domingo, novembro 17, 2013

As vantagens da solidão - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 17/11

Sozinha para sempre, nem pensar. Mas há que se valorizar as vantagens de se passar um tempo desacompanhada. A solidão não será um bicho de sete cabeças se você tiver bom humor e souber se divertir com o momento de entressafra.

Por exemplo, sozinha você não mente, não finge, não se faz de sonsa. Ninguém é mais autêntico do que um solitário. Não precisa fazer de conta que está gostando da conversa, não precisa inventar desculpas para ir embora, não precisa dizer que está tudo bem quando está tudo bem nada.

Sozinha você não comete gafes. Não esquece o nome da tia do seu marido, não confunde o sobrepeso da prima dele com gravidez, não pergunta pela mãe do melhor amigo dele. Não te contaram? Está presa por assalto a mão armada.

Sozinha você não dá vexame por ter bebido demais, você não ameaça tirar a roupa no final da festa, não se insinua para o namorado da filha dos outros. Sozinha você provavelmente ficou em casa no sábado e não termina a noite sendo o trending topic do twitter.

E não bate-boca, não faz fofoca, não fala alto demais, não provoca ninguém. Sozinha você é perfeita.

Já que um jantarzinho a dois está fora de cogitação, não julgará a maneira como seu amado maneja os talheres, o jeito que ele dança, quanto deixa de gorjeta, a miséria do seu vocabulário, aquela insistência dele em cortar o cabelo numa espelunca do centro. Quantas vezes a gente se arrepende por ter aberto a boca demais? Por ter se intrometido onde não devia? Sozinha, você é uma lady.

Sem relação estável com ninguém, você não cobra fidelidade, não reclama da bagunça, não faz perguntas repetitivas e indiscretas. E ao viajar só, longe das manias de um acompanhante, você não faz a louca diante de uma roubada, não inventa desculpas para fugir de uma indiada, não ameaça fazer as malas e voltar sozinha – já está sozinha mesmo.

Você praticamente fica sem o que contar para o padre no confessionário. Você não peca.

Acabou-se a fama de chegar sempre atrasada. Ou de ser pontual demais. Ou de furar encontros. Você não chega nem sai, você está fora do circuito.

Sozinha você economiza batom, lingerie, depilação, cabeleireiro, academia. Em compensação, gasta demais em croissants, biscoito recheado, bombons de licor. Quem é que vai se importar se você engordar dois ou três quilos?

Sozinha você é a maluca que dança no meio da sala, a demente que fala com as plantas, a artista que canta alto no chuveiro, a crente que faz pedidos para a primeira estrela que surge no céu. Você pede o quê, mesmo? Que essa solidão abençoada não seja vitalícia: que dure no máximo até o fim de novembro. Deus a livre de não ter em quem dar um beijo no Réveillon.

Meu Brasil, brasileiro - FÁBIO PORCHAT

O Estado de S.Paulo - 17/11

Aeroporto é um lugar de onde podemos tirar vários exemplos de quem é o brasileiro de verdade. Por mais que esteja acontecendo uma classecelização da passagem aérea (que bom!), o que torna esse ambiente agora cheio de marinheiros (voadores) de primeira viagem, quem eu vejo dar escândalo no balcão das companhias aéreas são sempre aqueles que já estão acostumados a viajar, que conhecem bem o esquema.

Estava em Florianópolis essa semana, sendo atendido tranquilamente pelo atendente, quando um cara ao meu lado começou a dar o seu escândalo. Um à parte: eu adoro ver pessoas alteradas aos berros dando piti, essas estão num tal estado bruto do sentimento que não tem mais filtros e se mostram como são lá dentro de verdade. E é divertidíssimo. Claro que pra mim e não pro coitado do atendente da TAM que estava sendo acuado.

O cara, transtornado, dizia que o voo dele era às 10h30 e que ainda eram 10h10 e o avião ainda não tinha saído. Que era um absurdo o pessoal não dar um jeitinho de colocá-lo pra dentro. O atendente tentava explicar que o voo estava encerrado, mas era interrompido por gritos de: "Você não está com boa vontade! Acordou de mau humor e resolveu descontar nos clientes. Isso é Brasil".

O que ele não conseguia ver é que, na verdade, se o atendente o tivesse colocado dentro do avião, aí sim é que seria Brasil. Desrespeitar as regras, dar um jeitinho, fazer todo um avião esperar um cara que estava atrasado e errado embarcar, isso é que é Brasil. Se o horário de embarque é meia hora antes, então é meia hora antes, não é vinte minutos antes. Ponto.

A gente gosta de bradar aos quatro cantos que lá na Europa sim as pessoas são bem tratadas, que nos EUA o atendimento é diferente, mas, quando a aplicação da regra tem que valer pra gente aqui, reclamamos. O brasileiro gosta é do jeitinho brasileiro. É o que o coloca no patamar de malandro. E se eu sou malandro, alguém é otário. Aí sim eu vejo vantagem. Contanto que esse otário não seja eu. Alguém tem que se ferrar pra eu me sentir melhor. Se seguir as normas me faz fazer o papel de otário, eu não quero. A malandragem fala mais alto.

Eu duvido que se esse cara que estava alterado tivesse chegado atrasado no aeroporto de Munique, ia dar aquele chilique. Claro que não. Porque lá as coisas funcionam, lá é primeiro mundo, lá... Lá, ele teria saído do hotel duas horas antes, justamente pra não atrasar porque sabia que, se atrasasse, perderia o voo e não teria choro nem vela.

Não estou aqui querendo fazer uma defesa das companhias aéreas, pelo amor de Deus. Longe de mim. Elas realmente têm milhões de problemas, e muitas vezes tratam muito mal seus clientes. Mas a gente também trata muito mal as pessoas quando elas não nos deixam fazer o papel de malandro. Não adianta querer que nos tratem como na Alemanha se nós ainda somos brasileiros. E brasileiros no sentido mais pejorativo e preconceituoso da palavra "brasileiros".

*

PS: No final ele foi embora aos gritos de: "O comandante Rolim vai saber disso!". Hahaha! Gênio!

Amor e morte em Buenos Aires - FERREIRA GULLAR

FOLHA DE SP - 17/11

Liguei no dia seguinte e ela me falou com aquela voz estranha: 'A polícia bateu nele até matá-lo'


Meu primeiro relacionamento mais próximo com Vinicius de Moraes foi durante um show que ele fez no Teatro Opinião, do qual eu fazia parte. Se não me engano, era um show com os jovens baianos, que mal surgiam e aos quais ele queria dar força. Antes ou depois do show, íamos para um boteco ali perto jogar conversa fora. Vinicius nunca falava nada sério, fazia piadas ou contava histórias picantes e divertidas.

Nosso convívio maior foi, 20 anos depois, em Buenos Aires. Todo mundo conhece a história da gravação do "Poema Sujo", que ele trouxe para o Brasil e o difundiu como pôde. Poeta fazer isso por outro poeta é coisa rara, mas Vinicius era assim mesmo, generoso e afetuoso.

Mais ainda com as mulheres, claro. Nesse particular, ele tinha um modo muito próprio de se conduzir. A impressão que tenho é de que ele, quando surgia um novo amor, não pensava em nada, entrava de cabeça, sem ligar para as consequências prováveis. Nem no que dissesse respeito a ele nem à namorada que ia trocar pela nova.

Foi mais ou menos o que aconteceu em Buenos Aires, quando se enamorou de uma moça argentina uns 40 anos mais jovem que ele. E ainda teve o desplante de ir à casa dela para pedir aos pais permissão de namorá-la. É difícil imaginar que conversa foi aquela, mas a verdade é que o namoro continuou e, sem muita demora, a moça seguia com ele para o Rio de Janeiro.

Sucede que ele tinha uma namorada em Salvador --uma linda mulata-- que, ao saber do novo caso do poetinha, foi para o Rio, entrou na casa dele e fez um "serviço" na cama onde o poeta dormia, para fazer mixar o tesão pela argentina.

Se deu resultado, não sei. O certo é que, um ano depois, quando voltei para o Brasil, a argentina já tinha dançado, substituída por outra musa, ainda mais jovem.

Outro fato marcante dessa passagem de Vinicius por Buenos Aires foi o desaparecimento de Tenório Júnior, pianista de seu show. Ele dissera, no quarto do hotel, à namoradinha que viajava com ele, que ia à farmácia comprar um remédio. De fato, ia encontrar um cara que ficara de lhe vender cocaína. Saiu do hotel e não voltou mais.

Quando cheguei ao quarto de Vinicius, no hotel, estava todo mundo preocupado. Ele pedira a ajuda da embaixada brasileira para localizar Tenório e a resposta, que acabara de chegar, é que era impossível. O golpe militar havia sido desfechado há poucas semanas e a repressão atingia todas as áreas.

Foi então que dei um palpite. Disse a Vinicius que conhecia uma vidente argentina, que localizara meu filho quando sumiu da cidade; quem sabe, localizaria Tenório. Ele achou muito boa a ideia, mesmo porque não havia outra coisa a fazer.

