segunda-feira, agosto 01, 2011

PAULO RABELLO DE CASTRO - Em busca do antigo espírito americano


Em busca do antigo espírito americano
PAULO RABELLO DE CASTRO
REVISTA ÉPOCA

Quando Alexis de Tocqueville visitou a América do Norte, ainda no século XIX, escreveu um clássico sobre a nova forma de organização social que lá viu, produto de um grau de liberdades individuais desconhecido na Europa imperial e classista. A América também se forjou na frugalidade, em uma comunidade de imigrantes com horror ao desperdício. Nas últimas décadas, porém, outros rumos têm ditado as decisões do coletivo norte-americano.

Esses outros rumos têm a ver com a queda do individualismo e a ascensão do egoísmo; com a queda da poupança e o aumento explosivo das dívidas e do assistencialismo às famílias. A autoestima do americano caiu com a perda de seu poder de competir e a estagnação dos salários, especialmente na indústria. O governo grande e inchado é um arremedo da governabilidade eficaz. O país pena com a ausência de regras econômicas de estabilidade, enquanto espertalhões de todos os tipos cooptam líderes políticos pelo jugo do financiamento de campanhas.

Os pioneiros acreditavam no trabalho duro, na poupança para prevenir os momentos ruins e no acesso equitativo às novas terras. Se Tocqueville visitasse de novo os Estados Unidos, teria decepções. No dia 2 de agosto, cessará o prazo legal para a elevação do teto de endividamento do governo federal americano. As apostas sobre o que acontecerá não são tão importantes quanto constatar o estrago causado pelo episódio. É uma exibição clara de irresponsabilidade das lideranças. A começar pelo presidente Obama, não havia quem não soubesse desse prazo fatal dentro ou fora do governo. A negociação seguiu arrastada, numa queda de braço egoísta entre o governo e a oposição republicana, principalmente pelo cálculo do perde-ganha na eleição presidencial do ano que vem. Obama, o favorito natural, não conseguiu usar a amplitude de seu cargo e poderes. Os republicanos fazem um discurso mesquinho contra mais impostos – o que seria coerente se falassem da classe média empobrecida e sacrificada. Mas a tática é apenas a defesa egoísta de isenções tributárias para os mais ricos, numa sociedade que sempre se pautou pela equidade e pela boa repartição de oportunidades.

As sementes do extremismo de posições já estão lá plantadas desde antes da crise de 2008. O acordo efetivo não existe, por falta de unidade de propósitos dentro da própria elite do país. Essa é uma tendência que veio se alimentando pelo gradual abandono das crenças que um dia forjaram a América. Economistas keynesianos e neoliberais, cada qual do seu lado, deram contribuições determinantes ao aprofundamento da crise atual. Os primeiros, ao insistirem no alargamento crônico dos deficits orçamentários como solução universal para a perda de vitalidade da economia produtiva. Com isso, as despesas sociais rígidas do orçamento federal já atingem 60% do total. Somadas aos gastos militares e, agora, às despesas financeiras, fazem o custo do governo americano se parecer com uma bola de neve. Enquanto isso, os conservadores inventaram outro absurdo – o afrouxamento monetário sem atenção aos custos nem às consequências, liderados primeiro por Alan Greenspan, pai da bolha imobiliária e financeira, e, agora, por seu filho intelectual, Ben Bernanke, o presidente do banco central americano, que já emitiu mais do que seus antecessores somados, desde a criação do Federal Reserve.

Além de ser matéria de grande preocupação, para o mundo inteiro, a falta de rumo da grande nação americana deveria ser para nós, brasileiros, um incentivo à reflexão. Padecemos de semelhantes impasses na nossa sociedade, que vão da relativa incapacidade de buscar soluções para questões aflitivas, como o excesso de impostos, ao juro mais alto do planeta, aos encargos salariais abusivos, à burocracia infernal. Uma longa lista de desafios, que parece não acabar mais. Contudo, com a sorte momentânea dos nossos produtos primários em alta, agora nos enxergamos com a mesma complacência que as elites americanas antes enxergavam Alan Greenspan como um gênio da economia. Nós também elegemos nossos gênios de ocasião. Porém, nossos riscos coletivos não são tão diferentes assim daqueles da grande nação americana.

FERNANDO ABRUCIO - O que aprender com a crise dos transportes


O que aprender com a crise dos transportes
FERNANDO ABRUCIO
REVISTA ÉPOCA

Uma crise, como há séculos perceberam os orientais, pode ser uma grande oportunidade. As recentes mudanças no Ministério dos Transportes podem gerar confusão na relação do governo com sua base parlamentar. Mas elas também abriram um campo enorme para o aperfeiçoamento do sistema político-administrativo. Dilma pode ganhar com tais mudanças. E o Brasil também. Só que é preciso entender melhor o que produziu os descalabros encontrados no Dnit.

O ponto mais ressaltado pela imprensa foi a ligação dessa crise com os políticos do PR. Não sei se esse partido é o menos republicano entre nós – contrariando o seu nome –, mas, sem dúvida, alguns de seus líderes têm um histórico de patrimonialismo e corrupção. Isso ocorre em outras legendas, em maior ou menor medida. Por isso, a crise do Dnit deveria ser vista como a falência da forma como uma grande parte dos cargos comissionados é preenchida pelos governos brasileiros.

Não se propõe aqui que os postos do alto escalão fiquem apenas com burocratas. A distribuição de cargos comissionados pode legitimamente servir tanto para trazer apoiadores políticos que defenderam um programa de governo vencedor nas urnas, como ainda para oxigenar a máquina pública, incorporando especialistas e gestores com outras vivências importantes para a produção de políticas públicas. Se toda a cúpula estatal fosse ocupada por funcionários públicos, isso não garantiria um governo incorruptível nem faria com que a administração tivesse todos os instrumentos para responder bem à sociedade.

O melhor caminho é criar formas mais transparentes e ligadas à competência técnica para preencher tais cargos, mesmo quando legitimamente forem ocupados por indicados pelos partidos. Para tanto, dois pontos são essenciais. O primeiro é o aumento da transparência em relação à indicação e, sobretudo, ao longo das ações dos dirigentes públicos. É bom lembrar que os diretores do Dnit tinham passado por sabatina no Senado. Só que esse processo, no geral, ou é uma louvação feita pelos governistas, ou é uma forma de a oposição criticar o governo, em vez de avaliar os indicados.

A sabatina pública não deveria parar por aí. Os governos e, principalmente, os partidos deveriam avaliar bem a ficha dos candidatos a tais cargos. No caso das agremiações partidárias, se elas tivessem um banco de nomes avaliados por suas qualidades profissionais e éticas, melhorariam muito sua imagem junto aos eleitores. Para o governo federal, seria interessante exigir algum tipo de certificação acerca das competências necessárias para determinados postos.

