FOLHA DE SP - 15/01
SÃO PAULO - Se o governo Dilma não tivesse atuado para "administrar" a inflação, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teria fechado 2013 em mais de 7% --bem acima dos 5,9% registrados oficialmente e da margem de tolerância da meta de inflação (6,5%).
A estimativa expurga a redução forçada da energia elétrica, o congelamento das tarifas de ônibus e a defasagem do preço da gasolina em relação ao mercado externo, que tanto castiga a Petrobras.
Cálculos como esse pipocam nas consultorias e nos departamentos econômicos dos bancos do país. O objetivo dos técnicos é tirar os efeitos da contenção dos preços administrados, da contabilidade criativa nas contas públicas ou até de registros atípicos da balança comercial.
Na área fiscal, na qual está o principal problema, os repórteres se empenham para desvendar qual é a manobra da vez do governo, que inevitavelmente aparece.
A lista do que já foi feito é longa: gordos dividendos das estatais, triangulação de receitas entre os órgãos públicos, mudanças nas regras que estabelecem a própria meta fiscal e, agora, postergação de pagamentos a fornecedores, Estados e municípios.
O problema é que vai se criando um clima de desconfiança no país em relação aos indicadores econômicos. Felizmente ainda estamos longe da Argentina, que partiu para a pura e simples falsificação dos números.
Mas é uma estrada tortuosa, porque os indicadores são vitais para o planejamento das empresas e do próprio governo. Já é visível no país o desânimo para investir e esse pode ser um dos motivos.
O que mais assusta é que o governo acredita nos números que "fabrica". Se ignoram os sintomas e insistem que somos um país com inflação controlada, contas públicas em ordem e balança superavitária, como acertar o diagnóstico e o remédio?
Quando o paciente está com febre, não adianta quebrar o termômetro.
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