sexta-feira, setembro 11, 2009

TEM CU NO MEIO-NELSINHO x RENAULT

FLAVIO BRIATORE:

"NELSINHO PIQUET ESTAVA DANDO O CU"

Fim de "relação com amigo" motivou Nelsinho a fazer acusações, diz Briatore (LEIA MAIS AQUI)








CLAUDIA SAFATLE

Faltam razões para a Petro-sal

VALOR ECONÔMICO - 11/09/09

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), criada em dezembro de 1972, nasceu a partir de um compromisso das autoridades da Aeronáutica de que seria uma empresa para regular o setor com, no máximo, 600 funcionários. Hoje, a Infraero emprega 28 mil trabalhadores, administra 67 aeroportos, 81 unidades de apoio à navegação aérea e 32 terminais de logística.

Delfim Netto, então ministro da Fazenda do governo Médici, foi um dos que assinaram o ato de criação da Infraero, empresa que hoje ele chama de "Frankenstein". O ex-ministro e ex-deputado conta a história acima como exemplo emblemático do que, em geral, ocorre com uma empresa estatal no Brasil. Nasce enxuta e supostamente eficiente. Com o passar dos anos vai inchando seu quadro funcional para acomodar pressões político-partidárias e termina, com raríssimas exceções, apropriada por um grupo político, em geral mediante troca de apoio por cargos. A história mostra que, no Brasil, dificilmente a empresa estatal escapa da sina de se tornar fonte fácil de corrupção.

Não há nada que garanta que a nova estatal, a Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A., a Petro-sal, fugirá do roteiro. Não há nada, também, que justifique a imperiosidade de sua criação no modelo de exploração desenhado para o pré-sal.

Toda a discussão do marco regulatório do pré-sal foi, pelo menos no início, inspirada no exemplo da Noruega. O que saiu, porém, guarda muito pouca relação com o arranjo daquele país. Lá, a criação da Petoro, empresa 100% estatal, decorreu da necessidade de se ter uma instância para administrar o State's Direct Financial Interest (SDFI), fundo alimentado pelas receitas da participação direta do Estado na exploração e produção de petróleo.

No caso brasileiro, a participação direta da União é apenas uma possibilidade colocada de última hora no projeto de lei. Aliás, a escolha do modelo de partilha da produção foi motivada fundamentalmente para destinar o máximo dos recursos petrolíferos à União sem que esta tenha que desembolsar um real e assumir riscos. Na gênese da partilha está a transferência de todo o risco para o setor privado.

A Exposição de Motivos que acompanha o projeto de lei 5.939 , que cria a Petro-sal, diz: "No regime de partilha de produção, o contratado assume integralmente os custos e os investimentos necessários à execução do contrato, sendo ressarcido, em caso de descoberta comercial, com parcela da produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos. A parcela restante do petróleo extraído, chamada de excedente em óleo, é dividida entre o Estado e o contratante, na proporção, condições e prazos estabelecidos em contrato. Como todos os custos são recuperados pelo contratante, faz-se necessário o monitoramento permanente das atividades sob o regime de partilha de produção, de forma que a eficiência esteja presente em todas as etapas."

A Petro-sal, assim, terá como função fiscalizar a renda da União. Não há nada que impeça a Agência Nacional do Petróleo (ANP) de executar essa tarefa.

No curso das discussões, no governo, o formato da regulação foi mudando e o desenho final da nova regulação deixou questões estratégicas em aberto. Se a União for investir diretamente, como permite o modelo, terá que assumir também parcela do risco. Esta é uma forma que agrada a alguns dos formuladores do projeto, pois ao entrar na exploração e produção de petróleo, a União poderá atrair mais capital privado e apoiar a Petrobras nos seus investimentos, dispensando, inclusive, a capitalização da empresa (estimada em cerca de US$ 50 bilhões).

Ou seja, a presença do governo como acionista da exploração mudaria bastante as possibilidades e demandaria a criação de um fundo específico nos moldes do SDFI norueguês. Nesse caso, a criação da Petro-sal até poderia se justificar como empresa para administrar os interesses do governo e os investimentos que ele fizer nos blocos do pré-sal.

Para que a nova estatal não venha a reproduzir as mesmas mazelas de outras empresas públicas, contudo, serão necessárias muitas precauções. O projeto de lei 5.939 já prevê que o estatuto da companhia, que será elaborado pelo Poder Executivo, limitará o número de cargos e de funcionários permanentes, que serão selecionados por concurso público.

Isso, por si só, não resguarda a empresa da ocupação política e da sangria orçamentária que dela decorre. Será preciso criar couraças bem mais seguras para impedir que essa prática contamine a empresa.

Pré-Sal: de olho no século XX

Um comentário e uma pergunta são a síntese da avaliação que o ex-ministro Delfim Netto faz da nova regulação para a exploração do pré-sal. " Estamos correndo o risco de ficar no Século XX. A proposta é um bate-caixa político que ignora o fato de que o mundo vai mudar radicalmente. O Obama tem um único objetivo por trás de tudo: reconquistar a autonomia energética dos Estados Unidos. Eles vão fazer uma nova revolução industrial com novas fontes de energia. Alguém disse que a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra. A Idade do Petróleo também não vai acabar por falta de petróleo."

Já a pergunta é mais simples: "Quantos estudos o governo contratou, nesses 14 meses, de empresas de consultoria idôneas, para fazer uma análise inclusive histórica do problema?

GOSTOSA


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

JOÃO MELLÃO NETO

Como fazer um burro falar

O ESTADO DE SÃO PAULO - 11/09/09

O Brasil, graças às recentes descobertas do pré-sal, está em via de ostentar uma das quatro maiores reservas mundiais de petróleo. Seguramente será a maior fora do Oriente Médio. Parabéns ao nosso país, parabéns ao povo brasileiro e parabéns também à Petrobrás. Infelizmente, as congratulações param por aí. O governo brasileiro, em relação a tudo isso, está exercendo um papel muito feio.

