ZERO HORA - 15/01
A série Amores Roubados já recebeu muitos elogios – merecidos – e vim aqui ajudar a confirmá-los: tudo é mesmo excelente. Fotografia, direção, roteiro, elenco, trilha sonora. Se os puristas quisessem reclamar de algo, talvez apontassem o dedo para a sonoplastia: nem sempre se entende o que os personagens dizem. Mas ninguém reclamou, e, mesmo passando meio despercebida, a sonoplastia também é responsável pelo aroma de renovação que o programa exala.
Os atores sussurram, baixam o tom no fim das frases, suspiram, viram de costas para a câmera. O calor do Nordeste e a consequente preguiça que advém das altas temperaturas não convidam a excessos verbais. Nada de discursos inflamados. Economiza-se a voz, vai-se direto ao ponto, e quem não entendeu, não entendeu.
Mas a gente entende, porque é muito parecido com o que acontece entre nós, nas nossas casas. Nem sempre é preciso dizer tudo, as circunstâncias também têm voz, os acontecimentos falam, o desenrolar da vida ajuda a narrar a história e, se por acaso ficou faltando a clareza de uma palavra, o contexto dá conta de manter a compreensão dos fatos.
Nesse ponto, vale lembrar o extremo oposto: a novela Avenida Brasil, que foi encenada aos gritos, todos falando ao mesmo tempo, uns por cima dos outros, muitas vezes também nos fazendo desconfiar dos próprios ouvidos: o que foi mesmo que a Carminha disse? Um barraco por dia, descompostura geral, ninguém ali era lorde, os braços falavam junto, o corpo inteiro, olha pra mim, sente minha emoção, não precisa entender tudo o que digo.
Mas a gente também entendia, porque também era parecido com o que acontece entre nós, nas nossas casas, quando interrompemos a fala do outro na ansiedade de dizer o que pensamos, na pressa de nos comunicarmos, na busca daquela autoridade conferida a quem fala mais alto, a quem fala por último, a quem usa a eloquência na tentativa de encerrar o assunto.
A realidade crua tem sido a grande novidade, um presente ao telespectador que espera por mais. Tramas mastigadinhas divertem, distraem, mas não ganham nosso respeito, não nos dão a sensação de que fomos levados a sério, de que acreditaram na nossa capacidade de compreensão. Quando uma obra se atreve a fugir de uma fórmula consagrada, ela faz uma homenagem à nossa inteligência.
E aproveito para mencionar também Azul é a Cor mais Quente, filme que comento com atraso – todo mundo já rendeu loas –, mas que é outro exemplo de vida cravando os dentes, indo além de gritos e sussurros, privilegiando olhares, gemidos, lágrimas, suores, nuances, tensões, tesões, tudo o que comunica sem precisar de uma palavra exata.
A plateia agradece a confiança.
quarta-feira, janeiro 15, 2014
Redes antissociais - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 15/01
RIO DE JANEIRO - A publicação de jornais e revistas on-line abriu um importante canal de comunicação com os leitores. Assim que leem um artigo ou reportagem, eles podem enviar seu comentário sobre o texto ou o assunto de que este trata. Publicado ao pé da matéria, o dito comentário desperta a opinião de outros leitores e, em poucos minutos, está criado um fórum de discussão entre pessoas que nunca se viram, nunca se verão e podem estar a milhares de quilômetros umas das outras.
Ainda bem. Pelo teor de alguns desses comentários, é bom mesmo que não se encontrem. Se um leitor discorda enfaticamente do que leu, pode atrair a resposta raivosa de um terceiro, o repique quase hidrófobo de um quarto e um bombardeio de opiniões homicidas na sequência. Lá pelo décimo comentário, o texto original já terá sido esquecido e as pessoas estarão brigando on-line entre si.
O anonimato desses comentários estimula a que elas se sintam livres para passar da opinião aos insultos e até às ameaças. Na verdade, são um fórum de bravatas, já que seus autores sabem que nunca se verão frente a frente com os alvos de seus maus bofes.
Já com as "redes sociais" é diferente. Elas também podem ser um festival de indiscrições, fofocas, agressões, conspirações e, mais grave, denúncias sem fundamento. E, como acolhem e garantem a impunidade de todo tipo de violência verbal, induzem a que as pessoas levem esse comportamento para as ruas. Será por acaso a crescente incidência, nos últimos anos, de quebra-quebras em manifestações, brigas em estádios, arrastões em praias e, última contribuição das galeras, os "rolezinhos" nos shoppings?
São algumas das atividades que as turbas combinam pelas "redes sociais" --expressão que, desde sempre, preferi escrever entre aspas, por enxergar nelas um componente intrinsecamente antissocial.
RIO DE JANEIRO - A publicação de jornais e revistas on-line abriu um importante canal de comunicação com os leitores. Assim que leem um artigo ou reportagem, eles podem enviar seu comentário sobre o texto ou o assunto de que este trata. Publicado ao pé da matéria, o dito comentário desperta a opinião de outros leitores e, em poucos minutos, está criado um fórum de discussão entre pessoas que nunca se viram, nunca se verão e podem estar a milhares de quilômetros umas das outras.
Ainda bem. Pelo teor de alguns desses comentários, é bom mesmo que não se encontrem. Se um leitor discorda enfaticamente do que leu, pode atrair a resposta raivosa de um terceiro, o repique quase hidrófobo de um quarto e um bombardeio de opiniões homicidas na sequência. Lá pelo décimo comentário, o texto original já terá sido esquecido e as pessoas estarão brigando on-line entre si.
O anonimato desses comentários estimula a que elas se sintam livres para passar da opinião aos insultos e até às ameaças. Na verdade, são um fórum de bravatas, já que seus autores sabem que nunca se verão frente a frente com os alvos de seus maus bofes.
Já com as "redes sociais" é diferente. Elas também podem ser um festival de indiscrições, fofocas, agressões, conspirações e, mais grave, denúncias sem fundamento. E, como acolhem e garantem a impunidade de todo tipo de violência verbal, induzem a que as pessoas levem esse comportamento para as ruas. Será por acaso a crescente incidência, nos últimos anos, de quebra-quebras em manifestações, brigas em estádios, arrastões em praias e, última contribuição das galeras, os "rolezinhos" nos shoppings?
São algumas das atividades que as turbas combinam pelas "redes sociais" --expressão que, desde sempre, preferi escrever entre aspas, por enxergar nelas um componente intrinsecamente antissocial.
O nosso Francisco - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 15/01
A exemplo do nosso santo hermano, dom Orani é agregador (a palavra mais usada para defini-lo) e tolerante, combatendo na prática a discriminação e o preconceito
Não por imitação, porque ele já era assim antes, mas dom Orani Tempesta é a encarnação carioca do Papa Francisco, sua imagem e semelhança em estilo de vida e de obra. Ninguém mais parecido, não fisicamente, claro, mas de temperamento. É um caso de identificação, não de cópia. A exemplo do nosso santo hermano, é agregador (a palavra mais usada para defini-lo) e tolerante, combatendo na prática a discriminação e o preconceito. Como se sabe, ele pode frequentar o Palácio do Planalto, uma escola de samba ou a quadra do bloco Cacique de Ramos para receber uma homenagem ou para celebrar uma missa no dia de São Sebastião. “Incansável, ele transita em todos os segmentos”, testemunha Maria Cristina Sá, assessora da Arquidiocese há 40 anos, para quem dom Orani, paulista, é “o mais carioca dos nossos bispos, pelo jeito simples, alegre, acessível, acolhedor”.
Nada mais revelador da disposição evangelizadora do que sua agenda de compromissos no domingo, quando recebeu a notícia de que fora escolhido. Ele estava a caminho de uma visita a moradores da Cruzada São Sebastião, no Leblon, como contou a repórter Simone Candida. Dali seguiu para a Paróquia da Ressurreição, onde celebrou sua primeira missa como cardeal. Em seguida, dirigiu-se às comunidades do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo. A foto dele subindo a íngreme escadaria do morro, com um sol de 50 graus, metido naquela batina preta e pesada, me fez suar só de ver. Terminou o dia no Corcovado, rezando com fieis aos pés do Cristo Redentor.
Antes de conquistar a simpatia da cidade com seu trabalho pastoral, porém, dom Orani teve que moralizar a cúria diocesana. Ao assumir o cargo de arcebispo em 2009, ele encontrou um ambiente tumultuado por dois escândalos. Em um, o então encarregado da administração dos bens da instituição, monsenhor Abílio Ferreira da Nova, era preso no Galeão ao embarcar para Portugal levando 52 mil euros não declarados, escondidos em meias e na cueca. Ele era o sucessor no cargo do padre Edvino Esteckel, afastado por ter gasto R$ 14 milhões em despesas não justificadas, segundo uma auditoria feita na época. Entre as compras extravagantes, havia dois carros importados e um apartamento de luxo de 500 metros quadrados para hospedar o antecessor, dom Eusébio Scheid, quando viesse ao Rio.
Quais teriam sido os motivos que levaram à escolha de dom Orani como cardeal? Alguns atribuem ao seu sucesso como organizador da Jornada Mundial da Juventude. Ele não acredita. A hipótese mais provável é o conjunto da obra. Quem acompanha sua trajetória garante que ele não passou a se comportar assim para ser escolhido cardeal. Ele foi escolhido cardeal porque sempre se comportou assim.
A exemplo do nosso santo hermano, dom Orani é agregador (a palavra mais usada para defini-lo) e tolerante, combatendo na prática a discriminação e o preconceito
Não por imitação, porque ele já era assim antes, mas dom Orani Tempesta é a encarnação carioca do Papa Francisco, sua imagem e semelhança em estilo de vida e de obra. Ninguém mais parecido, não fisicamente, claro, mas de temperamento. É um caso de identificação, não de cópia. A exemplo do nosso santo hermano, é agregador (a palavra mais usada para defini-lo) e tolerante, combatendo na prática a discriminação e o preconceito. Como se sabe, ele pode frequentar o Palácio do Planalto, uma escola de samba ou a quadra do bloco Cacique de Ramos para receber uma homenagem ou para celebrar uma missa no dia de São Sebastião. “Incansável, ele transita em todos os segmentos”, testemunha Maria Cristina Sá, assessora da Arquidiocese há 40 anos, para quem dom Orani, paulista, é “o mais carioca dos nossos bispos, pelo jeito simples, alegre, acessível, acolhedor”.
Nada mais revelador da disposição evangelizadora do que sua agenda de compromissos no domingo, quando recebeu a notícia de que fora escolhido. Ele estava a caminho de uma visita a moradores da Cruzada São Sebastião, no Leblon, como contou a repórter Simone Candida. Dali seguiu para a Paróquia da Ressurreição, onde celebrou sua primeira missa como cardeal. Em seguida, dirigiu-se às comunidades do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo. A foto dele subindo a íngreme escadaria do morro, com um sol de 50 graus, metido naquela batina preta e pesada, me fez suar só de ver. Terminou o dia no Corcovado, rezando com fieis aos pés do Cristo Redentor.
Antes de conquistar a simpatia da cidade com seu trabalho pastoral, porém, dom Orani teve que moralizar a cúria diocesana. Ao assumir o cargo de arcebispo em 2009, ele encontrou um ambiente tumultuado por dois escândalos. Em um, o então encarregado da administração dos bens da instituição, monsenhor Abílio Ferreira da Nova, era preso no Galeão ao embarcar para Portugal levando 52 mil euros não declarados, escondidos em meias e na cueca. Ele era o sucessor no cargo do padre Edvino Esteckel, afastado por ter gasto R$ 14 milhões em despesas não justificadas, segundo uma auditoria feita na época. Entre as compras extravagantes, havia dois carros importados e um apartamento de luxo de 500 metros quadrados para hospedar o antecessor, dom Eusébio Scheid, quando viesse ao Rio.
Quais teriam sido os motivos que levaram à escolha de dom Orani como cardeal? Alguns atribuem ao seu sucesso como organizador da Jornada Mundial da Juventude. Ele não acredita. A hipótese mais provável é o conjunto da obra. Quem acompanha sua trajetória garante que ele não passou a se comportar assim para ser escolhido cardeal. Ele foi escolhido cardeal porque sempre se comportou assim.
Verões antigos - MARCELO COELHO
FOLHA DE SP - 15/01
Os incômodos das férias no litoral são até menores hoje em dia: havia fila do pão, fila do elevador, fila da balsa
Gostar de escola nunca foi minha especialidade: a chatice das matérias, a violência dos colegas, as lições a entregar, que até hoje são assunto de meus pesadelos, nada disso deixou saudades.
Das férias não trago lembrança muito melhor. Só passei a gostar de praia bem mais tarde na vida. Quando criança, incomodava-me a umidade imediata e pegajosa que, mal chegando a Santos, e mais ainda quando entrávamos no apartamentinho do Guarujá, assediava tudo --pele, roupas, maçanetas, o aparelho de TV.
Televisão? Mentira. Não tínhamos TV, e, se tivéssemos, faria pouca diferença; a imagem era péssima e melhorava pouco para quem tinha o famoso aparelho de UHF, precursor a lenha das antigas antenas Plasmatic.
No capítulo das comunicações, o telefone era outra inexistência. Havia um na portaria do prédio, para casos de necessidade; no geral, pegava-se a fila das cabines na agência do centrinho, onde as ligações pela telefonista poderiam, com sorte, completar-se em menos de meia hora.
Não era tão ruim; encontrava-se, ao menos, algo o que fazer durante a tarde, depois de tantas horas na praia lotada. Lotado, às vezes, também ficava o apartamento de dois quartos; bastava um casal convidado que a sala virava quarto de dormir. Salgado, cheio de areia, fungando, eu esperava a vez no único chuveiro da casa.
Faltava água e luz o tempo todo. Não por acaso estendo a lista dessas queixas póstumas. Quero notar apenas que, se as notícias sobre o verão deste ano podem ser alarmantes --viroses, congestionamentos, praias impróprias--, nada piorou tanto assim.'
As pessoas não se lembram que, na década de 1960, havia óleo de navio em toda praia que se prezasse. Junto à torneirinha da área de serviço, ficava sempre um vidro de benzina com um pano de estopa, razoavelmente eficiente para limpar os pés.
Ar condicionado era um luxo a que só se permitiam algumas poucas "butiques" da cidade. Desconheciam-se o filtro solar e o hidratante pós-sol; usava-se "o óleo", algo que tinha a cor do azeite do dendê e servia para fritar a pele, e uma pasta espessa para o nariz.
Comprovada a sua inutilidade, era o momento de passar o medonho Caladryl: produto rosa que cobria de película impermeável a pele invadida de bolhas. Será que as mães de antigamente cuidavam menos das crianças? Desconfio que os produtos melhoraram muito.
Também os inseticidas e repelentes. Tínhamos a famosa "espiral", cujo cheiro não me desagradava. Os mosquitos também gostavam. O defumador verde escuro queimava aos poucos durante a noite, soltando uma fumacinha limpa, levemente selvagem, como que exalada pela mata atlântica, se a mata atlântica fosse tabagista.
Os congestionamentos eram iguais, ou ainda piores do que hoje. Lembro-me do dia 15 de novembro de 1974, dia da grande vitória do MDB contra os militares: doze horas de São Paulo ao Guarujá.
Não havia tantos crimes, é verdade. Minhas últimas experiências no litoral paulista incluem um assalto dentro da farmácia, na véspera de Natal, três invasões da casa quando eu estava fora, gritos de socorro vindos da rua durante um almoço com amigos.
Ninguém se atreveu a ir até a rua para ver o que se passava. Horas depois, viemos a saber que a vítima era a sogra de um dos convidados. Não lhe levaram muita coisa; talvez nada. A água do mar é o diabo quando entope os ouvidos.
Na semana seguinte, outra senhora vasculhava a calçada: tinham-lhe arrancado um brinco de estimação. Perseguidos, os meninos de rua teriam jogado por ali o fruto do assalto.
Eram bem mais tediosos os verões de 50 anos atrás. Havia a fila do pão, a fila para pegar água da bica, a fila do elevador, a fila da balsa que ligava Santos ao Guarujá.
Mas eu gostava da balsa. Chegávamos já no escuro. A água do canal ganhava as luzes do embarcadouro e o arco-íris caprichoso e repelente do óleo despejado. Grandes navios ficavam à espera, levando tatuados no dorso negro nomes e bandeiras estrangeiras. O silêncio do mar continha a vibração constante dos motores, que se transmitia pelos pés.
Meu pai também ficava em silêncio, segurando a barra de ferro que circundava a balsa. Encontrava-o depois na sacada do apartamento, ainda sem dizer nada, diante da nesga de negrume que correspondia ao mar.
