FOLHA DE SP - 15/01
BRASÍLIA - À primeira vista, parece aquela reprise de filme ruim que intercepta irresistivelmente sua ida para a cama. Falo do "rolezinho".
Em junho de 2013, vimos também um movimento ganhar corpo e ser alimentado pela reação assustadiça do poder público e da mídia, só para degenerar em oportunismos e na anarquia manipulável dos "black blocs". Há diferenças, a começar pela escala indefinida hoje. A surpresa no ar pode ser mero exagero.
Mas o "rolezinho" não é, como querem os profetas progressistas da Vila Madalena (ou do Leblon, ou de setores do governo), a expressão máxima do oprimido. É uma molecagem que, com boa vontade, poderia ser vista como saudável na origem, mas está fadada a se perder.
É batata. A "Kulturkampf" de rede social instalada no país, alimentada pela prática de poder do PT e pela "intelectualidade" à esquerda, sempre transforma qualquer incidente em episódio épico de uma luta de classes na qual só há um lado certo.
É óbvio que a liminar instalando triagem social e a truculência de PMs são atos complementares de reatividade estúpida ao fenômeno. Repressão desmedida gera radicalização.
Mas também é líquido que shoppings são opções quase únicas de espaço aberto nas nossas cidades. Você gostaria de encarar com seu filho grupos desenfreados num corredor estreito? É inseguro, e nem falo da inevitável infiltração que o fenômeno terá de bandidos espertalhões.
Multidão é multidão, seja na área VIP de boate, em estádio de futebol ou no "rolezinho". É preciso regras de convivência para todos.
O embate do "rolezinho" pode servir de denúncia social, mas só se for da falência civilizacional do Brasil. O fato de a rua ter sido substituída pelo shopping, numa medíocre parceria público-privada para vender segurança ilusória, é sintoma disso.
Ao menos é democrático. Garotada, donos de shopping, PMs, ricos e pobres: estão todos errados.
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