ZERO HORA - 13/11
Você planeja passar um tempo em outro país trabalhando e estudando, mas o universo está preparando a chegada de um amor daqueles de tirar o chão, que fará você jogar fora seu atlas e criar raízes no quintal como se fosse uma figueira.
Você está muito satisfeita com a vida que tem e, se acabar seus dias desse mesmo jeito, ficará mais do que agradecida, porém publicará no Facebook uma foto incrível que tirou de um menino de rua e essa postagem despretensiosa vai lhe abrir as portas para uma nova carreira que você nem suspeitava ser possível iniciar.
Você treina para a maratona mais desafiadora da sua vida, mas não chegará com as duas pernas intactas na hora da largada, e a primeira surpresa será essa: o inferno da frustração. A segunda: durante a passagem pelo inferno, fará amigos que lhe ofertarão uma nova perspectiva de vida, aquela que você não imaginava que existia e que também o desafiará, só que de forma mais passiva.
Você não tinha certeza se queria filhos, mas todos em volta perguntavam: se não tiver, quem vai cuidar de você na velhice? Caiu nessa esparrela e hoje tem dois filhos amados – um é pesquisador na Antártica e a outra é dançarina em Moscou, ambos muito presentes pelo Skype, sem intenção de voltar.
Você sai toda bonita e cheirosa para encontrar seu namorado na casa dele, acreditando que será mais um encontro como os outros, mas no meio do caminho, num sinal fechado, é assaltada por um brucutu armado que lhe leva o carro e a confiança em noites que eram para ser apenas românticas.
Você sai toda bonita e cheirosa para encontrar seu namorado na casa dele, acreditando que será mais um encontro como os outros, e, ao chegar, se depara com um homem inspirado: ele sugere que você não saia mais de lá, que fique morando com ele.
O universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu nada, você é que escuta vozes.
No dia em que você pensa que não tem nada a dizer para o analista, faz a revelação mais bombástica dos seus dois anos de terapia. O resultado de um exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você não imaginava que iriam tantos amigos na sua festa, mas tampouco imaginou que justo seu grande amor não iria. Quando achou que estava bela demais, não arrasou corações.
Quando saiu sem maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção. E assim seguem os dias à prova de planejamento e contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel de última hora e não nos comunica, tornando surpreendente a nossa vida.
quarta-feira, novembro 13, 2013
Uma ausência de modelos - ROBERTO DAMATTA
O GLOBO - 13/11
Assim era o nosso mundo, feito de países de elite: grandes, adiantados, civilizados e resolvidos. Neles, nada faltava e por isso eram o oposto do Brasil, onde faltava tudo
Sou do tempo em que se discutia qual era o maior país do mundo. Éramos tão ignorantes e ingênuos que, mesmo neste vale de lágrimas, acreditávamos na existência de nações sem problemas.
Um sujeito dizia que a França era o cara; mas um outro arguia que não: o lugar era dos alemães porque, além da excelência nas suas máquinas inquebrantáveis, eles tinham reinventado a religião, a literatura e a música. Já um terceiro lembrava que os americanos ganharam o guerra e que, sem ter tido dissidências internas que desembocavam no terror ou no nazismo, davam valor à iniciativa individual e inventaram o filme colorido e musicado. Mal dizia isso, porém, um outro notava a velha Inglaterra da Revolução Industrial e do estado de bem-estar social. O primeiro país a equilibrar democracia com aristocracia, equilibrando ricos e pobres. Essas classes que em todo lugar viviam sem classe.
Era a deixa para alguém falar da União Soviética e situá-la como o modelo de um paraíso já em curso. Avassalador e irresistível como a manifestação mais clara das leis do progresso histórico, liberada pelo partido — esse instrumento da liberdade concreta e do fim do ardil burguês — do capitalismo condenado à morte pelo seu próprio funcionamento.
Tal era o debate nos meus tempos de juventude quando, numa praia de Icaraí sem poluição, eu ouvia o Pezinho, o Silvinho, o Enylton e o Moliterno, para ficar nos mais queridos, essas preocupações que se reproduziam na casa de vovô Raul quando meus tios discordavam sobre os melhores automóveis, navios, aviões e, creiam-me!, navalhas. Aliás, esse era o único assunto que fazia meu pai falar e introduzir no campo dos países exemplares a Suécia, pois somente ele barbeava-se com o inigualável aço de navalhas escandinavas.
Com a Suécia, surgia a Holanda. Uma Holanda conhecida pelos moinhos de vento, pois nada sabíamos de sua trajetória cultural marcada pelo calvinismo, pelo grande Espinosa e pelas suas famosas putas em vitrines, como a confirmar o que freudianamente sobra quando se combate extremadamente a sexualidade. Havia um imenso toque de provincianismo e pós-guerra nesses debates, razão pela qual surgia o Japão como eventual bandido e a China como uma espécie de doente perdido e, imaginem, irrecuperável.
À nossa pátria — esse Brasil feito de lusitanos, índios e negros escravos — que era o lanterninha do mundo, cabia o papel de ator estreante cujas linhas mal decoradas não convenciam no palco onde brilhavam esses gigantes “adiantados” que por suposto e definição haviam dado certo e resolvido tudo.
Isso era tão verdadeiro que ouvi de um professor que a própria língua já determinava o lugar das “raças humanas”, conforme era comum classificar as sociedades daqueles dias antigos e ferozes. “Tome o alemão. Só um sujeito inteligentíssimo pode dominar essa língua complexa, criativa e desenhada para a filosofia!”, dizia ele. “E o português?”, perguntou um colega. “Bem — respondeu o mestre sorrindo — a nossa língua pátria é boa para o samba, para a anedota e para o mais ou menos!”
Mais tarde, descobri que o professor havia tentado aprender alemão com um refugiado de guerra; um tal de Otto Folterer, e que o instrutor o havia feito desistir por “falta de inteligência”. Quando timidamente eu perguntei do meu canto como é que se explicava que na Alemanha as crianças falavam alemão, ninguém me deu atenção. Eram todos, como os gregos antigos, inteligentíssimos, tal como os holandeses, que, não sei bem por que, teriam essa afinidade com os helenos e os germânicos. Segundo a lenda, os holandeses seriam capazes de entender todas a línguas, desde que o estrangeiro falasse devagar, soletrando as palavras.
Foi o que ocorreu com o Soares quando ele viajou para o Holanda. Sem saber uma virgula de holandês, lembrou-se do detalhe e pediu ao esguio e atencioso garçom holandês um bife bem passado com fritas e um chope gelado pronunciando cada palavra monossilabicamente. Minutos depois, chegou o garçom com o pedido. “Como você me entendeu?” inquiriu o Soares. “Eu também sou da terrinha...” disse o holandês devagar, detendo-se como ele em cada silaba. “E por que Diabos — explodiu Soares — estamos falando holandês?”
Assim era o nosso mundo, feito de países de elite: grandes, adiantados, civilizados e resolvidos. Neles, nada faltava e por isso eram o oposto do Brasil, onde faltava tudo, até mesmo uma língua inteligente e um conflito brutal, mas indispensável ao progresso.
Quando eu olho para a crise europeia, apavoro-me com o radicalismo político americano que paralisa o governo, vejo como a grande esquerda francesa e russa esboroou-se, tenho uma certa nostalgia desse nosso Brasil inocente, mas que também faz espionagem, explora os médicos cubanos, derruba viadutos, sonha com censura e que, de fato, tem uma língua tão ou mais complicada que o alemão.
Essa língua que os nossos políticos já estão falando por conta das eleições...
Assim era o nosso mundo, feito de países de elite: grandes, adiantados, civilizados e resolvidos. Neles, nada faltava e por isso eram o oposto do Brasil, onde faltava tudo
Sou do tempo em que se discutia qual era o maior país do mundo. Éramos tão ignorantes e ingênuos que, mesmo neste vale de lágrimas, acreditávamos na existência de nações sem problemas.
Um sujeito dizia que a França era o cara; mas um outro arguia que não: o lugar era dos alemães porque, além da excelência nas suas máquinas inquebrantáveis, eles tinham reinventado a religião, a literatura e a música. Já um terceiro lembrava que os americanos ganharam o guerra e que, sem ter tido dissidências internas que desembocavam no terror ou no nazismo, davam valor à iniciativa individual e inventaram o filme colorido e musicado. Mal dizia isso, porém, um outro notava a velha Inglaterra da Revolução Industrial e do estado de bem-estar social. O primeiro país a equilibrar democracia com aristocracia, equilibrando ricos e pobres. Essas classes que em todo lugar viviam sem classe.
Era a deixa para alguém falar da União Soviética e situá-la como o modelo de um paraíso já em curso. Avassalador e irresistível como a manifestação mais clara das leis do progresso histórico, liberada pelo partido — esse instrumento da liberdade concreta e do fim do ardil burguês — do capitalismo condenado à morte pelo seu próprio funcionamento.
Tal era o debate nos meus tempos de juventude quando, numa praia de Icaraí sem poluição, eu ouvia o Pezinho, o Silvinho, o Enylton e o Moliterno, para ficar nos mais queridos, essas preocupações que se reproduziam na casa de vovô Raul quando meus tios discordavam sobre os melhores automóveis, navios, aviões e, creiam-me!, navalhas. Aliás, esse era o único assunto que fazia meu pai falar e introduzir no campo dos países exemplares a Suécia, pois somente ele barbeava-se com o inigualável aço de navalhas escandinavas.
Com a Suécia, surgia a Holanda. Uma Holanda conhecida pelos moinhos de vento, pois nada sabíamos de sua trajetória cultural marcada pelo calvinismo, pelo grande Espinosa e pelas suas famosas putas em vitrines, como a confirmar o que freudianamente sobra quando se combate extremadamente a sexualidade. Havia um imenso toque de provincianismo e pós-guerra nesses debates, razão pela qual surgia o Japão como eventual bandido e a China como uma espécie de doente perdido e, imaginem, irrecuperável.
À nossa pátria — esse Brasil feito de lusitanos, índios e negros escravos — que era o lanterninha do mundo, cabia o papel de ator estreante cujas linhas mal decoradas não convenciam no palco onde brilhavam esses gigantes “adiantados” que por suposto e definição haviam dado certo e resolvido tudo.
Isso era tão verdadeiro que ouvi de um professor que a própria língua já determinava o lugar das “raças humanas”, conforme era comum classificar as sociedades daqueles dias antigos e ferozes. “Tome o alemão. Só um sujeito inteligentíssimo pode dominar essa língua complexa, criativa e desenhada para a filosofia!”, dizia ele. “E o português?”, perguntou um colega. “Bem — respondeu o mestre sorrindo — a nossa língua pátria é boa para o samba, para a anedota e para o mais ou menos!”
Mais tarde, descobri que o professor havia tentado aprender alemão com um refugiado de guerra; um tal de Otto Folterer, e que o instrutor o havia feito desistir por “falta de inteligência”. Quando timidamente eu perguntei do meu canto como é que se explicava que na Alemanha as crianças falavam alemão, ninguém me deu atenção. Eram todos, como os gregos antigos, inteligentíssimos, tal como os holandeses, que, não sei bem por que, teriam essa afinidade com os helenos e os germânicos. Segundo a lenda, os holandeses seriam capazes de entender todas a línguas, desde que o estrangeiro falasse devagar, soletrando as palavras.
Foi o que ocorreu com o Soares quando ele viajou para o Holanda. Sem saber uma virgula de holandês, lembrou-se do detalhe e pediu ao esguio e atencioso garçom holandês um bife bem passado com fritas e um chope gelado pronunciando cada palavra monossilabicamente. Minutos depois, chegou o garçom com o pedido. “Como você me entendeu?” inquiriu o Soares. “Eu também sou da terrinha...” disse o holandês devagar, detendo-se como ele em cada silaba. “E por que Diabos — explodiu Soares — estamos falando holandês?”
Assim era o nosso mundo, feito de países de elite: grandes, adiantados, civilizados e resolvidos. Neles, nada faltava e por isso eram o oposto do Brasil, onde faltava tudo, até mesmo uma língua inteligente e um conflito brutal, mas indispensável ao progresso.
Quando eu olho para a crise europeia, apavoro-me com o radicalismo político americano que paralisa o governo, vejo como a grande esquerda francesa e russa esboroou-se, tenho uma certa nostalgia desse nosso Brasil inocente, mas que também faz espionagem, explora os médicos cubanos, derruba viadutos, sonha com censura e que, de fato, tem uma língua tão ou mais complicada que o alemão.
Essa língua que os nossos políticos já estão falando por conta das eleições...
A dor de cotovelo do marechal e a República - FERNANDO MARTINS
GAZETA DO POVO - PR - 13/11
No recém-lançado livro 1889, o jornalista Laurentino Gomes levanta a hipótese de que pode ter sido a dor de cotovelo do marechal Deodoro da Fonseca que desencadeou a proclamação da República – que nesta semana completa 124 anos. O pouco conhecido episódio do ciúme do marechal pela Baronesa do Triunfo também simboliza a tortuosa gênese republicana do país, que produz seus efeitos até hoje na vida pública nacional.
Segundo o relato de Laurentino Gomes, a baronesa – Maria Adelaide Andrade Neves Meireles – era uma bela viúva gaúcha. Documentos indicam que Deodoro teria se sentido atraído por ela quando governou o Rio Grande do Sul, em 1883. Mas Maria Adelaide escolheu Gaspar Silveira Martins – um rival do marechal no amor e na política.
Os destinos de Deodoro e Silveira Martins voltariam a se cruzar seis anos depois, nos eventos que culminaram na instauração do regime republicano. Laurentino Gomes conta que o marechal, em nenhum momento durante o dia 15 de novembro, derrubou a monarquia. Deodoro, que era o líder do golpe militar, tão-somente afastou da chefia do governo parlamentar o Visconde de Ouro Preto, considerado um perseguidor do Exército.
Foi somente na madrugada do dia 16 que Deodoro concordou em instituir a República, como pedia uma ala dos militares insatisfeitos. A decisão do chefe do movimento foi tomada quando ele soube que dom Pedro II havia convocado Silveira Martins para chefiar o novo gabinete. Laurentino Gomes especula que o ciúme do marechal em relação ao rival tenha contribuído para pôr fim ao Império. Sem o prestígio de Deodoro e diante de uma eventual recusa dele em propor a mudança de regime, a nação talvez pudesse ter permanecido uma monarquia.
Assim, a República brasileira teve, nas palavras de Gomes, uma “madrinha secreta”. O curioso é que a “musa” da proclamação e os demais personagens envolvidos eram todos da aristocracia rural ou militar. E que a alvorada do republicanismo nacional teve um forte componente personalista. O elitismo e o personalismo, que pouco combinam com uma verdadeira República, continuam a ser marcas da vida pública nacional mais de um século depois.
É sintomático ainda comparar a madrinha republicana do Brasil com o símbolo universal da República – a efígie de Marianne, que pode ser vista em qualquer nota de real. Marianne foi concebida como uma musa pelos republicanos franceses. Ela não é uma pessoa de carne e osso, marcando a impessoalidade da República ideal, que não faz diferença entre cidadãos. Marianne – a contração dos dois nomes femininos mais comuns na França do século 18 (Marie e Anne) – é ainda a personificação do povo, em contraposição à aristocracia.
No recém-lançado livro 1889, o jornalista Laurentino Gomes levanta a hipótese de que pode ter sido a dor de cotovelo do marechal Deodoro da Fonseca que desencadeou a proclamação da República – que nesta semana completa 124 anos. O pouco conhecido episódio do ciúme do marechal pela Baronesa do Triunfo também simboliza a tortuosa gênese republicana do país, que produz seus efeitos até hoje na vida pública nacional.
Segundo o relato de Laurentino Gomes, a baronesa – Maria Adelaide Andrade Neves Meireles – era uma bela viúva gaúcha. Documentos indicam que Deodoro teria se sentido atraído por ela quando governou o Rio Grande do Sul, em 1883. Mas Maria Adelaide escolheu Gaspar Silveira Martins – um rival do marechal no amor e na política.
Os destinos de Deodoro e Silveira Martins voltariam a se cruzar seis anos depois, nos eventos que culminaram na instauração do regime republicano. Laurentino Gomes conta que o marechal, em nenhum momento durante o dia 15 de novembro, derrubou a monarquia. Deodoro, que era o líder do golpe militar, tão-somente afastou da chefia do governo parlamentar o Visconde de Ouro Preto, considerado um perseguidor do Exército.