O governo poderia avaliar gente do setor privado ou servidores de outras áreas para futuros cargos

Para ficar no exemplo do Ministério dos Transportes, sabe-se que não há profissionais suficientes na burocracia federal para dar conta das demandas da área. O governo federal poderia se antecipar e certificar diversos profissionais, que trabalham no setor privado ou são servidores públicos atuantes em outros setores, para futuramente preencher cargos comissionados com esse perfil. Os partidos deveriam acompanhar e poderiam se servir desse processo.

O grande problema, no entanto, está no acompanhamento das ações dos dirigentes. Não que a fiscalização e a transparência não tenham avançado no país. Ao contrário, o sistema de controle avançou bastante nos últimos anos. Na verdade, houve uma maior profissionalização dos controladores do que da gestão pública, os controlados.

Embora tenha igualmente havido melhorias em setores da administração pública federal, muitas áreas estão estagnadas ou mesmo pioraram seus padrões de funcionamento. Transportes é um dos exemplos, mas não o único. E, ao contrário do que se pensa, o maior problema não está em Brasília. O ponto crítico está nas atividades descentralizadas do governo federal, em órgãos como Dnit e Incra, entre outros. Se a presidente Dilma conseguir reformar essas estruturas que atuam na ponta, a sociedade agradecerá duplamente: serão atacados os maiores bastiões de corrupção, e o Estado será aperfeiçoado lá onde o povo mais precisa dele.

IGOR GIELOW - Muito barulho por nada?


Muito barulho por nada?
IGOR GIELOW
FOLHA DE SP - 01/08/11


BRASÍLIA - É sempre bom ver Shakespeare na moda. As deliciosas aventuras cômicas da "Megera Domada", texto do fim do século 16, agora chegam pelas mãos do noveleiro Walcyr Carrasco. Estrelando, uma desconhecida neta de Lula.
"Fair enough", diria o bardo, não fossem alguns detalhes -e que não passam pela admissão da produção, a este jornal, de que a escolha de Bia Lula baseou-se em critérios artísticos elásticos.
A questão é que R$ 300 mil, quase metade do valor da peça, está sendo bancado pela telefônica Oi. "Bancar" é modo de falar, já que a empresa usa renúncia fiscal. Ou seja, em certa medida, você e eu estamos a pagar pelas aventuras teatrais da herdeira do ex-presidente.
A Oi, como se sabe, é uma das empresas que mais se beneficiou de decisões políticas na era Lula.
O enredo fica ainda mais picaresco quando lembramos que a mesma Oi viabilizou negócio milionário de um dos filhos de Lula quando ele estava no Planalto; a Polícia Federal até finge apurar o caso. Lula queixou-se dos "babacas" (como ele chama os jornalistas que não o adulam) que não reconheciam que o rapaz era um "Ronaldinho".
Bom, este é um país em que um ministro do Supremo é hospedado nababescamente na ilha de Capri por um advogado que tem causas em sua corte, e quase a totalidade da classe jurídica o aplaude.
E a vida continua. Alguém vai dizer que Bia é talentosa (e pode ser, claro) e que o caso é menor, mas a realidade é que ele expressa magnificamente o caldo de cultura em que estamos imersos.

O bom-senso manda o piloto reduzir a velocidade antes de enfrentar uma turbulência. Dilma optou por acelerar na queda de braço com o mercado sob o céu pesado americano e europeu. E o radar meteorológico está coalhado de aliados conhecedores dos intestinos do governo infelizes. É, começou agosto.

RUY CASTRO - Confiantes para 2011


Confiantes para 2011
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 01/08/11

RIO DE JANEIRO - Artigo da jornalista Gail Scriven, no argentino "La Nación", faz um apanhado de certos episódios de 2011. Parcial, mas suficiente para nos alertar sobre a vulnerabilidade das potestades neste ano. Ninguém está a salvo. Seja um continente, país, ditador, magnata ou rei da cocada preta -de repente, todos podem passar de sujeitos a objetos da história. E 2011 ainda está pela metade.
Começa pelo inconcebível, mas possível calote dos EUA, com a crise do euro, que está derrubando as economias europeias -e, por seu turno, a, idem, inimaginável ascensão da América Latina como uma ilha de estabilidade, pronta a acolher os ricos náufragos que chegam agarrados a boias e quilhas.
Continua com a Noruega, tradicional paraíso da tolerância -onde, nos últimos 60 anos, a pior desgraça foi um tombo de sua patinadora Sonja Henie numa pirueta na pista de gelo-, ensanguentada pelos tiros de um boçal neonazista. E com a suspeita de que essa boçalidade seja apenas a ponta de um racismo crescente na Europa.
Segue com o desmascaramento de Rupert Murdoch e de seu império jornalístico, com os apertos por que têm passado o espanhol Zapatero, o francês Sarkozy, o inglês Cameron e o italiano Berlusconi, todos se enforcando na própria corda, e com a desinfecção de Tunísia e Egito, com ditadores postos para correr pelo povo, e profilaxia semelhante, embora ainda incompleta, no Iêmen, na Líbia, na Síria e na Arábia Saudita.
Conclui com a morte de Osama bin Laden, a doença de Hugo Chávez (que, enfim, o calou por algum tempo) e o rebaixamento de Dominique Strauss-Kahn a ex-nº 1 do FMI, por não ter conseguido manter o periquito na gaiola. Enfim, 2011 não está de brincadeira.
Gail escreveu de véspera, donde não viu Santos x Flamengo. Tivesse visto, saberia por que, por aqui, estamos confiantes.

ANCELMO GÓIS - Copa no Brasil

Copa no Brasil
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 01/08/11

Cabral perde um amigo, mas não a piada. No sorteio da Copa de 2014, sábado, o governador virou-se para Dilma e Aécio e emendou:
Não sei quem ficou com mais raiva com o Jobim votando no Serra, a Dilma ou o Aécio. Eles caíram na gargalhada. 

Outro lance

Dilma fez questão de colocar Pelé ao seu lado na cerimônia do sorteio, além de citar o Rei duas vezes no seu curto discurso.

Menino do Rio
Eduardo Campos, que veio para o sorteio, brincava ontem às 12h25m na Lagoa com dois adolescentes. Perto dali, quatro seguranças paramentados. 

Fator aeroporto 

Um brasileiro que ajudou a trazer a Copa para o Brasil fez conexão em Frankfurt outro dia e ficou impressionado com o aeroporto de lá. Após rápida passagem pela imigração, sem filas, surpreendeu-se ao ver na esteira de bagagens um... cronômetro. É para marcar, veja só, o tempo máximo de espera de malas. A dele levou... seis minutos! 

Mas na volta...
Ao desembarcar no Galeão — Tom Jobim, teve de esperar... 40 minutos por sua bagagem.

Aliás...
Faltam bancas de jornais no Galeão, como lembrou Fernanda Torres na “Veja Rio”: — Qualquer rodoviária tem jornaleiro. Será que a porta de saída do Rio é um negócio tão arriscado que não vale a pena montar uma tenda de revistas?