A Petrobrás, desde sua fundação, no início da década de 1950, sempre foi uma empresa ambígua, problemática e nada transparente. A começar pela sua criação. Há quem diga, atualmente, que a intenção do então presidente Getúlio Vargas nunca foi a de criar uma empresa estatal para exercer, na prática, o monopólio das atividades de exploração, refino e transporte do petróleo. O que se temia na ocasião era que a concessão de sua exploração, no Brasil, viesse a cair nas mãos das grandes empresas do ramo, às quais interessaria manter o País como mero consumidor. Verdade ou mentira, pouco importa. O fato é que o assunto chegou às ruas e mobilizou toda a Nação. A campanha popular ganhou o nome de "o petróleo é nosso!"

O apelo foi tão grande que culminou, em 1953, com a entrega de todas as atividades ligadas ao petróleo à recém-criada Petrobrás.

O grande receio, à época, era que, nas mãos de estrangeiros, o Brasil jamais alcançasse a autossuficiência em petróleo. Mal podiam imaginar os mentores da ideia que essa aclamada reserva de mercado é que não nos levaria à autossuficiência de modo algum. Durante muitos anos se acreditou que monopólios estatais eram a grande solução para atividades complexas, como é a extração de petróleo. Como as nações "subdesenvolvidas" - era esse o termo que se usava - não tinham condições de concentrar capital privado em volume suficiente para empreendimentos de tal vulto, era quase que uma certeza que as empresas estrangeiras acabariam por fazê-lo.

Muitos anos se passaram até que, na década de 1970, os pés de barro do gigante estatal foram mostrados explicitamente. Ocorreu então a primeira crise do petróleo. Tudo começou com a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Tratava-se de uma iniciativa conjunta em que todos os grandes exportadores concordaram em racionar a produção com o intuito de aumentar o preço de sua mercadoria.

Funcionou. O barril de petróleo valia, à época, menos de US$ 2. Isso inibia a busca por combustíveis alternativos e também o desenvolvimento de motores mais eficientes. Esses fatos se deram em 1973 e o resto do mundo se prostrou de joelhos perante a Opep.

A fragilidade da posição brasileira, então, ficou explicitada. Com monopólio e tudo, mal conseguíamos produzir um quinto do petróleo que consumíamos. Para piorar ainda mais, sobreveio a segunda crise do petróleo, em 1980. O Brasil foi à lona.

Foi aí que começaram a surgir os primeiros contestadores do monopólio. E eles estavam munidos de argumentos impecáveis. Um deles era o ex-ministro do Planejamento Roberto Campos. Dizia ele, em tom de escárnio, que a Petrobrás só era grande da linha do solo para cima.

De fato, a Petrobrás "acima da linha do solo" explorava os mais insólitos ramos de atividade: hotéis, butiques, esportes, etc. Já "abaixo da linha do solo" - que é onde deveriam concentrar-se as suas atividades - ela era uma anã. Produzia apenas o equivalente a 200 mil barris de petróleo diários, para um consumo nacional de mais de 1 milhão.

Apesar de todas as evidências, o monopólio do petróleo só veio a ser abalado na década de 1990, quando o próprio governo encaminhou ao Congresso Nacional proposta de emenda constitucional permitindo a existência de outras empresas na sua exploração.

Funcionou. Tão logo caiu o monopólio, a Petrobrás levantou-se de seu berço esplêndido e atualmente produz 2 milhões de barris diários, dez vezes mais do que na década de 1980. A autossuficiência foi finalmente atingida. Graças, principalmente, à extinção do monopólio.

Isso, por si só, não significa que a Petrobrás se tenha tornado uma empresa "enxuta". Se o fosse, por que o desespero para impedir, no Senado, a CPI sobre ela?

Pois bem, todo esse esforço corre agora o risco de se perder, com o envio pelo Poder Executivo ao Congresso de sua proposta de "marco regulatório do pré-sal". Na prática, fica restabelecido o monopólio estatal sobre as atividades petrolíferas - ao menos no que diz respeito às reservas do pré-sal.

Ninguém tem dúvidas quanto à importância estratégica das novas jazidas. O estranho é que se faça um foguetório, quando as questões mais fundamentais ainda não foram respondidas.

O custo do barril extraído, em razão da profundidade, será competitivo?

Se for, o que fazer, uma vez que a própria Petrobrás reconhece que não existe tecnologia para tanto?

Mesmo que essa tecnologia venha a ser desenvolvida, o mais provável é que ela surja no estrangeiro. Pergunta-se: alguma petrolífera de vulto no mundo se disporá a investir no pré-sal, quando as cláusulas para isso são tão desvantajosas?

Por último: por que se está fazendo esse tremendo oba-oba agora, sabendo-se que esse petróleo só jorrará em 2020? Não seria tudo isso apenas uma patriotada pré-eleitoral?

Há uma fábula antiga que diz o seguinte: um sujeito foi ao rei propor que faria um burro falar. Pediu duas décadas de prazo mais uma farta pensão por mês. Um amigo advertiu o cidadão de que aquilo era uma loucura.

"Não é, não! Daqui a 20 anos um de nós, o rei ou eu, já terá morrido."

"E se isso não acontecer?"

"Fácil. Eu cuido de matar o burro!"

MAURO ZANATTA

Segmento quer criar comitê de conciliação


Valor Econômico - 11/09/2009

Produtores, indústrias e tradings exportadoras de soja negociam a criação de um "comitê de conciliação" para mediar divergências em contratos de compra e venda do produto. O comitê, proposto durante a Bienal da Agricultura de Mato Grosso 2009, seria uma instância da Câmara Setorial da Soja que buscaria evitar arbitragens externas e disputas na Justiça consideradas desnecessárias.

"O cumprimento de contratos é a alma do nosso negócio e seria o motivo maior do comitê", diz o diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes. As 20 tradings nacionais e multinacionais reunidas na Anec defendem uma solução interna para as questões da cadeia produtiva.