Estavam ali a namoradinha de Tenório e Maria Julieta, filha do poeta Carlos Drummond, funcionária da embaixada brasileira. Informei que, para telefonar à vidente, teria que ir até meu apartamento, pois não tinha comigo o seu telefone. Fui acompanhado da namorada e de Maria Julieta e, chegando lá, telefonei para Dona Haydê, a vidente. Ela atendeu, ouviu o que eu lhe disse e perguntou o nome do desaparecido.

Ao ouvir o nome dele, sua voz mudou estranhamente. Depois de um longo silêncio, afirmou que Tenório deveria estar ou morto ou inconsciente, pois não conseguia comunicar-se com ele. Pediu dois dias para tentar localizá-lo, mas, antes de desligar, advertiu: "Diga a essa mocinha que está aí, que vá logo embora da Argentina, pois corre risco de vida". Como ela sabia que a garota estava ali?

Voltamos para o hotel, contei o que a vidente disse, e Vinícius, visivelmente preocupado, logo providenciou a volta da garota para o Rio, já que os pais dela nem sequer sabiam por onde e com quem ela andava.

Não esperei os dois dias pedidos pela vidente. Liguei no dia seguinte e ela me falou com aquela voz estranha: "A polícia bateu nele até matá-lo". Quando contei isso ao Vinicius, seus olhos se encheram de lágrimas. Tenório, quando saiu do hotel, levou consigo seus documentos. Os policiais, quando se deram conta de que haviam assassinado um músico brasileiro, deram fim nele. O corpo de Tenório Júnior nunca foi encontrado.

GOSTOSA


Negra - CAETANO VELOSO

O GLOBO - 17/11

Da janela do hotel dava para ver Ponta Negra, que uma vez escalei


Natal estava sob chuva quando cheguei tarde da noite mas amanheceu ensolarada. Da janela do hotel dava para ver a Ponta Negra, que uma vez já escalei com muita vertigem (invejo Zuenir e Mary, capazes de subir dunas verticais sem se sentirem numa cena de “Gravidade”). Sempre achei o nome Ponta Negra misteriosamente apropriado. Uma razão mais lógica deve existir para a nomeação, mas a mim me parece que esse evoca a solenidade da vista. “Ponta” descrevendo a forma geográfica e “negra” dando o tom grandioso. A palavra “negro” sugere uma preciosidade que “preto”, seu sinônimo, não suporta. Sendo ambas o nome da cor (ou ausência de cor) dos objetos de que a luz não volta, “preto” traz à mente algo fosco e pedestre, enquanto “negro” anuncia brilho e mistério. Se se fala de um vestido preto, pode-se estar falando de uma peça de roupa que se usa em qualquer lugar. Mas um vestido negro é necessariamente um traje para ocasião especial, festa noturna e de gala, ou vestimenta ritual de monjas e bruxas.

Em inglês, língua em que “negro” não designa a cor mas exclusivamente a etnia dos subsaarianos, “preto” (“black”) passou a ser preferido, para se referir aos descendentes de escravos africanos, depois que “Negro” (que se grafa sempre com a inicial maiúscula, como acontece com os toponímicos) revelou-se contaminado do valor semântico pejorativo que em “nigger” chega a equivaler a um xingamento. Não há a possibilidade de se dizer “a Negro dress” (“um vestido negro”) em inglês, exceto se se quer dizer, de modo aliás raro, que um certo vestido tem características da subcultura norte-americana afrodescendente. Em francês há exclusividade do sentido étnico para “negro” na palavra “nègre” — que, ao que parece, já tem carga negativa há séculos. Pedro Sá imita muito bem um entrevistado de documentário de Coutinho que, ressaltando o orgulho que tem de sua ascendência, diz, em voz grave, “Preto é cor; negro é raça”. Acho curioso que “black” tenha prevalecido nos Estados Unidos, a partir do movimento dos direitos civis e finalmente difundindo-se por toda a sociedade, e “negro” seja a palavra escolhida pelo discurso racialista no Brasil. Pessoalmente, quase só uso “preto” para me referir a pessoas de pele escura e cabelo crespo: “negro” me soa como se se estivesse querendo envernizar uma ideia simples, como quando se diz “firmamento” em vez de “céu” ou “rubro” em vez de “vermelho”. Mas às vezes parece-me que só “negro” dá a imponência que desejo sublinhar em certas figuras (acho que outro dia, aqui mesmo, falei do rosto negro de Milton Nascimento).

Há algo em Ponta Negra que exige isso. Resulta que o nome se parece muito com o lugar, embora o que o marca seja a língua cor de marfim que sobe para o céu entre duas margens de vegetação. Por alguma razão misteriosa, eu, em minha ignorância, acho que o nome Ponta Negra foi dado a essa língua de areia, não à ponta de terra que a comporta. Estive duas vezes este ano em Natal. Em ambas fiz o show “Abraçaço”. Mas agora, além do show (que foi em praça pública, para uma multidão de sumir de vista e que me comoveu ao cantar refrãos e trechos das canções do novo disco — e de seguir com respeitosa atenção a longa e lenta “Um comunista”, inclusive aplaudindo-lhe alguns versos), fiz uma palestra em parceria com o poeta Eucanaã Ferraz, sobre poesia e letra de música. Foi bonito ouvir Eucanaã falar para aquela plateia interessada, sob uma tenda armada para a Semana Nacional do Livro da UFRN. O que fez com que eu me sentisse bem quando foi a vez de eu próprio falar. Mas o melhor de tudo foi ouvir Eucanaã ler a letra de “Itapuã”, numa interpretação que me fez acreditar que aquilo era poesia.

De Natal fui para a Bahia para participar da aula inaugural da primeira escola em Santo Amaro da Universidade do Recôncavo. Minha cidade é muito negra. Digo isso e percebo quando é que uso “negro” naturalmente. Há muitas pessoas pretas, quase-pretas e mulatas. Numa mesa de calçada de um bar de esquina, conversei com meus irmãos Rodrigo e Mabel (somos mulatos). Um cara que conheci lá me contou que o povo de Santo Amaro diz que a escola que coube a nossa cidade é uma escola de mata-cachorro. Como os cursos ali tratarão de produção musical e engenharia de espetáculos, o nome que lá sempre se deu aos contrarregras de circo (mata-cachorros) foi usado para mofar daquilo que nos foi destinado. Mas minha profecia é que dali nascerá uma força cultural que superará o crime do chumbo (como é que o Chico Oliveira diz que a luta ecológica não é enfrentamento do capitalismo?), a favelização e a tristeza. Os mensaleiros serão presos e as biografias serão soltas? Vou para Bogotá.

A galinha do Marlon Brando - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O Estado de S.Paulo - 17/11

O ator Emiliano Queiroz conta que frequentou, como ouvinte, o Actors Studio em Nova York e lá ouviu uma história sobre o mais conhecido ex-aluno do famoso curso de interpretação, Marlon Brando. Lhe contaram que certa vez o professor Lee Strasberg propôs ao grupo um exercício: todos deveriam se comportar como galinhas num galinheiro na iminência de um ataque nuclear. Os alunos passaram a se dedicar a diferentes graus de agitação, introjetando a provável reação das galinhas ao cataclismo anunciado. Todos menos um, Marlon Brando, que manteve-se tranquilo e sonolento sobre seu poleiro imaginário. No fim do exercício Strasberg pediu explicações a Brando, que respondeu: como uma galinha saberia que estava prestes a acontecer um ataque nuclear? Ele optara pelo realismo. Sua galinha desinformada não perderia a calma.

***

Você não tem a desculpa de ser uma galinha, da qual se espera que seja naturalmente mal informada. Essa sua calma não é realista. Você talvez só não tenha se dado conta ainda de que vive num pequeno planeta que se desloca no espaço em grande velocidade, sem direção aparente, girando sobre seu próprio eixo; e que você só é mantido vivo porque, por uma feliz casualidade, este planeta gira em torno de uma fornalha que se auto-consome e um dia explodirá na nossa cara, se um meteoro não nos liquidar antes, e é parte de um Universo que não se sabe como começou nem como vai terminar. Isso sem falar na situação do Oriente Médio, no terrorismo, nas epidemias, na má fase do Internacional e ... Pensando bem, a galinha do Marlon Brando se parece cada vez mais com um modelo de sanidade.

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Meu pai gostava de usar uma imagem, a do personagem de desenho animado que chega à beira do precipício e continua a caminhar sobre o vazio, até se dar conta de que o chão acabou e então cair no abismo. A lição para evitar a queda no abismo da angústia e da desesperança é fazer como a galinha do Marlon Brando, não se dar conta. Você terá chão enquanto acreditar no chão.

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E faça o que fizer, aconteça o que acontecer - não olhe para baixo!

Ueba! Vou catar piolho na praia! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 17/11

Proclamaram a República, mas no Brasil tudo é rei: Rei Roberto Carlos, Rei Pelé, Rei do Camarote


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E aí um amigo ligou para uma clínica de impotência sexual e a telefonista: "Alô, quem FALHA?!. "Eu!". Rarará!

