O GLOBO - 30/03/12
O livro “Ao pé do muro”, que Cesare Battisti lança dia 12 pela editora Martins Fontes, conta a história de Augusto, foragido internacional que vem para o Brasil em busca de proteção. Ainda assim, o ex-guerrilheiro insiste que é uma ficção.
Blecaute geral
A construção da usina hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará, foi paralisada. Uma juíza alegou que as detonações afetam o Salto Sete Quedas, local considerado sagrado pelos indígenas.
Ou seja...
Todas as quatro usinas hidrelétricas que o Brasil constrói neste momento estão com suas obras suspensas. Há greve em Belo Monte, Santo Antônio e Jirau.
A voz da América
A ideia de o Exército atuar como polícia sempre foi polêmica. Mas o comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Júnior, confessou ao secretário Beltrame que a experiência do Exército no Alemão despertou curiosidade nas Forças Armadas de outros países... até dos EUA.
Salvando as compras
Domingo, os hóspedes do hotel Park Central, em Nova York, foram acordados às 3h30m com uma ordem de evacuação por conta de incêndio no prédio. Repleto de brasileiros, o que mais se viu foi gente descendo 20 andares com malas para não perder as compras ou vestindo um casaco em cima do outro. Mas foi só um susto. O fogo, no subsolo, foi controlado.
Hilda Hilst
Tainá Müller comprou os direitos para colocar a vida de Hilda Hilst (1930/2004) nas telas do cinema. O filme terá produção de Ilana Brakarz e Bianca Villar. A poetisa nasceu na paulista Jaú em uma família originária da região de Alsácia-Lorena.
ISABELI FONTANA, a nossa top model internacional, posa assim, mais linda do que nunca, para a capa da edição de aniversário da revista “Marie Claire”, que festeja 21 anos agora em abril. Na reportagem, Isabeli conta que quer se casar com Rohan Marley, o filho de Bob Marley. A modelo tem dois filhos, frutos dos casamentos com o modelo Álvaro Jacomossi e o ator Henri Castelli: “Muita gente da moda veio me dizer que ele (Henri) era bissexual quando começamos a namorar. Se ele era, nunca soube. Mas, do jeito
que eu o amava, aceitaria assim mesmo. Isso não me importava.” Que Deus a proteja e a nós não desampare!
Jogo perigoso
O procurador do STJD William Figueiredo de Oliveira ajuizou ação contra Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação Baiana de Futebol, que teria feito acusações falsas contra a CBF. O baiano acusou a nova administração da entidade, dirigida por José Maria Marin, de retaliar a federação gaúcha nesta briga entre São Paulo e Internacional em torno do meia Oscar.
É que...
As federações baiana e gaúcha fazem oposição ao “domínio paulista” da CBF.
‘Diário Carioca’
A coleção Cadernos, da Biblioteca Nacional, terá o livro “Diário Carioca, o jornal que mudou a imprensa brasileira”, da coleguinha Cecília Costa. O jornal foi fundado em 1928 por José Eduardo Macedo Soares, pai da urbanista Lota, idealizadora do Aterro do Flamengo, e fechou em 1965.
Preço da propaganda
A licitação para escolher a empresa de publicidade da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), coisa de uns R$ 11 milhões, parou na 5a- Câmara Cível do Rio. Estão na briga a Staff, a OCP e a Duda Propaganda.
Aliás...
A necessidade de a Assembleia do Rio ter verba de publicidade é... não sei.
Tribunal do Júri
Será dia 7 agora o julgamento de Flávio Figueiredo. Ele é suspeito de matar Claudino de Souza Filho, pai do cantor Buchecha, em 2010, após uma discussão por causa de um cigarro.
O jazz da Justiça
Um brasileiro está na final, na categoria Jazz, do prêmio americano John Lennon Songwriting Contest 2011, criado por Yoko Ono, viúva do ex-líder do The Beatles, e Brian Rothschild em 1997. A música finalista “Bourbon com cachaça” (ou “Bourbon and rum”, para os gringos), veja que legal, é do desembargador do Rio Wagner Cinelli.
No mais
É mais triste do que um samba- canção daqueles bem doídos assistir à querida Mangueira sofrendo novamente com o
ráfico de drogas, que estaria interferindo na eleição da escola. Tomara que Cabral, o governador de coração verde e rosa, olhe com atenção para o problema — ainda pior, por estar acontecendo numa favela ocupada por UPP.
sexta-feira, março 30, 2012
Ladroeiras - LUIZ GARCIA
O Globo - 30/03/12
O Judiciário é uma máquina que pessoas sensatas consideram que deve ser tão ágil quanto possível, sem que isso signifique perda de eficiência.
Em circunstâncias ideais ou próximas disso - e que aparentemente existem em alguns países de sólidas e antigas instituições - a máquina da Justiça parece ter agilidade satisfatória. Ou seja, manda para a cadeia, sem dó ou piedade, todos os sinistros malvados que sobrevivem aos duelos com policiais iguaizinhos aos vividos no cinema por heróis como Clint Eastwood e John Wayne. Alguém aí da plateia já viu malfeitores americanos ou europeus saírem ilesos e livres de confrontos com essa dupla?
O nosso cinema só muito recentemente começou a mostrar agentes da lei como heróis. E a plateia bateu palmas, certamente por acreditar que, apesar dos pesares, que não são poucos, alguns desses personagens têm equivalentes na vida real.
Infelizmente, ainda não apareceu nas telas locais um herói sequer inspirado em nossos juízes. Sem ofensa nem demérito, parece existir razão para isso. Como o jornal mostrou outro dia, em notável trabalho do Chico Otávio, os tribunais brasileiros - inclusive, com uma série de exemplos lamentáveis, os do Estado do Rio - têm sido incompetentes em julgar e punir servidores públicos envolvidos em tramoias e trapaças.
Caso típico: o policial Hélcio Andrade foi denunciado pelo Ministério Público por meter a mão com grande apetite na bolsa da viúva (especificamente, na do Detran). Só foi julgado e condenado 15 anos depois. Já estava aposentado e não teve de devolver um tostão. Não se tratou de caso isolado: em 20 anos de vigência da Lei de Improbidade Administrativa, mais de mil ladravazes fluminenses foram processados - e só 6% dos processos chegaram ao fim. Em outros estados, mas nem todos, os números são semelhantes.
Não foi por acaso, com certeza, que o Conselho Nacional de Justiça criou um Cadastro Nacional de Improbidade Administrativa - que não poderia ter outro nome, mas dá uma vergonha danada. Principalmente para o Estado do Rio, que registra 70 condenações, enquanto São Paulo tem 1.884.
O que devemos concluir? Que há mais ímprobos lá? Ou que por aqui se investiga menos, muito menos?
Em circunstâncias ideais ou próximas disso - e que aparentemente existem em alguns países de sólidas e antigas instituições - a máquina da Justiça parece ter agilidade satisfatória. Ou seja, manda para a cadeia, sem dó ou piedade, todos os sinistros malvados que sobrevivem aos duelos com policiais iguaizinhos aos vividos no cinema por heróis como Clint Eastwood e John Wayne. Alguém aí da plateia já viu malfeitores americanos ou europeus saírem ilesos e livres de confrontos com essa dupla?
O nosso cinema só muito recentemente começou a mostrar agentes da lei como heróis. E a plateia bateu palmas, certamente por acreditar que, apesar dos pesares, que não são poucos, alguns desses personagens têm equivalentes na vida real.
Infelizmente, ainda não apareceu nas telas locais um herói sequer inspirado em nossos juízes. Sem ofensa nem demérito, parece existir razão para isso. Como o jornal mostrou outro dia, em notável trabalho do Chico Otávio, os tribunais brasileiros - inclusive, com uma série de exemplos lamentáveis, os do Estado do Rio - têm sido incompetentes em julgar e punir servidores públicos envolvidos em tramoias e trapaças.
Caso típico: o policial Hélcio Andrade foi denunciado pelo Ministério Público por meter a mão com grande apetite na bolsa da viúva (especificamente, na do Detran). Só foi julgado e condenado 15 anos depois. Já estava aposentado e não teve de devolver um tostão. Não se tratou de caso isolado: em 20 anos de vigência da Lei de Improbidade Administrativa, mais de mil ladravazes fluminenses foram processados - e só 6% dos processos chegaram ao fim. Em outros estados, mas nem todos, os números são semelhantes.
Não foi por acaso, com certeza, que o Conselho Nacional de Justiça criou um Cadastro Nacional de Improbidade Administrativa - que não poderia ter outro nome, mas dá uma vergonha danada. Principalmente para o Estado do Rio, que registra 70 condenações, enquanto São Paulo tem 1.884.
O que devemos concluir? Que há mais ímprobos lá? Ou que por aqui se investiga menos, muito menos?
Movimentos casados - DENISE ROTHENBURG
Correio Braziliense - 30/03/12
A deputada Rose de Freitas começa a ser vista com olhos de promessa por parte de quem não é lá muito chegado ao projeto de Henrique Eduardo Alves para presidente da Câmara
A sucessão do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), só se dará no ano que vem, mas, por incrível que pareça, já corre solta. Marcou presença até mesmo na retomada das votações ontem, depois de duas semanas de brigas na base aliada do governo. E colocou luz sobre potenciais pré-candidatos que podem engrossar a fila encabeçada pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).
Nos dias em que permaneceu no comando da Câmara dos Deputados, a primeira-vice-presidente, Rose de Freitas (PMDB-ES), por exemplo, reabriu o diálogo com a bancada ruralista, de forma a tentar sair do impasse. Procurou os líderes da frente parlamentar de Agricultura, chamou o Ministério do Desenvolvimento Agrário para participar das conversas. Como chefe de um Poder da República que vive do diálogo, não fez nada além de cumprir a obrigação. Mas, para muitos, demonstrou uma capacidade de aproximar diferentes — no parlamento, esse atributo vale ouro.
A movimentação de Rose foi vista por ministros de Dilma Rousseff como um ponto em seu favor, que contou também, é claro, com a participação do presidente Marco Maia. Afinal, o clima reinante na base aliada, antes das conversas de Rose e Maia com oposição e aliados, indicava que as votações não ocorreriam nem mesmo com a promessa de pagamento das emendas individuais ao Orçamento — apresentado como uma das moedas que fez valer a segura margem do governo na votação de ontem. Esta coluna, por exemplo, flagrou o deputado Lincoln Portela (PR-MG) saindo do Palácio do Planalto na noite de quarta-feira com a notícia de que o governo prometia empenhar algo em torno de R$ 3 milhões em emendas individuais.
Por falar em empenho...
Diante de tantas ações num único dia, Henrique Eduardo Alves também decidiu se mexer. Horas antes da votação, cabalava votos entre os deputados do PMDB a favor do texto pretendido pelo governo. Na noite de quarta-feira, no plenário, discursou em defesa da imagem da Câmara. Afirmou que a Casa não é do toma lá dá cá e que deveria ser respeitada. Ao plenário, soou como uma tentativa de segurar votos entre seus pares rumo à Presidência da Casa.
Henrique Alves sabe que Rose de Freitas não concorrerá contra ele pelo direito de ser candidata a presidente da Casa, embora a deputada comece a ser vista com olhos de promessa por parte de quem não é lá muito chegado ao projeto do líder peemedebista de presidir a Câmara. Mas, pelo sim, pelo não, Alves prefere seguir à risca o ditado "seguro morreu de velho".
Muitos deputados aliados de Alves não esquecem o precedente criado por Marco Maia. O atual presidente da Câmara nunca foi o nome mais forte do PT para presidir a Casa. Tampouco era o preferido do próprio grupo, o Construindo um Novo Brasil (CNB). Mas, diante das divisões internas do PT e das insatisfações da bancada com o clube fechado que apoiava Cândido Vaccarezza (PT-SP) para presidir a Câmara e outro que seguia Arlindo Chinaglia (PT-SP), a candidatura de Maia ganhou fôlego, como forma de tirar lastro dos caciques partidários. Chinaglia desistiu em favor de Maia e Vaccarezza terminou seguindo pelo mesmo caminho.
Por falar em Chinaglia...
Pegou mal ontem a briga dele com Rose de Freitas por causa da retirada de pedidos de urgência. Ela já se preparava para encerrar a sessão da Casa quando ele entrou exaltado no plenário, fazendo cobranças. Pelo visto, a calmaria que permitiu a votação da Lei Geral da Copa foi uma pequena estiagem prevista para terminar depois da Páscoa.
Oposição na míngua - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 30/03/12
A renúncia de Demóstenes Torres ao cargo de líder do Democratas no Senado representa um golpe em seu partido e um sintoma da fraqueza da oposição. Demóstenes Torres chegou ao Legislativo em 2002, após chefiar o Ministério Público e ser secretário da Segurança Pública em Goiás. Cercado pela fama de conservador consequente e combativo, destacou-se entre os oposicionistas.
