quarta-feira, julho 07, 2010

ROLF KUNTZ

Nem o Barão nem o Chefão
ROLF KUNTZ
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/07/10


Dom Vito Corleone jamais cursou uma faculdade e nunca foi diplomata, mas sabia falar com economia e precisão. Dava um recado sério quando usava as palavras "só negócio, nada pessoal". Falta essa clareza à diplomacia brasileira, talvez porque a sua percepção dos interesses e valores seja menos clara que a do chefão criado por Mario Puzo. O chanceler Celso Amorim teve uma educação e uma experiência internacional inacessíveis ao velho mafioso, mas seu discurso é muito menos convincente. "Negócios são negócios", disse o ministro à imprensa brasileira, na Guiné Equatorial, para explicar - e justificar - a boa vontade do governo brasileiro em relação ao ditador Teodoro Obiang Nguema Mbasogo.

A Guiné Equatorial foi a segunda escala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à África iniciada no último fim de semana. Foi uma visita de Estado e o presidente africano foi convidado, como era previsível, a retribuí-la. Este convite foi um dos poucos detalhes normais nessa operação diplomática. A maior parte dos outros atos só se explica pela combinação das duas marcas principais da diplomacia petista, a vocação para as trapalhadas e a atração pelo autoritarismo.

O mau uso da palavra "negócio" nas explicações do chanceler brasileiro reflete essa dupla característica da atual política exterior. Para começar, o governo brasileiro pagou certamente mais que o necessário para promover os interesses do País na relação com a Guiné Equatorial. Quase nulo até o ano 2000, o comércio bilateral chegou a US$ 414,22 milhões em 2008 e no ano seguinte, em consequência da crise, recuou para US$ 302,84 milhões. A Guiné tem sido superavitária, exportando hidrocarbonetos e importando alimentos e produtos industriais do Brasil. Só para equilibrar o intercâmbio, os brasileiros deveriam exportar uns US$ 200 milhões a mais.

Há, portanto, boa margem para expansão das trocas. Um bom trabalho de promoção de comércio e investimentos poderia facilitar o aumento dos negócios. Mas o governo brasileiro aceitou pagar um sobrepreço por esse resultado. Comprometeu-se a apoiar o ingresso da Guiné Equatorial na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, embora esse idioma não seja o seu idioma corrente. Além disso, o presidente Lula e seu colega Obiang "renovaram", na declaração conjunta, "sua continuada adesão aos princípios da democracia, ao respeito dos direitos humanos e ao Estado de Direito". Poderia ser uma boa piada, se o presidente Lula não envolvesse nessa jogada o nome do Brasil.

Não houve nesse lance nem a fidelidade a princípios, nem o cálculo estritamente realista. As melhores tradições da diplomacia brasileira foram abandonadas em 2003, quando o presidente Lula recauchutou a velha bandeira do terceiro-mundismo. O distanciamento aumentou quando o governo passou a usar essa bandeira para promover uma ambição irrealista de liderança em relação aos países em desenvolvimento.

Os preços pagos por uma liderança nunca reconhecida de fato fora das fronteiras do Brasil foram sempre muito altos. O governo brasileiro se dispôs a engolir e a justificar desaforos dos parceiros sul-americanos, como se isso bastasse para consolidar sua preeminência regional. Nunca deu certo.

No comércio, a retribuição veio na forma de barreiras contra produtos brasileiros e de aumento de importações da China. No campo dos investimentos, houve ações contra interesses da Petrobrás e tentativas de rompimento de contratos. Na articulação diplomática, o Brasil colecionou derrotas incomuns. Não obteve apoio para eleger candidatos à direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) nem à presidência do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). No caso da OMC, os africanos apresentaram candidato próprio e acabaram, na rodada final, apoiando o nome apresentado pelos europeus.

Na América Latina, os governos das maiores economias têm rejeitado a pretensão brasileira de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Quando o presidente Lula resolveu intrometer-se nas discussões sobre o programa nuclear do Irã, ficou falando quase sozinho. Os dois Brics com assento permanente no Conselho de Segurança, Rússia e China, apoiaram as sanções propostas por americanos e europeus.

O Barão do Rio Branco certamente não reconheceria princípios nem interesses nacionais nesse arremedo de estratégia diplomática. Dom Vito Corleone acharia estranhíssimo o uso da palavra "negócio". Mas gente como Teodoro Obiang Nguema Mbasogo deve gostar muito.

IGOR GIELOW

Coração das trevas
IGOR GIELOW
Folha de São Paulo - 07/07/10


BRASÍLIA - O giro africano de Lula, presumivelmente o último de sua gestão, sacramenta aquilo que os apologistas do Itamaraty consideram espertíssimo pragmatismo diplomático.
Não há problemas em adular regimes desprezíveis, sob esta visão, se houver dividendos. Os mais óbvios são econômicos: o Brasil, Petrobras à frente, tenta garantir para si um naco do butim pós-colonial a que diversas elites africanas se permitem. Temos de correr, dizem os mascates, pois os chineses para variar estão na frente.
Do lado político, os questionáveis votos que o país ganharia em sua campanha por maior relevância em órgãos internacionais -movimento até aqui inócuo, como derrotas sucessivas demonstram.
Afinal de contas, é assim que o mundo funciona, argumentam. É fato, mas não deixa de ser incômodo ver a sem-cerimônia com que a diplomacia se entrega a sua leitura torta do que deve ser "realpolitik".
Quando a Bélgica integrava o círculo de potências coloniais, o rei Leopoldo 2º qualificou assim a gestão que promovia no Congo: "Nosso objetivo final é um trabalho de paz". Uma campanha internacional expôs a pilha de corpos mutilados que os colonizadores deixavam para trás, e gente como o escritor Joseph Conrad tratou de esmiuçar a metafísica da selvageria.
Agora que o Brasil acha ser integrante da versão século 21 desse clube, somos iluminados pelas palavras esclarecedoras do chanceler Celso Amorim: "Negócios são negócios". Ufa, né?
Felizmente vivemos uma era mais civilizada; a barbárie agora é terceirizada, e cadáveres são "assuntos internos". Importa pouco quantos deles são produzidos em Guinés, Irãs e Cubas da vida. Não esperem Lula, Obama ou Hu Jintao condenados mundo afora.
Fosse vivo, Conrad teria matéria-prima abundante para um novo "Coração das Trevas".