E o Feriadão da Espada! Proclamação da República! Deodoro da Fonseca levantou a espada! Dom Pedro 1º levantou a espada! No Brasil, tudo se resolve levantando a espada! E proclamaram a República, mas no Brasil tudo é rei: Rei Roberto Carlos, Rei Pelé, Rei do Gado, Rei do Camarote, Rei do Bacalhau, Rainha do Bumbum, Rainha dos Baixinhos! E em São Paulo tem uma padaria famosa chamada Rainha da Traição!

Esse não levou uma vida de rei, levou um corno de rei! Rarará!

E sabe porque proclamaram a República? Pra gente votar no Collor, no Romário, no Tiririca, no Maluf e na Mulher Pera! Rarará.

E avisa pro FHC que já proclamaram a República! Ele tá sempre com aquela cara de rei no exílio. E o Lu la parece o Reizinho da história em quadrinhos!

E o Eike? O Eikex Fudidex! O Império X se amplia! Eike virou o Rei do XIS Salada. Abriu um trailer na Barra que só vende xis salada! Ele é o nosso X-Men!

E o nome do novo filme do Thor? "Thor, o Mundo Sombrio". Já sei, sombrio porque ele vai andar de busão, de "cata-lôco". Em Osasco, chamam ônibus de "cata-lôco". E no Recife, de cata-corno! Rarará.

E como disse um amigo: ""O Eike perdeu 92% da fortuna e continua milionário, se eu perdesse 8% da minha, sobram R$ 19".

E essa: "Condenados do mensalão querem evitar algemas". Concordo. Algema só de sex shop. Acolchoada. De oncinha! De pelúcia! Prisão fetiche! E o presídio Papuda vai mudar de nome pra Hospedaria do Zé Dirceu! Rarará!

E o Piaui Herald sugere novos nomes para os presídios: Centro Recreativo Delúbio Soares, Mosteiro José Sarney, Casa da Mãe Joana e Recanto do Jacinto Lamas! Rarará!

É mole? É mole mas sobe!

E em São Paulo deu uma lulite aguda: o Kassab não sabia, o Haddad não sabia, o Alckmin não sabia e o Serra não sabia. Esse Pina deve ser o homem mais rico de SP. Tudo vai pro Pina! É tanta corrupção que São Paulo vai mudar de nome pra CorrupÇão Paulo! São Paulo com cê-cedilha! Rarará! Nóis sofre mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Vida antenada - JOÃO UBALDO RIBEIRO

O GLOBO - 17/11

Uma vez uma repórter me entrevistou para uma matéria, que não sei nem se saiu, sobre a esquisitíssima variedade de gente, à qual pertenço, que não tem celular. Acho que ela foi embora sem se conformar. Os meninos do futuro próximo, claro, receberão implantes de chips de celulares e terão seus cérebros conectados ao wi-fi municipal, serviço obrigatório para qualquer prefeitura. Diante desta perspectiva, é normal que, num mundo em que, cada vez mais, as pessoas se tornam apêndices de seus i-phones, tablets, óculos Google e similares, a moça estranhe um maluco que persiste em não ter celular. Pelo menos eu lhe devia fornecer alguma explicação ideológica ou psicológica, tais como pertencer a um aguerrido grupo de budistas ativistas e ter delírio de perseguição ou fobia por qualquer novidade eletrônica.

Que eu saiba, não é nada disso. Não tenho raiva nenhuma de aparelhos eletrônicos, trabalho no computador até com certa proficiência e fui um dos primeiros escritores brasileiros a usar um processador de texto, no tempo em que nem internet havia e um HD de um (sic) megabyte, chamado de “winchester”, era considerado uma extravagância de milionários americanos e talvez mentira de viajantes. De fato, nunca fui muito de falar ao telefone e pode ser que tenha uns dois traumas de infância. O telefone da família, quando moramos em Aracaju, ficava no corredor de nosso casarão, ocupando bastante espaço. O aparelho era uma grande caixa preta com manivela e, embaixo, duas pilhas dessas de lanterna, só que enormes. Eu achava que aquilo ia explodir e preferia evitar usar o telefone. Minha mãe, que era baiana (em Salvador, nessa época, já havia telefones automáticos de quatro números!), adorava.

— Alô! Meia-três-um! — cantarolava ela, atendendo a uma chamada e dando o nosso número.

— Ih, lá vai mamãe — pensava eu, aguardando a explosão.

É possível, mas, de uns tempos para cá, olhando em torno, me convenci de que a razão para eu não querer celular é que, até hoje, nunca precisei, mas tenho certeza de que, no dia em que tiver um, não vou conseguir passar sem ele dentro de poucos dias. Daí para ingressar sem retorno num mundo — este, sim, muito louco — a que me recuso a pertencer, o mundo dos viciados e dependentes dos celulares, é um passo a que não quero arriscar-me. Acho que a gente nem nota mais as maluquices que esse negócio gerou, desde a obsessão em conhecer cada um dos milhares de aplicativos oferecidos e em ver sempre que mais está sendo oferecido e que perspectivas se abrem nesse cipoal infinito, à consolidação do que parece se delinear no futuro, a Era da Promiscuidade. Acabou-se a intimidade, até o recato e o pudor são valores do passado, e o celular deixa isto muito visível, se não for um dos responsáveis principais.

No tempo do telefone fixo, procurava-se uma certa discrição, quando, mesmo em casa, se conversava sobre um assunto íntimo ou sigiloso. Mas o celular acabou com isso e hoje, em elevadores, salas de espera, filas, ônibus, corredores de avião ou onde mais se aglomere gente, partilhamos de segredos e confidências antes mantidos a sete chaves. Isso, no Brasil, é ainda agravado por conexões péssimas, que obrigam os interlocutores a gritar. Como na história (mudo os nomes, claro) do Maurício, amante de uma jovem senhora sentada quase a meu lado, na sala de espera do oculista. Maurício um patente sem-vergonha, que não somente falhara em sua promessa de largar a mulher, Aninha, para viver com Eunice (a jovem amante), como paquerara com sucesso a irmã mais nova de Eunice, a Clarice, aquela traíra de carinha inocente, o que tinha de lourinha, tinha de falsa, procurando o homem da irmã até no escritório. A reprovação da conduta solerte de Maurício e a solidariedade geral podiam ser sentidas quase palpavelmente, pelo menos em todo o público feminino da plateia. Entre os homens, creio ter percebido em alguns um traçozinho de inveja do Maurício. Daqui a pouco, esse tipo de coisa se estende a todo convívio social e a promiscuidade passa a ser normal, ou até mesmo esperada.

À mesa dos botecos, por vezes quase sem fôlego, alguns tripulam simultaneamente dois ou três celulares, ou um celular e um tablet. Um problemazinho encontrado reflete-se em suas feições, subitamente crispadas e ansiosas, quase em pânico. Franzem o rosto, mordem os lábios, movimentam freneticamente os dedos pela tela e, afinal, uma luz ilumina seu rosto, fim do tormento: ele está em linha, afinal, não fora do ar, como temia. Outro dia, num aeroporto, uma moça, por sinal muito bonitinha, sentou-se à minha frente e passou a falar no celular, sem levar o aparelho ao ouvido, mas conversando como se estivesse diante de uma pessoa. Falava, falava e, quando desligava, imediatamente fazia nova ligação. Nas poucas vezes em que não conseguiu completar alguma e teve que ficar sem falar por um minuto ou dois, dava para ver sua angústia, parecia que ia perder o fôlego ou se atirar lá embaixo, devia ser insuportável, coitadinha.

E tudo o que se faz agora é fotografado, gravado ou filmado. Não bastam as câmeras de segurança que daqui a pouco estarão em toda parte. Os celulares não perdoam nada e, mesmo à distância, podem documentar o que alguém pense que está fazendo sem que ninguém veja ou saiba. Por certas conversas que eu tenho ouvido, também já fazem parte do equipamento sexual auxiliar — ou mesmo propulsor, quem sabe — de alguns. Antigamente, fazer certas fotos ou, pior ainda, filmes, era difícil, tinha-se que usar uma Polaroid ou coisa assim. Hoje a alta definição está ao alcance de todos e esse documentarismo peralta entrou em voga, é uma curtição especial. Claro, vai tudo parar na internet, é isso mesmo, é o futuro. No futuro, só existirá a internet.

Pano pra manga - HUMBERTO WERNECK

O Estado de S.Paulo - 17/11

Peguei o livro novo da Cris Guerra, Moda Intuitiva, para dar uma folheada - e cadê que eu consigo parar de ler? Até parece que não tenho um monte de obrigações urgentes. Ou que a moda está no centro dos meus interesses... Quem me vê não diria isso.