O senador mobilizou sua experiência profissional para assumir a linha de frente em diversas investigações no Congresso Nacional. Foi assim, por exemplo, que atuou na CPI dos Correios e na dos Cartões Corporativos. Caiu-lhe bem o figurino de liderança revigoradora e aguerrida, que parecia trazer à fragilizada oposição algum alento. Ao que tudo indica, os velhos vícios da política brasileira se revelaram mais fortes que a promessa de renovação.
A Procuradoria-Geral da República abriu inquérito para apurar indícios de crime nas relações de Demóstenes com Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob a acusação de explorar jogos ilegais. Mesmo que as investigações deixem de comprovar delitos, já pesa contra o senador o flagrante de promiscuidade com alguém da estirpe de Cachoeira, atestada na utilização de um telefone antigrampo para conversas exclusivas entre os dois. Surge, agora, a menção de seu nome em diálogos em que se negociam milhões de reais.
Diante das suspeitas levantadas, o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (membro de tradicional família política do Rio Grande do Norte), reassumiu a liderança da sigla e admitiu a hipótese de expulsar Demóstenes Torres.
A legenda perderia um de seus principais quadros, mas essa decisão cabe apenas ao DEM. O que interessa à sociedade é a reedição de comportamentos censuráveis, algo que nunca foi exclusividade da situação nem da oposição, mas que neste caso contribui para enfraquecer ainda mais a segunda.
A existência de partidos que se opõem ao governo de turno é sinal de vitalidade democrática. Como contrapeso político, espera-se dessas siglas que vigiem o poder e constituam uma alternativa a ele.
Parte da oposição brasileira segue no rumo inverso: muitos de seus integrantes migram para o terreno fértil do governismo, outros se paralisam diante do sucesso das políticas sociais petistas, enquanto outros mais se envolvem em escândalos que minam sua autoridade para fiscalizar os feitos e malfeitos da situação.
A renúncia de Demóstenes Torres ao cargo de líder do Democratas no Senado representa um golpe em seu partido e um sintoma da fraqueza da oposição. Demóstenes Torres chegou ao Legislativo em 2002, após chefiar o Ministério Público e ser secretário da Segurança Pública em Goiás. Cercado pela fama de conservador consequente e combativo, destacou-se entre os oposicionistas.
O senador mobilizou sua experiência profissional para assumir a linha de frente em diversas investigações no Congresso Nacional. Foi assim, por exemplo, que atuou na CPI dos Correios e na dos Cartões Corporativos. Caiu-lhe bem o figurino de liderança revigoradora e aguerrida, que parecia trazer à fragilizada oposição algum alento. Ao que tudo indica, os velhos vícios da política brasileira se revelaram mais fortes que a promessa de renovação.
A Procuradoria-Geral da República abriu inquérito para apurar indícios de crime nas relações de Demóstenes com Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob a acusação de explorar jogos ilegais. Mesmo que as investigações deixem de comprovar delitos, já pesa contra o senador o flagrante de promiscuidade com alguém da estirpe de Cachoeira, atestada na utilização de um telefone antigrampo para conversas exclusivas entre os dois. Surge, agora, a menção de seu nome em diálogos em que se negociam milhões de reais.
Diante das suspeitas levantadas, o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (membro de tradicional família política do Rio Grande do Norte), reassumiu a liderança da sigla e admitiu a hipótese de expulsar Demóstenes Torres.
A legenda perderia um de seus principais quadros, mas essa decisão cabe apenas ao DEM. O que interessa à sociedade é a reedição de comportamentos censuráveis, algo que nunca foi exclusividade da situação nem da oposição, mas que neste caso contribui para enfraquecer ainda mais a segunda.
A existência de partidos que se opõem ao governo de turno é sinal de vitalidade democrática. Como contrapeso político, espera-se dessas siglas que vigiem o poder e constituam uma alternativa a ele.
Parte da oposição brasileira segue no rumo inverso: muitos de seus integrantes migram para o terreno fértil do governismo, outros se paralisam diante do sucesso das políticas sociais petistas, enquanto outros mais se envolvem em escândalos que minam sua autoridade para fiscalizar os feitos e malfeitos da situação.
Fidel quer ser o papa! - TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 30/03/12
Depois de perguntar a Bento XVI “o que faz um papa?”, tomara que Fidel Castro tenha se dado por satisfeito com a resposta e não siga o exemplo do Tiririca, que para saber o que faz um deputado cismou de virar um deles.Na idade do líder cubano e do Sumo Pontífice, convenhamos, é difícil imaginar que tenham aprofundado muito a conversa vapt-vupt que rolou entre eles em Havana.
Só os jornalistas – ô, raça! – acreditaram que, em 30 minutos, os octogenários mais famosos do mundo “hablaram” sobre “fé e razão, liberdade e responsabilidade, liturgia católica, crise ecológica e cultural, mais a incapacidade da ciência de dar resposta a todas as questões do futuro” e o escambau.
O mais provável é que tenham trocado queixas sobre artrose no joelho, dor nas costas, azia, lapsos de memória, câimbras e a quantidade absurda de vezes que acordam no meio da noite pra fazer xixi.
Para os 10 minutos que ainda lhes restariam do encontro, tomara que algum assessor mais sensível tenha levado um jogo de dominó na manga da batina ou da farda, não importa.
Qualquer distração que desvie Fidel dessa ideia maluca de suceder o papa já faria o encontro valer a pena, né não?
Direito de respostaA bem da verdade, Marta Suplicy esclarece: aconselhar Fernando Haddad a “gastar sola de sapato” foi só uma forma metafórica e até carinhosa de mandar o candidato de Lula à Prefeitura de São Paulo plantar batatas ou lamber sabão. Se o ex-ministro, inclusive, preferir catar coquinho, por ela tudo bem! Só não lhe peçam para ir junto! Deu para entender ou quer que a senadora peça pro Supla desenhar?
Questão de ordem“DEM NÃO É ABREVIATURA DE DEMÓSTENES!” José Agripino, novo líder do DEM no Senado
Tá feia a coisa!A situação de Demóstenes Torres é tão complicada que o ex-ministro Antonio Palocci já ameaça processar o gaiato que anda dizendo por aí que o senador do DEM é uma espécie de “Palocci da direita”.
Obediência civilA pretexto de uma recomendação do primeiro-ministro David Cameron, que sugeriu aos ingleses manter o tanque cheio até que seja afastada a ameaça de greve dos caminhoneiros do setor de distribuição de combustível, os britânicos - ô, raça! - dobraram o consumo de cerveja nos pubs de Londres.
Hare babaJuscelino Kubitschek devia ter mandado construir Brasília na Índia, bem longe da imprensa brasileira. De Nova Délhi, como disse ontem Dilma Rousseff, tem-se a nítida sensação de que a crise política no País é invenção do noticiário. Vai ver o PMDB nem existe, né?
RelatividadeA greve geral na Espanha só paralisou pra valer pouco mais de 75% da mão de obra do país: 23% da força de trabalho já estava desempregada mesmo
Acredite se quiser - ROGÉRIO FURQUIM WERNECK
O Globo - 30/03/12
Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff conseguiu reverter a sequência de más notícias que vinham trazendo desgaste ao governo, com duas iniciativas que tiveram boa repercussão: uma reunião no Planalto com 28 dirigentes de grandes empresas e uma longa entrevista exclusiva à revista "Veja".
Da reunião, mais se sabe do que disseram os empresários. Mas foi reportado que a presidente "ouviu e anotou" com grande atenção críticas e sugestões feitas por cada um dos participantes. Já a entrevista à "Veja" deixa entrever o que, à primeira vista, poderia parecer melhora significativa no discurso econômico do governo. A presidente afirmou que "o Brasil não está recorrendo ao protecionismo", que "não vamos fechar o país" e que a exploração do pré-sal é mais importante que a exigência de 65% de conteúdo nacional nos equipamentos que serão utilizados. Disse também - pasmem-se todos - que "temos de baixar nossa carga de impostos, e vamos baixá-la".
Em que medida essa mudança de discurso é para ser levada a sério? Deixemos de lado tanto a pretensa disposição de resistir à escalada do lobby protecionista como a suposta percepção dos excessos da política de conteúdo nacional, e concentremos a atenção na promessa de redução da carga tributária. Foi reportado que, no Planalto, um dos empresários fez alusão a uma proposta que há muitos anos vem sendo sugerida: que o governo se comprometa com metas claras de limitação ou redução paulatina da carga tributária.
Seria bom se fosse possível. Mas é muito pouco provável que o governo esteja disposto a se comprometer com qualquer meta desse tipo. Tal compromisso seria incompatível com um ingrediente essencial do projeto político do governo, que é a manutenção da rápida expansão dos gastos públicos. Em dezembro passado, em entrevista à revista "The New Yorker", a presidente Dilma Rousseff declarou com todas as letras que "precisamos manter a economia crescendo, sem inflação, para gerar receita que permita continuar nossa política de distribuição de renda". Era a defesa nua e crua do crescimento econômico como forma de assegurar a fartura fiscal da qual se nutre o projeto político do governo.
As medidas de desoneração aventadas pelo governo bem ilustram as dificuldades envolvidas na redução da carga tributária. Se a ideia é desonerar a folha de pagamentos das empresas, bastaria um programa horizontal e transparente de diminuição paulatina da alíquota de contribuição patronal, que configurasse redução inequívoca da carga tributária. É óbvio que tal medida, isoladamente, acarretaria deterioração das contas das Previdência. Teria de ser conjugada, portanto, com um programa de contenção de despesas, preferencialmente na própria área previdenciária. O problema é que isso exigiria correções drásticas no discurso e na política econômica do governo.
Desde 2005, sob a firme liderança de Dilma Rousseff, o governo vem tentando sustentar um discurso de total negação da necessidade de contenção da expansão do gasto público. No caso do Regime Geral da Previdência, a história oficial tem sido a de que não há qualquer necessidade de reforma e que, aos poucos, as contas deverão ser equilibradas pelo lado da receita. Tão boa era a situação que o governo poderia até se dar ao luxo de aprovar no Congresso uma regra de superindexação que, em janeiro, implicou reajuste anual de mais de 14% no salário mínimo.
Sem condições de conciliar seu projeto político com uma redução efetiva de carga tributária, o governo vem manipulando uma política de desoneração espalhafatosa e pouco transparente que, em meio a muita poeira, pouco ou nada desonera. Em vez de simples redução da alíquota de contribuição patronal, o que vem sendo oferecido é uma mudança de base fiscal. Contribuição paga sobre faturamento e não mais sobre a folha, com alíquotas fixadas setor a setor, na medida da estridência do choro de cada um. Mais uma indefensável jabuticaba, que pode transformar o sistema tributário nacional numa colcha de retalhos ainda mais caótica do que já é.
Da reunião, mais se sabe do que disseram os empresários. Mas foi reportado que a presidente "ouviu e anotou" com grande atenção críticas e sugestões feitas por cada um dos participantes. Já a entrevista à "Veja" deixa entrever o que, à primeira vista, poderia parecer melhora significativa no discurso econômico do governo. A presidente afirmou que "o Brasil não está recorrendo ao protecionismo", que "não vamos fechar o país" e que a exploração do pré-sal é mais importante que a exigência de 65% de conteúdo nacional nos equipamentos que serão utilizados. Disse também - pasmem-se todos - que "temos de baixar nossa carga de impostos, e vamos baixá-la".
Em que medida essa mudança de discurso é para ser levada a sério? Deixemos de lado tanto a pretensa disposição de resistir à escalada do lobby protecionista como a suposta percepção dos excessos da política de conteúdo nacional, e concentremos a atenção na promessa de redução da carga tributária. Foi reportado que, no Planalto, um dos empresários fez alusão a uma proposta que há muitos anos vem sendo sugerida: que o governo se comprometa com metas claras de limitação ou redução paulatina da carga tributária.
Seria bom se fosse possível. Mas é muito pouco provável que o governo esteja disposto a se comprometer com qualquer meta desse tipo. Tal compromisso seria incompatível com um ingrediente essencial do projeto político do governo, que é a manutenção da rápida expansão dos gastos públicos. Em dezembro passado, em entrevista à revista "The New Yorker", a presidente Dilma Rousseff declarou com todas as letras que "precisamos manter a economia crescendo, sem inflação, para gerar receita que permita continuar nossa política de distribuição de renda". Era a defesa nua e crua do crescimento econômico como forma de assegurar a fartura fiscal da qual se nutre o projeto político do governo.
As medidas de desoneração aventadas pelo governo bem ilustram as dificuldades envolvidas na redução da carga tributária. Se a ideia é desonerar a folha de pagamentos das empresas, bastaria um programa horizontal e transparente de diminuição paulatina da alíquota de contribuição patronal, que configurasse redução inequívoca da carga tributária. É óbvio que tal medida, isoladamente, acarretaria deterioração das contas das Previdência. Teria de ser conjugada, portanto, com um programa de contenção de despesas, preferencialmente na própria área previdenciária. O problema é que isso exigiria correções drásticas no discurso e na política econômica do governo.