GOSTOSA

TUTTY VASQUES

A inveja do Twitter

TUTTY VASQUES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/07/10


O que são 2 milhões de seguidores no Twitter? Luciano Huck é o primeiro brasileiro a atingir tal marca e, pelo menos por enquanto, tudo o que pode fazer com isso é comparar seu feito ao de outros campeões de audiência no site de relacionamento. Nessa brincadeira, o apresentador tem o dobro da visibilidade de Ivete Sangalo e um quinto do prestígio de Lady Gaga. Com 10 milhões de seguidores, a cantora americana bateu recentemente o recorde mundial de Barack Obama (9,6 milhões).
Ainda que eles não ganhem diretamente nada com isso, rola a vaidade de querer ser mais popular que o outro, o que é super natural entre artistas e políticos que usam a internet como ferramenta de promoção. Preocupante na atual febre de Twitter é o tipo de disputa que começa a despertar nos adolescentes em idade de medir tudo que é seu para comparar com o dos amigos.
Não demora muito, um garotão com menos de 800 seguidores vai ter dificuldades de arrumar namorada. Não à toa, já existem sites que prometem crescer o número de seguidores do usuário em questão de segundos. Pode ser um trauma que você leva para a vida toda.
Eu mesmo, quando olho o tamanho do negócio do Luciano Huck, morro de vergonha dos meus 7.500 seguidores. Francamente, na minha idade, parece Twitter de criança, né não?
Fonte da juventude
"Fora eu, quero tudo novo na seleção!"
Ricardo Teixeira, presidente da CBF
Democracia corintiana
Em respeito ao ditador Teodoro Mbasogo, Lula esperou sair da Guiné Equatorial para pedir mudança de presidente da CBF a cada 8 anos. O anfitrião africano está no poder há mais tempo que Ricardo Teixeira. Lula já estava na Tanzânia quando abriu o bico.
Air Pindaíba
O assento vertical em aviões, invenção da irlandesa Ryanair para viabilizar lugares em pé a R$ 10 em seus voos, é o último passo antes do transporte de passageiros sobrepostos em compartimentos de carga.
Musas da derrota
Depois da musa paraguaia Larissa Riquelme, a uruguaia Monica Farro, uma espécie de Mulher Melancia da Bacia do Prata, deve anunciar a qualquer momento sua decisão de cumprir a promessa de ficar nua, apesar da derrota da Celeste, ontem, na Copa. Nem esse tipo de consolo rolou por aqui quando o Brasil foi desclassificado.
Esporte nacional
Esgotaram-se nas primeiras cinco horas de vendas os ingressos para 11 das 19 mesas de debates da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), na primeira semana de agosto. Isso quer dizer o seguinte: o brasileiro já gosta mais de literatura do que de futebol.
O futuro da seleção
Tem pichação nova nos muros das grandes cidades brasileiras: "Fora, Felipão!" Assina o protesto o movimento "Hay técnico, soy contra!"

MERVAL PEREIRA

Ilusões políticas
Merval Pereira 
O Globo - 07/07/2010


A peça “Assim é se lhe parece”, de Pirandello, joga com a ideia de que, dependendo de quem observa, há sempre uma versão distinta do mesmo fato. É o que acontece com a situação econômica do Brasil. Na visão otimista e eleitoreira do presidente Lula, passamos por momentos “extraordinários”, nunca antes neste país tivemos tamanha prosperidade. “Assim é se lhe parece”, mas há maneiras distintas de ver o mesmo quadro.

Em artigo publicado pelo mais influente jornal econômico, o inglês “Financial Times”, seu principal comentaristachefe, Martin Wolf, fez uma comparação nada lisonjeira entre o comportamento da economia do Brasil e o das de Índia e China nesses últimos 15 anos, de 1995 a 2009, governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula.

O crescimento médio anual do país nesse período foi de 2,9%, fazendo com que a elevação da renda tenha sido de apenas 22%, contra 100% na Índia e 226% na China.

O resultado dessa performance medíocre foi que a participação brasileira na produção mundial caiu de 3,1% em 1995 para 2,9% em 2009, enquanto a China saltou de 5,7% para 12,5%, e a Índia, de 3,2% para 5,1%.

Na mesma semana, a repórter Érica Fraga, da “Folha de S.

Paulo”, mostrou que a diferença de nível de renda entre brasileiros e norte-americanos é hoje maior do que em 1980.

O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil medido pela paridade do poder de compra (PPC), que já foi correspondente a 30,5% do dos Estados Unidos em 1980, era equivalente a 22,7% em 2009.

A Coreia do Sul é um exemplo mais próximo de nós. Em 1980, seu PIB per capita em PPC equivalia a 18,8% do norteamericano, quase a nossa situação hoje e 60% menor do que o PIB per capita brasileiro naquela ocasião. Mas nesses 30 anos conseguiu aumentar o percentual para 60,3%.

Esse avanço tem a ver principalmente com o salto de qualidade no ensino que a Coreia do Sul deu nos últimos anos.

O economista Fernando Veloso, da Fundação Getulio Vargas, analisando a situação do ensino brasileiro comparativamente a outros países no livro “Educação básica no Brasil — Construindo o país do futuro”, mostra que houve uma evolução na proporção da população com pelo menos o ensino médio completo, mas as deficiências ainda são maiores que os avanços.

No Brasil, entre 25 e 64 anos, a média é de 30% com pelo menos o ensino médio completo, e quando se pega os mais velhos, de 55 a 64, a taxa é de 11%, o que mostra que melhoramos com os mais jovens.

Mas na Coreia do Sul, ressalta Veloso, os cidadãos de 55 a 64 anos têm média de 37% com o médio completo, e os de 25 a 34 já têm 97%.

Nessa faixa, a Coreia universalizou o ensino médio, e o Brasil está com 38%, ainda uma distância enorme, constata o professor.

Embora entre 1980 e 2000 tenha havido aumento expressivo da escolaridade média, de 3,1 para 4,9 anos de estudo, países de renda per capita similar à brasileira experimentaram significativos aumentos de escolaridade, de forma que a diferença entre o Brasil e eles se elevou ao longo do período.

Enquanto em 1960 a Coreia do Sul tinha uma escolaridade média superior à do Brasil em 1,4 ano de estudo, em 2000 essa diferença havia se elevado para quase seis anos.

Essa perda de competitividade brasileira em relação a outros países é também analisada em um estudo do economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, que estuda o desempenho dos governos da República brasileira de 1889 até 2009 baseado em um conjunto de seis indicadores macroeconômicos: Variação da renda real; hiato de crescimento (diferença relativa entre a variação real anual do PIB brasileiro e a variação real anual do PIB mundial); investimento; inflação; fragilidade financeira (relação percentual entre a dívida pública interna federal e o PIB); e vulnerabilidade externa.

Segundo o estudo, no período 1890-2009 a taxa média de crescimento real do PIB brasileiro é de 4,5%. No conjunto de 29 períodos, o governo Lula (2003-09) tem a 9ataxa mais baixa de crescimento econômico, de 3,5%.

O hiato de crescimento econômico médio do país é de 1,3% no período 18902009, já que a taxa média de crescimento da economia mundial foi de 3,1%.

O governo Lula tem o 9omais baixo hiato de crescimento no conjunto de 29 governos, ficando negativo em 0,1%, o que significa que o país tem queda de sua participação no PIB mundial.