Ou diria? Volta e meia a memória regurgita uma frase do Pitigrilli, autor italiano que ninguém mais lê: elegância é uma questão de esqueleto. Se o chassis não é grande coisa, meu amigo, minha amiga, não adianta você insistir. Penso nisso quando, de boné, me sinto convertido num daqueles saleirinhos brancos e bojudos, com tampa azul, da marca Cisne. Cisne, eu? Me consolo com a amiga Linda, que se sente uma lavadeira mesmo pondo na cabeça o melhor lenço italiano. Ao contrário, reclama, das fulanas que até um pano de prato promove a deusas da elegância.

Aos 18 anos, em plena Idade Média belo-horizontina, apareci em casa com uma blusa vermelha. (Na época, jamais admitiria a relação de causa e efeito, mas obviamente tinha visto o Troy Donahue no Candelabro Italiano). Mamãe morreu, décadas depois, achando que era culpa de uma namorada, disposta a chacoalhar o monótono visual do moço. Porque em nossa casa não eram esses os modos e modas. Blusa vermelha, definitivamente, não era coisa de "gente do nosso meio".

Do nosso meio e da minha geração, na qual os machos estavam desde o berço condenados à sem-graceza do branco, do azul marinho, dos vários tons de cinza - e não estou falando aqui desses livros concebidos para esquentar freguesas mal supridas.

No fundo, como algo inconfessável, eu me permitia não gostar da compulsória mesmice cromática. Não que me lembre, menino, de episódios de insubordinação nesse departamento, mas bem mais tarde a mamãe, como quem falasse de problema superado, soltou duas ou três historinhas de que fui protagonista. Levado para uma consulta, cravei os olhos nos pés do médico, e quase matei de vergonha a minha acompanhante ao indagar afirmativamente, nas barbas (literais) do doutor: "Sapato branco não é de mulher?"

Já crescido, topei com uma foto feita no jardim do Roseiral, a casa da minha avó paterna na fazenda. No centro, claro, galinha cercada de seus pintos, sorri a vovó Dora em meio a uma netaiada (teve meia centena) que transborda da varanda e se esparrama pelo gramado em frente. Reconheci vários primos, e, frustrado, cheguei a achar que não entrara na foto - até que mamãe me apontasse na primeira fila: esta marmotinha aqui. Em seus 4 anos, completados naquele fevereiro, a marmotinha está de cócoras, dificilmente reconhecível por detrás de um adereço improvável para a sua idade: óculos escuros.

Mamãe contou que no meu aniversário, dias antes, pedi três presentes, um dos quais aqueles óculos. Também um "anel de chapinha", de prata, assim chamado por oferecer um espaço ovalado para gravar iniciais. Não só ganhei como, semostrador, me esforcei por exibi-lo na fotografia. Quanto à terceira prenda, meus pais houveram por bem não concedê-la ao aniversariante: um par de muletas. Morbidez? Nem tanto, avalia o pai e avô que vim a ser: eu via as muletas como equipamento lúdico, da mesma família das pernas de pau com as quais a garotada manquitolava alegremente.

Em nossa casa, já contei, havia tanta gente - seis meninos e quatro meninas - que o jeito era recorrer a uma costureira, a gargalhante e hipopotâmica Noézia, encarregada de pilotar por dias, semanas, a Singer da família e converter em roupa o tecido ("fazenda", usava-se dizer) que minha mãe comprava aos metros, peças inteiras, no fuzuê da rua dos Caetés. E tome branco, cinza e azul marinho.

Com o meu primeiro dinheirinho de trabalhador, aos 15 anos, trabalhador de fábrica (fica para outra a história do castigo que me aplicaram por haver levado no colégio uma bomba de vários megatons), comprei, meio por gosto, meio para dar um troco em casa, uma camisa grená que não causou espécie apenas na família: mania de ser diferente, esse menino! O passo seguinte seria a blusa vermelha do Troy Donahue.

Mas que conversa é essa, gente? Deu pano pra manga. Melhor voltar ao delicioso livro da Cris Guerra - assunto, quem sabe, para o domingo que vem, se vier.

Prisões - LUIS FERNANDO VERISSIMO

O GLOBO - 17/11

Quando exumarem esse processo do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do Jango Goulart, descobrirão traços de veneno



Quando os figurões do governo Nixon envolvidos no escândalo de Watergate começaram a ir para a cadeia, um cômico americano imaginou-os liderando um motim entre os presos, batendo nas mesas do refeitório com seus talheres e pedindo “Montrachet! Montrachet!” ou outro vinho da mesma estirpe para acompanhar a comida. Se a prisão dos acusados do mensalão estiver mesmo inaugurando uma nova prática jurídica no país, o encarceramento de condenados sem distinção de nível social ou importância política, uma das consequências disso pode ser uma melhora dos serviços penitenciários para receber a nova clientela. Prevejo duas coisas: uma que quando exumarem esse processo do mensalão daqui a alguns anos, como agora fazem com os restos mortais do Jango Goulart, descobrirão traços de veneno, injustiças e descalabros que hoje não dão na vista ou são ignorados. O que só desgravará alguns dos condenados quando não adiantar mais nada. Outra profecia é que, mesmo sem “Montrachet”, a comida das penitenciárias certamente melhorará.

Prisões mais humanas e democráticas serão um avanço, mas nossa meta deve ser o que acontece na Suécia, como li há dias. Lá vão fechar algumas penitenciárias por falta de detentos. Diminuiu a população carcerária na Suécia, abrindo imensos espaços ociosos até para — por que não? — importarem presos de países onde há superpopulação carcerária. Não se imagina uma campanha de incentivo à criminalidade na Suécia para reabastecer suas penitenciárias igual a campanhas de incentivo à fertilidade que havia na França, onde as pessoas eram premiadas por ter filhos. Na Itália havia, e acho que ainda há, uma crise educacional grave, não por falta de lugar nas escolas, mas por excesso de lugar: simplesmente não existiam crianças suficientes para encher as salas de aula e fazer o sistema funcionar normalmente. A solução era animar a população: façam filhos, façam filhos! Ou, no caso da Suécia: roubem! Matem! Enganem o fisco! Temos uma cela quentinha para você!

Especula-se que os programas de reabilitação de presos nas cadeias sejam responsáveis pela diminuição da criminalidade na Suécia e que... Mas do que adianta sonhar com outra realidade quando a nossa, nesse assunto, ainda é medieval? Mesmo que melhore a frequência nas nossas cadeias ainda estaremos longe do ideal. Ou, no mínimo, do escandinavo.

Não matarás? - HÉLIO SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 17/11

SÃO PAULO - Concordo com meu amigo Leão Serva quando escreveu, em sua coluna de segunda-feira, que leis simples são preferíveis às que exigem regulamentação muito complexa e que este é um dos fatores que fizeram com que a Lei Cidade Limpa "pegasse". Discordo, porém, da afirmação de que o "Não matarás", dos Dez Mandamentos, se enquadre nessa categoria de legislação.

A lei mosaica, afinal, não se resume às duas tábuas, mas a um conjunto de comandos --que chegam a 613 nas contas dos rabinos-- dispersos pelos cinco livros do Pentateuco. E, em alguns deles, matar não só é permissível, como, por vezes, obrigatório.

Em Deuteronômio 7:2, por exemplo, Deus ordena aos israelitas que varram do mapa todas as nações que habitavam a terra prometida: "Destruam-nos completamente. Não façam, de maneira nenhuma, qualquer espécie de alianças com eles; não tenham misericórdia deles. Devem liquidá-los completamente".

Leis de guerra, alguém poderia alegar. E guerras são sempre um período de exceção. Bem, no mesmo Deuteronômio (deveria ser um livro proibido para menores), agora no capítulo 13, Deus diz o que os israelitas devem fazer com seus irmãos, filhos, esposas e amigos que decidam servir a outros deuses: "Deverás matá-lo! Tua mão será a primeira a matá-lo e, a seguir, a mão de todo o povo. Apedreja-o até que morra, pois tentou afastar-te de Iahweh, teu Deus".

E, é claro, há muito mais. Philip Jenkins, em "Laying Down the Sword", faz um rol completo das passagens mais brutais do Antigo Testamento e sustenta que a Bíblia é muito mais sanguinária do que o Alcorão. Jenkins, que é cristão devoto e contribui para publicações conservadoras dos EUA, diz que é preciso reconhecer a violência das Escrituras e compreendê-la em seu contexto histórico como parte integral das tradições judaica e cristã. É só assim, diz ele, que se poderá cultivar uma religiosidade mais pacífica.

Viúvas da ditadura - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 17/11


Os clubes militares ainda não fecharam a programação, mas pretendem, em março do ano que vem, comemorar os 50 anos do que eles chamam de “Revolução de 1964”.
E o livro “Orvil — As tentativas de tomada do poder” (Editora Schoba), de Licio Maciel e José Conegundes do Nascimento, também vai ganhar edição comemorativa.

Segue...
O Projeto Orvil, que deu origem ao livro, foi feito entre 1986 e 1988 pelo Centro de Informações do Exército.
Era uma espécie de resposta ao Projeto Brasil Nunca Mais, que em 1985 denunciou 444 torturadores da ditadura militar.

