domingo, abril 17, 2011

WALCYR CARRASCO - Quanto exagero!



Quanto exagero!

WALCYR CARRASCO
REVISTA VEJA -  SP






Certa vez participei da seleção de meninas para uma novela infantil. Havia uma fila que dobrava o quarteirão, formada unicamente por mães e filhas, estas entre 5 e 12 anos de idade. A maioria esmagadora vestia-se com saias curtíssimas, tops, botinhas ou sandálias. Figurino que se esperaria num show de vedetes. O teste incluía um número de dança e canto. Surpreso, assisti às garotinhas rebolando e cantando músicas com insinuações maliciosas. E nós, que estávamos procurando uma personagem romântica, não sabíamos como escolher. Eu pensava: que mães são essas que trazem suas meninas vestidas desse jeito? Cantando e dançando assim? Fiquei bastante chocado na época.

Acho normal que meninas queiram imitar as mães. Já vi garotinhas se equilibrando em cima de sapatos de salto, com o rosto borrado de batom, após atacar o armário e a penteadeira maternos. Meninos também gostam de se vestir como os pais. Eu mesmo, quando criança, me senti orgulhosíssimo quando ganhei meu primeiro terninho com gravata. Um adulto!


Mas eu não consigo entender os pais de hoje em dia. Compram ovos de Páscoa, coelhinhos de chocolate e falam das belezas da infância. Já soube de pais revoltados com escolas por terem adotado livros com um mínimo de ousadia. ONGs tratam de defender as crianças da exposição a temas violentos ou eróticos nos meios de comunicação. Mas não conheço nenhuma que critique a moda infantil. Mais que isso: os pais parecem gostar dela.

E os valores do universo adulto se refletem no jeito de vestir dos filhos.

As grifes se tornaram um pretexto para o bullying. Nas escolas frequentadas pelos filhos dos muito ricos, há uma competição para ver quem tem o melhor relógio, tênis e camiseta. Ou, no caso das meninas, também bolsa, maquiagem e joia. Os um pouquinho menos ricos são desprezados por não possuir este ou aquele objeto de consumo. Sempre aconselho a amigos que vão escolher escolas para seus pimpolhos:

— Não pense apenas na que tem o melhor padrão de ensino, mas na que lida bem com as diferenças sociais.

Já vi certa mãe desfilando com sua menina vestida de negro e a boca vermelhíssima.

— É fashion! — explicou.

Alguma criança fica à vontade num vestido? Tudo bem que se queira causar estranheza. Mas à custa da filha? Nem que fosse a família do conde Drácula!

Assisto admirado à crescente “adultização” da moda infantil. E, em consequência, sua sensualização. Li, recentemente, sobre a venda de sutiãs com enchimento para meninas com menos de 10 anos de idade. Podem me chamar de antiquado, mas o que há na cabeça das mães que vestem suas meninas assim?

Em geral, quando se toca no tema, a resposta é genérica.

— É culpa da moda! — disse uma amiga.

Como se a moda fosse uma entidade à parte, à qual devêssemos obediência absoluta. Mas a moda somos nós. Ninguém produziria essas peças se não houvesse quem as comprasse.

Ainda acredito que cada fase da vida deve ser vivida em seu esplendor. A infância é um momento de formação. De descoberta e construção de valores para a vida. Sei que os pais agem de maneira inocente. A não ser em casos muito raros, não há intenção malévola. Mas o que esperar dessas crianças que desde cedo são levadas a exercer a sensualidade? E a que riscos estão expostas?

Às vezes, acho que deveria haver uma escola para pais.

MANOEL CARLOS - Resíduos


Resíduos

MANOEL CARLOS
REVISTA VEJA- RIO

Não sei se vocês gostam de café com leite. Eu amo de paixão. Para mim está acima de qualquer bebida na transmissão de calor, afeto familiar, aconchego. Café com leite lembra lanches de domingo, pais e filhos em volta da mesa, a avó cochilando na cadeira de balanço, crianças correndo no quintal, sino de igreja chamando para a missa, matinês, namoro entre primos... e a morte ainda longe, sem levantar suspeita alguma. Café com leite lembra felicidade e ausência de dor e sofrimento. E se tiver como acompanhamento pão quentinho com manteiga, num tempo sem margarina e adoçantes... bem, aí o casamento será perfeito.
Acreditem: quando estou de mal comigo e com tudo o que me cerca, desgostoso com o meu próprio viver, que isso às vezes acontece; num daqueles dias em que levantamos com o pé esquerdo ou dormimos descobertos, é com uma boa xícara de café com leite que eu me reconcilio com a vida. Prazer tão banal e simplório eu herdei da minha mãe, que ficava junto à porta da cozinha, olhando o céu azul, a caneca, fumegante, agasalhada pelas duas mãos em concha.
Vocês poderão achar que isso é uma bobagem e que não vale uma crônica na revista, já que muitas pessoas têm esse mesmo gosto, independentemente de qualquer inspiração familiar, mas comigo a sensação causa um pequeno arrepio, misto de prazer e de temor, sempre que estou com uma caneca de café com leite na mão. Sinto a presença da minha mãe, viva. Mas não só aí eu me reporto a ela e me vejo sob sua influência direta. Não. Existe um exemplo mais explícito e intrigante. É na caligrafia. Entendam como isso é curioso e possivelmente raro. A primeira vez que notei certa semelhança entre as nossas letras foi ao escrever um bilhete para a empregada, que eu deixei pregado à geladeira. Não valorizei muito o achado, guardando para mim aquela sensação de prazer e temor que se repetia. Teria ficado nisso e talvez nunca mais reaparecesse, mas... pouco tempo depois, um poema que eu escrevera a mão caiu sob os olhos da minha irmã Elza. E ela me disse de imediato:
— Você imitou a caligrafia da mamãe! Igualzinha!
— Mas eu não imitei — protestei com sinceridade. — Juro!
— Ah, meu irmão, acha que eu não conheço a sua letra?
Depois, sozinho, procurei uma carta escrita pela nossa mãe, do tempo em que eu estava no internato, guardada por mim como um tesouro. Comparei então as duas caligrafias e vi que minha irmã tinha razão. Eram muito parecidas, talvez mesmo idênticas. E aí, com uma folha de papel em cada mão, passando os olhos de uma para a outra, sucessivamente, senti novamente a estranha sensação das duas vezes anteriores, como se eu estivesse invadindo uma sombra, cruzando uma porta secreta, penetrando numa área de mistério. Como explicar a mudança na minha letra, a essa altura da minha vida?
De tudo ficou um pouco.
Do meu medo, do teu asco.
Dos gritos gagos.
Da rosa ficou um pouco.
São versos que abrem o poema Resíduo, de Carlos Drummond de Andrade, nosso poeta maior. E, entre todos os versos perfeitos, um se destaca, para mim, como mais que perfeito, inclusive pelo seu ritmo, sua musicalidade:
Fica um pouco de teu queixo
No queixo de tua filha.
São resíduos que deixamos para os nossos filhos, que herdamos dos nossos pais. E o passar do tempo vai nos dando uma visão mais clara do que nos transmitem e do que transmitimos. Pode ser um traço físico, como também um hábito ou uma preferência, como gostar de café com leite. Pode ser também uma caligrafia que até então não me pertencia e que era propriedade da minha mãe. Mas que eu, quem sabe, psicografei.
Por que não?