O farol de uma ilha piscava de tempos em tempos, comunicando sua própria solidão. A cada três voltas da luz branca, seguia-se um sinal vermelho, mais curto, que eu me entretinha em esperar.
São assim muitas de nossas memórias, intermitentes, constantes, repetidas, marcando com impulsos quietos a escuridão do tempo.
Os incômodos das férias no litoral são até menores hoje em dia: havia fila do pão, fila do elevador, fila da balsa
Gostar de escola nunca foi minha especialidade: a chatice das matérias, a violência dos colegas, as lições a entregar, que até hoje são assunto de meus pesadelos, nada disso deixou saudades.
Das férias não trago lembrança muito melhor. Só passei a gostar de praia bem mais tarde na vida. Quando criança, incomodava-me a umidade imediata e pegajosa que, mal chegando a Santos, e mais ainda quando entrávamos no apartamentinho do Guarujá, assediava tudo --pele, roupas, maçanetas, o aparelho de TV.
Televisão? Mentira. Não tínhamos TV, e, se tivéssemos, faria pouca diferença; a imagem era péssima e melhorava pouco para quem tinha o famoso aparelho de UHF, precursor a lenha das antigas antenas Plasmatic.
No capítulo das comunicações, o telefone era outra inexistência. Havia um na portaria do prédio, para casos de necessidade; no geral, pegava-se a fila das cabines na agência do centrinho, onde as ligações pela telefonista poderiam, com sorte, completar-se em menos de meia hora.
Não era tão ruim; encontrava-se, ao menos, algo o que fazer durante a tarde, depois de tantas horas na praia lotada. Lotado, às vezes, também ficava o apartamento de dois quartos; bastava um casal convidado que a sala virava quarto de dormir. Salgado, cheio de areia, fungando, eu esperava a vez no único chuveiro da casa.
Faltava água e luz o tempo todo. Não por acaso estendo a lista dessas queixas póstumas. Quero notar apenas que, se as notícias sobre o verão deste ano podem ser alarmantes --viroses, congestionamentos, praias impróprias--, nada piorou tanto assim.'
As pessoas não se lembram que, na década de 1960, havia óleo de navio em toda praia que se prezasse. Junto à torneirinha da área de serviço, ficava sempre um vidro de benzina com um pano de estopa, razoavelmente eficiente para limpar os pés.
Ar condicionado era um luxo a que só se permitiam algumas poucas "butiques" da cidade. Desconheciam-se o filtro solar e o hidratante pós-sol; usava-se "o óleo", algo que tinha a cor do azeite do dendê e servia para fritar a pele, e uma pasta espessa para o nariz.
Comprovada a sua inutilidade, era o momento de passar o medonho Caladryl: produto rosa que cobria de película impermeável a pele invadida de bolhas. Será que as mães de antigamente cuidavam menos das crianças? Desconfio que os produtos melhoraram muito.
Também os inseticidas e repelentes. Tínhamos a famosa "espiral", cujo cheiro não me desagradava. Os mosquitos também gostavam. O defumador verde escuro queimava aos poucos durante a noite, soltando uma fumacinha limpa, levemente selvagem, como que exalada pela mata atlântica, se a mata atlântica fosse tabagista.
Os congestionamentos eram iguais, ou ainda piores do que hoje. Lembro-me do dia 15 de novembro de 1974, dia da grande vitória do MDB contra os militares: doze horas de São Paulo ao Guarujá.
Não havia tantos crimes, é verdade. Minhas últimas experiências no litoral paulista incluem um assalto dentro da farmácia, na véspera de Natal, três invasões da casa quando eu estava fora, gritos de socorro vindos da rua durante um almoço com amigos.
Ninguém se atreveu a ir até a rua para ver o que se passava. Horas depois, viemos a saber que a vítima era a sogra de um dos convidados. Não lhe levaram muita coisa; talvez nada. A água do mar é o diabo quando entope os ouvidos.
Na semana seguinte, outra senhora vasculhava a calçada: tinham-lhe arrancado um brinco de estimação. Perseguidos, os meninos de rua teriam jogado por ali o fruto do assalto.
Eram bem mais tediosos os verões de 50 anos atrás. Havia a fila do pão, a fila para pegar água da bica, a fila do elevador, a fila da balsa que ligava Santos ao Guarujá.
Mas eu gostava da balsa. Chegávamos já no escuro. A água do canal ganhava as luzes do embarcadouro e o arco-íris caprichoso e repelente do óleo despejado. Grandes navios ficavam à espera, levando tatuados no dorso negro nomes e bandeiras estrangeiras. O silêncio do mar continha a vibração constante dos motores, que se transmitia pelos pés.
Meu pai também ficava em silêncio, segurando a barra de ferro que circundava a balsa. Encontrava-o depois na sacada do apartamento, ainda sem dizer nada, diante da nesga de negrume que correspondia ao mar.
O farol de uma ilha piscava de tempos em tempos, comunicando sua própria solidão. A cada três voltas da luz branca, seguia-se um sinal vermelho, mais curto, que eu me entretinha em esperar.
São assim muitas de nossas memórias, intermitentes, constantes, repetidas, marcando com impulsos quietos a escuridão do tempo.
Negócio da Copa - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 15/01
Veja como todo mundo tenta tirar uma casquinha da Copa do Mundo.
A Duloren lançou uma linha de calcinhas e sutiãs nas cores verde e amarelo.
A regra é clara
O comentarista Arnaldo Cezar Coelho completa hoje 71 anos, em Miami.
A festa vai ser no apartamento do técnico Carlos Alberto Parreira.
Calma, gente!
Veja o que está escrito numa pichação num muro da Rua México no Centro do Rio:
“Morte aos bastardos da Copa!”
Grande hotel
A rede hoteleira canadense Four Seasons parece estar vencendo a disputa pelo Hotel Glória, no Rio.
Ai, que saudade d’ocê
Segunda, no dia em que “Amores roubados”, minissérie da Globo, tocou, inteirinha, a música “Coqueiros”, de Geraldo Azevedo, correu o boato nas redes sociais de que o compositor tinha morrido.
Aos 69 anos, o artista vai muito bem, obrigado.
A primeira vez
Eleito em setembro para presidir o Comitê Olímpico Internacional, o ex-esgrimista alemão Thomas Bach se encontra pela primeira vez com Dilma.
Será terça-feira, em Brasília.
Faz sentido
Do nosso querido Zeca Pagodinho para a vendedora de uma loja de tapetes no BarraShopping, no Rio, após saber do valor de um dos modelos:
— Moça, esse tapete é daqueles que voam?
50 anos do golpe
O jornalista Carlos Chagas lança este mês o primeiro volume do livro “Os golpes dentro do golpe: 1964-1969”, editado pela Record.
Chagas foi secretário de imprensa do presidente Costa e Silva.
Cenas de um casamento
“A equação do casamento”, do psicanalista Luiz Alberto Hanns, vai ser lançado em Portugal.
O livro, publicado aqui pela Paralela, sai na Terrinha ainda em 2014 pela Editora 2020.
Para sempre
Milton Gonçalves, o grande ator, 80 anos de vida e quase 60 de carreira, vai gravar, dia 22, sua participação no Depoimentos Para a Posteridade, do MIS.
Oi no vôlei
A Oi vai patrocinar o RJX, campeão da Superliga de vôlei masculino. O time entrou em crise financeira depois que perdeu seu patrocinador, Eike Batista.
Aliás, o time agora se chama RJ.
Grande mansão
A família Scarpa, do playboy Chiquinho Scarpa, vendeu o castelo na Rua Canadá, em São Paulo.
Coisa de uns R$ 78 milhões.
Cardeal em Brasília
Dom Orani, o novo cardeal brasileiro, vai a Brasília, semana que vem, encontrar-se com Dilma.
Deve convidá-la para a cerimônia em que o Papa Francisco vai consagrar os novos cardeais, no fim de fevereiro, no Vaticano.
Mas...
A agenda da presidente, neste início de ano, está muito apertada.
Hostel é o cacete!
Sabe aquele centro psiquiátrico que funcionava na esquina da Rua Jardim Botânico com Rua Nascimento Bittencourt?
Pois bem, em seu lugar vai abrir, mês que vem, um hostel.
De volta pra casa
Breno, o menino de dois anos que levou um tiro na cabeça na véspera do Natal, em Niterói, vai ter alta amanhã.
Os médicos do Hospital das Clínicas se surpreenderam com a recuperação do menino. Breno não ficou com nenhuma sequela.
Bala perdida
O juiz Afonso Barbosa, da 1ª Vara de Fazenda Pública do Rio, condenou o estado a indenizar Cláudio Lobo em R$ 600 mil, mais uma pensão vitalícia no valor de R$ 4.750 e despesas médicas.
O cidadão, segundo o advogado Cacau de Brito, perdeu as duas vistas, vítima de bala perdida, em 2008.
O teatro e a política
Uma das cenas de “Casarão ao vento”, peça de Francisco Alves, em cartaz no CCBB, tem feito a alegria do público. O personagem do padre, nos idos de 1880, questiona uma das protagonistas, que defendia os direitos da mulher. Diz ele:
— Uma mulher governando esse país? Nem posso imaginar a calamidade que seria, meu Deus!
O público cai na gargalhada.
Veja como todo mundo tenta tirar uma casquinha da Copa do Mundo.
A Duloren lançou uma linha de calcinhas e sutiãs nas cores verde e amarelo.
A regra é clara
O comentarista Arnaldo Cezar Coelho completa hoje 71 anos, em Miami.
A festa vai ser no apartamento do técnico Carlos Alberto Parreira.
Calma, gente!
Veja o que está escrito numa pichação num muro da Rua México no Centro do Rio:
“Morte aos bastardos da Copa!”
Grande hotel
A rede hoteleira canadense Four Seasons parece estar vencendo a disputa pelo Hotel Glória, no Rio.
Ai, que saudade d’ocê
Segunda, no dia em que “Amores roubados”, minissérie da Globo, tocou, inteirinha, a música “Coqueiros”, de Geraldo Azevedo, correu o boato nas redes sociais de que o compositor tinha morrido.
Aos 69 anos, o artista vai muito bem, obrigado.
A primeira vez
Eleito em setembro para presidir o Comitê Olímpico Internacional, o ex-esgrimista alemão Thomas Bach se encontra pela primeira vez com Dilma.
Será terça-feira, em Brasília.
Faz sentido
Do nosso querido Zeca Pagodinho para a vendedora de uma loja de tapetes no BarraShopping, no Rio, após saber do valor de um dos modelos:
— Moça, esse tapete é daqueles que voam?
50 anos do golpe
O jornalista Carlos Chagas lança este mês o primeiro volume do livro “Os golpes dentro do golpe: 1964-1969”, editado pela Record.
Chagas foi secretário de imprensa do presidente Costa e Silva.
Cenas de um casamento
“A equação do casamento”, do psicanalista Luiz Alberto Hanns, vai ser lançado em Portugal.
O livro, publicado aqui pela Paralela, sai na Terrinha ainda em 2014 pela Editora 2020.
Para sempre
Milton Gonçalves, o grande ator, 80 anos de vida e quase 60 de carreira, vai gravar, dia 22, sua participação no Depoimentos Para a Posteridade, do MIS.
Oi no vôlei
A Oi vai patrocinar o RJX, campeão da Superliga de vôlei masculino. O time entrou em crise financeira depois que perdeu seu patrocinador, Eike Batista.
Aliás, o time agora se chama RJ.
Grande mansão
A família Scarpa, do playboy Chiquinho Scarpa, vendeu o castelo na Rua Canadá, em São Paulo.
Coisa de uns R$ 78 milhões.
Cardeal em Brasília
Dom Orani, o novo cardeal brasileiro, vai a Brasília, semana que vem, encontrar-se com Dilma.
Deve convidá-la para a cerimônia em que o Papa Francisco vai consagrar os novos cardeais, no fim de fevereiro, no Vaticano.
Mas...
A agenda da presidente, neste início de ano, está muito apertada.
Hostel é o cacete!
Sabe aquele centro psiquiátrico que funcionava na esquina da Rua Jardim Botânico com Rua Nascimento Bittencourt?
Pois bem, em seu lugar vai abrir, mês que vem, um hostel.
De volta pra casa
Breno, o menino de dois anos que levou um tiro na cabeça na véspera do Natal, em Niterói, vai ter alta amanhã.
Os médicos do Hospital das Clínicas se surpreenderam com a recuperação do menino. Breno não ficou com nenhuma sequela.
Bala perdida
O juiz Afonso Barbosa, da 1ª Vara de Fazenda Pública do Rio, condenou o estado a indenizar Cláudio Lobo em R$ 600 mil, mais uma pensão vitalícia no valor de R$ 4.750 e despesas médicas.
O cidadão, segundo o advogado Cacau de Brito, perdeu as duas vistas, vítima de bala perdida, em 2008.
O teatro e a política
Uma das cenas de “Casarão ao vento”, peça de Francisco Alves, em cartaz no CCBB, tem feito a alegria do público. O personagem do padre, nos idos de 1880, questiona uma das protagonistas, que defendia os direitos da mulher. Diz ele:
— Uma mulher governando esse país? Nem posso imaginar a calamidade que seria, meu Deus!
O público cai na gargalhada.
LONGE DE PEDRINHAS - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 15/01
Em plena crise da segurança no Maranhão, a ausência da chefe do Ministério Público do Estado despertou a insatisfação de membros da instituição. De férias na Europa, Regina Almeida Rocha postava fotos em seu perfil no Facebook em Portugal e Espanha, ao lado da família. Reclamando de negligência e prejuízo à imagem do órgão, um grupo de procuradores interveio para cobrar providências.
LONGE 2
"Depois de visitar todo o norte de Portugal, estou indo amanhã para Sevilha [na Espanha]", escreveu Regina na rede social, no dia 1º de janeiro. Em uma foto, ela segura sacolas de compras. "Ficamos insatisfeitos com a inércia. O Ministério Público deveria ter agido na linha de frente", diz a procuradora Themis de Carvalho. Junto com sete colegas, ela pediu a convocação de reunião extraordinária do conselho superior da instituição.
DE VOLTA
A chefe do Ministério Público, que voltou ao trabalho nesta semana, nega omissão. "Minha substituta [a procuradora Terezinha de Jesus Guerreiro] tomou as medidas necessárias." Segundo Regina, estão em curso ações para obrigar o Estado a reformar o complexo de Pedrinhas, abrir vagas no sistema e promover ressocialização dos presos. "Nós trabalhamos muito. Chego às 7h30 e não tenho horário para sair."
LOS HERMANOS
Cursos de medicina da Argentina investem em publicidade para atrair estudantes do Brasil. O Instituto Universitário Italiano de Rosario, por exemplo, a 300 km de Buenos Aires, abriu matrículas (R$ 1.100) para turmas exclusivas de alunos brasileiros. Não há vestibular. A mensalidade é de R$ 1.600. Os argentinos vão competir com a Bolívia, que tem hoje 25 mil universitários vindos do Brasil.
LOS HERMANOS 2
Mensalidades mais baixas e facilidade de ingresso são atrativos dos cursos em países vizinhos. O Conselho Federal de Medicina alerta para os alunos analisarem bem o programa das faculdades estrangeiras. O risco é se formar no exterior e não conseguir revalidar o diploma aqui. No ano passado, dos 937 inscritos no exame exigido para o exercício da profissão no Brasil, apenas 50 passaram para a segunda fase.
MADE IN BRAZIL
Um novo protocolo internacional para o tratamento de tumores do fígado e vesícula será definido a partir de hoje em São Francisco, nos EUA, no maior congresso de câncer do aparelho digestivo.
Do Brasil, participa o ACCamargo Cancer Center, apresentando os resultados de pacientes com metástase hepática: a equipe do cirurgião oncológico Felipe Coimbra reverte dois em cada três casos.
PONTO TURÍSTICO
O Maracanã recebeu 35 mil turistas, desde outubro, quando foi reaberto à visitação. No tour pelo estádio, a maior atração são as camisas dos jogadores da seleção brasileira que venceram a Copa das Confederações 2013. O armário mais disputado para fotos é o de Neymar. Com ingresso a R$ 30, o roteiro rendeu R$ 742 mil, com média diária de 80% de lotação. Em razão da Copa do Mundo, as visitas serão suspensas entre 21 de maio e 21 de julho.
VILÃ DAS OITO
Depois da polêmica em torno de sua cabeleira ruiva, Marina Ruy Barbosa voltará ao horário nobre na novela que sucederá "Em Família". O autor Aguinaldo Silva escolheu a atriz para ser uma vilã, no papel da filha do casal protagonista, vivido por Lilia Cabral e Alexandre Nero.