Foi somente na madrugada do dia 16 que Deodoro concordou em instituir a República, como pedia uma ala dos militares insatisfeitos. A decisão do chefe do movimento foi tomada quando ele soube que dom Pedro II havia convocado Silveira Martins para chefiar o novo gabinete. Laurentino Gomes especula que o ciúme do marechal em relação ao rival tenha contribuído para pôr fim ao Império. Sem o prestígio de Deodoro e diante de uma eventual recusa dele em propor a mudança de regime, a nação talvez pudesse ter permanecido uma monarquia.
Assim, a República brasileira teve, nas palavras de Gomes, uma “madrinha secreta”. O curioso é que a “musa” da proclamação e os demais personagens envolvidos eram todos da aristocracia rural ou militar. E que a alvorada do republicanismo nacional teve um forte componente personalista. O elitismo e o personalismo, que pouco combinam com uma verdadeira República, continuam a ser marcas da vida pública nacional mais de um século depois.
É sintomático ainda comparar a madrinha republicana do Brasil com o símbolo universal da República – a efígie de Marianne, que pode ser vista em qualquer nota de real. Marianne foi concebida como uma musa pelos republicanos franceses. Ela não é uma pessoa de carne e osso, marcando a impessoalidade da República ideal, que não faz diferença entre cidadãos. Marianne – a contração dos dois nomes femininos mais comuns na França do século 18 (Marie e Anne) – é ainda a personificação do povo, em contraposição à aristocracia.
Aventura no delta - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 13/11
De repente, as ondas resolveram brincar de dar susto.Repetidamente, levantavam o barco a dois metros dealtura e largavam
Em nossas viagens pelo Brasil, já vivemos alguns momentos de emoção e medo, minha mulher e eu. Juntos com Lucia e Luis Fernando Verissimo, estivemos à deriva numa canoa, no Rio Negro, à meia-noite, cercados por jacarés. No Jalapão, no Tocantins, o risco foi menor, mas não nossa proeza. Como nessa região a natureza apresenta grande diversidade, é possível passar por cachoeiras, rios de águas cristalinas, corredeiras, flores, animais exóticos, até chegar ao platô conhecido como Deserto do Jalapão. Ali, para escalar as dunas, verdadeiros paredões de areia de até 30 metros de altura, tivemos que usar os pés e as mãos, ou seja, subir de quatro, para não cair pra trás. No fim, a recompensa. Mary ouviu orgulhosa o nosso guia dizer baixinho para o motorista do jipe que nos esperava: “Tivemos sorte. Pegamos um casal de velhinhos que não deu o menor trabalho.”
A nossa aventura de agora aconteceu na semana passada durante o 4º Salipa, o Salão Literário de Paranaíba, uma cidade que dista de Teresina 350 quilômetros ou quatro horas de carro e, ao contrário da capital (38º e mais a sensação térmica), é afagada por uma brisa que sopra sem parar. Já sabíamos que existia ali um fenômeno geográfico raro, o Delta, o “único das Américas”, que tem a forma de uma mão cujos dedos são cinco afluentes que se lançam contra o oceano. Esse encontro de águas doce e salgada é considerado um passeio imperdível. E lá fomos nós, numa lancha segura, como nos garantiam. Até deixar o Igarapé dos Periquitos, tudo corria bem. Íamos observando aquela vegetação de raízes aparentes e intrincadas sobre o mangue por onde os catadores conseguem passar, não se sabe como, para realizar sua penosa atividade: mergulhar na lama para pegar caranguejo. À medida que avançávamos pelo leito do rio, as águas do mar se aproximavam como que querendo impedir nossa passagem. No começo pacíficas, logo em seguida deixaram claro que não estavam ali para facilitar as coisas. Ventava bastante e o mar estava “batido”, mas o barco avançava sem turbulência. De repente, as ondas resolveram brincar de dar susto. Repetidamente, levantavam o barco a dois metros de altura e largavam. O choque da queda, o barulho da pancada, as cabeças batendo no teto, a roupa molhada — poucas vezes senti tanto desconforto. Pensei em desistir, mas como contar para Alice que o avô dela tinha amarelado? Foi Mary quem teve a coragem de revelar o medo: “Não é melhor a gente voltar?” Era, e assim desistimos de chegar a uma das 73 ilhas da região. Foi melhor porque, dessa vez, se não fosse esse recuo, o casal de velhinhos ia dar trabalho.
De regresso à terra e já em águas fluviais serenas, quis saber do nosso experiente marinheiro se ele já vivera muitas situações de perigo. Ele se lembrava da última, quando o barco com a equipe do “Globo Repórter” encalhara e ficara ao sabor das ondas. “Quem era o repórter?”, perguntei. “Francisco José.” “E aí?” “Ele não se abalou.” Jurei que quando fosse jornalista ia ser destemido que nem ele.
De repente, as ondas resolveram brincar de dar susto.Repetidamente, levantavam o barco a dois metros dealtura e largavam
Em nossas viagens pelo Brasil, já vivemos alguns momentos de emoção e medo, minha mulher e eu. Juntos com Lucia e Luis Fernando Verissimo, estivemos à deriva numa canoa, no Rio Negro, à meia-noite, cercados por jacarés. No Jalapão, no Tocantins, o risco foi menor, mas não nossa proeza. Como nessa região a natureza apresenta grande diversidade, é possível passar por cachoeiras, rios de águas cristalinas, corredeiras, flores, animais exóticos, até chegar ao platô conhecido como Deserto do Jalapão. Ali, para escalar as dunas, verdadeiros paredões de areia de até 30 metros de altura, tivemos que usar os pés e as mãos, ou seja, subir de quatro, para não cair pra trás. No fim, a recompensa. Mary ouviu orgulhosa o nosso guia dizer baixinho para o motorista do jipe que nos esperava: “Tivemos sorte. Pegamos um casal de velhinhos que não deu o menor trabalho.”
A nossa aventura de agora aconteceu na semana passada durante o 4º Salipa, o Salão Literário de Paranaíba, uma cidade que dista de Teresina 350 quilômetros ou quatro horas de carro e, ao contrário da capital (38º e mais a sensação térmica), é afagada por uma brisa que sopra sem parar. Já sabíamos que existia ali um fenômeno geográfico raro, o Delta, o “único das Américas”, que tem a forma de uma mão cujos dedos são cinco afluentes que se lançam contra o oceano. Esse encontro de águas doce e salgada é considerado um passeio imperdível. E lá fomos nós, numa lancha segura, como nos garantiam. Até deixar o Igarapé dos Periquitos, tudo corria bem. Íamos observando aquela vegetação de raízes aparentes e intrincadas sobre o mangue por onde os catadores conseguem passar, não se sabe como, para realizar sua penosa atividade: mergulhar na lama para pegar caranguejo. À medida que avançávamos pelo leito do rio, as águas do mar se aproximavam como que querendo impedir nossa passagem. No começo pacíficas, logo em seguida deixaram claro que não estavam ali para facilitar as coisas. Ventava bastante e o mar estava “batido”, mas o barco avançava sem turbulência. De repente, as ondas resolveram brincar de dar susto. Repetidamente, levantavam o barco a dois metros de altura e largavam. O choque da queda, o barulho da pancada, as cabeças batendo no teto, a roupa molhada — poucas vezes senti tanto desconforto. Pensei em desistir, mas como contar para Alice que o avô dela tinha amarelado? Foi Mary quem teve a coragem de revelar o medo: “Não é melhor a gente voltar?” Era, e assim desistimos de chegar a uma das 73 ilhas da região. Foi melhor porque, dessa vez, se não fosse esse recuo, o casal de velhinhos ia dar trabalho.
De regresso à terra e já em águas fluviais serenas, quis saber do nosso experiente marinheiro se ele já vivera muitas situações de perigo. Ele se lembrava da última, quando o barco com a equipe do “Globo Repórter” encalhara e ficara ao sabor das ondas. “Quem era o repórter?”, perguntei. “Francisco José.” “E aí?” “Ele não se abalou.” Jurei que quando fosse jornalista ia ser destemido que nem ele.
Dilma joga damas; Lula, xadrez - LUIZ CARLOS AZEDO
CORREIO BRAZILIENSE - 13/11
Dilma procura manter os aliados no governo, tratando-os com distância regulamentar. Lula joga com a capacidade de transferir votos e criar expectativas de poder
Nove entre os 10 maiores empresários do país estão fazendo lobby para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorra às eleições presidenciais do próximo ano no lugar da presidente Dilma Rousseff. E frequentam o Instituto Lula, no Ipiranga, com muito mais assiduidade do que o gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que consideram perdido diante das dificuldades da economia. E nunca tiveram tanta saudade do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que, por breve período, foi chefe da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff e hoje vive de consultorias na área econômica.
Na verdade, Lula retroalimenta essa romaria dos empresários, que mantêm vivo o “Volta, Lula!”. Nas conversas com os políticos, o petista sempre descarta a possibilidade de disputar a próxima eleição no lugar de Dilma, mas seu olho brilha quando trata do assunto, garantem todos os interlocutores. “Se me encherem o saco, eu volto… Em 2018”, chegou a admitir durante almoço no Senado, por ocasião da festa dos 10 anos do Programa Bolsa Família, conforme revelou a repórter Denise Rothenburg na coluna Brasília-DF. Aquela foi mais uma semana na qual o ex-presidente da República roubou a cena e sufocou os esforços da presidente Dilma para ter uma marca própria de seu governo, além de pôr mais lenha na fogueira do “Volta, Lula!”
Dilma e o ex-presidente Lula operam o mesmo tabuleiro político, mas cada um tem um jogo diferente. Dilma se movimenta como quem joga damas, no qual todas as peças são iguais e se movem da mesma forma. Ganha quem capturar todas as peças do oponente. Lula joga xadrez: as peças são variadas e cada tipo faz um movimento específico. O objetivo final é comer o rei do adversário. Dilma procura manter os aliados no governo, tratando-os com distância regulamentar; é bem-sucedida porque conhece e usa o poder de cooptação da máquina do governo, ou seja, de sua caneta cheia de tinta. Lula joga com a sua capacidade de transferir votos e criar expectativas de poder, inclusive para reaproximar os ex-aliados que se desgarraram. O rei adversário nesse jogo é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que de aliado histórico dos petistas passou à oposição aberta.
Para quem quiser ouvir, Campos jura que será candidato a qualquer preço. Ele não perdoa as retaliações que sofreu do Palácio do Planalto desde que se colocou na disputa presidencial de 2014. Na conversa que selou o destino de Marina Silva e da Rede, Campos disse que será candidato mesmo que o ex-presidente Lula concorra no lugar de Dilma. Foi somente após essa resposta que a ex-senadora decidiu ser vice na chapa de Campos e recomendar aos militantes da Rede a entrada em bloco no PSB. Na noite do acordo, Campos ligou duas vezes para Lula e não foi atendido. Considerou o ex-presidente da República informado de sua decisão, o que só veio acontecer pelos jornais, no dia seguinte. Em 27 de outubro, Campos ligou para Lula novamente, para dar os parabéns pelo aniversário do ex-presidente. Conversaram como se nada demais houvesse ocorrido: “Eduardo, estaremos juntos como sempre”. É ou não um jogo de xadrez?
Miscelânea
Guerra fiscal/ A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou projeto de lei complementar do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) que disciplina a compensação das perdas dos estados com a redução das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). São reduzidas para 4% e 7% as atuais alíquotas interestaduais, de 7% e 12%, com exceção dos produtos da Zona Franca de Manaus e do gás natural, que continuariam com 12%. O placar de 12 a 8 na CAE mostra que a guerra entre a União e os estados está só começando no Senado.
Pessimista/ Nunca o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esteve tão jururu, nem mesmo quando enfrentou grave problema de saúde na família. Anda pessimista porque não consegue reduzir os gastos do governo e os indicadores da economia sinalizam baixo crescimento para 2014.
Na verdade, Lula retroalimenta essa romaria dos empresários, que mantêm vivo o “Volta, Lula!”. Nas conversas com os políticos, o petista sempre descarta a possibilidade de disputar a próxima eleição no lugar de Dilma, mas seu olho brilha quando trata do assunto, garantem todos os interlocutores. “Se me encherem o saco, eu volto… Em 2018”, chegou a admitir durante almoço no Senado, por ocasião da festa dos 10 anos do Programa Bolsa Família, conforme revelou a repórter Denise Rothenburg na coluna Brasília-DF. Aquela foi mais uma semana na qual o ex-presidente da República roubou a cena e sufocou os esforços da presidente Dilma para ter uma marca própria de seu governo, além de pôr mais lenha na fogueira do “Volta, Lula!”
Dilma e o ex-presidente Lula operam o mesmo tabuleiro político, mas cada um tem um jogo diferente. Dilma se movimenta como quem joga damas, no qual todas as peças são iguais e se movem da mesma forma. Ganha quem capturar todas as peças do oponente. Lula joga xadrez: as peças são variadas e cada tipo faz um movimento específico. O objetivo final é comer o rei do adversário. Dilma procura manter os aliados no governo, tratando-os com distância regulamentar; é bem-sucedida porque conhece e usa o poder de cooptação da máquina do governo, ou seja, de sua caneta cheia de tinta. Lula joga com a sua capacidade de transferir votos e criar expectativas de poder, inclusive para reaproximar os ex-aliados que se desgarraram. O rei adversário nesse jogo é o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que de aliado histórico dos petistas passou à oposição aberta.
Para quem quiser ouvir, Campos jura que será candidato a qualquer preço. Ele não perdoa as retaliações que sofreu do Palácio do Planalto desde que se colocou na disputa presidencial de 2014. Na conversa que selou o destino de Marina Silva e da Rede, Campos disse que será candidato mesmo que o ex-presidente Lula concorra no lugar de Dilma. Foi somente após essa resposta que a ex-senadora decidiu ser vice na chapa de Campos e recomendar aos militantes da Rede a entrada em bloco no PSB. Na noite do acordo, Campos ligou duas vezes para Lula e não foi atendido. Considerou o ex-presidente da República informado de sua decisão, o que só veio acontecer pelos jornais, no dia seguinte. Em 27 de outubro, Campos ligou para Lula novamente, para dar os parabéns pelo aniversário do ex-presidente. Conversaram como se nada demais houvesse ocorrido: “Eduardo, estaremos juntos como sempre”. É ou não um jogo de xadrez?
Miscelânea
Guerra fiscal/ A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou projeto de lei complementar do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) que disciplina a compensação das perdas dos estados com a redução das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). São reduzidas para 4% e 7% as atuais alíquotas interestaduais, de 7% e 12%, com exceção dos produtos da Zona Franca de Manaus e do gás natural, que continuariam com 12%. O placar de 12 a 8 na CAE mostra que a guerra entre a União e os estados está só começando no Senado.
Pessimista/ Nunca o ministro da Fazenda, Guido Mantega, esteve tão jururu, nem mesmo quando enfrentou grave problema de saúde na família. Anda pessimista porque não consegue reduzir os gastos do governo e os indicadores da economia sinalizam baixo crescimento para 2014.
Ueba! Dilma encarou o Peru! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 13/11
Viu como se chama o novo filme do Thor? 'Thor, O Mundo Sombrio.' O Thor vai andar de busão, de 'cata-lôco'
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o Vandenburgo Luxerlei foi demitido! O Wanderley Luxemburro! Com cara de Waldick Soriano e terno de pastor da Universal!
E essa mania de chamar técnico de professor? Então eles deviam receber salário de professor. Todo técnico chamado de professor tem que receber salário de professor! Rarará!
E a Dilma no Peru? Diz que a Dilma foi pro Peru porque o Peru tá crescendo! "Maantega, eu quero ver o Peru crescer." Dilma foi pro Peru pra se encontrar com o Humala! Encontro de malas. Patrocínio Samsonite.
E no Peru tem um partido chamado Peru em Mãos Firmes! O Peru é um trocadilho. Por isso que eu sempre sugiro mudar o nome do país pra Perereca. Pra gente mudar de trocadilho! Rarará!
E o Eikex Fudidex? Novas empresas do Eike: Calotex, Durex e Jontex! Jontex é pra proteger os membros da Calotex! O Rei do Xis-Salada! O Eike é o nosso X-Man. O Wolverine é o pai do Thor.
Aliás, você viu como se chama o novo filme do Thor? "Thor, o Mundo Sombrio." O Thor vai andar de busão, de "cata-lôco". Em Osasco, chamam ônibus de "cata-lôco". E no Recife, de "cata-corno"! Rarará!
E como disse um amigo: "O Eike perde 92% da fortuna e continua milionário, se eu perder 8% da minha, sobram R$ 19". Rarará!
E como diz o outro: "Eu nem tenho 92% pra perder". E um leitor disse que o Eike parece o Zé Carioca, que vivia fugindo dos credores! Rarará!