No período de praticamente meio século, que vai de 1932 até 1980, a participação do país no PIB mundial aumenta de menos de 1% no final dos anos 1920 para 3,6% em 1980.

No governo Lula, a participação do Brasil na economia mundial (PIB) foi de 2,81% em 2002 para 2,79% em 2009, com uma média de 2,74%, próxima da observada quase 40 anos antes, no início dos anos 1970, enquanto no governo FHC (1995-2002) a participação média é de 2,93%.

Pelo estudo, o governo Lula é superior ao de Fernando Henrique em cinco dos seis quesitos analisados — só perde na fragilidade financeira.

Mas, neste, a derrota de Lula é total. Nunca antes na história deste país, ou seja, nenhum mandatário desde Pedro II, brinca Gonçalves, teve relação tão alta da dívida pública interna federal com o PIB.

Nos dois mandatos de Lula, essa relação é superior a 42%. A média histórica em 120 anos de História republicana é de 11,6%.

No conjunto de seis indicadores, há dois que expressam diretamente a situação econômica internacional (hiato de crescimento e vulnerabilidade externa). A exclusão destes dois indicadores implica mudanças importantes no Índice de Desempenho Presidencial — IDP, que é a média dos seis quesitos analisados.

O do governo FHC aumenta de 39,2 (28aposição) para 43,9 (27° posição) enquanto o do governo Lula cai de 47,8 (23° posição) para 42,9 (28° posição), o que demonstra a importância da conjuntura internacional para a performance do governo Lula.

Em ambos os governos, porém, a economia brasileira retrocede em termos de sua participação na economia mundial.

Já é hora, portanto, de os candidatos a presidente tratarem de questões estruturais do país, como a educação, sem o que continuaremos patinando na mediocridade.

GOSTOSA

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Uau! Fátima Bernardes!
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/07/10

O Dunga emBURRADO gongou a Fátima Bernardes! Ela foi para a Copa virar picolé!



BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo!
Nome da bola oficial para a Copa de 2014 aqui no Brasil: JABACULÊ!
E o busão da seleção mudou de slogan. Não é mais "Lotado! O Brasil inteiro está aqui dentro". Agora é: "CUIDADO! O FELIPE MELO ESTÁ AQUI DENTRO!". Rarará! O Brasil inteiro está aqui dentro. Menos o Felipe Melo, que foi expulso.
E sabe o que o motorista do busão gritou? "Pessoal! Acabô a festa! Todo mundo descendo pra ajudar a empurrar!" Rarará!
E o Serra escolheu como vice um Indio da Costa. Então eu vou levar pra Dilma um ZULU DE FRENTE! Rarará!
E a mais prejudicada da Copa: Fátima Bernardes! O Dunga emBURRADO gongou a Fátima Bernardes. E o que ela foi fazer na Copa? Virar picolé. Picolé de chapinha! Ficar gripada e desfilar cachecol! Rarará!
E o William Bonner: "Onde está você, Fátima Bernardes?". "AAAAATCHIMMM!" "Onde está você, Fátima Bernardes?" "No banheiro." "Onde está você, Fátima Bernardes?" "NA CHANEL!" Rarará!
E o que mais gostei nesta Copa foi o tuíte Kaká Bad Boy. O Kaká é tão "bad boy" que comprou um CD gospel pirata. O Kaká foi pro vestiário e mostrou a língua pra todo mundo! Pior, o Kaká abriu o olho escondido na oração da igreja. Rarará.
E eu já disse que, se o Kaká fosse "bad boy" mesmo, ele daria um carrinho na bispa Sônia. Rarará!
E essa: "Pelo Twitter, Felipe Melo pede para não ser julgado: "Me ouçam antes'". Aí, o Felipe Melo te dá um telefone nas duas orelhas, e você fica surdo! Rarará!
E eu avisei pro Dunga Mula Sem Cabeça levar o ataque fulminante da Cooperativa Agrícola de Cotia: PAÇOCA e COMI O PAÇOCA!
E uma amiga que mora na Suécia disse que existe coisa pior do que assistir ao jogo da seleção narrado pelo Galvão: assistir ao mesmo jogo narrado por um locutor SUECO. Entendi. É melhor morrer de Galvão do que morrer de tédio!
E a seleção da Alemanha parece o cardápio da Oktoberfest! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza. Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ELIO GASPARI

Cartão SUS, um fracasso tucano-petista
ELIO GASPARI
FOLHA DE SÃO PAULO - 07/07/10
 
José Serra e Dilma Rousseff compartilham o fracasso da implantação do Cartão SUS, um projeto anunciado em 1997, que já comeu R$ 400 milhões da Viúva e até agora deu em nada. Fez água até mesmo em municípios onde seria realizada uma experiência piloto. Nada melhor que uma campanha eleitoral para que digam como pretendem consertar o desastre. A ideia era boa: cada cidadão ganharia um plástico em cuja fita magnética estaria gravado seu histórico médico. Mataria a pau certas fraudes, facilitaria a cobrança do ressarcimento nos casos de clientes da rede de convênios privados e seguradoras. Desbastaria a floresta burocrática da saúde pública. 

No final de 1997, quando o governo anunciou a novidade, o uso da internet na rede bancária ainda engatinhava. Passaram-se doze anos e 31% das transações dos brasileiros são feitas em computadores pessoais. A rede tornou-se a principal plataforma de acesso ao sistema financeiro, com 8,4 bilhões de transações por ano, 23 milhões por dia. (O SUS faz 1,3 bilhão de transações anuais.) Para a banca, funcionaram o interesse e a vitalidade da iniciativa privada. No Ministério da Saúde, prevaleceram o desinteresse, a cobiça dos intermediários de fornecedores e o horror que a burocracia da saúde (pública e privada) tem da transparência. 

Dilma e Serra já fizeram duas palestras sobre saúde, esbanjaram platitudes e não tocaram no assunto. Assim como no caso do fracasso do ressarcimento do SUS pelas operadoras privadas, exercitaram o que a professora Lígia Bahia chama de “elipse discursiva”. Se os candidatos não sabem o que fazer, podem pedir à Febraban que envie uma força-tarefa ao Ministério da Saúde para coordenar o projeto. Não se trata de explicar o que deu errado, nem de jogar a responsabilidade sobre a administração alheia. Bastam alguma honestidade no reconhecimento do fracasso e um compromisso com metas de custos e de prazos. 

Quando Serra era ministro da Saúde, o PT acumulou denúncias contra as licitações do Cartão SUS e chegou pedir a criação de uma CPI. Os companheiros estão há sete anos no governo e não fizeram nada, nem CPI. O ministro José Gomes “ordenou em 2008 a reformulação” do projeto. 

Até hoje, nada. Novas licitações, novos estudos e novas brigas resultaram no seguinte: milhares de terminais continuam empacotados, com sistemas operacionais e aparelhos caducos. Tanto no mandarinato tucano como no petista, o Cartão SUS só funcionou para empulhações publicitárias. Se blá-blá-blá tucano resolvesse, em 1998 o sistema estaria implantado. Pela parolagem petista, desde 2001 haveria pelo menos 44 cidades servidas pelo cartão, beneficiando 13 milhões de pessoas. 