GUILHERME FIUZA - Reforma política, a mãe de todas as embromações


Reforma política, a mãe de todas as embromações
GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA
é jornalista. Publicou os livros Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme, 3.000 dias no bunker e Amazônia, 20º andar. Escreve quinzenalmente em ÉPOCA gfiuza@edglobo.com.br

Após a eleição de Dilma, a imprensa se debruçou sobre o gabinete de transição. A curiosidade era grande para saber quais eram os projetos do novo governo. Foram mais de dois meses de assédio em vão. Ninguém conseguia descobrir nada. Às vésperas da posse, surgiram rumores de que a equipe de Dilma estava trabalhando num projeto de reforma política. Informação preocupante. Como se sabe, o assunto reforma política é uma velha senha para a falta de assunto. Mas o que estava por vir era ainda pior do que isso.

O novo governo começou e, confirmando todas as expectativas do período de transição, não tinha projeto nenhum. Foram 100 dias de partilha de cargos, debates sobre salário mínimo, cortes de gastos imaginários, comemorações do Dia da Mulher e aumento das despesas com cartões corporativos, que ninguém é de ferro. Aí veio a notícia da aprovação de 73% para a "presidenta" - um formidável reconhecimento por tudo o que ela não fez: não abraçou Ahmadinejad, não tirou foto com Fidel, não piscou o olho para o companheiro Khadafi, não fez metáforas futebolísticas.

À sombra desse governo sossegado, com sua simpática cara de feriado, tinha de surgir ela, a mãe de todas as embromações: a reforma política.

Sua última grande aparição tinha acontecido após o escândalo do mensalão. No que Lula declarou que caixa dois era uma coisa normal no Brasil, entraram em cena os pensadores providenciais. Sua tese era enxergar o governo petista como vítima de um sistema que o induzia à corrupção. E a reforma política resolveria tudo, até dinheiro na cueca. Com ela, talvez Marcos Valério se transformasse num Dalai-Lama (lama no bom sentido). Como sempre, a discussão não deu em nada. Mas foi muito útil, especialmente para a turma do valerioduto.

A nova aparição da reforma política, em plena tarde dominical do governo Dilma, promete aumentar a dose da monotonia geral. Mas desta vez há novidades. A primeira é que o projeto nasce no Senado, apadrinhado por José Sarney, o imortal. E aí deve-se reconhecer um grande projeto de Dilma: reeleger Sarney presidente do Senado, mesmo depois de flagrado fazendo tráfico de influência - projeto concluído com pleno êxito. Tinha de vir pela lavra fecunda do senador imortal o novo grito de moralização da classe política. E essa versão do projeto veio caprichada.

Dentre os pontos já aprovados pela Comissão de Reforma Política está o financiamento público de campanhas. É um princípio genial: o contribuinte vai dar mais dinheiro aos partidos, para que eles não tenham de recorrer a doações privadas e o poder econômico não decida as eleições. É realmente muito mais civilizado passar o dinheiro privado todo para o caixa dois. Ou pelo menos mais discreto - e mais lucrativo.
O novo projeto de reforma política propõe as piores medidas. Será gostoso vê-la não dar em nada

Outra maravilha já aprovada na Comissão é o voto em lista fechada. Você não votará mais no deputado de sua preferência. Votará no deputado da preferência do José Dirceu, do Roberto Jefferson ou de seus sucessores na chefia dos partidos. Chega de intermediários.

O novo projeto de reforma política institui também o "cotão" para mulheres. Metade dos candidatos a deputados e vereadores terá de ser do sexo feminino. Essa forma natural e espontânea de afirmação feminista produzirá grandes avanços, notadamente na fabricação de candidatas laranjas, como as que fizeram história no partido do Enéas.

Também já foi aprovado pela Comissão do Senado o fim da reeleição. De fato, isto é urgente. Era muito mais emocionante no tempo em que os governantes, quando suas políticas começavam a dar resultado, tinham de dar lugar a outro - que jogava tudo fora e reinventava todas as rodas, agora com a sua assinatura.

Com tanta coisa por consertar no Brasil, realmente só faz sentido discutir reforma política desse jeito: propondo as piores medidas. Pelo menos será gostoso vê-la não dar em nada.

TUTTY VASQUES - Cheirinho de greve no ar


Cheirinho de greve no ar
TUTTY VASQUES

O ESTADO DE SÃO PAULO - 17/04/11

O conceito de "notícia enguiçada", como ensinam as escolas de jornalismo, tem nas greves da USP um exemplo pedagógico: o movimento é sazonal, sua motivação é variada - e nem sempre bem explicada -, ninguém se entende nas negociações e, de um ano para outro, os erros se repetem sem tirar nem pôr. A falta de higiene e de zelo pelo bem público imperam, nenhuma das partes sai bem do impasse e, quando menos se espera, a crise na universidade volta ao mesmo ponto de partida no noticiário.
A educação quase nunca é tema de debate. Essa semana, por exemplo, os alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas resolveram apoiar a greve do pessoal terceirizado da limpeza chutando latas de lixo e espalhando papel higiênico usado pelos corredores do campus. O fedor suspendeu as aulas e invadiu a reitoria, que seria de qualquer forma desativada no dia seguinte, depois que 40 de seus funcionários decidiram em assembleia bloquear os acessos ao ambiente malcheiroso para abrir nova frente de protesto, contra a transferência temporária de servidores por causa da reforma da Cidade Universitária.
Seguindo o script de anos anteriores, nas próximas semanas a imundície e a truculência recíproca devem ser a tônica da falta de diálogo entre a administração pública incapaz e a desorganização coletiva de alunos e funcionários. Não me perguntem por que, mas quanto mais sujo e revirado tudo estiver quando a polícia chegar, melhor! Depois tem a gritaria de praxe, a "greve da greve" e, enfim, as férias de julho devem nos poupar por um tempo do esforço de tentar entender pela leitura dos jornais que diabos está acontecendo na maior universidade pública do País.
Um dia, espera-se, a civilidade do chão de fábrica chegará à mesa de negociações do mundo acadêmico. Até lá, a galera podia ao menos tentar fazer um movimento mais limpinho, né não?

Juiz é humano
O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, fica "perplexo" com essa ideia maluca de querer fixar horário de funcionamento dos tribunais brasileiros para atendimento ao público. Todo mundo sabe que sentimento é esse quando acorda cedo segunda-feira pra trabalhar. Devia ser proibido!

Humala-lá!
Tudo está saindo rigorosamente conforme o previsto na estratégia de marketing político para transformar o presidenciável Ollanta Humala numa espécie de Lula do Peru: nas redes sociais, parte do eleitorado já chama abertamente o candidato de "analfabeto". Ou seja, já ganhou!

Fenômeno colateral
Cardiologistas de Cristina Kirchner estão preocupados! A pressão da presidente baixa toda vez que sua popularidade sobe. Na terça-feira, ela precisou cancelar todos os compromissos de sua agenda para se tratar.

Autofagia
O novo papel da oposição pregado por FHC quase acaba com ela. Ninguém no PSDB, no DEM e no PPS se entende sobre o que o ex-presidente quis dizer exatamente.

Eu, hein!
A Duloren está iniciando campanha de lingerie em defesa do direito das mulheres ao orgasmo. Como se elas precisassem de calcinha pra isso.