O objetivo principal do comitê é evitar o descumprimento de contratos e garantir a entrega do produto. "O comitê elimina o oportunismo de lado a lado. Há quem se aproveite de alguns momentos para levar vantagens indevidas", diz Mendes. Nas safras 2002/03 e 2003/04, quando o preço do mercado "spot" superou de longe as cotações acertadas em acordos de "soja verde", muitos produtores romperam contratos para vender o produto no mercado, deixando de entregar a soja às indústrias.

Centenas de casos foram levados aos tribunais, sobretudo em Goiás, o que prejudicou as relações entre produtores e industriais. No fim do ano passado, o grupo mato-grossense Vanguarda, um dos maiores produtores de soja do Brasil, questionou um acordo comercial com a trading asiática Noble. O caso contribuiu para gerar insegurança jurídica nas relações da cadeia produtiva.

O "comitê de conciliação" também deve debater questões específicas dos contratos. Os produtores querem a garantia de redução de multas e a instituição contratual do chamado "wash out", instrumento de recompra do compromisso de entrega. Nesse caso, o produtor pode entregar uma parte do volume contratado em uma safra, escalonando o restante para outras safras ou pagando a diferença entre os preços de venda e de mercado. "Há também contratos leoninos com multas muito altas estipuladas em contratos-padrão pela indústria", afirma o presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Rui Prado.

Os produtores querem usar acordos dentro do comitê para realizar "distratos amigáveis" de contratos. "Temos que debater, ainda, os modelos de adiantamentos de recursos feitos pelas tradings e as compras antecipadas", afirma Prado, que também preside a Câmara Setorial da Soja do Ministério da Agricultura.

Se as tradings querem avançar rapidamente nas discussões, as indústrias esmagadoras de soja ainda estão reticentes. "Me parece que o comitê trabalharia mais em questões de varejo, de casos específicos entre produtor e indústria", diz o secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho. "Quando temos problemas, conversamos via entidades de classe".

Responsável por uma fatia de 3,5% do processamento de soja no país, a brasileira Caramuru Alimentos tem simpatia pela ideia. "Seria um reforço para melhorar essas relações internas e criar um ambiente seguro para contratos", afirma o vice-presidente da empresa, César Borges de Sousa. "Mas o comitê tem que funcionar e ser reconhecido por todas as partes da cadeia", ressalva o executivo.

GOSTOSAS


CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

INFORME JB

Toffoli no STF. Múcio no TCU

Leandro Mazzini
Jornal do Brasil - 11/09/2009

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva envia semana que vem para o Congresso duas mensagens. Vai indicar o atual advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli para a vaga de Carlos Alberto Direito no Supremo Tribunal Federal. E o deputado federal José Múcio Monteiro (PTB) para o Tribunal de Contas da União. A saída do ministro das Relações Institucionais para o TCU estava praticamente acertada, mas a indicação de Toffoli ainda sofria resistências dentro do próprio governo. Lula bancou Toffoli, que considera seu principal conselheiro para assuntos jurídicos. O presidente já tinha as mensagens prontas desde semana passada, mas preteriu esperar o impasse no Congresso sobre a urgência nos projetos do pré-sal - o presidente cedeu tempo, e agora cobrará a aprovação das indicações.

“Não há dúvida do esquema criminoso que desviou recursos públicos”

Ivar Pavan (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, ao aceitar pedido de impeachment da governadora tucana Yeda Crusius

Ey, ey, ey...

Agora vai. Mudança no cenário para 2010: José Maria Eymael (PSDC) autorizou a inclusão de seu nome nas pesquisas eleitorais.

Dilma é cultura

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, vai ficar em casa, em Brasília, nestes sete dias de miniférias. A presidenciável, que gosta de artes, deve fazer roteiro de livrarias.

On the road

Dilma volta ao trabalho na segunda, bem cedo. Às 7h embarca com o presidente Lula para eventos em Roraima. Inaugura uma ponte binacional e uma rodovia.

Calma, deputado

Mesmo com a confirmação da ida de Alexandre Padilha para o lugar de Múcio, o líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP), insistiu no cargo.

No twitter

Siga o blog e a coluna no .

Só borracha

A CCJ do Senado aprovou projeto, em decisão terminativa, do senador Marcelo Crivella que proíbe agentes de segurança de usarem cassetete de madeira, espadas, facas ou outras armas cortantes. Cassetete, só de borracha...

Coisa de alemães

Para alívio da nação, não pode ser debitada ao Brasil a trapalhada de Nelsinho Piquet. Ele é alemão, naturalizado brasileiro.

Pelo campo

Chega ao Rio na segunda o deputado federal Sabino Castelo Branco (AM), autor da PEC 246/08, que institui a Justiça Agrária no país. Faz palestra no Instituto dos Advogados do Brasil.

Tributo a Nejar

Domingo, na Bienal do Livro do Rio, será lançado Carlos Nejar. Poeta da Condição Humana, organizado por João Ricardo Moderno (presidente da Academia Brasileira de Filosofia), em quem escritores brasileiros e estrangeiros homenageiam seus 70 anos.

ARMANDO CASTELAR PINHEIRO

Homem Primata, Capitalismo Selvagem


Valor Econômico - 11/09/2009

Era sexta-feira no Rio e chovia. Chovia demais. Eu passava pelo Baixo Voluntários quando os Titãs irromperam no rádio do táxi: "Desde os primórdios, até hoje em dia / ... / o homem criava e também destruía / homem primata, capitalismo selvagem". Era uma coincidência irônica: nesse momento eu refletia sobre o debate que tivera mais cedo com empresários na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, que versou basicamente sobre o lado selvagem da regulação estatal com que os capitalistas brasileiros, em especial os pequenos e médios, precisam lidar. A "selva de pedra" para eles não era a do capitalismo selvagem dos Titãs, mas a do cipoal burocrático que aumenta o risco e o custo administrativo de empreender.