É grave a crise
Um grupo de 35 músicos brasileiros que foram tocar com colegas venezuelanos em Caracas, neste fim de semana, resolveu não arriscar.
Além dos instrumentos, levou dezenas de... rolos de papel higiênico. O produto, como se sabe, está em falta naquele país.

Desigualdade racial 
No último IDH, que mede o chamado desenvolvimento humano, o Brasil, como sempre, não fez bonito: ficou em 85º no ranking das nações. Se avaliasse só a população branca, a posição seria um pouco melhor: 66º. Mas se abrangesse apenas os pretos e os pardos iria ainda mais para a rabeira: 103º.
Os dados são de Marcelo Paixão, professor da UFRJ e coordenador do Laeser.

Estreia de arromba
“Fim”, o romance de estreia da querida atriz Fernanda Torres, ainda nem chegou às livrarias e já teve uma reedição de mais oito mil exemplares.
Assim, logo de saída, a Editora Companhia das Letras coloca 23 mil cópias à venda.

Vargas, o antissemita
A jornalista Ana Arruda Callado já entregou à Global Editora o original da biografia de Berta Ribeiro (1924-1997), uma antropóloga com uma incrível história e que só tem sido lembrada, é pena!, como mulher de Darcy Ribeiro.
Ela era judia romena e teve uma irmã, Jenny, deportada pela polícia de Vargas.

Romance policial
Tony Bellotto, guitarrista do Titãs, escritor e colunista do GLOBO, agora vai virar editor.
Ele assina, amanhã, contrato com a Editora Akashic, de Nova York. Tony será o editor da coletânea Rio Noir, que será publicada no Brasil pela Casa da Palavra, em 2014.

Susan Sontag
O celebrado autor da biografia de Clarice Lispector, Benjamin Moser, americano que mora na Holanda, viaja em janeiro para Los Angeles. Vai lecionar Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia (UCLA).
Aproveita para pesquisar sobre Susan Sontag (1933-2004), a escritora e ativista americana, cujo arquivo se encontra lá e que será tema de sua próxima biografia.

Perigo vermelho
Veja por que o “ecolibertário” Carlos Minc pretende espalhar pela Baía de Guanabara barcos cata-lixos. É para evitar também que o pessoal das competições de vela esbarre com este sofá vermelho, no Jogos de 2016.

Ele foi flagrado por um leitor, sexta, perto do Galeão, banhando-se como se não houvesse amanhã.

Aliás...
O leitor, um sonhador, achou, de início, que seria uma boia ou talvez uma instalação de algum artista descolado.
Ser mulher é...

Veja como é difícil a vida das mulheres na Baixada Fluminense.

Segundo o Núcleo de Prevenção às Violências, de Nova Iguaçu, de cada quatro casos de agressão atendidos no Hospital da Posse três são de mulheres.

Tem mais...
Nos atropelamentos, 66% das vítimas são mulheres. Nos casos de agressão física, elas são 72%, nos de violência psicológica, 90%, e nos registros de violência sexual, 100%.

Que Copa, hein?
Parece que Copa do Mundo e casamento não combinam. Em junho e julho de 2012, a carioca Maestro Vito, que há 21 anos presta assessoria musical em casamentos, foi contratada para 15 cerimônias. No mesmo período deste ano, para 13.
Mas em junho e julho de 2014, a previsão é de apenas seis casórios. O motivo é... não sei.

O DOMINGO É DE...
...Taís Araújo, a linda etalentosa atriz carioca de 34 anos. Casada como craque Lázaro Ramos e mãe do pequeno João Vicente, ela é uma das estrelas do “Esquenta!” que vai ao ar hoje. O programa presta, veja que legal!, uma homenagem ao Dia da Consciência Negra, comemorado quarta agora. Eu apoio! 

Franca
O ministro Waldemar Zveiter lança o livro “A tríade judaica”, terça, às 19h, no Clube Israelita Brasileiro.
Serão lançados, quinta, “Sintomas de uma época”, de Luiz Roberto Londres, e “Elos invisíveis”, de Almir Ghiaroni, na Travessa do Leblon.

Rede Faro de televisão - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 17/11

Na briga pelo ibope das tardes de domingo contra Eliana e Faustão, Rodrigo Faro ganha R$ 1,5 milhão por mês e já não descarta no futuro ser dono de seu próprio canal de televisão


Antes de enfrentar uma tarde inteira de gravação do programa semanal "O Melhor do Brasil", no teatro Record, Rodrigo Faro, 40, encara um prato de arroz, feijão, bife e farofa. "Não é porque a minha carreira deu certo que vou comer caviar. Aliás, nunca comi. Nem sei que gosto tem", diz o apresentador a Alberto Pereira Jr.

"Gosto de café com leite e pão com manteiga", prossegue. A refeição é simples, mas a tarefa que tem pela frente, não. Desde junho, Faro entrou na disputa de audiência das tardes de domingo, em substituição a Gugu Liberato, que rescindiu contrato com o canal de Edir Macedo.

Faz cinco anos que Faro estreou na emissora. Deixou uma carreira de ator na Globo, onde atuou em nove novelas --atualmente, está no ar na reprise de "O Cravo e a Rosa" (2000).

Além de "O Melhor do Brasil", comandou quatro temporadas do "Ídolos" e uma edição do reality show "Fazenda de Verão". É um dos apresentadores mais bem pagos da TV brasileira. Fatura entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões mensais, entre salário e merchandising. "Sem contar a publicidade", informa.

Aos oito anos, "descoberto" por um agente quando comprava pão com a avó, Benedita, a dona Di, e o irmão, Danilo, fez o primeiro comercial. E outros 500 até os anos 1990. "Foi quando parei de contar." Fez parte da boy band Dominó e se lançou como cantor solo.

No segundo encontro com a reportagem, no restaurante Piselli, nos Jardins, Rodrigo Faro está radiante. A audiência de seu programa dominical se firmou. No domingo passado, ficou 21 minutos à frente do "Domingão do Faustão" (Globo).

"Sempre vou à casa do [apresentador] Fausto [Silva] comer pizza. É meu amigo pessoal e me dá conselhos. Fala, por exemplo, para não deixar que o programa fique muito longo, para exigir mais investimentos. É estranho disputar com ele." Eliana, sua concorrente do SBT pela vice-liderança, é outra amiga. "As pessoas nem imaginam isso, mas é verdade."

O progresso de sua atração dominical veio com mudanças, diz ele. "Fizemos pesquisas. Quem domina o controle remoto são as classes C e D, um público mais maduro, acima de 35 anos, mais feminino. Tivemos de envelhecer o programa. Trazer responsabilidade social, assistencialismo."

Reencontro de famílias, ajuda financeira e transformações tomaram o lugar dos quadros "Vai Dar Namoro" --de xaveco entre jovens-- e "Dança Gatinho", em que Faro se fantasiava de outro artista. Já interpretou Michael Jackson, Beyoncé e Zeca Pagodinho, entre outros.

Quando imitou Chacrinha, recebeu carta do filho e da mulher do apresentador. Segundo diz, foi "eleito" por eles o sucessor do finado Velho Guerreiro. Roberto Carlos o surpreendeu com um elogio no camarim após um show. "Ele pegou no meu rosto e disse: Bicho, como você consegue, canta, dança, apresenta, atua'. Nem dormi direito."

Vai receber das mãos de um de seus ídolos, Silvio Santos, seu quarto Troféu Imprensa, como melhor apresentador de TV. Com 40 anos recém-completados, ele diz ter aprendido a falar não. Desistiu de um papel na novela "Pecado Mortal", da Record. Também recusou a proposta de acumular uma nova atração aos sábados.

"Queriam transformar o Vai Dar Namoro' num programa independente. Assim, resolveriam o problema de audiência que ficou quando deixei esse dia." Temeu ficar com a imagem desgastada com a superexposição. "A Record tem outros apresentadores. Não é a Rede Faro de Televisão [risos]."

Mas a Rede Faro, um dia, pode existir. "Por que não?", diz ele, sobre a possibilidade de, no futuro, ter um canal de televisão. "Um dia, quem sabe? É uma coisa legal de se pensar. Mas tendo alguém para administrar. A carreira de apresentador me toma muito tempo."

Disse sim para um projeto no cinema. Interpretará Dinho, vocalista do Mamonas Assassinas, na cinebiografia do grupo.

É contra, por sinal, a lei que exige autorização prévia para a publicação de biografias, defendida por artistas como Roberto e Caetano Veloso. "Se a pessoa se sentir ultrajada, ela procura seus direitos. Mas cercear a liberdade de um jornalista para escrever sobre o que quiser, sou contra." Formado em rádio e TV pela USP, diz acreditar que "esse lado acadêmico me dá embasamento para falar. Apresentador não pode ser um eterno em cima do muro."

O filme dos Mamonas será rodado no próximo ano. "Eu precisava ser três Rodrigos para dar conta de tudo: TV, campanhas publicitárias e minha família." Ele tem três filhas: Clara, 8, Maria, 5, e Helena, dez meses.