Desde 2005, sob a firme liderança de Dilma Rousseff, o governo vem tentando sustentar um discurso de total negação da necessidade de contenção da expansão do gasto público. No caso do Regime Geral da Previdência, a história oficial tem sido a de que não há qualquer necessidade de reforma e que, aos poucos, as contas deverão ser equilibradas pelo lado da receita. Tão boa era a situação que o governo poderia até se dar ao luxo de aprovar no Congresso uma regra de superindexação que, em janeiro, implicou reajuste anual de mais de 14% no salário mínimo.
Sem condições de conciliar seu projeto político com uma redução efetiva de carga tributária, o governo vem manipulando uma política de desoneração espalhafatosa e pouco transparente que, em meio a muita poeira, pouco ou nada desonera. Em vez de simples redução da alíquota de contribuição patronal, o que vem sendo oferecido é uma mudança de base fiscal. Contribuição paga sobre faturamento e não mais sobre a folha, com alíquotas fixadas setor a setor, na medida da estridência do choro de cada um. Mais uma indefensável jabuticaba, que pode transformar o sistema tributário nacional numa colcha de retalhos ainda mais caótica do que já é.
Enigmas brasileiros - NELSON MOTTA
O Estado de S.Paulo - 30/03/12
Um país continental, com uma economia vigorosa e uma imensa classe média com crescente poder aquisitivo, deveria ser um fabuloso mercado para o transporte aéreo. Mas a Gol e a TAM tiveram juntas um prejuízo de R$ 1 bilhão no ano passado e em dois anos perderam metade de seu valor de mercado, mesmo vendendo passagens nacionais a preços abusivos (uma ponte aérea Rio-São Paulo custa R$ 2 mil em alguns horários) e voos internacionais muito mais caros do que em outros países. Do aumento do querosene à crise internacional e aos impostos locais, tudo se explica, mas ninguém entende.
Um país com 190 milhões de habitantes, que adora futebol, com poderosas redes de televisão e ricos patrocinadores, times e jogadores de fama internacional, torcidas apaixonadas e massiva cobertura gratuita da mídia, deveria ser o mercado dos sonhos para uma liga de futebol profissional, como as americanas e europeias, com o seu campeonato visto no mundo inteiro. Mas os clubes brasileiros estão todos falidos ou quase. De administrações desastrosas à corrupção e politicagem, do coronelismo da CBF às anacrônicas leis das sociedades esportivas, tudo se explica, mas ninguém entende.
Nosso país é mesmo difícil de entender. Aqui joga-se em tudo, bicho, bingo, cavalos, loterias, raspadinhas e mega-senas, explorados por bandidos ou pelo Estado, gerando montanhas de dinheiro sujo e de impostos.
Mas, em nome da moral e dos bons costumes, os cassinos são proibidos, até para turistas estrangeiros.
Nos anos 1930 e 40 eles eram o motor do mercado de turismo e entretenimento no Brasil, empregando milhares de pessoas e pagando fortunas de impostos, mas foram extintos por um decreto autoritário do presidente Dutra, há 66 anos, a pedido de sua esposa, dona Santinha, que era muito católica. Isso explica tudo, mas ninguém entende.
Aqui os partidos políticos recebem R$ 265 milhões de fundos constitucionais por ano e usam, vendem ou alugam horários milionários de rádio e TV, gratuitos para eles mas pagos pelo contribuinte às emissoras como renúncia fiscal. Mas querem o "financiamento público" das campanhas.
Cartão-postal - SONIA RACY
O ESTADÃO - 30/03/12
Se Deus é brasileiro não se sabe, mas o Cristo é carioca. Pelo menos o Redentor. O TJ-SP reforçou, em segunda instância, que os direitos patrimoniais do monumento pertencem à Arquidiocese do Rio.
A família do francês Paul Landowski (um dos escultores do cartão-postal carioca) não gostou de ver a imagem do Cristo em joias da H. Stern. Entrou com ação em 2007 e perdeu. O escritório Dannemann Siemsen comprovou os direitos de posse da Igreja católica.
Adesão de peso
Gal Costa e Kymani Marley –filho de Bob – disseram sim. Participarão da Virada Cultural Paulista em algumas cidades do interior.
Na capital, a cantora se apresenta dia 8, no Parque da Juventude. Encerramento do projeto Cultura Livre SP. Grátis.
Meu lugar
Gal, aliás, trocou o Rio por SP e está morando nos Jardins.
Know-how
Curiosidade. Jorge Gerdau escolheu para ser diretor do Movimento Brasil Competitivo um ex-funcionário do Banco Central, Sergio Albuquerque de Abreu e Lima. Que serviu ao BC por 36 anos.
Na memória
Demóstenes Torres, senador, ironizou Ricardo Lewandowski, do TSE, durante julgamento sobre a criação do PSD. Agora, o inquérito que Demóstenes responderá por envolvimento com Carlinhos Cachoeira está nas mãos de... Lewandowski.
Na memória 2
Torres dizia que Lewandowski voltara aos tempos de advogado ao julgar o processo de criação do PSD. “Todos o assistiram dançando na boquinha da garrafa”, afirmou, à época.
Estará arrependido?
Desafino
Marcelo Déda, excluído do jantar dos Brics com Dilma, atacou de cantor, anteontem, no restaurante do hotel onde a comitiva está hospedada, em Nova Délhi. Ao lado de um pianista português, soltou a voz, cantando Zeca Pagodinho, Garota de Ipanema e... Desafinado.
Desafino 2
Depois, deliciou-se com lagosta no cogumelo. Estava tão boa, que o governador de Sergipe ameaçou se ajoelharem frente a Shiva para agradecer.
Todo ouvidos
José Maria Marin conversou com Pelé. Marcaram encontro semana que vem, em São Paulo, para que o Rei faça sugestões em relação à Copa. O presidente da CBF fez questão de lembrar que Pelé sempre o visitava quando ele foi governador do Estado de São Paulo. E que nunca pediu nada para si, só para o esporte.
E ainda seguindo sua estratégia de aproximação com jogadores, Marin recebe Zico, terça-feira, na sede da CBF, no Rio.
Ilusão de ótica
Leitora da coluna jura que viu Demóstenes Torres, do DEM, pagar em dinheiro vivo sua estada, em janeiro, na estrelada pousada Nannai, em Porto de Galinhas.
Deve ter se confundido.
Nova edição
Antoine Vernholes, da revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui, está em São Paulo. Preparando uma edição brasileira. Certamente sob influência do francês Alexandre Allard, controlador da revista, que tem em seu conselho nomes como Frank Gehry, Philippe Starck e Jean Nouvel.
O empresário acaba de entrar no Brasil por meio da compra do antigo Hospital Matarazzo.
Na frente
Marcos da Veiga Pereira, editor da Sextante, arrumou tempo e montou um projeto para chamar de seu. Lança o livro Sabor do Brasil, terça-feira, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Patricia Blanco foi eleita presidente do conselho do Instituto Palavra Aberta.
Fabio Porchat promove edição da Exposição Nacional de Artes Plásticas. No Jockey, a partir de amanhã.
A mostra Panoramas - – Paisagem Brasileira no Acervo do Instituto Moreira Salles abre amanhã. Na Faap.
E a Tom Maior levará a história da camisinha para o sambódromo do Anhembi, em 2013. Patrocinada pela Prudence.
A família do francês Paul Landowski (um dos escultores do cartão-postal carioca) não gostou de ver a imagem do Cristo em joias da H. Stern. Entrou com ação em 2007 e perdeu. O escritório Dannemann Siemsen comprovou os direitos de posse da Igreja católica.
Adesão de peso
Gal Costa e Kymani Marley –filho de Bob – disseram sim. Participarão da Virada Cultural Paulista em algumas cidades do interior.
Na capital, a cantora se apresenta dia 8, no Parque da Juventude. Encerramento do projeto Cultura Livre SP. Grátis.
Meu lugar
Gal, aliás, trocou o Rio por SP e está morando nos Jardins.
Know-how
Curiosidade. Jorge Gerdau escolheu para ser diretor do Movimento Brasil Competitivo um ex-funcionário do Banco Central, Sergio Albuquerque de Abreu e Lima. Que serviu ao BC por 36 anos.
Na memória
Demóstenes Torres, senador, ironizou Ricardo Lewandowski, do TSE, durante julgamento sobre a criação do PSD. Agora, o inquérito que Demóstenes responderá por envolvimento com Carlinhos Cachoeira está nas mãos de... Lewandowski.
Na memória 2
Torres dizia que Lewandowski voltara aos tempos de advogado ao julgar o processo de criação do PSD. “Todos o assistiram dançando na boquinha da garrafa”, afirmou, à época.
Estará arrependido?
Desafino
Marcelo Déda, excluído do jantar dos Brics com Dilma, atacou de cantor, anteontem, no restaurante do hotel onde a comitiva está hospedada, em Nova Délhi. Ao lado de um pianista português, soltou a voz, cantando Zeca Pagodinho, Garota de Ipanema e... Desafinado.
Desafino 2
Depois, deliciou-se com lagosta no cogumelo. Estava tão boa, que o governador de Sergipe ameaçou se ajoelharem frente a Shiva para agradecer.
Todo ouvidos
José Maria Marin conversou com Pelé. Marcaram encontro semana que vem, em São Paulo, para que o Rei faça sugestões em relação à Copa. O presidente da CBF fez questão de lembrar que Pelé sempre o visitava quando ele foi governador do Estado de São Paulo. E que nunca pediu nada para si, só para o esporte.
E ainda seguindo sua estratégia de aproximação com jogadores, Marin recebe Zico, terça-feira, na sede da CBF, no Rio.
Ilusão de ótica
Leitora da coluna jura que viu Demóstenes Torres, do DEM, pagar em dinheiro vivo sua estada, em janeiro, na estrelada pousada Nannai, em Porto de Galinhas.
Deve ter se confundido.
Nova edição
Antoine Vernholes, da revista francesa L’Architecture d’Aujourd’hui, está em São Paulo. Preparando uma edição brasileira. Certamente sob influência do francês Alexandre Allard, controlador da revista, que tem em seu conselho nomes como Frank Gehry, Philippe Starck e Jean Nouvel.
O empresário acaba de entrar no Brasil por meio da compra do antigo Hospital Matarazzo.
Na frente
Marcos da Veiga Pereira, editor da Sextante, arrumou tempo e montou um projeto para chamar de seu. Lança o livro Sabor do Brasil, terça-feira, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
Patricia Blanco foi eleita presidente do conselho do Instituto Palavra Aberta.
Fabio Porchat promove edição da Exposição Nacional de Artes Plásticas. No Jockey, a partir de amanhã.
A mostra Panoramas - – Paisagem Brasileira no Acervo do Instituto Moreira Salles abre amanhã. Na Faap.
E a Tom Maior levará a história da camisinha para o sambódromo do Anhembi, em 2013. Patrocinada pela Prudence.
Faturadinha - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 30/03/12
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), fez um acordo com os ruralistas para votar nesta semana a Lei Geral da Copa. À revelia da presidente Dilma, que quer empurrar com a barriga a votação do Código Florestal, Maia assumiu o compromisso de votar o tema em abril. Ele estava como presidente interino, na tarde de terça-feira, quando disse aos líderes do PMDB, Henrique Alves (RN), e do PT, Jilmar Tatto (SP): "Este é o meu momento".
Acordo desagrada presidente Dilma
Logo depois de deixar o Planalto, Henrique Alves chamou ao gabinete da liderança do PMDB na Câmara líderes ruralistas de 13 partidos. E apresentou a proposta de Maia: "Ele faz um apelo para votar a Lei Geral da Copa amanhã (quarta-feira) e assume o compromisso de votar o Código Florestal em abril". Henrique fez a ressalva que Maia só não podia ainda marcar a data e acrescentou: "Vocês devem atendê-lo, porque votar a Lei da Copa dá crédito para ele marcar a votação do Código". O acordo com os ruralistas permitiu que Maia surfasse como quem aprovou a Lei da Copa e que a oposição ironizasse, brincando, que a lei só foi votada porque a crise viajou.
"Não existe crise. Essa crise é da imprensa” — Jilmar Tatto, deputado (SP) e líder do PT, sobre a queda de braço entre a presidente Dilma e o Congresso
RIO + 20 EMPRESARIAL. O vice-primeiro-ministro da Inglaterra, o liberal Nick Glegg, num encontro em Seul (Coréia do Sul) com o vice Michel Temer, propôs que o Brasil organizasse, durante a Rio + 20, uma reunião paralela entre empresários que adotam práticas ambientalmente sustentáveis. Temer gostou da ideia e vai propor sua realização para a presidente Dilma, para o Itamaraty e para entidades empresariais como a CNI e a Fiesp.
Dança das cadeiras
Ex-prefeito de Goiânia, Pedro Wilson (PT) será o novo secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambientel. O atual titular, Nabil Bonduki, vai disputar uma vaga de vereador em São Paulo pelo PT.