BELÉM É AQUI
Radicados em São Paulo, os humoristas paraenses Victor Camejo, Osmar Campbell, Davi Mansur, Rominho Braga e Murilo Couto atribuem à origem em comum parte do sucesso que fazem com as apresentações no clube Comedians.
"Não ter a influência do eixo Rio-São Paulo no início foi uma vantagem. Conseguimos uma cara muito própria", conta Couto, 23, que virou comediante ao participar de concurso promovido na internet pelo apresentador Rafinha Bastos.
Eles continuam a rodar o Brasil, em espetáculos em grupo e individuais. A trupe constata que a aceitação das piadas é sempre a mesma, seja entre descolados da capital paulista que frequentam a rua Augusta seja nos rincões do país. "No interior o público tende a ser um pouco mais conservador, mas não chega a ser uma mudança brusca", diz Couto.
Já adaptados à vida paulistana, os paraenses costumam se encontrar fora do ambiente de trabalho para comer em "horários absurdos de quem rala à noite". Sentem saudade da família, dos pratos típicos e até "dos sanduíches vagabundos", brinca Couto.
FÉRIAS COM PIPOCA
As atrizes Gianne Albertoni e Débora Lamm foram à pré-estreia de "Muita Calma Nessa Hora 2", longa que estrelam. Maria Clara Gueiros, Bruno Mazzeo e Luis Lobianco, que também fazem parte do elenco, estiveram no evento. O empresário Francisco Ventura, a mulher, Deborah, e o filho, o publicitário Felipe, assistiram ao filme, assim como a atriz Monaliza Marchi.
CURTO-CIRCUITO
Toni Garrido, Paula Lima, Sandra de Sá e Izzy Gordon estreiam show com canções de Jorge Ben Jor e Tim Maia, hoje, no Club A. 18 anos.
A galeria Carré d'Artistes do shopping Higienópolis abre hoje ateliê de férias de verão para crianças.
Geraldo Alckmin fará a abertura do 1º Fórum Brasileiro de Shopping Centers, no dia 13, no Grand Hyatt.
Em plena crise da segurança no Maranhão, a ausência da chefe do Ministério Público do Estado despertou a insatisfação de membros da instituição. De férias na Europa, Regina Almeida Rocha postava fotos em seu perfil no Facebook em Portugal e Espanha, ao lado da família. Reclamando de negligência e prejuízo à imagem do órgão, um grupo de procuradores interveio para cobrar providências.
LONGE 2
"Depois de visitar todo o norte de Portugal, estou indo amanhã para Sevilha [na Espanha]", escreveu Regina na rede social, no dia 1º de janeiro. Em uma foto, ela segura sacolas de compras. "Ficamos insatisfeitos com a inércia. O Ministério Público deveria ter agido na linha de frente", diz a procuradora Themis de Carvalho. Junto com sete colegas, ela pediu a convocação de reunião extraordinária do conselho superior da instituição.
DE VOLTA
A chefe do Ministério Público, que voltou ao trabalho nesta semana, nega omissão. "Minha substituta [a procuradora Terezinha de Jesus Guerreiro] tomou as medidas necessárias." Segundo Regina, estão em curso ações para obrigar o Estado a reformar o complexo de Pedrinhas, abrir vagas no sistema e promover ressocialização dos presos. "Nós trabalhamos muito. Chego às 7h30 e não tenho horário para sair."
LOS HERMANOS
Cursos de medicina da Argentina investem em publicidade para atrair estudantes do Brasil. O Instituto Universitário Italiano de Rosario, por exemplo, a 300 km de Buenos Aires, abriu matrículas (R$ 1.100) para turmas exclusivas de alunos brasileiros. Não há vestibular. A mensalidade é de R$ 1.600. Os argentinos vão competir com a Bolívia, que tem hoje 25 mil universitários vindos do Brasil.
LOS HERMANOS 2
Mensalidades mais baixas e facilidade de ingresso são atrativos dos cursos em países vizinhos. O Conselho Federal de Medicina alerta para os alunos analisarem bem o programa das faculdades estrangeiras. O risco é se formar no exterior e não conseguir revalidar o diploma aqui. No ano passado, dos 937 inscritos no exame exigido para o exercício da profissão no Brasil, apenas 50 passaram para a segunda fase.
MADE IN BRAZIL
Um novo protocolo internacional para o tratamento de tumores do fígado e vesícula será definido a partir de hoje em São Francisco, nos EUA, no maior congresso de câncer do aparelho digestivo.
Do Brasil, participa o ACCamargo Cancer Center, apresentando os resultados de pacientes com metástase hepática: a equipe do cirurgião oncológico Felipe Coimbra reverte dois em cada três casos.
PONTO TURÍSTICO
O Maracanã recebeu 35 mil turistas, desde outubro, quando foi reaberto à visitação. No tour pelo estádio, a maior atração são as camisas dos jogadores da seleção brasileira que venceram a Copa das Confederações 2013. O armário mais disputado para fotos é o de Neymar. Com ingresso a R$ 30, o roteiro rendeu R$ 742 mil, com média diária de 80% de lotação. Em razão da Copa do Mundo, as visitas serão suspensas entre 21 de maio e 21 de julho.
VILÃ DAS OITO
Depois da polêmica em torno de sua cabeleira ruiva, Marina Ruy Barbosa voltará ao horário nobre na novela que sucederá "Em Família". O autor Aguinaldo Silva escolheu a atriz para ser uma vilã, no papel da filha do casal protagonista, vivido por Lilia Cabral e Alexandre Nero.
BELÉM É AQUI
Radicados em São Paulo, os humoristas paraenses Victor Camejo, Osmar Campbell, Davi Mansur, Rominho Braga e Murilo Couto atribuem à origem em comum parte do sucesso que fazem com as apresentações no clube Comedians.
"Não ter a influência do eixo Rio-São Paulo no início foi uma vantagem. Conseguimos uma cara muito própria", conta Couto, 23, que virou comediante ao participar de concurso promovido na internet pelo apresentador Rafinha Bastos.
Eles continuam a rodar o Brasil, em espetáculos em grupo e individuais. A trupe constata que a aceitação das piadas é sempre a mesma, seja entre descolados da capital paulista que frequentam a rua Augusta seja nos rincões do país. "No interior o público tende a ser um pouco mais conservador, mas não chega a ser uma mudança brusca", diz Couto.
Já adaptados à vida paulistana, os paraenses costumam se encontrar fora do ambiente de trabalho para comer em "horários absurdos de quem rala à noite". Sentem saudade da família, dos pratos típicos e até "dos sanduíches vagabundos", brinca Couto.
FÉRIAS COM PIPOCA
As atrizes Gianne Albertoni e Débora Lamm foram à pré-estreia de "Muita Calma Nessa Hora 2", longa que estrelam. Maria Clara Gueiros, Bruno Mazzeo e Luis Lobianco, que também fazem parte do elenco, estiveram no evento. O empresário Francisco Ventura, a mulher, Deborah, e o filho, o publicitário Felipe, assistiram ao filme, assim como a atriz Monaliza Marchi.
CURTO-CIRCUITO
Toni Garrido, Paula Lima, Sandra de Sá e Izzy Gordon estreiam show com canções de Jorge Ben Jor e Tim Maia, hoje, no Club A. 18 anos.
A galeria Carré d'Artistes do shopping Higienópolis abre hoje ateliê de férias de verão para crianças.
Geraldo Alckmin fará a abertura do 1º Fórum Brasileiro de Shopping Centers, no dia 13, no Grand Hyatt.
O PMDB blasé - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 15/01
O vice Michel Temer não gostou do que ouviu da presidente Dilma sobre a reforma ministerial. Mas não há risco de rompimento da aliança nacional. O PMDB vai manter a pressão para melhorar a qualidade de seu espaço no governo. Caso Dilma mantenha o tamanho do partido, seus líderes preveem estresse no Congresso após o recesso. A falta de sintonia nos estados amplia a combustão.
Novamente não
A maior revolta entre os peemedebistas é a tentativa, no governo Dilma, de repetir fórmula aplicada no governo Lula. O ex-presidente, quando comandava o Brasil, filiou o médico José Gomes Temporão ao PMDB e pediu para o governador Sérgio Cabral assumir sua indicação para a Saúde. Agora, Lula estimulou o empresário Josué Gomes da Silva a ingressar no partido, e a presidente Dilma pensa em nomeá-lo para o Desenvolvimento. Essa mudança abriria caminho para o Turismo ser oferecido ao PTB. Mas a direção peemedebista não vai bancar Josué. Nem os deputados o consideram um sucessor do ministro Gastão Vieira. São muitas emoções.
“Não dá para confiar no PMDB. Nós adiamos a saída do governo Cabral. E eles chantageiam condicionando o apoio à presidente Dilma à retirada da nossa candidatura”
Lindbergh Farias
Senador e candidato do PT ao governo do Rio
O prêmio
A presidente Dilma disse ao vice Michel Temer que não tem como tirar a Integração do PROS. O ministro Francisco Coelho Teixeira será mantido. O cargo é do governador Cid Gomes, que rompeu com o governador socialista Eduardo Campos.
Apertem os cintos
O presidente da CEF, Jorge Hereda, sumiu. A Caixa se apropriou de R$ 712 milhões de correntistas, mas quem dá explicações ao público é o vice de Finanças, Márcio Percival. É sempre assim. No ano passado, quando paredes de habitações do Minha
Casa Minha Vida apareceram rachadas, no Rio, ele só falou por ordem da presidente Dilma.
O interlocutor
O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, já teve três conversas com o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, sobre o Rio. Os tucanos cogitam integrar a chapa do vice Luiz Fernando Pezão, que abriria o palanque para Aécio.
Salada estadual
Candidato ao governo no Piauí, o líder do PT no Senado, Wellington Dias, terá como adversário o deputado Marcelo Castro (PMDB). Este terá como vice o ex-prefeito de Teresina Sílvio Mendes (PSDB) e, concorrendo ao Senado, o governador Wilson Martins (PSB). A coligação, de 17 partidos, pode ter até o PCdoB. Com o PT, o PP e o PTB.
Cai o rei de paus, cai...
A bola fora no Facebook contra o governador Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto, fez sua primeira vítima. O vice Alberto Cantalice perde o lugar. A página ficará sob a supervisão do secretário de Comunicação do PT, José Américo.
Sujeito a chuvas e trovoadas
Aliados experientes avaliam que não é prudente deixar a reforma ministerial para fevereiro, quando o Congresso retoma os trabalhos. Com o PMDB no comando da Câmara e do Senado, não faltará “pauta-bomba” para ser desengavetada.
A PRESIDENTE DILMA convidou, e o novo cardeal do Brasil, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, aceitou. Eles se encontram em Brasília, na terça.
O vice Michel Temer não gostou do que ouviu da presidente Dilma sobre a reforma ministerial. Mas não há risco de rompimento da aliança nacional. O PMDB vai manter a pressão para melhorar a qualidade de seu espaço no governo. Caso Dilma mantenha o tamanho do partido, seus líderes preveem estresse no Congresso após o recesso. A falta de sintonia nos estados amplia a combustão.
Novamente não
A maior revolta entre os peemedebistas é a tentativa, no governo Dilma, de repetir fórmula aplicada no governo Lula. O ex-presidente, quando comandava o Brasil, filiou o médico José Gomes Temporão ao PMDB e pediu para o governador Sérgio Cabral assumir sua indicação para a Saúde. Agora, Lula estimulou o empresário Josué Gomes da Silva a ingressar no partido, e a presidente Dilma pensa em nomeá-lo para o Desenvolvimento. Essa mudança abriria caminho para o Turismo ser oferecido ao PTB. Mas a direção peemedebista não vai bancar Josué. Nem os deputados o consideram um sucessor do ministro Gastão Vieira. São muitas emoções.
“Não dá para confiar no PMDB. Nós adiamos a saída do governo Cabral. E eles chantageiam condicionando o apoio à presidente Dilma à retirada da nossa candidatura”
Lindbergh Farias
Senador e candidato do PT ao governo do Rio
O prêmio
A presidente Dilma disse ao vice Michel Temer que não tem como tirar a Integração do PROS. O ministro Francisco Coelho Teixeira será mantido. O cargo é do governador Cid Gomes, que rompeu com o governador socialista Eduardo Campos.
Apertem os cintos
O presidente da CEF, Jorge Hereda, sumiu. A Caixa se apropriou de R$ 712 milhões de correntistas, mas quem dá explicações ao público é o vice de Finanças, Márcio Percival. É sempre assim. No ano passado, quando paredes de habitações do Minha
Casa Minha Vida apareceram rachadas, no Rio, ele só falou por ordem da presidente Dilma.
O interlocutor
O candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, já teve três conversas com o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, sobre o Rio. Os tucanos cogitam integrar a chapa do vice Luiz Fernando Pezão, que abriria o palanque para Aécio.
Salada estadual
Candidato ao governo no Piauí, o líder do PT no Senado, Wellington Dias, terá como adversário o deputado Marcelo Castro (PMDB). Este terá como vice o ex-prefeito de Teresina Sílvio Mendes (PSDB) e, concorrendo ao Senado, o governador Wilson Martins (PSB). A coligação, de 17 partidos, pode ter até o PCdoB. Com o PT, o PP e o PTB.
Cai o rei de paus, cai...
A bola fora no Facebook contra o governador Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto, fez sua primeira vítima. O vice Alberto Cantalice perde o lugar. A página ficará sob a supervisão do secretário de Comunicação do PT, José Américo.
Sujeito a chuvas e trovoadas
Aliados experientes avaliam que não é prudente deixar a reforma ministerial para fevereiro, quando o Congresso retoma os trabalhos. Com o PMDB no comando da Câmara e do Senado, não faltará “pauta-bomba” para ser desengavetada.
A PRESIDENTE DILMA convidou, e o novo cardeal do Brasil, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, aceitou. Eles se encontram em Brasília, na terça.
O fantasma do 'rolê' - BERNARDO MELLO FRANCO - PAINEL
FOLHA DE SP - 15/01
Na reunião extraordinária de ontem sobre os "rolezinhos", a presidente Dilma Rousseff ouviu temores de que o fenômeno cresça e ganhe as ruas às vésperas da campanha. O estágio atual do movimento foi comparado ao início dos protestos de junho. Os militantes pelo passe livre eram poucos, mas a reação desproporcional da PM turbinou a causa e jogou o governo nas cordas. O Planalto ainda teme a infiltração de black blocs entre os jovens que promovem os "rolês".
Malas prontas O desenho da reforma ministerial avança. O PTB recebeu sinais de que ganhará o Ministério do Turismo em troca do apoio à reeleição de Dilma. O indicado ainda é o presidente do partido, Benito Gama.
Gomes & cia. Na reunião com o vice Michel Temer (PMDB), a presidente indicou que o Ministério da Integração Nacional deve ficar com o Pros, a nova sigla dos irmãos Ciro e Cid Gomes.
Olha ele aí Com o Congresso em recesso, Brasília vive dias de peregrinação ao Planalto. Depois de receber o presidente do PT, Rui Falcão, Dilma conversou ontem com Gilberto Kassab (PSD).
O que ele quer O ex-prefeito, que andava sumido, quer a Secretaria de Portos para o PSD. A pasta hoje é controlada pelo Pros.
O arauto Na reunião de ontem, Eduardo Campos e Marina Silva definiram que a comunicação da campanha presidencial do PSB será "integrada", sob o guarda-chuva do publicitário argentino Diego Brandy.
Melhor idade Entre os marineiros, a idade de Luiza Erundina (PSB-SP), que fará 80 anos em novembro, não é vista como obstáculo para lançá-la ao governo paulista. Eles lembram que Miguel Arraes, avô de Campos, concorreu em Pernambuco aos 81.
Só que... Arraes não venceu essa última campanha ao governo, em 1998. Ele disputava a reeleição e foi batido pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
No vácuo Dirigentes do PSB estão preocupados com a fragilidade do partido no Ceará. A sigla busca solução para não ficar "prensada" entre PMDB, PT e Pros.
Nem um... A recusa de novos ministérios não foi a única má notícia para o PMDB no encontro de Dilma e Temer, anteontem. A presidente também fez cara feia diante das sugestões do vice para a dança de cadeiras.
... nem outro Dilma sinalizou que não topará a indicação dos deputados Sandro Mabel (GO) e Leonardo Quintão (MG) para as pastas da Agricultura e do Turismo.