Para proteger sua família, conta com o serviço de "quatro ou cinco seguranças". Já foi assaltado uma vez, na avenida Pacaembu, na zona oeste da capital paulista. Teve um relógio roubado. "É complicado. Quem pode, anda com carro blindado. E quem não pode? Faz o quê?"

"Não adquiri hábitos da classe abastada. Minha condição social melhorou. Mas continuo com a mesma simplicidade", insiste.

É dono de uma casa em Alphaville, na Grande São Paulo, e de outra em Angra dos Reis, no Rio, onde tem um barco. "Foi minha estripulia financeira", diz sobre a lancha Armada de 44 pés, que custa cerca de R$ 1,8 milhão.

Comprou ainda um apartamento em Miami, nos EUA. "Parcelei em 30 vezes", afirma, rindo. Passou lá as férias de julho com a família.

Conheceu a mulher, Vera Viel, fazendo um comercial. Ela era a garota de biquíni vermelho. Ele, o rapaz de chinelo da mesma cor. Estão juntos há 16 anos, dez deles casados.

Afirma ter registrado seus empregados, atendendo às normas da PEC das domésticas. "Trato como pessoa da família." E distribui presentes. "Um caseiro ganhou um carro; o outro, uma moto."

O contrabando - ILIMAR FRANCO

O GLOBO  - 17/11

Está em curso operação para usar o Código de Mineração para dificultar a demarcação de terras indígenas e quilombolas, novos assentamentos e parques ambientais. O relator do Código, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), no artigo 109, dá poderes à Agência Nacional de Mineração analisar previamente e rejeitar atos que possam afetar o potencial da atividade de mineração. 

Avançando o sinal 
Empresários e entidades do setor da construção civil estão pressionando o governo Dilma para que anuncie a terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida. Essa seria executada a partir de janeiro de 2015. Alegam que pode haver um desaquecimento do setor se não houver uma sinalização positiva de perenidade do programa. Mas a presidente Dilma não deve atendê-los. Um ministro explica que há uma eleição pelo meio e que um anúncio de programa para ser executado em 2015 passaria uma imagem arrogante de “já ganhou”. Mas diz que será feita uma sinalização para o setor, e que a fase três do programa será uma das propostas da candidatura da presidente à reeleição. 

“O fim do ano, as eleições chegando, e a atividade parlamentar fica vulnerável aos apelos da galeria” 
Ideli Salvatti 
Ministra das Relações Institucionais, sobre a chamada pauta-bomba em apreciação no Congresso 

Escorre pelos dedos 
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, está nas mãos do desportista Bernardinho, no Rio. Sua relutância está desidratando a candidatura ao governo de Cesar Maia (DEM), ex-prefeito do Rio, e, até agora, seu único palanque no estado. 

Na janela 
O recém criado PROS, que abrigou o governador Cid Gomes, quando esse deixou o PSB, está vendendo o nome do ex-ministro Ciro Gomes para ocupar o Ministério da Saúde na reforma ministerial do próximo mês. Eles apostam que a presidente Dilma gosta do estilo dele e que Ciro não vai deixar a peteca cair e sustentar o programa Mais Médicos. 

Pedido de socorro 
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, foi ao ex-presidente Lula, em São Paulo. Candidato . ao governo do Ceará, pediu a Lula que faça uma ponte com o governador Cid Gomes (PROS), que tem uma preferência, a secretária Izolda Coelho. 

A bela e a fera 
O discurso de sustentabilidade urbana da chapa do PSB ao Planalto, Eduardo Campos e Marina Silva, incomoda o governo. Na quarta-feira, será a vez da presidente Dilma bater o bumbo, no ato de abertura da 5ª. Conferência das Cidades. Ela terá como slogan “Reforma Urbana Já”. De olho na eleição, o seu antecessor, Lula, está sendo mais uma vez chamado para a solenidade do governo. 

Operação bafo 
O presidente do Senado, Renan Calheiros, faz intensa pressão sobre o PT. Ele quer apoio para o PMDB na eleição para o governo de Alagoas. Mas os petistas locais não excluem caminhar com a candidatura do senador Benedito de Lira, do PP. 

Na ilha da fantasia 
Os petistas também ficaram escandalizados com o anúncio feito pelo governo Agnelo Queiroz de aluguel de um jatinho. E diante da indagação sobre o que faz sua assessoria, os petistas comentam que o governador não ouve ninguém. 

“A RUA, A NAÇÃO E O SONHO”, livro do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), será lançado em dezembro com apresentação do deputado Marcelo Freixo.

Via rápida - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 17/11

Em meio à discussão sobre a perda dos mandatos de deputados condenados à prisão no julgamento do mensalão, surge na Câmara uma articulação para acelerar a aprovação do fim do voto secreto para cassações. A ideia seria destacar e votar apenas este tópico da proposta de voto aberto que tramita na Casa. Como o artigo já foi aprovado pelo Senado, poderia ser promulgado separadamente e aplicado quando a perda de mandato dos deputados presos for levada a plenário.

Sinuca A manobra enfrenta resistência de parte das bancadas do PMDB e do PT, que pretendiam aprovar o voto aberto para todas as decisões do Congresso.

Refresco Cardeais do Senado, no entanto, gostariam de ver a medida aprovada na Câmara, para evitar a pressão sobre os senadores pela demora na aprovação do texto.

Próximo... Apesar de Joaquim Barbosa não ter expedido mandados de prisão para réus que apresentaram embargos infringentes sem quatro votos pela absolvição, é consenso no STF que esses recursos serão rejeitados nas próximas sessões da corte.

... capítulo O relator do processo do mensalão abriu espaço para determinar o cumprimento dessas penas na sessão de quarta-feira, quando declarou que os embargos de declaração apresentados por outros réus eram apenas "protelatórios".

E eu? Os próprios condenados estavam confusos ontem quanto ao momento da execução dos mandados de prisão. Um dos réus que apresentaram embargos infringentes sem os requisitos regimentais chegou a viajar a Brasília e arrumou seus pertences, mas não foi preso.

Trending Repercutiu mal no PT a postagem de Dilma Rousseff no Twitter em que destacou o combate à corrupção no dia em que próceres do partido foram presos por determinação do STF.

Protocolo Dilma e o ministro Aloizio Mercadante (Educação) foram os últimos a se levantar para aplaudir quando, no congresso do PC do B, o presidente da sigla, Renato Rabelo, comparou as prisões de petistas no mensalão à Inquisição e fez duras críticas ao Supremo.

Mais-valia Ao lado de canecas, camisetas e outros produtos à venda, a lojinha do Congresso do PC do B exibia em destaque uma biografia de Getúlio Vargas, que entregou aos nazistas a comunista Olga Benário.

Pé... Eduardo Campos (PSB) buscará estreitar relações com empresários do setor de infraestrutura. O pessebista, que já se reuniu com representantes do setor elétrico, vai agendar para este mês um encontro com concessionárias de rodovias.

... na estrada Partidários de Campos relatam que o presidenciável pretende explorar a incerteza dos empresários em relação ao governo federal e destacar os gargalos da infraestrutura do país.

Sirene Ala da Rede contrária ao apoio do PSB a Geraldo Alckmin (PSDB) quer explorar no debate que acontece entre os diretórios paulistas das duas siglas, no dia 23, a área da segurança, tema sensível ao governador.

Lado a lado Alckmin e Dilma negociam data para que a presidente viaje a São Paulo, no fim do mês, para lançar edital do monotrilho do ABC, berço petista. A obra terá recursos federais.

Zás-trás O ministro Guilherme Afif (Micro e Pequena Empresa) assina contrato na terça-feira em Campinas para portal que permitirá abertura e fechamento de empresas on-line, em cinco dias.

tiroteio

O mensalão tucano, original e verdadeiro, permanece impune. O STF dirá se age por um ímpeto republicano ou preferência política.

DO DEPUTADO RICARDO BERZOINI (PT-SP), sobre o processo do mensalão que envolve dirigentes do PSDB em Minas Gerais, que pode ser julgado em 2014.

Contraponto

The Voice

Em meio a um dos diversos bate-bocas no plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão durante a semana, os ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello trocaram ironias sobre os debates.

-V.Exa. não está errado, mas foi vencido! -decretou Barbosa, presidente da corte.

-Se estou vencido, então por que V.Exa. perde tempo ouvindo meu voto? Será que V.Exa. só gosta de ouvir a minha voz? -rebateu Marco Aurélio.

Barbosa se virou para outros colegas e riu:

-V.Exa. realmente tem um timbre excepcional.

Executivo blindado - DENISE ROTHENBURG

CORREIO BRAZILIENSE - 17/11

O coro que PCdoB e PT fizeram contra as prisões dos réus da Ação Penal 470, o mensalão, preocupa o meio jurídico com a possibilidade de confronto político entre os partidos e o Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, os próprios petistas, antevendo problemas entre essas instituições, dividiram tarefas e adotaram algumas medidas no sentido de preservar o Poder Executivo e a presidente Dilma Rousseff. Ela fala dos programas do governo e propaga a solidez da economia nacional. Enquanto isso, alguns fazem a guerra na mídia e fora dela, no sentido de marcar as prisões no feriadão como perseguição política.