E os mensaleiros? O Piauí Herald já tem nomes mais sugestivos para os presídios: Centro Recreativo Delúbio Soares, Mosteiro José Sarney, Recanto do Beira-Mar.
E eu sugiro um mais atual: Hospedaria do Zé Dirceu! Só pros colegas dele! Rarará! E os fiscais em São Paulo roubaram R$ 500 milhões! Ou seja, 50 mensalões!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende! Cartaz na 25 de Março: "Precisa de foncinaria". Rarará!
E olha essa placa no bar em Itaparica: "A iveja é a arma dos PREGRISOÇOS". Eu adoro porque as letras estão certas, mas a posição é aleatória. E essa em Minas: "Feiche a porta! Ambinte Familiar". Mas se o ambinte é familiar, pra que feichar a porta? Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Viu como se chama o novo filme do Thor? 'Thor, O Mundo Sombrio.' O Thor vai andar de busão, de 'cata-lôco'
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o Vandenburgo Luxerlei foi demitido! O Wanderley Luxemburro! Com cara de Waldick Soriano e terno de pastor da Universal!
E essa mania de chamar técnico de professor? Então eles deviam receber salário de professor. Todo técnico chamado de professor tem que receber salário de professor! Rarará!
E a Dilma no Peru? Diz que a Dilma foi pro Peru porque o Peru tá crescendo! "Maantega, eu quero ver o Peru crescer." Dilma foi pro Peru pra se encontrar com o Humala! Encontro de malas. Patrocínio Samsonite.
E no Peru tem um partido chamado Peru em Mãos Firmes! O Peru é um trocadilho. Por isso que eu sempre sugiro mudar o nome do país pra Perereca. Pra gente mudar de trocadilho! Rarará!
E o Eikex Fudidex? Novas empresas do Eike: Calotex, Durex e Jontex! Jontex é pra proteger os membros da Calotex! O Rei do Xis-Salada! O Eike é o nosso X-Man. O Wolverine é o pai do Thor.
Aliás, você viu como se chama o novo filme do Thor? "Thor, o Mundo Sombrio." O Thor vai andar de busão, de "cata-lôco". Em Osasco, chamam ônibus de "cata-lôco". E no Recife, de "cata-corno"! Rarará!
E como disse um amigo: "O Eike perde 92% da fortuna e continua milionário, se eu perder 8% da minha, sobram R$ 19". Rarará!
E como diz o outro: "Eu nem tenho 92% pra perder". E um leitor disse que o Eike parece o Zé Carioca, que vivia fugindo dos credores! Rarará!
E os mensaleiros? O Piauí Herald já tem nomes mais sugestivos para os presídios: Centro Recreativo Delúbio Soares, Mosteiro José Sarney, Recanto do Beira-Mar.
E eu sugiro um mais atual: Hospedaria do Zé Dirceu! Só pros colegas dele! Rarará! E os fiscais em São Paulo roubaram R$ 500 milhões! Ou seja, 50 mensalões!
É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Brasileiro escreve tudo errado, mas todo mundo se entende! Cartaz na 25 de Março: "Precisa de foncinaria". Rarará!
E olha essa placa no bar em Itaparica: "A iveja é a arma dos PREGRISOÇOS". Eu adoro porque as letras estão certas, mas a posição é aleatória. E essa em Minas: "Feiche a porta! Ambinte Familiar". Mas se o ambinte é familiar, pra que feichar a porta? Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Humanidade desumana - RODRIGO CRAVEIRO
CORREIO BRAZILIENSE - 13/11
Vivemos uma guerra, na qual somos nosso pior inimigo. Em Goiânia, o executor ordena que policial civil coloque o filho de 5 anos no chão, antes de matá-lo e de ferir a criança e a mãe. Em Pirenópolis, uma professora de piano é brutalmente assassinada dentro de casa. Em Ribeirão Preto (SP), o padrasto e a mãe do menino Joaquim, de 3 anos, são suspeitos da morte dele e de lançar o corpo em um córrego. De dentro das penitenciárias de São Paulo, a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) planejou matar o governador Geraldo Alckmin, e determinou a execução de crianças. No Maranhão, facções criminosas mandam eliminar 10 agentes da lei. Aqui em Brasília, sequestros relâmpagos acontecem em plena luz do dia e a poucos quilômetros do centro do governo. E muitos daqueles que decidem nossos destinos perderam valores morais, subjugados pela força inescrupulosa do dinheiro e pela arrogância do poder.
Leis frouxas, Justiça morosa e práticas permissivas na esfera pública acabam nos tornando reféns de nossos próprios erros e de nossa selvageria. Os presídios lotados e transformados em depósitos de gente - verdadeiras escolas do crime - estão longe do propósito de ressocialização. Tornaram-se espécie de centro do ócio e de reciclagem da marginalidade. Algumas igrejas transformaram-se em bastiões de estelionatários, ávidos em oferecer prosperidade espiritual em troca da riqueza material. O desespero e a falta de perspectivas de uma parte da população, abandonada à própria sorte, são um convite ao deleite de alguns "pastores".
A inexistência de uma cultura de paz e de políticas sociais calcadas na valorização do emprego, a despeito do populismo oculto por trás das cestas básicas e do tão propalado Programa Bolsa Família, torna nosso futuro ainda mais sombrio. Em um país no qual se valoriza brutamontes se matando em um ringue, a novela das oito quase glamoriza a promiscuidade e o adultério, e o humorístico das noites de domingo exalta o preconceito ao "pobre" e achincalha a mulher, é de se pensar que quase tudo está perdido. Quem já teve uma arma apontada para a cabeça - como eu, durante um sequestro relâmpago, em 1995 - vislumbra essa inversão de valores. Nossas vidas estão nas mãos de marginais e não nos braços do Estado, que deveria ser o provedor do bem-estar social e da segurança. Estamos entregues à própria sorte em uma luta diária pela sobrevivência. Salve-se quem puder.
Leis frouxas, Justiça morosa e práticas permissivas na esfera pública acabam nos tornando reféns de nossos próprios erros e de nossa selvageria. Os presídios lotados e transformados em depósitos de gente - verdadeiras escolas do crime - estão longe do propósito de ressocialização. Tornaram-se espécie de centro do ócio e de reciclagem da marginalidade. Algumas igrejas transformaram-se em bastiões de estelionatários, ávidos em oferecer prosperidade espiritual em troca da riqueza material. O desespero e a falta de perspectivas de uma parte da população, abandonada à própria sorte, são um convite ao deleite de alguns "pastores".
A inexistência de uma cultura de paz e de políticas sociais calcadas na valorização do emprego, a despeito do populismo oculto por trás das cestas básicas e do tão propalado Programa Bolsa Família, torna nosso futuro ainda mais sombrio. Em um país no qual se valoriza brutamontes se matando em um ringue, a novela das oito quase glamoriza a promiscuidade e o adultério, e o humorístico das noites de domingo exalta o preconceito ao "pobre" e achincalha a mulher, é de se pensar que quase tudo está perdido. Quem já teve uma arma apontada para a cabeça - como eu, durante um sequestro relâmpago, em 1995 - vislumbra essa inversão de valores. Nossas vidas estão nas mãos de marginais e não nos braços do Estado, que deveria ser o provedor do bem-estar social e da segurança. Estamos entregues à própria sorte em uma luta diária pela sobrevivência. Salve-se quem puder.
A eficácia dos drones - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 13/11
PARIS - Há três semanas, em 23 de outubro, o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, ao ser recebido em Washington, pedia ao presidente americano, Barack Obama, para pôr fim a sua paixão pelos drones, esses aviões teleguiados que matam com uma precisão matemática os terroristas islâmicos - e quem quer que esteja em seu caminho ou seja confundido com eles.
Alguns dias depois, um drone dava um novo tiro certeiro e matava, no Paquistão, o terrível chefe do Taleban paquistanês, Hakimullah Mehsud.
Conclui-se daí que Obama não se dobrou às súplicas do premiê paquistanês.
É bem verdade que a vítima do ataque com drone não era muito inclinado à compaixão. Este sujeito, que operava no noroeste pashtun do Paquistão, era uma criatura sinistra. Ele detonava bombas em mercados e mesquitas, assassinava elementos das forças da ordem, eliminava seus rivais "heréticos" (isto é, xiitas e sufis) porque defendia um Islã sunita wahabita (a corrente que defende o retorno da civilização à "pureza" dos primórdios do islamismo, no século 7.°, quando foi fundado pelo Profeta Maomé).
Viva o drone, portanto, máquina de uma eficácia monstruosa que abateu um homem que ameaçava o frágil equilíbrio do Paquistão!
Infelizmente, o Taleban paquistanês não ficou acéfalo por muito tempo. Oito dias após a morte de Mehsud, era nomeado seu sucessor. E o sucessor não é brincadeira.
Trata-se do clérigo Maulana Fazlullah, conhecido não só pelo rosto envolvido em farta barba e o uso de um grande turbante negro, mas também por suas façanhas. Foi ele que, em 2012, tentou assassinar a jovem Malala Yousafzai, que fazia campanha pela escolarização de meninas no norte do Paquistão.
Orador inspirado, Fazlullah mandou incendiar lojas de discos, ordenou que escolares usassem a burca e proibiu barbeiros de rasparem o cabelo de seus clientes.
Antes, de 2007 a 2009, existia uma milícia regular chamada Brigada dos Mártires de Al-Aqsa que atacava delegacias de polícia. Em 2009, o Exército regular paquistanês retomou a região do Vale do Swat e o mulá Fazlullah fugiu para o vizinho Afeganistão, de onde lança seus ataques assassinos no Paquistão.
Assim, a proeza do drone teria tido o seguinte resultado: um homem sanguinário e mortífero é sucedido por outro ainda mais sombrio, mais sanguinário e mais sinistro, cuja obsessão é fazer imperar em seu país a sharia, esta justiça com base na lei islâmica que corta mãos e apedreja até a morte mulheres adúlteras ou moças despudoradas.
E isso não é tudo. Até agora, o Taleban paquistanês estava dividido em dois ramos rivais. Mas o mulá Fazlullah foi nomeado chefe desses dois ramos ao mesmo tempo. Isto é, o terrorismo reconstrói sua unidade e por isso vai ter eficácia bem maior do que tinha.
Há alguns meses, o poder legal do primeiro-ministro paquistanês, Narwaz Sharif, multiplicava as aberturas para assinar um cessar-fogo com o Taleban nas zonas tribais. Progressos tinham sido alcançados. A morte de Mehsud e a ascensão ao poder do mulá Fazlullah fazem caducar essas tentativas.
O governo fraco de Sharif não parece estar à altura de intimidar o temível Fazlullah. E os americanos - que já não eram muito populares no Paquistão, mesmo antes de um de seus drones matar Hakimullah Mehsud -, são hoje denunciados como o principal fator de instabilidade do país.
Conclusão: o drone americano deu um tiro certeiro, é fato, mas com que finalidade?
PARIS - Há três semanas, em 23 de outubro, o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, ao ser recebido em Washington, pedia ao presidente americano, Barack Obama, para pôr fim a sua paixão pelos drones, esses aviões teleguiados que matam com uma precisão matemática os terroristas islâmicos - e quem quer que esteja em seu caminho ou seja confundido com eles.
Alguns dias depois, um drone dava um novo tiro certeiro e matava, no Paquistão, o terrível chefe do Taleban paquistanês, Hakimullah Mehsud.
Conclui-se daí que Obama não se dobrou às súplicas do premiê paquistanês.
É bem verdade que a vítima do ataque com drone não era muito inclinado à compaixão. Este sujeito, que operava no noroeste pashtun do Paquistão, era uma criatura sinistra. Ele detonava bombas em mercados e mesquitas, assassinava elementos das forças da ordem, eliminava seus rivais "heréticos" (isto é, xiitas e sufis) porque defendia um Islã sunita wahabita (a corrente que defende o retorno da civilização à "pureza" dos primórdios do islamismo, no século 7.°, quando foi fundado pelo Profeta Maomé).
Viva o drone, portanto, máquina de uma eficácia monstruosa que abateu um homem que ameaçava o frágil equilíbrio do Paquistão!
Infelizmente, o Taleban paquistanês não ficou acéfalo por muito tempo. Oito dias após a morte de Mehsud, era nomeado seu sucessor. E o sucessor não é brincadeira.
Trata-se do clérigo Maulana Fazlullah, conhecido não só pelo rosto envolvido em farta barba e o uso de um grande turbante negro, mas também por suas façanhas. Foi ele que, em 2012, tentou assassinar a jovem Malala Yousafzai, que fazia campanha pela escolarização de meninas no norte do Paquistão.
Orador inspirado, Fazlullah mandou incendiar lojas de discos, ordenou que escolares usassem a burca e proibiu barbeiros de rasparem o cabelo de seus clientes.
Antes, de 2007 a 2009, existia uma milícia regular chamada Brigada dos Mártires de Al-Aqsa que atacava delegacias de polícia. Em 2009, o Exército regular paquistanês retomou a região do Vale do Swat e o mulá Fazlullah fugiu para o vizinho Afeganistão, de onde lança seus ataques assassinos no Paquistão.
Assim, a proeza do drone teria tido o seguinte resultado: um homem sanguinário e mortífero é sucedido por outro ainda mais sombrio, mais sanguinário e mais sinistro, cuja obsessão é fazer imperar em seu país a sharia, esta justiça com base na lei islâmica que corta mãos e apedreja até a morte mulheres adúlteras ou moças despudoradas.
E isso não é tudo. Até agora, o Taleban paquistanês estava dividido em dois ramos rivais. Mas o mulá Fazlullah foi nomeado chefe desses dois ramos ao mesmo tempo. Isto é, o terrorismo reconstrói sua unidade e por isso vai ter eficácia bem maior do que tinha.
Há alguns meses, o poder legal do primeiro-ministro paquistanês, Narwaz Sharif, multiplicava as aberturas para assinar um cessar-fogo com o Taleban nas zonas tribais. Progressos tinham sido alcançados. A morte de Mehsud e a ascensão ao poder do mulá Fazlullah fazem caducar essas tentativas.
O governo fraco de Sharif não parece estar à altura de intimidar o temível Fazlullah. E os americanos - que já não eram muito populares no Paquistão, mesmo antes de um de seus drones matar Hakimullah Mehsud -, são hoje denunciados como o principal fator de instabilidade do país.
Conclusão: o drone americano deu um tiro certeiro, é fato, mas com que finalidade?
O show não pode parar - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 13/11
A sociedade do espetáculo, que não tem limites, quer consumir rapidamente o talento dos craques
Após o primeiro sorteio de ingressos para a Copa, o diário argentino esportivo "Olé" chamou de vergonha o baixíssimo número de bilhetes recebidos pelos argentinos. Dos 266 mil pedidos, apenas 4.500 (menos de 2%) foram atendidos. Os Estados Unidos pediram 374 mil e receberam 65 mil (quase 20%). Outros países sul-americanos, principalmente a Colômbia, receberam muito mais bilhetes que os argentinos.
A Fifa disse que foi azar da Argentina. Mas a enorme diferença contraria a lei das probabilidades. Muitos desconfiam que houve trapaça da Fifa e da CBF. Dizer isso seria uma atitude paranoica ou tudo é possível neste estranho mundo, que não sei se caminha de volta às trevas ou para um novo Iluminismo?
A Argentina é, disparado, o país que traz mais turistas ao Brasil. Nos pouco mais de cinco milhões por ano, mais ou menos 30% são argentinos (1,5 milhão). Dos Estados Unidos, segundo lugar, chega à metade.
Um grande número de torcedores argentinos já avisou que virá, mesmo sem ingresso. Confusões à vista. Eles estão eufóricos com a seleção. O time titular não perde há mais de dois anos. Neste período, ganhou duas vezes do Brasil e de todos os grandes da Europa. Na derrota, fora de casa, para o Uruguai, pelas eliminatórias, a Argentina atuou com a equipe reserva. A derrota para o Brasil, com apenas jogadores que atuam nos dois países, não tem nada a ver com as seleções principais.
Os argentinos, e todo o mundo, estão preocupados com mais uma lesão muscular de Messi. Uma das razões é o fato de ele ter jogado os 90 minutos de todas as partidas. Messi não é um craque virtual. Ele é real.
Messi quis quebrar todos os recordes. O Barcelona apoiou, e a sociedade do espetáculo, que não tem limites, na qual está inserido o futebol, quer lucrar e consumir rapidamente o talento dos craques. Há outros na fila. Neymar pode ser o próximo. O show não pode parar.