Vida loca Piada que circula entre integrantes do governo diante da ameaça de rompimento feita pelo partido do vice: "Daqui a pouco, o PMDB vai convocar um rolezinho' no Planalto".
Segundo round Depois da gritaria geral dos peemedebistas, Dilma deve chamar Temer para uma nova conversa, ainda nesta semana.
Em nome do pai A presidente está decidida a transformar em ministro o empresário Josué Gomes da Silva (PMDB), filho do vice José Alencar. Estuda nomeá-lo, em sua "cota pessoal", para o Desenvolvimento.
A versão dele Na mira de petistas, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), diz que só cumpriu o regimento ao marcar reunião sobre a cassação de João Paulo Cunha (PT-SP).
Segue... Segundo o peemedebista, outros partidos queriam discutir o tema já em janeiro, durante o recesso. "Eu disse não", afirma.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"No Rio, PMDB e PT foram um só corpo por sete anos, um centauro. Agora, cada partido se vê como homem e vê o outro como cavalo."
DO VEREADOR E EX-PREFEITO CARIOCA CESAR MAIA (DEM), sobre a disputa entre PT e PMDB para indicar candidatos próprios à sucessão de Sérgio Cabral.
contraponto
Transparência total
Em meio ao embate político entre PT e PSDB após as denúncias de formação de cartel em contratos do metrô de São Paulo, os petistas resolveram tratar com ironia as críticas dos tucanos ao vazamento de informações sobre o caso. Em sessão do Senado com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), Wellington Dias (PT-PI) brincou:
--Se você quiser fazer um processo de que todo mundo tenha conhecimento, faça-o em segredo de Justiça!
Provocando risos nos colegas, o senador arrematou:
--É melhor pedir para que o processo seja público. Assim, ainda resta alguma chance de ele ficar reservado...
Na reunião extraordinária de ontem sobre os "rolezinhos", a presidente Dilma Rousseff ouviu temores de que o fenômeno cresça e ganhe as ruas às vésperas da campanha. O estágio atual do movimento foi comparado ao início dos protestos de junho. Os militantes pelo passe livre eram poucos, mas a reação desproporcional da PM turbinou a causa e jogou o governo nas cordas. O Planalto ainda teme a infiltração de black blocs entre os jovens que promovem os "rolês".
Malas prontas O desenho da reforma ministerial avança. O PTB recebeu sinais de que ganhará o Ministério do Turismo em troca do apoio à reeleição de Dilma. O indicado ainda é o presidente do partido, Benito Gama.
Gomes & cia. Na reunião com o vice Michel Temer (PMDB), a presidente indicou que o Ministério da Integração Nacional deve ficar com o Pros, a nova sigla dos irmãos Ciro e Cid Gomes.
Olha ele aí Com o Congresso em recesso, Brasília vive dias de peregrinação ao Planalto. Depois de receber o presidente do PT, Rui Falcão, Dilma conversou ontem com Gilberto Kassab (PSD).
O que ele quer O ex-prefeito, que andava sumido, quer a Secretaria de Portos para o PSD. A pasta hoje é controlada pelo Pros.
O arauto Na reunião de ontem, Eduardo Campos e Marina Silva definiram que a comunicação da campanha presidencial do PSB será "integrada", sob o guarda-chuva do publicitário argentino Diego Brandy.
Melhor idade Entre os marineiros, a idade de Luiza Erundina (PSB-SP), que fará 80 anos em novembro, não é vista como obstáculo para lançá-la ao governo paulista. Eles lembram que Miguel Arraes, avô de Campos, concorreu em Pernambuco aos 81.
Só que... Arraes não venceu essa última campanha ao governo, em 1998. Ele disputava a reeleição e foi batido pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
No vácuo Dirigentes do PSB estão preocupados com a fragilidade do partido no Ceará. A sigla busca solução para não ficar "prensada" entre PMDB, PT e Pros.
Nem um... A recusa de novos ministérios não foi a única má notícia para o PMDB no encontro de Dilma e Temer, anteontem. A presidente também fez cara feia diante das sugestões do vice para a dança de cadeiras.
... nem outro Dilma sinalizou que não topará a indicação dos deputados Sandro Mabel (GO) e Leonardo Quintão (MG) para as pastas da Agricultura e do Turismo.
Vida loca Piada que circula entre integrantes do governo diante da ameaça de rompimento feita pelo partido do vice: "Daqui a pouco, o PMDB vai convocar um rolezinho' no Planalto".
Segundo round Depois da gritaria geral dos peemedebistas, Dilma deve chamar Temer para uma nova conversa, ainda nesta semana.
Em nome do pai A presidente está decidida a transformar em ministro o empresário Josué Gomes da Silva (PMDB), filho do vice José Alencar. Estuda nomeá-lo, em sua "cota pessoal", para o Desenvolvimento.
A versão dele Na mira de petistas, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), diz que só cumpriu o regimento ao marcar reunião sobre a cassação de João Paulo Cunha (PT-SP).
Segue... Segundo o peemedebista, outros partidos queriam discutir o tema já em janeiro, durante o recesso. "Eu disse não", afirma.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"No Rio, PMDB e PT foram um só corpo por sete anos, um centauro. Agora, cada partido se vê como homem e vê o outro como cavalo."
DO VEREADOR E EX-PREFEITO CARIOCA CESAR MAIA (DEM), sobre a disputa entre PT e PMDB para indicar candidatos próprios à sucessão de Sérgio Cabral.
contraponto
Transparência total
Em meio ao embate político entre PT e PSDB após as denúncias de formação de cartel em contratos do metrô de São Paulo, os petistas resolveram tratar com ironia as críticas dos tucanos ao vazamento de informações sobre o caso. Em sessão do Senado com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), Wellington Dias (PT-PI) brincou:
--Se você quiser fazer um processo de que todo mundo tenha conhecimento, faça-o em segredo de Justiça!
Provocando risos nos colegas, o senador arrematou:
--É melhor pedir para que o processo seja público. Assim, ainda resta alguma chance de ele ficar reservado...
O pescador - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 15/01
A simbologia é forte. No dia seguinte à presidente Dilma Rousseff dizer que não ampliaria o número de ministérios do PMDB, o deputado Marcelo Castro, do Piauí, ingressava na sede nacional do PSDB para conversar sobre a aliança com o PSB e os tucanos em seu estado. Ok, os piauienses já conversavam antes de Dilma dizer não aos peemedebistas. Mas outros casos virão. A presidente quer aproveitar esse período de enfraquecimento de José Sarney, por causa da crise no Maranhão, e também do presidente do Senado, Renan Calheiros, com suas viagens particulares no avião da Força Aérea Brasileira, para tentar jogar à sua maneira. A ordem é mostrar quem manda e detém o controle total do governo.
Nesse quadro, o PMDB reclama, esperneia, e o PSDB observa. “O PT nos ajuda. Quer tudo. Quer o governo federal, o Senado, quer mandar na Câmara. Talvez acabe ficando sem nenhuma dessas coisas”, diz Aécio, pronto para receber de braços abertos aqueles que o procuram.
Mudanças na Bahia
É cada vez mais forte a certeza de que o ex-governador Paulo Souto, do DEM, concorrerá ao governo estadual contra o PT este ano. Confirmada a candidatura, Geddel Vieira Lima, do PMDB, sairá ao Senado. Ao PSDB caberia a vice, mas o tema ainda está em aberto. É que, se os tucanos abrirem mão do cargo, a perspectiva de atrair um dos aliados de Dilma Rousseff é grande.
Arrumadinho no Ceará
O presidente do PT, Rui Falcão, e o secretário-geral, Geraldo Magela, têm encontro marcado com o PT cearense para verificar a tendência majoritária do partido para as eleições em 2014. É forte o cheiro de divisão para tentar agradar a dois senhores: o PT fecha oficialmente com Cid Gomes e Ciro Gomes e quem for o candidato deles. Mas o senador José Pimentel e Luizianne Lins apoiam Eunício Oliveira. Avaliação dos partidos envolvidos: essa emenda é pior que o soneto.
Compensações
Sem ministério novo, o PMDB vai forçar a porta dos palanques. Agora é que os petistas terão de apoiar os candidatos do partido no estado. E sem a história de palanque duplo. Falta combinar com o PT que conta com essa possibilidade na maioria dos estados.
“A oposição sou eu!”
Durante a entrevista de Aécio Neves ontem em Brasília alguém quis saber se ele havia conversado com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sobre as medidas que havia adotado cobrando explicações e ações judiciais sobre a inclusão do saldo de cadernetas de poupança no lucro da CEF. “Converso com ele sobre vários temas, mas não falei sobre isso. Nós (do PSDB) somos oposição clara a tudo isso que está acontecendo aí. Queremos mudar o Brasil.”
Marina em Brasília/ A ex-senadora Marina Silva passa por Brasília na semana que vem para conversar com representantes da Rede. Estará com José Reguffe, que ficou no PDT depois que o novo partido não conseguiu o registro.
Marta Suplicy na Bahia/ A ministra da Cultura, Marta Suplicy (foto), estará amanhã em Salvador para a tradicional lavagem das escadas do Senhor do Bonfim. É quando os políticos baianos testam a sua popularidade e os “estrangeiros” avaliam se são conhecidos.
Copa & convenções/ Os partidos estão pra lá de preocupados. A primeira fase da Copa ocorrerá justamente no período em que a legislação eleitoral exige a realização de encontros partidários para escolha de candidatos a presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Vai ser um deus nos acuda para arrumar hospedagem e voos para as cidades sedes. E olha que as folguinhas no calendário são poucas. Tem jogos todos os dias.
É a Caixa!!/ Aécio Neves começava a coletiva ontem sobre a maquiagem na contabilidade da Caixa Econômica Federal, quando os cinegrafistas pediram uma pausa porque a caixa de som onde eles colocaram os microfones estava falhando. Aécio, irônico, emendou: “O problema é na Caixa! Ainda bem que essa nossa aqui é fácil de resolver”.
A simbologia é forte. No dia seguinte à presidente Dilma Rousseff dizer que não ampliaria o número de ministérios do PMDB, o deputado Marcelo Castro, do Piauí, ingressava na sede nacional do PSDB para conversar sobre a aliança com o PSB e os tucanos em seu estado. Ok, os piauienses já conversavam antes de Dilma dizer não aos peemedebistas. Mas outros casos virão. A presidente quer aproveitar esse período de enfraquecimento de José Sarney, por causa da crise no Maranhão, e também do presidente do Senado, Renan Calheiros, com suas viagens particulares no avião da Força Aérea Brasileira, para tentar jogar à sua maneira. A ordem é mostrar quem manda e detém o controle total do governo.
Nesse quadro, o PMDB reclama, esperneia, e o PSDB observa. “O PT nos ajuda. Quer tudo. Quer o governo federal, o Senado, quer mandar na Câmara. Talvez acabe ficando sem nenhuma dessas coisas”, diz Aécio, pronto para receber de braços abertos aqueles que o procuram.
Mudanças na Bahia
É cada vez mais forte a certeza de que o ex-governador Paulo Souto, do DEM, concorrerá ao governo estadual contra o PT este ano. Confirmada a candidatura, Geddel Vieira Lima, do PMDB, sairá ao Senado. Ao PSDB caberia a vice, mas o tema ainda está em aberto. É que, se os tucanos abrirem mão do cargo, a perspectiva de atrair um dos aliados de Dilma Rousseff é grande.
Arrumadinho no Ceará
O presidente do PT, Rui Falcão, e o secretário-geral, Geraldo Magela, têm encontro marcado com o PT cearense para verificar a tendência majoritária do partido para as eleições em 2014. É forte o cheiro de divisão para tentar agradar a dois senhores: o PT fecha oficialmente com Cid Gomes e Ciro Gomes e quem for o candidato deles. Mas o senador José Pimentel e Luizianne Lins apoiam Eunício Oliveira. Avaliação dos partidos envolvidos: essa emenda é pior que o soneto.
Compensações
Sem ministério novo, o PMDB vai forçar a porta dos palanques. Agora é que os petistas terão de apoiar os candidatos do partido no estado. E sem a história de palanque duplo. Falta combinar com o PT que conta com essa possibilidade na maioria dos estados.
“A oposição sou eu!”
Durante a entrevista de Aécio Neves ontem em Brasília alguém quis saber se ele havia conversado com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sobre as medidas que havia adotado cobrando explicações e ações judiciais sobre a inclusão do saldo de cadernetas de poupança no lucro da CEF. “Converso com ele sobre vários temas, mas não falei sobre isso. Nós (do PSDB) somos oposição clara a tudo isso que está acontecendo aí. Queremos mudar o Brasil.”
Marina em Brasília/ A ex-senadora Marina Silva passa por Brasília na semana que vem para conversar com representantes da Rede. Estará com José Reguffe, que ficou no PDT depois que o novo partido não conseguiu o registro.
Marta Suplicy na Bahia/ A ministra da Cultura, Marta Suplicy (foto), estará amanhã em Salvador para a tradicional lavagem das escadas do Senhor do Bonfim. É quando os políticos baianos testam a sua popularidade e os “estrangeiros” avaliam se são conhecidos.
Copa & convenções/ Os partidos estão pra lá de preocupados. A primeira fase da Copa ocorrerá justamente no período em que a legislação eleitoral exige a realização de encontros partidários para escolha de candidatos a presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Vai ser um deus nos acuda para arrumar hospedagem e voos para as cidades sedes. E olha que as folguinhas no calendário são poucas. Tem jogos todos os dias.
É a Caixa!!/ Aécio Neves começava a coletiva ontem sobre a maquiagem na contabilidade da Caixa Econômica Federal, quando os cinegrafistas pediram uma pausa porque a caixa de som onde eles colocaram os microfones estava falhando. Aécio, irônico, emendou: “O problema é na Caixa! Ainda bem que essa nossa aqui é fácil de resolver”.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 15/01
Empresa lança projetos de R$ 400 mi na Faria Lima
A incorporadora Aurinova, dos irmãos Guilherme e Renato Auriemo, vai investir em 2014 em dois empreendimentos de alto padrão na região da avenida Faria Lima, zona sul de São Paulo.
Todos os projetos da empresa na cidade são instalados nessa área. A companhia tem ainda outros dois terrenos próximos ao shopping Morumbi.
Neste ano, serão aportados aproximadamente R$ 400 milhões em um edifício comercial para locação e um condomínio residencial de três torres --que terá 40% de seu espaço reservado para ser vendido somente após a conclusão das obras.
Além de atuar em São Paulo, a empresa trabalha em Santa Catarina.
"A região de Joinville, Blumenau e Itajaí é uma das que mais devem crescer nos próximos anos. Acreditamos nessas cidades", diz Guilherme Auriemo, filho de um dos fundadores do laboratório Dasa e primo de José Auriemo, da incorporadora JHSF.
Os empreendimentos da Aurinova são todos erguidos pela RMA, construtora da família que passou a trabalhar exclusivamente com os projetos da incorporadora.
"A empresa [Aurinova] surgiu em 2005, originada de uma construtora nossa que investia exclusivamente em projeto para locação", diz.
"Essa mudança de operações faz parte da nova estratégia de crescimento do grupo. Conseguimos acelerar a instalação de novos empreendimentos com a venda para terceiros", acrescenta.
Micro e pequenas empregam em novembro 7% a mais, diz Sebrae
O volume de empregos formais gerado pelas micro e pequenas empresas cresceu 7% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2012, segundo estudo do Sebrae feito com base em informações do Ministério do Trabalho.
O saldo líquido de contratações --diferença entre o número de admissões e o total demissões-- foi de 91,5 mil em novembro de 2013, ante 85,5 mil no mesmo mês do ano anterior.
Os dados são referentes às vagas criadas por empresas que têm faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano.
O comércio liderou as contratações, com um saldo líquido de 83 mil postos de trabalho. O bom desempenho do segmento está ligado ao período de vendas para as festas de fim de ano, de acordo com o Sebrae.
A região Sudeste teve o maior número de empregos criados (33,7 mil), seguida pelo Sul, com 22,5 mil.
No acumulado de janeiro a novembro de 2013, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 88,3% do total de postos com carteira assinada abertos no país.
O percentual é maior que o registrado nos 11 meses do ano anterior, quando os pequenos negócios representaram 81,5% do saldo.
CHÃO DE FÁBRICA
A maioria dos micro e pequenos industriais acredita que 2014 será melhor para os negócios do que 2013, segundo pesquisa do Simpi (sindicato do setor) em parceria com o Datafolha.
Dos 305 empresários ouvidos no Estado de São Paulo em dezembro, 63% disseram estar otimistas. Outros 21% revelaram pessimismo.