Lorin Maazel na OSB
O festejado maestro Lorin Maazel vai substituir Kurt Masur, que cancelou sua vinda ao Brasil por motivo de saúde. O Festival Beethoven da Orquestra Sinfônica Brasileira começa dia 10 de agosto, no Theatro Municipal do Rio. 

Bicho instantâneo

Depois de aceitar cartões, agora alguns pontos de bicho do Rio têm uma maquininha de... apostas instantâneas, como as raspadinhas.
O cliente aposta num bicho, o anotador dá um clique e o resultado sai na hora.

Plantão de Guido

Guido Mantega suspendeu sexta uma viagem para São Paulo e desde então ficou de plantão em Brasília trabalhando neste projeto de uma nova política industrial que Dilma lança amanhã.

Aos 27

Edu Krieger, o compositor da Lapa gravado por estrelas da MPB como Maria Rita, fez uma música em homenagem aos astros da música que morreram aos 27 anos, como Amy Winehouse. Fala de Jimi Hendrix, Janis Joplin e até de... Noel Rosa, que morreu sete meses antes dos 27. Krieger pôs no YouTube. Confira só em http://bit.ly/qSO0wa. 

Todo mundo quer
Embalada pela conquista da Copa do Brasil, a eleição do Vasco, amanhã, terá oito candidatos. 

Inimigo na cozinha

Depois de seleção entre 56 candidatos argentinos, peruanos e paraguaios, nossa embaixada em Buenos Aires tem novo cozinheiro.
É um argentino de 22 anos, que trabalhou na rede Sofitel e fez sua estreia com um bobó de camarão. Vai ganhar US$ 2 mil mensais.


Real em alta Aliás, veja o prestígio do real. Semana passada, a filha de uma parceira da coluna foi assaltada em frente à badalada
Galeria Pacífico, em Buenos Aires, por um ladrão argentino de uns 30 anos, que ordenou assim: — Solamente reais e dolares! No pesos! No pesos!

MARCIA PELTIER - ‘Test drive’


‘Test drive’ 
MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 01/08/11

A canadense Bombardier trará ao Brasil uma réplica, em tamanho real, do monotrilho que deverá entrar em operação em São Paulo a partir de 2012. O trem ficará exposto durante os três dias da feira Negócios nos Trilhos, de 8 a 10 de novembro, na capital paulista. A empresa será a fornecedora de 54 trens de sete carros cada (378 carros no total), que trafegarão na Linha Expresso Tiradentes, com percurso de 24 quilômetros. O monotrilho poderá transportar 40 mil passageiros por hora em cada sentido, o dobro da capacidade do veículo similar que foi adquirido, recentemente, pela Arábia Saudita.

Preparando o futuro
Ainda sob o baque da pesquisa do Ibope – que divulgou, semana passada, que 55% dos brasileiros não aprovam o casamento gay – Toni Reis, presidente da ABGLT, Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, recebeu duas notícias um pouco mais animadoras. A Bahia tornou-se o 18º estado a autorizar o uso do nome social em escolas para alunos transexuais. E o governador do Acre, Tião Viana, acaba de decretar uma lei de combate ao bullying nas escolas públicas e privadas do estado. Na visão de Toni, o programa ajudará os adolescentes homossexuais a denunciarem abusos e agressões.

Obra de vulto
Uma escultura em aço de Amilcar de Castro, da década de 1990, estará entre as obras mais valorizadas da ArtRio – Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro, marcada para setembro, no Píer Mauá. Avaliada em R$ 400 mil, a peça será representada pela galeria carioca Silvia Cintra. Ao todo estarão presentes 80 galerias, das quais metade internacionais.

Superlativos 
Os maxi-acessórios serão o destaque da Bijoias, de quarta a sexta-feira, na capital paulista. Segundo Vera Masi, diretora do evento, colares de várias voltas, pulseiras e braceletes largos, anéis grandes e broches estilosos serão o hit da temporada. "As peças dão a sensação de que são parte da própria roupa, como uma gola em paetê", diz Vera. O evento, que reunirá fabricantes e designers, deverá movimentar negócios de cerca de R$ 35 milhões, contra os R$ 22 milhões da edição de um ano atrás.

Destino 
Fracassada a tentativa do Fluminense de contratar o jogador Diego Ribas, o meia está negociando com o Atlético de Madri. Caso os entendimentos nesse sentido também não prosperem, seu destino será permanecer no Wolfsburg, na Alemanha, no qual tem contrato por mais três anos.

Check-in 
Os aviões com double decker, aqueles de dois andares muito usados pela Air France, foram aposentados pelo grupo francês. Desde junho, o Boeing 777 não voa mais nas rotas de longa distância. Aliás, os horários dos voos da empresa estão sendo remarcados em todo o mundo nas últimas semanas. É que funcionários da manutenção na França estão trabalhando menos horas, em protesto pelos salários baixos.

Sinal marcante 

Um dos mais fiéis freqüentadores, atualmente, do restaurante La Tambouille, o empresário Olacyr de Moraes, como de hábito, está sempre bem acompanhado de bonitas jovens. Um amigo carioca observou, no entanto, um sinal inequívoco que distingue as garotas mais novatas daquelas que já se firmaram no harém. As últimas ostentam um nariz perfeito. É que Olacyr manda todas as eleitas passarem pela mesa de cirurgia para aperfeiçoar o nariz.

Três que são quatro 
Decidida a homenagear os novos talentos da culinária nacional, a organização do Festival de Gastronomia de Tiradentes se propôs a selecionar três chefs jovens, porém o fator surpresa obrigou a aumentar o número para quatro. É que no restaurante Le Gourmet Bistrot, em Gonçalves (MG), quem comanda as panelas, ao lado do pai, são os gêmeos Fernando e Juliano Basile, de apenas 20 anos.

Experiência precoce Desde os 11 anos a dupla já ajudava na antiga pizzaria da família. Os rapazes também são bons de lábia: aos 14 anos, eles convenceram o estrelado chef Laurent Suaudeau a deixá-los estudar na sua escola, em São Paulo, e, aos 16 anos, estagiaram com o aclamado Alex Atala. Premiados com o título de chef revelação pelo Guia Quatro Rodas Brasil 2010, os dois vão ser os responsáveis pelas sobremesas do jantar de abertura do evento, dia 8, no Palácio da Liberdade, em BH. O festim criado pela dupla acontece dia 20, na pousada Brisa da Serra, em Tiradentes.

Em obras 
O prédio da extinta TV Manchete, agora da BR Properties, está sendo reformado para abrigar, futuramente, escritórios. Já sem os vidros das janelas, o prédio receberá outros do tipo fumê, que reduzem o consumo de energia. Foram substituídos os elevadores e as instalações elétrica e hidráulica. A construção seguirá as normas do green building, com tecnologia ecológica. O teatro continua intacto, mas será modernizado.

Livre Acesso

Amanhã, o programa Marcia Peltier Entrevista recebe o cantor Emílio Santiago, que gravou seu primeiro disco em 1975 e, em 1982, ganhou o Festival MPB Shell. O bate-papo começa às 23h, na Rede CNT.