Conhecimentos gerais
A onda de protestos que cobre parte da África deixa para o resto do mundo o legado de uma aula de geografia no noticiário. Até dia desses, muita gente boa nem sabia da existência de uma monarquia absolutista chamada Suazilândia.

Ô, raça!
O brasileiro reclama de barriga cheia de sua Câmara dos Deputados. A da Itália acaba de aprovar lei que pode livrar Silvio Berlusconi de metade dos escândalos em julgamento envolvendo o nome do primeiro-ministro.

Ideia fixa
Depois do implante de topete, Eike Batista está deixando a barba crescer. É projeto do bilionário ter mais pelos que o Tony Ramos. 

PAULO GUEDES - Um governo maneta e duas lebres fujonas


Um governo maneta e duas lebres fujonas
PAULO GUEDES
REVISTA ÉPOCA
O que acontece se você estiver encarregado de tomar conta de duas tartarugas ao mesmo tempo? Elas são bem-comportadas e movem-se lentamente. Dificilmente escaparão de sua guarda. Com duas lebres, a coisa é bastante diferente. Para ter alguma chance de não deixá-las escapar, precisaríamos de pelo menos duas pessoas bem ágeis. Precisaríamos de três pessoas para guardar três lebres, e assim por diante. Esse é o princípio de Tinbergen, aplicável aos instrumentos de política econômica.

Precisamos de tantos instrumentos quantos sejam os objetivos a alcançar. Se o governo tem apenas um instrumento - a política de juros do Banco Central - para perseguir dois objetivos, como conter a inflação e incentivar a geração de empregos, precisa que eles se comportem muito bem, como as tartarugas. Mas, se a inflação corre morro acima, como agora, a política de juros tem de escolher uma lebre para ir atrás. Não atingirá os dois objetivos simultaneamente.

O exemplo ilustra a encruzilhada em que se encontram muitos bancos centrais. As pressões de custos de alimentos, energia e matérias-primas estão em todos os cantos do planeta. Começam a ser repassadas ao longo da cadeia produtiva, mesmo com vendas em queda. Mais inflação e menos crescimento tornaram-se um fenômeno global. As maiores altas de preços registradas nos índices dos produtores forçam em seguida as altas nos índices dos consumidores.

Na economia americana, a taxa de desemprego já estava elevada, pois ainda fumegavam os estragos da Grande Recessão de 2008-2009. Mesmo com a economia enfraquecida, as expectativas de inflação estão subindo lentamente. O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, caça ainda sem êxito a lebre do emprego, quando ameaça disparar a lebre da inflação. O Banco Central da Inglaterra já fez sua escolha difícil e começou a correr atrás da criação de empregos. Assim como o Fed, insiste na manutenção de juros muito baixos por um período longo demais. Os anglo-saxões se arriscam a deixar escapar o coelho da inflação.

O Banco Central Europeu deixou clara sua preferência pelo controle da inflação. Iniciou o processo de elevação das taxas de juros, de olho no forte ritmo de atividade da economia alemã. A Alemanha exibe sua menor taxa de desemprego em duas décadas e ignora o sofrimento da Europa mediterrânea.
O BC, sozinho, não conseguirá conter a inflação e preservar a geração de empregos

E o Banco Central do Brasil? Pois bem: decidiu ficar exatamente a meia distância entre as duas lebres. Corre o risco de não pegar nenhuma. Dá sinais de que vai elevar os juros o suficiente para desacelerar a criação de empregos, mas não o suficiente para derrubar a inflação. Pelo princípio de Tinbergen, porém, nem tudo está perdido. O BC pediu ajuda ao Ministério da Fazenda. Seriam agora dois braços do governo para cuidar atrás da inflação e do nível de emprego. Se a Fazenda realmente controlasse os gastos públicos, o combate à inflação exigiria menor esforço do Banco Central - no momento, um braço solitário.

Outro exemplo de que não se pode pedir muito de um só instrumento é o dilema em que se encontra a Petrobras. Por um lado, o governo lhe atribui as responsabilidades por financiar o colossal programa de investimento para a exploração do pré-sal. Por outro, de olho no controle da inflação em curto prazo, impede o repasse da explosão dos custos do petróleo para os preços internos dos combustíveis, algo que dificulta a geração de caixa para os investimentos da Petrobras.

A verdade é que no Brasil sempre teremos muitas lebres (objetivos de política econômica) e muita gente que poderia correr atrás (instrumentos de intervenção estatal). Portanto, maior que o risco de paralisia por indecisão diante de objetivos conflitantes, como parece ocorrer nos exemplos do Banco Central e da Petrobras, é a ameaça de descoordenação entre os instrumentos, com muita gente batendo cabeça e muitas lebres escapando. É preciso decidir logo quem faz o quê.

AGAMENON MENDES PEDREIRA - Bono Vox


Bono Vox 
AGAMENON MENDES PEDREIRA

O GLOBO - 17/04/11

O megapopstar esteve no Brasil em missão oficial, onde veio arrecadar R$800 milhões e cumprir uma intensa agenda. Bobo Vox prometeu que vai doar essa grana toda para uma de suas causas, no caso, a causa própria. Bono Vox também trocou ideias(?) com o ministro(?) Guido Mantega e, em seguida, voou até Brasília, onde deu um lance na presidente Dilma Roskoff. Mais tarde, foi até São Bernardo para se encontrar com o presidente Luísque Inácio Lula da Silva. Lula confessou ao cantor irlandês que quer entrar de qualquer jeito no Guinness. A cerveja, não o famoso livro de recordes. Pacifista incorrigível e militante incansável das causas da paz, Bono está articulando um encontro da Preta Gil com o deputado Jair Bolsonazi na boate Cicciolina. E não é só isso: Bono Vox também quer acabar com a guerra entre o maestro Roberto Minchupe e os músicos da OSB, Orquestra Sindicalista Brasileira.

Negócio$da China 

NA CHINA, a presidenta Dilma Roskoff recebeu do presidente Jackie Chan
uma autêntica estátua pirata de Nossa Senhora de Aparecida de Xangai
o contrário do presidente Luísque Inácio Lula da Silva, que me detesta e não me chamava nem pra um churrasco com pelada no Torto (a granja, não o presidente), a presidenta Dilma Roskoff já mostrou que seu estilo é diferente. Mulher guerreira de personalidade forte, Dilma fez questão de me convidar pessoalmente para participar de sua comitiva na sua viagem à China na qualidade de assessor para assuntos íntimos de caráter pessoal.
Logo que embarcamos no AeroDilma, a presidente me pediu para lhe dar uma lição particular de etiqueta. Solteira há muito tempo, a Suprema Mandatária da Nação não se lembrava mais direito como é que se come de pauzinho. A China é o nosso maior parceiro comercial: eles compram os nossos minérios e inundam nosso mercado de pastéis, caldo de cana, DVDs piratas e outros produtos típicos chineses. A China é o maior país capitalista de esquerda do mundo, e os chineses, cheios de dinheiro no bolso, saem comprando tudo o que veem pela frente. Parecem até um bando de brasileiros de férias na Argentina.
Além do mais, a classe média chinesa é a que mais cresce no mundo, e olha que os chineses só podem ter um filho! Até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Chinoso acha que o PSDB (Partido Social-Democrata Bundão) tem que desistir do "povão" brasileiro e mandar buscar eleitores na classe média da China.
No final da viagem, a presidente Dilma me confidenciou que o Brasil vai se aproximar cada vez mais da China. Nossas escolas públicas vão ensinar mandarim, e a merenda escolar vai ser toda fornecida pelo China in Box.
Assim que chegamos a Pequim, Dilma quis logo experimentar o famoso pato que ela só conhecia da música do João Gilberto. Em seguida, fomos recebidos em pessoa pelo presidente Jackie Chan, que fez questão de mostrar sua habilidade no caratê, quebrando o protocolo e várias telhas. Mais tarde, quando a presidente se recolheu aos seus aposentos, eu e uns diplomatas do Itamaraty demos uma escapada até a Cidade Proibida, onde o sanguinário ditador Mao Tsé-tung abatia suas concubinas e compeitinas também. Depois da farra, chegamos ao hotel com o dia amanhecendo, cheios de uca nas ideias. Ao abrir a porta do quarto, levamos o maior susto e acreditamos estar tendo uma alucinação: vimos um dragão chinês na nossa frente. Felizmente, não era nada: era só a presidente que tinha acabado de acordar.
AGAMENON MENDES PEDREIRA é astro da megaprodução americana "Velhotes e furiosos" 