Muitos torcedores e jornalistas brasileiros estão ansiosos, apressados, para comparar Neymar e Messi. Se Neymar fizer um gol espetacular, vão questionar quem é o melhor do mundo. Isso deve acontecer com o tempo, naturalmente. Está cedo para terminar o esplendor de Messi. Por causa do conturbado ano, aumentam as chances, se estiver bem fisicamente, de Messi brilhar mais ainda em 2014. O melhor de 2013 é Cristiano Ronaldo. Os que são eleitos melhores do mundo no ano anterior costumam jogar mal a Copa.
O talento e o jogo de futebol estão mais próximos do imaginário e do encanto do que do simbólico e dos números. Mede-se a eficiência de um craque ou de um time mais pelo fascínio que exercem do que pelas estatísticas. O Cruzeiro não é o melhor time do Brasileirão porque tem números muito mais expressivos, e sim porque encantou e jogou melhor que os outros.
A sociedade do espetáculo, que não tem limites, quer consumir rapidamente o talento dos craques
Após o primeiro sorteio de ingressos para a Copa, o diário argentino esportivo "Olé" chamou de vergonha o baixíssimo número de bilhetes recebidos pelos argentinos. Dos 266 mil pedidos, apenas 4.500 (menos de 2%) foram atendidos. Os Estados Unidos pediram 374 mil e receberam 65 mil (quase 20%). Outros países sul-americanos, principalmente a Colômbia, receberam muito mais bilhetes que os argentinos.
A Fifa disse que foi azar da Argentina. Mas a enorme diferença contraria a lei das probabilidades. Muitos desconfiam que houve trapaça da Fifa e da CBF. Dizer isso seria uma atitude paranoica ou tudo é possível neste estranho mundo, que não sei se caminha de volta às trevas ou para um novo Iluminismo?
A Argentina é, disparado, o país que traz mais turistas ao Brasil. Nos pouco mais de cinco milhões por ano, mais ou menos 30% são argentinos (1,5 milhão). Dos Estados Unidos, segundo lugar, chega à metade.
Um grande número de torcedores argentinos já avisou que virá, mesmo sem ingresso. Confusões à vista. Eles estão eufóricos com a seleção. O time titular não perde há mais de dois anos. Neste período, ganhou duas vezes do Brasil e de todos os grandes da Europa. Na derrota, fora de casa, para o Uruguai, pelas eliminatórias, a Argentina atuou com a equipe reserva. A derrota para o Brasil, com apenas jogadores que atuam nos dois países, não tem nada a ver com as seleções principais.
Os argentinos, e todo o mundo, estão preocupados com mais uma lesão muscular de Messi. Uma das razões é o fato de ele ter jogado os 90 minutos de todas as partidas. Messi não é um craque virtual. Ele é real.
Messi quis quebrar todos os recordes. O Barcelona apoiou, e a sociedade do espetáculo, que não tem limites, na qual está inserido o futebol, quer lucrar e consumir rapidamente o talento dos craques. Há outros na fila. Neymar pode ser o próximo. O show não pode parar.
Muitos torcedores e jornalistas brasileiros estão ansiosos, apressados, para comparar Neymar e Messi. Se Neymar fizer um gol espetacular, vão questionar quem é o melhor do mundo. Isso deve acontecer com o tempo, naturalmente. Está cedo para terminar o esplendor de Messi. Por causa do conturbado ano, aumentam as chances, se estiver bem fisicamente, de Messi brilhar mais ainda em 2014. O melhor de 2013 é Cristiano Ronaldo. Os que são eleitos melhores do mundo no ano anterior costumam jogar mal a Copa.
O talento e o jogo de futebol estão mais próximos do imaginário e do encanto do que do simbólico e dos números. Mede-se a eficiência de um craque ou de um time mais pelo fascínio que exercem do que pelas estatísticas. O Cruzeiro não é o melhor time do Brasileirão porque tem números muito mais expressivos, e sim porque encantou e jogou melhor que os outros.
Serra e o golpe do Chile - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 13/11
A Justiça chilena resolveu processar, na sexta passada, o tenente-coronel da reserva David Reyes Farías, que, em outubro de 1973, matou o major Mario Lavanderos.
O major, logo depois do golpe de Pinochet, foi destacado para cuidar dos presos estrangeiros no Estádio Nacional.
Nesta função, ele teria libertado pelo menos 68 prisioneiros, contrariando a cúpula do governo.
Veja só...
Um dos presos que ele libertou foi José Serra.
Quem achou?
Geraldo Azevedo está arrasado. Ao embarcar para a Alemanha, domingo, às 23h55m, esqueceu o seu celular, um iPhone 4S, numa cadeira do Aeroporto do Galeão, no Rio. Ali estão 20 músicas inéditas do músico. O aparelho tinha um adesivo do Vasco:
— Eu não fiz back up. Posso fazer novas músicas, melhores ou piores do que as que estavam ali. Mas nunca mais as mesmas.
A subcelebridade
Sabe Tati Neves, a “modelo” que transou com Justin Bieber na passagem dele pelo Rio? Estava ontem peladona na Praia de Abricó.
A moça deu entrevista para o tabloide inglês “The Sun” dizendo que o cantor “é bem dotado e muito bom de cama”.
É. Pode ser.
No mais...
Quem conhece a lista de amigos de Kakay em Brasília — que vai de Sarney a Zé Dirceu — não duvida que ele possa conseguir, no Congresso, uma lei de biografias a seu gosto.
Nesse caso, seria a vitória do advogado e a derrota do seu cliente, Roberto Carlos. O Rei, é pena, dificilmente escaparia da pecha de caçador de biografias.
Clássico brasileiro
“Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, ganhará, em 2014, uma nova edição em holandês, na coleção de clássicos contemporâneos da Ambo Anthos.
“Brazilië Brazilië”, como é chamado por lá, nunca saiu do catálogo da editora, nos pouco mais de 20 anos desde que foi lançado.
Aliás...
No ano que vem, a Alfaguara também prepara uma edição especial para celebrar os 30 anos da obra.
‘Xica da Silva’
O livro “Explode, coração — Histórias do Salgueiro”, que o jornalista Leonardo Bruno lança dia 26 agora, conta o dia em que a querida escola de samba acabou apanhando nas páginas da americana “Time”.
Foi no carnaval de 1963, quando o Salgueiro desfilou com o enredo “Xica da Silva”.
Segue...
Dizia a revista: “O dinheiro para as fantasias vem de economias, assaltos à mão armada, da mais antiga profissão do mundo, reuniões de bebedeira etc.”
O motivo...
E não explica o porquê. A carta, em três páginas, não tem data.
O lance é de R$ 40. Parece pouco, mas segundo Ronaldo Youle, do Leilão do Colecionismo, documentos como este podem chegar a R$ 5 mil.
UPP, eu apoio
Veja que legal. A AgeRio (Agência Estadual de Fomento) deve terminar o ano realizando duas mil operações de microcrédito nas favelas com UPPs. São operações de R$ 5 mil, em média.
Os empreendedores são cabeleireiros, donos de pousadas e armazéns.
Santa Casa resiste
A pedido de Cabral, o secretário Sérgio Cortes estuda uma forma de intervenção no hospital da Santa Casa, no Rio.
Por lá passaram alguns dos maiores médicos brasileiros. O hospital, como se sabe, atravessa grandes dificuldades.
Barra pesada
Duas brasileiras ficaram 25h presas quinta passada em Nova York. Mãe e filha foram à loja Century 21 para fazer comprinhas. Mas, na hora de pagar, o caixa descobriu que as notas eram falsas e chamou a polícia.
Elas foram enganadas, coitadas, quando compraram a moeda falsa no Rio. As duas, ufa!, podem voltar ao Brasil. A audiência final foi marcada para março de 2014.
Profissão indecente
Vai a leilão no dia 21, no Rio, esta carta escrita por Affonso Arinos de Mello Franco ao amigo, poeta e imortal Ruy Ribeiro Couto. Repare só que, na terceira linha, Mello Franco, logo ele, um grande jurista, diz que “advogado não é profissão decente no Brasil”.
O major, logo depois do golpe de Pinochet, foi destacado para cuidar dos presos estrangeiros no Estádio Nacional.
Nesta função, ele teria libertado pelo menos 68 prisioneiros, contrariando a cúpula do governo.
Veja só...
Um dos presos que ele libertou foi José Serra.
Quem achou?
Geraldo Azevedo está arrasado. Ao embarcar para a Alemanha, domingo, às 23h55m, esqueceu o seu celular, um iPhone 4S, numa cadeira do Aeroporto do Galeão, no Rio. Ali estão 20 músicas inéditas do músico. O aparelho tinha um adesivo do Vasco:
— Eu não fiz back up. Posso fazer novas músicas, melhores ou piores do que as que estavam ali. Mas nunca mais as mesmas.
A subcelebridade
Sabe Tati Neves, a “modelo” que transou com Justin Bieber na passagem dele pelo Rio? Estava ontem peladona na Praia de Abricó.
A moça deu entrevista para o tabloide inglês “The Sun” dizendo que o cantor “é bem dotado e muito bom de cama”.
É. Pode ser.
No mais...
Quem conhece a lista de amigos de Kakay em Brasília — que vai de Sarney a Zé Dirceu — não duvida que ele possa conseguir, no Congresso, uma lei de biografias a seu gosto.
Nesse caso, seria a vitória do advogado e a derrota do seu cliente, Roberto Carlos. O Rei, é pena, dificilmente escaparia da pecha de caçador de biografias.
Clássico brasileiro
“Viva o povo brasileiro”, de João Ubaldo Ribeiro, ganhará, em 2014, uma nova edição em holandês, na coleção de clássicos contemporâneos da Ambo Anthos.
“Brazilië Brazilië”, como é chamado por lá, nunca saiu do catálogo da editora, nos pouco mais de 20 anos desde que foi lançado.
Aliás...
No ano que vem, a Alfaguara também prepara uma edição especial para celebrar os 30 anos da obra.
‘Xica da Silva’
O livro “Explode, coração — Histórias do Salgueiro”, que o jornalista Leonardo Bruno lança dia 26 agora, conta o dia em que a querida escola de samba acabou apanhando nas páginas da americana “Time”.
Foi no carnaval de 1963, quando o Salgueiro desfilou com o enredo “Xica da Silva”.
Segue...
Dizia a revista: “O dinheiro para as fantasias vem de economias, assaltos à mão armada, da mais antiga profissão do mundo, reuniões de bebedeira etc.”
O motivo...
E não explica o porquê. A carta, em três páginas, não tem data.
O lance é de R$ 40. Parece pouco, mas segundo Ronaldo Youle, do Leilão do Colecionismo, documentos como este podem chegar a R$ 5 mil.
UPP, eu apoio
Veja que legal. A AgeRio (Agência Estadual de Fomento) deve terminar o ano realizando duas mil operações de microcrédito nas favelas com UPPs. São operações de R$ 5 mil, em média.
Os empreendedores são cabeleireiros, donos de pousadas e armazéns.
Santa Casa resiste
A pedido de Cabral, o secretário Sérgio Cortes estuda uma forma de intervenção no hospital da Santa Casa, no Rio.
Por lá passaram alguns dos maiores médicos brasileiros. O hospital, como se sabe, atravessa grandes dificuldades.
Barra pesada
Duas brasileiras ficaram 25h presas quinta passada em Nova York. Mãe e filha foram à loja Century 21 para fazer comprinhas. Mas, na hora de pagar, o caixa descobriu que as notas eram falsas e chamou a polícia.
Elas foram enganadas, coitadas, quando compraram a moeda falsa no Rio. As duas, ufa!, podem voltar ao Brasil. A audiência final foi marcada para março de 2014.
Profissão indecente
Vai a leilão no dia 21, no Rio, esta carta escrita por Affonso Arinos de Mello Franco ao amigo, poeta e imortal Ruy Ribeiro Couto. Repare só que, na terceira linha, Mello Franco, logo ele, um grande jurista, diz que “advogado não é profissão decente no Brasil”.
CORAÇÃO PARTIDO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 13/11
A luz amarela está acesa no Palácio do Planalto. A relação da presidente Dilma Rousseff com empresários, especialmente os de SP, teria chegado a um ponto de grave deterioração.
ATÉ TU, ABILIO?
Declarações recentes de Abilio Diniz, presidente do conselho da BRF, com críticas ao governo, são vistas como sinal mais evidente de que as coisas andam mal. Ele sempre foi considerado um dos empresários mais próximos do governo federal.
BALANÇO
O governo considera que a relação com o empresariado começou a passar por turbulências fortes há um ano, quando Dilma baixou as tarifas elétricas e impôs perdas para alguns setores. Elas aumentaram com a discussão dos termos das concessões --e chegaram ao ápice com a divulgação do resultado fiscal de setembro, o pior resultado para o mês em 17 anos.
TRAIR E COÇAR
Se os empresários manifestam insatisfação, do lado do governo a recíproca é verdadeira. Dilma teria atendido a várias demandas deles. O dólar subiu, a energia foi reduzida, a folha de pagamentos foi desonerada. Tudo somado, o governo abriu mão de pelo menos R$ 110 bilhões, o que teria comprometido o superávit. Para agora ser atacado por isso.
FERMENTO
Cresce a preocupação, no governo, de que o chamado PIB paulista decida investir pesado na candidatura presidencial de Eduardo Campos.
MELHOR AMIGA
Gilberto Kassab (PSD-SP) pediu encontro com Dilma. A princípio, ele deve ocorrer no dia 20. Pode ser antecipado para o dia 19, quando a presidente estará em SP. O ex-prefeito deve oficializar o apoio à reeleição da petista.
MELHOR AMIGA 2
Kassab e Dilma se encontraram na semana passada.
AGENDA
Em fase de negativas, ele dizia até o começo da semana que nem sequer tinha falado com Dilma. Negava também ter conversado com Lula, com quem se encontrou há alguns dias, conforme noticiado ontem pela Folha.
CASAL MODERNO
A rainha Silvia, da Suécia, ficou separada do marido no Brasil. Carlos 16 Gustavo se hospedou sozinho na suíte presidencial do hotel Tivoli, nos Jardins. Ela, em local incerto e não sabido. A assessoria que acompanha a visita afirma que, por razões de segurança, não informa onde a rainha se hospedou. Nem o motivo de o casal ficar em lugares distintos.
DESMENTIDO
Há cerca de dois anos, a monarquia sueca passou por abalos. O rei teve que vir a público desmentir que frequentava clubes de striptease e negar a existência de fotos comprometedoras com mulheres nuas. O desmentido ocorreu em meio às revelações do passado nazista do pai da rainha, que tem sangue alemão e brasileiro.
SÓ NO SAPATINHO
Anitta acaba de fechar licenciamento com a Grendene. Depois de Gisele Bündchen, Ivete Sangalo, Paula Fernandes e Shakira, a cantora vai assinar uma linha de sandálias com o nome de Prepara by Anitta.
ALÔ, OUVINTE
Jô Soares vai dirigir em 2014 a peça "Caros Ouvintes", de Otávio Martins. Estão no elenco do espetáculo Denise Del Vecchio, Mayana Neiva, Dalton Vigh e Alexandre Slaviero.
À DISTÂNCIA
Um projeto em que médicos vão acompanhar pela internet a saúde de diabéticos terá início hoje em SP. Aparelhos de medição da taxa de glicemia serão entregues a 800 usuários do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual). Eles vão repassar suas informações aos especialistas. De cada cinco idosos internados do HSPE, um tem a doença.
AMIGO DE FÉ
Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, fez parceria com o músico Paul Lafontaine, criador do projeto Alma de Batera; passou a dar aulas de bateria para deficientes visuais em oficinas semanais em SP
TEMPERO BRASILEIRO
A chef de cozinha Ana Luiza Trajano recebeu convidados anteontem na noite de autógrafos do livro "Cardápios do Brasil", na Livraria da Vila do shopping JK. O ex-jogador de futebol Raí, a empresária Chieko Aoki, a arquiteta Marina Khattar e o executivo do Magazine Luiza Joaquim Francisco de Castro Neto estiveram lá.
ÁGUA QUE PASSARINHO NÃO BEBE
A Cachaça da Tulha lançou sua Edição Única 2013 anteontem, no bar Ilha das Flores. Guto Quintella, proprietário da cachaçaria, foi o anfitrião da noite, que contou com o químico e mestre cervejeiro Erwin Weimann, a artista plástica Leda Catunda e o publicitário Luiz Lara.
CURTO-CIRCUITO
Vladimir Safatle, professor da USP e colunista da Folha, lança hoje o livro "O Dever e Seus Impasses", a partir das 19h30, na Livraria Martins Fontes da avenida Paulista.
O Prêmio Trip Transformadores 2013 será entregue hoje à noite, no Auditório Ibirapuera.
