CORREIO BRAZILIENSE - 13/11
Vivemos uma guerra, na qual somos nosso pior inimigo. Em Goiânia, o executor ordena que policial civil coloque o filho de 5 anos no chão, antes de matá-lo e de ferir a criança e a mãe. Em Pirenópolis, uma professora de piano é brutalmente assassinada dentro de casa. Em Ribeirão Preto (SP), o padrasto e a mãe do menino Joaquim, de 3 anos, são suspeitos da morte dele e de lançar o corpo em um córrego. De dentro das penitenciárias de São Paulo, a cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) planejou matar o governador Geraldo Alckmin, e determinou a execução de crianças. No Maranhão, facções criminosas mandam eliminar 10 agentes da lei. Aqui em Brasília, sequestros relâmpagos acontecem em plena luz do dia e a poucos quilômetros do centro do governo. E muitos daqueles que decidem nossos destinos perderam valores morais, subjugados pela força inescrupulosa do dinheiro e pela arrogância do poder.
Leis frouxas, Justiça morosa e práticas permissivas na esfera pública acabam nos tornando reféns de nossos próprios erros e de nossa selvageria. Os presídios lotados e transformados em depósitos de gente - verdadeiras escolas do crime - estão longe do propósito de ressocialização. Tornaram-se espécie de centro do ócio e de reciclagem da marginalidade. Algumas igrejas transformaram-se em bastiões de estelionatários, ávidos em oferecer prosperidade espiritual em troca da riqueza material. O desespero e a falta de perspectivas de uma parte da população, abandonada à própria sorte, são um convite ao deleite de alguns "pastores".
A inexistência de uma cultura de paz e de políticas sociais calcadas na valorização do emprego, a despeito do populismo oculto por trás das cestas básicas e do tão propalado Programa Bolsa Família, torna nosso futuro ainda mais sombrio. Em um país no qual se valoriza brutamontes se matando em um ringue, a novela das oito quase glamoriza a promiscuidade e o adultério, e o humorístico das noites de domingo exalta o preconceito ao "pobre" e achincalha a mulher, é de se pensar que quase tudo está perdido. Quem já teve uma arma apontada para a cabeça - como eu, durante um sequestro relâmpago, em 1995 - vislumbra essa inversão de valores. Nossas vidas estão nas mãos de marginais e não nos braços do Estado, que deveria ser o provedor do bem-estar social e da segurança. Estamos entregues à própria sorte em uma luta diária pela sobrevivência. Salve-se quem puder.
Leis frouxas, Justiça morosa e práticas permissivas na esfera pública acabam nos tornando reféns de nossos próprios erros e de nossa selvageria. Os presídios lotados e transformados em depósitos de gente - verdadeiras escolas do crime - estão longe do propósito de ressocialização. Tornaram-se espécie de centro do ócio e de reciclagem da marginalidade. Algumas igrejas transformaram-se em bastiões de estelionatários, ávidos em oferecer prosperidade espiritual em troca da riqueza material. O desespero e a falta de perspectivas de uma parte da população, abandonada à própria sorte, são um convite ao deleite de alguns "pastores".
A inexistência de uma cultura de paz e de políticas sociais calcadas na valorização do emprego, a despeito do populismo oculto por trás das cestas básicas e do tão propalado Programa Bolsa Família, torna nosso futuro ainda mais sombrio. Em um país no qual se valoriza brutamontes se matando em um ringue, a novela das oito quase glamoriza a promiscuidade e o adultério, e o humorístico das noites de domingo exalta o preconceito ao "pobre" e achincalha a mulher, é de se pensar que quase tudo está perdido. Quem já teve uma arma apontada para a cabeça - como eu, durante um sequestro relâmpago, em 1995 - vislumbra essa inversão de valores. Nossas vidas estão nas mãos de marginais e não nos braços do Estado, que deveria ser o provedor do bem-estar social e da segurança. Estamos entregues à própria sorte em uma luta diária pela sobrevivência. Salve-se quem puder.
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