Dificuldades no acesso ao crédito, alta carga tributária e a insegurança jurídica associada à proteção do meio ambiente foram os temas que dominaram o debate. A falta de crédito para o pequeno e médio empreendedor reflete, além da pequena escala - e, consequente, o alto custo de análise do risco de crédito, inclusive pelos bancos estatais que distribuem os subsídios públicos - o elevado risco de emprestar para essas empresas. Este, por sua vez, tem origem nos altos juros praticados no Brasil, na falta de garantias, na informalidade, e na pouca transparência na contabilidade dessas empresas. Essa escassez de crédito foi agravada pela crise, problema já superado no caso das grandes empresas, mas não no das pequenas e médias, para as quais os bancos continuam reticentes em emprestar, devido à inadimplência ainda alta. Essa situação tende a melhorar no médio prazo, pois a informalidade deve diminuir e a oferta de crédito bancário para essas empresas crescer, conforme as grandes firmas recorram mais ao financiamento externo e ao mercado de capitais e as famílias atinjam um teto no seu comprometimento de renda com o serviço de dívidas.

A carga tributária cresceu sem parar nos últimos dezesseis anos, conforme se equilibrava a estabilidade da razão dívida pública / PIB com um gasto público que cresce o dobro do PIB. Essa escalada tributária deve continuar, já que não há indicação de que o gasto vá desacelerar nem espaço para crescer a dívida. Prova disso é o esforço para reinstituir a CPMF. Novos impostos e alíquotas mais altas nos aguardam no futuro, pelo menos enquanto o brasileiro continuar votando por mais gasto e não se revogar a tirania aritmética que exige que o gasto público seja financiado por impostos, dívida ou inflação.

Os elevados impostos transformam o governo num grande sócio das empresas brasileiras. A presença desse sócio oculto torna o investimento menos rentável para o empresário, estimula a informalidade e reduz o potencial de crescimento do país. Mas a transferência de renda da empresa (e do consumidor) para o governo é apenas parte do drama. Uma carga tributária elevada, calcada em impostos variados e regras instáveis, também gera uma perda social líquida, devido ao custo administrativo de cumprir todas as regras, ao risco de que estas mudem no meio do jogo, e à incerteza resultante da sua aplicação, pelo espaço para arbítrio na hora da fiscalização. É fácil ver que uma empresa pequena deve ter mais dificuldade em administrar esses problemas do que uma grande.

Enquanto os problemas da falta de crédito e da alta carga tributária estão na agenda do empresariado nacional há muitos anos, o da incerteza jurídica causada pelas leis de proteção ao meio ambiente é um tema novo. Em parte, sem dúvida, as reclamações refletem o fato de que é mais caro produzir protegendo o meio ambiente do que sem levar isso em conta. Esse é um custo em que a sociedade resolveu incorrer - corretamente, a meu ver -; lutar contra isso é jogar tempo e dinheiro fora. Uma outra questão, porém, é se a legislação e a sua implementação são consistentes com esse objetivo e se são a forma mais eficiente de atingi-lo. Aqui há bons motivos para crer que a resposta seja não.

Chamo a atenção para dois pontos. Primeiro, a desproporcionalidade de certas sanções, cuja própria severidade acaba sendo disfuncional. É corrente a piada de que caso alguém seja pego fazendo mal a um mico leão é melhor matar o fiscal e responder na justiça por assassinato do que por crime ambiental. Parece-me um erro proteger mais o meio ambiente do que a vida humana.

O zelo punitivo também é ineficiente quando se responsabiliza pessoalmente o funcionário do Ibama pelas licenças ambientais que concede, o que incentiva a procrastinação na sua análise de projetos de investimento. Segundo, a multiplicidade de instâncias fiscalizatórias. Frequentemente para poder investir é preciso passar pela análise ambiental dos executivos federal, estadual e municipal, além do crivo do Ministério Público. Deveria ser suficiente passar pelo exame de apenas uma dessas instâncias. Creio que é necessário mais estudo e discussão sobre a eficiência da legislação ambiental, especialmente quando se tem em conta que a inclinação da sociedade e os incentivos político-eleitorais são no sentido de se endurecer as punições com pouca atenção para a sua funcionalidade. Não basta não destruir, o homem também precisa criar.

Fui a Minas discutir a crise financeira internacional, tema que, para minha surpresa, despertou interesse quase nulo. É mais um sinal de que o Brasil já está deixando a crise para trás, mesmo em um setor tão afetado por ela como o industrial. Por outro lado, as críticas à má qualidade do ambiente de negócios mostram como continuamos marcando passo em eliminar as restrições estruturais que limitam o nosso crescimento. Estamos a pouco mais de um ano de eleições quase gerais, um bom prazo para tentar introduzir esses temas nas discussões, aproveitando a atenção incomum que as eleições despertam na população. As associações de classe estão numa posição privilegiada para fazer isso.

Foi uma sexta das mais interessantes. Foi bom fechá-la ouvindo Jorge Ben Jor cantar "o Rio de Janeiro continua lindo ...", mesmo debaixo daquela chuva toda.

GOSTOSA


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

BRASÍLIA - DF

Lula adia mudança nos royalties


Correio Braziliense - 11/09/2009

Depois de colocar fogo na discussão entre os estados, o que agastou o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) com seu governo, o presidente Luiz Inácio da Silva resolveu retirar de pauta a mudança na lei dos royalties de petróleo. Mais especificamente, do dispositivo constitucional que garante participação especial para estados e municípios produtores também no pré-sal.
O pedido foi feito pelo presidente da República ao relator da comissão especial que examinará o projeto de partilha das riquezas do pré-sal, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Líder do PMDB, o parlamentar vai ao Rio de Janeiro na segunda-feira para discutir com os técnicos da Petrobras as propostas da empresa. Deve se encontrar também com Cabral, que chutou o pau da barraca e não aceita a mudança de jeito nenhum.

Não abre// O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT), não vai recuar no grito da intenção de disputar o governo do Rio de Janeiro. Avalia que já queimou o filme com Cabral e, aos 39 anos, não tem nada a perder. Se for candidato ao Senado e não se eleger, Lindberg poderá ser visto como político que voa baixo.

