domingo, agosto 09, 2009

MERVAL PEREIRA

Suicídio institucional

O GLOBO - 09/08/09

O arquivamento sumário das denúncias e representações contra o presidente do Senado, José Sarney, sem que nem mesmo o Conselho de Ética tenha se reunido, por decisão unilateral do senador sem votos do PMDB do Rio Paulo Duque, e o desaparecimento dos anais do Senado do trecho da fala do senador Renan Calheiros em que ele se dirige com palavrões ao senador tucano Tasso Jereissati são faces da mesma moeda, a truculência política em favor da manutenção da situação atual, a política arcaica tentando impedir a renovação dos costumes

O professor de filosofia da Unicamp Roberto Romano considera que a defesa incondicional da permanência do senador José Sarney na presidência do Senado “é suicida em termos institucionais”. O que ele considera muito grave “é essa prática de legisladores desacreditarem a lei. A lei não pode ser um ídolo imóvel, como dizia Platão, tem que ser uma coisa viva.

Mas você não pode dizer que a lei não vale, ou só vale para alguns”. Que o presidente Lula tenha dito que Sarney não é uma pessoa comum, Roberto Romano acha normal dentro das circunstâncias, “mas que uma classe inteira pense assim é preocupante”.

Especialmente, diz ele, os que não têm voto, como os suplentes de senador Wellington Salgado, que faz parte da “tropa de choque” governista, e Paulo Duque, o presidente do Conselho de Ética que arquivou todas as representações contra Sarney.

“Esses são os piores, a cicatriz do que há de mais doente no Senado”.

Uma dimensão antropológica que Romano gosta de analisar é a dos mitos, e ele adverte que, “quando você ataca um mito, como foi o caso do senador Pedro Simon, você já de antemão tem uma parcela forte da população contra você.

“Aquela demonstração explícita de falta de respeito, de violência, de truculência, de chantagem, cria um clima desfavorável a quem está atacando o mito”.

Para Roberto Romano, “eles estão afundando a legitimidade do Senado e confirmando todos os estereótipos, o que é muito preocupante”.

O ataque aos jornais é desesperado, segundo ele: “Uma hora o Mão Santa (senador do PMDB pelo Piauí) usa jornais para falar da corrupção no Piauí, e no mesmo instante o Paulo Duque arquiva as representações contra Sarney por que são baseadas em jornais. Fica claro que eles estão batendo de frente com a opinião pública por uma causa que não tem tamanha justificativa”.

Roberto Romano acha que “essa defesa intransigente do Sarney por causa do esquema de campanha da Dilma Rousseff em 2010 é estranha, porque em política não existem espaços vazios que não sejam ocupados, a qualquer momento um fato novo pode aparecer”.

Ele cita o exemplo da possível candidatura da senadora Marina Silva, que “abalou a estratégia inteira, mostrando sua fragilidade”.

O professor de filosofia da Unicamp acha que entramos em um terreno perigoso quando “já há sugestões de se acabar com o Senado”.

Isso traz em seu bojo, diz ele, a sequência lógica de que não precisamos de Congresso. “E nós temos uma longa tradição ética de extrema direita na cultura européia e na brasileira inclusive, o positivismo é uma delas, que desacredita a instituição parlamentar como inútil, que só serve para debater, e com isso vem o elogio da ditadura. E nesse momento, com Chavez no horizonte, com seus Evos Morales, os Correa, nós sabemos em que isso pode redundar”, diz Roberto Romano.

Outro aspecto que o deixa “enojado” é a prática da chantagem.

“Usa um instrumento importante como a representação no Conselho de Ética e o banaliza com a total falta de valores, com tentativa de calar e depois de retaliar”.

Para ele, esse procedimento “não tem nenhuma diferença em termos éticos do sequestro, da ameaça, você está tentando retirar ou o corpo ou a alma do indivíduo de circulação”.

O ex-ministro Marcilio Marques Moreira, na sua experiência como presidente do Conselho de Ética Pública, lembra que “os próprios códigos de ética nos Estados Unidos vêm sendo reforçados desde o primeiro, que foi do presidente Kennedy”.

No Brasil, “talvez por ser uma sociedade mais patrimonialista, que confunde, como diz o Roberto da Matta, a casa com a rua”, a evolução tem sido mais lenta, comenta.

Na experiência que teve, Marcílio diz que nos níveis superiores do governo há uma resistência maior, mas que não é homogênea. “Havia muitos ministros, presidentes de empresas, que eram muito respeitadores das normas, muito rigorosos consigo mesmo”.

Mas o respeito às normas era muito maior, ele admite, nos níveis mais baixos. “A autoridade tem que dar o exemplo.” Já o presidente da Academia Brasileira de Filosofia, João Ricardo Moderno, professor da Uerj, considera que a crise política tem também a origem em uma causa moral: “Temos que infundir valores da cidadania desde a educação de base, reformar a moralidade do país”.

Ele lembra que, desde a crise dos anões do Orçamento, “imaginávamos que esses problemas estariam sendo superados, mas depois tivemos o Collor e também pensávamos que tudo mudaria”.

A reforma da administração pública não aconteceu, e criaram-se “mecanismos mais sofisticados, até mesmo decretos secretos. Uma mentalidade predadora sem paralelos, parece que não tem fim”.

Ele considera que “o povo brasileiro é muito melhor do que sua representação política do ponto de vista moral e ético” e diz que Brasília “é como se fosse uma vida paralela”.

A megalomania, expressa nos prédios suntuosos e nas mordomias de Brasília, “é uma face da mitomania, que se tornou sistêmica”, analisa Moderno, para quem a transferência da capital para Brasília “multiplicou essa cultura no restante do país”. Do ponto de vista moral, diz ele, o que acontece no Senado e em Brasília de maneira geral “é uma fraude, não corresponde ao que é o Brasil”.

GOSTOSAS


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VINÍCIUS TORRES FREIRE

Pré-sal: quem fura quer fundos

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/08/09


Além de engordar Petrobras e criar a Petrosal, governo quer agora fundar uma petroleira experimental; com que roupa?