"O mercado interno, que apesar de todos os problemas está se mantendo, é a principal causa [para a confiança elevada em relação a 2014]", afirma Joseph Couri, presidente da entidade.
Apesar do otimismo, questões como a dificuldade de acesso ao crédito e a concorrência com os produtos importados continuam entre as preocupações do empresariado, segundo Couri.
A pesquisa apontou que 42% dos industriais ouvidos encontraram barreiras na hora de obter empréstimos.
Entre as empresas que disputam mercado com os importados, 84% afirmaram que a situação é mais favorável aos produtos de fora.
A parcela dos que tiveram aumentos significativos no custo de produção passou de 37% em novembro para 44% em dezembro.
Expansão... O grupo sueco Husqvarna, de equipamentos para manejo de áreas verdes, entrará em 250 revendas no Brasil. Para 2014, a expectativa da empresa é manter o crescimento de 25% registrado no ano passado.
...nórdica Em 2012, a companhia teve uma receita líquida global de 31 bilhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 4,8 bilhões). A Husqvarna tem cerca de 15 mil funcionários e comercializada seus produtos em cem países.
Novo... A Baumgarten Gráfica, com sede em Blumenau (SC), comprou a companhia mexicana Etiquetas Rodak. A aquisição, que não teve o valor divulgado, faz parte dos planos de fortalecer a presença da empresa brasileira no exterior.
...em folha Com a transação, a gráfica mexicana, especializada em rótulos, adotará o nome Baumgarten México. Estabelecida em 1881, a matriz brasileira atua principalmente nos setores de rótulos e embalagens.
CRÉDITO MONITORADO
O SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) lança hoje um serviço para monitoramento de informações cadastrais e de créditos de clientes e fornecedores.
Diferente da consulta de inadimplência que o órgão disponibiliza hoje para lojistas, o novo produto vai permitir que as empresas acompanhem alterações ou exclusões de CNPJ ou CPF 24 horas por dia.
"O sistema monitora itens como informações cadastrais (endereço e telefone), alerta de roubo ou furto de documentos, créditos concedidos e dívidas vencidas", diz Silvia Cravo, gerente de produtos do SPC Brasil.
As consultas não serão individuais, mas agrupadas em uma carteira de documentos de clientes distintos.
Todas as atualizações de dados serão enviadas ao associado por e-mail, de acordo com a empresa.
Banca
O escritório de direito TozziniFreire tem novas sócias: Camila Tapias, na área tributária, e Gabriela Vitiello Wink, na área contenciosa.
Novo departamento
A b2finance, companhia especializada em outsourcing e consultoria, acaba de entrar no segmento de auditoria.
Empresa lança projetos de R$ 400 mi na Faria Lima
A incorporadora Aurinova, dos irmãos Guilherme e Renato Auriemo, vai investir em 2014 em dois empreendimentos de alto padrão na região da avenida Faria Lima, zona sul de São Paulo.
Todos os projetos da empresa na cidade são instalados nessa área. A companhia tem ainda outros dois terrenos próximos ao shopping Morumbi.
Neste ano, serão aportados aproximadamente R$ 400 milhões em um edifício comercial para locação e um condomínio residencial de três torres --que terá 40% de seu espaço reservado para ser vendido somente após a conclusão das obras.
Além de atuar em São Paulo, a empresa trabalha em Santa Catarina.
"A região de Joinville, Blumenau e Itajaí é uma das que mais devem crescer nos próximos anos. Acreditamos nessas cidades", diz Guilherme Auriemo, filho de um dos fundadores do laboratório Dasa e primo de José Auriemo, da incorporadora JHSF.
Os empreendimentos da Aurinova são todos erguidos pela RMA, construtora da família que passou a trabalhar exclusivamente com os projetos da incorporadora.
"A empresa [Aurinova] surgiu em 2005, originada de uma construtora nossa que investia exclusivamente em projeto para locação", diz.
"Essa mudança de operações faz parte da nova estratégia de crescimento do grupo. Conseguimos acelerar a instalação de novos empreendimentos com a venda para terceiros", acrescenta.
Micro e pequenas empregam em novembro 7% a mais, diz Sebrae
O volume de empregos formais gerado pelas micro e pequenas empresas cresceu 7% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2012, segundo estudo do Sebrae feito com base em informações do Ministério do Trabalho.
O saldo líquido de contratações --diferença entre o número de admissões e o total demissões-- foi de 91,5 mil em novembro de 2013, ante 85,5 mil no mesmo mês do ano anterior.
Os dados são referentes às vagas criadas por empresas que têm faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano.
O comércio liderou as contratações, com um saldo líquido de 83 mil postos de trabalho. O bom desempenho do segmento está ligado ao período de vendas para as festas de fim de ano, de acordo com o Sebrae.
A região Sudeste teve o maior número de empregos criados (33,7 mil), seguida pelo Sul, com 22,5 mil.
No acumulado de janeiro a novembro de 2013, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 88,3% do total de postos com carteira assinada abertos no país.
O percentual é maior que o registrado nos 11 meses do ano anterior, quando os pequenos negócios representaram 81,5% do saldo.
CHÃO DE FÁBRICA
A maioria dos micro e pequenos industriais acredita que 2014 será melhor para os negócios do que 2013, segundo pesquisa do Simpi (sindicato do setor) em parceria com o Datafolha.
Dos 305 empresários ouvidos no Estado de São Paulo em dezembro, 63% disseram estar otimistas. Outros 21% revelaram pessimismo.
"O mercado interno, que apesar de todos os problemas está se mantendo, é a principal causa [para a confiança elevada em relação a 2014]", afirma Joseph Couri, presidente da entidade.
Apesar do otimismo, questões como a dificuldade de acesso ao crédito e a concorrência com os produtos importados continuam entre as preocupações do empresariado, segundo Couri.
A pesquisa apontou que 42% dos industriais ouvidos encontraram barreiras na hora de obter empréstimos.
Entre as empresas que disputam mercado com os importados, 84% afirmaram que a situação é mais favorável aos produtos de fora.
A parcela dos que tiveram aumentos significativos no custo de produção passou de 37% em novembro para 44% em dezembro.
Expansão... O grupo sueco Husqvarna, de equipamentos para manejo de áreas verdes, entrará em 250 revendas no Brasil. Para 2014, a expectativa da empresa é manter o crescimento de 25% registrado no ano passado.
...nórdica Em 2012, a companhia teve uma receita líquida global de 31 bilhões de coroas suecas (aproximadamente R$ 4,8 bilhões). A Husqvarna tem cerca de 15 mil funcionários e comercializada seus produtos em cem países.
Novo... A Baumgarten Gráfica, com sede em Blumenau (SC), comprou a companhia mexicana Etiquetas Rodak. A aquisição, que não teve o valor divulgado, faz parte dos planos de fortalecer a presença da empresa brasileira no exterior.
...em folha Com a transação, a gráfica mexicana, especializada em rótulos, adotará o nome Baumgarten México. Estabelecida em 1881, a matriz brasileira atua principalmente nos setores de rótulos e embalagens.
CRÉDITO MONITORADO
O SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) lança hoje um serviço para monitoramento de informações cadastrais e de créditos de clientes e fornecedores.
Diferente da consulta de inadimplência que o órgão disponibiliza hoje para lojistas, o novo produto vai permitir que as empresas acompanhem alterações ou exclusões de CNPJ ou CPF 24 horas por dia.
"O sistema monitora itens como informações cadastrais (endereço e telefone), alerta de roubo ou furto de documentos, créditos concedidos e dívidas vencidas", diz Silvia Cravo, gerente de produtos do SPC Brasil.
As consultas não serão individuais, mas agrupadas em uma carteira de documentos de clientes distintos.
Todas as atualizações de dados serão enviadas ao associado por e-mail, de acordo com a empresa.
Banca
O escritório de direito TozziniFreire tem novas sócias: Camila Tapias, na área tributária, e Gabriela Vitiello Wink, na área contenciosa.
Novo departamento
A b2finance, companhia especializada em outsourcing e consultoria, acaba de entrar no segmento de auditoria.
Mágicos sem credibilidade - GUSTAVO LOYOLA
O Estado de S.Paulo - 15/01
A divulgação antecipada pelo ministro da Fazenda do resultado primário do governo central em 2013 foi um verdadeiro tiro no pé e expôs a falta de credibilidade da política fiscal. Ao invés de acalmar os "nervosinhos", como queria o ministro, os números divulgados conseguiram enervar até o mais calmo dos analistas.
A afirmativa de que o governo central cumpriu a meta de superávit primário em 2013 é falaciosa, por várias razões. Os R$ 75 bilhões de superávit anunciados só foram obtidos graças a receitas extraordinárias expressivas - cerca de R$ 35 bilhões de receitas de concessões e de pagamentos de impostos do programa Refis - e com a postergação de despesas para 2014, pelo mecanismo de restos a pagar. Vale ressaltar que a meta de R$ 73 bilhões já resultara de "descontos" relativos às despesas com o PAC, expediente que não faz sentido econômico algum, posto que não afeta o gasto efetivo do governo.
Por outro lado, o ministro se esqueceu de mencionar o desempenho fiscal de Estados e municípios em 2013, um dos piores dos últimos anos. Essa piora se deve primordialmente a equívocos do governo federal, que patrocinou o afrouxamento das condições de endividamento dos entes federados, como lhes retirou receita por reduções e isenções tributárias que diminuíram os montantes do Fundo de Participação.
A reação negativa dos mercados aos números fiscais mostra que o exército de "nervosinhos" só faz aumentar, o que já se reflete sobre os prêmios de risco do País e sobre o mercado de câmbio. A situação tenderá a se agravar ao longo do ano, caso o governo mantenha a política atual, que, além de reduzir o superávit primário como proporção do PIB, cria esqueletos fiscais para o futuro e reduz a transparência na gestão das contas públicas.
Mas os problemas na área fiscal não são fato isolado. Ao contrário, resultam da adoção, a partir principalmente de 2008, de uma política econômica que ressuscitou a fracassada estratégia nacional-desenvolvimentista dos anos 1950 e 1970 e que levou à concessão de benefícios e estímulos tributários e creditícios a determinados setores e empresas, na vã esperança de que isso levasse ao aumento da taxa de crescimento do País. Na esfera macroeconômica, apostou-se no binômio juros baixos/câmbio alto e foi abandonado o tripé de políticas que vinha obtendo sucesso desde o governo FHC.
Como se vê, os resultados são pífios e o Brasil hoje enfrenta uma onda de pessimismo dos investidores, como mostra a saída recorde de recursos para o exterior em 2013, o pior número em 11 anos. Independentemente de as agências de classificação de risco rebaixarem o rating soberano do Brasil, a verdade é que o mercado já o fez na prática. As mudanças no cenário da política monetária norte-americana agravam a situação, mas é inegável que os fatores idiossincráticos são os maiores responsáveis pelo mau desempenho recente dos ativos brasileiros.
Num ano eleitoral, como 2014, é difícil de ter esperanças de uma mudança de rumos na política macroeconômica e, em especial, no campo fiscal. A busca de um superávit fiscal robusto e verdadeiro exigiria medidas duras de corte de gastos e, infelizmente, de aumento de impostos, o que dificilmente a presidente Dilma estaria disposta a bancar em plena disputa eleitoral. O mais provável é a continuidade da deterioração estrutural das contas públicas, mesmo se o governo refrear a concessão de novos benefícios tributários e creditícios.
Porém algo tem de ser feito ainda em 2014 para a recuperação da credibilidade da política macroeconômica, sob pena de a economia enfrentar sérias dificuldades, principalmente decorrentes de uma depreciação excessiva da moeda com graves efeitos inflacionários. Não há dúvida de que o papel do Banco Central (BC) será essencial nessa travessia, mantendo uma política monetária alinhada com o regime de metas para inflação e gerindo a liquidez do mercado cambial. Mas os esforços do BC serão insuficientes sem um choque de credibilidade na política fiscal que pressuporia necessariamente uma renúncia crível e definitiva ao uso das mágicas da contabilidade criativa. No ponto que as coisas hoje estão, talvez tenha chegado a hora de os mágicos abandonarem o palco.
A divulgação antecipada pelo ministro da Fazenda do resultado primário do governo central em 2013 foi um verdadeiro tiro no pé e expôs a falta de credibilidade da política fiscal. Ao invés de acalmar os "nervosinhos", como queria o ministro, os números divulgados conseguiram enervar até o mais calmo dos analistas.
A afirmativa de que o governo central cumpriu a meta de superávit primário em 2013 é falaciosa, por várias razões. Os R$ 75 bilhões de superávit anunciados só foram obtidos graças a receitas extraordinárias expressivas - cerca de R$ 35 bilhões de receitas de concessões e de pagamentos de impostos do programa Refis - e com a postergação de despesas para 2014, pelo mecanismo de restos a pagar. Vale ressaltar que a meta de R$ 73 bilhões já resultara de "descontos" relativos às despesas com o PAC, expediente que não faz sentido econômico algum, posto que não afeta o gasto efetivo do governo.
Por outro lado, o ministro se esqueceu de mencionar o desempenho fiscal de Estados e municípios em 2013, um dos piores dos últimos anos. Essa piora se deve primordialmente a equívocos do governo federal, que patrocinou o afrouxamento das condições de endividamento dos entes federados, como lhes retirou receita por reduções e isenções tributárias que diminuíram os montantes do Fundo de Participação.
A reação negativa dos mercados aos números fiscais mostra que o exército de "nervosinhos" só faz aumentar, o que já se reflete sobre os prêmios de risco do País e sobre o mercado de câmbio. A situação tenderá a se agravar ao longo do ano, caso o governo mantenha a política atual, que, além de reduzir o superávit primário como proporção do PIB, cria esqueletos fiscais para o futuro e reduz a transparência na gestão das contas públicas.
Mas os problemas na área fiscal não são fato isolado. Ao contrário, resultam da adoção, a partir principalmente de 2008, de uma política econômica que ressuscitou a fracassada estratégia nacional-desenvolvimentista dos anos 1950 e 1970 e que levou à concessão de benefícios e estímulos tributários e creditícios a determinados setores e empresas, na vã esperança de que isso levasse ao aumento da taxa de crescimento do País. Na esfera macroeconômica, apostou-se no binômio juros baixos/câmbio alto e foi abandonado o tripé de políticas que vinha obtendo sucesso desde o governo FHC.
Como se vê, os resultados são pífios e o Brasil hoje enfrenta uma onda de pessimismo dos investidores, como mostra a saída recorde de recursos para o exterior em 2013, o pior número em 11 anos. Independentemente de as agências de classificação de risco rebaixarem o rating soberano do Brasil, a verdade é que o mercado já o fez na prática. As mudanças no cenário da política monetária norte-americana agravam a situação, mas é inegável que os fatores idiossincráticos são os maiores responsáveis pelo mau desempenho recente dos ativos brasileiros.
Num ano eleitoral, como 2014, é difícil de ter esperanças de uma mudança de rumos na política macroeconômica e, em especial, no campo fiscal. A busca de um superávit fiscal robusto e verdadeiro exigiria medidas duras de corte de gastos e, infelizmente, de aumento de impostos, o que dificilmente a presidente Dilma estaria disposta a bancar em plena disputa eleitoral. O mais provável é a continuidade da deterioração estrutural das contas públicas, mesmo se o governo refrear a concessão de novos benefícios tributários e creditícios.
Porém algo tem de ser feito ainda em 2014 para a recuperação da credibilidade da política macroeconômica, sob pena de a economia enfrentar sérias dificuldades, principalmente decorrentes de uma depreciação excessiva da moeda com graves efeitos inflacionários. Não há dúvida de que o papel do Banco Central (BC) será essencial nessa travessia, mantendo uma política monetária alinhada com o regime de metas para inflação e gerindo a liquidez do mercado cambial. Mas os esforços do BC serão insuficientes sem um choque de credibilidade na política fiscal que pressuporia necessariamente uma renúncia crível e definitiva ao uso das mágicas da contabilidade criativa. No ponto que as coisas hoje estão, talvez tenha chegado a hora de os mágicos abandonarem o palco.
A face oculta da inflação - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 15/01
A inflação de serviços elucida o aparente paradoxo de preço de alimento em queda no atacado e alta no varejo
Apesar de o BC ter desistido de trazer a inflação à meta, adotando um objetivo para lá de medíocre (alcançar um número menor do que o de 2012), e a despeito de controles de preços como havia muito não se via, aquela atingiu 5,91% em 2013, ficando pelo quarto ano consecutivo bastante acima de 4,5%.
Sob a atual diretoria o desvio da inflação com relação à meta foi, em média até agora, 1,6% por ano, marca nada invejável, ainda mais num ambiente global em que o problema tem sido precisamente o oposto.