Prestígio

Com um pé no Tribunal de Contas da União (TCU) e outro no “bolo de noiva”, anexo do Itamaraty onde fica seu gabinete, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), recebeu a solidariedade do líder do PMDB. “Ele nos ajudou muito na retirada do regime de urgência”, garante Alves, que defende a indicação de um petista para o lugar de Múcio.

Sacoleiros

O governo resolveu limitar a importação-formiguinha. Pelo regime, ao atravessar a fronteira, os sacoleiros pagarão uma única tarifa de 25% sobre o pr eço de aquisição das mercadorias importadas. O limite será de R$ 110 mil por ano.

Ficha-suja

O Senado arrasta a aprovação da minirreforma eleitoral e cria nova polêmica entre os deputados. Emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS) aprovada tarde da noite de quarta-feira veta os ficha-suja. O texto prevê que a Justiça Eleitoral poderá negar candidatura a políticos que não comprovem idoneidade moral e reputação ilibada.

Invocado



Governador da Bahia, Jaques Wagner (foto) resolveu partir com tudo para cima dos traficantes baianos, que estão atacando a polícia local, a exemplo do que já aconteceu no Rio e em São Paulo. Foram transferidos mais 14 líderes da facção criminosa Comando da Paz para a penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas (PR), onde já se encontrava o traficante Perna. Cláudio Campanha, chefão baiano do tráfico, comanda a rebelião direto de Campo Grande (MS).



Urgência



O governo quer adotar o regime de urgência no Senado porque lá não existe comissão especial. Teme que os projetos do pré-sal encalhem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador Demostenes Torres (foto), do DEM goiano. Curiosamente, o senador de oposição é a favor da redistribuição dos royalties.


Bancada/ Governador em exercício, Paulo Octavio almoça com a bancada federal, hoje, para discutir a posição sobre o pré-sal. O GDF está de olho nos novos critérios da partilha e quer a sede da Petro-Sal em Brasília.

Missa/ Amanhã, aniversário de Juscelino Kubitschek, com uma missa, às 10h, na Catedral de Brasília, começa a programação dos 50 anos de fundação da capital. Várias obras serão anunciadas.

Explicações/ O ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai à Comissão de Relações Exteriores do Senado, na próxima quarta-feira, para tentar baixar a poeira sacudida com o inoportuno anúncio da compra dos caças franceses Rafale pelo presidente Lula. Em seguida, será a vez do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.

Simancol


A cúpula do PSDB prepara uma conversa franca com a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, cujo impeachment começou a tramitar ontem, na Assembleia Legislativa gaúcha. Sob comando do deputado petista Ivar Pavan, o processo de cassação foi a resposta ao anúncio de que a governadora pretende se candidatar à reeleição apesar das denúncias contra ela. Só o PMDB pode salvá-la, mas o preço é entregar o governo ao aliado.

NELSON MOTTA

Cenas obscenas


O Estado de S. Paulo - 11/09/2009

Só não é uma comédia de erros porque é dramático e constrangedor demais para todos os protagonistas e para os que acompanham o caso do italiano acusado de beijar na boca a filha de 8 anos, na piscina de um hotel de Fortaleza.


Por que o molestador, que vivia com a menina, procuraria um lugar público e cheio de gente para perpetrar seus crimes horrendos? Só se fosse também um exibicionista patológico. A ironia é que foi justamente um casal de funcionários de Brasília, onde as cenas obscenas de políticos com a ética e o dinheiro público são explícitas, que, indignado, o denunciou.

Como a criança era morena como a mãe e o pai branquelo como um europeu, a conclusão dos denunciantes foi imediata e definitiva — era evidente a exploração sexual de uma brasileirinha pobre, escura e indefesa, por um estrangeiro tarado e racista.

Pior, só se fosse um americano.

Assim como a beleza, a maldade quase sempre está nos olhos de quem vê. Em Nova York, onde a idiotice politicamente correta e a hipocrisia sexual americana levam ao paroxismo os conflitos entre expressões de afeto e abuso sexual, sofri com minhas filhas inúmeros olhares peçonhentos, e perversamente invejosos.

Sempre fomos muito carinhosos entre nós, nos beijamos e abraçamos com afeto e naturalidade, com alegria e inocência, e não iríamos mudar só porque vivíamos em Nova York. Pelo contrário, resolvemos nos divertir.

Nos restaurantes sempre alguns olhavam com suspeita para aquele cinquentão grisalho que entrava abraçado e dando beijinhos em uma bela garota de 17 anos. Eu e minha filha Nina nos sentávamos e continuávamos à vontade, rindo e cochichando, próximos e carinhosos. Um bom exercício para uma estudante de arte dramática. Vocês precisavam ver as caras indignadas que se fechavam enquanto nos divertíamos e eles bebiam seu próprio veneno. Golpe final: Nina pedia a conta. O garçom trazia, ela sacava do seu cartão de crédito (pago por mim, naturalmente) e assinava, enquanto os maliciosos e perversos espumavam de ódio e frustração: “E ela ainda paga a conta!” Eu agradecia com um selinho e saíamos às gargalhadas.

GOSTOSAS


CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

PARA....HIHIHIHI

GRAVIDEZ NA 3ª IDADE


Com toda esta nova tecnologia recente sobre a fertilidade, uma senhora de 78 anos foi capaz de dar à luz um menino. Quando ela teve alta hospitalar, foi para casa, e seus familiares e amigos vieram visitá-la.
- Podemos ver o novo bebê? – alguém perguntou.
- Ainda não – disse a mãe – Vou fazer um café e poderemos conversar um pouco antes.

Trinta minutos se passaram e outro perguntou:
- Podemos ver o bebê agora?
- Não, ainda não – disse a mãe.
Depois de mais alguns minutos, eles perguntaram de novo.
- Podemos ver o bebê agora?
- Não, ainda não. – respondeu a mãe.