O fracasso é explicado por diversos fatores: megalomania, guerras burocráticas, inépcia, ignorância, mais as velhas e boas redes de compadrio. Sempre que o governo precisa da internet para tomar dinheiro da choldra, sua capacidade é escandinava. Quando se trata de recorrer à informática para melhorar o serviço público, empilham-se desastres, espertezas e propaganda enganosa. Se Dilma e Serra fizerem só aquilo que seus governos prometeram e não entregaram, Fernando Henrique Cardoso e Lula lhes agradecerão. 

O POSTE

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Se pegar, pegou
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo

Seria ingenuidade acreditar que se tratou de simples desorganização ou amadorismo, numa campanha, aliás, que de amadorismo não tem nada, a substituição, feita à última hora, do programa de governo da candidata Dilma Rousseff apresentado ao TST, que continha tópicos considerados radicais, por outro do qual eles foram retirados, sob a justificativa de que haviam sido incluídos por simples engano. Não pode ser engano a apresentação de um documento, a título de programa de governo, que consubstancia as teses aprovadas pelo Partido dos Trabalhadores, em fevereiro, quando fez o pré-lançamento da candidata Dilma Rousseff.

Não se imagina que diretrizes político-doutrinárias, elaboradas depois de exaustivas discussões entre líderes e integrantes de um partido que ocupa os principais cargos do Executivo federal, e neles pretende continuar, ali fossem introduzidas sem que disso tivessem conhecimento os mais altos dirigentes da campanha da candidata que foi imposta ao partido pelo presidente Lula da Silva.

O que parece claro é que a direção da campanha, tendo já prestado a inevitável homenagem aos radicais das correntes que a apoiam, decidiu reduzir o prejuízo que a divulgação daquele elenco de medidas certamente causaria junto à imensa maioria de eleitores moderados, que repelem com igual vigor a propaganda socializante e as manifestações liberticidas. Assim, os tópicos polêmicos foram suprimidos do programa de governo de Dilma Rousseff, como parte da velha esperteza do "se pegar, pegou".

Entre os pontos suprimidos à última hora, na substituição do documento de proposta de governo à Justiça Eleitoral, estão o controle da mídia, a facilitação da invasão de propriedades pelos sem-terra e a descriminalização do aborto. Nada melhor do que trechos do próprio programa de governo suprimido para que se entenda a ideologia que está por trás da candidatura, independentemente das escamoteações produzidas com finalidades eleitorais. Então, vamos a eles:

"Continuar, intensificar e aprimorar a reforma agrária, de modo a dar centralidade ao programa na estratégia de desenvolvimento sustentável do País, com a garantia do cumprimento integral da função social da propriedade, da atualização dos índices de produtividade, do controle do acesso à terra por estrangeiros, da revogação dos atos do governo FHC que criminalizaram os movimentos sociais e com eliminação dos juros compensatórios nas desapropriações e das políticas complementares de acesso à terra; entre outras medidas, implementação de medida prevista no PNDH3 (Plano Nacional de Direitos Humanos -3) de realização de audiência pública prévia ao julgamento de liminar de reintegração de posse" (...) "Promover a saúde da mulher, os direitos sexuais e direitos reprodutivos: o Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres de tomarem suas próprias decisões em assuntos que afetam o seu corpo e a sua saúde." Aí está, em linguagem clara, a intenção de permitir a invasão da propriedade (ou o crime de esbulho possessório) como meio legítimo de acesso a terra. E está, da mesma forma, a concessão da liberdade da mulher para a prática indiscriminada do aborto.

Outro tópico: "Medidas que promovam a democratização da comunicação social no País, em particular aquelas voltadas para combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento. Para isso, deve-se levar em conta as resoluções aprovadas pela 1.ª Confecon, promovida por iniciativa do governo federal, e que preveem, entre outras medidas, o estabelecimento de um novo parâmetro legal para as comunicações no País: a reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social." Também aí são claras as intenções de controle dos meios de comunicação, que, aliás, o governo Lula tentou fazer, ora avançando, ora recuando, por meio de diversos mecanismos e projetos, sempre repudiados pela sociedade brasileira, pois que esta já sabe que o cerceamento à liberdade de expressão, que está no bojo de trais propostas, seria o atestado de óbito da democracia brasileira.

MÔNICA BERGAMO

No Mundo de Barbie 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 07/07/2010

De passagem pelo Brasil para clicar uma campanha de moda, Paris Hilton posou para a revista "RG Vogue", nas bancas amanhã; na entrevista, a socialite americana conta que, quando era criança, achava que todas as pessoas viviam em mansões
Roberto na Passeata
Roberto Carlos deve se engajar no movimento que combate o projeto de revisão da Lei de Direito Autoral, patrocinado pelo Ministério da Cultura. "Se essas propostas forem enviadas ao Congresso, ele vai participar de passeata em Brasília, vai para a imprensa, vai fazer tudo o que precisar", diz Dody Sirena, empresário do cantor. A adesão do Rei à causa está sendo festejada: ele nunca participa desse tipo de mobilização.
Passeata 2
Está em discussão, entre outras coisas, a criação de um órgão ligado ao governo para regular matéria autoral. "O que está sendo proposto afeta obras de Caetano, Chico, Roberto. Com pretexto de dar acesso à cultura, o governo quer se tornar dono delas", diz Dody. Nos debates, o Ministério da Cultura tem negado a intenção de "estatizar" os direitos autorais.
Vem pra Cá
A ministra de Turismo do Paraguai, Liz Rosanna Cramer Campos, escreveu carta ao SporTV, da TV Globo, convidando os diretores do canal por assinatura para visitarem o Paraguai. A emissora fez matéria ironizando os paraguaios -e se desculpou diante da má repercussão.