O endereço correto do Médicos Sem Fronteiras para ajudar as crianças da Somália é : https://www.msf.org.br/emergencia

Inserção Internacional do Brasil é o tema da palestra do presidente da Confederação das Câmaras da América do Sul, Darc Costa, na Associação Comercial do Rio de Janeiro. O evento acontece hoje, no auditório Ruy Barreto, no 12° andar, a partir das 16h.

A rede Walter’s Coiffeur, em apoio à campanha Mexa-se por um fio de solidariedade, da ONG Together for Peace, cortará gratuitamente os cabelos de quem quiser doar 20 centímetros dos seus fios na unidade Barra Shopping, hoje, das 14h às 16h.

O Buffet Barros, depois de 28 anos de exclusividade no Clube Paissandu, está em carreira solo, sob o comando do chef Jorge Ferreira de Lima.

Graziela Ferreira Escobar, gerente de qualidade da COI- Clinicas Oncológicas Integradas,fala sobre gerenciamento de riscos em segurança farmacêutica, sábado, em São José dos Campos. No mesmo dia, a COI e a Clinica Vida homenageiam o Dia dos Pais com palestra gratuita sobre cuidados do homem.

Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito


MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Segurança privada enfrenta carência de mão de obra
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 01/08/11

A carência de mão de obra alcançou o setor de segurança privada, segundo o Sesvesp (sindicato das empresas do setor). O mercado de vigilância, segurança, escolta de carga e valores emprega hoje mais de 500 mil no país.
O número cresceu nos últimos anos devido a exigências da legislação e do mercado, que passou a atuar em escala de trabalho menos estreita, com mais homens por posto, segundo João Palhuca, do Sesvesp.
"O posto de serviço é preenchido 24 horas. Por conta de lei e de condição física humana, a escala que aceitava três trabalhadores por posto passou a exigir quatro", diz.
O movimento ligado à variação da carga horária se consolidou. Uma nova onda de demanda, porém, surge pelo momento econômico, com construções de condomínios, shoppings, fábricas e agências bancárias.
"O reajuste da escala absorveu a mão de obra que estava disponível. Agora falta, pois a economia está acelerada. A demanda maior que a oferta força o setor a elevar a remuneração", afirma.
Nos últimos quatro anos, o salário base teve alta real de 15%, segundo Palhuca. Um vigilante básico em São Paulo ganha em média R$ 1.300.
Em 2010, foram gerados mais de 19 mil vagas no Estado de São Paulo, alta de 13% ante o ano anterior.
O número de empresas, porém, cresceu só 3%.

SORRISO DO EXTERIOR...
A carência de tratamentos odontológicos em países como Angola e Peru começa a favorecer clínicas populares brasileiras.
A paulista Sorridents está de olho no público de turistas que vêm a negócios ao país e aproveitam para realizar tratamentos dentários.
O primeiro alvo da empresa é Angola. A partir de setembro, a companhia exibirá peças publicitárias em uma rede de TV angolana.
"Notamos essa oportunidade batendo em nossa porta e resolvemos investir na ideia", diz Carla Renata Sarni, presidente da rede.
Até turistas portugueses estão na lista de potenciais pacientes. Assim como ocorre no caso de cirurgias plásticas, a razão é o menor custo brasileiro.
Fundada pela dentista Sarni há 16 anos, a rede opera por meio de franquia e foca o público de baixa renda.

NÚMEROS

R$ 150 mi
é a projeção de faturamento da rede para este ano

173
consultórios deverão estar em funcionamento até o final de 2011; hoje são 120, segundo a Sorridents

...E DO INTERIOR
A Odontoclinic vai abrir 30 clínicas odontológicas até o final deste ano.
As principais inaugurações serão em cidades do interior de São Paulo, do Rio de Janeiro e nas capitais do Paraná e de Minas Gerais.
No ano passado, a companhia passou a ser controlada pelo fundo de investimentos Bravia Capital.
"Nosso DNA é a baixa renda. Por isso, queremos manter o foco nesse público, que deve ter um aumento considerável de renda nos próximos anos, antes de partirmos em busca de clientes no exterior", diz Carlos Leão, gestor da Bravia Capital e presidente da Odontoclinic.
Os principais atrativos das redes de odontologia popular são o tratamento ortodôntico e a facilidade de parcelamento do pagamento dos procedimentos.

NÚMEROS

R$ 200 mi
é a projeção de receita da rede para este ano

164
clínicas deverão estar em funcionamento até o final de 2011; hoje são 134, segundo a Odontoclinic

ESCRITÓRIOS
Mais da metade das empresas brasileiras diz acreditar que o preço do aluguel dos imóveis comerciais vai subir nos próximos três meses.
A informação é da organização Rics (Royal Institution of Chartered Surveyors).
Entre os países analisados, apenas os chineses estão mais pessimistas em relação ao preço dos aluguéis comerciais neste trimestre.
O Brasil será o país com maior alta na demanda do setor, segundo o estudo.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e FELIPE VANINI BRUNING

EDMAR BACHA - Lições do passado para o Dnit


Lições do passado para o Dnit 
EDMAR BACHA
O GLOBO - 01/08/11

O GLOBO deu em manchete (27/7) que o Dnit foi todo loteado por partidos nos estados. Há 26 anos, no Brasil recém-redemocratizado, passei por experiência parecida como presidente do IBGE. Rememorá-la contribui para entender as dificuldades que permanecem no caminho da democratização do país.
Em maio de 1995, assumi a presidência do IBGE, por indicação do ministro do Planejamento, João Sayad. Tomei então conhecimento dos detalhes do acordo constitutivo da Aliança Democrática, formada para permitir a eleição indireta de Tancredo Neves e José Sarney para, respectivamente, presidente e vice-presidente da Nova República. O acordo previa, entre outras coisas, o direito de nomeação dos delegados estaduais do IBGE pelos deputados pertencentes aos partidos políticos que estavam assumindo os respectivos governos estaduais.
Assustado com os prejuízos que isso poderia causar à administração do IBGE, reuni os principais executivos do órgão. Ao fim de uma reunião que se prolongou por dois dias, envolvendo contactos com as representações do IBGE em cada um dos estados da Federação, elaboramos a lista dos novos delegados estaduais do IBGE, os quais nomeei no dia seguinte, sem maiores consultas políticas.
Bastou a divulgação dos nomes dos novos delegados nos estados para que imediatamente os três líderes nacionais da Aliança Democrática telefonassem, dizendo-me que as nomeações punham em risco a redemocratização do país e que eu tinha que voltar atrás. Junto com Sayad, acordamos com os líderes políticos que as nomeações iriam ser desfeitas, mas que as indicações políticas para delegados estaduais teriam que se restringir aos funcionários do próprio IBGE. Nosso principal argumento foi que, além do primado da política, a redemocratização tinha também que se basear na meritocracia e na valorização do funcionalismo.
Ato contínuo, instruímos todos ex-indicados a conseguir apoio político local, para que pudessem voltar a ser nomeados para delegados. Seguiu-se uma longa batalha de "deputados vs. delegados", a qual ocupou boa parte dos seis meses seguintes de minha presidência no IBGE.
Ao fim da batalha, quase todos funcionários que haviam sido originalmente escolhidos para delegado foram renomeados, com apenas duas exceções, se não me falha a memória. Uma foi no Maranhão, onde familiares do presidente da República indicaram um pastor protestante para delegado estadual. Outra foi no Rio Grande do Sul, onde os próprios funcionários locais do IBGE manifestaram sua preferência pelo indicado político, um geógrafo competente, que não era então dos quadros do instituto.
Pano rápido do IBGE de ontem para o Dnit de hoje. O contexto é diferente. Lá atrás, só estava em jogo o prestígio dos políticos em fazer nomeações que podiam se contrapor ao princípio da eficiência na administração pública. Agora, ademais, há as gordas comissões das empreiteiras no meio do caminho. Não basta, pois, profissionalizar a administração superior do Dnit e assegurar que seus representantes nos Estados sejam funcionários de carreira, como ocorreu no IBGE. Isso ajuda, é claro. Mas a redemocratização do país continua capenga se também não forem implantados novos mecanismos de licitação e de administração de obras, mais eficientes e menos sujeitos à corrupção do que os atuais.
EDMAR BACHA é economista e foi presidente do IBGE.