LULA ESTÁ com pressa de fechar a nova Lei do Petróleo. Para evitar discussão maior. Porque pretende fazer logo licitações, a fim de que o governo fature algum das empresas vencedoras. Está apressado porque quer a campanha do pré-sal na rua. Mas a quantidade de ideias novas e mal explicadas que vaza sobre o pré-sal sugere que a definição do projeto está longe do fim.
A ideia mais recente, exposta pela ministra Dilma Rousseff ao jornal "Valor", é fazer da Agência Nacional do Petróleo furadora experimental de poços. O objetivo seria o de mapear o potencial dos campos do pré-sal. Envolvidos na discussão dizem que a exótica possibilidade surgiu como solução de disputa política, de cessão de um naco de poder à ANP.
A primeira dificuldade da ideia é técnica e gerencial. Para fazer um ou "uns quatro furos", como diz Dilma, é preciso um "operador", o gerente do furo. Isto é, alguém que contrate equipes e equipamentos de sondagem, perfuração, avaliação geofísica etc. do poço em questão.
É o que faz uma petroleira responsável pela operação de "furar poço", para si própria ou para um consórcio de empresas. Em suma: é preciso criar tal equipe de gerência ou contratar uma petroleira, uma operadora.
Criar um equipe dessas não é nada simples: significa, grosso modo, criar uma equipe técnica semelhante à de uma petroleira. Contratar uma petroleira tampouco é fácil. Como são caros e escassos as equipes técnicas e os equipamentos necessários à exploração, uma empresa vai preferir reunir tais recursos para furar poços e faturar com o petróleo, não apenas para ser paga pela empreitada do furo, que pouco rende.
O que deve acontecer é a ANP contratar a Petrobras, que a isso seria "obrigada" pelo governo. A segunda dificuldade é a quantidade de furos necessária para fazer avaliação relevante das imensas áreas do pré sal. "Uns quatro furos" pode ser a quantidade de perfurações necessárias para definir as qualidades de apenas um bloco do pré-sal. Para que as prospecções da ANP tenham alguma relevância, seria preciso fazer dezenas de furos.
Isso custa caro, mas não só. Seria, de novo, preciso dedicar dezenas de equipes e conjuntos de equipamentos escassos para apenas fazer pesquisa. A ministra estima que os furos experimentais da ANP custariam cerca de R$ 250 milhões cada. Mas os custos variam e, mesmo em casos recentes de furos no pré-sal, fala-se no valor de US$ 200 milhões (R$ 365 milhões) por furo -um deles, pelo menos, no seco, sem petróleo.
Por falar em operadoras e escassez, fazer da Petrobras a operadora única dos blocos do pré-sal também não é simples. A empresa tem equipes e meios para quantos "furos"? Esse é um argumento de empresas privadas, que se opõem à mudança do modelo. Mas não só delas.
Outro problema da presença obrigatória da Petrobras em todos os blocos do pré-sal pode advir do caso de uma empresa privada ganhar uma licitação em termos desfavoráveis, aponta outro executivo de empresa privada. Num caso limite, uma petroleira pode ganhar oferecendo uma fatia grande demais de petróleo ao governo, tornando o negócio economicamente desinteressante. A Petrobras vai ser obrigada a se associar a tal empresa? Como vai ser?

DANUSA LEÃO

Sobre as modas

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/08/09


Não há mais lugar para a imaginação, a criatividade, para uma sacada de última hora; um mundo de clichês



HÁ MUITO, muito tempo, bacana era ser nobre; começava pela rainha, depois vinham as duquesas, condessas, marquesas etc. O tempo passou, cabeças foram cortadas, e os novos ricos foram os herdeiros, digamos assim, do que era a elite da época.
O tempo continuou passando; vieram os grandes industriais, os empresários, os donos de supermercado, os bicheiros, os marqueteiros, a indústria da moda, até mesmo os políticos, houve os yuppies e surgiu uma curiosa casta nova: a das celebridades. Desse grupo fazem parte atores de televisão, personagens da vida artística, jogadores de futebol, pagodeiros, sertanejos etc., e começaram a pipocar dezenas de revistas cujo objetivo é mostrar a intimidade dessas celebridades, contando os detalhes da vida (ou morte) de princesa Diana, Madonna ou Michael Jackson.
Quanto mais íntimos e escabrosos, melhor. Nesse admirável mundo novo, a moda tem uma enorme importância, e nesse quesito o que conta -mais que a elegância e o bom gosto- é saber de que grife é cada peça que está sendo usada; quanto custou cada uma todos sabem, já que são tão cultos. Um pequeno detalhe: quando duas celebridades se encontram, mesmo que nunca tenham se visto, se cumprimentam efusivamente.
Antes, muito antes, era diferente: um nobre, mesmo pobre, era respeitado por suas origens, pelo que teria sido feito por algum de seus antepassados. Mais tarde, os homens de negócios eram admirados por sua inteligência, sua capacidade em construir alguma coisa importante na vida. Agora as pessoas são definidas por símbolos, a saber: onde moram, a marca do sapato, da saia, da jaqueta, da bolsa, do relógio, do carro, se têm ou não Blackberry, para onde costumam viajar, em que hotéis se hospedam, a marca de suas malas, que restaurantes frequentam, aqui e quando viajam. Ninguém tem coragem de arriscar férias em um lugar novo, um restaurante que não é famoso, usar uma bolsa sem uma grife facilmente identificável.
Mas quem responder de maneira certa às tais indagações poderá, talvez, ser aceito na turma das celebridades. Acordei hoje falando muito do passado; acontece, vou continuar. Houve um tempo em que mulheres do maior bom gosto apareciam com uma bonita saia e uma amiga dizia "que linda, onde você comprou?".
Hoje, isso não existe mais, porque as pessoas -aquelas- não usarão jamais uma única peça de roupa que não seja grifada. Outro dia fui a um jantar em que havia umas 40 pessoas, sendo 20 mulheres. Dessas 20, dez usavam sapatos Louboutin, aquele que tem a sola vermelha. Preço do par, em São Paulo: R$ 10 mil. Estavam todas iguais, claro, mas o pior é ser avaliada e aceita pela cor da sola do sapato; demais, para minha cabeça.
O prazer -e o chique, a prova da capacidade de improvisar- era botar uma roupa bonita comprada em um mercado qualquer de Belém, Marrakech ou Istambul, e ser diferente. Hoje é preciso mostrar que folheou a revista que tem a informação do que está na moda e que tem dinheiro para comprar. E os jogadores de futebol e os pagodeiros, que não aprenderam o que é bonito na infância, porque eram pobres, nem na vida adulta, porque não deu tempo, olham as revistas, entram no Armani e fazem a festa, já que são também celebridades.
Não há mais lugar para a imaginação, a criatividade, para uma sacada de última hora, que faz com que uma determinada mulher seja a mais especial da noite. Eu não frequento este mundo, mas de vez em quando esbarro nele sem querer, e é difícil.
Um mundo de clichês; mas como tudo passa, estou esperando a hora de acordar e pensar que essa época não passou de um pesadelo.

GOSTOSA


QUERO IR PARA O CÉU

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PARA....HIHIHIHI

A SAGA DO COTOCO

CAPÍTULO I - COTOCO E O MAR

Cotoco era um menino muito, muito, mas muito triste, pois não tinha os dois braços e as duas pernas... Os amigos sempre tentavam levá-lo pra passear e se divertir.
Um dia o pessoal resolveu ir à praia.
- Já sei! Vamos levar o Cotoco - disse alguém...
- É isso! Vamos, Cotoco. Nós vamos à praia e vamos te levar com a gente.
- Não, de jeito nenhum! Vocês não vão se divertir se me levarem...
- O que é isso, Cotoco! A gente reveza e cuida de você.
De tanto insistirem o Cotoco resolveu ir, e chegando lá os amigos o colocaram bem na beirada da água, no rasinho e lá ele ficou se divertindo.
Mas o pessoal se distraiu e ele foi ficando por lá... De repente a maré começou a subir, subir e enquanto as ondas iam e vinham ele ia afundando, afundando. Cotoco então começou a se desesperar:
- Socorro!!!!!! Socorro!!!!!! - gritava o Cotoco.
Foi aí que um cara, que já tinha tomado todas, o avistou de longe e correu para o resgate. Heróico, o bêbado pegou Cotoco nos braços e começou a nadar vigorosamente. E o Cotoco pensou:
- Ufa! Agora estou salvo...
Porém, o bêbado estava indo pro lado errado e quando finalmente o "pé de cana" estava com água na altura do peito, lançou Cotoco violentamente para o fundo da água e gritou:
- Vai, tartaruguinha ... vai...