ATÉ TU, ABILIO?
Declarações recentes de Abilio Diniz, presidente do conselho da BRF, com críticas ao governo, são vistas como sinal mais evidente de que as coisas andam mal. Ele sempre foi considerado um dos empresários mais próximos do governo federal.
BALANÇO
O governo considera que a relação com o empresariado começou a passar por turbulências fortes há um ano, quando Dilma baixou as tarifas elétricas e impôs perdas para alguns setores. Elas aumentaram com a discussão dos termos das concessões --e chegaram ao ápice com a divulgação do resultado fiscal de setembro, o pior resultado para o mês em 17 anos.
TRAIR E COÇAR
Se os empresários manifestam insatisfação, do lado do governo a recíproca é verdadeira. Dilma teria atendido a várias demandas deles. O dólar subiu, a energia foi reduzida, a folha de pagamentos foi desonerada. Tudo somado, o governo abriu mão de pelo menos R$ 110 bilhões, o que teria comprometido o superávit. Para agora ser atacado por isso.
FERMENTO
Cresce a preocupação, no governo, de que o chamado PIB paulista decida investir pesado na candidatura presidencial de Eduardo Campos.
MELHOR AMIGA
Gilberto Kassab (PSD-SP) pediu encontro com Dilma. A princípio, ele deve ocorrer no dia 20. Pode ser antecipado para o dia 19, quando a presidente estará em SP. O ex-prefeito deve oficializar o apoio à reeleição da petista.
MELHOR AMIGA 2
Kassab e Dilma se encontraram na semana passada.
AGENDA
Em fase de negativas, ele dizia até o começo da semana que nem sequer tinha falado com Dilma. Negava também ter conversado com Lula, com quem se encontrou há alguns dias, conforme noticiado ontem pela Folha.
CASAL MODERNO
A rainha Silvia, da Suécia, ficou separada do marido no Brasil. Carlos 16 Gustavo se hospedou sozinho na suíte presidencial do hotel Tivoli, nos Jardins. Ela, em local incerto e não sabido. A assessoria que acompanha a visita afirma que, por razões de segurança, não informa onde a rainha se hospedou. Nem o motivo de o casal ficar em lugares distintos.
DESMENTIDO
Há cerca de dois anos, a monarquia sueca passou por abalos. O rei teve que vir a público desmentir que frequentava clubes de striptease e negar a existência de fotos comprometedoras com mulheres nuas. O desmentido ocorreu em meio às revelações do passado nazista do pai da rainha, que tem sangue alemão e brasileiro.
SÓ NO SAPATINHO
Anitta acaba de fechar licenciamento com a Grendene. Depois de Gisele Bündchen, Ivete Sangalo, Paula Fernandes e Shakira, a cantora vai assinar uma linha de sandálias com o nome de Prepara by Anitta.
ALÔ, OUVINTE
Jô Soares vai dirigir em 2014 a peça "Caros Ouvintes", de Otávio Martins. Estão no elenco do espetáculo Denise Del Vecchio, Mayana Neiva, Dalton Vigh e Alexandre Slaviero.
À DISTÂNCIA
Um projeto em que médicos vão acompanhar pela internet a saúde de diabéticos terá início hoje em SP. Aparelhos de medição da taxa de glicemia serão entregues a 800 usuários do HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual). Eles vão repassar suas informações aos especialistas. De cada cinco idosos internados do HSPE, um tem a doença.
AMIGO DE FÉ
Dudu Braga, filho de Roberto Carlos, fez parceria com o músico Paul Lafontaine, criador do projeto Alma de Batera; passou a dar aulas de bateria para deficientes visuais em oficinas semanais em SP
TEMPERO BRASILEIRO
A chef de cozinha Ana Luiza Trajano recebeu convidados anteontem na noite de autógrafos do livro "Cardápios do Brasil", na Livraria da Vila do shopping JK. O ex-jogador de futebol Raí, a empresária Chieko Aoki, a arquiteta Marina Khattar e o executivo do Magazine Luiza Joaquim Francisco de Castro Neto estiveram lá.
ÁGUA QUE PASSARINHO NÃO BEBE
A Cachaça da Tulha lançou sua Edição Única 2013 anteontem, no bar Ilha das Flores. Guto Quintella, proprietário da cachaçaria, foi o anfitrião da noite, que contou com o químico e mestre cervejeiro Erwin Weimann, a artista plástica Leda Catunda e o publicitário Luiz Lara.
CURTO-CIRCUITO
Vladimir Safatle, professor da USP e colunista da Folha, lança hoje o livro "O Dever e Seus Impasses", a partir das 19h30, na Livraria Martins Fontes da avenida Paulista.
O Prêmio Trip Transformadores 2013 será entregue hoje à noite, no Auditório Ibirapuera.
Maioria consolidada - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 13/11
A principal tendência do PT, a CNB, nunca havia tido vitória tão eloquente nas eleições internas do partido. Emblemático o fato de pela primeira vez, em 30 anos, o candidato do chamado campo majoritário, Rui Falcão, ter vencido no Rio Grande do Sul. A direção petista terá agora maior poder de fogo para acomodar os apetites locais à lógica da aliança para reeleger a presidente Dilma.
A divergência no marco civil
A votação do marco civil da internet foi adiada em uma semana para que o PT e o PMDB cheguem a um acordo sobre o texto da lei. Se a eleição fosse esta semana, o PT votaria com o relator Alessandro Molon (PT-RJ), e o PMDB, com a proposta original do governo Dilma. “Não tem data centers no original, e ele remete à Anatel a regulamentação do conceito de neutralidade”, justifica o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). A ministra Ideli Salvatti ainda precisa administrar pressões como as feitas ontem pelo líder do PR, Anthony Garotinho (RJ), que ameaçou não votar o marco civil enquanto não fosse aprovado o piso dos agentes comunitários da Saúde.
“Garotinho, você é governo ou oposição?”
Ideli Salvatti Ministra da Relações Institucionais, reagindo irritada às intervenções do líder do PR, Anthony Garotinho (RJ), ontem, na reunião de líderes para tratar do Marco Civil da lnternet
‘Ah! Ah! Uh! Uh! Ele é nosso’
A equipe da governadora Roseana Sarney (PMDB) comemorou o resultado da eleição do PT no Maranhão. Um deles, ao comentar a vitória do petista Raimundo Monteiro, proclamou: “O nosso candidato é o presidente. Vencemos! Vencemos!”
Quem avisa amigo é
Os senadores do PMDB decidiam ontem como votar projeto que aumenta de 15% para 18% a receita corrente líquida para a Saúde. Vital do Rego (PB) começou a fazer ampla defendia com ardor a proposta, quando foi interrompido por um colega: “Vital, se você ainda quer ser ministro é melhor votar contra esse projeto”. Silêncio!
Com as pedras nas mãos
Explicação do secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, sobre a reação de Gilberto Kassab ao prefeito petista de São Paulo: “O Fernando Haddad perdeu as estribeiras, o Kassab não tinha mais como passar as mãos na cabeça de1e”.
O jeitinho
Altos funcionários do Congresso e do TCU tentam emplacar proposta para burlar o teto. Querem que seja aprovado projeto de resolução para que possam receber salários acima do teto desde que tenham origem em esferas de poder distintas. Um aposentado que tem renda estadual poderia acumular com um salário na esfera federal.
Estava escrito no papel de pão
A derrota da ministra Ideli Salvatti no PED deve arrastar o PT catarinense para o isolamento. A tendência dos aliados nacionais do governo, PSD e PMDB, é a de se unir nas eleições regionais.
Na programação
Sobre a exibição do programa “Observatório da Imprensa” pela TV Brasil, Alberto Dines informa que ele só foi reprisado em abril, quando esteve doente. Sobre o contrato com a EBC, relata que o mesmo está na primeira fase das negociações.
OS CANDIDATOS A PRESIDENTE QUEREM SABER: Qual será a reação da opinião pública quando os condenados pelo STF no mensalão forem para a prisão?
A principal tendência do PT, a CNB, nunca havia tido vitória tão eloquente nas eleições internas do partido. Emblemático o fato de pela primeira vez, em 30 anos, o candidato do chamado campo majoritário, Rui Falcão, ter vencido no Rio Grande do Sul. A direção petista terá agora maior poder de fogo para acomodar os apetites locais à lógica da aliança para reeleger a presidente Dilma.
A divergência no marco civil
A votação do marco civil da internet foi adiada em uma semana para que o PT e o PMDB cheguem a um acordo sobre o texto da lei. Se a eleição fosse esta semana, o PT votaria com o relator Alessandro Molon (PT-RJ), e o PMDB, com a proposta original do governo Dilma. “Não tem data centers no original, e ele remete à Anatel a regulamentação do conceito de neutralidade”, justifica o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). A ministra Ideli Salvatti ainda precisa administrar pressões como as feitas ontem pelo líder do PR, Anthony Garotinho (RJ), que ameaçou não votar o marco civil enquanto não fosse aprovado o piso dos agentes comunitários da Saúde.
“Garotinho, você é governo ou oposição?”
Ideli Salvatti Ministra da Relações Institucionais, reagindo irritada às intervenções do líder do PR, Anthony Garotinho (RJ), ontem, na reunião de líderes para tratar do Marco Civil da lnternet
‘Ah! Ah! Uh! Uh! Ele é nosso’
A equipe da governadora Roseana Sarney (PMDB) comemorou o resultado da eleição do PT no Maranhão. Um deles, ao comentar a vitória do petista Raimundo Monteiro, proclamou: “O nosso candidato é o presidente. Vencemos! Vencemos!”
Quem avisa amigo é
Os senadores do PMDB decidiam ontem como votar projeto que aumenta de 15% para 18% a receita corrente líquida para a Saúde. Vital do Rego (PB) começou a fazer ampla defendia com ardor a proposta, quando foi interrompido por um colega: “Vital, se você ainda quer ser ministro é melhor votar contra esse projeto”. Silêncio!
Com as pedras nas mãos
Explicação do secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, sobre a reação de Gilberto Kassab ao prefeito petista de São Paulo: “O Fernando Haddad perdeu as estribeiras, o Kassab não tinha mais como passar as mãos na cabeça de1e”.
O jeitinho
Altos funcionários do Congresso e do TCU tentam emplacar proposta para burlar o teto. Querem que seja aprovado projeto de resolução para que possam receber salários acima do teto desde que tenham origem em esferas de poder distintas. Um aposentado que tem renda estadual poderia acumular com um salário na esfera federal.
Estava escrito no papel de pão
A derrota da ministra Ideli Salvatti no PED deve arrastar o PT catarinense para o isolamento. A tendência dos aliados nacionais do governo, PSD e PMDB, é a de se unir nas eleições regionais.
Na programação
Sobre a exibição do programa “Observatório da Imprensa” pela TV Brasil, Alberto Dines informa que ele só foi reprisado em abril, quando esteve doente. Sobre o contrato com a EBC, relata que o mesmo está na primeira fase das negociações.
OS CANDIDATOS A PRESIDENTE QUEREM SABER: Qual será a reação da opinião pública quando os condenados pelo STF no mensalão forem para a prisão?
Para depois - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 13/11
Fernando Haddad não deve mexer no secretariado agora para preencher a vaga de Antonio Donato, que caiu ontem após ser citado na investigação da máfia dos fiscais. O prefeito de São Paulo prefere nomear o titular da Secretaria de Governo apenas no início de 2014, quando terá de substituir os secretários que serão candidatos a deputado. José de Filippi é um nome que agrada mais à cúpula do PT que a Haddad, que avalia a pasta da Saúde como a de pior resultado neste ano.
Nem vem Os presidentes eleitos do PT, Paulo Fiorilo, Emidio de Souza e Rui Falcão, tentaram convencer Donato a permanecer no cargo, mas ele foi inflexível.
Revés Os dirigentes argumentaram que a saída colaria a crise na gestão atual. Além disso, acham que o partido perde seu principal interlocutor na administração.
Há vagas Com o rompimento entre o PSD e a gestão Haddad, o prefeito deve buscar novo nome para a SPTuris. O vereador Marco Aurélio Cunha (PSD) era o favorito, mas a negociação parou.
Nem aí Apesar do desconforto, vereadores de oposição e governo consideravam ontem remotas as chances de uma CPI sobre o tema.
A postos Rui Falcão deve ser confirmado coordenador da campanha de Dilma nas próximas semanas. A intenção é abrir um canal oficial para a construção da aliança, principalmente com siglas consideradas "pendulares": PSD, PR, PP e PDT.
Troca A conversa entre Dilma e Falcão para discutir a substituição de petistas na reforma ministerial deve ocorrer na semana que vem.
Por escrito As bancadas do PSDB no Senado e na Câmara preparam moção de apoio à candidatura presidencial de Aécio Neves. Será a primeira manifestação formal para antecipar a escolha, o que contraria acordo entre o mineiro e José Serra.
Lua de mel Após resistência inicial, a Rede decidiu apoiar a candidatura do PSB nas novas eleições para prefeito de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Os socialistas ganharam "voto de confiança" por terem rompido com o DEM no município.
Em campanha Eduardo Campos fez duas promessas aos representantes do agronegócio em encontro em São Paulo na noite de segunda-feira: ampliar o seguro rural e escutar o setor antes de indicações para agências reguladoras, como a Anvisa.
Verão passado Ex-ministro da Agricultura de Lula, Roberto Rodrigues relatou episódio em que Campos, então ministro da Ciência e Tecnologia, mediou discussão sobre transgênicos entre ele e Marina Silva, à época titular do Meio Ambiente.
Status O senador Roberto Requião (PMDB-PR) reclamou ontem de que só governistas são escolhidos para relatar projetos relevantes. "Existem reis do camarote aqui no Senado", disparou.
Bomba O Ministério da Educação está preocupado com o impacto da greve de professores no resultado do Ideb, que mede a qualidade da educação básica. Paralisações no Rio, Pará, Maranhão e Mato Grosso podem atrapalhar o desempenho dos alunos na Prova Brasil.
Visitas à Folha David Uip, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Vanderlei França, assessor de comunicação.
Maristela Mafei, sócia proprietária do Grupo Máquina PR, visitou ontem a Folha. Estava com Lauro Toledo, editor assistente do grupo.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"Não quero viver para ver o Brasil com a Câmara dividida em dois parlamentos: um na Esplanada e outro no presídio da Papuda."
DO DEPUTADO VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP), relator da PEC do voto aberto em cassações de mandato, sobre deputados condenados no processo do mensalão.
contraponto
Pinga ni mim
Em sessão no Congresso que homenageava o centenário de Vinicius de Moraes, o senador Jorge Viana (PT-AC) relatou já ter tomado "umas e outras" na companhia do poeta e disse ter conseguido convencê-lo a trocar o habitual "uisquinho" por cachaça.
--Aproveitando que quebrei o protocolo e o regimento de uma vez só, registro que a cachaça era de péssima qualidade. Era o que tínhamos à mão na universidade.
Inácio Arruda (PC do B-CE) achou necessário intervir.
--Mas ele lhe viu tão animado com aquela cachaça que deve ter pensado: só pode ser muito boa!
Fernando Haddad não deve mexer no secretariado agora para preencher a vaga de Antonio Donato, que caiu ontem após ser citado na investigação da máfia dos fiscais. O prefeito de São Paulo prefere nomear o titular da Secretaria de Governo apenas no início de 2014, quando terá de substituir os secretários que serão candidatos a deputado. José de Filippi é um nome que agrada mais à cúpula do PT que a Haddad, que avalia a pasta da Saúde como a de pior resultado neste ano.
Nem vem Os presidentes eleitos do PT, Paulo Fiorilo, Emidio de Souza e Rui Falcão, tentaram convencer Donato a permanecer no cargo, mas ele foi inflexível.
Revés Os dirigentes argumentaram que a saída colaria a crise na gestão atual. Além disso, acham que o partido perde seu principal interlocutor na administração.
Há vagas Com o rompimento entre o PSD e a gestão Haddad, o prefeito deve buscar novo nome para a SPTuris. O vereador Marco Aurélio Cunha (PSD) era o favorito, mas a negociação parou.
Nem aí Apesar do desconforto, vereadores de oposição e governo consideravam ontem remotas as chances de uma CPI sobre o tema.
A postos Rui Falcão deve ser confirmado coordenador da campanha de Dilma nas próximas semanas. A intenção é abrir um canal oficial para a construção da aliança, principalmente com siglas consideradas "pendulares": PSD, PR, PP e PDT.
Troca A conversa entre Dilma e Falcão para discutir a substituição de petistas na reforma ministerial deve ocorrer na semana que vem.