LUIZ FELIPE PONDÉ - Anões bolivarianos

Anões bolivarianos
LUIZ FELIPE PONDÉ
FOLHA DE SP - 01/08/11

O ditador do Equador, Rafael Correa, "mandou prender" alguns jornalistas de seu país porque eles o chamaram de ditador. Será que vai mandar um grupo secreto de "Kommandos" equatorianos me prender também porque eu estou dizendo que ele é ditador?

Ao processar os jornalistas (com a ajuda de seu criado, "o juiz"), provou que a hipótese do periódico "El Universo" (sobre ele ser um ditador) estava certíssima. Aliás, o mesmo caso de poder judiciário vítima de um ditador ocorre na Venezuela.

Ainda bem que o Brasil (ainda) é uma democracia e não uma ridícula república bolivariana como alguns anões políticos estão querendo criar na América do Sul.

Devemos ficar atentos aos abusos de poder que este "señor" está praticando em seu país porque, ao contrário do que pensam os paleontólogos, fósseis estão renascendo nas Américas. Duvidas?

A democracia não é um regime baseado na "aprovação popular", ou como dizia o ancestral de todo populista de esquerda, Jean-Jacques Rousseau, "vontade popular".

Democracia é um regime que busca institucionalizar as tensões múltiplas de uma sociedade criando condições históricas de um convívio o menos violento possível (em termos físicos) entre os diversos grupos de interesse.

E, neste sentido, criar órgãos de controle da mídia baseados em ideias vagas como "preconceitos", "justiça social", "honra", "igualdade política", "consciência social", e outros croquetes ideológicos é papinho de fascista.

O novo "gênero" de fascismo é se travestir de "fascismo do bem". Um bom governante não é alguém que se acha redentor de um povo, pelo contrário. Quanto menos "ideia" tiver sobre "o que deveria ser" a sociedade que governa, melhor, diz o filósofo inglês Michael Oakeshott, morto em 1990.

Redentores políticos facilmente corrompem a liberdade, como é o caso de Rafael Correa e Hugo Chávez, em nome do que eles chamam "justiça social" - tenho alergia a esse mantra.

Ou mesmo no caso do Partido dos Trabalhadores no Brasil, que corrompe a máquina do governo ideologizando a corrupção, realizando-a sob a desculpa de que quem os critica é porque são da elite.

Corrupção sob a tutela da ideologia é "pior" do que corrupção pura e simples porque os corruptores neste caso se julgam acima da lei porque representam o "povo" contra "as zelite".

Gente mal informada acha que "festa da democracia" é quando um bando de caras pálidas corre pelas ruas quebrando tudo ou berrando palavras de ordem (o nome já diz... palavras de ordem... coisa de fascista). Não, "festa da democracia" é quando você vai a uma balada e não lembra que o governo existe.

Um bom governo é aquele que você não se lembra que existe porque quase nunca precisa dele. A competência de um governo se revela em sua quase invisibilidade ideológica.

O teor religioso e alienante de governantes como os anões bolivarianos do tipo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa salta aos olhos. Chama-me atenção como muita gente dita "politicamente consciente" ainda adere a tais fósseis políticos.

Veja, por exemplo, a veneração que a bela musa da primavera estudantil chilena confessou cultivar pelo anão bolivariano Morales da Bolívia. Não foi ele que decidiu legalizar carros roubados? A ideia, mesmo que não se realize, deve se alimentar em sua cabeça pré-histórica da noção de que "toda propriedade privada é um roubo", logo, legalizar carros roubados dos outros é um ato de "libertad"...

Daí eu supor que estamos todos enganados quando supomos que fenômenos como esses (refiro-me a este croquete ideológico chamado "socialismo do século 21") seriam objetos da ciência política ou da filosofia política. Não, deveriam ser estudados por paleontólogos da política.

Quando soube que uma das instituições políticas por trás da primavera estudantil chilena era o partido comunista, me perguntei: "Em que século estamos mesmo?"

Não consigo não ver nesses caras personagens como aqueles xamãs do neolítico (ou paleolítico?) que tinham crises histéricas e gritavam que males aconteceriam aos nossos ancestrais caso eles não rezassem para algum deus do fogo.

MÔNICA BERGAMO - 'ESTOU ECONOMIZANDO PARA TER UM FILHO'

'ESTOU ECONOMIZANDO PARA TER UM FILHO'
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 01/08/11

Mallu Magalhães segura flores de pitanga, nome do seu novo CD

Mallu Magalhães saiu da casa dos pais e, aos 18 anos, mora "um pouco em SP e um pouco no Rio" com o namorado Marcelo Camelo, 33, ex-vocalista do Los Hermanos. Juntos, ela e o músico produziram o terceiro CD de Mallu, "Pitanga", que sai em setembro. A cantora conversou com a coluna em um estúdio em Pinheiros no dia em que acabou o trabalho. Leia trechos.

Você sempre se orgulhou da sua música?
Eu não tinha essa de querer dar um CD meu para alguém. Os CDs são lindos, são maravilhosos, mas eu não via isso. Eu me escutava cantando e pensava "que lixo!". Hoje acho fofo. Criei um carinho por mim mesma. Eu não achava que faria isso da minha vida e que eu deveria fazer uma faculdade, porque não se sobrevive disso.

E está sobrevivendo bem?
Lógico! Muito melhor do que todo mundo que está fazendo a "nhaca" da faculdade nessa altura. Eu não presto para nada disso. Eu fui péssima no colegial, mas terminei. Ensino médio completo.