CAPÍTULO II - COTOCO, O NADADOR

Depois do quase fatídico e trágico acontecimento na praia, no qual um banhista bêbado pensou que ele fosse uma pobre tartaruguinha e o lançou bem longe em alto mar... Mas foi então que aconteceu um milagre: Cotoco começou a nadar com as orelhas!
Cotoco virou uma celebridade. Virou nadador profissional. Apareceu no Gugu, deu entrevista no Ratinho, ganhou destaque no Show do Esporte e foi chamado para ir aos Jogos Para-Olímpicos.
Chegou o grande dia! Uma equipe contratada começa a prepará-lo e outra, especialmente treinada, joga Cotoco na piscina, mas para espanto geral, o pobre Cotoco fica parado no fundo da piscina, obviamente sem se debater, e é retirado às pressas para a superfície.
Ainda assustado com o grupo de curiosos que se forma à sua volta, Cotoco vai recuperando o fôlego. Todos esperam uma explicação para tamanho fracasso, até que Cotoco consegue finalmente dizer:
- Quem foi... o filho da puta... que me colocou... essa porra de touca?

CAPÍTULO III - O CIRCO

Depois da quase trágica aventura no mar e da sua curta carreira como nadador, o coitado do pobre cotoco resolveu fazer um programa que "APARENTEMENTE" não o colocaria em perigo. Eis que ele reuniu seus fiéis amigos e foram em um circo...
Decorria o número do domador de leões, quando o leão escapou da jaula e foi para cima do público. As pessoas começaram a correr de um lado para o outro, e os amigos do pobre cotoco, é claro, deram no pé...
Cotoco se debatia nas arquibancadas e se esforçava para sair dali.
Alguns, ao verem o pobre deficiente, gritavam para que alguém o acudisse:
- Olha o aleijado!!! Olha o aleijado!!!
E cotoco debatendo cada vez mais rapidamente pelas arquibancadas.
- Olha o aleijado!!! Olha o aleijado!!!
E cotoco, sem agüentar gritou:
- VÃO TODOS SE FODER SEUS FILHOS DA PUTA!!!VIADOS!!! DEIXEM O LEÃO ESCOLHER SOZINHO!!!

CAPÍTULO IV - O CASAMENTO DO COTOCO

Certa vez, uma viúva rica e solitária decidiu que precisava de um outro homem em sua vida, então colocou um anúncio no qual podia-se ler:
"Viúva rica procura por homem para compartilhar vida e fortuna. Requisitos necessários: 1 - Não me bater... 2 - Não fugir de mim... 3 - Ser excelente na cama..."
Por muitos e muitos meses seu telefone tocou incessantemente, sua campainha não parava um segundo, ela recebeu toneladas de cartas, mas nenhum dos pretendentes se enquadrava nas qualificações. Porém, um dia, a campainha tocou novamente. Ela abriu a porta e quem estava lá????
O COTOCO sem braços nem pernas deitado no tapete da porta.
Perplexa, ela perguntou:
- Quem é você? E o que você quer?
- Olá! - ele disse - Sua busca terminou, pois sou o homem dos seus sonhos. Eu não tenho braços, logo não posso te bater. Não tenho pernas, portanto, não posso fugir de você.
- Bom - ela retrucou - o que o faz pensar que é tão bom na cama?
COTOCO respondeu:
- Eu toquei a campainha, não toquei?!?!

... e Cotoco viveu feliz para sempre...


COLABORAÇÃO ENVIADA POR ADRIANA

PAINEL DA FOLHA

A campanha sou eu

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/08/09

Lula tem dado todos os sinais de que pretende exercer controle absoluto sobre a campanha de Dilma Rousseff, estendendo sua influência, em caso de vitória, à transição e pelo menos ao início do governo.
Recentemente, o presidente rejeitou de forma categórica a sugestão de um auxiliar próximo para que a ministra se desincompatibilizasse antes da data-limite, ficando liberada para correr o país. Nada fará mais por Dilma, disse Lula, do que ser gerente do PAC.
Ele foi ainda mais curto e grosso com um expoente do PT paulista que lhe apresentou uma série de sugestões. "Cuidem da campanha em São Paulo, que lá vocês não têm nem candidato", cortou Lula com um tapinha nas costas. "Da campanha da Dilma cuido eu."




Inflamável. Cientes da disposição de Lula, os envolvidos na candidatura de Dilma (inclusive a própria) pisam em ovos. Ainda não esqueceram da confusão criada certa vez em que fizeram uma reunião palaciana para tratar de assuntos da campanha sem conhecimento prévio do chefe. Ele soube pela imprensa.

Confessionário. Alguém perguntou a um líder da base aliada na Câmara se ele votará em Dilma. Resposta: "Olhe, no silêncio da urna indevassável, nunca digitei o 13. E pretendo morrer sem digitar".

Lear... Um grão-petista leu a coluna de Marina Silva na Folha, segunda-feira passada, e logo entendeu que, ao versar sobre "Rei Lear", a senadora não se referia ao baleado José Sarney, cujo afastamento tem defendido, e sim a Lula.

...e Cordélia. Como a filha mais jovem do rei da tragédia de Shakespeare, Marina nutriu durante muitos anos verdadeira adoração por Lula, lembra o grão-petista. E saiu de seu governo profundamente decepcionada. Agora, ameaça deixar o PT e disputar a Presidência pelo PV.

Parque Jurássico. Entre os pontos relativos à exploração do petróleo do pré-sal ainda em debate no governo está o nome da estatal que cuidará do setor. Lula não gosta de Petrossal, como a empresa chegou a ser informalmente chamada no noticiário. Acha que lembra dinossauros.

Virou pó. Um antigo aliado constata: a truculência exibida pela tropa de choque de José Sarney (PMDB-AP) demoliu a imagem de "homem cordial" que o presidente do Senado durante décadas se empenhou em cultivar.

Workshop. Amanhã, o único compromisso na agenda de Sarney é receber Lee Sang-deuk, membro do Parlamento sul-coreano, tornado célebre pelas cenas de pancadaria.

Veterano. Ney Maranhão, que fazia parte da primeira tropa de choque assim intitulada, a collorida, e tem sido presença constante nas recentes confusões no Senado, foi agraciado com um cargo de assessor na Segunda Secretaria da Casa, ocupada por João Claudino (PTB-PB).

Tela quente 1. Com o aval do Planalto, a Câmara dos Deputados pretende acelerar a votação do projeto de lei 29, que obriga a exibição de cotas de produção nacional e independente na TV por assinatura e libera as operadoras de telefonia para atuar no mercado de TV paga.

Tela quente 2. Outro ponto polêmico do texto que irá a votação estabelece limite para a comercialização de conteúdo audiovisual na internet. O projeto está nas mãos de Vital do Rego Filho (PMDB-PB), na Comissão de Defesa do Consumidor.

Escanteio. Renato Casagrande (PSB) tem reclamado dos métodos do governador Paulo Hartung (PMDB) para isolá-lo na sucessão no Espírito Santo. Hartung lançou o vice, Ricardo Ferraço, e passou a pressionar os prefeitos, inclusive do PSB, a abandonar a candidatura do senador.


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio
Ela não quer voltar para o Senado. Aliás, tornou-se compreensível que uma pessoa não queira nem mesmo pisar no Senado.

Do deputado FERNANDO GABEIRA (PV-RJ), sobre a possibilidade de a senadora Marina Silva disputar a Presidência da República.

Contraponto

Quebra essa

Em 1984, vice na chapa presidencial de Tancredo Neves, José Sarney foi a um evento no teatro Santa Isabel, em Recife, coordenado pelo economista Clodoaldo Torres, que mais tarde presidiria a Assembleia pernambucana.
Exceto malufistas, políticos de todos os matizes lotavam o teatro. Tendo em mãos a lista de quem iria discursar, Clodoaldo foi confirmá-la com cada um dos oradores.
-Não vou falar- declinou polidamente Sarney, oriundo do PDS e recém-chegado ao PMDB de Tancredo.
Clodoaldo informou os organizadores do encontro. Como estes protestassem, ele voltou ao convidado ilustre. Sarney então apertou-lhe o braço e fez o apelo definitivo:
-Me tire dessa! Não vou falar porque serei vaiado...