"Há que sentir o Paraguai" para conhecê-lo, escreveu a ministra.
Verde Sem Amarelo
O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, diz que seu vice de futebol, Gilberto Cipullo, conversou anteontem com Luiz Felipe Scolari, novo técnico do clube, sobre a possibilidade de ele assumir a seleção. Felipão afirmou que voltará ao Brasil pensando "exclusivamente" no Verdão.
Abraço
A governadora Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, telefonou ontem para Dunga para prestar solidariedade.
Calculadora
E o ex-técnico deve passar nos próximos dias no RH da CBF para acertar as contas. Funcionário com carteira assinada e salário de R$ 140 mil mensais, Dunga espera receber os vencimentos de junho, férias proporcionais, 13º salário e aviso prévio. A conta chega a R$ 420 mil. Há também multa e saldo de FGTS.
Férias
Aparentando tranquilidade, Dunga cortava ontem a grama do jardim de sua casa, num condomínio em Porto Alegre, ao lado do filho, Matheus, 4.
Sonífera Ilha
E o volante Felipe Melo, expulso no fim da partida com a Holanda e um dos mais criticados pela eliminação do Brasil da Copa do Mundo, se refugiou com a família em uma casa alugada em Búzios. Deve ficar lá até voltar para a Itália, onde se apresenta, na semana que vem, à Juventus.
Juntos No Palco
A peça "O Amante", estrelada por Paula Burlamaqui e Daniel Alvim, já tem data de estreia em SP: 14 de agosto. Os dois romperam no Carnaval depois que ela foi flagrada beijando outro num dos camarotes da Sapucaí. Hoje, são apenas bons amigos.
Púlpito
O ator Bruno Mazzeo será o apresentador do Prêmio Multishow de Música Brasileira, em agosto. Dividirá o palco com Fernanda Torres.
Sonho Americano
A cantora Tita Lima, filha de Liminha, está em LA para uma série de shows. Ela se apresenta nas casas Mountain Bar (no dia 10) e Zanzibar (11) e no festival Grand Performance (16). Aproveita para bater nas portas de gravadoras americanas, para lançar seu novo disco por lá.
Reunião de Diretoria
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, empresários e executivos participaram da cerimônia de entrega do Prêmio "Melhores e Maiores", da revista "Exame", anteontem, no clube Monte Líbano.
Curto-circuito
A cantora Mim se apresenta hoje, a partir da meia-noite, no clube Hot Hot. 18 anos.

O cientista político Heni Ozi Cukier dá aula com o tema "A Arte da Estratégia", hoje, às 19h30, na Casa do Saber do shopping Cidade Jardim.

A dupla sertaneja Jorge & Mateus faz show hoje, às 23h, no Club A. Classificação etária: 18 anos.

A primeira noite do projeto Happy Hour B4 acontece hoje, às 21h, no B4 Lounge, com o DJ James Zabiela. Classificação etária: 18 anos.

O grupo Jogando Tango Trio se apresenta no domingo, às 11h, no Museu da Casa Brasileira. Classificação: livre.

O curso de cinema "Até que a Morte os Separe", com o professor Jorge Coli, terá início no dia 3 de agosto, na escola Augôsto Augusta.

O maestro Ricardo Castro viaja com a Orquestra Juvenil da Bahia em turnê europeia.

GOSTOSA

JOSÉ NÊUMANNE

A doutrina lúmpen contra o direito do autor
José Nêumanne 
O Estado de S.Paulo - 07/07/10

O governo Lula nunca desistiu de controlar e vigiar a cultura e a informação. Em 2004, propôs criar a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav), mas, obviamente intervencionista, esse projeto gorou. Logo em seguida, veio a lume o tal Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), a pretexto de "combater os excessos provocados pela liberdade de imprensa". Uma vez mais, o canhão errou o alvo. O governo, contudo, persistiu e, em 2009, convocou a Conferência Nacional de Comunicação para disciplinar as concessões precárias de canais de rádio e televisão. Mais um fiasco! Quem pensou que este malogro poderia levá-lo a desistir deu com os burros n"água: no mesmo ano passado, a Conferência Nacional da Cultura sugeriu a modificação de dispositivos que garantem a liberdade de expressão, informação e opinião. Paralelamente, após um parto que durou toda a existência da República lulista, começou a fase de audiências públicas para ser encaminhada ao Congresso uma nova lei para os direitos autorais. Desta vez, junto com o controle burocrático da expressão estética, propõe-se a apropriação patrimonial do bem cultural.

Para entender o que inspira a proposta dos ministros baianos da Cultura das gestões Lula, o cantor Gilberto Gil e seu preposto Juca Ferreira, convém começar a discussão do tema pelas causas, antes de chegar aos defeitos. O direito de autor é uma das conquistas da Revolução Francesa de 1789. Só há 221 anos, portanto, o criador de obras de arte passou a ser considerado proprietário da própria criação, podendo dela dispor de acordo com suas conveniências e convicções e usufruir sua comercialização. O direito moral do autor sobre sua obra é o que permite, por exemplo, a Roberto Carlos impedir regravações de seu primeiro grande sucesso, Quero que tudo vá pro inferno, embora não possa evitar que as gravações já existentes da canção, de sua autoria, em parceria com Erasmo Carlos, sejam executadas em público ou reproduzidas por meios eletrônicos. Do mesmo conceito se valeu o violonista Baden Powell, que renegou seus Afro-sambas (em parceria com Vinicius de Moraes) após se haver tornado evangélico. Mas, da mesma forma, não foi vedado ao público ouvir a obra original nas gravações feitas antes de o músico se converter.

O direito patrimonial torna possível ao autor - compositor, escritor, dramaturgo, cineasta, etc. - cobrar sua parcela financeira (em torno de 10% sobre o preço do produto feito a partir de sua obra) na venda do que criou. Mercê do êxito comercial de seus romances, o baiano Jorge Amado viveu da porcentagem sobre o preço de capa de seus livros, não precisando ter emprego público, como tiveram gênios da literatura brasileira - caso de Machado de Assis e de Guimarães Rosa, que eram funcionários de ofício e escreviam suas obras-primas nas horas vagas. O direito exclusivo do autor sobre sua obra é cláusula pétrea da Constituição brasileira.

Mas a concorrência acirrada pelo barateamento radical do conteúdo das mensagens veiculadas - agora primordialmente na banda larga da rede mundial de computadores - encontrou na doutrina do lumpesinato artístico na periferia da indústria cultural a aliança ideal na guerra contra o pagamento de royalties a autores, artistas e intérpretes. As palavras de ordem que estão por trás do discurso da dupla nada ingênua Gil e Juca são: "Todo o poder ao funk da periferia" e "morte ao imperialismo colonial da indústria cultural." Essa retórica é politicamente corretíssima para os socialistas que se uniram em torno do refrão: "A obra de arte é patrimônio coletivo de quem a consome, e não propriedade de quem a cria."

Este é o estandarte da procissão puxada por Gilberto Gil, artista patrocinado pela Telefônica, grande distribuidora de conteúdo cultural em banda larga, e por Juca Ferreira, burocrata que nunca teve dinheiro a reclamar em nenhuma sociedade arrecadadora. É muito conveniente para os fornecedores gigantes do conteúdo cultural apelar para o argumento de que direitos autorais encarecem o consumo, tornam-no elitista e impedem o acesso dos pobres à cultura. Com base nisso, o projeto reduz a participação do porcentual do direito de criação na arrecadação. A eventual (mas felizmente, ao que parece, improvável) aprovação da nova legislação do direito autoral seria ainda uma sopa no mel para os companheiros que estão no poder federal. Pois as sociedades arrecadadoras constituídas pelos próprios autores, e por isso de direito privado, e não público, seriam fiscalizadas por conselhos paritários em que se juntariam representantes dos poderes públicos e da "sociedade civil" (a "companheirada organizada"). Isso tudo contraria cláusula pétrea da Constituição (artigo 5, inciso XVII), que reza: "A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento." Além disso, o assunto é regulamentado por tratados internacionais que o Brasil se comprometeu a honrar. Até Robin Gibb, dos Bee Gees, presidente de uma associação de autores com 2,5 milhões de associados, já protestou contra o esbulho.