Royalties
No encontro com líderes partidários, o ministro Guido Mantega (Fazenda) sugeriu que a Câmara só tratasse da Lei de Royalties do petróleo depois da eleições municipais. Advertiu que a decisão vai ser contaminada pelo debate eleitoral.
Espanador na biblioteca
O presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, vai reunir hoje a diretoria da Sociedade dos Amigos da Biblioteca e os membros do conselho editorial da Revista de História para tentar mediar um acordo a respeito da demissão do editor da publicação, Luciano Figueiredo. O temor é que o bate-boca público afaste os patrocionadores. Ele foi demitido pela Sociedade de Amigos, devido a publicação de um texto em seu site atacando o PSDB, mas o conselho quer seu retorno.
Conselho
Líderes partidários governistas defenderam para a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) que o Executivo empenhe 30% das emendas parlamentares até junho. Alegaram que isso reduzirá a tensão na base parlamentar aliada.
Reação
A Comissão de Seguridade da Câmara debaterá a fiscalização dos hospitais privados. A ideia é do presidente da Embratur, Flávio Dino, cujo filho, Marcelo, morreu após uma crise de asma na UTI do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
A VEREADORA Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) desistiu de disputar a reeleição. Seu projeto é ter um programa de rádio para debater os problemas da cidade do Rio de Janeiro.
O INSTITUTO da Cidadania, ONG do ex-presidente Lula, reúne hoje, em São Paulo, especialistas e ministros do governo Dilma para debater "Governança Metropolitana".
O SENADOR Cristovam Buarque (PDT-DF) realizou ontem um novo debate sobre o "Decrescimento da Economia". Cristovam defendeu que o Brasil adote o modelo de crescimento do Butão.
Acordo desagrada presidente Dilma
Logo depois de deixar o Planalto, Henrique Alves chamou ao gabinete da liderança do PMDB na Câmara líderes ruralistas de 13 partidos. E apresentou a proposta de Maia: "Ele faz um apelo para votar a Lei Geral da Copa amanhã (quarta-feira) e assume o compromisso de votar o Código Florestal em abril". Henrique fez a ressalva que Maia só não podia ainda marcar a data e acrescentou: "Vocês devem atendê-lo, porque votar a Lei da Copa dá crédito para ele marcar a votação do Código". O acordo com os ruralistas permitiu que Maia surfasse como quem aprovou a Lei da Copa e que a oposição ironizasse, brincando, que a lei só foi votada porque a crise viajou.
"Não existe crise. Essa crise é da imprensa” — Jilmar Tatto, deputado (SP) e líder do PT, sobre a queda de braço entre a presidente Dilma e o Congresso
RIO + 20 EMPRESARIAL. O vice-primeiro-ministro da Inglaterra, o liberal Nick Glegg, num encontro em Seul (Coréia do Sul) com o vice Michel Temer, propôs que o Brasil organizasse, durante a Rio + 20, uma reunião paralela entre empresários que adotam práticas ambientalmente sustentáveis. Temer gostou da ideia e vai propor sua realização para a presidente Dilma, para o Itamaraty e para entidades empresariais como a CNI e a Fiesp.
Dança das cadeiras
Ex-prefeito de Goiânia, Pedro Wilson (PT) será o novo secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambientel. O atual titular, Nabil Bonduki, vai disputar uma vaga de vereador em São Paulo pelo PT.
Royalties
No encontro com líderes partidários, o ministro Guido Mantega (Fazenda) sugeriu que a Câmara só tratasse da Lei de Royalties do petróleo depois da eleições municipais. Advertiu que a decisão vai ser contaminada pelo debate eleitoral.
Espanador na biblioteca
O presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, vai reunir hoje a diretoria da Sociedade dos Amigos da Biblioteca e os membros do conselho editorial da Revista de História para tentar mediar um acordo a respeito da demissão do editor da publicação, Luciano Figueiredo. O temor é que o bate-boca público afaste os patrocionadores. Ele foi demitido pela Sociedade de Amigos, devido a publicação de um texto em seu site atacando o PSDB, mas o conselho quer seu retorno.
Conselho
Líderes partidários governistas defenderam para a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) que o Executivo empenhe 30% das emendas parlamentares até junho. Alegaram que isso reduzirá a tensão na base parlamentar aliada.
Reação
A Comissão de Seguridade da Câmara debaterá a fiscalização dos hospitais privados. A ideia é do presidente da Embratur, Flávio Dino, cujo filho, Marcelo, morreu após uma crise de asma na UTI do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
A VEREADORA Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) desistiu de disputar a reeleição. Seu projeto é ter um programa de rádio para debater os problemas da cidade do Rio de Janeiro.
O INSTITUTO da Cidadania, ONG do ex-presidente Lula, reúne hoje, em São Paulo, especialistas e ministros do governo Dilma para debater "Governança Metropolitana".
O SENADOR Cristovam Buarque (PDT-DF) realizou ontem um novo debate sobre o "Decrescimento da Economia". Cristovam defendeu que o Brasil adote o modelo de crescimento do Butão.
Faltou dizer - CELSO MING
O Estado de S. Paulo - 30/03/12
O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, não esclarece as razões por que, subitamente, foi necessário aumentar o corte dos juros para 0,75 ponto porcentual, em vez de continuar com a dose de 0,50 ponto porcentual em vigor desde agosto anterior.Se os juros básicos (Selic) estavam em 10,50% ao ano e a decisão foi chegar até os 9,00% ao ano e nesse patamar estacionar por certo tempo, como foi comunicado, não faria diferença se o Comitê de Política Monetária (Copom), presidido por Alexandre Tombini, mantivesse o ritmo anterior. Ou seja, não faria diferença se, em vez de dois cortes, de 0,75 ponto porcentual, aplicasse três, de 0,50.
A única referência à decisão no texto do Relatório é a seguinte: "Dois membros do Comitê (Copom) ponderaram que seria oportuna a manutenção do ritmo de ajuste da taxa Selic. Entretanto, a maioria argumentou que uma redistribuição temporal do ajuste total das condições monetárias era a estratégia mais apropriada". Ficamos sem saber por que, afinal, essa seria "a estratégia mais apropriada".
Tampouco ficou esclarecida a razão pela qual a Selic encalharia por algum tempo nos 9,0% ao ano, conforme aviso já apresentado na Ata do Copom, se os prognósticos do Banco Central são tão mais favoráveis ao comportamento dos preços, a ponto de projetar para todo este ano inflação de 4,4%, abaixo do centro da meta. Nesse caso, por que não prosseguir no corte dos juros?
A falta dessa explicação parece dar força à hipótese de que o Banco Central não quis criar caso político com mudanças das regras da caderneta de poupança. Se a Selic caísse abaixo de 9,0% ao ano, a caderneta de poupança, que paga 6,17% ao ano mais a TR (isentos do Imposto de Renda), ficaria bem mais competitiva do que os Títulos do Tesouro Nacional. Assim, seria necessário reduzir a remuneração da aplicação mais popular em pleno ano eleitoral para que ela não esvaziasse os investimentos em fundos de renda fixa e no atual estoque de títulos do Tesouro Nacional.
Também faltou explicação para a reafirmação das projeções do PIB de 2012, de 3,5%, pelo Banco Central. Essas projeções foram feitas ao final de 2011. De lá para cá, a novidade foi a percepção de forte desaceleração do crescimento.
Ora, se a atividade econômica ficou depois visivelmente mais baixa do que a percebida no momento em que foram feitas as projeções do PIB, não faz sentido manter essas projeções que, de resto, são mais baixas do que os 4,5% em que vêm insistindo as autoridades dos ministérios da Fazenda e do Planejamento. A falta de justificativas para esse ponto parece dar razão às advertências daqueles analistas para os quais o crescimento do PIB em 2012 não deverá ser muito mais alto do que os 2,7% registrados em 2011.
Mais uma observação. Se a inflação deste ano ficará até mesmo abaixo da meta, de 4,5% em 2012, como o Relatório deixa claro, parece aberto o espaço para que o Ministério da Fazenda autorize o reajuste dos preços dos combustíveis, especialmente da gasolina e do óleo diesel. Nesse caso, o Banco Central terá de abandonar a hipótese de que se mantenha o reajuste zero em todo este ano.
Na Garganta do Diabo - MILTON HATOUM
O Estado de S.Paulo - 30/03/12
"Odeio Carlos III e o Marquês de Pombal", disse uma voz ao meu lado. "Quando eles expulsaram os jesuítas, destruíram um projeto civilizador. Foi uma tragédia para esta América."
Enquanto o guia falava em voz alta, os turistas o olhavam perplexos. Eu observava as ruínas de uma missão jesuítica perto de Posadas. Os turistas fotografaram paredes e colunas amarelas, de um amarelo terroso, avermelhado, escurecido pelo tempo; depois se afastaram para beber refrigerante e cerveja. O guia, agora sozinho e calado, contemplava uma escola do século 18.
Parecia um homem tristíssimo. Quando me aproximei dele e disse que eu era um visitante interessado nessa tragédia, me encarou com seus olhos rasgados e perguntou: visitante ou turista?
"Acho que dá no mesmo", respondi.
"Não, não dá no mesmo", replicou, com uma voz que prolongava a tristeza do olhar. "Hoje em dia os turistas fotografam tudo, sem conhecer nada. Não querem ouvir histórias do lugar, nem a História do lugar."
Argumentei que a imensa maioria dos turistas sempre agiu assim.
"Não é verdade", disse em espanhol, também sem sotaque.
Perguntei se ele era bilíngue.
Sem nenhum pedantismo, ele disse que podia saudar a Lua em seis idiomas. O pai de José Yu Hu era um chinês de Goa; a mãe, uma brasileira de Foz do Iguaçu, neta de índios.
"Nasci a poucos metros do Rio Paraná", disse Yu Hu. "Cresci na tríplice fronteira, ouvindo o espanhol paraguaio e argentino, ouvindo o cantonês falado por meu pai e o português materno. Essas três línguas não são menos familiares para mim do que a paisagem de Foz, Puerto Iguazu e Ciudad del Este."
Contou que aos 19 anos já era guia turístico. Estudou a história dos países da tríplice fronteira, leu muitos livros da literatura desses países, leu tudo sobre a Guerra do Paraguai, que, para ele, era uma das maiores atrocidades desta América, e a menos comentada, ou a mais ocultada.
"Há quarenta e dois anos trabalho com turismo. Naveguei com turistas pelo Rio Paraná, andei com eles pela floresta, levei-os para ver de perto as cachoeiras, principalmente a Garganta do Diabo. Antes, quando eu recitava poemas sobre a natureza selvagem, eles me ouviam com interesse. Recitava poemas chineses e uma lenda guarani, que eu mesmo tinha traduzido; recitava poemas ingleses, americanos, franceses, latino-americanos, e os turistas se deleitavam com as minhas palavras; quer dizer, com os versos de grandes poetas traduzidos por mim."
Bebeu água do cantil e fez um gesto contrariado com a cabeça. Eu me refugiara na sombra de uma parede de pedras, mas Yu Hu não saiu do sol. Era moreno, e seu rosto asiático podia ser também indígena.
"Às vezes recitava poemas sobre a morte", ele prosseguiu. "Quem, diante da Garganta do Diabo, a um passo desse abismo cercado de rochas e água não pensa na morte? Eu dizia: esse abismo sem fundo, quase infinito não nos remete ao nosso destino comum? Eles me olhavam com ar pensativo. Refletiam sobre minhas palavras, refletiam sobre a vida e seu avesso: o silêncio eterno. Talvez pensassem no amor, na nossa ansiada plenitude, ou no vazio da vaidade. E enquanto eles pensavam em coisas ao mesmo tempo simples e profundas, ouvíamos o barulho estrondoso da água caindo no abismo."
Um escorpião saiu de uma fresta das pedras e ficou parado, à espera de algo. Perguntei a Yu Hu em que ele pensava quando conduzia os jovens à Garganta do Diabo.
"Eu?", ele disse, olhando o escorpião quase da cor das ruínas. "Eu também pensava no nosso destino. Naquela época eu era um jovem guia turístico que olhava o rosto de jovens latino-americanos e pensava: estão todos perdidos? Estamos todos à deriva? Perdidos ou à deriva, não importa, estávamos vivos, líamos e pensávamos muito, fazíamos perguntas sobre a nossa vida, nossa história. Mas isso faz muito tempo, mais de 30 anos... Na década de 80, poucos queriam ouvir poemas. E hoje, já nem ouso recitar um soneto de amor. Há uns seis meses, aqui mesmo em Posadas, um turista me perguntou: 'Yu Hu, você não gostaria de participar do Facebook?' Os outros turistas tiraram fotos do meu corpo diante desta parede de pedras. Enquanto riam e fotografavam, eu lhes dizia: 'Não façam isso com este velho inútil'. Acho que nem me escutaram. Outro dia, quase por distração, quando citei um poema de Borges, um homem perguntou: 'Borges, o centroavante do glorioso Santos?' Fiquei mudo, senti um ardor nos olhos, senti saudades daqueles mochileiros da Garganta do Diabo, todos sabiam quem era Jorge Luis Borges, quem era Augusto Roa Bastos, quem era o autor do poema A Meditação sobre o Tietê."
