Desregulamentar profissões. Todas!
O Estado de S. Paulo - 21/07/2009 |
O governo anunciará em breve a proibição de carros pequenos com motores de menos de 2.0 e serão obrigatórios transmissão automática, computadores de bordo e airbags sêxtuplos. Que tal lhe pareceria essa notícia? Fords Ka, Fiats Palio, Fords Fiesta sumiriam do mercado. Todos os carros custariam muito mais caro. Adeus ao sonho do carro 1.0, sem imposto. Seria uma crise nacional. Mas não causa crise sermos obrigados a pagar a um médico formado numa faculdade, que estudou seis anos, para girar lentes na frente do nosso rosto e nos dizer que temos 2,5 graus de miopia. Ou pagar a um médico a taxa de carta de motorista, para nos mandar ler algumas letras na parede. Nem causa espanto que precisemos pagar a advogados, formados por cinco anos, para nos tirarem da cadeia, coisa que um estudante de Direito do primeiro ano sabe fazer, ou até mesmo quem nunca estudou Direito. Escrevi, nos anos 70, um artigo chamado Em defesa dos advogados, publicado no Jornal da Tarde. Dias depois chegou pelo correio (a vida era assim antes daquele menino maluquinho e irresponsável, William Gates III, que abandonou a faculdade) cópia de carta do presidente da OAB de São Paulo protestando e explicando detalhadamente por que a regulamentação exercida pela OAB era fundamental para a defesa dos interesses dos possíveis clientes. Mas a carta não falava nada sobre a obrigação de pagar mais caro por advogados que estudaram cinco anos para prestar serviços corriqueiros sem complexidades ou consequências jurídicas maiores. A resposta: custa muito caro porque, quando pagamos a um advogado, temos de ressarci-lo pelos anos de estudos de Direito e pagar um naco das mensalidades da OAB, que é um sindicato que defende mais os interesses dos advogados que o dos clientes. Desregulamentar a medicina? Certamente. Faço palestras em que proponho a desregulamentação da medicina. A reação das plateias é de horror. Mas como? É a nossa saúde que está em jogo! Imediatamente depois da reação, mas ainda durante o pânico, peço que levantem a mão todas as pessoas que utilizaram (ou seus parentes próximos) tratamentos alternativos, como cromoterapia, florais de Bach, aromaterapia, cinesiologia, hidroterapia, iridologia, quiropracticia, etc. Sempre mais de metade das audiências levantou as mãos. Ou seja, as pessoas acreditam em terapias alternativas, usam-nas em substituição à medicina e muitas depositam a continuidade de sua vida nelas (como quem se trata de câncer com extratos de sementes de pêssegos). Mas, quando perguntadas, a maioria diz-se a favor da regulamentação da medicina. Bem-vindos ao mundo das profissões regulamentadas. O Cialis, o maior concorrente do Viagra para disfunção erétil, custou ao laboratório que o inventou, desenvolveu e comercializa entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões antes da venda do primeiro comprimido. Foram centenas de cientistas, pesquisadores, bioquímicos e milhares de testes exigidos pela FDA (a Anvisa americana). Cada vez que compra uma caixa de Cialis, você paga por todos esses custos. Mas há um, inútil, que você paga e não se dá conta: o salário da farmacêutica responsável da filial da empresa que produz o Cialis no Brasil. Ela entra na produção do Cialis como Pilatos no Credo, sem ter nada que ver com os benefícios do remédio. Ela só está lá porque os farmacêuticos (como todos os outros profissionais regulamentados) conseguiram que o Congresso Nacional votasse uma lei obrigando todos os laboratórios a terem um(a) farmacêutico(a) responsável, e também cada farmácia a ter um(a) farmacêutico(a) para lhe vender a caixinha dos comprimidos mágicos (ou de qualquer outro remédio que você queira comprar). José Zanine Caldas, famosíssimo arquiteto autodidata, desenhou e construiu algumas das mais caras e belas casas do Joá e da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Quem as comprava pagava por sua competência e seu bom gosto, mas um naco era para o engenheiro formado, cuja única função era assinar a planta. Zanine foi professor na Universidade de Brasília. Hoje não poderia, porque não tinha diploma. Em resumo, não ganhamos nada com profissões regulamentadas. Só ganham os profissionais que fazem parte delas. Sou contra as faculdades? Não (vivo, em parte, de ser professor). Mas acho que todos devem poder contratar, para qualquer serviço, o profissional em quem confiam, independentemente de ter ou não um diploma e/ou um registro profissional. Quando regulamentam profissões, parlamentares caem na esparrela de acreditar que estão defendendo o público. Potoca. Estão apenas defendendo um mercado cativo para grupos politicamente organizados que buzinaram nos seus ouvidos que eles deviam regulamentar alguma profissão. O problema não é só brasileiro. Todos os prédios que você vê ao vivo em Las Vegas, ou no seriado CSI, foram construídos por pessoas de bom caráter. Pedreiros, no Estado de Nevada, precisam apresentar um atestado de bom caráter, além de saber empilhar tijolos. Uma lei de 1952 proibia comunistas de serem farmacêuticos no Texas e, no Estado de Washington, veterinários eram proibidos de tratar de vacas enfermas se não assinassem um juramento anticomunista. Há no Congresso brasileiro 169 projetos de regulamentação de profissões. A cada um que for aprovado você pagará mais caro por aquele serviço, em troca de proteção zero. Regulamentações profissionais só protegem os prestadores de serviços e excluem concorrentes que poderiam prestar os mesmos serviços, só que mais barato. Acabou de ler o artigo? Não tem nada que fazer? Entre no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=B6vOChhue20). E ouça o hino do farmacêutico. Parabéns! A conta é toda sua, inclusive a do hino. |
7 comentários:
O profissional formado para tal pode errar? É claro, errar é humano, mas com certeza não é intencional e nem por negligência. No caso do medicamento, nós farmacêuticos estamos lá para tentar evitar que isso ocorra. É uma medida preventiva, pois, depois que morre não tem mais jeito, fora Jesus Cristo ninguém ressuscita. Estamos lá para prevenir erros.