Você se projetou na internet. O Chico Buarque disse que viu na rede que não era amado...
A primeira grande dica é: não leia nada. Você tem lá o seu blog. As pessoas que não gostam de você vão até o seu blog, deixar o seu comentário idiota. Só que você tem o poder de colocar "unapprove" [não publicar]. É demais!
Mas em sites de notícia não dá para fazer isso.
A gente não tem controle do mundo. Daí você lê o título "Mallu Magalhães é um lixo". Você pode clicar nessa notícia ou não. Eu escolhi não. Pode ter uma crítica construtiva, mas as críticas que importam você recebe do seu pai...

Você esteve na última SPFW. Houve convite para desfilar?
Tive alguns convites. Não achei que eram nem a ocasião nem a hora. A modelo tem uma relação com o corpo que eu não tenho. Essa história de desfilar como modelo não era o como, nem o quando, nem o quanto deveria ser.

Dinheiro é importante?
Claro. Se eu não me importar, me der o valor, quem vai? E não é nem que eu queira comprar tal coisa. Você já fez a conta de quanto custa criar um filho em São Paulo? Quem faz essa conta começa uma poupança. É o meu caso. Estou economizando porque quero ter um filho.

Você emagreceu?
Eu emagreci bastante. Voltei a correr, gosto muito de corrida. Eu comia muita besteira e não tinha relação nenhuma com o meu corpo. Tem uma hora em que você quer ficar bonita.

Você quer ficar bonita agora?
Passei a ter, totalmente, essa vontade. Antes, minha questão era se eu ia comer um bolo inteiro ou dois. Hoje eu penso: "Ah, melhor não comer nada!". Brincadeira!

LIVRO ABERTO

Uma aposentada pede na Justiça a proibição do livro "Chatô - O Rei do Brasil", publicado em 1994, e indenizações por danos morais e materiais. Ela alega ser uma arrumadeira, citada em três páginas da obra de Fernando Morais, com quem Assis Chateubriand tinha relações sexuais e que foi demitida, aos gritos, quando o empresário descobriu que era noiva de outro homem.

NOVA EDIÇÃO
A 20ª Vara Cível de SP determinou a extinção do processo. Acatou o argumento do advogado da Companhia das Letras, Fernando Lottenberg, de que o caso prescreveu - a aposentada entrou com a ação 16 anos depois da publicação. A defesa da ex-doméstica diz que se baseia em um exemplar de 2009 de "Chatô" e que o prazo para prescrição, de três anos, é contado a partir de cada nova edição da obra.

ESTAÇÃO CULTURA
O Centro Cultural Banco do Brasil está cotado para ocupar o espaço destinado à cultura que será criado no local onde funcionava o hospital Matarazzo, próximo à avenida Paulista. A direção do CCBB está conversando com o grupo francês Allard, que comprou o terreno de 27 mil m² e construirá no local também um hotel de luxo e um centro comercial.

VIDA NA BALANÇA
Hebe Camargo e o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, receberão no dia 11 a Ordem do Mérito do Judiciário Trabalhista. Serão homenageados ao lado dos ministros Orlando Silva (Esporte) e José Eduardo Cardozo (Justiça).

RIO EM FOCO
O próximo correspondente do "New York Times" no Brasil, Simon Romero, deverá se instalar no Rio. A cobertura da Copa 2014 e da Olimpíada 2016 influenciaram na decisão do jornal.

VASSOURA MODERNA
Para que suas protagonistas "voem" no Teatro Bradesco, o musical "As Bruxas de Eastwick", que estreia no dia 14, terá o mesmo equipamento dos filmes "Homem-Aranha" e "Crepúsculo". As acrobacias são traçadas por computador, e os dados são mandados para um motor preso na cintura das atrizes, ligado a cabos suspensos.

CONTEMPORÂNEOS
O Instituto Inhotim e o Louvre vão oferecer em Brumadinho (MG), em outubro, residências técnicas em conservação de arte contemporânea. Inicialmente serão seis vagas, para brasileiros e franceses, num acordo do Instituto Brasileiro de Museus e da UFMG com a instituição parisiense.

MEL NA BOCA
A atriz Mel Lisboa anda passeando pelos arredores da Cracolândia, no centro de SP. É um laboratório para peça que fará sobre a Boca do Lixo, indústria do cinema alternativo que floresceu na região. E ficou assustada: "Está mais boca do lixo agora do que naquela época, né?".

VIDA DUPLA
A cantora Pitty entra em estúdio hoje para gravar o primeiro CD de seu projeto paralelo com o guitarrista Martin, o duo Agridoce. A dupla compõe e toca músicas de estilo folk.

QUADRO DE AMOR

O artista Anderson Ac estreou a mostra "Álbum de Família", em que pinta parentes seus que morreram. Os trabalhos estão expostos no Centro, na Galeria Soso, de Mario Almeida. O curador Daniel Rangel esteve na abertura.

ALMOÇO NAS ALTURAS

Os empresários Mara e Eduardo Linhares inauguraram o restaurante Trio, na sexta, no 19º andar de um prédio da Vila Olímpia. O banqueteiro Charlô Whately conferiu o local.

CURTO-CIRCUITO

A segunda edição do Selo de Qualidade Ospitalità Italiana tem lançamento hoje, às 19h, no colégio Dante Alighieri.

O chef Pier Paolo Picchi comemora quatro anos do restaurante Picchi com um menu à base de lagostas.

O 4º Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável acontece nesta quinta e sexta no WTC, em SP.

com DIÓGENES CAMPANHA (interino), LÍGIA MESQUITA, THAIS BILENKY e CHICO FELITTI

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO - PAC continua devagar


PAC continua devagar
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 01/08/11

Pelo menos uma boa notícia foi apresentada no primeiro balanço do PAC 2, o Programa de Aceleração do Crescimento preparado para o governo da presidente Dilma Rousseff. A novidade é subproduto do escândalo no Ministério dos Transportes, mas a decisão valerá para licitações de obras de todos os setores. As concorrências serão baseadas em projetos executivos e não mais em projetos sumários, como ocorreu durante anos.

O objetivo é limitar o recurso a aditivos contratuais com mudanças de prazos, de preços e até do alcance de cada projeto. Entre 2007 e 2011, os aditivos em contratos celebrados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegaram a R$ 3,7 bilhões, 9,1% do valor total contratado, segundo informou o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.

Dentro da lei, no entanto, os acréscimos poderiam ter chegado a 25%, comentou o ministro. Ele esqueceu de comentar se as licitações e contratos estavam dentro do espírito da lei. Parece haver no governo alguma dúvida a respeito do assunto: todas as licitações do setor de transportes foram suspensas no fim de junho, por determinação da presidente, e projetos em licitação ou mesmo já licitados estão sujeitos à revisão. Também estas informações são mencionadas no documento sobre o PAC.

A promessa de moralização e de maior vigilância dos contratos foi a única novidade importante apresentada no balanço pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela manteve o tom mais otimista - quase triunfal - de sua antecessora na gerência do PAC, a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff. Na gestão anterior, segundo ela, o PAC ajudou a cumprir os objetivos de investimento, crescimento econômico e geração de empregos fixados em 2007.