A mão que segurava o cantil descaiu. Yu Hu virou o corpo para a escola arruinada, ia dizer alguma coisa, mas os turistas já estavam por ali. Seguravam latas e garrafas e um deles pediu ao guia para que fossem embora.
Com jeito vai - DORA KRAMER
O ESTADÃO - 30/03/12
Diga-se o que for sobre a senador a Marta Suplicy. Ressalte-se a impertinência, a inadequação verbal e o toque acentuado de presunção, mas reconheça-se nela uma qualidade em escassez no mercado: a insubordinação mental.
Fala alto o que seus companheiros de PT dizem em voz baixa, mas não repetem em público por medo de contrariar o comandante em chefe.
Quando Lula queria fazer de Ciro Gomes candidato a governador de São Paulo, Marta foi aúnica averbalizar a insatisfação da maioria, dizendo que ele não tinha “nada a ver” com o Estado.
Quando o ex-presidente deuos primeiros sinais de que faria de Fernando Haddadcandidato aprefeito,Martapostulava o lugar e duvidou: “Só se for para perder”.
Depois avisou que José Serra acabaria sendo candidato pelo PSDB e mais adiante se rebelou contra a aliança com o prefeito Gilberto Kassab, considerando a hipótese “um pesadelo”.
Há dois dias disse via Twitter que a estratégia do PT na eleição municipal está errada e aconselhou Haddad a “gastar sola de sapato” se quiser deslanchar.
Marta Suplicy tem falado pouco, evitado entrevistas e, sobretudo, se esquivado dapressão para mergulhar na campanha como uma espécie de embaixadora de Haddadjunto ao eleitorado, principalmente o feminino e residente naperi feria da cidade.
Nesse vácuo vicejam dúvidas sobre a disposição dela de reforçar o time petista nessa eleição e também surgem versões de que Lula poderia recuar e fazê-la candidata do PT à Prefeitura. O que é fato ou ficção, ninguém melhor que a própria para esclarecer.
“Isso (recuo de Lula) não vai acontecer nem eu tenho pretensão de voltar à disputa. É página virada, já aceitei que não sou candidata, mas não preciso participar de uma campanha equivocada nem acreditar que existem soluções mágicas porque elas não existem”, diz a senadora.
A magia a que se refere é o poder que se atribui a ela, ou a Lula, de fazer decolar a candidatura de Haddad. “Quem precisa se conectar com o público é o candidato, não dá para transferir isso”, argumenta.
Participar ela vai. Mas só no momento certo, apartir do início oficial da campanha ou, daqui até lá, em situações que considere realmente importantes. Por exemplo: no próximo dia 13 na inauguração de um Centro Educacional Unificado (CEU) em São Bernardo. “No momento inclusive tenho muito trabalho como vice-presidente do Senado.”
A senadora acha que não adianta e pode até ser contraproducente sair pela cidade com o candidato a tiracolo como gostaria o partido. “Não acrescenta nada e pode até haver reação negativa daqueles que preferiam a minha candidatura.”
Marta assegura que estará no horário de TV e dará declarações de apoio quando “couber”. Agora, condiciona seu engajamento a mudanças profundas na estratégia.
As essenciais: “Ampliar as alianças e reforçar a presença de Haddad junto ao eleitorado e à militância. Ele é que preci sa empolgar”.
Em suma, a senadora faz seu jogo: administra com independência seu patrimônio eleitoral e leva o PT cortar um dobrado de aflição em decorrência da submissão cega a Lula. Quando lhe interessa, Marta se submete às circunstâncias, mas mantém a alma intacta.
Sem saída. Com a reputação irremediavelmente ferida devido àproximidade com um notório cliente da Justiça dito empresário de jogos, o senador Demóstenes Torres não tem outro jeito a não ser encerrar por aqui sua curta carreira de político.
Até em nome dos muitobons serviços prestados ao mandato –em diversos campos, com destaque ao papel dele em prol da aprovação da Lei da Ficha Limpa –, o senador tem um dever de coerência: aplicar a si o mesmo rigor ético que adotou para tudo e para todos.
Lamentável que um parlamentar de qualidade tenha a trajetória interrompida enquanto outros envolvidos em episódios tão ou mais graves, e muito menos qualificados continuem por aí, mas o gesto da retirada serviria até para marcar a diferença.
Diga-se o que for sobre a senador a Marta Suplicy. Ressalte-se a impertinência, a inadequação verbal e o toque acentuado de presunção, mas reconheça-se nela uma qualidade em escassez no mercado: a insubordinação mental.
Fala alto o que seus companheiros de PT dizem em voz baixa, mas não repetem em público por medo de contrariar o comandante em chefe.
Quando Lula queria fazer de Ciro Gomes candidato a governador de São Paulo, Marta foi aúnica averbalizar a insatisfação da maioria, dizendo que ele não tinha “nada a ver” com o Estado.
Quando o ex-presidente deuos primeiros sinais de que faria de Fernando Haddadcandidato aprefeito,Martapostulava o lugar e duvidou: “Só se for para perder”.
Depois avisou que José Serra acabaria sendo candidato pelo PSDB e mais adiante se rebelou contra a aliança com o prefeito Gilberto Kassab, considerando a hipótese “um pesadelo”.
Há dois dias disse via Twitter que a estratégia do PT na eleição municipal está errada e aconselhou Haddad a “gastar sola de sapato” se quiser deslanchar.
Marta Suplicy tem falado pouco, evitado entrevistas e, sobretudo, se esquivado dapressão para mergulhar na campanha como uma espécie de embaixadora de Haddadjunto ao eleitorado, principalmente o feminino e residente naperi feria da cidade.
Nesse vácuo vicejam dúvidas sobre a disposição dela de reforçar o time petista nessa eleição e também surgem versões de que Lula poderia recuar e fazê-la candidata do PT à Prefeitura. O que é fato ou ficção, ninguém melhor que a própria para esclarecer.
“Isso (recuo de Lula) não vai acontecer nem eu tenho pretensão de voltar à disputa. É página virada, já aceitei que não sou candidata, mas não preciso participar de uma campanha equivocada nem acreditar que existem soluções mágicas porque elas não existem”, diz a senadora.
A magia a que se refere é o poder que se atribui a ela, ou a Lula, de fazer decolar a candidatura de Haddad. “Quem precisa se conectar com o público é o candidato, não dá para transferir isso”, argumenta.
Participar ela vai. Mas só no momento certo, apartir do início oficial da campanha ou, daqui até lá, em situações que considere realmente importantes. Por exemplo: no próximo dia 13 na inauguração de um Centro Educacional Unificado (CEU) em São Bernardo. “No momento inclusive tenho muito trabalho como vice-presidente do Senado.”
A senadora acha que não adianta e pode até ser contraproducente sair pela cidade com o candidato a tiracolo como gostaria o partido. “Não acrescenta nada e pode até haver reação negativa daqueles que preferiam a minha candidatura.”
Marta assegura que estará no horário de TV e dará declarações de apoio quando “couber”. Agora, condiciona seu engajamento a mudanças profundas na estratégia.
As essenciais: “Ampliar as alianças e reforçar a presença de Haddad junto ao eleitorado e à militância. Ele é que preci sa empolgar”.
Em suma, a senadora faz seu jogo: administra com independência seu patrimônio eleitoral e leva o PT cortar um dobrado de aflição em decorrência da submissão cega a Lula. Quando lhe interessa, Marta se submete às circunstâncias, mas mantém a alma intacta.
Sem saída. Com a reputação irremediavelmente ferida devido àproximidade com um notório cliente da Justiça dito empresário de jogos, o senador Demóstenes Torres não tem outro jeito a não ser encerrar por aqui sua curta carreira de político.
Até em nome dos muitobons serviços prestados ao mandato –em diversos campos, com destaque ao papel dele em prol da aprovação da Lei da Ficha Limpa –, o senador tem um dever de coerência: aplicar a si o mesmo rigor ético que adotou para tudo e para todos.
Lamentável que um parlamentar de qualidade tenha a trajetória interrompida enquanto outros envolvidos em episódios tão ou mais graves, e muito menos qualificados continuem por aí, mas o gesto da retirada serviria até para marcar a diferença.
Comitê de salvação privada - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 30/03/12
Os economistas de Dilma Rousseff se encontram com os rapazes do mercado e prometem "mudanças de fôlego", além dos esparadrapos e remendos da "política industrial" improvisada no cotidiano.
Convocam os banqueiros a fim de cobrar redução das taxas de juros para empresas e consumidores (segundo o jornal "Valor"), que na média vêm subindo desde novembro.
As conversas com a indústria são tantas que o governo parece ter instalado um comitê de salvação pública das fábricas, por assim dizer. Na verdade, não se trata de piada.
O governo está para lançar um projeto que ele mesmo chama de "câmaras" ou "comitês de competitividade" (ou de "sustentabilidade"). Serão grupos consultivos de onde, em tese, vão sair demandas da indústria sobre impostos, custos, burocracias, problemas da "cadeia produtiva". O projeto é criar cerca de 20 desses "comitês" setoriais.
Por coincidência, ou não, na segunda-feira o deputado federal Vicentinho (PT-SP) discursou na Câmara sugerindo ao governo que ressuscitasse as "câmaras setoriais" do início dos anos 1990. O objetivo do deputado parecia mais ser o de introduzir nas conversas do governo com a indústria a redução da jornada semanal de trabalho.
É quase impossível que tal bode entre nas novas "câmaras" ou "comitês" do governo. Mas Vicentinho tocou uma corda interessante.
As "câmaras setoriais" começaram a ser pensadas no final do governo Collor, em 1991, e estiveram mais ativas nos anos de Itamar Franco, em 1992 e 1993.
Na prática, eram um acordão semicorporativo entre empresários, governo e sindicalistas (CUT inclusive) sobre acertos de preços, salários e aumento de produção. O resultado do projeto é controverso e, de qualquer modo, tal debate não cabe aqui nestas colunas. Mas era acordo típico de um outro Brasil.
A iniciativa em estudo no governo é mais um passo na reversão de políticas adotadas a partir do domínio tucano, de 1993 a 2002.
No final do governo Itamar, já sob orientação tucana, houve uma súbita abertura do mercado brasileiro, de automóveis em particular, medida que foi intensificada pela valorização recorde do real (no final de 1994. Aliás, o câmbio real efetivo está agora nesse mesmo nível da "abertura selvagem" tucana).
Embora os tucanos tenham feito as suas políticas de parceria Estado-empresa, no caso da indústria a política foi relativamente liberal: mais competição.
Pelo menos desde 2008 até agora, e em que pesem a situação emergencial de parte da indústria e a esdrúxula conjuntura financeira mundial, a tendência lulo-dilmiana é de tratar de proteção primeiro e de aumento de produtividade depois.
Vide o que virou a política industrial para o setor automotivo. A princípio, a ideia era demandar inovação em troca de incentivos estatais; no fim das contas, até agora, viu-se apenas redução de imposto para os "nacionais" e aumento de tributo para os importados. Proteção.
Sim, os "comitês de competitividade" podem ser um bom meio de o governo entender a vida real das empresas e até pensar em programas de reformas de fôlego. Mas pode se tratar também da instalação de uma nova tenda dos milagres.
A aparente contradição do BC - CLAUDIA SAFATLE
VALOR ECONÔMICO - 30/03/12
Diante das defasagens da política monetária, já seria hora de o BC se preocupar não só com a inflação deste ano, mas também com a de 2013. Portanto, soa esquisito a autoridade monetária estar afrouxando seus instrumentos quando os preços tendem a escapar do seu controle no horizonte relevante.
A contradição é aparente, explicam fontes oficiais. O fato é que ao colocar no modelo algumas previsões que não são suas - por exemplo, as apuradas junto ao mercado, que estima um IPCA de 5,3% este ano e de 5,5% para o ano que vem - o cenário de referência do BC fica "inflado" e apresenta uma projeção de inflação mais salgada do que o Comitê de Política Monetária considera como mais provável para a tomada de decisão.
No RI, cenário de referência do BC "está inflado"
Há, também, elementos novos que devem estar na mira dos encarregados do controle da inflação. Por exemplo, o efeito de Basileia 3 sobre a oferta de crédito a partir de 2013. São regras restritivas para o sistema bancário e embora sejam de operacionalização gradual, algumas instituições podem decidir aplica-las de forma mais rápida, reduzindo a disponibilidade de crédito para a economia e, portanto, a força da demanda.