O senhor como o homem inteligente que é deveria dar opinião somente nas profissões das quais entende ou então procurar se informar melhor sobre as funções de cada uma para escrever sobre todas. Posso falar somente da minha, mas o senhor está completamente equivocado quando fala este absurdo: “Cada vez que compra uma caixa de Cialis, você paga por todos esses custos. Mas há um, inútil, que você paga e não se dá conta: o salário da farmacêutica responsável da filial da empresa que produz o Cialis no Brasil”. A profissional está lá para evitar que medicamentos inadequados para uso sejam vendidos, assim como eu estou na empresa em que trabalho. As pessoas que compram o medicamento não pagam o salário de uma inútil que não faz nada, pagam todos os testes realizados no medicamento que utilizam (tais como testes para verificar se estão homogêneos, se tem o teor que deveriam, se tem produtos de degradação, qual o periodo de validade do mesmo entre inúmeros outros testes realizados) para dizer se o mesmo tem ou não a qualidade necessária para consumo e pagam o salario dos outros inúmeros “inúteis” envolvidos em todos os testes e demais etapas.
Aconselho o senhor todo poderoso e tão conhecedor de todas as profissões a conhecer o trabalho de um farmacêutico em uma indústria antes de escrever sobre o mesmo e antes de ficar colocando link de you tube relativo a hino do farmacêutico. Deixemos os hinos em paz e escrevamos então sobre os inúmeros bons profissionais que estão por ai zelando para que o senhor possa utilizar medicamentos de qualidade.
Vemos ai todos os dias na TV os efeitos de falsos profissionais exercendo profissões para as quais não estão aptos, mesmo sabendo que isto é crime. Imagine se fosse livre, sem regulamentação? O número de vítimas seria bem maior. De uma olhadinha nisto se você “não tiver nada para fazer” http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR57447-6014,00.html. Isto é absurdo, mas seria corriqueiro. Depois iríamos todos correr ao congresso suplicando a volta das regulamentações de profissões tão essenciais e com necessidade de formação específica quanto as do médico, farmacêutico, engenheiros, etc.
Só uma pergunta? O senhor usaria um medicamento para tratamento de câncer feito por um cientista político? Eu não falo pelos outros, falo por mim, mas eu não iria a um jornal renomado escrever sobre os prós e contras de nenhum sistema político e suas implicações em sociedade alguma ou sei lá mais o que um cientista político está habilitado a fazer, pois não tenho competência para tal. Por favor, da próxima vez que for escrever sobre as funções de um farmacêutico procure se informar com um o que o mesmo faz ou então faça um curso de farmácia em uma boa faculdade que o senhor vai entender, pois o que o senhor escreveu só mostra o total desconhecimento da profissão. Quanto aos demais profissionais que o senhor cita não posso falar nada mas da minha ...
Olha meu senhor, com todo o respeito, mas o senhor está falando de coisas das quais não entende. Eu não posso falar de todas as profissões como o senhor (Desregulamentar profissões. Todas!), que tudo sabe, pois só tenho uma e só desta entendo, porém, da minha posso dar uma explicação melhor sobre as funções exercidas.
Sou farmacêutica industrial, responsável técnica de uma indústria farmacêutica e posso falar somente da profissão de farmacêutico que o senhor tanto critica, especialmente na indústria farmacêutica que o senhor cita aparentemente sem conhecimento do porque do responsável técnico, pois do contrario não escreveria um absurdo desses.