GOSTOSA



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JOÃO UBALDO RIBEIRO

Os números não mentem

O GLOBO - 09/08/09

Os números têm o dom de intimidar as pessoas. Se alguém disser, por exemplo, que a maioria das mulheres casadas é infiel, haverá à mesma mesa quem o conteste imediatamente. Mas, se a afirmação for que 57,8 por cento das mulheres casadas são infiéis, a respeitabilidade da informação é rapidamente estabelecida, embora, é claro, tanto uma assertiva quanto a outra possam não passar, como no caso, de chutes sem o menor respaldo na realidade. Dizem que um matemático uma vez confrontou Diderot, o enciclopedista, que era ateu, com a sentença “a+b=x, logo Deus existe”. Diderot teria embatucado, vencido pelo aparente rigor científico da afirmativa, que, naturalmente quer dizer apenas que a soma de dois números determinados é igual a um terceiro e é preciso ser bastante panteísta para acreditar que Deus está envolvido no assunto.

Além disso, fomos acostumados a ouvir e repetir que os números não mentem. Mentiriam, neste caso, as palavras, enquanto os números, com toda a exatidão que sugerem, seriam sempre confiáveis. Mas é óbvio que nem números nem palavras mentem. Quem mente são as pessoas que usam esses números e palavras. E mentem com tamanha desfaçatez que trazem uma péssima reputação à pobre ciência estatística, que já foi e continua vítima de toda sorte de vilipêndio, tais como o que a descreve como a arte de mentir com precisão ou aquela que leva um sujeito a afogar-se num rio com a média de 50 centímetros de profundidade. Não é bem assim, mas às vezes parece ser.

No dia a dia das notícias, as estatísticas nos perseguem, até porque, jogadas a torto e a direito, entram em frequente contradição umas com as outras, ou, o que é ainda mais aflitivo, com a realidade que defrontamos. Estarão mentindo, ou o que vemos e ouvimos não passa de uma impressão paranoica? Que estarão querendo dizer com “o brasileiro médio”, “a dona de casa de classe média” ou “os ricos” ou qualquer outra das centenas de categorias em que nos dividem o tempo todo?

Bem, não vou dar aula de estatística aqui, até porque me falta qualificação e o que sei dela já lá se vai em aulas longínquas, nunca mais rememoradas. Mas encontrei, esquecidas num dos socavões do computador, algumas notas que tomei para mostrar o uso sem-vergonha das estatísticas, que nos pega todo santo dia. Não sei de onde tirei originalmente essas notas e, se são trabalho alheio, me apresso em agradecer, embora não saiba a quem. O objeto escolhido para a “pesquisa” é o pão e o objetivo é provar que ele faz mal. Os percentuais citados não são reais nem têm importância. É com truques como esses que nos empulham e aterrorizam todo santo dia. Aí estão os resultados “estatísticos” para a pesquisa sobre o pão. Os números não mentem.

1. 100% dos consumidores de pão acabam mortos.

2. 98,3% dos presidiários que cumprem pena por crimes violentos são usuários de pão.

3. 85,2% de todos os alunos do ensino médio que obtêm resultados insatisfatórios nas provas consomem pão diariamente.

4. No século XVIII, quando todo o pão era preparado nas próprias residências dos consumidores, a expectativa de vida média era de menos de 50 anos. As taxas de mortalidade infantil eram absurdamente elevadas, muitas mulheres morriam de parto e doenças tais como as febres tifoide e amarela dizimavam cidades inteiras.

5. 92,7% dos crimes violentos são cometidos dentro de 24 horas depois da ingestão de pão.

6. O pão é feito basicamente de farinha de trigo. Está provado que menos de 500 gramas de farinha de trigo são suficientes para sufocar um rato. O indivíduo médio, que consome dois pães de cinquenta gramas por dia, terá ingerido, no final do mês, farinha suficiente para ter matar seis ratos.

7. Sociedades tribais primitivas que não fazem uso do pão apresentam baixa incidência de câncer, do mal de Alzheimer, de Parkinson e de osteoporose.

8. Está provado estatística e cientificamente que o uso do pão causa dependência física e mental. Pesquisa feita em voluntários revelou que 99,8% daqueles que foram submetidos a uma dieta forçada, somente à base de água, imploraram por pão, em três dias ou menos.

9. O pão é um alimento frequentemente utilizado em conjunto com outros alimentos pesados e prejudiciais à saúde, tais como a manteiga, queijo, geleia e embutidos, todos ricos em gorduras e colesterol.

10. Testes científicos comprovaram que o pão absorve a água. Partindo da premissa de que mais de dois terços do corpo humano são água, todo aquele que ingere pão corre o risco de sofrer desidratação grave.

11. O pão é assado em fornos cujas temperaturas são mantidas acima de 200º Celsius. Essa temperatura pode matar um ser humano adulto em menos de um minuto.

12. 58% dos indivíduos que consomem pão são totalmente incapazes de distinguir entre fatos científicos comprovadamente significativos e baboseiras pseudoestatísticas sem sentido e manipuladas, como esta.

Claro nós não estamos nesses 58% (ou 58,4 ou 46,9), nós somos prevenidos contra esse tipo de coisa. É verdade. E assim me despeço, congratulando-me com todos vocês, pois 97,6% dos que leram esta coluna no domingo passado se mantiveram a semana inteira com a saúde estável e sem problemas no trabalho.

CLÓVIS ROSSI

Pena ou desprezo?

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/08/09

SÃO PAULO - Chego a sentir certa pena do senador Aloizio Mercadante, o líder do PT no Senado, quando ele diz que o motivo que o levou a fugir do plenário na quinta-feira é este: "Não queria ver minha foto naquela moldura".
Pena, senador, que sua foto já esteja naquela moldura desde que aceitou silenciosa, mas gostosamente, a aliança de seu partido com algumas das figuras mais deploráveis da política brasileira.
Ou Mercadante não participou ativamente da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, ano em que Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello estavam lado a lado, praticando as infâmias arquiconhecidas?
Não creio que o senador petista tenha uma formação tão religiosa que lhe permita acreditar no arrependimento dos pecadores. Portanto, só aceitou conviver e ser "companheiro" de Collor e Renan (para não citar uma bela quantidade de outros não menos deploráveis) em nome de agarrar-se ao poder a qualquer custo, mesmo que seja um custo deplorável.
Mercadante foi, durante as campanhas presidenciais do PT, a melhor fonte sobre assuntos econômicos. E melhor aí é, sim, juízo de valor, embora muita gente, inclusive no próprio partido, faça severas restrições aos conhecimentos do hoje senador.
Muito bem. Após a posse, Mercadante foi escanteado. Um dia, em almoço no Itamaraty para o então primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi, sentamos à mesma mesa e ele me disse que se sentia "emparedado", porque tinha críticas, mas a lealdade ao chefe o impedia de fazê-las.
Calou-se tanto, renunciou tanto a pensar com a própria cabeça que termina obrigado a homiziar-se em seu gabinete para não aparecer na foto ao lado do "companheiro" Renan, sob a presidência do "companheiro" Sarney. Merece piedade ou desprezo?