A arrecadação e a distribuição de direitos autorais no Brasil nem sempre contentaram os interessados nelas. Mas agora todos se uniram contra esta nova lei, manifestando seu descontentamento consensual (quase unânime, à exceção de Gil) com o fato de os astros da indústria cultural terem apoiado Lula nas eleições, mas nunca terem sido ouvidos em sete anos e meio de tentativas de lhes impor a "tunga" no direito autoral. Ainda que alguns discordem de detalhes da gestão arrecadadora e distribuidora, todos concordam que a sugerida usurpação dos direitos moral e patrimonial sobre obras de arte, a pretexto de incluir o lumpesinato excluído no mercado, mas, no fundo, a serviço do baronato da banda larga - e com controle ideológico sobre a produção artística -, seria o pior dos mundos.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

O custeio Custa 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 07/07/2010

Celso Amorim propôs a Lula e Paulo Bernardo vetou. Pelo que se apurou, o Itamaraty desejava que o governo federal editasse uma Medida Provisória para a criação de 400 novos cargos diplomáticos.
Ante a negativa, a ideia passa a ser uma MP para instituição de 100 novos postos: os outros 300 tramitariam por meio de Projeto de Lei.

A assessoria do Itamaraty nega a intenção. Confirma, no entanto, a edição de MP criando oito novas vagas para ministros de primeira classe.

Só no primeiro semestre do ano, segundo O Globo, o Congresso aprovou e Lula sancionou 37.101 cargos e funções comissionadas nos Três Poderes.
Espetinhos
A Ambev reclamou e conseguiu. O Conar suspendeu campanha da Kaiser protagonizada por Romário. No filme, o ex-jogador fazia referência a Dunga, dizendo: "Aqui entre nós, tomar cerveja nunca foi a dele, né?".
Dunga foi garoto-propaganda da Brahma na Copa.
Cabo de Guerra
Luís Fabiano só quer paz. Ficará recluso por 15 dias em seu sítio na região de Jaguariúna, interior de São Paulo.
O jogador, que anda sendo sondado pelo Milan e pelo Manchester United, ainda não sabe do seu futuro no Sevilla.
Meu ambiente
A Ame Jardins acertou com a Eletropaulo e com Eduardo Jorge, secretário de Meio Ambiente, a análise das 2.200 árvores dos bairros Jardim Europa, Jardim Paulista, Jardim Paulistano e Jardim América. O intuito é eliminar o perigo causado pelos cupins, promover poda e replantio, caso seja necessária a remoção.
Caberá ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas o levantamento e o destino de cada árvore.
Meu ambiente 2
Aliás, a Ame jura que desde a penúltima assembleia da associação, em agosto de 2009, não foi registrado um único assalto nos bairros.
Como assim?
Ao ouvirem a posição de Dilma, em relação ao MST, segunda, em almoço de João Doria, boa parte do empresariado, perplexo, se intrigou:
"Não pode é invadir fazenda que não tem que ser invadida", explicou a candidata.
Quem vem
Madonna tem planos concretos de vir ao Brasil assim que acabar as filmagens do longa W.E., entre setembro e outubro.
A rainha do pop pediu e dona Marisa Letícia concordou em recebê-la, com Lula, para falar sobre projetos sociais. "Estamos tratando disso oficialmente", revelou à coluna a primeira-dama.
Sexo dos anjos
A sempre tranquila Monica Serra subiu o tom no encontro do Secretariado das Mulheres do PSDB. "Mulher não engana mulher", disse, em referência a promessas de Dilma. E promete usar o mote na campanha de Serra.
Matemática
Sérgio Guerra se mostrou otimista em conversa interna com lideranças do PSDB nos Estados, anteontem em SP.
Acredita que os tucanos elegerão pelo menos oito governadores, "mas podem chegar a dez".
No Congresso, acha que dá para crescer e montar bancada 20% maior que a atual.
Matemática 2
Guerra disse também, no mesmo encontro, ter informações sobre um gigantesco esquema montado para misturar a possível vitória do Brasil na Copa com as figuras de Lula e de Dilma.
Essa Serra realmente deve a Dunga e a Felipe Melo...
Na frente
Marina Silva tem conversa de 45 minutos sobre sua trajetória, na Casa do Saber no dia 12 de agosto. Serra e Dilma também foram convidados, mas ainda não bateram o martelo. As conversas não serão abertas ao público.

A Playboy portuguesa homenageia José Saramago. A capa deste mês leva o nome O Evangelho Segundo Jesus Cristo. Com direito a reedição de entrevista do escritor feita por Humberto Werneck, antigo editor-chefe da versão brasileira, em 95.

Andrea Fasano acaba de renovar o contrato de seu imóvel no Itaim por mais cinco anos. E comemora recorde para 2011: todos os sábados já estão reservados para festas.

Comparada a ninguém menos que as divas Maria Callas e Edith Piaf, a soprano italiana Anna Caterina Antonacci desembarcará em terras tupiniquins. Com apresentações marcadas para os dias 20 e 22, na Sala São Paulo. Pela Sociedade Cultura Artística.

Lázaro Ramos e Taís Araujo deram rasante em Nova York. Estão entre os seletos convidados da festa da Cachaça Leblon pilotado hoje, por Claude Grunitzky.
O Sesc Consolação, que por anos distribuiu ingressos grátis para teatro infantil aos sábados, agora passa a... cobrar.

GOVERNO

CLAUDIO J. D. SALES

Itaipu e os vários Paraguais brasileiros
Claudio J. D. Sales 
O Estado de S.Paulo - 07/07/10

Após a eliminação do Brasil da Copa do Mundo da África do Sul, é importante voltarmos nossas atenções para um verdadeiro gol contra os brasileiros que está sendo maquinado pelo governo federal e sua base aliada no Congresso Nacional, em resposta a pressões de políticos paraguaios que não têm muito compromisso com a verdade. Se a Câmara dos Deputados aprovar o Projeto de Decreto Legislativo n.º 2.600/2010, que altera o tratado que deu origem à Usina Hidrelétrica de Itaipu (tratado assinado em 1973, peça jurídica perfeita e que deveria permanecer como tal até 2023), os brasileiros desembolsarão R$ 5,5 bilhões adicionais em benefício dos paraguaios.

Na audiência pública sobre o tema que foi realizada no dia 29 de junho, o representante do Ministério das Relações Exteriores, desprovido de argumentos racionais para justificar essa alteração descabida, apelou para comparações sem lógica, como "PIB do Paraguai antes de Itaipu versus PIB do Paraguai após Itaipu". O que estaria sugerindo o diplomata? Que Itaipu prejudicou o produto interno bruto (PIB) do Paraguai? Bem sabe o diplomata que a usina, que hoje responde por 15% das receitas paraguaias, só trouxe enormes benefícios ao nosso vizinho.