O exagero é evidente: a execução dos projetos foi sempre muito deficiente. Uma boa indicação desse mau desempenho é a execução do chamado PAC orçamentário, aquele dependente do Orçamento-Geral da União: dos R$ 96,4 bilhões autorizados para os quatro anos, só foram desembolsados R$ 58,7 bilhões, 60,9% do total. Mais de metade dos desembolsos (54,7%) foi feita com restos a pagar, sobras de um exercício para o outro. A maior parte dos pagamentos feitos neste ano, na execução do PAC orçamentário, teve a mesma fonte, como já foi mostrado no dia 4 de julho numa análise baseada em números do Siafi, o sistema de informação financeira mantido pelo governo.

A análise foi divulgada pela organização Contas Abertas e diverge do relatório oficial divulgado na sexta-feira. Quanto ao crescimento econômico entre 2007 e 2010, é obviamente atribuível à expansão do mercado interno, aos investimentos privados e à elevação das exportações. O governo foi, sobretudo, um entrave, exceto pela transferência de renda a milhões de famílias pobres e à elevação real do salário mínimo. O investimento das estatais dependeu quase exclusivamente da Petrobrás e esse quadro pouco deve ter mudado neste ano.

No material divulgado na sexta-feira, os números são agrupados ou detalhados de acordo com o interesse do governo. Será necessário um exame mais trabalhoso antes de uma avaliação completa dos dados.

No entanto, mesmo o discurso otimista apresentado pela ministra do Planejamento foi insuficiente para disfarçar certos pormenores nada auspiciosos. Segundo o documento, só 74% dos investimentos previstos deverão ser concluídos até 2014. Serão terminadas mais tarde, entre outras obras, a Hidrelétrica de Belo Monte, o complexo petroquímico do Rio de Janeiro e a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste.

Embora montados para transmitir uma visão otimista, os quadros do relatório são pouco animadores. Segundo o documento, a "execução global" do programa, no primeiro semestre, alcançou o valor de R$ 86,4 bilhões. Desse total, R$ 35 bilhões corresponderam a financiamentos habitacionais. Outros R$ 3 bilhões são do programa Minha Casa, Minha Vida. Somados estes dois, chega-se ao equivalente a 44% do total "executado" em seis meses. É bom financiar habitação, mas eliminar gargalos de infraestrutura é outra coisa.

O PAC continua muito devagar. Que tal uma faxina para acelerar?

DENIS LERRER ROSENFIELD - Crime e mal


Crime e mal
DENIS LERRER ROSENFIELD
O Estado de S.Paulo - 01/08/11

O assassinato de 77 pessoas na Noruega, cometido por uma pessoa aparentemente normal, nórdica, branca, criada dentro do Estado de bem-estar social, levanta uma série de questões relativas à compreensão de um fato que foge do que consideramos a normalidade. Mais do que isso, tal fato suscita questões sobre o que entendemos por natureza humana, a partir da qual são construídas as formas mesmas de organização do Estado. Conceitos, então, multiplicam-se para explicar o que aparece como inexplicável, talvez porque nossos parâmetros de compreensão do que foge da normalidade sejam muito estreitos. Atentemos para alguns aspectos.

1.º - Chama particularmente a atenção a polícia norueguesa estar completamente despreparada para enfrentar esse tipo de crime, como se ele caísse fora do seu escopo de atuação. O crime seria uma "enormidade" para os parâmetros do que essa polícia considera "normal", objeto de sua ação específica. Dentre outros fatos, demorou mais de uma hora para chegar à Ilha de Utoya, onde jovens do partido social-democrata participavam de uma convenção. Se tivesse sido eficiente, pelos menos metade das pessoas mortas teria sido salva.

2.º - A justificativa de que não havia helicópteros disponíveis porque os pilotos estavam de férias é francamente risível. No entanto, o chefe de polícia foi prestigiado ao fazer essa declaração. Isso porque os próprios dirigentes do país compartilham a mesma opinião, a de que é normal pilotos de helicópteros tirarem férias em julho ou agosto. O problema é que o próprio país já vinha sendo objeto de ameaças do terror islâmico e, certamente, não as tomou a sério. Ou pensam que terroristas só atuam em momentos em que a polícia está totalmente preparada?

3.º - A ação veio de onde menos esperavam, ou seja, de um cristão, branco, nórdico, alguém de dentro do sistema. Na verdade, esse tipo de pessoa não deveria ser, para o Estado norueguês, objeto de preocupação, pois, conforme a concepção do Estado de bem-estar social, uma vez resolvidos os problemas sociais básicos, um crime como o cometido não poderia mais ocorrer. Estabelece-se uma conexão entre criminalidade e condições sociais, como se as segundas extirpassem a primeira.

4.º - A pressuposição aqui em questão é a de que a natureza humana está voltada necessariamente para o "bem", o "mal" sendo uma espécie de disfunção social ou psicológica. No âmbito social, com as condições do Estado de bem-estar social dadas, a ação humana não poderia mais estar voltada para tal tipo de disfunção. Desconsidera-se uma outra possibilidade, que não quer ser sequer pensada: a de que o ser humano tem uma propensão ao mal, independentemente de condições sociais.

5.º - Nesse sentido, não é casual que o criminoso tenha declarado que seu crime seria o mais "monstruoso" depois dos do nazismo, estabelecendo ele mesmo uma filiação com uma forma de mal "político", fenômeno intrigante que Hannah Arendt procurou pensar recorrendo ao conceito kantiano de "mal radical". Há pessoas, grupos humanos e agremiações políticas que voltam suas ações, racionalmente, para a realização do mal, fazendo isso parte de seu projeto, para além de quaisquer considerações de ordem social ou psicológica.

6.º - O advogado do criminoso, estupefato com seu cliente, pois ele foge aos parâmetros da "normalidade", descreveu-o como "frio", "calmo", não demonstrando nenhum arrependimento. Sabia precisamente o que fazia e por que o fazia, segundo as suas convicções. Ele exibiu, operante, uma razão voltada para o mal. Não se trata de um descontrole emocional, ao contrário, nota-se extremo controle. A qualificação de "louco" ou de "insanidade mental" nada mais é do que o resultado dessa estupefação, palavras utilizadas para explicar o que, para essa compreensão da normalidade, é inexplicável.

7.º - A pena máxima para crimes na Noruega é de 21 anos, podendo, em casos excepcionais, ser prorrogada a cada 5 anos em caso de extrema periculosidade. Há, no entanto, um artigo na lei que aumenta a pena para 30 anos em caso de atentado aos "direitos humanos". Do ponto de vista numérico, não faz grande diferença. O problema é outro. A legislação penal norueguesa, assim como a de boa parte dos países ditos desenvolvidos, está baseada no pressuposto de que a prisão não é uma punição, mas um instrumento de regeneração. Ou seja, está excluída a hipótese de que haja indivíduos não regeneráveis, não reeducáveis, que deveriam ser excluídos do convívio humano livre, seja pela prisão perpétua ou pela pena de morte.