GOSTOSA




ANCELMO GÓIS - Baixou a bola


Baixou a bola
ANCELMO GOIS
O GLOBO - 17/04/11

Gente que acompanha a política externa está convencida de que, com Dilma lá, não só o Itamaraty faz menos algazarra. Também Marco Aurélio Garcia, mantido como assessor internacional da Presidência, parece mais diplomata. 

Rádio corredor 

O que se diz no mundo da malhação é que André Esteves, do BTG Pactual, pode comprar uma fatia de uns 30% da A!BodyTech, a rede de academias do empresário Alexandre Accioly. A conferir. 

Fogueira das vaidades 
Há quem ache que, além dos músicos demitidos, mais gente tem atuado contra o maestro Roberto Minczuk, da OSB. Um deles seria John Neschling, que foi diretor artístico da Sinfônica de São Paulo. Os dois já trabalharam juntos na orquestra paulista. 

Avanço das cotas
A luta por cotas para negros, que tem em frei David seu timoneiro, segue com vitórias, e não é só nas universidades. A Procuradoria Geral da República reservou 10% das vagas de estágio para afrodescendentes, a exemplo da Procuradoria estadual do Rio, que já havia fixado em 20% este percentual. 

Encrenca no STJ

A sede do STJ, projetada por Niemeyer, teve, sem autorização do arquiteto, o que é ilegal, a fachada alterada com a construção da Praça dos Anjos logo na entrada principal do edifício. A denúncia é da diretora da Fundação Oscar Niemeyer, Ana Lúcia Niemeyer.

Roberta ou Luís?
Cabral assina em maio decreto para permitir que o nome de guerra dos travestis seja aceito na administração pública. Para tirar carteira no Detran, Roberta Close, por exemplo, não precisaria usar seu nome de batismo, Luís Roberto Moreira.

Cinema sem imposto

O ministro Guido Mantega prometeu que o governo vai mandar uma nova medida provisória para desonerar de impostos federais a construção e a reforma de cinemas. A decisão baratearia os investimentos em uns 30%.

Clube do milhão

Num encontro de distribuidores e exibidores, em Campos do Jordão, SP, o povo do cinema apostou que o clube do milhão de espectadores terá, em breve, três novos sócios nacionais. A saber: “Cilada.com”, de José Alvarenga, longa baseado no que Bruno Mazzeo faz na TV; “O homem do futuro”, de Cláudio Torres, estrelado por Wagner Moura; e “Xingu”, de Cao Hamburger, sobre os irmãos Villas-Bôas. 

É grave a crise
A loja da bijuteria Francesca Romana em Paris passou a aceitar cheque pré-datado.

Picanha sem sushi
A rede de churrascarias Fogo de Chão desembarca no Rio, em junho, sem ter em seu cardápio comida japonesa e frutos do mar, como fazem os principais concorrentes da cidade. 
— Nosso negócio é carne de boa qualidade — diz Arri Coser, 48 anos, diretor da rede paulista que tem 16 filiais nos EUA. 

Picanha com cocada...

Ainda assim, a filial carioca da churrascaria, que ficará na sede do Botafogo, no Mourisco, admite, se for o caso, pequenas concessões:
— Na Bahia, incluímos cocada na sobremesa. Ah, bom!

Viva Marisa!
Discretamente, depois de seis anos, Marisa Monte está em estúdio, gravando um novo disco. Que bom. 

Cordas de aço 
Billy Blanco, o querido compositor de 87 anos, internado há cinco meses com um AVC no Hospital Pan-Americano, na Tijuca, no Rio, deixou o CTI e foi para quarto. Semana que vem, deve ter alta e voltar para casa. 

Nilo na OAB 

Há uma articulação para fazer de Nilo Batista candidato a presidente da OAB-RJ na eleição do ano que vem. 

Turma da bala
Uma pistola foi furtada de um estande da feira Armamento Laad Defense, a maior da América Latina, no Riocentro, no Rio.

ZONA FRANCA

 Terça, Oscar Niemeyer lança a edição no- 9 da revista “Nosso Caminho”, em Copacabana. 
 Dr. José de Gervais reinaugura centro cirúrgico na Santa Casa para tratar das seqüelas das vítimas de Realengo.
 Hoje, o psicanalista Antonio Quinet e a diretora Regina Miranda debatem o teatro do inconsciente, na Casa de Cultura Laura Alvim.
 O procurador Márcio Mothé foi homenageado na Câmara, em Brasília.
 O professor Fábio Miranda é o diretor do Hospital dos Servidores Federais.
 Luiz Eduardo, chef pâtissier do Windsor Barra, faz oficina de chocolates para crianças dia 24.
● Amanhã, Martinho da Vila vai falar sobre Noel Rosa na Academia Carioca de Letras.

GLÁUCIO SOARES - Entender, sem reinventar a roda


Entender, sem reinventar a roda
GLÁUCIO SOARES

O GLOBO - 17/04/11

Afinal, o que sabemos sobre o massacre de Realengo? Ele tem muitas semelhanças com outros que aconteceram em outros países. Pertence a uma subcategoria de assassinatos múltiplos chamada de rampage killings. "Rampage" é uma expressão que se aplica a estouros destrutivos, como o estouro de uma boiada ou quando um elefante goes amok e sai destruindo tudo o que encontra. Usualmente acontece num local só, uma característica que o diferencia de outros tipos de assassinatos múltiplos. É planejado.

É muito diferente dos spree killings, que se caracterizam pela mobilidade da violência e pela curta duração. O que acaba de acontecer em Santos é um típico spree killing.

Há um terceiro tipo, sobre o qual mais se tem escrito, os serial killings. Podem ocorrer ao longo de muitos anos, frequentemente com aberrante motivação sexual, mas também podem ter motivação financeira, particularmente os cometidos por mulheres. Os autores raramente se suicidam.