E há outros que podem dar um alívio em relação a este ano. Este é o caso do aumento do salário mínimo, reajustado em 14% em janeiro e que dá fôlego para a inflação de serviços. Se o IPCA ficar em 4,5% este ano, o reajuste do salário mínimo em 2013 será de 7,2%. Ou seja, praticamente metade do que foi neste exercício, o que, na pior das hipóteses, evitará que os preços dos serviços aumentem mais.
Em setembro de 2011, técnicos do Banco Central trabalhavam com uma desaceleração do crescimento da China para a faixa dos 7%. Hoje, não acham impossível que a expansão da segunda maior economia do mundo este ano fique mais próxima da casa dos 6%. Os preços das commodities, para efeito de cálculo das projeções inflacionárias, está praticamente estável. Mas nada garante que não haverá uma queda, o que seria bom para a inflação mas ruim para as contas externas do país.
A expansão do crédito interno este ano pode não alcançar os 15% estimados pelo BC. Há quem considere esse um crescimento superestimado.
A inércia, que funciona como fator de resistência para a queda dos preços, tende a dar uma inestimável contribuição este ano para os reajustes de preços administrados e monitorados por contratos. O IGP-DI, índice muito usado como indexador de contratos, que era de 11% em fevereiro de 2011, caiu para 3.38% em 12 meses até fevereiro.
"Em março de 2011, o mercado só falava na questão fiscal. Hoje ninguém fala mais. Se a meta de superávit primário está garantida para 2012 e 2013, por favor, coloquem na conta", recomenda um economista do governo aos analistas privados. "Também em março de 2011 todos falavam que o crescimento da economia no ano seria de 4% a 4,5%. Deu 2,7%", completou.
A inflação está caindo, mas "precisamos ter cautela para ver até onde ela vai, pois o mercado está dizendo que ela cai para 5,5% em 12 meses até abril e estaciona aí. Isso também entra como fermento nas projeções do BC", comentou uma outra fonte.
Estimativas do Top 5 - as cinco instituições que mais acertam os prognósticos de inflação nas pesquisas do BC - feitas no início do mês indicam variação de 1,18% para o IPCA do segundo trimestre e de 0,90% para o terceiro, bem abaixo do ano passado, quando a inflação foi de 1,40% no segundo e de 1,06% no terceiro trimestre.
"Em dezembro do ano passado não havia um cristão que acreditasse em inflação de 0,45% em fevereiro deste ano", conta um técnico oficial que toma o pulso do mercado.
O relatório de inflação reitera a previsão de 3,5% para o PIB deste ano. " Mas o mundo continua complicado", ponderou o economista. As ações do Banco Central Europeu para dar liquidez aos bancos "eliminaram o sentimento de pânico, mas as questões fundamentais estão aí para serem resolvidas. Ganhou-se tempo", disse. Nesse sentido, a situação de Portugal é emblemática. Se o país tiver que pagar juros de 10% ao ano, como ocorre com a Itália, ficará insolvente, avaliam fontes do governo. Os Estados Unidos ainda estão distante de um crescimento consistente. As restrições sobre o desempenho das economias maduras, portanto, podem se prolongar "por um período de tempo maior do que o antecipado", diz o relatório.
Por esse conjunto de elementos, asseguram fontes qualificadas do governo, a probabilidade, para o Copom, é de que a inflação em 2013 seja menor e não maior do que os 5,2% indicados no relatório de inflação.
O IPCA neste início de ano está abaixo do que esperavam o mercado e o BC. Ela pode ser maior do que a do ano passado nos meses de junho e julho - quando bateram no fundo do poço, mas volta a cair em seguida. O Banco Central, porém, ainda não consegui vencer uma batalha importante no processo de convergência da inflação para o centro da meta: a das expectativas.
Se tudo der errado e a inflação escapar, volta-se ao parágrafo 27 da ata do Copom de dezembro de 2010, que é a síntese do pensamento do Copom: "O Comitê ressalta que há certa equivalência entre ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária e que a importância desse vínculo tende a crescer com o aprofundamento do mercado de crédito... Entretanto, não há respaldo para que esses dois conjuntos de instrumentos sejam vistos como substitutos perfeitos".
Bares mortos - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 30/03/12
Você sente que o mundo mudou quando, ao voltar a seu bar favorito depois de longa folga, não reconhece ninguém ao redor. São outros os rostos, outra a cor dos drinques nas mesas, outra a música de fundo no ambiente, outros, até, os garçons. E, definitivamente, outros os retalhos de conversa que saem das mesas vizinhas -falam de um mundo a que você não pertence mais. Esse novo bar e esse novo mundo parecem frios e hostis. Mas é possível mudar de bar -ou de mundo.
Quem quer que tenha tido um passado em bares conheceu essa experiência. F. Scott Fitzgerald viveu-a em 1931, quando voltou a Paris depois do crack da Bolsa de Nova York, em 1929. Ao sentar-se ao balcão e ver os cacos de seu rosto no espelho, atrás das garrafas, nem ele se reconheceu. O mesmo já havia acontecido com seus antigos companheiros de farra na Paris dos anos loucos. Todos tinham pedido o chapéu antes dele, falindo ou morrendo.
Já Ernest Hemingway, antevendo essa possibilidade, nunca quis ter um pouso fixo. Dividia-se por bares de Nova York, Paris, Madri, Havana, às vezes dois em cada cidade -"Mi mojitos en La Bodeguita, mi daiquirís en La Floridita"-, e, com isso, tinha para onde correr se um bar o abandonasse. Sempre se considerou maior que esses bares, razão pela qual todos que frequentou, e não foram poucos, sacralizaram a mesa a que um dia ele se sentou.
Em minha trajetória etílica, também frequentei bares, no Rio e em São Paulo, que, sem que percebêssemos, estavam se transformando ou morrendo sob nossos pés. É feio ser o último da turma a pedir a saideira ou a conta. Melhor tentar sair mais cedo, antes que emborquem as cadeiras nas mesas, e nós com elas.
Parei de beber em 1988, aos 40. Nem cedo nem tarde, acho. Sobrevivi a todos os lugares onde bebi, mas por um triz.
Licença demorada e cara - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 30/03/12
Não se conhecem valores precisos, mas certamente é alto o preço que, sem saber, o brasileiro paga pelo atraso nas obras de infraestrutura em razão da demora na concessão do licenciamento ambiental indispensável para sua execução. Em outubro do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente publicou várias portarias que simplificam e aceleram o andamento dos processos de licenciamento dessas obras, mas os problemas acumulados pelos atrasos anteriores continuam a afetar muitos projetos, encarecendo-os.
Entre a decisão de iniciar uma obra no setor elétrico e a obtenção da licença prévia (a primeira de três exigidas até o início de operação do empreendimento) decorre em média um período de 958 dias - mais do triplo do prazo máximo de 285 dias estipulado para o órgão ambiental autorizar ou não o projeto -, de acordo com estudo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) que o Estado (18/3) noticiou. A emissão da licença de operação, a última das três exigidas, demora em média 2.355 dias, ou seis anos e meio.
Em todo o mundo, a realização de grandes projetos empresariais, de infraestrutura ou de outra natureza está condicionada à observância de regras ambientais cada vez mais rigorosas. A realização da Rio + 20 em junho, com a participação de centenas de líderes mundiais, deverá estimular as ações nesse sentido, pois seu tema principal será o desenvolvimento sustentável, que busca não comprometer o patrimônio ambiental das futuras gerações.
No Brasil, no setor de energia, no entanto, surgiram muitos obstáculos à tarefa de compatibilizar o desenvolvimento com preservação ambiental. "Virou um processo muito complexo, com uma legislação cheia de furos e vazios", disse ao Estado o consultor Abel Holtz, que elaborou o estudo Agenda Ambiental junto com Adriano Pires.
Mais de 70% dos 428 projetos licitados ou autorizados entre 2008 e 2010 na área de energia não começaram a ser executados, de acordo com estimativa de Holtz, e um dos principais motivos é a questão ambiental. Alguns investidores já desistiram do projeto e solicitaram às autoridades a devolução da concessão que receberam.
Em certos casos, o atraso da concessão se deve aos próprios interessados, por causa da baixa qualidade dos documentos (Estudos de Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto Ambiental) por eles apresentados aos órgãos oficiais. Em geral, porém, a demora se deve às dificuldades que surgem ao longo de um processo burocratizado e lento pela falta de qualificação do pessoal incumbido de analisar os casos, escassez de técnicos, influência de fatores políticos ou ideológicos no exame dos relatórios ambientais, superposição de funções entre órgãos públicos e até a judicialização do processo, pelo Ministério Público.
Dependendo da natureza do projeto e da localização do empreendimento, o licenciamento pode depender da avaliação de cinco órgãos do governo federal (fora as instituições estaduais e municipais). Se o projeto estiver em área indígena, o aval da Funai é indispensável. Em áreas habitadas por quilombolas, o processo terá de passar pela Fundação Cultural Palmares. Na parte arqueológica, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) terá de ser consultado. Nas áreas de doenças endêmicas, é indispensável ouvir o Ministério da Saúde. Em qualquer dos casos, a autorização final sempre será do Ibama.
A autorização pode vir acompanhada de condicionantes, ou seja, das compensações ambientais ou sociais impostas pelo órgão ambiental. Tudo isso eleva o custo do projeto. "Os custos da incerteza regulatória aumentam o orçamento dos programas socioambientais, representando quase 30% de todo o valor do empreendimento. E o orçamento final pode chegar a 50% acima dos valores iniciais previstos nos estudos de viabilidade", diz o estudo da CBIE.
Além de onerar o projeto, impondo custos adicionais aos consumidores, que pagarão a conta, o atraso do licenciamento ambiental trava o crescimento do País.
Candidatos, tremei! - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 30/03/12
Passada a Semana Santa, Lula entrará com tudo na política. Não cabe aí o verbo “voltar”, porque não se volta para o lugar em que sempre esteve. Ele apenas emerge dos bastidores, onde vinha atuando apesar de radioterapia, quimioterapia, infecção pulmonar e internações, para reassumir os palcos.
Com sua já altíssima popularidade potencializada ainda mais pela doença, seu carisma inegável e sua liderança única não apenas no PT mas em toda a base aliada do governo, Lula desequilibra qualquer jogo político. Onde entra, é para ganhar.
Seus dois alvos são as suas duas maiores invenções: Fernando Haddad, que patinava nos 3% nas últimas pesquisas, e Dilma Rousseff, que demonstra não ter a menor paciência nem para a política nem para os políticos -sobretudo os aliados.
Para Haddad, Lula é fundamental e não terá o menor prurido de submeter o PT a derrotas e constrangimentos em outras ou até em todas as capitais e grandes cidades, desde que reúna o máximo de apoios e de tempo de TV em São Paulo.
O PSB é o melhor exemplo do que pode acontecer com os demais: a seção paulista até gostaria de ficar com Serra, mas o comandante Eduardo Campos acertou com Lula que o partido prefere ir com Haddad em troca do apoio do PT nos outros Estados.
Já para Dilma, Lula é uma faca de dois gumes. Fundamental como respaldo político, mas também um entrave para os rumos que ela quer e já vem dando a seu governo.
Dilma sabe muito bem o tanto de coisas que encontrou fora do eixo, mas pisa em ovos quando tem de desfazer, refazer ou dar guinadas no que encontrou, para não evidenciar erros nem parecer crítica ao ex-chefe, padrinho e antecessor.
De toda forma, os efeitos mais ostensivos da “volta” de Lula serão menos em Brasília, onde ele era e continua sendo consultor, e mais em São Paulo, onde tende a ser o principal fator da eleição de outubro.
José Serra e Gabriel Chalita, tremei!
Ligações perigosas - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 30/03/12
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é sócio, desde 2008, do empresário Marcelo Limírio na Nova Faculdade, instituição de ensino superior em Contagem (MG). Limírio possui 60%, e Demóstenes, 20% das participações no negócio, que tem uma terceira cotista.
Em um outro empreendimento, Limírio é sócio de Andrea Aprigio de Souza, ex-mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, cujas conexões com Demóstenes vieram à tona na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A empresa é o Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), que existe desde 2002. Limírio se tornou parceiro da empresa em 2006, dois anos após Andrea.
Colchão Primeiro suplente de Demóstenes Torres, o empresário Wilder Pedro de Morais -cuja ex-mulher, Andressa, hoje é casada com Carlinhos Cachoeira- afirmou ter R$ 2,2 milhões em espécie na declaração de bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2010.
Por cima Na Índia, a presidente Dilma Rousseff comemorou a aprovação da Lei Geral da Copa e do Funpresp. "Eu não disse que não havia crise nenhuma, que era artificial?", disse aos ministros.
Jet lag Quarenta e oito horas depois de chegar a Nova Déli, Dilma ainda reclamava ontem do fuso horário (a Índia fica 8,5 horas à frente do Brasil): "Se eu piscar aqui, vocês não reparem", pediu aos jornalistas antes de iniciar sua entrevista coletiva.