Já meio impacientes, eles perguntaram:
- Bem… então quando poderemos ver o bebê?
- Quando ele chorar! – ela disse a eles.
- Quando ele chorar??? E por que temos que esperar ele chorar?
- Porque eu esqueci onde o coloquei!

CONFIDENCIAL

Burocracia nos portos

AZIZ AHMED

JORNAL DO COMMÉRCIO - 11/09/09



Em novembro de 2007, o titular da Secretaria Especial de Portos (SEP), Pedro Brito, arrancou do presidente Lula Medida Provisória que abria o serviço de dragagem a estrangeiros. A decisão radical tinha explicação: afinal, 98% das exportações e importações fluem pelos portos. A MP virou lei e, além disso, o ministro Brito garantia haver obtido R$ 1,5 bilhão para dragar 17 portos. E quais os resultados obtidos até agora? Quase nada. No maior porto do Brasil, o de Santos, responsável por quase metade de toda a operação nacional com contêineres, a mais que urgente dragagem continua emperrada. Primeiro, por problemas de licitação; agora, de burocracia ambiental. A última notícia é que o órgão federal (Ibama) aguarda parecer da estadual Cetesb. Recentemente, o vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e diretor da Fenavega, Meton Soares, lembrou que o mundo já opera navios de mais de 13 mil contêineres, enquanto em Santos só podem atracar embarcações com menos da metade desse volume, muitas vezes ainda tendo de esperar a subida da maré.
Até tu, Ideli?



A líder do Governo no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), explica mas não justifica o fato de a Casa haver torrado R$ 70 mil para ela e um assessor participarem, no exterior, do curso The Art of Business Coaching, promovido pela Newfield Consulting. Não colou a alegação de que o curso serviu para melhorar gestão de seu gabinete e o desempenho de sua equipe. Afinal, o fundador da Newfield no Brasil, Luiz Sérgio Gomes da Silva, é filiado ao PT, ex-funcionário do Palácio do Planalto e ex-assessor da CUT.
Preço da beleza



Jessica Simpson (foto) parou Ipanema nesta quarta-feira. Conta Lu Lacerda que a cantora americana chegou à cidade para gravar cenas do reality show "The price of beauty" (O preço da beleza). Entrevistou a turbinada Angela Bismarchi (que já fez mais de 40 cirurgias plásticas) e tomou umas caipirinhas enquanto filmava. Depois da entrevista, pediu a Angela que fizesse um topless para conferir os seios siliconados.
Jornalista Niemeyer



O arquiteto Oscar Niemeyer, de 101 anos, está convocando os candangos que trabalharam na construção de Brasília. É para uma matéria especial sobre os 50 anos da capital federal que vai publicar na sua revista, "Nosso caminho".
Cumprimento, nem à francesa



Autoridades de saúde francesas pedem à população que evite qualquer tipo de contato físico para reduzir as chances de contágio por gripe suína. Algumas escolas e empresas proibiram até o beijo no rosto, cumprimento tradicional na França.
Know how de toxicologia



O diretor do Centro Internacional de Toxicologia (CIT) da França, Roy Foster, desembarca este mês em São Paulo. Em evento sobre fármacos e medicamentos, vai apresentar resultados do estudo de validação de um novo teste oferecido pelo CIT: o Tissue Cross-Reactivity, feito com placas de tecidos humanos e animais.
Brasil ocupa a rede virtual



Dois de cada três dos 95,6 milhões de computadores da América Latina estão no México e no Brasil, embora o país da região com mais aparatos por habitante seja o Chile. Segundo a empresa de consultoria Everis, que elaborou o estudo com dados de 50 países, há 42,9 milhões de computadores no Brasil, enquanto no México há 20,6 milhões.
Perguntar não ofende



Do leitor Carlos Grand: "Sua coluna informa que o Governo do Pará vai gastar R$ 100 milhões para colocar em 18 meses um linhão que levará energia elétrica à Ilha de Marajó. Não sairia mais barato e mais rápido o investimento em energia eólica?"



FÓRUM. O ex-ministro Reis Velloso comanda, dias 17 e 18 próximos, mais um Fórum Especial, no BNDES. Tema: "Na crise - esperança e oportunidade, desenvolvimento como sonho brasileiro, oportunidade para favelas.



DO RELATÓRIO. O private equaly Axxon, que comprou o controle da rede Mundo Verde, pretende abrir a primeira loja nos Estados Unidos no início de 2010.



HISTÓRIA. Contratado pela Nova Fronteira, o cantor, compositor e guitarrista Lobão, de 52 anos, está escrevendo a autobiografia.

MUITO GOSTOSA


LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Padrões da recuperação econômica


Folha de S. Paulo - 11/09/2009

A recuperação econômica vai depender muito do consumo de americanos, de alemães, de japoneses e de ingleses