DIA DOS PAIS


PAI EXEMPLAR

HOMENAGEM DO BLOG PARA TODOS OS PAIS

ELIO GASPARI

Dilma Rousseff decidiu dar um mau exemplo

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/08/09


Em vez de cortar o sobrepreço de sua aceleração acadêmica, a ministra preferiu a linha acrobática



A MINISTRA DILMA Rousseff e seu comissariado de informações ainda não desfizeram a encrenca do dado falso de seu currículo. Há um mês, o repórter Luiz Maklouf Carvalho revelou que ela não tinha mestrado pela Universidade de Campinas. O banco de dados Lattes, que armazena os currículos de todos os acadêmicos brasileiros, informava que ela obtivera o título com uma dissertação intitulada "Modelo Energético do Estado do Rio Grande do Sul". Essa titulação estava listada também nas páginas da Casa Civil e da Petrobras, cujo Conselho de Administração ela preside. Entre seus méritos universitários havia ainda o de "doutoranda" da Unicamp em economia monetária e financeira.
Exposto o vexame, sucederam-se explicações: ela frequentara os dois cursos, mas não apresentara as devidas dissertações. Pena, porque são requisito essencial para a obtenção dos títulos. A condição de doutorando só existe enquanto a pessoa faz o curso. Dilma Rousseff deixou de ser doutoranda em 2000, quando sua matrícula foi cancelada.
A ministra eximiu-se de responsabilidade pelo texto do Lattes e o erro mostrado no currículo da Casa Civil chegou a ser atribuído a algum servidor desavisado. Tudo bem, Dilma Rousseff seria a única pessoa que jamais leu o próprio currículo.
O Planalto pode botar o que quiser nas biografias dos companheiros, mas a Instrução 367 da CVM determina que as assembleias gerais das empresas de capital aberto, como a Petrobras, coletem os currículos de seus conselheiros e define como "infração de natureza grave" a prestação de "informações ou esclarecimentos falsos". Não se pode ver no mestrado inexistente da ministra um risco para os acionistas da empresa. Nesse aspecto, está mais para insignificância.
O relatório que a Petrobras preparou em 2007 para a Security Exchange Commission, a CVM americana, incorporou a condição de "doutoranda" da ministra. Como essa expressão não existe no vocabulário inglês, algum tradutor honesto informou que "atualmente ela está buscando um grau de doutora em economia monetária e financeira na Unicamp". A mágica virou comédia.
Atualmente a Petrobras exibe uma nova versão do currículo. Informa que ela "foi aluna de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas pela Unicamp, onde concluiu os respectivos créditos". Blablablá. Foi aluna buscando um título que não obteve.
A ministra Rousseff é candidata à Presidência da República, pessoa de quem se esperam exemplos de conduta. Admitindo-se que nada teve a ver com os currículos maquiados e astuciosos, resulta que desprezou o caminho mais simples: bastaria jogar detergente na titulação, esquecendo a Unicamp e dispensando acrobacias. Ela continuaria economista diplomada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o que não é pouca coisa.

O GOVERNO GOVERNOU E A BANCA PAGOU

Quando o governo trabalha, as coisas melhoram. Há três anos, começou uma negociação com a banca para que ela lhe pagasse algum dinheiro pela manipulação de folha de 26,6 milhões de benefícios do INSS. A Viúva pagava R$ 250 milhões pelo serviço.
A reação inicial dos plutocratas foi classificar a ideia como absurda. Passou o tempo, aceitaram um acordo e pararam de cobrar. Em seguida, o governo anunciou que leiloaria a manipulação dos novos benefícios da Previdência. Alguns banqueiros ameaçaram boicotar o leilão e o governo respondeu avisando que o Banco do Brasil e e Caixa compareceriam.
Para o bem de todos e a felicidade geral da nação, realizou-se o leilão e a banca compareceu. A simples decisão de fazer o certo resultou numa economia de R$ 250 milhões e num embolso adicional de algo como R$ 35 milhões a partir de 2010.
DESCARRILAMENTO
O governador José Serra não é um admirador da ideia da construção do trem-bala ligando o Rio a São Paulo e Campinas.

MADAME NATASHA
Madame Natasha adora ônibus cheio. Ela decidiu conceder uma de suas bolsas de estudo ao secretário municipal de Transportes da cidade de São Paulo, Alexandre de Moraes.
O doutor deu uma entrevista e explicou que num determinado cruzamento da cidade a "temporização semafórica" é de dois minutos. Madame acredita que Moraes criou o congestionamento vocabular.

NOVO JORNALISMO
Zarpou da Califórnia com destino a uma zona de calmaria ao norte do Havaí um navio com a equipe do projeto Kaisei. Eles vão em busca do "Lençol de Lixo do Pacífico" uma área do tamanho do Estado do Amazonas, transformada em depósito de sujeira flutuante pelas correntes marítimas.
Na equipe viaja a repórter Lindsey Hoshaw, uma moça formada por Stanford que organizou um projeto de cobertura, colocou-o no sítio Spot.Us e pediu ajuda. Conseguiu US$ 6.000. O "New York Times" entrou no lance, oferecendo cerca de US$ 700 caso decida comprar fotografias. Se publicar um texto, pagará mais. Também aderiram os fundadores do eBay e da CraigList, um megaportal de anúncios classificados.
O Spot.Us expõe projetos de reportagens relacionados com a área e os interesses de San Francisco. Aceita doações individuais que raramente chegam a cem dólares e devolve o dinheiro se o serviço não é entregue. Salvo no caso de empresas jornalísticas, não recebe cheques com valor superior a 20% do valor do projeto.

BOLSA IPI
A Câmara aprovou por 206 votos a 162 a Bolsa IPI, que concede um refrigério tributário aos exportadores. Coisa de R$ 220 bilhões, segundo a Receita Federal. Há R$ 20 bilhões (dois Bolsa Família) de calotes inscritos na dívida ativa da União.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que pedirá a Nosso Guia que vete o mimo. Ele foi contrabandeado numa medida provisória que tratava do programa Minha Casa, Minha Vida. Numa perfeita maracutaia, os admiradores da Bolsa apressaram-se para que a Câmara votasse antes de quarta-feira, quando o Supremo Tribunal Federal deve começar o julgamento do pleito.
O PSDB, que tanto fala em porta de saída para o Bolsa Família do andar de baixo, deu 32 votos decisivos para a porta de entrada da Bolsa IPI do andar de cima. Pior: a liderança tucana recomendou que se desse o presente (dez de seus deputados votaram contra). No PT, a liderança ficou contra e conseguiu 53 votos. (Seis petistas votaram a favor.)
É o velho tucanato com suas doenças crônicas: demofobia e plutofilia.

EREMILDO, O IDIOTA
Eremildo é um idiota e acredita que o senador Romero Jucá, relator da CPI da Petrobras, mostrou ao que veio. Ao dizer que a comissão não deve investigar ninharias de shows e festas juninas sobrefaturadas, acrescentou "ou uma plataforma P-51 não sei de onde".
O idiota pensa que embaixo da P-51 só há água. Fez uma conta e concluiu que Jucá não sabe quanto custa uma festa ou sabe de algo sobre a plataforma. A P-51 custou US$ 1 bilhão, dinheiro suficiente para 50 mil noites juninas.

PAULO ROBERTO FALCÃO

Iguais

ZERO HORA - 09/08/09

Grêmio e Barueri estão iguais em pontos e disputam com Corinthians, Avaí e São Paulo o direito de encostar no G-4. O time de Paulo Autuori tem outro objetivo, hoje, na Arena Barueri: conseguir a sua primeira vitória fora de casa. É uma proeza quase tão difícil quanto foi o empate com o Palmeiras na última quinta-feira, o melhor jogo do Grêmio fora do Olímpico neste Brasileirão. Ainda mais que o Barueri, depois de passar quatro rodadas sem vencer, aplicou uma goleada sobre o Vitória, na mesma quinta-feira. O time treinado por Estevam Soares é bem organizado e tem vocação ofensiva. Basta lembrar o jogo contra o Inter no Beira-Rio, quando recuperou-se de uma derrota parcial de 2 a 0, empatou o jogo e só perdeu no final.