Por escrito As bancadas do PSDB no Senado e na Câmara preparam moção de apoio à candidatura presidencial de Aécio Neves. Será a primeira manifestação formal para antecipar a escolha, o que contraria acordo entre o mineiro e José Serra.
Lua de mel Após resistência inicial, a Rede decidiu apoiar a candidatura do PSB nas novas eleições para prefeito de Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Os socialistas ganharam "voto de confiança" por terem rompido com o DEM no município.
Em campanha Eduardo Campos fez duas promessas aos representantes do agronegócio em encontro em São Paulo na noite de segunda-feira: ampliar o seguro rural e escutar o setor antes de indicações para agências reguladoras, como a Anvisa.
Verão passado Ex-ministro da Agricultura de Lula, Roberto Rodrigues relatou episódio em que Campos, então ministro da Ciência e Tecnologia, mediou discussão sobre transgênicos entre ele e Marina Silva, à época titular do Meio Ambiente.
Status O senador Roberto Requião (PMDB-PR) reclamou ontem de que só governistas são escolhidos para relatar projetos relevantes. "Existem reis do camarote aqui no Senado", disparou.
Bomba O Ministério da Educação está preocupado com o impacto da greve de professores no resultado do Ideb, que mede a qualidade da educação básica. Paralisações no Rio, Pará, Maranhão e Mato Grosso podem atrapalhar o desempenho dos alunos na Prova Brasil.
Visitas à Folha David Uip, secretário da Saúde do Estado de São Paulo, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Vanderlei França, assessor de comunicação.
Maristela Mafei, sócia proprietária do Grupo Máquina PR, visitou ontem a Folha. Estava com Lauro Toledo, editor assistente do grupo.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"Não quero viver para ver o Brasil com a Câmara dividida em dois parlamentos: um na Esplanada e outro no presídio da Papuda."
DO DEPUTADO VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP), relator da PEC do voto aberto em cassações de mandato, sobre deputados condenados no processo do mensalão.
contraponto
Pinga ni mim
Em sessão no Congresso que homenageava o centenário de Vinicius de Moraes, o senador Jorge Viana (PT-AC) relatou já ter tomado "umas e outras" na companhia do poeta e disse ter conseguido convencê-lo a trocar o habitual "uisquinho" por cachaça.
--Aproveitando que quebrei o protocolo e o regimento de uma vez só, registro que a cachaça era de péssima qualidade. Era o que tínhamos à mão na universidade.
Inácio Arruda (PC do B-CE) achou necessário intervir.
--Mas ele lhe viu tão animado com aquela cachaça que deve ter pensado: só pode ser muito boa!
Sem saída, virou feriadão - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 13/11
Emparedado pelos projetos que aumentam as despesas da União, o governo mantém a pauta da Câmara trancada pelo marco civil da internet apenas para evitar que os parlamentares votem o reajuste aos agentes de saúde. Afinal, o Planalto sabem que, no momento em que essa porteira for aberta, outros reajustes virão. Diante dessa amarga realidade, os governistas transformaram as 24 horas de feriado pela proclamação da República em uma semana de descanso para o plenário.
Nesse período, a ordem é tentar convencer os partidos a aceitarem o pagamento de R$ 903 aos agentes (em vez dos R$ 950 pedidos) no ano que vem, com o repasse de R$ 1.012 a partir de janeiro. No Planalto, diz-se, é pegar ou largar.
Déjà vu
Pressionados pelos prefeitos a aumentar o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), parlamentares acenam em usar os royalties da mineração para essa despesa. Os estados produtores não gostaram. “Esses royalties são para compensar os danos ambientais, portanto, não podem ser distribuídos para todos”, diz José Priante (PMDB-PA). A discussão dos royalties do petróleo começou assim.
Depois de 2015
Advogados que analisaram o texto do deputado Alessandro Molon (PT-RJ) sobre o marco civil da internet encontraram dispositivos capazes de barrar a aplicação de uma nova lei baseada nesse projeto. Da sanção, o caminho será a Justiça. E, sabe como é, na hora que chega ao tribunal...
Piscou, perdeu
O governo “comeu mosca” na Comissão de Educação do Senado, e Cristovam Buarque, do PDT, conseguiu aprovar o projeto que transforma o Ministério da Educação em Ministério da Educação de Base. A parte de ensino superior seguiria para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O governo é contra.
“Um necessário encontro com a verdade histórica”
Referência do presidente da OAB Nacional, Marcus Vinícius Furtado, sobre a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart
Animado/ O senador José Sarney (foto) esteve no Amapá para fazer o recadastramento eleitoral. Voltou sensibilizado com os pedidos para que concorra a mais um mandato de senador pelo PMDB amapaense.
A escolhida/ A presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, deve ser uma das selecionadas para participar da audiência pública, no Supremo Tribunal Federal, sobre a necessidade de autorização prévia para publicação de biografias. O prazo para que os interessados se inscrevessem terminou ontem.
A jurada/ O debate sobre as biografias está tão concorrido que não haverá tempo para ouvir todos que pediram a palavra. A ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, escolherá, nos próximos dias, quem participará da audiência.
O motivo/ A ministra pretende ouvir especialistas no assunto antes de julgar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) ajuizada pela Associação Nacional dos Editores de Livros contra os artigos 20º e 21º do Código Civil, que preveem autorização prévia para obras biográficas.
Nesse período, a ordem é tentar convencer os partidos a aceitarem o pagamento de R$ 903 aos agentes (em vez dos R$ 950 pedidos) no ano que vem, com o repasse de R$ 1.012 a partir de janeiro. No Planalto, diz-se, é pegar ou largar.
Déjà vu
Pressionados pelos prefeitos a aumentar o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), parlamentares acenam em usar os royalties da mineração para essa despesa. Os estados produtores não gostaram. “Esses royalties são para compensar os danos ambientais, portanto, não podem ser distribuídos para todos”, diz José Priante (PMDB-PA). A discussão dos royalties do petróleo começou assim.
Depois de 2015
Advogados que analisaram o texto do deputado Alessandro Molon (PT-RJ) sobre o marco civil da internet encontraram dispositivos capazes de barrar a aplicação de uma nova lei baseada nesse projeto. Da sanção, o caminho será a Justiça. E, sabe como é, na hora que chega ao tribunal...
Piscou, perdeu
O governo “comeu mosca” na Comissão de Educação do Senado, e Cristovam Buarque, do PDT, conseguiu aprovar o projeto que transforma o Ministério da Educação em Ministério da Educação de Base. A parte de ensino superior seguiria para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O governo é contra.
“Um necessário encontro com a verdade histórica”
Referência do presidente da OAB Nacional, Marcus Vinícius Furtado, sobre a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart
Animado/ O senador José Sarney (foto) esteve no Amapá para fazer o recadastramento eleitoral. Voltou sensibilizado com os pedidos para que concorra a mais um mandato de senador pelo PMDB amapaense.
A escolhida/ A presidente da Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Machado, deve ser uma das selecionadas para participar da audiência pública, no Supremo Tribunal Federal, sobre a necessidade de autorização prévia para publicação de biografias. O prazo para que os interessados se inscrevessem terminou ontem.
A jurada/ O debate sobre as biografias está tão concorrido que não haverá tempo para ouvir todos que pediram a palavra. A ministra Cármen Lúcia, relatora da ação, escolherá, nos próximos dias, quem participará da audiência.
O motivo/ A ministra pretende ouvir especialistas no assunto antes de julgar a ação direta de inconstitucionalidade (Adin) ajuizada pela Associação Nacional dos Editores de Livros contra os artigos 20º e 21º do Código Civil, que preveem autorização prévia para obras biográficas.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 13/11
Espírito Santo prepara PPP para novas escolas
O governo do Espírito Santo planeja lançar no primeiro semestre de 2014 uma PPP (parceria público-privada) para construção e gestão de 20 novas escolas no Estado.
Além das obras das unidades, a empresa vencedora do contrato terá de administrar por 20 anos todos os serviços não pedagógicos, o que inclui limpeza, manutenção e até a merenda dos alunos.
O projeto está em fase de modelagem, por isso o valor definitivo que será aportado pela iniciativa privada não foi fechado pelo governo.
O montante, no entanto, poderá superar os R$ 200 milhões --cada escola com 16 salas de aula e área construída de 4.000 m² custa, em média, R$ 10 milhões
"Estamos na etapa de preparativos, com acertos de pontos jurídicos, econômicos e administrativos", diz José Eduardo Azevedo, secretário de Projetos Especiais e Articulação Metropolitana.
"Trabalhamos para abrir as audiências públicas da PPP em maio e a licitação em julho", afirma Azevedo.
As unidades, todas de ensino médio, serão construídas em bairros pobres de municípios da região metropolitana de Vitória e de cidades maiores do interior, de acordo com o secretário.
"Esse modelo vai permitir melhorar a qualidade dos serviços com menor custo. Haverá indicadores a serem cumpridos pela empresa, para o pagamento da contraprestação por parte do Estado."
Um projeto semelhante foi adotado em 2012 pela Prefeitura de Belo Horizonte, o primeiro do gênero no país --a Odebrecht venceu uma PPP para construir e gerenciar 37 escolas por 20 anos.
Unificação de PIS e Cofins poderá encarecer serviço, afirma entidade
A unificação do PIS e da Cofins poderá aumentar os preços no setor de serviços, de acordo com um estudo realizado pela Fenacon (federação nacional das empresas contábeis).
A alta de preços no segmento poderá ser de até 4,3%, com um impacto de 0,6 ponto percentual sobre o IPCA, segundo a pesquisa.
"Comparamos as alíquotas atuais com o pior cenário, que seria uma cobrança única de 9,25%. Isso causaria um grande aumento tributário sobre as prestadoras de serviços", diz Valdir Pietrobon, presidente da entidade.
O governo ainda não definiu como será feita a unificação. Hoje, há dois regimes.
No cumulativo, as alíquotas juntas são de 3,65% sobre o faturamento e as empresas não podem descontar créditos tributários obtidos em etapas do processo produtivo.
No regime não cumulativo, a taxa é de 9,25%, mas os créditos podem ser descontados.
"Se a unificação ocorrer pela alíquota mais alta [9,25%], como as empresas de serviços não têm créditos para descontar, elas automaticamente pagariam mais."
DESFILE INCENTIVADO
CEO do Conselho de Moda Britânico (órgão governamental de incentivo ao setor), que trouxe um evento com oito estilistas do país ao Brasil, Caroline Rush diz que a moda precisa de apoio para se desenvolver.
Incentivos fiscais, como os da Lei Rouanet dados ao estilista Pedro Lourenço e que causaram polêmica no Brasil, são necessários, considera a executiva.
"Temos um departamento, o UK Trade & Investment, que tem verbas para promover o segmento, ajudar os estilistas a viajar pelo mundo para mostrar a moda britânica e facilitar o crescimento deles", diz.
"O apoio financeiro é importante não só porque eles contribuem para o crescimento do PIB, mas também porque a moda é o que mais cresce na economia criativa. Queremos ser um país reconhecido por essa área."
A atuação de Rush ajudou a divulgar novos nomes e a levar grifes como Burberry e Jimmy Choo de volta às passarelas de Londres.
MAMMA ÁFRICA
Líbia, Uganda, Eitreia e Serra Leoa são os países do continente africano que mais deverão crescer nos próximos quatro anos.
Projeção da EIU (Economist Intelligence Unit) mostra que o PIB de todos eles deverá aumentar mais de 8% ao ano até 2017.
Recursos naturais irão alavancar as expansões. Na Líbia, por exemplo, há exploração de petróleo. Em Serra Leoa, de diamante.
Uma pesquisa feita recentemente, também pela EIU, aponta que crescer na África é uma prioridade imediata para quase 40% de um total de 217 multinacionais.
Menos de 5% afirmaram que o continente é irrelevante para seus negócios.
A EIU ainda selecionou 28 cidades nas quais as companhias deveriam focar. Ibadan (Nigéria), Harare (Zimbábue), Casablanca e Alexandria aparecem entre elas.
RETRAÇÃO SALARIAL
A Venezuela é o país que deverá ter o maior aumento nominal dos salários no próximo ano, segundo pesquisa da consultoria Eca International com 316 multinacionais.
Apesar da expansão prevista de 26%, os trabalhadores devem ter uma redução no poder de compra por causa da inflação, que poderá se aproximar dos 40%.
No Brasil, as companhias preveem um incremento de 7,4% --o terceiro mais alto da América Latina, após Venezuela e Argentina.
Os países dessa região terão, em média, as maiores expansões salariais nominais (11%). Descontando a inflação, porém, a projeção é que a alta fique ao redor de 1% --a menor globalmente.
Agenda... A Copa do Mundo não afetará o calendário de eventos na capital paulista, segundo o São Paulo Convention & Visitors Bureau.
...cheia Serão 29 novos eventos em 2014. O setor espera crescer ao menos 5% no próximo ano, o mesmo avanço projetado para 2013.
Espírito Santo prepara PPP para novas escolas
O governo do Espírito Santo planeja lançar no primeiro semestre de 2014 uma PPP (parceria público-privada) para construção e gestão de 20 novas escolas no Estado.
Além das obras das unidades, a empresa vencedora do contrato terá de administrar por 20 anos todos os serviços não pedagógicos, o que inclui limpeza, manutenção e até a merenda dos alunos.
O projeto está em fase de modelagem, por isso o valor definitivo que será aportado pela iniciativa privada não foi fechado pelo governo.
O montante, no entanto, poderá superar os R$ 200 milhões --cada escola com 16 salas de aula e área construída de 4.000 m² custa, em média, R$ 10 milhões
"Estamos na etapa de preparativos, com acertos de pontos jurídicos, econômicos e administrativos", diz José Eduardo Azevedo, secretário de Projetos Especiais e Articulação Metropolitana.
"Trabalhamos para abrir as audiências públicas da PPP em maio e a licitação em julho", afirma Azevedo.
As unidades, todas de ensino médio, serão construídas em bairros pobres de municípios da região metropolitana de Vitória e de cidades maiores do interior, de acordo com o secretário.
"Esse modelo vai permitir melhorar a qualidade dos serviços com menor custo. Haverá indicadores a serem cumpridos pela empresa, para o pagamento da contraprestação por parte do Estado."
Um projeto semelhante foi adotado em 2012 pela Prefeitura de Belo Horizonte, o primeiro do gênero no país --a Odebrecht venceu uma PPP para construir e gerenciar 37 escolas por 20 anos.
Unificação de PIS e Cofins poderá encarecer serviço, afirma entidade
A unificação do PIS e da Cofins poderá aumentar os preços no setor de serviços, de acordo com um estudo realizado pela Fenacon (federação nacional das empresas contábeis).
A alta de preços no segmento poderá ser de até 4,3%, com um impacto de 0,6 ponto percentual sobre o IPCA, segundo a pesquisa.
"Comparamos as alíquotas atuais com o pior cenário, que seria uma cobrança única de 9,25%. Isso causaria um grande aumento tributário sobre as prestadoras de serviços", diz Valdir Pietrobon, presidente da entidade.
O governo ainda não definiu como será feita a unificação. Hoje, há dois regimes.
No cumulativo, as alíquotas juntas são de 3,65% sobre o faturamento e as empresas não podem descontar créditos tributários obtidos em etapas do processo produtivo.
No regime não cumulativo, a taxa é de 9,25%, mas os créditos podem ser descontados.
"Se a unificação ocorrer pela alíquota mais alta [9,25%], como as empresas de serviços não têm créditos para descontar, elas automaticamente pagariam mais."
DESFILE INCENTIVADO
CEO do Conselho de Moda Britânico (órgão governamental de incentivo ao setor), que trouxe um evento com oito estilistas do país ao Brasil, Caroline Rush diz que a moda precisa de apoio para se desenvolver.
Incentivos fiscais, como os da Lei Rouanet dados ao estilista Pedro Lourenço e que causaram polêmica no Brasil, são necessários, considera a executiva.
"Temos um departamento, o UK Trade & Investment, que tem verbas para promover o segmento, ajudar os estilistas a viajar pelo mundo para mostrar a moda britânica e facilitar o crescimento deles", diz.
"O apoio financeiro é importante não só porque eles contribuem para o crescimento do PIB, mas também porque a moda é o que mais cresce na economia criativa. Queremos ser um país reconhecido por essa área."
A atuação de Rush ajudou a divulgar novos nomes e a levar grifes como Burberry e Jimmy Choo de volta às passarelas de Londres.
MAMMA ÁFRICA
Líbia, Uganda, Eitreia e Serra Leoa são os países do continente africano que mais deverão crescer nos próximos quatro anos.