O ensaio desse sistema foi feito no Congresso do PCdoB, na noite de sexta-feira, onde, vale lembrar, Dilma falou por mais de uma hora e não tocou no assunto mensalão. A ordem é preservar o governo e evitar que o desgaste respingue na popularidade presidencial.

Em tempo: consultado sobre se gostaria de fazer alguma saudação aos comunistas no Congresso do PCdoB, o presidente do PT, Rui Falcão, preferiu não discursar.

Anatel, a nova crise I
Enquanto os petistas se dedicam ao discurso pós-mensalão, o aliado PMDB age nos bastidores para tomar o comando da Anatel, monitorando o ritmo da aprovação dos nomes que chegaram ao Senado: João Rezende, para a presidência, e Igor Vilas Boas, para a diretoria da agência.

Anatel, a nova crise II
Até o momento, só João Rezende tem relator, o senador Flexa Ribeiro, do PSDB. Vilas Boas não foi sequer distribuído. O Congresso tem mais quatro semanas de funcionamento antes do recesso de fim de ano. Se demorar mais, Marcelo Bechara, indicado pelo PMDB, é quem vai conduzir a regulamentação do Marco Civil da Internet. É tudo o que Renan Calheiros deseja.

E agora?
Políticos apostam que a turma do regime semiaberto do mensalão não terá sossego, especialmente José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Se ficarem em cidades onde não têm moradia, terão que passar o dia reclusos na casa de amigos, por causa do assédio da imprensa, curiosos e até simpatizantes.

Nem vem
No início, o PMDB da Câmara não gostava do Ministério do Turismo, mas agora não quer perder essa área de jeito nenhum. Há quem diga que, se tirar a pasta do partido para acomodar o Pros, o PMDB tem que ficar com Portos.

Conversa de domingo
O líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg, fala ao site www.correiobraziliense.com.br sobre as dificuldades para instituir o voto aberto em todas as situações no Congresso Nacional.

CURTIDAS 

Conforto
Os socialistas fizeram as contas e descobriram que a vida do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, não seria tão ruim se ele fosse candidato a governador. Se conseguir quebrar a polarização entre PSDB e PT e chegar ao segundo turno, estará com a vantagem. Contra o PT, terá o apoio do PSDB. Contra os tucanos, obterá o aval dos petistas.

Desconforto
Está difícil conseguir um candidato a senador na chapa do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, ao governo de Minas Gerais. “Tá todo mundo fugindo de concorrer contra o Anastasia. É difícil fazer campanha contra um governador que sai para disputar o Senado”, confidenciou o prefeito de Uberlândia, Gilmar Machado, a parlamentares no plenário da Câmara.

Rendeu
O desembargador paulista William Roberto de Campos, primo do deputado estadual Campos Machado (PTB-SP), foi à Justiça para acusar a ministra Eliana Calmon de fazer política partidária. Tudo por causa da entrevista que ela concedeu ao Correio Braziliense há cerca de dois meses. Ali, perguntada se ingressaria na política, a ministra respondeu que vem sendo procurada por partidos políticos para ser candidata no ano que vem.


GOSTOSA


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 17/11

Supermercadista investirá R$ 280 mi em SC

A rede catarinense de supermercados Koch investirá R$ 280 milhões, até 2018, em um plano de expansão com foco na região litorânea de Santa Catarina.

O recurso será destinado à construção de oito lojas e de um centro de distribuição, o segundo da rede.

A meta da empresa é chegar a 18 lojas. Atualmente, são dez supermercados --todos no litoral do Estado. A primeira nova unidade será erguida em Navegantes.

"O diferencial do litoral de Santa Catarina é que ele cresce mais e tem um poder aquisitivo maior", afirma José Evaldo Koch.

As novas lojas terão de 15 mil a 20 mil metros quadrados de área construída e seguirão o perfil "centro de compras", com praça de alimentação e lojas anexas.

O centro de distribuição ficará localizado em Tijucas (SC), próximo à BR-101.

A unidade será construída em três etapas, com área total de 35 mil metros quadrados. A primeira fase começará a operar no início de 2014.

A rede possui hoje um centro de distribuição anexo a uma loja, também em Tijucas.

Com a expansão, a companhia pretende alcançar um faturamento de R$ 1 bilhão em 2018. Para isso, projeta um crescimento anual entre 20% e 30%.

"Este ano devemos faturar R$ 350 milhões, uma expansão de 30% na comparação com o ano anterior", diz.

A empresa ainda não tem lojas em Florianópolis, e a cidade não está nos planos para os próximos anos.

Empresa de chassis de ônibus analisa planta no ES

A fabricante de chassis de ônibus e máquinas agrícolas Agrale estuda instalar uma fábrica em São Mateus (ES) --mesma cidade onde a Marcopolo, grupo para qual fornece peças, está construindo uma planta.

"Procuramos uma alternativa que atenda melhor a companhia, já que por ser em outro Estado desaparece a facilidade logística", diz o presidente Hugo Zattera.

Tanto a Agrale como a Marcopolo atuam com fábricas em Caxias do Sul (RS).

As negociações com a Prefeitura de São Mateus começaram há cerca de seis meses, afirma Zattera, mas ainda não há nenhuma definição.

"Em princípio, é um negócio que nos interessa, mas dependemos da Volare [unidade da Marcopolo que terá planta no Espírito Santo]", diz o presidente da empresa.

"Por enquanto, estamos em fase de prospecção de dados e conversa com autoridades", acrescenta.

A Agrale deve fechar o ano com um faturamento de R$ 1,2 bilhão --alta de 12% na comparação com 2012.

FATIA MAIOR

A rede de fast food Bob's estuda abrir mais 800 pontos de vendas em todo o Brasil até 2017.

Para se expandir, o grupo incluiu em seu plano de interiorização cidades com até 60 mil habitantes.

Antes, eram considerados municípios com ao menos 100 mil moradores.

"À medida que entramos em cidades menores e obtemos sucesso, ampliamos o potencial da marca e as oportunidades de crescimento", diz Marcello Farrel, diretor-geral da empresa.

O plano de expansão envolverá um investimento de ao menos R$ 400 milhões. O valor mínimo para a abertura de cada franquia é de R$ 500 mil.

"Um fator favorável para o número grande de aberturas é o nosso modelo de negócios, 100% baseado em franquias", diz Farrel.

Além de buscar municípios cada vez menores, a rede também pretende ampliar sua atuação nas grandes capitais.

"O interior de Minas Gerais tem muito potencial para o crescimento da marca, mas buscamos também preencher espaços existentes em São Paulo, por exemplo", afirma o executivo.

A rede tem atualmente cerca de mil unidades. Até dezembro deste ano, serão abertas mais 54 lojas.

NÚMEROS

800
é o total de pontos de vendas que serão abertos até 2017

60 mil
é o número aproximado de habitantes de cidades que integram o plano de expansão

R$ 1,5 milhão
é o investimento aproximado para a abertura de uma franquia de grande porte

O QUE EU ESTOU LENDO

David Uip, secretário da Saúde de SP

O infectologista David Uip, que assumiu em setembro a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, tem à cabeceira "1889", de Laurentino Gomes.

"É o último e muito provavelmente o melhor volume da trilogia sobre o século 19 do fantástico autor", acrescenta o secretário.

Além de tratar de acontecimentos que levaram à queda da monarquia naquele ano, a obra relata o movimento abolicionista e a Guerra do Paraguai.

"É particularmente curioso como a narrativa de episódios engraçados de Dom Pedro II, Deodoro da Fonseca e Benjamin Constant se confunde com a própria história da política brasileira", diz.

"Como escreve Laurentino, o Imperador Cansado, o Marechal Vaidoso, o Professor Injustiçado, cada um a seu modo, contribuiu para que a República fosse proclamada no Brasil.


Mandato... O presidente da CNseg assumiu a presidência da Fides (federação interamericana de seguradoras).

...brazuca O mandato de Marco Antônio Rossi terá duração de dois anos. A entidade reúne 18 países.

Natal... As compras de Natal devem aumentar em até 10% o faturamento dos shoppings, projeta a Abrasce.

...próspero A entidade estima um crescimento de 30% na oferta de empregos, na comparação com o Natal de 2012.

Negócio... O Cade aprovou a venda do braço automotivo da Usiminas para a Aethra Sistemas Automotivos.

...aprovado O negócio de cerca de R$ 210 milhões, fechado em junho, foi acompanhado pelo Azevedo Sette Advogados.

O monstrengo fator previdenciário - SUELY CALDAS

O Estado de S.Paulo - 17/11

Na quarta-feira a presidente Dilma Rousseff fez um apelo aos líderes de partidos políticos aliados: não aprovem projetos que possam comprometer o equilíbrio fiscal do Brasil. Não é só o Poder Legislativo que ameaça o equilíbrio fiscal com propostas populistas e, por vezes, irresponsáveis. O Poder Executivo deveria dar o exemplo, começando por reduzir à metade os 39 ministérios que Dilma defende serem necessários ("um país forte precisa de ministérios com papéis diferentes", declarou ela há dias em Porto Alegre).