A IMPRENSA tem chamado nossa atenção para a comemoração de um ano do colapso do banco Lehman Brothers e que jogou a economia mundial no limiar de um precipício. Esse evento, devido aos seus efeitos sobre a vida de milhões de seres humanos, será certamente incorporado à nossa história. A lista de heróis e vilões de nosso passado vai ganhar os nomes de atores maiores e menores desses acontecimentos.
Na sua tarefa de informar, a imprensa internacional tem lembrado pequenos e grandes dramas vividos por pessoas comuns e que foram apanhadas no turbilhão financeiro iniciado em Wall Street. Mas esse não é o objetivo deste espaço da Folha. Para mim, o colapso do Lehman Brothers é um fato superado e hoje me preocupo com as questões voltadas para o crescimento nos próximos anos.
Vivemos um período de recuperação da atividade econômica em praticamente todas as regiões do mundo. Em relação a 2010, assistimos a uma repetição tediosa de revisões -para maior- das expectativas de crescimento. Existe um clima de quase otimismo no ar. As cassandras do colapso inevitável das principais economias de mercado balbuciam -sem o sucesso do passado- advertências contra a euforia exagerada.
A recuperação das principais economias de mercado segue três padrões bastante claros. Um primeiro grupo -do qual nosso Brasil faz parte- retoma o crescimento de forma saudável. As fontes de dinamismo são internas e pouco dependentes da demanda de países no centro da crise mundial. A Austrália me parece outro exemplo claro desse grupo. A economia desses países deve crescer perto de seu potencial já na virada do ano de 2010. Somente um novo colapso das economias mais ricas pode comprometer esse cenário no curto prazo.
Um segundo grupo -do qual a China é o exemplo mais importante- incorpora países que estão retomando o crescimento com base no dinamismo interno de seu setor privado, mas que dependem ainda de um forte estímulo de gastos do setor público. No caso chinês, são as obras de infraestrutura que, ao substituir as exportações para os países ricos como polo dinâmico da economia, preservam o nível de gastos e de demanda interna.
Finalmente, um terceiro grupo, formado pelas economias mais ricas (G7), apresenta maiores riscos associados à sustentabilidade do crescimento. Nesses países, o ajuste de gastos dos consumidores tem sido mais profundo e o corte na disponibilidade de crédito mais acentuado do que ocorreu nas economias dos grupos anteriores.
Além disso, a situação fiscal do governo e o crescimento da dívida pública nos próximos anos limita em muito a manutenção dos estímulos fiscais -hoje, parte importante da recuperação da economia- por um prazo mais longo. Os riscos de uma recaída na recuperação em curso -chamada pelo mercado de Double Dip- são razoáveis em países como os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha e a Inglaterra.
Nos próximos meses, todos os olhos do mundo financeiro estarão voltados para o nível de gastos dos consumidores nessas economias. Com a recuperação da produção em curso, se os consumidores não voltarem a gastar nos próximos meses, teremos um novo acúmulo de estoques e, em seguida, uma nova queda no ritmo de atividade. Dada a importância das economias desse grupo, um novo recuo pode comprometer a retomada do crescimento no resto do mundo.

TODA MÍDIA

Um ano de crise

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/09/09

No UOL, "Bolsa sobe e atinge o maior nível" desde julho de 2008. No Valor Online, "Bolsa fecha em nova máxima". Pouco antes, no Valor Online, "Bolsa já sobe 98% desde outubro".
Para marcar o aniversário da quebra do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, a BBC Brasil vem postando especial sobre os efeitos no país, "Um ano de crise", com o logo acima. Ontem na manchete, entrevista com o ministro da Fazenda e o enunciado "Brasil pode ser quinta economia na próxima década, diz Mantega". No enunciado do dia anterior, "Crise fortaleceu papel do Brasil no mundo, dizem analistas" de Economist Intelligence Unit e outras.
Por outro lado, manchete do "Wall Street Journal" à Folha Online, ontem no início da noite, o "preço alto da recessão nos EUA", segundo o Census Bureau, com queda na renda familiar e "maior pobreza".

"DESMAMAR"
economist.com

Nada de 11/9. A nova "Economist" também abre com o aniversário da crise global, 15/9, e a avaliação de que foi "Seleção não natural". As Bolsas "sobrevivem graças ao apoio estatal e precisam desmamar, agora". Apoia "regular os bancos para torná-los mais seguros"


"ESPLENDOR"

Regalado produziu vídeo de testes dos blindados e até se colocou "na linha de tiro"
Na capa do "WSJ", ao lado, "Nas ruas cruéis de São Paulo, os ricos rodam em esplendor blindado". No subtítulo, "Alta taxa de crime e gosto apurado levam a "upgrade" dos carros; para jovem de 19 anos, Fusca rosa à prova de bala".
A longa e irônica reportagem de Antonio Regalado relata que o salto na indústria de carros blindados ocorreu há dez anos, quando filhos de um banqueiro escaparam de sequestro graças, segundo uma revista, ao "carro herói". "Conforme o dinheiro e o crime se cruzaram, mudaram os hábitos" e São Paulo é hoje considerada "a capital mundial do carro blindado, segundo algumas estimativas".


"THE END"?
news.yahoo.com
Biggs, nos despachos
Noticiado dias atrás por aqui, o lançamento do projeto "Fim da Linha" ou "The End of the Line", da
Polícia Federal, ecoa no exterior com fotos do mais célebre dos muitos criminosos que se esconderam no Brasil, Ronald Biggs.
O correspondente da BBC, Gary Duffy, escreveu que "o Brasil quer mudar sua imagem de destino promissor para os fugitivos da Justiça", presente em Hollywood desde pelo menos "Notorious" (1946) até "Inimigos Públicos", agora. Abrindo a reportagem da AFP, o país está "cansado de sua imagem de santuário para criminosos".


"YOU LIE"
Repercutiu menos o discurso de Barack Obama, ontem no Congresso, do que a interrupção por um republicano, gritando "você mente". Foi manchete on-line o dia todo, por Huffington Post, Drudge Report etc. Com alguma boa vontade, o site Politico arriscou que pode até "unificar os democratas". Mas ontem mesmo o ataque já ganhou apoio de referências ultraconservadoras como o radialista Rush Limbaugh.


INTIMIDAÇÃO
clarin.com

O "Clarín" destacou operação "intimidatória" contra o próprio jornal, por "batalhão de inspetores" do fisco argentino, após dar reportagem sobre o próprio fisco. Ressaltou a "grande repercussão" por Brasil etc.


GOOGLE & JORNAIS
Deu no blog do Nieman Lab, de Harvard, e ecoou por toda parte que o Google avisou à Associação Americana de Jornais que se prepara para disponilizar uma ferramenta de micropagamentos on-line até meados de 2008.