A prevalência da dimensão política sobre a técnico-econômica é marcante: o Ministério de Minas e Energia, colíder natural do tema, não assumiu posição de destaque sobre o assunto. Na mesma linha, é compreensível o comportamento recente do outro representante do governo na mesma audiência, que procurou defender a alteração do tratado e a doação bilionária aos paraguaios. Ficou evidente que esse competente profissional foi forçado a sucumbir às pressões do governo federal, de certa forma contradizendo suas inúmeras manifestações passadas ? em artigos, apresentações públicas e entrevistas ? contrárias à exploração política e oportunista dos paraguaios.

Mas não é possível tolerância parecida com aqueles diplomatas que pretendem influenciar os parlamentares sobre este tema sem estudar minimamente o setor de energia. Isso ficou claro na mesma audiência pública, diante da falta de domínio técnico do representante do Ministério das Relações Exteriores, que cometeu erros conceituais graves ? propositais ou não ?, como confundir "venda de energia" com "remuneração por energia excedente". Talvez a aposta fosse que, complexo como é o setor energético, ninguém percebesse as falácias ali apresentadas. Aposta errada.

Toda a estratégia do governo federal consiste em defender o seguinte raciocínio: apesar de não haver nenhuma necessidade de alteração, e apesar de o Paraguai ter sido beneficiado com a propriedade de 50% da usina sem ter assumido nenhum risco (já que 100% do financiamento para a construção da usina foi feito com garantias do Tesouro brasileiro), precisamos prover "novas ajudas" aos nossos irmãos paraguaios, tão necessitados.

Esquecem esses políticos que a grande ajuda ao Paraguai é dada pelo próprio Tratado de Itaipu, que possibilitou que o país se tornasse proprietário de 50% da usina sem que tivesse à época (assim como não tem hoje) condições financeiras para tal. Esses senhores também se esquecem de olhar ao seu redor e perceber que em nosso Brasil há vários "Paraguais" que poderiam ser muito beneficiados com os R$ 5,5 bilhões que o governo federal quer caridosamente transferir para o governo Fernando Lugo.

No âmbito de nossas prioridades, temos, por exemplo, a situação vivida nas últimas semanas por dois Estados brasileiros. As enchentes em Pernambuco e Alagoas já causaram mais de 50 mortes e deixaram esses Estados em situação mais do que crítica. Curiosamente, os Índices de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e Alagoas (0,718 e 0,677, respectivamente) são menores que o do Paraguai (0,752).

Também não se pode esquecer que em 1986 e em 2005 já houve alterações, em benefício dos paraguaios, na mesma remuneração atualmente em discussão. Em ambas o Congresso não foi ouvido ? atos que podem até mesmo ser interpretados como inconstitucionais. E mais recentemente, em 2007, o governo federal decidiu liberar o Paraguai do pagamento da correção da dívida, imputando esse ônus aos consumidores brasileiros.

Esses episódios provam que os pleitos e as pressões paraguaias nunca cessarão. Ceder agora revelará que o Brasil admite "dever" algo ao Paraguai ? o que é uma grande falácia; e ficará aberta uma enorme avenida para futuras demandas ao sabor dos próximos governos paraguaios, que sempre verão em Itaipu tema predileto em suas campanhas eleitorais. Onde passa um boi...

É hora de saber quem de fato está do lado do povo brasileiro. Espanta ver alguns deputados de nosso país colocando paraguaios antes de brasileiros igualmente carentes. A esperança é que podemos contar com um bom número de parlamentares capazes de dar transparência às ações político-ideológicas de governantes, como ficou evidenciado ? e documentado ? no debate daquela audiência pública.

Chegou a hora de dizer não a mais um pleito de alteração do Tratado de Itaipu. Essa é a melhor forma de dizer sim a essa obra, que tem gerado tantas riquezas para o Brasil e para o Paraguai e, após 2023, será uma verdadeira "Casa da Moeda" para os paraguaios: dívidas quitadas, receitas livres, a partir de uma obra viabilizada integralmente pelo Brasil.

Da mesma forma que Itaipu, em 1973, "inundou" uma disputa territorial entre Brasil e Paraguai, é hora de "afogar" mais uma manifestação de uso político-eleitoral-ideológico-oportunista e evitar que sejam extorquidos R$ 5,5 bilhões dos milhões de brasileiros que anseiam por esses recursos para que seja mudada a sua dura realidade.

PRESIDENTE DO INSTITUTO ACENDE BRASIL SITE: WWW.ACENDEBRASIL.COM.BR

ANCELMO GÓIS

Divergência técnica 
Ancelmo Góis 

O Globo - 07/07/2010

Veja só. O projeto de regaseificação de GNL da Petrobras foi apontado pela KPMG, gigante de consultoria, como destaque de infraestrutura no mundo.

A ideia, lembra Ildo Sauer, exdiretor de Gás da estatal, foi vetada pela então ministra Dilma Rousseff e só renasceu na crise de fornecimento com a Bolívia.
Segue...
Sauer, que sempre foi ligado ao PT, deixou a diretoria da Petrobras por constantes divergências técnicas com Dilma
Elefante branco
Deu no “Financial Times” que o planejamento para a Copa de 14 “até agora tem sido tipicamente brasileiro, ou seja, burocrático, desorganizado e lento”.

O jornalão destaca que o custo das obras será altíssimo e sem retorno, quando a vida voltar ao normal nas cidades sem torneios importantes ou onde os ingressos são muito baratos.
E mais...
Por isso, após a Copa, pelo menos seis dos 12 estádios vão virar elefantes brancos. A solução que parece mais factível, diz o jornal, é cortar para 10 ou oito o número de locais de jogo.

“Economizaria dinheiro. E constrangimentos”, conclui.

Faz sentido.
Agente laranja
Hackers invadiram o site de Luís Fabiano, o centroavante da seleção de Dunga.

Ontem, a página tinha apenas a imagem de duas laranjas e a inscrição “Todos os brasileiros são gratos a você, Mick Jagger”, referência ao roqueiro que virou o pé frio da Copa.
‘The best’
Para Felipão, que faz doce para aceitar o posto de técnico da seleção, o destaque da Copa, até agora, é... Sneijder, da Holanda, que fez os dois gols contra o Brasil e, ontem, voltou a marcar, nos 3 a 2 sobre o Uruguai.

— He is the best! — disse o treinador, que comentou o jogo para a rede sul-africana SABC.
Ainda na Copa...
Acredite. Um homem matou a tiros um menino de 14 anos, em Durban, porque o adolescente insistia em soprar sua vuvuzela.

O assassino disse à polícia ter confundido o garoto com um assaltante. Meu Deus...
Lar, doce lar
Ronaldo Fenômeno está comprando uma mansão em...