Um dos mitos diz que os rampage killings são coisa dos últimos anos. O pior massacre em estabelecimentos educacionais americanos aconteceu há 84 anos, em 1927, deixou 45 mortos e 58 feridos. Um membro da própria comissão educacional se rebelou contra um aumento no equivalente ao IPTU para construir novas escolas. Era um fazendeiro que tinha ido à falência parcialmente por essa razão. Em 1913, Heinz Schmidt matou cinco pessoas em Bremen e feriu perto de vinte. Ou seja, há quase cem anos.

Outro erro é a afirmação de que os rampage killings são quase exclusivamente americanos, segundo alguns, ou ocidentais, segundo outros. Não é assim. A informação sobre alguns países não chega à mídia por problemas de idioma e de falta de centralidade do país. Os 50 rampage killings que mais mataram em estabelecimentos educacionais tiveram lugar em 17 países diferentes; nada menos do que 13 ocorreram na China. Exemplo: em 23 de março do ano passado, em Fujian, China, um médico desempregado matou oito crianças. A Justiça na China é rápida e ele foi executado um mês depois. No mesmo dia, houve um ataque contra crianças em um kinder, no Sul da China, deixando 16 feridas. Nos dias seguintes houve mais dois ataques semelhantes. Wu Hanming atacou outro kinder - de 20 crianças sobraram três intocadas. Wu também matou o administrador da escola e a mãe dele antes de se suicidar. Foi uma onda: de 23 de março a 12 de maio houve seis eventos desse tipo. Os rampage killers chineses eram todos homens maduros com fracassos econômicos e profissionais.

O controle de armas de fogo na China é sério, contribuindo para explicar a baixíssima taxa de homicídios no país (1,2 por 100 mil no último ano disponível, mínima em comparação com a americana de 5 e a nossa de 22 por 100 mil, dados da mesma fonte). Como resultado, usualmente as armas usadas são espadas e facas longas. Essas armas são menos eficientes, o que explica por que houve muito mais feridos do que mortos: mais de 70, em contraste com 16. Não temos como saber quantos fogem. Mas onde há facilidades para obter armas, as de fogo são preponderantes e mortíferas. Frequentemente são armas de repetição e os crimes, com alta frequência, são cometidos por membros da cultura de armas.

O local é importante para diferenciar os rampage killings dos spree killings e dos serial killings: todas ou o grosso das mortes são num mesmo lugar (escola, fábrica etc.), e, com frequência, o autor esteve funcionalmente (ou disfuncionalmente) associado com o lugar. Em contraste, nos spree killings o local vai mudando e não há associação dos assassinos com os locais.

O bullying entra como fator explicativo? Entra, particularmente nos eventos que ocorrem em escolas secundárias. Porém, a despeito da popularidade ganha através do filme "Em um mundo melhor", ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro, a disparidade numérica garante que os eventos de bullying não sejam condição suficiente nem necessária para os rampage killings. Há mais de um bilhão e setecentos milhões de jovens no planeta, pelo meno sete ordens de grandeza a das vitimas de rampage killings em um ano. Uma estimativa conservadora diria que cerca de 170 milhões de jovens sofrem algum tipo de violência ou humilhação anualmente.

Um estudo de 61 assassinos múltiplos na Alemanha eliminou velhos mitos. A pesquisa, realizada com os condenados entre 1945 e 1995, comparou os assassinos múltiplos com homicidas comuns. Em que mais os assassinos em série diferem dos assassinos singulares, comuns, além de terem matado mais de duas pessoas? São dois perfis psicológicos muito diferentes. Uma percentagem muito mais alta dos assassinos múltiplos apresenta desordens de personalidade, anomalias cerebrais e premeditação. As doenças mentais são muito mais frequentes.

Rampage killers raramente tentam escapar. Muitos se suicidam, inclusive alguns que se suicidam através da polícia (suicide by cop) saindo atirando contra muitos policiais armados. Dos 50 rampage killers que mais mataram gentes em estabelecimentos educacionais, 27 se suicidaram. Essa característica, também presente nos atentados terroristas, levou Adam Lankford, da Universidade do Alabama, a colocar mais ênfase na tendência suicida dos autores do que nos homicídios. Segundo carta recebida dele, essa é a motivação primária, e o ódio homicida contra outros está enraizado na desesperança, na percepção de serem perseguidos e no desejo de escapar de seus problemas de maneira "espetacular", deixando como marca uma trilha de sangue. Em 1998, três anos antes do ataque terrorista contra as Torres Gêmeas, Lankford publicou um artigo no qual revelou que os assassinos da escola Columbine discutiram a possibilidade de tomar de assalto um avião e jogá-lo contra os edifícios de Nova Iorque. Segundo ele, o entusiasmo de rampage killers com os terroristas suicidas mostram que há uma área comum entre os dois tipos de pessoa.

Há condições e parâmetros no massacre de Realengo semelhantes aos de outros massacres ocorridos em outros tempos e em outros lugares. Podemos entender melhor Realengo se estudarmos o muito que já foi escrito e pesquisado a respeito desses massacres, sem tentar reinventar a roda.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE


Na rede
SONIA RACY
O ESTADO DE SÃO PAULO - 17/04/11

Anda carente? O esconderijo de boa parte do PIB com este sintoma é na Lunch 42, agência de encontros que cobra pela ajudinha... R$ 5 mil mensais. Às vésperas do Dia dos Namorados, a procura cresce 20%. E a agência jura que 70% dos primeiros encontros tem, sim, continuidade.

A identidade dos clientes é sigilosa, mas a empresa diz que há artistas e advogados bem conhecidos do público.

Os verdes
Guilherme Leal, fiel companheiro de Marina Silva na eleição presidencial, não está se envolvendo na polêmica entre ela e o PV. Já Ricardo Young, candidato do PV a senador, acompanha a disputa: "Chegou a hora de, necessariamente, enfrentarmos os cardeais do partido".

O tempo é o senhor da razão.

Carros econômicos
O Inmetro quer saber se fabricantes informam com precisão o consumo de combustível dos veículos. Carros de nove montadoras passaram por prova de fogo semana passada em pista de testes em Ibiaí, Minas Gerais.

As que aderirem ao selo do Programa Brasileiro de Etiquetagem terão carros classificados de A - mais eficiente - a E - menos eficiente.

Consumo

Gloria Kalil e a Riachuelo fecharam parceria. Em maio, as coleções fast fashion ganharão o selo Acho Chic.

Prato feito
Só três mesas ocupadas no almoço de sexta-feira, no Sofitel da Vila Clementino. Numa delas, José Dirceu e Luciano do Valle. A dúvida: estaria Dirceu entrando para o futebol ou Valle para a política?

Responsabilidade social

A Drogaria São Paulo comemora. O Programa de Incentivo à Leitura, que desenvolve internamente, já destinou mais de 80 mil títulos aos funcionários. A rede disponibiliza bibliotecas em todas as lojas para as equipes.

A Nike realiza hoje cerimônia no Capão Redondo para anunciar a construção da sede do projeto Vida Corrida, que atua na inclusão de meninas e mulheres no esporte. Comandado por Neide Silva, ex-maratonista.

Alcione, Zizi e Luiza Possi, Paula Lima e a companhia de dança Studio 3 se apresentam no Citibank Hall. Em prol do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Amanhã e terça.

É amanhã o Bingo Olea do Bem, em prol da AMEM, com prêmios da Le Lis Blanc e Água de Cheiro. Pilotado por Bete Arbaitman e Nidia Duek. No Olea Mozzarella Bar.