Há quem ainda acredite, equivocadamente, que o problema vem dos preços dos alimentos. Estes, de fato, subiram fortemente no ano passado, quase 8,5%. Os preços dos produtos consumidos no domicí- lio aumentaram 7,7%, enquanto o preço da comida fora de casa se elevou ainda mais, 10%, discrepância relativamente modesta, mas reveladora.
Mais importante, porém, é a diferença entre os preços dos alimentos no atacado e no varejo. De acordo com a Fundação Getulio Vargas, os preços de produtos agrícolas no atacado caíram 1,8% no ano passado, desempenho difícil de reconciliar à primeira vista com o comportamento dos preços ao consumidor.
A verdade, porém, é que, em ambos os casos, as razões da discrepância são as mesmas, associadas de perto à natureza da inflação dos últimos anos.
Considere a diferença entre a inflação de alimentos no domicílio e fora dele. É claro que o prato de arroz e feijão consumido fora do domicílio é distinto daquele servido em casa. No primeiro caso há custos, tais como aluguéis, o salário do cozinheiro, dos garçons etc., não presentes no segundo. Posto de outra forma, o prato do restaurante contém uma medida considerável de serviços além de arroz e feijão.
Da mesma forma, os alimentos colocados à disposição dos consumidores num supermercado carregam consigo uma variedade de serviços: aluguéis, transportes, pessoal etc. O feijão do varejo não é o mesmo feijão do atacado, mas um produto mais elaborado (por exemplo, está ao alcance do consumidor, que não precisa viajar para uma região produtora para obtê-lo).
O conteúdo de serviços explica, pois, por que o feijão do supermercado é mais caro que o do atacado e, da mesma forma, por que o prato de feijão do restaurante é ainda mais caro, mas não esclarece o motivo de o ritmo de aumento de preços ser distinto.
Ocorre que a inflação de servi- ços tem sido particularmente intensa. Apenas no ano passado atingiu pouco menos de 9%, bastante acima do IPCA.
Não é difícil entender essa dinâmica. Por um lado, premidos por um mercado de trabalho bastante apertado, os salários têm aumentado a uma velocidade bem maior que a da produtividade do trabalho.
Assim, nos 12 meses terminados em novembro de 2013, o salário médio nominal aumentou 8%, enquanto o crescimento da produtividade deve ter ficado na casa de 1%, implicando aumento do custo unitário do trabalho.
Por outro lado, ao contrário dos bens em geral, serviços não estão sujeitos à concorrência internacional. Enquanto no caso dos primeiros o repasse dos custos é limitado pelo preço do concorrente externo, quando se trata de serviços, o limite é a demanda, isto é, quanto o consumidor está disposto a pagar. Em particular, a demanda tem sido forte o suficiente para acomodar aumentos da ordem de 9% nos últimos três anos.
É este o fenômeno que elucida o aparente paradoxo de preços de alimentos em queda no atacado e em alta no varejo: trata-se da "face oculta" da inflação de serviços.
Esclarece também, a propósito, a miopia dos que fazem uma explicação "contábil" da inflação, apenas multiplicando os aumentos de preços dos produtos por sua ponderação no IPCA. Sem uma base teórica que lhes permita entender o comportamento por trás dos fatos econômicos, repetem chavões sobre preços de alimentos e não conseguem capturar os elementos essenciais da dinâmica inflacionária no Brasil.
A inflação de serviços elucida o aparente paradoxo de preço de alimento em queda no atacado e alta no varejo
Apesar de o BC ter desistido de trazer a inflação à meta, adotando um objetivo para lá de medíocre (alcançar um número menor do que o de 2012), e a despeito de controles de preços como havia muito não se via, aquela atingiu 5,91% em 2013, ficando pelo quarto ano consecutivo bastante acima de 4,5%.
Sob a atual diretoria o desvio da inflação com relação à meta foi, em média até agora, 1,6% por ano, marca nada invejável, ainda mais num ambiente global em que o problema tem sido precisamente o oposto.
Há quem ainda acredite, equivocadamente, que o problema vem dos preços dos alimentos. Estes, de fato, subiram fortemente no ano passado, quase 8,5%. Os preços dos produtos consumidos no domicí- lio aumentaram 7,7%, enquanto o preço da comida fora de casa se elevou ainda mais, 10%, discrepância relativamente modesta, mas reveladora.
Mais importante, porém, é a diferença entre os preços dos alimentos no atacado e no varejo. De acordo com a Fundação Getulio Vargas, os preços de produtos agrícolas no atacado caíram 1,8% no ano passado, desempenho difícil de reconciliar à primeira vista com o comportamento dos preços ao consumidor.
A verdade, porém, é que, em ambos os casos, as razões da discrepância são as mesmas, associadas de perto à natureza da inflação dos últimos anos.
Considere a diferença entre a inflação de alimentos no domicílio e fora dele. É claro que o prato de arroz e feijão consumido fora do domicílio é distinto daquele servido em casa. No primeiro caso há custos, tais como aluguéis, o salário do cozinheiro, dos garçons etc., não presentes no segundo. Posto de outra forma, o prato do restaurante contém uma medida considerável de serviços além de arroz e feijão.
Da mesma forma, os alimentos colocados à disposição dos consumidores num supermercado carregam consigo uma variedade de serviços: aluguéis, transportes, pessoal etc. O feijão do varejo não é o mesmo feijão do atacado, mas um produto mais elaborado (por exemplo, está ao alcance do consumidor, que não precisa viajar para uma região produtora para obtê-lo).
O conteúdo de serviços explica, pois, por que o feijão do supermercado é mais caro que o do atacado e, da mesma forma, por que o prato de feijão do restaurante é ainda mais caro, mas não esclarece o motivo de o ritmo de aumento de preços ser distinto.
Ocorre que a inflação de servi- ços tem sido particularmente intensa. Apenas no ano passado atingiu pouco menos de 9%, bastante acima do IPCA.
Não é difícil entender essa dinâmica. Por um lado, premidos por um mercado de trabalho bastante apertado, os salários têm aumentado a uma velocidade bem maior que a da produtividade do trabalho.
Assim, nos 12 meses terminados em novembro de 2013, o salário médio nominal aumentou 8%, enquanto o crescimento da produtividade deve ter ficado na casa de 1%, implicando aumento do custo unitário do trabalho.
Por outro lado, ao contrário dos bens em geral, serviços não estão sujeitos à concorrência internacional. Enquanto no caso dos primeiros o repasse dos custos é limitado pelo preço do concorrente externo, quando se trata de serviços, o limite é a demanda, isto é, quanto o consumidor está disposto a pagar. Em particular, a demanda tem sido forte o suficiente para acomodar aumentos da ordem de 9% nos últimos três anos.
É este o fenômeno que elucida o aparente paradoxo de preços de alimentos em queda no atacado e em alta no varejo: trata-se da "face oculta" da inflação de serviços.
Esclarece também, a propósito, a miopia dos que fazem uma explicação "contábil" da inflação, apenas multiplicando os aumentos de preços dos produtos por sua ponderação no IPCA. Sem uma base teórica que lhes permita entender o comportamento por trás dos fatos econômicos, repetem chavões sobre preços de alimentos e não conseguem capturar os elementos essenciais da dinâmica inflacionária no Brasil.
Efeitos especiais - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 15/01
Faz parte da filosofia voluntarista deste governo o entendimento de que, na falta de soluções, se deve chamar o marqueteiro.
Durante meses, a presidente Dilma se encarregou de tentar virar o jogo com discursos repetitivos e de mobilizar seus ministros a fazer a mesma coisa: o IBGE soltou números decepcionantes? Mobilize-se o Guido Mantega e o Alexandre Tombini. O mercado foi tomado por certa apatia em relação aos leilões de concessão? Acione-se a ministra Gleisi Hoffmann.
Agora, uma alentada comitiva oficial, com a presidente Dilma na comissão de frente, foi escalada para comparecer à conferência anual do Fórum Econômico Internacional de Davos, na Suíça, agendada para os dias 22 a 25. Sua missão é fazer a cabeça das autoridades e dos analistas internacionais a respeito das excelências da economia brasileira.
A presidente Dilma está completando seu quarto ano de governo e, até o momento, julgou ser dispensável sua presença no encontro anual de Davos, que reúne durante quase uma semana as mais renomadas autoridades de governo e os capitães globais de negócios.
No ano passado, o então chanceler do Brasil Antonio Patriota tentou justificar a ausência da presidente com a afirmação de que "a Davos só vai quem procura promoção pessoal". Agora vão ela mais a equipe econômica inteira. O embaixador Patriota não terá de dar explicações adicionais porque foi removido para outro posto.
O risco que corre o governo brasileiro é de vender fumaça com acompanhamento de orquestra. Se a suposta ofensiva internacional de marketing for feita sem substância a oferecer, o resultado pode ser um desastre, como aconteceu em 1994, semanas antes do estouro do Efeito Tequila que prostrou a economia do México. A iniciativa marqueteira das autoridades mexicanas ficou então imediatamente desmoralizada por falta de respostas convincentes aos maus resultados da economia.
Desta vez, a presidente Dilma talvez pretenda aproveitar a oportunidade para pregar um choque de capitalismo e, nessas condições, resgatar seu governo e sua política econômica do atual déficit de confiança.
O problema é que essas ofensivas precisam ser acompanhadas de ação. Meras exibições de planilhas animadas e coloridas em Power Point, sem indicação de mudanças radicais na administração das despesas públicas e sem correção das atuais distorções, tendem a ampliar a frustração e a aumentar a propensão das agências de classificação de risco a rebaixar a qualidade dos títulos de dívida do Brasil. Se isso de fato acontecer, tudo tenderá a piorar.
Em 2002, o então candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não precisou de efeitos especiais para virar a onda de pessimismo que tomara conta da opinião pública. Simplesmente, mandou divulgar a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometeu, sem margem a dúvidas, a cumprir um programa confiável de administração das contas públicas e a puxar os juros básicos até onde fosse necessário para controlar a inflação.
Faz parte da filosofia voluntarista deste governo o entendimento de que, na falta de soluções, se deve chamar o marqueteiro.
Durante meses, a presidente Dilma se encarregou de tentar virar o jogo com discursos repetitivos e de mobilizar seus ministros a fazer a mesma coisa: o IBGE soltou números decepcionantes? Mobilize-se o Guido Mantega e o Alexandre Tombini. O mercado foi tomado por certa apatia em relação aos leilões de concessão? Acione-se a ministra Gleisi Hoffmann.
Agora, uma alentada comitiva oficial, com a presidente Dilma na comissão de frente, foi escalada para comparecer à conferência anual do Fórum Econômico Internacional de Davos, na Suíça, agendada para os dias 22 a 25. Sua missão é fazer a cabeça das autoridades e dos analistas internacionais a respeito das excelências da economia brasileira.
A presidente Dilma está completando seu quarto ano de governo e, até o momento, julgou ser dispensável sua presença no encontro anual de Davos, que reúne durante quase uma semana as mais renomadas autoridades de governo e os capitães globais de negócios.
No ano passado, o então chanceler do Brasil Antonio Patriota tentou justificar a ausência da presidente com a afirmação de que "a Davos só vai quem procura promoção pessoal". Agora vão ela mais a equipe econômica inteira. O embaixador Patriota não terá de dar explicações adicionais porque foi removido para outro posto.
O risco que corre o governo brasileiro é de vender fumaça com acompanhamento de orquestra. Se a suposta ofensiva internacional de marketing for feita sem substância a oferecer, o resultado pode ser um desastre, como aconteceu em 1994, semanas antes do estouro do Efeito Tequila que prostrou a economia do México. A iniciativa marqueteira das autoridades mexicanas ficou então imediatamente desmoralizada por falta de respostas convincentes aos maus resultados da economia.
Desta vez, a presidente Dilma talvez pretenda aproveitar a oportunidade para pregar um choque de capitalismo e, nessas condições, resgatar seu governo e sua política econômica do atual déficit de confiança.
O problema é que essas ofensivas precisam ser acompanhadas de ação. Meras exibições de planilhas animadas e coloridas em Power Point, sem indicação de mudanças radicais na administração das despesas públicas e sem correção das atuais distorções, tendem a ampliar a frustração e a aumentar a propensão das agências de classificação de risco a rebaixar a qualidade dos títulos de dívida do Brasil. Se isso de fato acontecer, tudo tenderá a piorar.
Em 2002, o então candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não precisou de efeitos especiais para virar a onda de pessimismo que tomara conta da opinião pública. Simplesmente, mandou divulgar a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometeu, sem margem a dúvidas, a cumprir um programa confiável de administração das contas públicas e a puxar os juros básicos até onde fosse necessário para controlar a inflação.
Inflação: uma coleção de fracassos - CRISTIANO ROMERO
VALOR ECONÔMICO - 15/01
Não há como dourar a pílula: a política anti-inflacionária brasileira tem sido um coleção de fracassos. O país tem hoje um dos maiores índices de inflação do planeta, menor apenas que o de economias com enorme grau de desorganização e isolamento, como Venezuela e Argentina, e equivalente à de emergentes, como Turquia e Índia, que, a exemplo do Brasil, usaram a desculpa da crise de 2008 para fazer experimentos heterodoxos que resultaram em malogro (combinação de baixo crescimento, carestia e déficit externo crescente).
No ano passado, a inflação de preços livres foi a maior desde 2003. Nos últimos 18 anos, esses preços só subiram mais do que em 2013 em três ocasiões: em 1996, quando o país começava a se livrar da hiperinflação; em 2002, quando enfrentou grave crise de confiança que provocou fuga de capitais e desvalorização descontrolada do real; e em maio de 2003, quando o IPCA em 12 meses superou 17%, ainda um reflexo da turbulência do ano anterior (ver gráfico).
A situação é preocupante porque é sobre os preços livres que a política monetária atua. Sobre os preços administrados ou monitorados, o Banco Central (BC) não tem o que fazer. Isso significa que a política de juros, mesmo tendo mais do que dobrado o juro real desde abril, não tem sido suficiente para conter os preços livres.
A inflação brasileira não está em torno de 6%, como mostrou o IPCA de 2013 (5,91%). Na verdade, ela gira neste momento entre 7% e 8%. A razão é simples: o governo, numa decisão que mostra o retrocesso da política econômica aos tempos em que lidava com inflação crônica, lançou mão de vários subterfúgios para impedir a correção de tarifas públicas.
No último ano, os preços administrados tiveram a menor variação - apenas 1,5% - desde 1992. A rigor, na série histórica apurada pelo Banco Central com base em dados do IBGE, não houve ano em que esses preços tenham registrado inflação inferior a 1,5%. Como vários especialistas alertaram, o refresco de curtíssimo prazo dado pelo congelamento de alguns preços administrados não mudou a inflação tendencial.
Há outras razões com que se preocupar. Quando se observa o núcleo da inflação com exclusão de alimentação no domicílio e preços administrados, a inflação de 2013 foi a 7,21%, índice bem superior à meta de 4,5% e ao limite máximo do intervalo de tolerância do regime (6,5%).
Preocupa, também, o fato de que, no ano passado, ao contrário do que ocorreu em 2010 e 2012, por exemplo, não houve choques de oferta de produtos agrícolas ou de commodities. Na prática, o único choque ocorrido foi positivo, do ponto de vista da inflação - a repressão das tarifas públicas.
A persistência da inflação real em torno de 7% a 8% faz com que os formadores de preços internalizem esse patamar, aumentando a inércia e piorando as expectativas dos agentes econômicos, o que contribui para diminuir a eficácia da política monetária.
Para quem acha a inflação atual baixa, alguns números devem ser lembrados: de 2008 a 2013, quando os governos Lula e Dilma passaram a considerar aceitável um IPCA de 6%, a inflação acumulada somou 39,67%. Isto é especialmente nefasto para a população de baixa renda e os que vivem dos programas de transferência de renda, uma vez que não têm como se proteger da forte perda do poder de compra da moeda nacional.
O drama continuará em 2014 porque, além da inércia, o próprio BC está prevendo alta dos preços administrados bem maior que a deste ano - quase o triplo. Como a inflação nos níveis atuais mostra que a taxa de juros (Selic) - hoje em 10%, a maior dentre as principais economias - é insuficiente, em tese o Comitê de Política Monetária (Copom) deveria continuar apertando as condições monetárias, algo de que se duvida hoje por causa do ano eleitoral.