Projeção da EIU (Economist Intelligence Unit) mostra que o PIB de todos eles deverá aumentar mais de 8% ao ano até 2017.
Recursos naturais irão alavancar as expansões. Na Líbia, por exemplo, há exploração de petróleo. Em Serra Leoa, de diamante.
Uma pesquisa feita recentemente, também pela EIU, aponta que crescer na África é uma prioridade imediata para quase 40% de um total de 217 multinacionais.
Menos de 5% afirmaram que o continente é irrelevante para seus negócios.
A EIU ainda selecionou 28 cidades nas quais as companhias deveriam focar. Ibadan (Nigéria), Harare (Zimbábue), Casablanca e Alexandria aparecem entre elas.
RETRAÇÃO SALARIAL
A Venezuela é o país que deverá ter o maior aumento nominal dos salários no próximo ano, segundo pesquisa da consultoria Eca International com 316 multinacionais.
Apesar da expansão prevista de 26%, os trabalhadores devem ter uma redução no poder de compra por causa da inflação, que poderá se aproximar dos 40%.
No Brasil, as companhias preveem um incremento de 7,4% --o terceiro mais alto da América Latina, após Venezuela e Argentina.
Os países dessa região terão, em média, as maiores expansões salariais nominais (11%). Descontando a inflação, porém, a projeção é que a alta fique ao redor de 1% --a menor globalmente.
Agenda... A Copa do Mundo não afetará o calendário de eventos na capital paulista, segundo o São Paulo Convention & Visitors Bureau.
...cheia Serão 29 novos eventos em 2014. O setor espera crescer ao menos 5% no próximo ano, o mesmo avanço projetado para 2013.
Aumentam chances de tempestade perfeita - CRISTIANO ROMERO
VALOR ECONÔMICO - 13/11
A possibilidade de o Brasil sofrer os efeitos de uma tempestade perfeita nos próximos meses aumentou de forma significativa nas últimas semanas. Essa tempestade seria consequência da combinação do início da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos e do rebaixamento da classificação de risco da dívida brasileira.
No primeiro caso, não há o que fazer. O Federal Reserve Bank (Fed), o banco central americano, sinalizou em setembro que poderia começar o corte de estímulos no primeiro trimestre de 2014. A decisão esteve sempre condicionada ao desempenho da taxa de desemprego.
Em outubro, o número de trabalhadores contratados nos EUA - 204 mil - ficou bem acima do esperado. Especialistas acreditam que, quando a geração mensal de empregos fica em torno de 180 mil a 190 mil, a tendência da taxa de desemprego é diminuir. Nos últimos três meses, a média mensal foi de 202 mil e, em 12 meses, de 194 mil.
Os dados fizeram o mercado acreditar que o Fed pode antecipar para dezembro o início da redução gradual ( tapering , em inglês) da compra mensal de ativos. A expectativa mexeu com os mercados, provocando nova rodada de valorização do dólar.
O responsável pela gestão de recursos de um grande banco americano disse esta semana, numa conversa com gestores brasileiros em São Paulo, que vê 25% de chances de o Fed começar o tapering em dezembro, 25% na reunião de janeiro e 35% em março. Isto significa que ele atribui 85% de chances de a medida ser tomada até o fim do primeiro trimestre de 2014, uma possibilidade que parecia remota até pouco tempo atrás.
O que pode aumentar as chances de uma decisão já em dezembro são os próximos números do mercado de trabalho. Se a contratação de mão de obra em novembro superar os 180 mil postos, a expectativa é que o Fed antecipe a inauguração do processo de normalização monetária.
O efeito desse processo sobre economias como a brasileira não é totalmente previsível, mas já se sabe que o real perderá valor frente ao dólar, como ocorre desde maio, quando o Fed começou a falar em tapering . Ao contrário de outros períodos de turbulência, em que o real sofreu forte desvalorização para depois devolver toda a depreciação, desta vez a moeda brasileira não deve voltar aos patamares anteriores. Uma das razões é que os termos de troca - a diferença entre os preços de exportação e de importação - que beneficiaram o país entre 2004 e 2010, graças ao boom da economia chinesa, já não são tão favoráveis.
Nas últimas duas semanas, a cotação do dólar saltou de R$ 2,23 para R$ 2,33, mesmo com o Banco Central (BC) mantendo o programa de intervenção diária no mercado de câmbio. Já há quem aposte na possibilidade de a moeda americana voltar a R$ 2,45, maior cotação registrada em 2013, antes do fim do ano.
Especialistas acreditam que o Fed concluirá o tapering em setembro de 2014. O passo seguinte é elevar os juros, medida que só deverá ser adotada, porém, no fim de 2015 ou em 2016. A normalização monetária dos EUA é algo, portanto, com que o mundo terá que conviver por pelo menos três anos.
O aumento do juro americano deve redirecionar os fluxos de capitais. A tendência é que os investidores passem a ter maior aversão a risco e, por essa razão, a privilegiar a aplicação em títulos da dívida americana. Sofrerá maior saída de recursos os países que não estiverem com os fundamentos em ordem.
O risco do Brasil é sofrer um rebaixamento de dívida soberana na largada do tapering . O rebaixamento já está nos preços dos ativos; o que não está é a perda do grau de investimento. Mas, se uma agência rebaixar o país e colocá-lo em perspectiva negativa, o mercado dará como certa essa perda, colocando-a no preço.
É visível a piora de percepção do Brasil. Depois de obter o grau de investimento em 2008, o Brasil passou a ser percebido como uma economia de menor risco que o México. Tome-se o comportamento do Credit Default Swap , um seguro contra calote de países e empresas. Em 2010, o CDS dos dois países passou a andar junto. Desde meados de 2012, há um descolamento em favor do México: na segunda-feira, a diferença estava em 95,17 pontos-base (ver gráfico).
A principal razão da piora da percepção do Brasil está na política fiscal. É importante que se diga que o país não está à beira da insolvência. O problema é que, além do forte crescimento da dívida bruta e do déficit nominal nos últimos três anos e da acentuada perda de credibilidade da gestão fiscal, o governo tem adotado medidas que contratam um desequilíbrio futuro.
Dois exemplos nessa seara são contundentes: a mudança retroativa do indexador das dívidas de Estados e municípios, de forma a permitir novo endividamento, e a medida que desobriga a União a cobrir o superávit primário dos entes federados quando estes frustram o cumprimento da meta.
O comportamento do CDS mostra claramente que o mercado está trazendo a valor presente a deterioração fiscal de médio prazo. Para agravar a situação, diante da política fiscal expansionista, o BC tem dado sinais de que irá longe com o aperto monetário, o que, por sua vez, elevará a despesa do Tesouro com juros da dívida, piorando o quadro das contas públicas.
A possibilidade de o Brasil sofrer os efeitos de uma tempestade perfeita nos próximos meses aumentou de forma significativa nas últimas semanas. Essa tempestade seria consequência da combinação do início da redução dos estímulos monetários nos Estados Unidos e do rebaixamento da classificação de risco da dívida brasileira.
No primeiro caso, não há o que fazer. O Federal Reserve Bank (Fed), o banco central americano, sinalizou em setembro que poderia começar o corte de estímulos no primeiro trimestre de 2014. A decisão esteve sempre condicionada ao desempenho da taxa de desemprego.
Em outubro, o número de trabalhadores contratados nos EUA - 204 mil - ficou bem acima do esperado. Especialistas acreditam que, quando a geração mensal de empregos fica em torno de 180 mil a 190 mil, a tendência da taxa de desemprego é diminuir. Nos últimos três meses, a média mensal foi de 202 mil e, em 12 meses, de 194 mil.
Os dados fizeram o mercado acreditar que o Fed pode antecipar para dezembro o início da redução gradual ( tapering , em inglês) da compra mensal de ativos. A expectativa mexeu com os mercados, provocando nova rodada de valorização do dólar.
O responsável pela gestão de recursos de um grande banco americano disse esta semana, numa conversa com gestores brasileiros em São Paulo, que vê 25% de chances de o Fed começar o tapering em dezembro, 25% na reunião de janeiro e 35% em março. Isto significa que ele atribui 85% de chances de a medida ser tomada até o fim do primeiro trimestre de 2014, uma possibilidade que parecia remota até pouco tempo atrás.
O que pode aumentar as chances de uma decisão já em dezembro são os próximos números do mercado de trabalho. Se a contratação de mão de obra em novembro superar os 180 mil postos, a expectativa é que o Fed antecipe a inauguração do processo de normalização monetária.
O efeito desse processo sobre economias como a brasileira não é totalmente previsível, mas já se sabe que o real perderá valor frente ao dólar, como ocorre desde maio, quando o Fed começou a falar em tapering . Ao contrário de outros períodos de turbulência, em que o real sofreu forte desvalorização para depois devolver toda a depreciação, desta vez a moeda brasileira não deve voltar aos patamares anteriores. Uma das razões é que os termos de troca - a diferença entre os preços de exportação e de importação - que beneficiaram o país entre 2004 e 2010, graças ao boom da economia chinesa, já não são tão favoráveis.
Nas últimas duas semanas, a cotação do dólar saltou de R$ 2,23 para R$ 2,33, mesmo com o Banco Central (BC) mantendo o programa de intervenção diária no mercado de câmbio. Já há quem aposte na possibilidade de a moeda americana voltar a R$ 2,45, maior cotação registrada em 2013, antes do fim do ano.
Especialistas acreditam que o Fed concluirá o tapering em setembro de 2014. O passo seguinte é elevar os juros, medida que só deverá ser adotada, porém, no fim de 2015 ou em 2016. A normalização monetária dos EUA é algo, portanto, com que o mundo terá que conviver por pelo menos três anos.
O aumento do juro americano deve redirecionar os fluxos de capitais. A tendência é que os investidores passem a ter maior aversão a risco e, por essa razão, a privilegiar a aplicação em títulos da dívida americana. Sofrerá maior saída de recursos os países que não estiverem com os fundamentos em ordem.
O risco do Brasil é sofrer um rebaixamento de dívida soberana na largada do tapering . O rebaixamento já está nos preços dos ativos; o que não está é a perda do grau de investimento. Mas, se uma agência rebaixar o país e colocá-lo em perspectiva negativa, o mercado dará como certa essa perda, colocando-a no preço.
É visível a piora de percepção do Brasil. Depois de obter o grau de investimento em 2008, o Brasil passou a ser percebido como uma economia de menor risco que o México. Tome-se o comportamento do Credit Default Swap , um seguro contra calote de países e empresas. Em 2010, o CDS dos dois países passou a andar junto. Desde meados de 2012, há um descolamento em favor do México: na segunda-feira, a diferença estava em 95,17 pontos-base (ver gráfico).
A principal razão da piora da percepção do Brasil está na política fiscal. É importante que se diga que o país não está à beira da insolvência. O problema é que, além do forte crescimento da dívida bruta e do déficit nominal nos últimos três anos e da acentuada perda de credibilidade da gestão fiscal, o governo tem adotado medidas que contratam um desequilíbrio futuro.
Dois exemplos nessa seara são contundentes: a mudança retroativa do indexador das dívidas de Estados e municípios, de forma a permitir novo endividamento, e a medida que desobriga a União a cobrir o superávit primário dos entes federados quando estes frustram o cumprimento da meta.
O comportamento do CDS mostra claramente que o mercado está trazendo a valor presente a deterioração fiscal de médio prazo. Para agravar a situação, diante da política fiscal expansionista, o BC tem dado sinais de que irá longe com o aperto monetário, o que, por sua vez, elevará a despesa do Tesouro com juros da dívida, piorando o quadro das contas públicas.
Twittereuforia e a 'nova bolha' - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 13/11
Preços das ações, nas alturas devido ao dinheiro barato nos EUA, estimulam nova mania de investimento
"O TWITTER parece estar prestes a se tornar tanto um símbolo como um catalisador de uma nova mania de investimento em [empresas] de tecnologia", escrevia-se na sexta-feira passada no jornal britânico "Financial Times".
"Manias de investimento" não raro se transformam em pânicos e "crashes", quedas espetaculares de preços. Sabe-se lá se é o caso, ou se "desta vez é diferente". No entanto, o sucesso do Twitter tem sido acompanhado de menções cada vez mais frequentes à palavra "bolha".
A empresa lançou suas ações na Bolsa na semana passada, com sucesso espetacular ou espetaculoso, a depender da circunspecção e do gosto do freguês. A Twitereuforia parece ter apagado as más lembranças da abertura do capital do Facebook, em maio do ano passado.
Empresas "de tecnologia" populares entre o público que gosta de publicar suas fofocas e fotos, mas que não têm receita decente ou receita alguma, preparam-se para abrir o capital ainda neste ano.
As empresas que abrem seu capital, fazem uma oferta inicial de ações na Bolsa, não levantavam tanto dinheiro nos Estados Unidos desde o ano 2000, na véspera do estouro da bolha "pontocom".
O fim dessa bolha, além da revelação de grandes bandalheiras contábeis de grandes empresas americanas, acabou por provocar desastres financeiros e uma recessão. Para piorar a situação, houve o pânico causado pelo 11 de Setembro de 2001. As taxas de juros caíram, ficaram baixas por um bom tempo e, já em 2002, começava um zum-zum intenso sobre o risco de uma nova bolha, a imobiliária, ainda mais inflada pelo dinheiro barato. Sim, já em 2002.
No que diz respeito à farra do lançamento de ações, 2013 ainda está longe de 2000. De resto, a Twittereuforia é apenas parte do rumor a respeito de bolhas.
Mas gente graúda começa a falar do assunto. O presidente e diretor do maior administrador de fundos dos EUA, Laurence Fink, do BlackRock, tem mencionado a palavra maldita. Recentemente, disse que o Fed, o banco central dos EUA, não pode continuar a despejar dinheiro na economia, pois criaria uma bolha.
Hum. Pode ser. Mas o Fed despeja dinheiro faz cinco anos, uns US$ 4 trilhões, comprando títulos de dívida privada e pública (o que eleva seus preços e, pois, baixa os juros). Já não teria criado uma bolha? Os preços de ações e dos títulos da dívida pública americana não estariam altos demais faz algum tempo? Quando o Fed apertar a torneira de dinheiro, os preços vão cair comportadamente? Na falta de liquidez, na maré baixa, a gente vai ver gente nadando nua?
Essa seria a grande bolha, não os piados do Twitter, uma piada.
Falar de bolha é fácil. Mas nem toda inflação de preços de ativos, financeiros ou quaisquer outros, é uma bolha.
É necessário muito conhecimento teórico de economia e finanças, muito discernimento e informação prática a respeito de minúcias de mercados imensos e complicados, além de longa mastigação e ruminação de toneladas de dados, para que se possa dizer algo a respeito de bolhas, um algo que nem sempre é conclusivo. Bolhas apenas ousam dizer seu nome completo quando fazem "pop", começam a explodir. O programa só acaba quando termina. Mas termina.
Preços das ações, nas alturas devido ao dinheiro barato nos EUA, estimulam nova mania de investimento
"O TWITTER parece estar prestes a se tornar tanto um símbolo como um catalisador de uma nova mania de investimento em [empresas] de tecnologia", escrevia-se na sexta-feira passada no jornal britânico "Financial Times".
"Manias de investimento" não raro se transformam em pânicos e "crashes", quedas espetaculares de preços. Sabe-se lá se é o caso, ou se "desta vez é diferente". No entanto, o sucesso do Twitter tem sido acompanhado de menções cada vez mais frequentes à palavra "bolha".
A empresa lançou suas ações na Bolsa na semana passada, com sucesso espetacular ou espetaculoso, a depender da circunspecção e do gosto do freguês. A Twitereuforia parece ter apagado as más lembranças da abertura do capital do Facebook, em maio do ano passado.
Empresas "de tecnologia" populares entre o público que gosta de publicar suas fofocas e fotos, mas que não têm receita decente ou receita alguma, preparam-se para abrir o capital ainda neste ano.
As empresas que abrem seu capital, fazem uma oferta inicial de ações na Bolsa, não levantavam tanto dinheiro nos Estados Unidos desde o ano 2000, na véspera do estouro da bolha "pontocom".
O fim dessa bolha, além da revelação de grandes bandalheiras contábeis de grandes empresas americanas, acabou por provocar desastres financeiros e uma recessão. Para piorar a situação, houve o pânico causado pelo 11 de Setembro de 2001. As taxas de juros caíram, ficaram baixas por um bom tempo e, já em 2002, começava um zum-zum intenso sobre o risco de uma nova bolha, a imobiliária, ainda mais inflada pelo dinheiro barato. Sim, já em 2002.