A produção de medicamentos requer produtos eficazes e sem riscos à saúde, exigindo o correto cumprimento das Boas Práticas de Fabricação (o senhor sabe para que serve boas praticas de fabricação? Se não conhece leia a resolução RDC nº 210 de 04 de agosto de 2003 publicada no diário oficial que com certeza irá entender o que significa produzir um medicamento de qualidade e sem riscos). Para tal coisa existem inúmeros profissionais por trás de um simples comprimidinho e não “um, inútil, que você paga e não se dá conta”. A farmacêutica responsável da filial da empresa que produz o Cialis no Brasil com certeza tem inúmeros medicamentos sob sua responsabilidade, o que você poderia estar perguntando diretamente a ela o que ela faz na empresa em que trabalha. Eu não trabalho lá e não posso lhe dizer, mas posso falar da empresa na qual eu trabalho. Como RT eu avalio todas as ordens de produção quanto à sua adequação para venda, se todas as etapas foram cumpridas e se o produto tem a qualidade que deveria para que possa ser utilizado, se o que está sendo feito é o correto, se todos os estudos que garantem a qualidade do produto estão sendo realizados entre outras inúmeras funções. A farmacêutica que o senhor cita no seu artigo, assim como eu e os muitos outros que são responsáveis pelos produtos que todos nós utilizamos para melhoria de nossa saúde não entramos como Pilatos no Credo sem ter nada que ver com os benefícios de medicamento algum. Conosco existem inúmeros profissionais, que são regulamentados para poderem exercer suas funções, que fazem com que os produtos que o senhor e várias outras pessoas utilizam tenham a qualidade que deveriam ter. Nós não estamos lá somente “porque os farmacêuticos (como todos os outros profissionais regulamentados) conseguiram que o Congresso Nacional votasse uma lei obrigando todos os laboratórios a terem um(a) farmacêutico(a) responsável”. Estamos lá porque temos capacidade técnica maior que qualquer outro profissional para falar sobre medicamentos, já que estudamos para tal.
Inutil é você seu filho da puta!!
Essas idéias ridículas induzem a formação de uma baderna social, a regulamentação que todas profissões tem hoje é um processo de evolução!
Você nasceu na era errada, devia ter nascido no tempo do homem das cavernas.
Farmacêutico exite para enfiar um supositorio no seu cú....seu filho da puta desinformado.....o que faz um cientista politico escrever sobre outras profissões que não entende porra nenhuma....a minha vida não existiria se não existisse a ameba de um cientista político???? O que faz vc de tão extraordinário no mundo e na vida de todos para escrever uma matéria tão sem conteúdo, pois percebe-se que vc não entende nada...pois eu posso viver sem médico, sem farmacêutico sem engenheiro...ora mas não posso viver sem um cientista político...alías para que a sua profissão serve mesmo???? Pois desconheço e então não fico por aí escrevendo matérias sobre outras profissões que não a minha!!! Ou serão os cientistas políticos que ensinaram os políticos deste país a serem tão medíocres, ladrões, corruptos, safados...será que esta porra de congresso é assim tão fudida devido a vcs os cientistas políticos????
Tomara que vc tenha uma doença e agonize até morrer e tenha que se entupir de medicamentos!!!
alexandre quanto mais a idade passa vc fica mais gato um beijãao
Não vamos ouvir o que um auto-intitulado cientista politico tem a dizer.
Provavelmente um ignorante como ele, hoje em dia não conseguiria o emprego que tem , pois antigamente era bem mais fácile não recisava de tanta capacidade intelectual.
O que devia ser regulamentado era a profissao de pistoleiro, pois assim acabava com a vida desse vagabundo e aproveitava e levava a familia inteira junto, pois vamos convir, que a mulher desse cara , para aguenta-lo, desse ser uma china de zona..
"A atividade farmacêutica é uma das mais antiga da história da humanidade. Remonta aos primórdios, com citação na Bíblia Sagrada, livro do Eclesiástico, capítulo 38. No Brasil, ela começou a ser praticada pelos primeiros habitantes e pelos curandeiros da época colonial que percorriam as povoações, em lombo de burro, com suas caixas de madeira ou folhas de flandres carregadas de drogas e medicamentos. Essas caixas eram chamadas de "boticas", o mesmo nome dado ao estabelecimento farmacêutico surgido após a chegada da família real e que se proliferou pelo país inteiro com incrível velocidade. Foi para regulamentar a atividade e controlar o comércio indiscriminado que o império criou, em 1839, a primeira escola exclusivamente voltada para o ensino de Farmácia no Brasil, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Quase sessenta anos depois, em 1896, surgiria a segunda escola, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, dois anos antes da criação da terceira escola, em São Paulo." (FONTE: http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira14/noticias/noticia1.htm).
Realmente é muito interessante como toda a humanidade é tão burra e só o entitulado Cientista Político é tão inteligente. Que define como "Inútil" uma profissão tão nobre que tem citações desde o período bíblico. Como ela perdura até até os dias de hoje sendo tão inútil!? Acho que existe algo errado nessa "Estória" escrita no blog! Seria a humanidade burra por todos esses anos!? Espero que quando vc Cientista Político precisar de um de nós lembre desse dia e tenha pelo menos a dignidade de agradecer porque de acordo com o juramento não podemos ter nenhuma distinção de atender quem precisa inclusive dispensamos e manipulamos medicamentos para animais como o senhor.
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