O Ministério do Planejamento deve aos brasileiros duas explicações: quanto a população paga para sustentar os 14 ministérios que Lula e Dilma criaram; e se há neles alguma utilidade, além de distribuir cargos para políticos aliados. Países ricos trabalham com menos da metade de ministérios - simplesmente porque é mais racional e eficaz.

Um esforço para qualificar a gestão cotidiana da economia também seria bem-vindo para afastar, ou pelo menos amenizar, as desconfianças de investidores que têm cancelado ou engavetado investimentos, temendo interferências inconvenientes do governo. É grande a lista de ações do Executivo dirigidas a melhorar o desempenho fiscal. Mas voltemos à lista do Legislativo.

Dos projetos em tramitação no Congresso Nacional que aumentam despesas públicas sem criar receitas está o fim do fator previdenciário, proposto pelo senador Paulo Paim (PT-RS). Criado em 1999, o fator previdenciário foi um recurso paliativo encontrado pelo governo Fernando Henrique Cardoso para tentar reduzir o déficit da Previdência, diante da rejeição do Congresso, na época, em aprovar propostas de reforma previdenciária. Paliativo que implicava verdadeiro contorcionismo estatístico, uma barafunda aritmética para adiar pedidos de aposentadoria ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e que amenizou o déficit menos do que o esperado e menos do que o necessário. Não resolveu, o rombo continuou crescendo.

Como a inexplicável explosão de gastos com o seguro-desemprego num momento em que o Brasil vive uma situação de quase pleno-emprego, entre janeiro e setembro deste ano o déficit do INSS somou R$ 47,6 bilhões, 31,5% maior do que os R$ 36,2 bilhões projetados pelo governo e 36% acima do realizado em 2012. É um número surpreendente, nebuloso e ruim para um regime previdenciário de repartição como o nosso, pelo qual os trabalhadores ativos pagam os benefícios dos inativos.

Ou seja, se o emprego cresce, a receita das contribuições ao INSS também deveria crescer e o déficit, encolher. Só que aconteceu o inverso!

O Ministério da Previdência explica que os gastos de setembro de 2013 foram inflados pelo pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário aos aposentados. Mas isso também ocorreu em setembro de 2012 e o déficit acumulado até aí foi R$ 8,4 bilhões menor do que o de 2013. Na verdade, o problema é anterior a setembro: o governo sapecou uma estimativa irreal de R$ 36 bilhões na previsão orçamentária de 2013, desprezando o aumento do salário mínimo, que influencia fortemente o déficit previdenciário. Por que será?

Casamento. Em questões previdenciárias, a expectativa de vida da população e a idade de acesso à aposentadoria devem caminhar juntas. Se a população passa a viver mais, é necessário refazer o cálculo atuarial e elevar a idade de acesso na mesma proporção. O descasamento entre esses dois fatores fatalmente leva ao desequilíbrio financeiro. No Brasil, a mulher se aposenta com 60 anos de idade ou com 30 anos de contribuição ao INSS e o homem, com 65 anos ou 35 de contribuição. É comum uma mulher que começou a trabalhar aos 20 anos aposentar-se aos 50 e o homem, aos 55. Só que ano a ano o brasileiro experimenta a feliz aventura de viver mais: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005 ele vivia, em média, até os 71,9 anos de idade e em 2011 passou a viver 74,1 anos. O feliz avanço tem-se dado em ritmo rápido. Mas a idade de acesso à aposentadoria é a mesma há décadas, levando ao descasamento financeiro que onera o déficit previdenciário.

Pois bem, neste mês de novembro, as centrais sindicais de trabalhadores têm se unido em manifestações públicas nas grandes cidades do País pelo fim do fator previdenciário e anunciaram passeata gigante para o próximo dia 26 de novembro, em Brasília. Vão fazer barulho e cobrar a promessa do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, de dar uma solução à questão ainda este ano. O governo Dilma, no entanto, já anunciou que vai adiar a discussão para 2015, depois das eleições (como as eleições mandam e desmandam na agenda petista!).

O mais simples e justo seria substituir o monstrengo fator previdenciário pelo aumento da idade mínima de acesso à aposentadoria. É o mais lógico e o que tem sido feito no resto do mundo. Certamente não vai levar ao equilíbrio da Previdência, porque nela está embutida a aposentadoria rural - na verdade um programa de transferência de renda que a Constituição de 1988 erroneamente colocou nas contas do INSS. Mas é a solução socialmente mais justa e lógica.

As centrais sindicais não aceitam a lógica e propõem uma fórmula que adiciona idade mínima e tempo de contribuição, resultando em 85 anos para as mulheres e em 95 anos para os homens. Ou seja, cálculo feito na ponta do lápis, é trocar seis por meia dúzia e manter o que prevalece atualmente. E, como nada de significativo vai acontecer até as eleições de 2014, a previdência é mais um problema que o governo vai continuar empurrando com a barriga.

Mas, se o déficit do INSS é ruim para o equilíbrio das contas públicas, muito pior é o rombo da previdência do funcionalismo federal. Os dois comparados, constatam-se enorme disparidade, injustiça social e concentração de renda: o déficit do INSS, que abrange 28 milhões de trabalhadores, fechou em R$ 35 milhões no ano passado, enquanto o rombo da previdência pública foi quase o dobro (R$ 62 bilhões) para suprir a aposentadoria de apenas 953,5 mil funcionários. Com a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), foi dada uma solução estrutural para o futuro. Mas até 2047 - quando esse fundo começa a produzir efeito - os brasileiros continuarão sustentando esse déficit e seu crescimento progressivo.

A bronca continua - VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SP - 17/11

Acesso de mau humor do setor privado com a política econômica ganha contorno mais político


O ACESSO DE BRONCA com a política econômica de Dilma Rousseff que começou no final de outubro ainda não passou. Há gente graúda que quer uma cabeça ou garantias de que o caldo não vai entornar em 2014.

Foi no último dia do mês passado que saiu aquele resultado horrível das contas do governo. Apesar do vexame pontual, os números de setembro não mudaram muito a opinião técnica de quem acompanha essas coisas, que decerto já era ruim, mas não ficou descabelada.

Pode ter sido uma aleatória gota d'água que fez transbordar o mau humor? Sabe-se lá.

Mas desde então a opinião da elite econômica sobre o governo da economia não apenas assumiu um tom de "fim de papo" como também passou a incluir sugestões de que a presidente deveria entregar uma cabeça, como prova de que entendeu o recado. A cabeça do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

A sugestão não faz muito sentido.

Primeiro, porque a política econômica de Mantega é a política de Dilma Rousseff, tanto por afinidade como por decreto, à maneira da presidente. Não se trata de segredo. É o que tem dito a presidente em tantas entrevistas e explicações.

Segundo, Dilma por ora não parece inclinada a fazer mudança relevante, pelo menos até a eleição. Não adianta trocar um ministro central de seu governo e ficar na mesma toada. Não vai colar; seria apenas contraproducente.

Para convencer, tomar alguma medida eficaz e, pois, amarga, Dilma teria de correr riscos eleitorais. Improvável. Por ora, a presidente parece disposta a evitar estragos maiores, tais como as "bombas fiscais" de black blocs do Congresso.

Isto posto, ainda assim há um chiado de fritura na praça do mercado, não na praça dos Três Poderes.

O mau humor pegou carona no mais recente faniquito do dólar, problema que em última análise vem dos EUA, mas que serviu para amplificar a sensação midiática de "dias de crise". Além do mais, houve reações irritadas, espantadas ou derrisórias mesmo às entrevistas que os ministros de Dilma deram para "disputar a versão do mercado" sobre o problema fiscal.

A seguir, apareceram notas esparsas na mídia sugerindo (com fundamento, aliás) que gente graúda da finança e mesmo do empresariado (ex)amigo do governo se cansou de Dilma, de sua política econômica e de seu ministro.

A gente pode ouvir de fato gente graúda da finança a dizer que Mantega tem de cair (ou ligando para perguntar se é verdade que ele está enfim caindo, coisa em geral rara, esse tipo de ligação, vindo de quem vem).

Pode se tratar de uma onda de rumores que "pegaram", dados o clima ruim, a proximidade da eleição (com o "realinhamento de lealdades") e a reforminha eleitoral que virá. Mas "pegaram" porque o filme político do governo queimou de vez em parte boa da elite econômica.

Parece quase impossível Dilma entregar um ministro a pedido de empresários ou da banca. Porém, o clima da última quinzena foi este: cortem uma cabeça ou ao menos apareçam com uma garantia de que o desarranjo fiscal não vá desandar em descontrole e crise em 2014.

No governo, mesmo, nenhum sinal de mudança. Mantega fica até o final de Dilma 1, bate o recorde de permanência de Pedro Malan no cargo e depois sai para cuidar da vida.