É hora de conferir novamente a opção de Autuori pela dupla de ataque formada por Douglas Costa e Maxi López. Contra o Palmeiras, funcionou bem, mas o ataque só rendeu o que era esperado quando Tcheco e Souza passaram a se juntar mais aos dois jogadores de frente. O Grêmio tem jogadores de ligação com potencial para se transformarem em atacantes, pois tanto Souza quanto Tcheco são bons finalizadores. O Barueri tem Otacílio Neto, que também chuta muito forte de qualquer distância.

Apesar da igualdade na tabela de pontos, é evidente que o Grêmio tem mais experiência, mais tradição e mais camisa. Porém, o Barueri é uma das revelações do Brasileirão, fez boa campanha no Campeonato Paulista e está mostrando que tem cacife para permanecer entre os grandes.

Bronca

Os dirigentes do Barueri estão na bronca com o Inter por causa do jovem Thiago Humberto, que o clube estava preparando para negociar com o Exterior. Ele tem contrato até dezembro e não quer renovar com o clube paulista. Segundo o presidente do Barueri, Walter Sanchez, o jogador teria assinado um pré-contrato com o Inter e estaria só esperando o final de seu compromisso para sair de graça, como prevê a legislação. Thiago Humberto é meia e fez o quarto gol da goleada sobre o Vitória, na última quinta.

Lanterna

Ainda se recuperando da desgastante viagem para o Japão, o Internacional só volta a campo nesta segunda-feira, para receber o Sport, no Beira-Rio. O time pernambucano está caindo pelas tabelas. Ocupa o último lugar na classificação e vem de derrota por goleada para o Fluminense, que era então o lanterna da competição.

Pais

Tem pai que joga muito, tem pai que é ruim que dói – como diz a propaganda –, mas todos eles são craques no jogo afetivo disputado diariamente no coração de seus filhos e filhas.

PAPAI SARNEY


TOSTÃO

Sentimento de culpa já era

JORNAL DO BRASIL - 09/08/09

Nesta semana, Clóvis Rossi lembrou de duas imagens deprimentes da política brasileira. Na primeira, Lula abraça Fernando Collor, que, anos atrás, pagou a uma mulher para dizer, na televisão, que Lula, seu adversário, quis abortar a filha que tiveram. Na se gunda, Collor, que faz parte hoje da tropa de choque de Sarney, é o mesmo que chamou até de ladrão o presidente do Senado.

Esse e tantos outros fatos la men táveis, de gravidades variáveis, acontecem em toda sociedade, e também no futebol. Pelé já criticou e abraçou, afetuosamente, Ricardo Teixeira várias vezes.

As opiniões mudam com frequência. Ricardo Teixeira disse que não haveria dinheiro público para construção de estádios para a Copa de 2014. Agora, acha isso inevitável. Vão dizer que financiamento do BNDES não é dinheiro público. Como não é? Já imaginou o que vai ocorrer perto da Copa, com obras atrasadas? Por causa da repercussão negativa, o governo, via BNDES, quer agora diminuir os custos dos estádios. Pelo menos, isso.

A coerência é uma difícil e rara qualidade. Além disso, muitas pessoas são cobradas pelo que fizeram e disseram 30, 40 anos atrás. Mui tas vezes, é difícil separar a mudança de opinião, que pode ser uma virtude, uma evolução, da mudança por outros interesses, às vezes, indecorosos.

Sei que não é fácil ser um observador neutro. Quando analisamos um fato, com frequência, mesmo sem perceber, utilizamos de pré-conceitos e, às vezes, de preconceitos que nem imaginamos ter.

O ser humano vive dividido en tre o desejo e a ética. Uma disputa esportiva, por carregar muita emoção e uma obsessiva busca pela glória e pelo dinheiro, não é um bom lugar para se ver condutas educadas e éticas. Se não houvesse fiscalização e punição, haveria muito mais coisas graves, antiéticas e ilegais, como o doping no atletismo brasileiro.

Freud dizia que o ser humano é muito mais imoral que se imagina, pois deseja, mesmo se não fizer, muitas coisas perversas, e muito mais moral que se pensa, por ter mui tos sentimentos de culpa. Isso mudou. O sentimento de culpa está fora de moda.

Choque de gerações

Fernandão disse que um dos motivos de ele ter ido para o Goiás, e não para o Inter, um clube de mais prestígio, foi não ter sido bem tratado pelo time gaúcho, clube em que teve ótima convivência e longa e brilhante passagem. O jovem Fernandão queria ter uma conversa afetuosa com os dirigentes. Esses pediram que ele mandasse uma proposta por e-mail. Fernan dão não gostou. Os dirigentes es tranharam. Foi um choque invertido de gerações.

A moda agora é se comunicar por e-mails, blogs e twitters. Se gundo José Saramago, que possui um blog, o twitter, com poucas palavras, é mais uma evidência de que o ser humano caminha para o grunhido.

Coerência

Para tentar ser coerente, em vez de escrever na coluna anterior que Muricy se diferencia dos outros técnicos por fazer bem o óbvio, o essencial, deveria ter escrito que ele se diferencia de outros treinadores. Ele não é o melhor de todos. É um dos melhores.

FERNANDO CALAZANS

A nação inexplorada

O GLOBO - 09/08/09

Os dois clubes de maior torcida do Brasil jogam hoje no Maracanã. Dois fenômenos de popularidade, empatia e paixão. Flamengo e Corinthians. A propósito do primeiro, algo me impressionou no meio da semana.
Mesmo não sendo novidade a força rubro-negra nos outros estados, foi mesmo de assombrar o que a torcida do Flamengo fez em Goiânia, no Serra Dourada, contra o time do Goiás.
Sim, de assombrar. No segundo tempo, quando o Flamengo, mesmo sem jogar bem, empreendeu briosa reação e marcou dois gols, igualando o placar, o que se viu no estádio foi uma festa com as cores vermelha e preta, foi uma cantoria de sua torcida que simplesmente abafou a torcida rival, foi como se o jogo fosse no Maracanã.


Pois era em Goiânia. Se o Serra Dourada quase virou Maracanã, Goiânia quase virou o Rio de Janeiro. Só há uma entidade capaz de produzir essa transformação: o Clube de Regatas do Flamengo.
Pois exatamente esse prodígio, que poderia ser motivo de expansão, grandeza e poder do Flamengo, acaba por virar frustração em cabeças conscientes. A festa do Serra Dourada vira lamentação. Por quê?
Como é que um clube com esse potencial rigorosamente único no país, com essa força, esse raio de ação continental, como é que esse clube pode viver à míngua na sua sede do Rio?


Vamos convir: são necessárias muitas e muitas administrações incompetentes, algumas desastrosas, ao longo de sua história, para que um clube como o Flamengo se encolha tanto e em tudo: não tem estrutura profissional, não tem dinheiro, não tem poder de fogo nem de contratação, não tem sequer poder no futebol brasileiro e nas entidades do futebol brasileiro.


Ao contrário, tem uma montanha de dívidas, tem uma histórica desorganização interna, tem um cenário de brigas, tem um clima de guerra, em que as pessoas não se entendem e menos ainda as pessoas da situação e da
oposição.