Diplomacia O presidente dos EUA, Barack Obama, procurou Michel Temer após discurso do vice-presidente em Seul para perguntar sobre o Brasil e a viagem de Dilma em abril a Washington.
Mascate Com a Lei Geral aprovada, Aldo Rebelo (Esporte) investe numa agenda contra o que chama de "pessimismo exagerado" com a organização da Copa. Hoje o ministro abre o seminário Copa e Desenvolvimento, em Manaus, sobre oportunidades de negócios do evento.
Sem refresco Quem acompanha de perto a rotina do Congresso aposta que a liberação de emendas, decisiva para a votação da Lei Geral da Copa, alivia apenas temporariamente a pressão sobre o líder Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Está longe de ser acordo de paz. É só cessar-fogo", diz um governista.
Onde pega Depois da Páscoa e, portanto, antes da discussão do Código Florestal, a agenda dos deputados com a coordenação política de Dilma é a composição de alianças locais. O problema é que cada um quer interferir em pelo menos 20 cidades nas quais mantém redutos.
Guerra das taxas Enquanto o PT propõe à Câmara paulistana o fim da cobrança pela inspeção veicular, abraçando a causa de Fernando Haddad, o PSD de Gilberto Kassab avalia rever o tributo sobre lixo hospitalar, instituído na gestão Marta Suplicy.
De grão em grão Gabriel Chalita (PMDB), que já fechou acordos com o PSC e o PTC para a prefeitura, está próximo de acertar com PSL e PRP. Os partidos lançarão 120 candidatos a vereador.
Independência Saiu do forno o projeto que transformará a Junta Comercial de SP em autarquia estadual. O texto, que será submetido à Assembleia, dará autonomia orçamentária ao órgão, que recolhe R$ 50 milhões anuais.
Visita à Folha Adriano Treve, presidente da Roche Farma do Brasil, visitou ontem a Folha. Estava com Maurício Silva de Lima, diretor médico, e Ciro Dias dos Reis, diretor-presidente da Imagem Corporativa.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"O 'tira hermeneuta' se transformou na principal figura do processo penal brasileiro. É ele que vai pegar horas de escuta e interpretar. E o que ele entende vira verdade!"
DE ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, O KAKAY, advogado do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), sobre a divulgação de transcrições feitas por policiais federais de conversas telefônicas a partir de grampos legais.
contraponto
A máfia no divã
Dois dias depois de uma reportagem do "Fantástico", em maio de 2011, sobre a máfia dos caça-níqueis, Carlinhos Cachoeira desabafou com sua mulher, Andressa, segundo o inquérito da Operação Monte Carlo:
-Eu tô me sentindo hoje... Sabe como que eu tô me sentindo? Tô aguentando pra não chorar. Tô me sentindo um bandido. A forma que, que... a sociedade me vê.
Andressa tenta consolá-lo, mas Cachoeira arremata:
-Coisa que eu nunca tive: um nó. É preconceito de mim mesmo. Hoje eu tô com preconceito de mim mesmo.
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é sócio, desde 2008, do empresário Marcelo Limírio na Nova Faculdade, instituição de ensino superior em Contagem (MG). Limírio possui 60%, e Demóstenes, 20% das participações no negócio, que tem uma terceira cotista.
Em um outro empreendimento, Limírio é sócio de Andrea Aprigio de Souza, ex-mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, cujas conexões com Demóstenes vieram à tona na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A empresa é o Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), que existe desde 2002. Limírio se tornou parceiro da empresa em 2006, dois anos após Andrea.
Colchão Primeiro suplente de Demóstenes Torres, o empresário Wilder Pedro de Morais -cuja ex-mulher, Andressa, hoje é casada com Carlinhos Cachoeira- afirmou ter R$ 2,2 milhões em espécie na declaração de bens ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2010.
Por cima Na Índia, a presidente Dilma Rousseff comemorou a aprovação da Lei Geral da Copa e do Funpresp. "Eu não disse que não havia crise nenhuma, que era artificial?", disse aos ministros.
Jet lag Quarenta e oito horas depois de chegar a Nova Déli, Dilma ainda reclamava ontem do fuso horário (a Índia fica 8,5 horas à frente do Brasil): "Se eu piscar aqui, vocês não reparem", pediu aos jornalistas antes de iniciar sua entrevista coletiva.
Diplomacia O presidente dos EUA, Barack Obama, procurou Michel Temer após discurso do vice-presidente em Seul para perguntar sobre o Brasil e a viagem de Dilma em abril a Washington.
Mascate Com a Lei Geral aprovada, Aldo Rebelo (Esporte) investe numa agenda contra o que chama de "pessimismo exagerado" com a organização da Copa. Hoje o ministro abre o seminário Copa e Desenvolvimento, em Manaus, sobre oportunidades de negócios do evento.
Sem refresco Quem acompanha de perto a rotina do Congresso aposta que a liberação de emendas, decisiva para a votação da Lei Geral da Copa, alivia apenas temporariamente a pressão sobre o líder Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Está longe de ser acordo de paz. É só cessar-fogo", diz um governista.
Onde pega Depois da Páscoa e, portanto, antes da discussão do Código Florestal, a agenda dos deputados com a coordenação política de Dilma é a composição de alianças locais. O problema é que cada um quer interferir em pelo menos 20 cidades nas quais mantém redutos.
Guerra das taxas Enquanto o PT propõe à Câmara paulistana o fim da cobrança pela inspeção veicular, abraçando a causa de Fernando Haddad, o PSD de Gilberto Kassab avalia rever o tributo sobre lixo hospitalar, instituído na gestão Marta Suplicy.
De grão em grão Gabriel Chalita (PMDB), que já fechou acordos com o PSC e o PTC para a prefeitura, está próximo de acertar com PSL e PRP. Os partidos lançarão 120 candidatos a vereador.
Independência Saiu do forno o projeto que transformará a Junta Comercial de SP em autarquia estadual. O texto, que será submetido à Assembleia, dará autonomia orçamentária ao órgão, que recolhe R$ 50 milhões anuais.
Visita à Folha Adriano Treve, presidente da Roche Farma do Brasil, visitou ontem a Folha. Estava com Maurício Silva de Lima, diretor médico, e Ciro Dias dos Reis, diretor-presidente da Imagem Corporativa.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"O 'tira hermeneuta' se transformou na principal figura do processo penal brasileiro. É ele que vai pegar horas de escuta e interpretar. E o que ele entende vira verdade!"
DE ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, O KAKAY, advogado do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), sobre a divulgação de transcrições feitas por policiais federais de conversas telefônicas a partir de grampos legais.
contraponto
A máfia no divã
Dois dias depois de uma reportagem do "Fantástico", em maio de 2011, sobre a máfia dos caça-níqueis, Carlinhos Cachoeira desabafou com sua mulher, Andressa, segundo o inquérito da Operação Monte Carlo:
-Eu tô me sentindo hoje... Sabe como que eu tô me sentindo? Tô aguentando pra não chorar. Tô me sentindo um bandido. A forma que, que... a sociedade me vê.
Andressa tenta consolá-lo, mas Cachoeira arremata:
-Coisa que eu nunca tive: um nó. É preconceito de mim mesmo. Hoje eu tô com preconceito de mim mesmo.
Ganhos e perdas na senda da inovação - WASHINGTON NOVAES
O Estado de S.Paulo - 30/03/12
Quase à mesma hora em que era sepultado em São Paulo, há duas semanas, o corpo do professor Aziz Ab'Saber, uma das figuras mais importantes do pensamento científico e ambiental brasileiro, chegava às mãos do autor destas linhas o livro Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial, editado pelo Ministério do Meio Ambiente, sob coordenação do gerente de Recursos Genéticos, Lídio Coradin - obra importante para o País na área em que o falecido professor da Universidade de São Paulo (USP) foi um expoente.
Considerado referência em geografia no mundo, mas também em geologia, geomorfologia, biologia evolutiva, ecologia, autor de mais de 300 trabalhos acadêmicos, ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), condecorado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e outras instituições, o professor Ab'Saber era um homem simples e acessível, que aos 87 anos e com a saúde atingida não desistia da luta. A mais recente foi contra a versão de Código Florestal defendida pelos ruralistas - a seu ver, um forte retrocesso com graves consequências, principalmente por desprezar a variedade de cenários naturais no Brasil e a necessidade de regras diferenciadas para cada um.
O autor destas linhas conheceu-o pessoalmente em 1987, durante um debate promovido por este jornal sobre um dos programas da série Caminhos da Sobrevivência, que dirigia para a televisão. O debate era específico sobre um documentário a respeito da Bacia do Rio Tietê feito por Eduardo Coutinho. Havia muita confusão entre os debatedores, quando o professor Ab'Saber começou a falar. E a impressão de toda a plateia foi de que, a bordo da nacele de um balão, todos tinham subido ao céu e lá do alto haviam começado a enxergar a bacia do rio, hoje e na História: a ocupação humana, que começara pela planície, subira os morros e se estendera; os dramas causados pela ocupação desenfreada do solo e suas consequências na bacia hidrográfica, inclusive por causa do sepultamento sob o asfalto de dezenas de córregos e outros afluentes.
Pouco tempo depois, num debate em Mato Grosso do Sul sobre os dramas do Pantanal, quando se discutia a necessidade de desassorear o Rio Taquari, que já fora o grande leito da navegação no bioma e estava reduzido a um palmo d'água, o professor Ab'Saber, com seu saber, pôs a discussão no lugar: "Vocês podem planejar então desassorear o rio durante séculos, porque o desmatamento e a erosão que ele provoca, de fato, são problemáticos; mas a questão central está em que aquela região é de formação ainda recente, em evolução, e está no centro de um cone de terra com a base invertida para cima, milhares de quilômetros de diâmetro, que ejetam areia de baixo para cima; desassorear é útil, mas o problema mesmo durará séculos, milênios".
Era assim o professor Aziz Ab'Saber, que antes de cursar a USP e nela ser professor foi, ali mesmo, jardineiro. E com essa simplicidade seguiu pela vida fora. Fará muita falta ao País.
Ele certamente gostaria de ler o livro sobre as espécies brasileiras, porque era um dos defensores exponenciais da nossa diversidade vegetal - 13% das espécies do planeta, segundo o texto, que tem como objetivo "promover o uso sustentável de espécies da flora brasileira de valor econômico atual e potencial, utilizadas local e regionalmente". Isso significa, diz o livro, novas opções para a agricultura familiar, oportunidades de investimento industrial, contribuição para a segurança alimentar, redução da vulnerabilidade do sistema alimentar brasileiro e formatos de favorecimento de comunidades locais. E todos esses caminhos são importantes para a área medicinal, para a produção de cosméticos e aromáticos, para plantio e comercialização de alimentos, para seleção de espécies adequadas ao clima, etc.
No mundo já se conhecem 250 mil espécies vegetais, dizem muitos estudos (outros apontam números menores) e a maior diversidade está no Brasil. Mas, apesar dela - observa o livro -, a nossa dieta é "altamente simplificada e dependente de recursos genéticos externos", enquanto poucas das nossas centenas de espécies comestíveis estão disponíveis no mercado. E tanto é assim que a nossa agricultura depende de espécies vindas de outras partes do mundo - café, arroz, soja, laranja, milho, trigo; na silvicultura, de eucaliptos e pinheiros; e mesmo fora das espécies vegetais, como na piscicultura (tilápias africanas e carpas asiáticas), na apicultura (polinizadores africanos), na pecuária (bovinos indianos, caprinos asiáticos, gramíneas africanas).
Então, o conhecimento das nossas espécies é vital, já que a produção mundial de alimentos, em grande parte cartelizada no comércio internacional, hoje depende basicamente de apenas 150 espécies; 15 espécies respondem por toda a energia de que depende o ser humano - e só quatro (arroz, batata, milho e trigo) respondem por metade dessa energia, segundo a ONU. Entre as pouco mais de 150 espécies mencionadas, só duas são brasileiras: mandioca e amendoim. E a própria evolução da biotecnologia entre nós dependerá do avanço no conhecimento nessa área. Até mesmo na área de medicamentos, em que os números do comércio mundial variam entre US$ 20 bilhões e US$ 250 bilhões anuais. Mas a produção interna não passa de US$ 500 milhões/ano. Só temos registrados 512 produtos fitoterapêuticos derivados de 162 espécies vegetais.
O conhecimento na área, portanto, é decisivo, até porque a perda da biodiversidade no mundo avança celeremente e já se perderam pelo menos 25% das espécies, diz o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que recomendou há dois anos ampliar para 17% as áreas terrestres protegidas e para 10% as áreas oceânicas.
Nas encruzilhadas que se apresentam para o Brasil em seu comércio exterior, em sua indústria, na política cambial, a inovação tecnológica será o fator preponderante nos próximos anos. Por isso são tão importantes os caminhos trilhados pelo livro.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 30/03/12
Presença feminina em conselhos está estagnada
A presença de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas brasileiras, que já era considerada tímida, não apresentou avanço nos últimos anos.
