Dinheiros eleitorais
JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/04/11
Financiamento público proporcionará uma fonte a mais de ganhos inconfessos à maioria dos candidatos
A SIMPLES CITAÇÃO de uma cifra deveria derrubar a ideia de financiar com dinheiro público os candidatos e partidos nas eleições, aprovada entre as propostas da comissão de reforma política do Senado.
O montante movimentado por candidatos e partidos nas últimas eleições chegou a R$ 3,3 bilhões. E ainda é preciso ressaltar: a soma só inclui os valores declarados à Justiça Eleitoral, sabidamente (nos dois sentidos) destituída de boa parte do dinheiro arrecado pelos candidatos e partidos -e nem sempre, ou só em menor número de casos, posto na campanha, e não no bolso.
A quantia citada pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e integrante do Supremo, foi seguida de um comentário também suficiente por si mesmo: "Imagina como isso seria oneroso para os cofres públicos, se aprovado sem a fixação de um teto".
Se ao menos o financiamento com dinheiro público, ou seja, pelo público eleitor e não eleitor, se prestasse de algum modo à melhoria dos padrões da política e de desempenho dos eleitos, seria possível um argumento a favor do sistema proposto. Mas o problema das administrações e dos três níveis de Parlamentos não se resolve com a mudança do financiamento.
O custo para os cofres públicos, além do mais, não impede o mais previsível: a continuidade da arrecadação privada, tanto por conveniência de candidatos como de doadores, que se asseguram dos serviços a serem prestados por seus financiados. Daí resulta que o financiamento público proporcionará uma fonte a mais de ganhos inconfessos para a maioria dos candidatos -ou alguém imagina ser a minoria? Bem, aí está o que e quem seriam os beneficiados pelo financiamento das campanhas com dinheiro público, em vez do sistema eleitoral e dos eleitores.
O INADEQUADO
Começou muito mal o ministro da nova Secretaria Especial da Aviação, Wagner Bittencourt. "Adequado" foi a palavra mais usada em seu primeiro frente a frente com repórteres questionadores. Tudo em relação ao preparo dos aeroportos para a Copa está no tempo adequado, está no ritmo adequado, vai avançar de modo adequado, o trabalho do governo está adequado ao cronograma.
Só o ministro não está adequado à veracidade. Nem aos bons modos, se a pergunta for embaraçosa. O aeroporto de Guarulhos, peça fundamental na intenção paulista de sediar a abertura da Copa, nem projeto acabado tem ainda para sua ampliação. São vários assim, com apenas três anos para obras numerosas, extensas e demoradas.
HUMANIDADES
Um dado aterrador perdido no relatório do Banco Mundial a respeito da situação decorrente do aumento internacional de preços, sobretudo, no caso, dos alimentos frequentes: a cada minuto, mais 68 pessoas estão se juntando ao 1,2 bilhão que já sobrevivem na faixa socioeconômica da pobreza.
Não é impróprio imaginar que outros 68 estejam entrando no nível da riqueza, por decorrência do aumento internacional de preços.
Um comentário:
Eles ganham arrobas de salários e têm um empregão dos sonhos durante 4 longos anos (inameaçados) mas quando vão se preparar para os próximos quatro anos de emprego fácil, querem usar o tal do chamado 'dinheiro público' para conquistarem esse emprego!!!
Cara, esse é um exemplo de uma política imoral!
Imagine nós, os donos do tal dinheiro público, irmos atrás de nossos suados empregos e, para consegui-lo, tivermos de pegar o que é nosso para nos bancar enquanto encontra um emprego!!!
Vale a dica pois: Se o dinheiro é meu (sou um dos 'públicos') e quero arrumar um emprego mas terei de pegar um ônibus, tirar chéroques e despesas adicionais - todos os dias, enquanto não coseguir - quero meu dinheiro para bancar estas despesas.
Bando de sacanas é o que são todos vocês políticos.
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