GOSTOSA


ARI CUNHA

São Paulo virou mar

CORREIO BRAZILIENSE - 11/09/08


Houve época em que a Cantareira deixava de cuidar do pequeno riacho. Os restos do Mercado Central eram jogados em suas águas. Vinha a chuva e transbordava. Morria gente afogada e as casas da 25 de Março eram invadidas. Prejuízos enormes. O riacho recebia toda espécie de lixo. Veio a organização. Água sem sujeira passou a ser a novidade. São Paulo virou mar. Invadida pelas águas. Tudo pára. A cidade grande vira lagoa. A Marginal do Tietê vira mar. Desespero. A prefeitura fecha os olhos. Esgotos clandestinos entram no rio sujo que há anos se fala em voltar às águas tranquilas. Debalde. São Paulo se curva à realidade e naufraga. Os impostos pagos entopem os ralos. Mesmo a 800 metros de altura, a cidade virou mar.


A frase que foi pronunciada

“A FAB não fará escolha, porque está feita. Poderá indicar prós e contras de cada avião a ser comprado no exterior.”
» Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil.



Licitação

» Brasil abriu licitação para a compra de aviões. A França avançou e ofereceu mais. Outros países não desistiram. Os Estados Unidos podem oferecer a Boeing para fabricar aviões. Perguntado pela imprensa, Lula minimiza. “Daqui a pouco vou receber tudo de graça.” Outros países não desistem da licitação. Alguma coisa séria vai acontecer.

CPI

» Câmara Legislativa resolve criar CPI. São investigações rápidas. A Mesa deu meio ano para decidir, com direito a se prolongar. Vai se passar um ano para se registrar fofoca. Quem sabe não tem nada a esconder. É dizer logo, e pronto. O segredo não é guardado. É intriga política em época eleitoral.

Ônibus

» Brasil produz os melhores ônibus, e são exportados. Transporte do povo é feito com modelo antigo e impróprio. Bom seria que se incentivasse a produção de ônibus para o povo viver feliz. Os nossos são desenhos velhos por economia. Saudade dos ônibus da Light no Rio. Construídos em alumínio, davam segurança aos passageiros.

Ministro Temporão

» Todo brasileiro é doido ou entende de medicina. Ministro Temporão é da Saúde e sustenta seu pensamento com energia e dignidade. Não faz segredo do que acontece no mundo. Muita gente morrerá por causa do progresso. Gente de todos os países enche os aviões e leva o mal ao mais longínquo recanto.

Férias

» Governo americano sabe usar férias. Barack Obama tira o paletó e a gravata. Se for a algum lugar, vai em trajes esportivos. Vê-se que a gravata é imposição social a quem não precisa dela. Usa para honrar o cargo ou receber o respeito que mereceria como simples cidadão.

Encontro

» Vice-governador Paulo Octávio se uniu ao deputado federal Alberto Fraga. Encontro com Michel Temer, presidente da Câmara, para discutir o plano de cargos e salários da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

Voos da TAP

» A TAP descobriu que no Brasil é importante viajar pelo mundo. Novas viagens estão sendo inauguradas partindo do Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Natal e Salvador. Pelo litoral, o passageiro atinge 62 destinos em 30 países. A operação soma em torno de 1.850 voos por semana.

Ecologia

» Chevron Corporation tem tecnologia para descobrir petróleo em qualquer profundidade. Brasil fica com o pé atrás. A Chevron, participa do escandaloso uso da floresta amazônica equatoriana. Herdou da antiga Texaco quase 70 bilhões de litros de água contaminada. Sessenta e quatro milhões de litros de petróleo são despejados no Lago Agrio, perto de 1 mil pontos de lixo tóxico.

Da Fonte

» Deputado Eduardo da Fonte, que preside a CPI das Contas de Luz, chegou ontem a Boa Vista. Foi à Câmara Municipal da cidade para a primeira oitiva. Ele quer saber a razão para a região Norte do Brasil pagar tarifas tão caras pela energia elétrica e com aumentos tão constantes. Ainda sem holofotes, a CPI promete abrir a caixa-preta das companhias, concessionárias e distribuidoras de energia elétrica.


História de Brasília

A campanha de estabilidade dos funcionários da Novacap está tomando impulso. Apenas achamos que a data deveria ser 21 de abril, porque, desse dia em diante, muita gente foi admitida para satisfazer a pedidos políticos, o que não acontecia com os antigos que vinham para Brasília, pelo espírito pioneiro, que é, no caso, o que se deve premiar. (Publicado em 8/2/1961)

CLÓVIS ROSSI

Fim da mudança que nem houve?

FOLHA DE SÃO PAULO - 11/09/09



SÃO PAULO - Mudança, lembra-se? Era a palavra-chave da campanha eleitoral de Barack Obama.
Vitoriosa como foi, deu-se por assegurado que os Estados Unidos haviam sofrido uma mudança de proporções históricas.
Parece que não é bem assim. A formidável resistência que está encontrando o plano de cobertura de saúde que Obama enviou ao Congresso demonstra que uma parcela substancial dos norte-americanos (a maioria?) continua sendo profundamente conservadora, reacionária até e impregnada de um individualismo feroz.
Tudo bem que o poderoso lobby das empresas de seguro-saúde contribuiu fortemente para a resistência. Até aí, é uma questão de negócios: o presidente deixou claro, em seu discurso de anteontem no Congresso, que seu projeto tapa os buracos que permitem aos planos de saúde deixar seus segurados ao sereno, com truquinhos que os brasileiros conhecem bem.
Que os órfãos do "bushismo" reagissem com mentiras estapafúrdias, também era compreensível.
Baixaria é um componente da política, aqui como lá.
Mas que uma parte do público comprasse mentiras e engodos indica uma invencível resistência no tecido social norte-americano a aceitar qualquer coisa que venha do Estado, até o bem.
Afinal, os Estados Unidos é o país rico que mais gasta com saúde e o que mais pobre atendimento oferece a seus cidadãos. Ou, como disse Obama, "nosso fracasso coletivo em enfrentar esse desafio -ano após ano, década após década- levou-nos a um ponto de ruptura".
Atingido esse ponto, rejeitar a mudança em nome de defender escolhas individuais, sem que o poder público se meta, só pode aprofundar o "fracasso coletivo". E, de quebra, destruir no percurso a promessa mais ampla de mudança, "comprada" pela maioria dos eleitores enquanto era slogan.