Até hoje, um observador imparcial não saberia dizer o que é pior no Flamengo: situação ou oposição. O embate me faz recordar uma imagem que criei aqui sobre o duelo entre Obina e Souza, no mesmíssimo Flamengo, para ver quem era o melhor, quer dizer, para ver quem era o pior.
Quando Obina estava jogando, a gente jurava que o melhor era o Souza; quando estava jogando o Souza, a gente apostava que o melhor era o Obina.


Assim acontece também na política do clube: a gente sempre pensa que a oposição é melhor, até que ela vira situação. Aí não há nada pior do que ela. Nem uma nem outra tiveram competência para explorar a alma rubro-negra que abarca o país de Norte a Sul.
E, para fechar o quadro sombrio, não aparece na Gávea uma liderança diferente, uma coisa nova, um nome atraente, em que o clube possa apostar suas fichas. É o deserto.


O único cenário de alegria do Grande Flamengo campeão de terra e mar são as arquibancadas, sejam do Maracanã, sejam do Serra Dourada, sejam da Ilha do Retiro. E é só. Foi a isso que dirigentes dos dois lados reduziram o
clube.
Sem ser uma maravilha e sem igualar outros esquadrões que vi jogar, o Corinthians era o time que eu mais apreciava este ano. Era. Já não é mais.
Não fui eu que mudei o gosto ou a opinião. Foi o Corinthians que mudou o time, forçado pela ausência de jogadores que já se evadiram para o exterior, como está acontecendo e ainda vai acontecer com outros clubes.


Além disso, o Corinthians tem outros desfalques por suspensão e contusão. Aumentam as possibilidades do Flamengo de se afirmar no campeonato. Mas é um clássico, e clássico é clássico.

GOSTOSAS


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BRASÍLIA - DF

MERCADANTE

Luiz Carlos Azedo com Guilherme Queiroz

CORREIO BRAZILIENSE - 09/08/09

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, de São Paulo, aposta na racionalidade para sair da crise do Senado em condições de se reeleger. Avalia que o Conselho de Ética e a CPI da Petrobras vão funcionar em bases regimentais e as esgarçadas relações entre o PMDB e o PSDB voltarão ao leito normal. Mas insiste que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve se licenciar do cargo e esperar o resultado das investigações para pôr um ponto final na crise do Senado.

Estradas de Minas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula o nome do ministro das Comunicações, senador Hélio Costa (PMDB-MG), para vice na chapa encabeçada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Com isso, pretende estabilizar a aliança do PT com o PMDB e montar uma coalizão eleitoral que considera imbatível em Minas, tendo o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) como candidato a governador.

Lula avalia que tal aliança "cristianizaria" o governador tucano José Serra em Minas, se o mesmo for o candidato do PSDB. A opção por Costa, no lugar do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), tem a ver também com a consolidação da aliança do ex-governador Orestes Quércia, que controla o PMDB de São Paulo, com os tucanos.

Topete

No meio do caminho, como diria o jagunço Riobaldo, tem um redemoinho. É o topete do ex-presidente Itamar Franco, que voltou à cena política neste fim de semana como novo integrante do PPS. Aliado do governador Aécio Neves (PSDB), Itamar pode ser candidato a qualquer coisa e embaralhar o jogo da sucessão local e nacional.

Gestão

O governador Aécio Neves anunciou, ao visitar as obras da Cidade Administrativa, que a nova sede do governo de Minas Gerais economizará um total de R$ 80,9 milhões aos cofres públicos. Essa estimativa girava antes em torno dos R$ 30 milhões.

Tamiflu

Infectologistas do Ministério da Saúde estão na bronca com o ministro José Gomes Temporão, por causa do atraso na distribuição de Tamiflu à população infectada pelo vírus da gripe suína. O remédio precisa ser tomado nas 48 horas iniciais da gripe, para evitar complicações letais, mas a distribuição foi limitada e retardada porque o ministério comprou a granel 8 milhões de doses e não conseguiu produzir as cápsulas do medicamento em tempo hábil. Ou seja, falta remédio e sobra burocracia para quem precisa do remédio.

Audiência

Depois de quebrarem o pau no plenário do Senado, o senador Tasso Jereissati (CE) e o líder do PMDB da Casa, Renan Calheiros (AL), tornaram-se hit na internet. O arranca-rabo dos dois está entre os mais vistos no YouTube.
No cafezinho
Rebeldes -
Deputados da base aliada estão rebelados na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Pressionam o Executivo pela liberação de recursos de emendas parlamentares e verbas para obras nas bases eleitorais. Vão protelar seletivamente a votação de créditos ao Orçamento e complicar a gestão do caixa do governo. Na pauta da comissão, há pelo menos 12 projetos que remanejam R$ 1,9 bilhão para novas prioridades de ministérios e autarquias.

Trilhos - Continua o fuzuê na Fundação Refer, fundo de pensão da extinta Rede Ferroviária Federal (Reffsa). Um grupo de candidatos derrotados nas eleições do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal quer a impugnação do pleito. Alega fraude na votação, que é feita por correspondência. Foram encontradas 29 cédulas de eleitores de outros estados postadas no Rio de Janeiro, sede do Refer, todas da mesma data.

Ciúmes - Grupo de peemedebistas questiona a indicação do ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA), para ocupar assento no conselho político do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. A turma do contra se incomoda com a força do grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no governo Lula.

Bobó - Acéfala há mais de um ano, a Companhia Docas da Bahia (Codeba) tem novo presidente: o engenheiro José Rebouças, apadrinhado político de Otto Alencar, conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia e favorito a concorrer ao Senado na aliança do governador Jaques Wagner (PT).

ELIANE CANTANHÊDE

Quando janeiro chegar

FOLHA DE SÃO PAULO - 09/08/09

BRASÍLIA - O calendário eleitoral foi excessivamente antecipado, em especial por Lula, chegado em campanhas e palanques. Mas, se o pau quebra no Senado, Serra e Dilma se mantêm a uma distância cautelosa.
Não convém se imiscuir em guerras envolvendo a honra alheia, gritos e palavrões em plenário, ameaças de dossiês e toda sorte de baixarias que não somam, só subtraem.
Ao contrário do discurso de Sarney e de Lula, não foi a eleição que gerou a crise do Senado, que é ética e de procedimentos. Foi a crise, isso, sim, que precipitou o confronto entre governo e oposição.
Lula jogou-se no centro de tudo isso, ao lado de Collor e Renan, arvorando-se em salvador de Sarney. Foi obrigado a recuar tacitamente para os bastidores, depois de ficar evidente que foi um mau negócio.
Serra e Dilma não cometeram o mesmo erro. Afora uma manifestação protocolar de Dilma pró-Sarney, ambos querem distância do Senado. Um vai para o Rio, elogiar Aécio Neves, ou para o Nordeste, refestelar-se com buchada. A outra reforça seus laços com as bases do PT, enquanto trata da saúde.
Para Serra, todo o cuidado é pouco para não melindrar Aécio nem bater de frente com os 80% de Lula e quebrar a cara. Melhor esperar até que o adversário passe a ser Dilma.
Já Dilma precisava, primeiro, se tornar conhecida e colar sua imagem na de Lula. Sozinha, não é nada. Associada a ele, uma candidata e tanto. Agora, é hora de investir na militância do PT, já que nas bancadas o clima não é bom. Basta ver Marina Silva, de saída para o PV.
Não por coincidência, o "timing" para a campanha real é o mesmo: janeiro, quando Dilma deve sair da Casa Civil, e Serra, desencarnar do governo de São Paulo.
Até lá, virão respostas fundamentais. Aécio sai da disputa e entra na campanha de Serra para unir Minas e São Paulo? Marina será candidata? Onde estará Ciro? E o PMDB, vai ficar em cima do muro?
A campanha começou, mas só nos nos plenários. E nos palácios.