Com o apoio do Instituto C&A, o Global Corporate Volunteer Council pesquisou o perfil do voluntariado empresarial. Realizou levantamento em 47 multinacionais. O estudo gerará livro ainda este ano com as tendências na área.

Além de golfe tradicional e sensibilização ambiental com moradores da Capela do Socorro, o programa Tacada Cidadã inova: inaugurou esta semana campinho para praticar...golfe rústico. O projeto é desenvolvido pelo Instituto Vencer Sustentável.

A Coca-Cola avisa: doou esta semana mais de 3 mil sucos para instituições que promovem assistência a crianças, jovens e idosos na capital paulista.

Detalhes nem tão pequenos...


1. Em tempos de consciência ambiental, a mensagem é clara até em vendas de joias.

2. As cores suaves se despediram do verão, mas continuam enchendo de charme os eventos.

3. O carnaval já acabou, mas o samba faz questão de não sair das avenidas paulistanas.

4. Ninguém disse que ia ser fácil. O melhor é mesmo rezar sua novena e pedir paz.

5.No desfile do estilista até os alfinetes são grandes detalhes.

6. E quem quer um marido igual a Homer Simpson?

MIRIAM LEITÃO - Os campeões


Os campeões 
MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 17/04/11

As notícias conversam. O JBS-Friboi foi escolhido pelo BNDES para ser o campeão brasileiro na produção de carne. Recebeu R$7 bilhões nos últimos três anos. Agora, foi acusado pelo Ministério Público do Acre de comprar carne de fazenda com trabalho escravo. A Bertin recebeu em três anos R$3,3 bilhões. Saiu da carne, entrou em energia e não consegue cumprir nenhum contrato.
Divulgadas no noticiário diário, as informações parecem não estar relacionadas. Juntas, elas contam que a estratégia do BNDES de escolher campeões para liderar setores no Brasil está fracassando, da mesma forma que fracassou nos anos 1970.
Inúmeros frigoríficos quebraram desde a crise de 2008 e haveria naturalmente uma concentração, mas o BNDES negou empréstimos a alguns e concentrou ajuda fabulosa em outros. O maior beneficiado foi o JBS-Friboi, ao qual o BNDES concedeu vários tipos de empréstimos, comprou debêntures e ações. Hoje, o banco tem 20% do capital da empresa, mas houve emissões de debêntures que o banco comprou quase 100% do que foi emitido.
Consolidação pode acontecer em qualquer mercado, principalmente depois de crises, mas o problema é que a ideologia do BNDES é de induzir a concentração para a formação de campeões nacionais em cada setor: grandes conglomerados. Esta era exatamente a ideia dos estrategistas da política industrial do governo militar. O projeto fracassou. A maioria dos escolhidos quebrou, se encolheu, foi comprada por empresas estrangeiras. Não é o Estado quem deve escolher quem é campeão; quem tiver competência que se estabeleça.
O frigorífico Independência foi o sinal avançado de que essa escolha de favoritos poderia fracassar: ele quebrou logo após o banco emprestar recursos e comprar ações da empresa.
O JBS com toda a montanha de ajuda deu prejuízo no ano passado, tem demitido funcionários, como aconteceu recentemente em Campo Grande, e suas ações despencaram. De primeiro de janeiro de 2010 até sexta-feira, a queda foi de 41,2%.
Um estudo de Antônio José Maristrello Porto e Rafaela Nogueira, do Centro de pesquisa em Direito e Economia da FGV-Rio, apontou "indícios de que os empréstimos fornecidos pelo BNDES possibilitaram a ampliação dos lucros dos frigoríficos à custa dos consumidores e dos produtores de carne brasileiros." Segundo artigo que os dois publicaram no "Estado de S.Paulo", na semana passada, estudos mostram que o setor teve "aumento de preço para o consumidor final e queda de preço recebido pelo produtor."
Tudo isso era para aumentar nossa presença no mercado internacional, tanto que o BNDES incentivou o JBS na compra de frigoríficos no exterior. No ano passado, caiu o volume de exportação de carne brasileira. Em volume, foi o pior resultado desde 2004. Em valor, subiu porque o preço ficou mais alto no mercado internacional. Segundo a Scot Consultoria, que acompanha o setor, o Brasil está exportando 15% menos do que em 2005.
A Bertin saiu do setor de carne, também dentro dessa estratégia de consolidação induzida pelo Estado. Ganhou concorrências no setor elétrico e foi incluída no consórcio que o governo organizou para disputar a hidrelétrica de Belo Monte. A situação atual da Bertin é a seguinte: ela não conseguiu concluir em tempo seis das térmicas cujas concessões ganhou; está enrolada em outras 15; saiu de Belo Monte e tem que pagar multa a Aneel.
O grupo Bertin recebeu do BNDES R$3,3 bilhões entre 2007 e 2009: R$800 milhões em financiamento e R$2,5 bilhões em operações no mercado de capital. Em 2009, o setor de carnes da Bertin foi comprado pelo JBS-Friboi, grupo que recebeu em três anos R$7 bilhões: um aporte de capital em 2007 no valor de R$1,1 bilhão, um segundo aporte de R$1,6 bilhão. Em 2009/2010 houve subscrição de debêntures no valor de R$3,4 bilhões. Além disso, houve outros financiamentos de R$395 milhões e R$580 milhões. Com a compra, o JBS assumiu todas as dívidas que o grupo tinha com o banco e o banco passou a ter 20% do JBS-Bertin.
A ação do Ministério Público do Acre é contra 14 frigoríficos pelos crimes de compra de gado de fazenda flagrada em trabalho escravo ou em fazendas que foram autuadas por desmatamento ilegal. Um deles é o JBS. A Ação do MP informa que as "guias de transporte animal" comprovaram que o JBS-Friboi comprou bovinos em 2009 e 2010 das fazendas de Gramado e Bella Alliança, no Acre, que "foram flagradas com a prática de exploração de trabalho análogo ao de escravo." A descrição das condições em que foram encontrados os trabalhadores é de envergonhar o país. Eles eram submetidos à moradia indigna, alimentação inadequada, água suja, anotações em caderno de compras, descontos em seus salários do material de segurança, trabalho com agrotóxico sem proteção. Isso cria uma situação absurda: o BNDES escolheu como campeão, emprestou e virou sócio de empresa que aceita essa prática ao comprar carne desses produtores.
No caso da Bertin, o governo agora vai chamar outras empresas para salvar os empreendimentos. A Petrobras está escalada para assumir as termelétricas que a Bertin não conseguiu concluir. A Vale, agora sob nova direção, foi escalada para salvar Belo Monte, assumindo a participação da Bertin no consórcio.
O BNDES reeditou a política industrial que deu errado nos anos 1970 e ela deu errado de novo. O governo vai admitir que errou ou continuar repetindo a mesma insensatez? 