8.º - Indivíduos cuja propensão para o mal se faz através de uma "fria" racionalidade caem fora da legislação penal e do sistema prisional desse tipo de Estado, baseado na concepção de que todos os indivíduos, por serem seres humanos, são reeducáveis. Imaginem um indivíduo desses, "reeducado", saindo da prisão... Apenas repetirá o que já fez! A sociedade seria de novo exposta a um perigo que nasce dessa forma do "politicamente correto", a da reeducação, da regeneração.

9.º - O juiz encarregado do caso mostrou uma compreensão do caso ao decidir que essa etapa do seu julgamento seria a portas fechadas, não estando aberta ao público nem às suas formas espetaculares de transmissão midiática, ao vivo. Ações voltadas para o mal contam, para alcançar seus objetivos, com os efeitos midiáticos, de modo que seu autor possa exibir suas "razões", "ideias" e "concepções". O criminoso teria ficado "decepcionado" com a decisão judicial, pois ela o impede de cumprir a sua "missão". O juiz, dessa maneira, limitou os seus efeitos, procurando evitar que "outros" sofram o efeito da emulação, da repetição.

Se as sociedades não pensarem o mal como uma dimensão essencial da ação humana, sobretudo em sua forma "política", ficarão completamente desguarnecidas ante ações desse tipo.

CARLOS ALBERTO SARDENBERG - Elevando a inflação


Elevando a inflação
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Estado de S.Paulo - 01/08/11

Junte as histórias: a presidente Dilma Rousseff afirma que o combate à inflação não pode matar o crescimento econômico. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que, se a inflação do ano ficar abaixo de 6,5%, a meta terá sido cumprida. O Banco Central (BC) deixa de dizer que seu objetivo é levar a inflação para o centro da meta (4,5%) em 2012.

Conclusão: os 4,5% ficaram para 2013.

Ninguém do governo disse isso com todos os números e muitos analistas acham que o compromisso com a meta em 2012 está de pé. Mas o jeitão da coisa parece ter mudado: o governo se encaminha para aceitar uma inflação mais alta por um tempo maior.

Não faz muito tempo que a Fazenda esperava para este ano uma inflação (sempre medida pelo IPCA, índice do IBGE) em torno dos 5%. Aos poucos, foi admitindo algo maior - tudo por culpa dos preços internacionais de alimentos - e, mais recentemente, Mantega disse que até 6,5% estaria tudo bem.

É uma análise tão criativa quanto a contabilidade que turbinou as contas públicas no ano passado. A meta de inflação no Brasil é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para baixo (que ninguém conta) ou para cima. Logo, pode ir até 6,5%, mas em circunstâncias excepcionais. Essa margem é colocada justamente para acomodar pressões inesperadas, que estejam em parte ou totalmente fora do controle das autoridades locais.

É justamente o caso da alta internacional de preço de alimentos, causada por aumento de consumo, mas também por quebra de safra e problemas climáticos em diversos países. Essas cotações pressionam os preços locais e a inflação de alimentos contamina o índice ao consumidor. E aí? Uma forte alta de juros, aqui, não altera o clima na Rússia.

Assim, é preciso acomodar essas elevações e combater seus efeitos secundários, utilizando-se, por algum período, da margem de tolerância. Ou seja, não se pode dizer, aqui, que qualquer inflação abaixo de 6,51% ao ano cumpre a meta.

Não cumpre. É um desvio. Transformar esse desvio em regra equivale, simplesmente, a elevar a meta de inflação - e parece ser exatamente essa a intenção do governo.

Nas projeções do Banco Central, divulgadas na última Ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a inflação só volta para a meta em meados de 2013, daqui a dois anos, portanto, um tempo muito largo.

Quando os cenários mostram isso, o Banco Central, pela atual política monetária, deve elevar os juros hoje para trazer a inflação para a meta num prazo menor, digamos 12 meses, que era a conversa inicial das autoridades monetárias.

Ficaria assim: em 2010 e 2011, a inflação rodaria na casa dos 6%, mas caindo forte no segundo semestre deste ano para chegar nos 4,5% em 2012.

Mas a Ata disse umas coisas e deixou de dizer outras, levando analistas a entender que o Banco Central está preparando o ambiente para suspender o ciclo de alta de juros nos atuais 12,5%. Sendo isso mesmo, o conjunto só fecha com a aceitação de inflação maior ao longo de todo o próximo ano e início de 2013.

Ficamos assim: em 2010, o BC parou de elevar juros para não atrapalhar a eleição de Dilma Rousseff e, assim, comprometeu os resultados daquele ano e de parte deste. Agora, o pretexto é não elevar juros para manter o crescimento perto dos 5%. O risco é indexar a inflação num nível perigoso e obter menos crescimento econômico.

Agora, no segundo semestre, ocorrem negociações salariais de categorias importantes e numerosas. O Banco Central alerta: aumentos acima da produtividade são inflacionários.

De fato, são, mas a medida da produtividade não é trivial. E como dizer aos trabalhadores que a inflação está elevada por um bom tempo, a economia veio bem, setores estão com lucros bons, mas os salários têm de ser regulados pela expectativa de inflação menor? Sobretudo quando se sabe que o salário mínimo vai subir 14% em janeiro.

Dinheiro do povo. A coluna da semana passada (Com o dinheiro do povo), sobre o uso de dinheiro público na Copa do Mundo e seus estádios, provocou respostas que me deixaram entre surpreendido e preocupado.

Alguns leitores aderiram totalmente à tese do "locupletemo-nos todos". Se tem roubalheira por toda parte, escreveram, se os políticos se aproveitam dos cargos, se o governo ajuda tantas empresas e bancos, por que não dar dinheiro para os estádios da Copa?

Leitores corintianos - alguns, é claro - foram ainda mais longe. Acham que seu time tem o direito de receber dinheiro público para a construção do estádio, por uma série de motivos: é um time popular, ou seja, representa parte do povo; sua torcida movimenta negócios; outros times ganharam presentes equivalentes; e, afinal, todo mundo mete a mão.

No que se refere ao debate proposto sobre a prioridade dos gastos públicos - vale a pena gastar em estádios, em vez de aplicar em hospitais e escolas? O estádio do Corinthians seria a melhor maneira de estimular o desenvolvimento da região de Itaquera? -, algumas respostas foram ainda mais desanimadoras. Alguns leitores simplesmente entenderam que, sendo o colunista um torcedor do São Paulo, estava simplesmente tentando torpedear o estádio do "rival".

Outros ainda disseram que havia uma conspiração carioca para levar o jogo de abertura para o Maracanã.

Digamos, com boa vontade, que há, aí, apenas o efeito negativo de paixões regionais e/ou por clubes. Mas é preocupante a frequência com que se repete o argumento pela "democratização" da roubalheira.