No que diz respeito à farra do lançamento de ações, 2013 ainda está longe de 2000. De resto, a Twittereuforia é apenas parte do rumor a respeito de bolhas.
Mas gente graúda começa a falar do assunto. O presidente e diretor do maior administrador de fundos dos EUA, Laurence Fink, do BlackRock, tem mencionado a palavra maldita. Recentemente, disse que o Fed, o banco central dos EUA, não pode continuar a despejar dinheiro na economia, pois criaria uma bolha.
Hum. Pode ser. Mas o Fed despeja dinheiro faz cinco anos, uns US$ 4 trilhões, comprando títulos de dívida privada e pública (o que eleva seus preços e, pois, baixa os juros). Já não teria criado uma bolha? Os preços de ações e dos títulos da dívida pública americana não estariam altos demais faz algum tempo? Quando o Fed apertar a torneira de dinheiro, os preços vão cair comportadamente? Na falta de liquidez, na maré baixa, a gente vai ver gente nadando nua?
Essa seria a grande bolha, não os piados do Twitter, uma piada.
Falar de bolha é fácil. Mas nem toda inflação de preços de ativos, financeiros ou quaisquer outros, é uma bolha.
É necessário muito conhecimento teórico de economia e finanças, muito discernimento e informação prática a respeito de minúcias de mercados imensos e complicados, além de longa mastigação e ruminação de toneladas de dados, para que se possa dizer algo a respeito de bolhas, um algo que nem sempre é conclusivo. Bolhas apenas ousam dizer seu nome completo quando fazem "pop", começam a explodir. O programa só acaba quando termina. Mas termina.
Jabuticaba genebrina - MARCELO DE PAIVA ABREU
O Estado de S.Paulo - 13/11
Não há semana em que não surja na imprensa alguma referência ao que seria um anseio da política comercial brasileira: a inclusão na agenda da Organização Mundial do Comércio (OMC) da discussão de eventuais mecanismos que levem em conta flutuações cambiais no quadro da implementação do sistema de solução de controvérsias (cálculos, por exemplo, relativos à defesa comercial) e mesmo da proteção tarifária.
A ênfase parece despropositada por várias razões. O argumento de bom senso, e com sólidas raízes smithianas quanto às virtudes da especialização, é que problemas cambiais não devam ser discutidos na OMC, que é instituição especializada em comércio. No Gatt/OMC sempre se reconheceu explicitamente que assuntos relativos a balanço de pagamentos devessem ser objeto de consideração pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Num mundo ideal, em que o G-20 fosse foro eficaz, talvez fosse o caso de incluir em sua agenda o tratamento conjunto de políticas cambiais e estritamente comerciais. Com a OMC já padecendo de indigestão em relação aos modestos objetivos da Rodada Doha, a inclusão de questões cambiais teria efeito paralisante.
A tarifa média aplicada pelo Brasil em 2012 foi de 11,7%. O compromisso do Brasil em relação ao que a OMC chama de tarifas consolidadas é de que a tarifa média consolidada não ultrapasse 30,1%. Tarifas são importantes elementos para definir preços das importações, que resultam da multiplicação dos preços das importações em dólares pela taxa de câmbio e pela tarifa ad valorem. Quanto maior a razão entre o preço das importações em reais (incluindo a tarifa) e o preço do bem competitivo doméstico, maior a proteção à produção doméstica.
Haveria, assim, em tese, escopo para aumentar a tarifa média de forma significativa, aumentando a razão entre preços de importações e preços de produtos domésticos competitivos em mais de 16%, sem a obrigação de compensar os parceiros comerciais pelos efeitos da elevação tarifária. Seria, é claro, um tiro no pé, e bem oneroso tanto interna quanto externamente, reforçando a má reputação do Brasil neste tema.
Além disso, o argumento se refere à tarifa média. É claro que não se aplica aos setores hoje protegidos com tarifas acima da média, especialmente os próximos ao teto tarifário, de 35%. Para esses setores, haveria menos folga para aumento da tarifa aplicada. Exatamente por isso, são esses os maiores interessados na criação de instrumentos de proteção baseados em compensações de flutuações cambiais.
A razão entre custos de importações e bens competitivos domésticos em 2013 está hoje próxima da correspondente a 1995, quando houve a consolidação tarifária em 35% para bens industriais (de fato distribuída em 5 anos). Embora seja verdade que essa razão caiu até 20% entre 2010 e 2012, a recente desvalorização cambial voltou a colocá-la no nível inicial. Na verdade, alguns dos setores mais protegidos, notavelmente o setor automotivo, foram recentemente beneficiados cumulativamente pela desvalorização cambial e pelas benesses implícitas no programa Inovar-Auto, por meio de tratamento discriminatório das importações na cobrança do IPI.
Finalmente, tem de ser levado em conta que distorções da taxa de câmbio se devem em grande medida à deficiência na gestão macroeconômica. A alta taxa real de juros no Brasil é explicada por diversos fatores, que vão desde a persistência de expectativas inflacionárias à incapacidade de equilibrar de forma sustentada as contas públicas. O governo prefere dizer que a culpa é do tsunami cambial que vem do exterior. Mas a metáfora ficou obsoleta e o truque de transferir a culpa para o estrangeiro, bastante óbvio. A introdução de correções cambiais em adição à tarifa de importação teria a consequência perversa adicional de contribuir para facilitar a perpetuação das deficiências da política macroeconômica.
Não há semana em que não surja na imprensa alguma referência ao que seria um anseio da política comercial brasileira: a inclusão na agenda da Organização Mundial do Comércio (OMC) da discussão de eventuais mecanismos que levem em conta flutuações cambiais no quadro da implementação do sistema de solução de controvérsias (cálculos, por exemplo, relativos à defesa comercial) e mesmo da proteção tarifária.
A ênfase parece despropositada por várias razões. O argumento de bom senso, e com sólidas raízes smithianas quanto às virtudes da especialização, é que problemas cambiais não devam ser discutidos na OMC, que é instituição especializada em comércio. No Gatt/OMC sempre se reconheceu explicitamente que assuntos relativos a balanço de pagamentos devessem ser objeto de consideração pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Num mundo ideal, em que o G-20 fosse foro eficaz, talvez fosse o caso de incluir em sua agenda o tratamento conjunto de políticas cambiais e estritamente comerciais. Com a OMC já padecendo de indigestão em relação aos modestos objetivos da Rodada Doha, a inclusão de questões cambiais teria efeito paralisante.
A tarifa média aplicada pelo Brasil em 2012 foi de 11,7%. O compromisso do Brasil em relação ao que a OMC chama de tarifas consolidadas é de que a tarifa média consolidada não ultrapasse 30,1%. Tarifas são importantes elementos para definir preços das importações, que resultam da multiplicação dos preços das importações em dólares pela taxa de câmbio e pela tarifa ad valorem. Quanto maior a razão entre o preço das importações em reais (incluindo a tarifa) e o preço do bem competitivo doméstico, maior a proteção à produção doméstica.
Haveria, assim, em tese, escopo para aumentar a tarifa média de forma significativa, aumentando a razão entre preços de importações e preços de produtos domésticos competitivos em mais de 16%, sem a obrigação de compensar os parceiros comerciais pelos efeitos da elevação tarifária. Seria, é claro, um tiro no pé, e bem oneroso tanto interna quanto externamente, reforçando a má reputação do Brasil neste tema.
Além disso, o argumento se refere à tarifa média. É claro que não se aplica aos setores hoje protegidos com tarifas acima da média, especialmente os próximos ao teto tarifário, de 35%. Para esses setores, haveria menos folga para aumento da tarifa aplicada. Exatamente por isso, são esses os maiores interessados na criação de instrumentos de proteção baseados em compensações de flutuações cambiais.
A razão entre custos de importações e bens competitivos domésticos em 2013 está hoje próxima da correspondente a 1995, quando houve a consolidação tarifária em 35% para bens industriais (de fato distribuída em 5 anos). Embora seja verdade que essa razão caiu até 20% entre 2010 e 2012, a recente desvalorização cambial voltou a colocá-la no nível inicial. Na verdade, alguns dos setores mais protegidos, notavelmente o setor automotivo, foram recentemente beneficiados cumulativamente pela desvalorização cambial e pelas benesses implícitas no programa Inovar-Auto, por meio de tratamento discriminatório das importações na cobrança do IPI.
Finalmente, tem de ser levado em conta que distorções da taxa de câmbio se devem em grande medida à deficiência na gestão macroeconômica. A alta taxa real de juros no Brasil é explicada por diversos fatores, que vão desde a persistência de expectativas inflacionárias à incapacidade de equilibrar de forma sustentada as contas públicas. O governo prefere dizer que a culpa é do tsunami cambial que vem do exterior. Mas a metáfora ficou obsoleta e o truque de transferir a culpa para o estrangeiro, bastante óbvio. A introdução de correções cambiais em adição à tarifa de importação teria a consequência perversa adicional de contribuir para facilitar a perpetuação das deficiências da política macroeconômica.
Inferno são os outros - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 13/11
Dizer que a política fiscal vive 'inferno astral' beira o ridículo; a piora resulta de um esforço intencional
Ou, pelo menos, esta é a expressão consagrada por Jean-Paul Sartre. Já eu, ávido leitor de histórias em quadrinhos (graphic novel, romance gráfico, mesmo sendo um termo inventado pelo gênio Will Eisner, ainda me soa como desculpa para adultos lerem HQs), prefiro a mitologia do Sandman, de Neil Gaiman: somos nós quem fazemos nosso próprio inferno.
E por que digo isso? Porque, segundo nosso insigne ministro da Fazenda, os problemas que hoje vivemos, como o aumento do risco-país, a possibilidade de rebaixamento da avaliação da nossa dívida, a depreciação da moeda e outros, resultam do "inferno astral" da política fiscal. Confesso que não sabia das inclinações astrológicas do ministro, mas, pensando bem, isso certamente ajuda a entender a precisão internacionalmente reconhecida de suas previsões.
De qualquer forma, a noção de que a política fiscal passa por um "inferno astral" beira o ridículo (já do outro lado da borda, bem entendido). A piora das contas públicas é o resultado de um esforço intencional, que, a bem da verdade, não vem de hoje. Há tempos que o governo vem se engajando numa tentativa nada sutil, embora bem-sucedida, de minar as instituições criadas para impedir a repetição dos descalabros que foram a marca registrada do país por muitos anos.
Começou de forma quase inocente, propondo a dedução dos investimentos em saneamento para fins de aferição da meta fiscal. Por exemplo, se a meta para o superavit primário fosse R$ 100, mas os investimentos em saneamento equivalessem a R$ 10, um saldo de R$ 90 seria considerado adequado. A ideia, nobre como sempre, era liberar os investimentos em saneamento do "arrocho fiscal". Desnecessário dizer, nem por isso os investimentos no setor decolaram.
Mais à frente a mesma cláusula de escape foi ampliada para os investimentos do PAC1, PAC2 (que começou sem que o PAC1 fosse executado) e, se deixarmos, qualquer PAC que aparecer pela frente.
Mais recentemente as desonerações tributárias também passaram a ser "descontadas" da meta, para fins de política fiscal "anticíclica" (que, como já mostrei, é tão anticíclica quanto um relógio quebrado). O resultado é que ninguém mais sabe qual é, de fato, a meta fiscal, o que não faz a menor diferença porque o governo muitas vezes não consegue cumprir sequer a versão "caçulinha" do superavit primário.
Quando isso ocorre, para fins puramente formais, recorre a estratégias nada ortodoxas de contabilidade pública, contando endividamento novo como receita, hipotecando receitas futuras etc.
A "contabilidade criativa" se tornou também uma das características mais marcantes dos últimos anos, seja por meio do "Fundo Soberano", seja pela contabilização de receitas imaginárias oriundas da cessão onerosa de petróleo.
Por fim, agora é a própria Lei de Responsabilidade Fiscal, até então simplesmente contornada, que se viu atingida em cheio com a proposta de renegociação das dívidas de Estados e municípios com a União.
Assim, ao olharmos para trás o que vemos, são apenas os destroços das instituições fiscais que demandaram anos de cuidadosa construção.
É contra esse pano de fundo de demolição institucional que deve ser interpretada a deterioração visível das contas públicas que explorei na semana passada. Os resultados têm sido ruins, sem dúvida, mas a percepção (tardia) dos agentes é de um problema bem mais profundo do que os números lamentáveis registrados neste ano.
Num mundo de fluxos de capitais mais escassos, é claro que --ao contrário do observado nos últimos anos-- a parte do leão deve ficar com aqueles que exibem fundamentos mais sólidos. O Brasil, a caminho de deficit externos da ordem de 4% do PIB (ou mais), vai precisar desses recursos, mas adota atitude que ignora essa realidade, manifesta inclusive na negação do problema fiscal.
Não é, lamento dizer, a astrologia que irá resolver essa questão.
Dizer que a política fiscal vive 'inferno astral' beira o ridículo; a piora resulta de um esforço intencional
Ou, pelo menos, esta é a expressão consagrada por Jean-Paul Sartre. Já eu, ávido leitor de histórias em quadrinhos (graphic novel, romance gráfico, mesmo sendo um termo inventado pelo gênio Will Eisner, ainda me soa como desculpa para adultos lerem HQs), prefiro a mitologia do Sandman, de Neil Gaiman: somos nós quem fazemos nosso próprio inferno.
E por que digo isso? Porque, segundo nosso insigne ministro da Fazenda, os problemas que hoje vivemos, como o aumento do risco-país, a possibilidade de rebaixamento da avaliação da nossa dívida, a depreciação da moeda e outros, resultam do "inferno astral" da política fiscal. Confesso que não sabia das inclinações astrológicas do ministro, mas, pensando bem, isso certamente ajuda a entender a precisão internacionalmente reconhecida de suas previsões.
De qualquer forma, a noção de que a política fiscal passa por um "inferno astral" beira o ridículo (já do outro lado da borda, bem entendido). A piora das contas públicas é o resultado de um esforço intencional, que, a bem da verdade, não vem de hoje. Há tempos que o governo vem se engajando numa tentativa nada sutil, embora bem-sucedida, de minar as instituições criadas para impedir a repetição dos descalabros que foram a marca registrada do país por muitos anos.
Começou de forma quase inocente, propondo a dedução dos investimentos em saneamento para fins de aferição da meta fiscal. Por exemplo, se a meta para o superavit primário fosse R$ 100, mas os investimentos em saneamento equivalessem a R$ 10, um saldo de R$ 90 seria considerado adequado. A ideia, nobre como sempre, era liberar os investimentos em saneamento do "arrocho fiscal". Desnecessário dizer, nem por isso os investimentos no setor decolaram.
Mais à frente a mesma cláusula de escape foi ampliada para os investimentos do PAC1, PAC2 (que começou sem que o PAC1 fosse executado) e, se deixarmos, qualquer PAC que aparecer pela frente.
Mais recentemente as desonerações tributárias também passaram a ser "descontadas" da meta, para fins de política fiscal "anticíclica" (que, como já mostrei, é tão anticíclica quanto um relógio quebrado). O resultado é que ninguém mais sabe qual é, de fato, a meta fiscal, o que não faz a menor diferença porque o governo muitas vezes não consegue cumprir sequer a versão "caçulinha" do superavit primário.
Quando isso ocorre, para fins puramente formais, recorre a estratégias nada ortodoxas de contabilidade pública, contando endividamento novo como receita, hipotecando receitas futuras etc.
A "contabilidade criativa" se tornou também uma das características mais marcantes dos últimos anos, seja por meio do "Fundo Soberano", seja pela contabilização de receitas imaginárias oriundas da cessão onerosa de petróleo.
Por fim, agora é a própria Lei de Responsabilidade Fiscal, até então simplesmente contornada, que se viu atingida em cheio com a proposta de renegociação das dívidas de Estados e municípios com a União.
Assim, ao olharmos para trás o que vemos, são apenas os destroços das instituições fiscais que demandaram anos de cuidadosa construção.
É contra esse pano de fundo de demolição institucional que deve ser interpretada a deterioração visível das contas públicas que explorei na semana passada. Os resultados têm sido ruins, sem dúvida, mas a percepção (tardia) dos agentes é de um problema bem mais profundo do que os números lamentáveis registrados neste ano.
Num mundo de fluxos de capitais mais escassos, é claro que --ao contrário do observado nos últimos anos-- a parte do leão deve ficar com aqueles que exibem fundamentos mais sólidos. O Brasil, a caminho de deficit externos da ordem de 4% do PIB (ou mais), vai precisar desses recursos, mas adota atitude que ignora essa realidade, manifesta inclusive na negação do problema fiscal.
Não é, lamento dizer, a astrologia que irá resolver essa questão.
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