Tudo junto e misturado
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/11/10
O acirramento da tensão entre PT e PMDB não resulta apenas da disputa por posições no futuro governo de Dilma Rousseff e no Congresso. Reflete também o desconforto dos petistas diante dos esforços da sigla aliada para tentar incorporar o DEM.
O PT, sobretudo em seu núcleo paulista, atribui à cúpula do partido do vice-presidente eleito, Michel Temer, a iniciativa das negociações com Gilberto Kassab. O objetivo seria forçar uma espécie de ‘terceiro turno’, buscando no balcão pós-eleitoral um expediente para compensar o resultado das urnas, das quais saiu com nove deputados menos do que os petistas. Isso além de se cacifar para 2012.
Porta de saída 1 - Diante da oposição de Rodrigo Maia à fusão, Kassab e seus aliados no DEM tentam apear o deputado da presidência do partido. Maia, que tem mandato até o final de 2011, arregimenta apoio dentro e fora da sigla para resistir.
Porta de saída 2 - Se concretizada, a fusão ajudaria a resolver a vida de Kassab, órfão do serrismo num território agora controlado por Geraldo Alckmin. No cenário da migração pura e simples, o prefeito poderia ser punido pela regra da fidelidade partidária.
Geopolítica - De um observador atento às turbulências entre PT e PMDB na Câmara, enquanto Dilma se dedica à reunião do G20 em Seul: ‘É bom ela começar a se preocupar com o G513‘.
Aprovado - A presidente eleita recomenda o uso do hape (rapé, na pronúncia coreana), que ganhou de presente ao chegar a Seul para a cúpula. É recomendado para combater o edema pulmonar de altitudes elevadas, um risco em voos longos.
Tabuleiro - Surgiu uma nova ideia na prancheta de simulações sobre o ministério de Dilma: transferir Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, para a Secom, hoje ocupada por Franklin Martins. Ex-secretário de Comunicação e Governo de Santo André na gestão Celso Daniel, ele ficaria no núcleo do governo e participaria da rotina da presidente eleita.
Os meus - Apesar das afirmações em contrário, Lula tem dado mais do que pitacos sobre o futuro de Carvalho, Guido Mantega, Antonio Palocci e Paulo Okamotto.
Blindada - Ainda que a esta altura multipliquem-se as dúvidas sobre o que levou a CEF a adquirir generosa fatia do micado PanAmericano, a oposição não tem muita esperança de balançar a roseira da presidente do banco oficial, Maria Fernanda Coelho. Avalia que a decisão foi da cúpula do governo, e que portanto ela está protegida.
Sem cafezinho - Não bastassem os frequentes apagões de energia no Planalto reformado, ministros e assessores foram surpreendidos anteontem por uma espécie de greve dos garçons. Eles interromperam por algumas horas o serviço no palácio para levar adiante as reivindicações da categoria.
Assim não - Embora considere a possibilidade de manter Antonio Ferreira Pinto no comando da Segurança de São Paulo, Geraldo Alckmin está para lá de incomodado com a interpretação, a seu ver alimentada pelo próprio secretário, de que a escolha de qualquer outro nome seria sinal de leniência com a corrupção policial.
Festa no interior - Na estreia como governador em exercício, Barros Munhoz (PSDB) cumpre hoje um ‘roteiro dos sonhos’. Empossado às 9h, o presidente da Assembleia vai à tarde a Itapira, onde foi prefeito, para assinar convênios e entregar obras em estradas vicinais.
Tiroteio
É positivo que Dilma tenha mulheres no ministério, mas não acho que este deva ser o critério de escolha. Quero crer que ela encontrará mulheres competentes.
DA DEPUTADA LUCIANA GENRO (PSOL-RS), sobre a intenção da presidente eleita de ampliar bastante a participação feminina no primeiro escalão.
Contraponto
Entre os grandes
Durante entrevista coletiva realizada na tarde de ontem em Seul, um dos jornalistas presentes quis saber se Lula, depois de entregar a faixa a Dilma Rousseff em 1º de janeiro, sentirá falta da ribalta proporcionada por encontros internacionais como o do G20. O presidente respondeu com outra questão:
- Você então pensa que esta aqui é a minha última reunião entre os grandes?
Antes que alguém se manifestasse, Lula emendou:
- E quando eu for no sindicato fazer uma reunião?