Ibiza, na Espanha.
Juiz de Fora é China
Segunda, no posto fiscal de Levy Gasparian, no Rio, um Santana não obedeceu o sinal para parar.

Perseguido, o motorista encostou.
Dentro do carro havia...
446 pares de tênis Nike.
Só que...
O dono não tinha nota e confessou que os tênis foram feitos em sua casa, em Juiz de Fora.

Ao ouvir que seria multado, ofereceu dinheiro.

O policial deu voz de prisão.
Outra do Recarey
A 61° Vara do Trabalho do Rio determinou que o imóvel onde funcionava o Bingo Treze de Maio, no Rio, avaliado em R$ 2 milhões, vá a leilão para pagamento de dívida trabalhista.

O responsável pelo imóvel, que será leiloado por Nacif, é Chico Recarey.
Pela prisão
O MP federal deu parecer ao STJ para o tribunal não mandar soltar a procuradora Vera Lúcia de Sant’Anna, acusada de torturar uma menina de dois anos que estava sob sua guarda.

“O delito praticado é de extrema gravidade e deve ser levado em consideração na análise do pedido de liberdade, pois denota a periculosidade da paciente”, diz o texto.
A nossa Jabulani
O egrégio Conselho Superior Consultivo da coluna continua sugerindo nomes para a bola da Copa de 14.

Nelson Motta sugere “Samba”, assim como a da Copa da Argentina se chamou “Tango”.

Já temos: Tanajura, Jabutica, Caturrita, Pelota e Samba.

GOSTOSA

MÍRIAM LEITÃO

Dois momentos 
Miriam Leitão 

O Globo - 07/07/2010

O ano teve dois momentos. O primeiro trimestre começou a todo vapor, no segundo houve uma desaceleração. A confiança dos empresários caiu nos meses de maio e junho em 15 de 22 países e as maiores quedas aconteceram fora da Europa. O Brasil cresceu menos no segundo trimestre. Bancos e consultorias começam a rever para baixo previsões de crescimento mundial.

A mudança no Brasil não foi acentuada. A economia continua crescendo, mas no mundo a alteração no ambiente econômico é mais evidente.

O crescimento do Brasil, que foi de 2,7% nos três primeiros meses do ano, comparado ao trimestre anterior, deve ficar em 1,5% no segundo trimestre, pelas contas do economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão e Recursos. Há previsões de desaceleração mais forte.

— O cenário otimista do início do ano para a economia mundial não se confirmou, houve uma clara mudança de tendência ao longo do segundo trimestre.

Isso se percebe nas bolsas, nos índices de confiança dos empresários; em indicadores de atividade, como a produção industrial, no mercado imobiliário e na criação de empregos da economia americana — afirmou José Márcio Camargo.

Apesar de o segundo trimestre já ter acabado, os economistas falam dele no futuro porque os dados do PIB ainda vão demorar a sair.

A consultoria Tendências acredita em desaceleração mais forte do PIB brasileiro.

Acha que os dados vão mostrar um crescimento de apenas 0,4% no segundo trimestre.

O economista Bernando Wjuniski explica que os indicadores antecedentes de abril a junho não foram bons: a indústria recuou 0,7% em abril, ficou estável em maio e não há sinal de melhora em junho; o comércio varejista recuou 3% em abril.

— Podemos dizer que o PIB do primeiro trimestre foi um ponto fora da curva de alta, e o PIB do segundo trimestre será um ponto fora de curva de baixa. O crescimento do primeiro tri foi atípico, movido a incentivos fiscais e antecipação de consumo. Os juros estavam mais baixos e não havia expectativa clara de alta da Selic. No segundo tri, tivemos redução do consumo, num primeiro momento, e alta dos juros, num segundo, que embora não tenha efeito imediato, mexe com as expectativas dos empresários — explicou.

O economista Elson Teles, da Máxima Asset, prevê alta de 1% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Sérgio Vale, da MB Associados, estima alta de 0,9%.

O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, prevê três fatores para a desaceleração do comércio: fim dos incentivos fiscais; esgotamento do poder de compra dos consumidores; inflação alta no primeiro trimestre.

Mas a queda que ele vê é pequena. O comércio ainda vai mostrar um forte crescimento quando se comparar o segundo trimestre com o mesmo período do ano passado.

No mundo, o Bank of America refez os cálculos e agora prevê que a economia americana crescerá 3% este ano, ao invés de 3,2%; e 2,6% no ano que vem, no lugar de 3,3%. A mudança parece pequena, mas o clima virou entre o primeiro e o segundo trimestre.

Nas bolsas, o segundo trimestre foi vermelho. O Ibovespa depois de registrar o pico de alta no dia 8 de abril, aos 71.784 pontos, depois registrou queda de 15,1% até junho. No final de maio, chegou a fechar abaixo dos 60 mil pontos e ontem registrava 62 mil. Nos EUA, o índice Nasdaq acumulou queda de 17%; o S&P, 16%; e o Dow Jones, 13,5%.

O preço das commodities caiu. No ano, o cobre e o alumínio acumulam queda de 12%; o chumbo despenca 27%, o petróleo recua 9%.

Desde março, o índice CRB, que faz uma média dos preços das matérias-primas, acumula queda de 7%.

Nossa balança comercial não foi afetada porque está sendo sustentada por três produtos: minério de ferro, que teve aumento de 100% no início de abril; soja, que teve crescimento de 10 milhões de toneladas na produção; e petróleo, que também cresceu no volume exportado. Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a dependência do saldo comercial em apenas três produtos deixa o país mais vulnerável.

— Essa redução geral nos preços das commodities deve começar a ser captada na balança a partir de agosto.

A soja já aparece com queda no ano de 1% e dá sinais de que está perdendo fôlego. O açúcar despenca 30% no ano. Frango e carne bovina estão estáveis, mas com tendência de queda diante de um cenário mundial mais fraco — afirmou.

Castro mantém a previsão de saldo de US$ 12 bilhões na balança comercial deste ano, mas está preocupado com o resultado do ano que vem. A crise tem diminuído as exportações chinesas para a Europa e isso diminui o apetite da China por matérias-primas.

Além disso, a reforma do sistema financeiro americano vai proibir os bancos de atuarem nos mercados de commodities, com isso, haverá menos dinheiro para sustentação dos preços.

— Não me surpreenderá se começarem a surgir projeções de déficit na balança comercial em 2011. Se as commodities caírem 10%, já teremos a balança comercial sem superávit no ano que vem — disse.

O Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco avalia que no balanço do primeiro semestre as incertezas em relação à economia mundial prevaleceram sobre as apostas de recuperação. O Bank of America diz que a desaceleração que começou em maio se prolongou pelo mês de junho.

O ano é de recuperação depois da queda de 2009, mas a trajetória da economia ainda é incerta, e 2010 pode trazer novas reviravoltas no mundo.