Outro problema é que o IPCA nos níveis atuais retira competitividade da economia. A taxa de câmbio real se aprecia notadamente porque a inflação no mundo está muito baixa - média de 3,7% em 2013. Mesmo tendo sofrido forte desvalorização nominal nos últimos dois anos, o real segue sem gerar competitividade para empresas brasileiras. O crescente déficit em conta corrente, a mudança da política monetária americana e o diferencial de inflação parecem requerer mais câmbio para que o país ajuste as contas externas. O efeito disso será mais inflação.
O país perdeu, nos últimos três anos, vários graus de liberdade duramente conquistados desde a implantação do tripé macroeconômico (disciplina fiscal, câmbio flutuante e metas para inflação). O Brasil só conseguiu ficar de pé no estouro da crise de 2008, a mais grave desde a Grande Depressão de 1929, graças a essa liberdade, agora muito mais restrita.
O governo se mostra satisfeito com a inflação em 6% porque, no fundo, não abre mão de ter uma política fiscal expansionista, uma das razões da dificuldade de se reduzir a demanda agregada.
O Copom se reúne hoje em meio a um dos momentos de maior ambiguidade de sua história. Até a divulgação do IPCA de 2013, o sinal era o de que reduziria o ritmo de alta dos juros, à espera de novos dados econômicos. A dúvida é se, ao afirmar na sexta-feira que o índice mostrou "resistência ligeiramente acima daquela que se antecipava", o presidente do BC, Alexandre Tombini, sinalizou mudança de estratégia. Provavelmente, não.
Não há como dourar a pílula: a política anti-inflacionária brasileira tem sido um coleção de fracassos. O país tem hoje um dos maiores índices de inflação do planeta, menor apenas que o de economias com enorme grau de desorganização e isolamento, como Venezuela e Argentina, e equivalente à de emergentes, como Turquia e Índia, que, a exemplo do Brasil, usaram a desculpa da crise de 2008 para fazer experimentos heterodoxos que resultaram em malogro (combinação de baixo crescimento, carestia e déficit externo crescente).
No ano passado, a inflação de preços livres foi a maior desde 2003. Nos últimos 18 anos, esses preços só subiram mais do que em 2013 em três ocasiões: em 1996, quando o país começava a se livrar da hiperinflação; em 2002, quando enfrentou grave crise de confiança que provocou fuga de capitais e desvalorização descontrolada do real; e em maio de 2003, quando o IPCA em 12 meses superou 17%, ainda um reflexo da turbulência do ano anterior (ver gráfico).
A situação é preocupante porque é sobre os preços livres que a política monetária atua. Sobre os preços administrados ou monitorados, o Banco Central (BC) não tem o que fazer. Isso significa que a política de juros, mesmo tendo mais do que dobrado o juro real desde abril, não tem sido suficiente para conter os preços livres.
A inflação brasileira não está em torno de 6%, como mostrou o IPCA de 2013 (5,91%). Na verdade, ela gira neste momento entre 7% e 8%. A razão é simples: o governo, numa decisão que mostra o retrocesso da política econômica aos tempos em que lidava com inflação crônica, lançou mão de vários subterfúgios para impedir a correção de tarifas públicas.
No último ano, os preços administrados tiveram a menor variação - apenas 1,5% - desde 1992. A rigor, na série histórica apurada pelo Banco Central com base em dados do IBGE, não houve ano em que esses preços tenham registrado inflação inferior a 1,5%. Como vários especialistas alertaram, o refresco de curtíssimo prazo dado pelo congelamento de alguns preços administrados não mudou a inflação tendencial.
Há outras razões com que se preocupar. Quando se observa o núcleo da inflação com exclusão de alimentação no domicílio e preços administrados, a inflação de 2013 foi a 7,21%, índice bem superior à meta de 4,5% e ao limite máximo do intervalo de tolerância do regime (6,5%).
Preocupa, também, o fato de que, no ano passado, ao contrário do que ocorreu em 2010 e 2012, por exemplo, não houve choques de oferta de produtos agrícolas ou de commodities. Na prática, o único choque ocorrido foi positivo, do ponto de vista da inflação - a repressão das tarifas públicas.
A persistência da inflação real em torno de 7% a 8% faz com que os formadores de preços internalizem esse patamar, aumentando a inércia e piorando as expectativas dos agentes econômicos, o que contribui para diminuir a eficácia da política monetária.
Para quem acha a inflação atual baixa, alguns números devem ser lembrados: de 2008 a 2013, quando os governos Lula e Dilma passaram a considerar aceitável um IPCA de 6%, a inflação acumulada somou 39,67%. Isto é especialmente nefasto para a população de baixa renda e os que vivem dos programas de transferência de renda, uma vez que não têm como se proteger da forte perda do poder de compra da moeda nacional.
O drama continuará em 2014 porque, além da inércia, o próprio BC está prevendo alta dos preços administrados bem maior que a deste ano - quase o triplo. Como a inflação nos níveis atuais mostra que a taxa de juros (Selic) - hoje em 10%, a maior dentre as principais economias - é insuficiente, em tese o Comitê de Política Monetária (Copom) deveria continuar apertando as condições monetárias, algo de que se duvida hoje por causa do ano eleitoral.
Outro problema é que o IPCA nos níveis atuais retira competitividade da economia. A taxa de câmbio real se aprecia notadamente porque a inflação no mundo está muito baixa - média de 3,7% em 2013. Mesmo tendo sofrido forte desvalorização nominal nos últimos dois anos, o real segue sem gerar competitividade para empresas brasileiras. O crescente déficit em conta corrente, a mudança da política monetária americana e o diferencial de inflação parecem requerer mais câmbio para que o país ajuste as contas externas. O efeito disso será mais inflação.
O país perdeu, nos últimos três anos, vários graus de liberdade duramente conquistados desde a implantação do tripé macroeconômico (disciplina fiscal, câmbio flutuante e metas para inflação). O Brasil só conseguiu ficar de pé no estouro da crise de 2008, a mais grave desde a Grande Depressão de 1929, graças a essa liberdade, agora muito mais restrita.
O governo se mostra satisfeito com a inflação em 6% porque, no fundo, não abre mão de ter uma política fiscal expansionista, uma das razões da dificuldade de se reduzir a demanda agregada.
O Copom se reúne hoje em meio a um dos momentos de maior ambiguidade de sua história. Até a divulgação do IPCA de 2013, o sinal era o de que reduziria o ritmo de alta dos juros, à espera de novos dados econômicos. A dúvida é se, ao afirmar na sexta-feira que o índice mostrou "resistência ligeiramente acima daquela que se antecipava", o presidente do BC, Alexandre Tombini, sinalizou mudança de estratégia. Provavelmente, não.
Atores dos juros - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 15/01
O Banco Central decide hoje os juros após a inflação ter surpreendido e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, ter dito que “um grupo de atores” está criticando a política fiscal só para ter juros altos. É um ator. Augustin tem sido o epicentro dos tremores recentes que cercam os indicadores fiscais do Brasil. E, na semana passada, o Tesouro aceitou pagar 13,39% de juros ao ano em papéis de 10 anos.
A contradição entre o discurso do secretário do Tesouro e o resultado do leilão de títulos públicos na semana passada foi apontada pelo jornal “Valor Econômico”, que trouxe a longa entrevista com ele. Arno disse ao jornal que há “uma pressão sobre o governo para que tenha um determinado comportamento em juros”.
A fala teatral dele tem alguns endereços. Um é o próprio Banco Central, que hoje decide a taxa Selic. É uma forma de dizer que o BC não deve abandonar a intenção anterior de reduzir o ritmo de elevação da taxa. Seria ótimo se fosse reduzido o ritmo, mas, depois da inflação divulgada na sexta-feira, há pouco espaço para o BC pisar no freio. O outro endereço da fala do secretário é a plateia. Ela já não acredita na peça que o governo levou a cartaz recentemente: a de que o governo cumpriu a meta fiscal de 2013.
Não foi apresentado desta vez, felizmente, o espetáculo dos números mágicos de outras temporadas. O público já entendeu como os truques são feitos, com despesas, em saltos ornamentais, transformando-se em receitas; ou com dinheiro saindo da cartola através de endividamento para virar empréstimos a entes públicos que, por sua vez, antecipam dividendos. Isso tudo ficou velho.
Em 2013, o número a que o governo se propôs como meta encolheu ao longo do ano. No final, precisou de receitas extraordinárias; mas, tudo bem, são receitas e não foram gastas. O enredo da peça desta vez teve outros efeitos especiais: liberação de investimento nos últimos dias do ano para serem sacados apenas nos primeiros dias de 2014; atraso na transferência da parte que cabe aos estados das receitas extraordinárias; e, claro, não podiam faltar os restos a pagar. O debate a que o secretário do Tesouro se dispõe é sobre o tamanho deles. Com todo o elenco presente no palco, o ato final é: o número, apesar da redução da maquiagem, de novo, não é exatamente o que parece.
Há na Secretaria do Tesouro, para aflição de funcionários de carreira, um centro de ilusionismo que já não convence mais o público. A boa notícia é que, ao contrário do que acontece na Argentina, o IBGE não se dispõe a fabricar índices para a alegria do governo. O IPCA de dezembro desagradou, mas mostrou o que todos sentem: a inflação não está cedendo. Permanece resistente, como tem alertado o Banco Central.
Os malabarismos para que o índice não subisse foram muitos e foram representações de outros atores. Coube ao Tesouro ser o caixa a pagar o preço das decisões de reduzir impostos, reprimir preços, diminuir tarifas para que o grupo dos administrados chegasse ao fim do ano com uma inflação de 1,5%. Seria ótimo se fosse verdade, mas faz parte da encenação. Apesar de tudo isso, a inflação teve o pior dezembro em uma década, e o número da inflação anual continua encostado em 6%, mesmo num país que cresce tão pouco.
O Banco Central já elevou os juros e mesmo assim não conseguiu entregar o que se propôs no início do mandato: uma inflação na meta ao final de 2012. Nem com um ano de atraso isso foi atingido.
Há muitos atores nesse palco em que se encena a peça sobre números duvidosos e suas perigosas consequências. O espetáculo já deveria ter saído de cartaz.
O Banco Central decide hoje os juros após a inflação ter surpreendido e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, ter dito que “um grupo de atores” está criticando a política fiscal só para ter juros altos. É um ator. Augustin tem sido o epicentro dos tremores recentes que cercam os indicadores fiscais do Brasil. E, na semana passada, o Tesouro aceitou pagar 13,39% de juros ao ano em papéis de 10 anos.
A contradição entre o discurso do secretário do Tesouro e o resultado do leilão de títulos públicos na semana passada foi apontada pelo jornal “Valor Econômico”, que trouxe a longa entrevista com ele. Arno disse ao jornal que há “uma pressão sobre o governo para que tenha um determinado comportamento em juros”.
A fala teatral dele tem alguns endereços. Um é o próprio Banco Central, que hoje decide a taxa Selic. É uma forma de dizer que o BC não deve abandonar a intenção anterior de reduzir o ritmo de elevação da taxa. Seria ótimo se fosse reduzido o ritmo, mas, depois da inflação divulgada na sexta-feira, há pouco espaço para o BC pisar no freio. O outro endereço da fala do secretário é a plateia. Ela já não acredita na peça que o governo levou a cartaz recentemente: a de que o governo cumpriu a meta fiscal de 2013.
Não foi apresentado desta vez, felizmente, o espetáculo dos números mágicos de outras temporadas. O público já entendeu como os truques são feitos, com despesas, em saltos ornamentais, transformando-se em receitas; ou com dinheiro saindo da cartola através de endividamento para virar empréstimos a entes públicos que, por sua vez, antecipam dividendos. Isso tudo ficou velho.
Em 2013, o número a que o governo se propôs como meta encolheu ao longo do ano. No final, precisou de receitas extraordinárias; mas, tudo bem, são receitas e não foram gastas. O enredo da peça desta vez teve outros efeitos especiais: liberação de investimento nos últimos dias do ano para serem sacados apenas nos primeiros dias de 2014; atraso na transferência da parte que cabe aos estados das receitas extraordinárias; e, claro, não podiam faltar os restos a pagar. O debate a que o secretário do Tesouro se dispõe é sobre o tamanho deles. Com todo o elenco presente no palco, o ato final é: o número, apesar da redução da maquiagem, de novo, não é exatamente o que parece.
Há na Secretaria do Tesouro, para aflição de funcionários de carreira, um centro de ilusionismo que já não convence mais o público. A boa notícia é que, ao contrário do que acontece na Argentina, o IBGE não se dispõe a fabricar índices para a alegria do governo. O IPCA de dezembro desagradou, mas mostrou o que todos sentem: a inflação não está cedendo. Permanece resistente, como tem alertado o Banco Central.
Os malabarismos para que o índice não subisse foram muitos e foram representações de outros atores. Coube ao Tesouro ser o caixa a pagar o preço das decisões de reduzir impostos, reprimir preços, diminuir tarifas para que o grupo dos administrados chegasse ao fim do ano com uma inflação de 1,5%. Seria ótimo se fosse verdade, mas faz parte da encenação. Apesar de tudo isso, a inflação teve o pior dezembro em uma década, e o número da inflação anual continua encostado em 6%, mesmo num país que cresce tão pouco.
O Banco Central já elevou os juros e mesmo assim não conseguiu entregar o que se propôs no início do mandato: uma inflação na meta ao final de 2012. Nem com um ano de atraso isso foi atingido.
Há muitos atores nesse palco em que se encena a peça sobre números duvidosos e suas perigosas consequências. O espetáculo já deveria ter saído de cartaz.
TIM - ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 15/01
Se tomarmos o septênio 2007-13, em que se iniciou a grande recessão mundial, as performances das economias brasileira e mexicana diferem, mas não se pode afirmar qual é a melhor: 1) crescimento anual do PIB: Brasil 3,5% e México 2,0%; 2) inflação anual: Brasil 5,3% e México 4,3% e 3) deficit em conta-corrente: Brasil 2% e México 1%.
A situação é mais perturbadora quando olhamos as "expectativas" dos agentes econômicos no curto prazo (2014-15). Esperam um aumento médio do PIB no Brasil de 2% ao ano (estável) e de 3,6% no México (crescendo) e uma taxa de inflação média no Brasil de 5,5% e de pouco mais de 3,5% no México. Mais do que isso: a agência de rating Standard & Poor's promoveu o México em dezembro e agora sugere que poderá rebaixar o Brasil.
De onde vem tanta incerteza e pessimismo? Talvez do lado político. O México elegeu em julho de 2012 o presidente Enrique Peña Nieto, que deixou claro a que veio. Elegeremos nosso presidente em outubro de 2014. Hoje o mais provável vencedor é Dilma Rousseff. O problema é que o governo enfrenta sérias desconfianças do setor empresarial, que não se sente confortável com o excessivo ativismo gerencial manifestado até aqui. Ninguém sabe se um segundo mandato será uma aposta dobrada no que não funcionou satisfatoriamente, ou se haverá uma correção de rumo.
No México, depois de 70 anos da chamada "ditadura perfeita" do Partido Revolucionário Institucional (PRI), dez anos de democracia foram insuficientes para corrigir seus erros. O PRI voltou ao poder em 2012 pelas mãos de Peña Nieto. No dia da posse ele assinou, junto com seus principais adversários, o "Pacto do México", para aprovar no Congresso uma revolução econômica e social nas telecomunicações, na educação, energia e finanças, cuja essência é dar maior liberdade à iniciativa privada, insistir na necessidade de competição e reduzir o poder dos oligopólios construídos legalmente ao longo dos intermináveis 70 anos.
O programa tem sido muito bem-sucedido: o Congresso quebrou a castanha do retrógrado sindicato dos professores, ampliou a concorrência nas telecomunicações e estabeleceu a competição no setor de energia.
Há uma lição na experiência mexicana que deveríamos introjetar: todo oligopólio legalmente protegido, como é o nosso setor de comunicações, torna-se preguiçoso no desenvolvimento tecnológico e contenta-se em explorar o consumidor indefeso. Forçar, por exemplo, como sugerem os interessados, a venda da TIM para os atuais operadores (com mais dinheiro do governo) seria um erro trágico, pelo qual pagaríamos em alguns anos. Como se viu no México, as consequências vêm sempre depois...
Se tomarmos o septênio 2007-13, em que se iniciou a grande recessão mundial, as performances das economias brasileira e mexicana diferem, mas não se pode afirmar qual é a melhor: 1) crescimento anual do PIB: Brasil 3,5% e México 2,0%; 2) inflação anual: Brasil 5,3% e México 4,3% e 3) deficit em conta-corrente: Brasil 2% e México 1%.
