprontou novamente. A última vítima da ira foi o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que ouviu seus gritos pelo telefone. Numa reunião que convocou para discutir as regras do pré-sal, perguntou a dois advogados da União se “tinham autoridade” para emitir opiniões. Eles responderam que “só iriam ouvir”. Foram despachados pela ministra, que cancelou a reunião e ligou para Mantega.
    TODO OUVIDOS
    Ela avisou ao ministro que pediria a cabeça do procurador-geral da Fazenda Nacional Luiz Inácio Adams, que não compareceu.
    MORRENDO DE MEDO
    Instruído por Mantega, Adams chegou com pelo menos meia hora de antecedência ao encontro do dia seguinte.
    MANTEGA DERRETEU
    Incomodado com o tipo de cobrança da ministra Dilma Rousseff, Guido Mantega reclamou do episódio para o presidente Lula.
    CHOQUE DE MARKETING
    De um camelô para outros sobre o “choque de ordem” da Prefeitura do Rio na Av. N.S. Copacabana: “Chegou o shopping das sete da noite!”.
    EMBAIXADOR É NOVO ESCÂNDALO DE LUGO
    Não basta o escândalo da filharada do bispo: às vésperas do encontro dos presidentes do Mercosul, o presidente paraguaio Fernando Lugo provoca novo constrangimento. Está enrolado com a indicação para a embaixada do Chile do ex-senador Armando Espínola, que apareceu num jornal de Assunção seminu e de peruca loura numa orgia, como você pode ver no site www.claudiohumberto.com.br.
    ‘DESCONFORTO’
    A presidente do Chile, Michelle Bachelet, manifestou “desconforto” com o escândalo e pediu a substituição do novo embaixador.
    O CONTO DO VIGÁRIO
    Espínola é amigo pessoal de Lugo, que esperava reverter os índices de rejeição com a “mão amiga” de Lula na questão da energia de Itaipu.
    FOR EXPORT
    O governo britânico vai “repatriar” o lixo tóxico que enviou ao Brasil. Poderia levar também um lote de políticos descartáveis.
    VOA, LULA, VOA
    Deixa o homem viajar: o presidente Lula deverá visitar de novo oficialmente a Rússia ainda no primeiro semestre de 2010. Deveria ir no verão, porque frio basta o pé dele.
    CHEIRO DE MUTRETA
    Os ministros do Tribunal de Contas da União examinam amanhã (22) o contrato das obras da usina nuclear Angra 3, com fortes indícios de superfaturamento. Vem aí o “Pan atômico”?
    PÕE NA CONTA
    O deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) pedirá ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas da União investigação das concessões que Lula faz ao Paraguai, alterando o contrato da hidrelétrica de Itaipu.
    NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO
    O senador Paulo Duque (PMDB-RJ), para quem os atos secretos do Senado são “bobagem inventada”, ganhou ontem da Aeronáutica a medalha Santos Dumont. O sonho dele era ser piloto de caça da FAB.
    BOLSA GORDA
    O Bolsa Família, que premia quem não trabalha, terá reajuste em agosto com base no índice de inflação dos últimos doze meses, algo entre 8% a 10%. O programa custa hoje aos cofres públicos R$ 1,5 bilhão.
    A NOVELA DOS JUROS
    O Comitê de Política Econômica do Banco Central reúne-se hoje e amanhã em Brasília. O mercado espera queda de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. A taxa Selic cairia de 9,25 para 8,75 pontos.
    CONFISSÃO AMARGA
    Processado por agredir sua ex-mulher e a ex-sogra, o diretor do Senado, Haroldo Tajra, pensou no fim de semana em pedir demissão. Foi convencido pelo 1º Secretário, Heráclito Fortes, a se fingir de morto.
    FARRA DO CARTÃO
    A crise foi mesmo “marolinha” para o governo Lula: penduricalho num decreto de 1986 autoriza “altas autoridades” das agências reguladoras – Aneel, Anatel, Anac e outras “As” – a sacar no caixa eletrônico com cartão corporativo. Não diz quanto nem quem são os felizardos.
    PENSANDO BEM...
    no Lula, muitos petistas devem ter comemorado ontem o “Dia do amigo da onça”.

    PODER SEM PUDOR
    NEGÓCIOS À PARTE
    O cineasta americano Francis Ford Coppola terminava sua visita de quase quatro horas aos labirintos da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, esta semana, acompanhado do diretor-geral brasileiro da usina, Jorge Samek, e do diretor-técnico, Antonio Otelo Cardoso. Coppola estava encantado:
    – Agora vocês estão convidados a conhecer a minha vinícola no Napa Valley, na Califórnia, onde produzo bons vinhos.
    – Só para conhecer ou para beber? – brincou um anfitrião.
    – Não recebi nenhum quilowatt de energia de vocês... – devolveu Coppola.