GOSTOSA DO TEMPO ANTIGO


LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

Aquele olhar

O GLOBO - 09/08/09

F. Scott Fitzgerald escreveu que nas vidas americanas não havia segundo ato.,

É uma das suas frases mais citadas, embora ninguém saiba exatamente o que significa. Ele queria dizer que vidas americanas não se beneficiam do adensamento ou do esclarecimento da trama que o segundo ato costuma trazer às peças teatrais? Ou – já que escrevia na época em que as peças tinham três atos – que os americanos passam diretamente do seu começo ao seu triunfo ou fracasso finais sem o estágio intermediário da reflexão? Ou que nas vidas americanas simplesmente não havia tempo para arrependimento e regeneração? Seja como for, assistindo a esse triste teatro em que se transformou o Senado nacional, culminando com o ressurgimento das suas próprias cinzas, como uma fênix com olhar de gavião, do Collor, fiquei pensando na frase do Fitzgerald. Com uma ligeira variação: nas vidas políticas brasileiras não existe último ato.

Você imaginaria que um Sarney já tivesse dito a sua fala de despedida e gente como Jader Barbalho tivesse protagonizado seus dramas com início, meio e desenlace conhecidos e saído de cena há muito tempo. Mas não, continuam lá, e mandando. E quem imaginaria ver de novo em cena o mesmo Collor que foi corrido do palco no fim, ou no que parecia ser o fim, da sua performance trágica, presumivelmente para a obscuridade ou para papéis menores? Não se trata de negar a ninguém a possibilidade da remissão e de outro começo, mas o mais triste disso tudo é a pobreza que revela. Nossa pobreza, pois quem elege tantos maus atores e sustenta uma dramaturgia capenga em que o fim nunca é o fim e nada tem consequência somos nós. Uma plateia decididamente tolerante com esse grotesco teatral, um primeiro ato interminável.

O assustador na volta do Collor à frente do palco é que aquele olhar furioso já foi credencial político. Ele já foi visto como um “louco” no bom sentido, decidido a acabar com a corrupção como um Jânio Quadros com melhor estampa e liberalizar a economia custasse o que custasse. Mais assustador do que o olhar do Collor, claro, é pensar na facilidade com que, vez por outras, nos deixamos enganar por esses artistas.

CLÁUDIO HUMBERTO

“Se fizer menos, terá vida muito curta no governo”
PRESIDENTE LULA, SOBRE A OBRIGAÇÃO DE SEU SUCESSOR DE INVESTIR AINDA MAIS NA ÁREA SOCIAL

PMDB DECIDE ‘SEGURAR’ DENÚNCIA CONTRA TASSO
O coronel tucano Tasso Jereissati (CE) ganhou um “tempo”, após o espetáculo de baixaria que protagonizou com o senador Renan Calheiros (AL), esta semana. Diante da péssima repercussão, o PMDB decidiu suspender a apresentação de denúncia contra Jereissati no Conselho de Ética. A representação, já pronta, acusa o tucano de usar ilegalmente créditos de passagens aéreas para pagar combustível de seu jatinho.
MAUS LENÇÓIS
A denúncia do PMDB contra Tasso Jereissati inclui alegações de suposta fraude com financiamentos oficiais para suas empresas.
VIROU ALVO
Por ordem do Planalto, o PT-DF moverá céus e terra para evitar a reeleição do senador Cristovam Buarque (PDT), que Lula não suporta.
PT VERSUS CIRO
Setores do PT paulista insatisfeitos com a opção Ciro Gomes (PSB) para o governo do Estado, querem lançar o deputado Antonio Pallocci.
CAMPANHA
A Casa Civil confirmou a visita da ministra Dilma Rousseff a Natal e a Mossoró (RN), segunda e terça, para visitar obras do PAC.
FILME SOBRE LULA TERÁ USO ELEITORAL
Os marqueteiros do Planalto acham que Lula “elegerá até um poste”, com a repercussão do filme “Filho do Brasil”, que conta a trajetória do menino pobre que saiu de Caetés (PE) e virou presidente da República. A intenção é a Petrobras financiar a exibição do filme em cada bairro, cada município, em cinemas ambulantes. “Não haverá crime eleitoral porque Lula não será candidato”, desdenha uma alta fonte do governo.
CHORORÔ
“’Lula, o Filho do Brasil’ emocionará mais que ‘Dois Filhos de Francisco’”, diz o ministro, citando o filme sobre a dupla Zezé di Camargo e Luciano.
PRODUÇÃO RENTÁVEL
Financiado alegremente por empresas até com interesse no governo, por meio da lei de incentivo, o filme será exibido em circuito comercial.
O COLUNISTA
Já chega a 132 o número de jornais que publica a coluna semanal do presidente Lula em todo o País.
SONHO DE VACAREZZA
Malandro, o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP) banca o humilde dizendo que não tem “nível” para substituir José Múcio Monteiro no Ministério das Relações Institucionais. Mas não pensa em outra coisa.
CHEGOU DE MARTE
O presidente do PT do Maranhão, deputado Domingos Dutra, ainda não percebeu que já se foi o tempo em que o partido se opunha a Sarney. Em discurso na Câmara, pediu a renúncia do presidente do Senado.
PASSANDO A CHAVE
A Câmara se fecha contra a crise que atormenta o Senado. Vai gastar R$ 26 mil na confecção de 42 mil chaves para seus 460 apartamentos funcionais e mais 513 gabinetes parlamentares.
BOI APOSENTADO E DORMINDO
Os deputados petistas Henrique Fontana (SP) e Pepe Vargas (RS) garantiram aos aposentados e pensionistas do INSS que “vão trabalhar para obter com o governo um reajuste real acima da inflação”.
SAI CARO
Empaca no preço o projeto do governo do DF para incentivar o uso de bicicletas, postas à disposição dos usuários em estações do metrô. A hora custa de R$ 8 a R$ 10. Por R$ 90, compra-se uma usada.
O FILHO DOS OUTROS
Ameaçadas de fechamento, associações que cuidam de excepcionais minguam em Curitiba (PR) com o pontapé inicial do governador Roberto Requião. Ele cortou repasses a creches para filhos de servidores.
MUDANDO A ROTA
A Petrobras parte em busca de fontes de energia politicamente corretas. Já é a oitava produtora de energia elétrica, com capacidade instalada de 4,8 GW, ou 4,9% da capacidade total do País.
DUMPING FINANCEIRO
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica pode interpretar como dumping, ou prática anticoncorrencional, a decisão conjunta do Banco do Brasil e Caixa de baixar os juros para forçar a baixa nos bancos.
PERGUNTA SEM LICITAÇÃO
Aquela lona invisível sobre o plenário do Senado foi comprada pelo maior preço ou roubada do circo?

PODER SEM PUDOR
DEPUTADO DUAS CARAS
O deputado Temóteo Correia, que é engenheiro, revela-se grande contador de “causos” no livro “O pitoresco da política no País das Alagoas” (ed. Catavento, Maceió, 246 pp), lançado em 2003. Conta, por exemplo, que o deputado Pedro Ferreira, repentista dos bons, certa vez negou dinheiro a duas eleitoras, em Santana do Ipanema, e uma delas não se conformou:
– O senhor não cumpre o que diz. É um homem de duas caras!
– Se eu tivesse duas caras, minhas filhas – respondeu Ferreira, na lata – vocês acham que eu estaria usando esta cara velha e surrada?