Muito barulho por nada?
IGOR GIELOW
FOLHA DE SP - 01/08/11
BRASÍLIA - É sempre bom ver Shakespeare na moda. As deliciosas aventuras cômicas da "Megera Domada", texto do fim do século 16, agora chegam pelas mãos do noveleiro Walcyr Carrasco. Estrelando, uma desconhecida neta de Lula.
"Fair enough", diria o bardo, não fossem alguns detalhes -e que não passam pela admissão da produção, a este jornal, de que a escolha de Bia Lula baseou-se em critérios artísticos elásticos.
A questão é que R$ 300 mil, quase metade do valor da peça, está sendo bancado pela telefônica Oi. "Bancar" é modo de falar, já que a empresa usa renúncia fiscal. Ou seja, em certa medida, você e eu estamos a pagar pelas aventuras teatrais da herdeira do ex-presidente.
A Oi, como se sabe, é uma das empresas que mais se beneficiou de decisões políticas na era Lula.
O enredo fica ainda mais picaresco quando lembramos que a mesma Oi viabilizou negócio milionário de um dos filhos de Lula quando ele estava no Planalto; a Polícia Federal até finge apurar o caso. Lula queixou-se dos "babacas" (como ele chama os jornalistas que não o adulam) que não reconheciam que o rapaz era um "Ronaldinho".
Bom, este é um país em que um ministro do Supremo é hospedado nababescamente na ilha de Capri por um advogado que tem causas em sua corte, e quase a totalidade da classe jurídica o aplaude.
E a vida continua. Alguém vai dizer que Bia é talentosa (e pode ser, claro) e que o caso é menor, mas a realidade é que ele expressa magnificamente o caldo de cultura em que estamos imersos.
O bom-senso manda o piloto reduzir a velocidade antes de enfrentar uma turbulência. Dilma optou por acelerar na queda de braço com o mercado sob o céu pesado americano e europeu. E o radar meteorológico está coalhado de aliados conhecedores dos intestinos do governo infelizes. É, começou agosto.
"Fair enough", diria o bardo, não fossem alguns detalhes -e que não passam pela admissão da produção, a este jornal, de que a escolha de Bia Lula baseou-se em critérios artísticos elásticos.
A questão é que R$ 300 mil, quase metade do valor da peça, está sendo bancado pela telefônica Oi. "Bancar" é modo de falar, já que a empresa usa renúncia fiscal. Ou seja, em certa medida, você e eu estamos a pagar pelas aventuras teatrais da herdeira do ex-presidente.
A Oi, como se sabe, é uma das empresas que mais se beneficiou de decisões políticas na era Lula.
O enredo fica ainda mais picaresco quando lembramos que a mesma Oi viabilizou negócio milionário de um dos filhos de Lula quando ele estava no Planalto; a Polícia Federal até finge apurar o caso. Lula queixou-se dos "babacas" (como ele chama os jornalistas que não o adulam) que não reconheciam que o rapaz era um "Ronaldinho".
Bom, este é um país em que um ministro do Supremo é hospedado nababescamente na ilha de Capri por um advogado que tem causas em sua corte, e quase a totalidade da classe jurídica o aplaude.
E a vida continua. Alguém vai dizer que Bia é talentosa (e pode ser, claro) e que o caso é menor, mas a realidade é que ele expressa magnificamente o caldo de cultura em que estamos imersos.
O bom-senso manda o piloto reduzir a velocidade antes de enfrentar uma turbulência. Dilma optou por acelerar na queda de braço com o mercado sob o céu pesado americano e europeu. E o radar meteorológico está coalhado de aliados conhecedores dos intestinos do governo infelizes. É, começou agosto.
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