A conclusão aparece em dados preliminares de um estudo da Escola de Direito de São Paulo da FGV, que será finalizado em 2013, e cujo resultado pode ser usado no debate sobre o desenvolvimento de legislação de incentivo à maior participação feminina.
"Desde 2007 não houve grandes melhorias. Não só o Brasil tem números baixos, como está estagnado. É preciso pensar ações para inserir", diz Ligia Sica, da Direito GV.
O setor financeiro tem menor propensão a incluir mulheres no grupo, onde o percentual médio de conselheiras é de 2,9%, ante 6,5% nos demais setores. Nenhuma empresa financeira tem alta proporção de mulheres.
Nos conselhos de administração das cem empresas de maior valor de mercado da BM&FBovespa, a presença feminina é de 6%, enquanto o percentual de homens e mulheres em cursos superiores é equivalente.
A Noruega, um dos países mais desenvolvidos na inclusão, tem 44% de mulheres nos conselhos. "O país instituiu por lei uma quota", diz.
No Brasil, a maior participação feminina tem relação com controle familiar. Em 15,9% das empresas de controle familiar há alta proporção de mulheres, segundo dados do pesquisador Alexandre di Miceli, da FEA-USP.
Pacote para indústria do RS atrai empresas de energia eólica
O pacote de incentivo à indústria gaúcha, lançado nesta semana pelo governo do Rio Grande do Sul, deve atrair duas fabricantes de geradores de energia eólica ao Estado.
O diretor da regional Sul da Abeeólica (associação de energia eólica), Afonso Aguilar, não revela quais são as companhias, mas afirma que as políticas de incentivo, que já vinham sendo discutidas, foram fatores atraentes.
Com as novas medidas, o segmento de energia eólica poderá adiar o pagamento de ICMS e contar com maior volume de financiamento.
O setor calçadista, tradicional no RS, sofre com a queda das exportações à Argentina e com os importados chineses e também será beneficiado.
O diretor-executivo da Abicalçados (Associação Brasileiras das Indústrias de Calçados), Heitor Klein, no entanto, diz que os empresários gaúchos consideraram as propostas insuficientes.
"No Nordeste, [os incentivos fiscais] são superiores. Fica difícil ter competitividade."
A região atraiu fábricas com mão de obra barata.
O pacote tenta alavancar o crescimento industrial do Estado, quase nulo nos últimos três anos (em 2011, a expansão foi de 0,6%).
"A intenção do governo é boa para continuarmos a enfrentar as crises internacional e cambial, além daquela em que o Estado se encontra", diz o presidente da Fiergs, Heitor Müller.
A guerra fiscal é outro fator que prejudica o Estado.
EMPRÉSTIMO AO FORNECEDOR
O Rio de Janeiro é responsável pelo valor mais alto de financiamentos do programa Progredir, voltado para fornecedores da Petrobras.
Até o momento, o Estado viabilizou 129 operações, que totalizaram R$ 494,3 milhões.
Minas Gerais e São Paulo aparecem em seguida, com R$ 478,0 milhões e R$ 435,4 milhões, respectivamente.
Fora da região Sudeste, o Estado com maior volume de financiamentos é o Rio Grande do Sul, com cerca de R$ 143,5 milhões.
O programa, lançado em junho de 2011, já concedeu R$ 1,8 bilhão em empréstimos.
POPULAR
Com obras em Diadema e Jundiaí, a GMK Incorporadora investe em Campinas.
O projeto faz parte da Operação Urbana Parque Linear do Capivari, que reúne diversas empresas, entre elas Gafisa e Rossi.
O grupo todo alocou cerca de R$ 12 milhões na infraestrutura comum, como o sistema viário.
A GMK terá lançamentos em aproximadamente 120 mil m2 do terreno. Um dos projetos é um conjunto residencial com cerca de 2.500 unidades e VGV superior a R$ 400 milhões.
No restante, a empresa ainda não decidiu se fará outros empreendimentos residenciais, que podem ter mais 1.500 unidades, ou comerciais, com oferta de serviços, além de escritórios, e VGV de R$ 250 milhões.
A incorporadora participou do Minha Casa Minha Vida, mas, por ora, não pretende repetir a experiência, diz o diretor André Kovari.
"Além da burocracia para aprovação, os valores estão defasados e não vale mais a pena", afirma ele.
Refeição rápida O McDonald's abrirá 14 restaurantes em três meses. Serão cinco unidades no Rio Grande do Sul e duas em Minas Gerais, São Paulo e Bahia. Pará e Paraná também receberão lojas.
Poliglota O Centro Britânico Franquias firmou convênio com a Polícia Militar de São Paulo. A rede de escolas de idiomas desenvolveu um curso específico para policiais atenderem turistas estrangeiros.
Cerâmico A indústria de cerâmica registrou crescimento de 7,5% em 2011, segundo a Anicer (associação do setor). O aumento foi impulsionado por obras de infraestrutura e investimentos em habitação.
União A Câmara Espanhola de Comércio no Brasil assumirá a presidência do Eurocâmaras (conselho das câmaras da Europa no Brasil), órgão que reúne entidades de diversos países, a partir de julho.
LIÇÃO INGLESA PARA PPP
Tim Banfield, diretor do National Audit Office (o "TCU do Reino Unido"), está no Brasil para encontros com organizações do setor público e executivos do setor privado.
Ontem, o executivo revelou que o Reino Unido também discute quando usar as PPPs.
Lá, o debate mais importante é o limite das parcerias, devido à piora da situação fiscal dos governos europeus.
"Uma PPP dura 30 anos. Significa que o governo compromete parte do orçamento por um longo período. Portanto, é importante pensar se uma parceria assim é viável", afirma Banfield.
Por causa disso, o governo local criou a Major Project Authority, órgão que se reporta diretamente ao primeiro-ministro, David Cameron, e que discute quando adotar PPPs.
Ao Brasil sugere: critério ao escolher projetos, detalhamento das cláusulas do contrato, postura de aliança e não de confronto com o parceiro e previsibilidade ao elaborar orçamentos para longos prazos.
Telefone voador Oi e TAM fecharam parceria para reduzir em 50% as tarifas para uso do celular nos voos da companhia. A promoção, que terá duração de quatro meses, começa em 1º de abril.
Imóvel nos EUA A demanda de brasileiros por residências em Miami acima de US$ 1 milhão está em alta. Em 2011, a imobiliária Elite International Realty vendeu 110 imóveis, alta de 45%
Presença feminina em conselhos está estagnada
A presença de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas brasileiras, que já era considerada tímida, não apresentou avanço nos últimos anos.
A conclusão aparece em dados preliminares de um estudo da Escola de Direito de São Paulo da FGV, que será finalizado em 2013, e cujo resultado pode ser usado no debate sobre o desenvolvimento de legislação de incentivo à maior participação feminina.
"Desde 2007 não houve grandes melhorias. Não só o Brasil tem números baixos, como está estagnado. É preciso pensar ações para inserir", diz Ligia Sica, da Direito GV.
O setor financeiro tem menor propensão a incluir mulheres no grupo, onde o percentual médio de conselheiras é de 2,9%, ante 6,5% nos demais setores. Nenhuma empresa financeira tem alta proporção de mulheres.
Nos conselhos de administração das cem empresas de maior valor de mercado da BM&FBovespa, a presença feminina é de 6%, enquanto o percentual de homens e mulheres em cursos superiores é equivalente.
A Noruega, um dos países mais desenvolvidos na inclusão, tem 44% de mulheres nos conselhos. "O país instituiu por lei uma quota", diz.
No Brasil, a maior participação feminina tem relação com controle familiar. Em 15,9% das empresas de controle familiar há alta proporção de mulheres, segundo dados do pesquisador Alexandre di Miceli, da FEA-USP.
Pacote para indústria do RS atrai empresas de energia eólica
O pacote de incentivo à indústria gaúcha, lançado nesta semana pelo governo do Rio Grande do Sul, deve atrair duas fabricantes de geradores de energia eólica ao Estado.
O diretor da regional Sul da Abeeólica (associação de energia eólica), Afonso Aguilar, não revela quais são as companhias, mas afirma que as políticas de incentivo, que já vinham sendo discutidas, foram fatores atraentes.
Com as novas medidas, o segmento de energia eólica poderá adiar o pagamento de ICMS e contar com maior volume de financiamento.
O setor calçadista, tradicional no RS, sofre com a queda das exportações à Argentina e com os importados chineses e também será beneficiado.
O diretor-executivo da Abicalçados (Associação Brasileiras das Indústrias de Calçados), Heitor Klein, no entanto, diz que os empresários gaúchos consideraram as propostas insuficientes.
"No Nordeste, [os incentivos fiscais] são superiores. Fica difícil ter competitividade."
A região atraiu fábricas com mão de obra barata.
O pacote tenta alavancar o crescimento industrial do Estado, quase nulo nos últimos três anos (em 2011, a expansão foi de 0,6%).
"A intenção do governo é boa para continuarmos a enfrentar as crises internacional e cambial, além daquela em que o Estado se encontra", diz o presidente da Fiergs, Heitor Müller.
A guerra fiscal é outro fator que prejudica o Estado.
EMPRÉSTIMO AO FORNECEDOR
O Rio de Janeiro é responsável pelo valor mais alto de financiamentos do programa Progredir, voltado para fornecedores da Petrobras.
Até o momento, o Estado viabilizou 129 operações, que totalizaram R$ 494,3 milhões.
Minas Gerais e São Paulo aparecem em seguida, com R$ 478,0 milhões e R$ 435,4 milhões, respectivamente.
Fora da região Sudeste, o Estado com maior volume de financiamentos é o Rio Grande do Sul, com cerca de R$ 143,5 milhões.
O programa, lançado em junho de 2011, já concedeu R$ 1,8 bilhão em empréstimos.
POPULAR
Com obras em Diadema e Jundiaí, a GMK Incorporadora investe em Campinas.
O projeto faz parte da Operação Urbana Parque Linear do Capivari, que reúne diversas empresas, entre elas Gafisa e Rossi.
O grupo todo alocou cerca de R$ 12 milhões na infraestrutura comum, como o sistema viário.
A GMK terá lançamentos em aproximadamente 120 mil m2 do terreno. Um dos projetos é um conjunto residencial com cerca de 2.500 unidades e VGV superior a R$ 400 milhões.
No restante, a empresa ainda não decidiu se fará outros empreendimentos residenciais, que podem ter mais 1.500 unidades, ou comerciais, com oferta de serviços, além de escritórios, e VGV de R$ 250 milhões.
A incorporadora participou do Minha Casa Minha Vida, mas, por ora, não pretende repetir a experiência, diz o diretor André Kovari.
"Além da burocracia para aprovação, os valores estão defasados e não vale mais a pena", afirma ele.
Refeição rápida O McDonald's abrirá 14 restaurantes em três meses. Serão cinco unidades no Rio Grande do Sul e duas em Minas Gerais, São Paulo e Bahia. Pará e Paraná também receberão lojas.
Poliglota O Centro Britânico Franquias firmou convênio com a Polícia Militar de São Paulo. A rede de escolas de idiomas desenvolveu um curso específico para policiais atenderem turistas estrangeiros.
Cerâmico A indústria de cerâmica registrou crescimento de 7,5% em 2011, segundo a Anicer (associação do setor). O aumento foi impulsionado por obras de infraestrutura e investimentos em habitação.
União A Câmara Espanhola de Comércio no Brasil assumirá a presidência do Eurocâmaras (conselho das câmaras da Europa no Brasil), órgão que reúne entidades de diversos países, a partir de julho.
LIÇÃO INGLESA PARA PPP
Tim Banfield, diretor do National Audit Office (o "TCU do Reino Unido"), está no Brasil para encontros com organizações do setor público e executivos do setor privado.
Ontem, o executivo revelou que o Reino Unido também discute quando usar as PPPs.
Lá, o debate mais importante é o limite das parcerias, devido à piora da situação fiscal dos governos europeus.
"Uma PPP dura 30 anos. Significa que o governo compromete parte do orçamento por um longo período. Portanto, é importante pensar se uma parceria assim é viável", afirma Banfield.
Por causa disso, o governo local criou a Major Project Authority, órgão que se reporta diretamente ao primeiro-ministro, David Cameron, e que discute quando adotar PPPs.
Ao Brasil sugere: critério ao escolher projetos, detalhamento das cláusulas do contrato, postura de aliança e não de confronto com o parceiro e previsibilidade ao elaborar orçamentos para longos prazos.
Telefone voador Oi e TAM fecharam parceria para reduzir em 50% as tarifas para uso do celular nos voos da companhia. A promoção, que terá duração de quatro meses, começa em 1º de abril.
Imóvel nos EUA A demanda de brasileiros por residências em Miami acima de US$ 1 milhão está em alta. Em 2011, a imobiliária Elite International Realty vendeu 110 imóveis, alta de 45%
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