A situação é mais perturbadora quando olhamos as "expectativas" dos agentes econômicos no curto prazo (2014-15). Esperam um aumento médio do PIB no Brasil de 2% ao ano (estável) e de 3,6% no México (crescendo) e uma taxa de inflação média no Brasil de 5,5% e de pouco mais de 3,5% no México. Mais do que isso: a agência de rating Standard & Poor's promoveu o México em dezembro e agora sugere que poderá rebaixar o Brasil.
De onde vem tanta incerteza e pessimismo? Talvez do lado político. O México elegeu em julho de 2012 o presidente Enrique Peña Nieto, que deixou claro a que veio. Elegeremos nosso presidente em outubro de 2014. Hoje o mais provável vencedor é Dilma Rousseff. O problema é que o governo enfrenta sérias desconfianças do setor empresarial, que não se sente confortável com o excessivo ativismo gerencial manifestado até aqui. Ninguém sabe se um segundo mandato será uma aposta dobrada no que não funcionou satisfatoriamente, ou se haverá uma correção de rumo.
No México, depois de 70 anos da chamada "ditadura perfeita" do Partido Revolucionário Institucional (PRI), dez anos de democracia foram insuficientes para corrigir seus erros. O PRI voltou ao poder em 2012 pelas mãos de Peña Nieto. No dia da posse ele assinou, junto com seus principais adversários, o "Pacto do México", para aprovar no Congresso uma revolução econômica e social nas telecomunicações, na educação, energia e finanças, cuja essência é dar maior liberdade à iniciativa privada, insistir na necessidade de competição e reduzir o poder dos oligopólios construídos legalmente ao longo dos intermináveis 70 anos.
O programa tem sido muito bem-sucedido: o Congresso quebrou a castanha do retrógrado sindicato dos professores, ampliou a concorrência nas telecomunicações e estabeleceu a competição no setor de energia.
Há uma lição na experiência mexicana que deveríamos introjetar: todo oligopólio legalmente protegido, como é o nosso setor de comunicações, torna-se preguiçoso no desenvolvimento tecnológico e contenta-se em explorar o consumidor indefeso. Forçar, por exemplo, como sugerem os interessados, a venda da TIM para os atuais operadores (com mais dinheiro do governo) seria um erro trágico, pelo qual pagaríamos em alguns anos. Como se viu no México, as consequências vêm sempre depois...
México - mudanças em curso - ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA
O Estado de S.Paulo - 15/01
Entre as muitas razões que alteraram as expectativas dos investidores em relação ao Brasil, há, certamente, uma explicação bastante plausível que vem de fora: a virada que tem experimentado o México sob a administração do presidente Enrique Peña Nieto. Alguém poderia perguntar se o fato de o México estar passando por sensíveis modificações na área política e econômico-financeira justificaria uma mudança de foco. Por que razão investidores estrangeiros não poderiam manter os dois maiores países da América Latina em sua lista prioritária de investimentos?
Vale a pena lembrar que, malgrado esforços para demonstrá-lo, não é apropriado colocar no mesmo balaio toda a chamada América Latina. Essa distorção ocorre há décadas. Sim, temos algumas características em comum de natureza geográfica que nos associam, mas há também e cada vez mais enormes fatores que nos distanciam, seja em termos de políticas adotadas ou na gestão prática da economia. Sem falar na língua: nós os entendemos, eles quase nunca!
De qualquer forma, sempre existiu, na visão dos investidores, uma comparação do desenvolvimento dos dois maiores países da região. As crises que nos atingiram em diferentes momentos sempre foram vistas de fora com a mesma abordagem analítica, e alternarmos os bons e maus momentos. No entanto, há que reconhecer que no momento os ventos sopram mais favoráveis para o norte da região!
Começaria mais uma vez a relembrar que a economia do México tem forte dependência da dos EUA. E como os americanos estão em processo de recuperação, isso será benéfico para os mexicanos. Sem falar na revolução energética com a queda dos preços. A perda de competitividade da economia mexicana para a chinesa, que deslocou algumas "maquiadoras" para o país asiático, tem mostrado reversão. Não só pela maior competitividade do seu programa econômico, como pelo aumento dos custos relativos na produção chinesa, cujos salários já não são os do passado. O sério problema do narcotráfico nem de longe está resolvido, mas, pelo visto, não afeta o ânimo dos investidores.
No que toca a acordos internacionais, em que lidera com o Chile o número de associações de livre-comércio, o México conta com uma rede de dez desses tratados com 45 países, 30 Acordos para a Promoção e Proteção Recíproca dos Investimentos e 9 de alcance limitado - Acordos de Complementação Econômica e Acordos de Alcance Parcial - no marco da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Na região tivemos sucessivamente a formação da Aliança do Pacífico e sua rápida implementação. Com o México juntando-se ao próprio Chile, e com a presença da Colômbia e do Peru, a Aliança do Pacífico seguramente consolida forte presença no comércio regional internacional, pela expressão desses países no cenário mundial e também por maiores afinidades na gestão de suas políticas econômicas. O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), que está completando 20 anos, poderá até ser expandido, induzindo outros países da região, apesar de seus resultados não serem o que se projetava.
Analisando o governo de Peña Nieto, que marcou a volta do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao poder, temos realizações importantes a destacar. Em primeiro lugar, um pacto político com diferentes partidos, principalmente o Partido da Ação Nacional (PAN), para tornar viável um programa de reformas. Algumas já se tornaram realidade após sua passagem e aprovação pelo Congresso, entre elas a reforma educacional, iniciada no governo anterior, de Felipe Calderón, e agora finalizada pela atual administração. E foi quebrado o poder dos sindicatos, um dos grandes obstáculos ao sistema de educação.
Não menos importante foi levar adiante a reforma energética, centrada em dois pilares básicos: a Comissão Federal de Eletricidade e a flexibilização do monopólio do petróleo - um tabu! -, que se manteve por muitos anos nas mãos da Pemex e era assunto intocável. O que vem ocorrendo no mundo, com sensíveis modificações no campo dos combustíveis fósseis, deve ter pesado. Apesar da difícil votação no Congresso, a realidade obrigou os mexicanos a fazer mudanças para explorarem o seu potencial petrolífero. O Atlantic Council, de Washington, comentando a reforma no setor de energia, concluiu que o México se posicionou para se tornar um grande ator no mercado global, como transparente e competitivo supridor de petróleo.
As projeções apresentadas indicam que até 2025 o México terá um crescimento anual de 2% do PIB, com estimativa de acréscimo de 2,5 milhões de empregos, baixo custo de energia e aumento de recursos para programas sociais, infraestrutura e educação. Apesar do crescimento mexicano, que neste ano mostrará também um pibinho, olhando a médio longo prazos sua posição competitiva na região tende a ampliar-se. E se aqui, no sul, não nos apressarmos, certamente os mexicanos consagrarão uma liderança regional.
Às vésperas de uma eleição presidencial e com nossos eleitores, em que pese o apoio à presidente, querendo mudanças, devemos analisar de perto o que acontece ao norte e tirar as lições cabíveis. Precisamos continuar a fazer reformas!
Ao final, em nota irônica, o governo do México mostra preocupação que o Brasil esteja exportando seu "know-how" em demonstrações de rua. Os mexicanos, às voltas com aumentos nas tarifas de transportes públicos, teriam recebido assessoria e "contribuições" do Movimento Passe Livre, que foi talvez o grande deflagrador das manifestações, principalmente em junho/julho, no País. Mas não me parece ser um segmento em que deveríamos exportar conhecimento.
Entre as muitas razões que alteraram as expectativas dos investidores em relação ao Brasil, há, certamente, uma explicação bastante plausível que vem de fora: a virada que tem experimentado o México sob a administração do presidente Enrique Peña Nieto. Alguém poderia perguntar se o fato de o México estar passando por sensíveis modificações na área política e econômico-financeira justificaria uma mudança de foco. Por que razão investidores estrangeiros não poderiam manter os dois maiores países da América Latina em sua lista prioritária de investimentos?
Vale a pena lembrar que, malgrado esforços para demonstrá-lo, não é apropriado colocar no mesmo balaio toda a chamada América Latina. Essa distorção ocorre há décadas. Sim, temos algumas características em comum de natureza geográfica que nos associam, mas há também e cada vez mais enormes fatores que nos distanciam, seja em termos de políticas adotadas ou na gestão prática da economia. Sem falar na língua: nós os entendemos, eles quase nunca!
De qualquer forma, sempre existiu, na visão dos investidores, uma comparação do desenvolvimento dos dois maiores países da região. As crises que nos atingiram em diferentes momentos sempre foram vistas de fora com a mesma abordagem analítica, e alternarmos os bons e maus momentos. No entanto, há que reconhecer que no momento os ventos sopram mais favoráveis para o norte da região!
Começaria mais uma vez a relembrar que a economia do México tem forte dependência da dos EUA. E como os americanos estão em processo de recuperação, isso será benéfico para os mexicanos. Sem falar na revolução energética com a queda dos preços. A perda de competitividade da economia mexicana para a chinesa, que deslocou algumas "maquiadoras" para o país asiático, tem mostrado reversão. Não só pela maior competitividade do seu programa econômico, como pelo aumento dos custos relativos na produção chinesa, cujos salários já não são os do passado. O sério problema do narcotráfico nem de longe está resolvido, mas, pelo visto, não afeta o ânimo dos investidores.
No que toca a acordos internacionais, em que lidera com o Chile o número de associações de livre-comércio, o México conta com uma rede de dez desses tratados com 45 países, 30 Acordos para a Promoção e Proteção Recíproca dos Investimentos e 9 de alcance limitado - Acordos de Complementação Econômica e Acordos de Alcance Parcial - no marco da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Na região tivemos sucessivamente a formação da Aliança do Pacífico e sua rápida implementação. Com o México juntando-se ao próprio Chile, e com a presença da Colômbia e do Peru, a Aliança do Pacífico seguramente consolida forte presença no comércio regional internacional, pela expressão desses países no cenário mundial e também por maiores afinidades na gestão de suas políticas econômicas. O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), que está completando 20 anos, poderá até ser expandido, induzindo outros países da região, apesar de seus resultados não serem o que se projetava.
Analisando o governo de Peña Nieto, que marcou a volta do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao poder, temos realizações importantes a destacar. Em primeiro lugar, um pacto político com diferentes partidos, principalmente o Partido da Ação Nacional (PAN), para tornar viável um programa de reformas. Algumas já se tornaram realidade após sua passagem e aprovação pelo Congresso, entre elas a reforma educacional, iniciada no governo anterior, de Felipe Calderón, e agora finalizada pela atual administração. E foi quebrado o poder dos sindicatos, um dos grandes obstáculos ao sistema de educação.
Não menos importante foi levar adiante a reforma energética, centrada em dois pilares básicos: a Comissão Federal de Eletricidade e a flexibilização do monopólio do petróleo - um tabu! -, que se manteve por muitos anos nas mãos da Pemex e era assunto intocável. O que vem ocorrendo no mundo, com sensíveis modificações no campo dos combustíveis fósseis, deve ter pesado. Apesar da difícil votação no Congresso, a realidade obrigou os mexicanos a fazer mudanças para explorarem o seu potencial petrolífero. O Atlantic Council, de Washington, comentando a reforma no setor de energia, concluiu que o México se posicionou para se tornar um grande ator no mercado global, como transparente e competitivo supridor de petróleo.
As projeções apresentadas indicam que até 2025 o México terá um crescimento anual de 2% do PIB, com estimativa de acréscimo de 2,5 milhões de empregos, baixo custo de energia e aumento de recursos para programas sociais, infraestrutura e educação. Apesar do crescimento mexicano, que neste ano mostrará também um pibinho, olhando a médio longo prazos sua posição competitiva na região tende a ampliar-se. E se aqui, no sul, não nos apressarmos, certamente os mexicanos consagrarão uma liderança regional.
Às vésperas de uma eleição presidencial e com nossos eleitores, em que pese o apoio à presidente, querendo mudanças, devemos analisar de perto o que acontece ao norte e tirar as lições cabíveis. Precisamos continuar a fazer reformas!
Ao final, em nota irônica, o governo do México mostra preocupação que o Brasil esteja exportando seu "know-how" em demonstrações de rua. Os mexicanos, às voltas com aumentos nas tarifas de transportes públicos, teriam recebido assessoria e "contribuições" do Movimento Passe Livre, que foi talvez o grande deflagrador das manifestações, principalmente em junho/julho, no País. Mas não me parece ser um segmento em que deveríamos exportar conhecimento.
2013: o ano que não terminou - MATHEUS MILLER
CORREIO BRAZILIENSE - 15/01
Sétima maior economia do planeta, o Brasil possui também 7,3 mil quilômetros de litoral que favorecem a troca de bens com outras nações, 95 milhões de brasileiros ativos economicamente e 16 milhões de empresas, que, juntas, faturaram em 2012 mais de R$ 7 trilhões. No entanto, inicia 2014 com a menor expectativa de crescimento econômico dos últimos tempos: em torno de 2%. Esses dados discrepantes entre si exigem refletir sobre que razões estariam por trás dessa baixa performance.
O ano de 2013 ficou marcado pelo anúncio de grandes planos estruturais e desacertos recorrentes na política econômica. Antigos problemas, como administração deficiente das contas públicas, excesso de burocracia, baixa produtividade da indústria, alta carga tributária e infraestrutura ineficiente saltaram ainda mais aos nossos olhos.
Além disso, o Brasil estacionou em suas relações comerciais, desligou-se das cadeias de comércio mundial e se tornou um país com baixo dinamismo exportador e produtos manufaturados defasados. Desde 2005, as exportações desses produtos para a Europa cresceram apenas 2% ao ano, bem abaixo do avanço do comércio global.
A má condução da coisa pública teve ainda fortes rebatimentos na atividade portuária brasileira em 2013 e promete deixar marcas que deverão se prolongar pelas próximas décadas. Acusados de responsáveis pelos problemas que na verdade competem a outros segmentos e que resultaram da inoperância do poder público, os portos assistiram à revogação de seu marco regulatório.
Estabelecida em 1993, essa regulação possibilitou a expansão do setor, com a abertura de livre concorrência para a prestação de serviços e a permanência de grandes investimentos privados em infraestrutura, tecnologias, equipamentos, treinamento de pessoal e gestão de processos. Até que foi promulgada a Lei nº 12.815, em junho de 2013, após conflituoso processo de discussão, no Congresso Nacional, de uma medida provisória que não convenceu nem a base aliada do governo.
Ela incluiu novos ingredientes à receita anterior, impondo aos portos públicos brasileiros significativo aumento de custos na movimentação de cargas e pressionando os investimentos já realizados, no sentido contrário à alardeada redução do custo Brasil. Com o foco na concentração de poder em detrimento das realidades locais, a nova política para o setor causou insegurança entre as empresas interessadas e no próprio poder público, a exemplo do Tribunal de Contas da União.
Ao lado disso, os gargalos na infraestrutura de armazenamento das supersafras agrícolas e no transporte rodoferro-hidroviário continuam a comprometer a eficiência da cadeia logística de distribuição - da qual os portos são apenas um dos elementos de ligação - e a impactar negativamente o valor internacional desses produtos.
O que o Brasil precisa é de ações pragmáticas e compatíveis com a sua condição de grande economia global. Primeiramente, as reformas estruturais, de maneira a diminuir os obstáculos ao crescimento nacional relativos à competitividade no mercado internacional. Há que se adotar políticas públicas claras, reduzindo-se ao mesmo tempo a intervenção do Estado nos setores privados.
O comércio exterior brasileiro carece da atenção de todas as instâncias públicas e privadas interessadas no seu avanço, como também da redução da burocracia nas transações comerciais. Alavancar o comércio exterior exige concretizar recursos privados para resolver a escassa infraestrutura logística de armazenagem, transporte e escoamento da produção.
Dentro dessa matriz logística, os portos carecem de regras precisas e estáveis que garantam a segurança dos investimentos realizados e futuros, bem como a manutenção da competição livre e transparente entre as empresas portuárias existentes e futuras. Regras essas que sirvam de estímulo efetivo à maior eficiência na operação de cargas, respeitando, contudo, o seu dinamismo, calcado na economia de escala, a exemplo dos grandes portos do mundo. Regras, por fim, para modernizar tanto as relações trabalhistas, não permitindo o monopólio de mão de obra, quanto para uniformizar os procedimentos das autoridades intervenientes.
Às vésperas de um ano que será pautado pelas eleições presidenciais e pela Copa do Mundo, crescem os desafios a serem enfrentados conjuntamente pelos poderes públicos, pelo capital privado e pelos trabalhadores brasileiros, para que o país retome o caminho do crescimento.
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