CELSO MING - Tambor em outro ritmo


Tambor em outro ritmo
CELSO MING

O ESTADO DE SÃO PAULO - 17/04/11

Em ambiente inédito (em muitos anos) de deterioração das expectativas e certa perda de credibilidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nesta quarta-feira para redefinir o nível dos juros básicos (Selic), que hoje está nos 11,75% ao ano.
O contexto é de disparada dos preços. Se não for agora em abril, provavelmente em maio ou junho, a inflação medida em 12 meses terá saltado para além da meta expandida, ou seja, para além dos 6,5% toleráveis, já incluídos aí os dois pontos porcentuais de escape admitidos.
A perda de credibilidade ficou evidenciada pela divergência de projeções da inflação entre a autoridade monetária e o resto do mercado. Enquanto o Banco Central acena com uma inflação de 5,6% em 12 meses, os agentes econômicos, auscultados semanalmente pelo próprio Banco Central e divulgados pela Pesquisa Focus, vão trabalhando com números cada vez mais altos.
Essa quebra na capacidade de condução das expectativas pelo Banco Central é consequência, a um só tempo, de apostas de alto risco, incomuns entre autoridades monetárias, e da tentativa de forçar demais essas apostas para fazer a cabeça dos “marcadores de preços”.
Em vez de atuar como cão de guarda contra a inflação, o Banco Central do novo presidente Alexandre Tombini assumiu postura mais tolerante, que começa com os diagnósticos benevolentes a respeito da natureza da atual escalada dos preços internos.
Em vez de focar a disparada excessiva da demanda interna, o Banco Central comprou a tese do Ministério da Fazenda de que a alta de preços é preponderantemente causada pelo choque externo das commodities agrícolas, dando a entender que não há muito o que fazer para neutralizar suas consequências a não ser esperar que as cotações internacionais voltem espontaneamente a seu curso anterior.
Nessas condições, na sua comunicação com os agentes econômicos, tirou importância da criação “siliconada” de renda provocada pela disparada das despesas do governo federal nos dois últimos anos; insistiu prematuramente em que a atividade econômica está em franca retração – o que, até agora, não foi evidenciado; não pareceu impressionado pelo forte avanço dos preços do setor de serviços; minimizou os efeitos inflacionários provocados pela situação de praticamente pleno emprego no mercado interno; e deu excessiva importância ao impacto sobre os preços da forte expansão do crédito interno.
Parte da mesma síndrome, em vez de se concentrar nos instrumentos clássicos de contra-ataque à inflação, o Banco Central propagou as excelências dos instrumentos macroprudenciais, cuja função principal é melhorar a qualidade do crédito e da dívida externa e não submeter a inflação, embora possam ter subsidiariamente alguma proporção desse efeito.
Na maior parte destes primeiros 110 dias de governo, o Banco Central pareceu mais empenhado em conter o mergulho do dólar no câmbio interno do que em reverter a alta dos preços. (Sobre isso, veja o Confira.)
Há evidentemente alguma probabilidade de que o Banco Central esteja certo e os demais, errados. Mas no mister da condução das expectativas, da qual depende o sucesso do sistema de metas de inflação, não é isso que importa. Importa que o Banco Central está tocando seu tambor em ritmo diferente daquele em que vai marchando o resto do pelotão.

CONFIRA
É o juro alto demais. Em Pequim, a presidente Dilma Rousseff afinal concluiu que “enquanto não conseguir botar os juros para baixo, não há como evitar a valorização do real”.
E a inflação? Isso posto, é preciso baixar os juros. Só que não é possível baixá-los enquanto a inflação não for drasticamente derrubada. Segue-se que a quase única maneira de conter a inflação é praticar uma política de austeridade orçamentária.
Superávit nominal. Se o governo se comprometesse, sem deixar dúvidas, a obter um superávit nominal (incluídos os juros da dívida pública) equivalente a zero em pelo menos três anos, os juros cairiam naturalmente.
E o câmbio não se reverte. A opção é deixar tudo mais ou menos como está. Nessas condições, a inflação poderia até ser reencaixada na meta, os juros cairiam mais devagar, mas também o câmbio não seria revertido tão prontamente.

GOSTOSA



LUIS FERNANDO VERISSIMO - Os hereges



Os hereges
LUIS FERNANDO VERISSIMO

O Estado de S.Paulo - 17/04/11


Cristina, rainha da Suécia, convidou René Descartes para ser uma espécie de filósofo em residência no seu reino. Anos depois Catarina, czarina de todas as Rússias, convidou o enciclopedista francês Denis Diderot para ser a mesma coisa no seu palácio, o Hermitage, em São Petersburgo. Frederico o Grande da Prússia também quis ter o seu francês e mandou buscar Voltaire para ser seu interlocutor e consultor literário e legitimizar sua pretensão a rei-filósofo e filho do Iluminismo.

***
Descartes foi hostilizado pelos pensadores suecos como já tinha sido combatido pela Igreja na França. Escreveu de Estocolmo que lá as ideias congelavam, "exatamente como a água". E foi o frio da Suécia que o matou, embora se desconfie que os ciumentos médicos da corte tenham ajudado um resfriado a se tornar mortal. Denis Diderot ficou dois anos em São Petersburgo. Seu relacionamento com a czarina e sua corte foi pacífico e a separação foi amigável. Já a visita de Voltaire ao palácio de verão de Sans Souci, perto de Berlim, foi feliz até Voltaire ser preso a mando do rei quando tentava voltar para casa, acusado de quebra de contrato e corrupção e de ter roubado alguns dos seus poemas eróticos, provavelmente a acusação que mais doeu.

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O curioso é como os três (e outros como Rousseau, Condorcet, D"Alembert, que também levaram conselhos franceses a poderosos de outras terras) foram adotados por monarquias absolutas justamente por serem notórios hereges, cuja crítica à ortodoxia religiosa implicava, por tabela, uma crítica a todo poder absolutista, e cujas ideias mais tarde dariam origem às revoluções republicanas. (É de Diderot a frase "A humanidade só será livre no dia em que o último déspota for enforcado com as tripas do último padre".)

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Talvez os monarcas intuíssem que mostrar inquietação intelectual e credenciais progressistas os salvariam da onda racionalista que se aproximava, ou talvez apenas quisessem intelectuais iconoclastas aos seus pés, como animais domados. A razão dos intelectuais para aceitarem os convites era mais clara: na época não se recusava um bom patrono, ainda mais um patrono como verbas reais. Mas também inaugurava-se uma questão que atravessaria a História, a da relação dos intelectuais com o poder e do poder com os intelectuais. Onde termina o fascinação e a vaidade e começa a cumplicidade, onde termina a admiração e começa a cooptação?

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Uma versão caricata do intelectual cooptado é o bobo da corte, o único membro do reino autorizado a rir do rei. Mas se o filósofo em residência só se arriscava a ter suas ideias contestadas ou ignoradas, o bobo arriscava muito mais. Num cartum clássico, o bobo está prestes a ser executado no porão do castelo quando chega alguém correndo e grita: "Parem, parem, o rei entendeu a piada!" A piada era mais perigosa do que a ideia e seu castigo mais radical porque seu produto potencial era o ridículo, ou a heresia na sua forma mais cortante, e que o poder mais teme. O humorista era uma ameaça constante de ridículo irrecuperável. Aos intelectuais da corte bastava serem convivas interessantes, mesmo que críticos. Ajudava se você fosse francês.

ALBERTO TAMER - O que a China fez e nós, não


O que a China fez e nós, não
ALBERTO TAMER

O ESTADO DE SÃO PAULO - 17/04/11

A presidente Dilma Rousseff encerra sua viagem à China com resultados práticos, investimento em tecnologia, por exemplo, e promessas a confirmar. Sem dúvida, um ponto alto no qual ela insistiu e obteve muito, foi convencer empresas chinesas, como a ZTE, a investir mais US$ 200 milhões em telecomunicação no Brasil.
Outras virão, por que, disse ela, "temos uma combinação de crescimento acelerado, projeto estratégico de desenvolvimento, ciência, tecnologia, inovação e inclusão social."
Ela obteve o que podia, bem mais que Lula conseguiu na viagem de 2009. A China cresceu muito e passou a depender de matérias-primas e alimentos do Brasil.
Os chineses dão prioridade ao comércio com países que podem abastecê-lo com petróleo, alimento e minérios, mas não fazem concessões com produtos industrializados.
Nessa área, o que o Brasil obteve é uma promessa vaga.
"A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado", diz o comunicado final.
Para atenuar as pressões, o governo enviará, em abril, ao Brasil, missão chefiada pelo ministro do Comércio para buscar oportunidades de compra.
Não vai dar. Eles podem até vir, mas se objetivo é esse, se limitarão a passear e voltar com mãos vazias porque produzem tudo a preços bem menores e não há muito a lhes oferecer que não tenham de melhor qualidade e a preços menores.
Estudos mostram um fato inusitado: mesmo que câmbio, juros e custos salariais fossem nivelados entre os dois países, ainda assim a indústria chinesa seria mais competitiva. Ela investiu em tecnologia, em inovação, importaram, copiaram e melhoraram. Os chineses mandaram milhares de estudantes para as universidades americanas e trouxeram professores de lá para ensinar na China!
São diferentes? Não. O governo agiu assim porque compreendeu que não havia mercado interno para sua produção. Cerca de 800 milhões viviam abaixo da linha da pobreza há alguns anos. Para crescer, precisava exportar e para exportar precisa ter qualidade e preço. Foi a ausência do mercado interno e a existência de padrões de vida miseráveis, que ainda predominam, que levaram a China a ser o que é hoje no mercado mundial. Um trabalho intensivo, persistente e bem orientado.
E nós? No Brasil, foi o oposto. Tinha um mercado interno em expansão graças à politica social dos últimos oito anos, que não existe na China. Nossos operários ganham mais, consomem mais e vivem melhor que os chineses.
A indústria nacional acomodou-se para atender a um mercado interno vigoroso, mas pouco exigente de produtos de qualidade internacional. Não investiu mais intensamente em produtividade, em inovação para competir no mercado internacional. Afinal, até pouco tempo, sem a competição externa provocada pelo real valorizado, estava tudo muito bem. Só agora reclamam. Mas nem todas, pois muitas empresas importam da China a preço baixo, montam e vendem aqui.
Entre janeiro e março a balança comercial do setor de média e alta tecnologia apresentou o pior déficit em 22 anos, US$ 17,7 bilhões, o dobro do registrado no mesmo trimestre de 2008 e 2009, informa o colega João Valverde, do Valor.
Tecnologia! É isso o que Dilma foi buscar na China. Conseguiu muito, não aquela baboseira da Foxconn. O Brasil tem urgência de criar centros de tecnologia. Dilma visitou a ZTE. Outras virão porque o Brasil tem a atração do mercado interno. Ao contrario da China, ele é a base de conquista do mercado internacional.
Seria só isso? É sim. Se quiserem, perguntem ao Obama, que assustado com a ascensão da China, disse que a nova meta do governo é investir e estimular maciços investimentos, com ofertas especiais de incentivos de toda ordem. E, olhem, eles não exportam apenas US$ 200 bilhões como nós, não. Exportam mais de US$ 2 trilhões. Tudo isso, mas estão com medo da China...E nós, não? 

ILIMAR FRANCO - Mulheres


Mulheres 
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 17/04/11

O TSE, os TREs e o Ministério Público Eleitoral não fizeram cumprir a lei, nas últimas eleições, no que se refere à destinação de 5% do Fundo Partidário para promover as candidaturas de mulheres, e de dar às candidatas 10% do tempo de propaganda no rádio e na TV. A ministra Iriny Lopes (Mulheres) quer que a Justiça Eleitoral corrija sua falha nas eleições municipais do ano que vem. 

Duas táticas: a do governo e a do PT
O grupo que comanda a bancada do PT na Câmara quer destituir, em plenário, o relator do Código Florestal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). A intenção é derrubar seu relatório e substituí-lo pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), já nomeado para negociar um acordo do PT com os demais partidos da base. O Planalto está preocupado com essa estratégia, que pode dificultar a votação da matéria. O ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) diz que “alguns pretendem equivocadamente fazer um embate com o Aldo”. E acrescenta: “Não queremos
um contraponto com o relator, queremos construir uma proposta com o Aldo”.

"Vai ter uma fadiga de material. Este é o ano do governo, o nosso ainda virá. Em 2014 serão 12 anos de PT no governo” — Aécio Neves, senador (PSDB-MG)

HORA DO RECREIO. O ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais), à esquerda, encontrou-se, num evento, com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), à direita. O petista carioca não perdeu a oportunidade de brincar com o fama do tucano mineiro de ficar mais no Rio do que em seu estado. Sorridente, Luiz Sérgio lascou: “Precisamos conversar. O senador de Angra dos Reis e o ministro de Angra precisam trabalhar juntos”. O oposicionista ouviu, riu e deixou para lá: “Vamos conversar”.

Uma tese
A expectativa do prefeito Gilberto Kassab é que o TSE dê um prazo de três meses para filiações ao PSD, após o tribunal conceder o registro do novo partido. Ele acredita que o registro será concedido em cerca de dois meses.

Jogo de cena

As manifestações de Luciano Coutinho (BNDES) e do ministro Fernando Pimentel sobre juros não tensionam o governo. Eles falam para seu público: os empresários. São uma espécie de José Alencar do governo Dilma.

Tucanos massageiam ego dos socialistas

O PSDB já começou a trabalhar para separar o PSB do bloco petista, tendo em vista as eleições presidenciais de 2014. Nos contatos com dirigentes socialistas, os tucanos procuram explorar o fato de o PSB ter crescido nas últimas eleições, mas não em participação no governo Dilma Rousseff. E os tucanos acreditam que está se esgotando o espaço de convivência, no mesmo campo político, do PSB com o PMDB.

Contra o tempo
O governador Renato Casagrande (ES) quer que o Exército faça as obras do Aeroporto de Vitória. Alega que uma licitação levaria a um atraso de quatro meses. Amanhã, ele trata disso com o secretário de Aviação Civil, Wagner Bittencourt.

Dando o troco
Do presidente do PSDB de Minas, deputado federal Marcus Pestana, sobre a previsão de que 4 mil a 8 mil trabalhadores da usina de Jirau, do PAC, serão demitidos devido à redução do ritmo da obra: “O PT está neoliberal demais”.

 ÍNDEX. Depois de ter sido vetado para a presidência de Furnas, o ex-ministro Hélio Costa foi indicado para a presidência da Embratur pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Não colou.
 CAMARADAS. Carlos de Farias (PMN), segundo suplente do então senador Tião Viana (PT-AC), hoje governador do Acre, quer assumir e acusa o senador Aníbal Diniz (PT), que era o primeiro suplente, de estar no exercício do mandato de forma irregular.
 CELEBRIDADE. O ator Danny Glover, de “Máquina Mortífera”, vai participar do 1o- de Maio da CUT.