Nas aulas de geologia e engenharia de petróleo, aprendemos que tanto ele como o gás natural (GN) são fluidos formados por uma complexa mistura de hidrocarbonetos e que a existência de um campo de petróleo está sempre associada à ocorrência de uma série de eventos.
Em resumo, esses eventos envolvem não só a geração de hidrocarbonetos através de rochas ricas em matéria orgânica como a migração, que é o deslocamento deles para rochas produtoras mais permeáveis, chamadas de rochas-reservatório, as quais ainda devem estar estruturadas, criando uma espécie de armadilha para a acumulação do petróleo e/ou do gás no seu topo, e capeadas por uma rocha impermeável com a função de impedir que o fluido continue migrando até a superfície e se perca.
No entanto, o que vem acontecendo nos Estados Unidos em relação ao GN é algo que muda esse paradigma. Lá, ele vem sendo produzido diretamente de rochas geradoras a partir do uso de novas tecnologias de engenharia de poços.
Quando as primeiras companhias operadoras começaram a obter sucesso com a aplicação desses novos métodos, houve um redirecionamento estratégico de várias outras, que passaram a vender seus ativos de exploração e produção em todo o mundo, canalizando esses recursos para o que prometia ser a grande saída para a redução da dependência energética externa do país.
Os resultados foram tão bons que a produção de GN aumentou muito e o preço caiu vertiginosamente. Só para ter uma ideia, ele, que quase sempre esteve nos últimos anos acima dos US$ 6 por milhão de BTUs (British Thermal Unit, unidade britânica que mede o poder calorífico do gás), caiu de forma consistente para menos da metade, provocando total descolamento entre os preços do GN e do petróleo, o que deverá causar grandes transformações na matriz energética daquele país.
Na área de geração de energia elétrica, várias usinas a carvão do país têm tido as suas licenças prorrogadas, em parte graças ao forte lobby do setor carvoeiro. Mas, com custos de investimento significativamente menores e perspectivas de preço de combustível de longo prazo bem mais atrativas do que no passado, as usinas geradoras a gás natural têm tudo para ocupar os espaços a serem criados no setor.
Além disso, já está em curso por lá uma parcial transformação da frota de veículos pesados de diesel para GN. É certo que hoje a rede de distribuição pelas estradas é ainda muito pequena, mas já existem mais de 500 postos de distribuição espalhados pelo país, boa parte deles abastecidos por GN comprimido e liquefeito. Incentivos fiscais foram criados e podem reduzir o preço de um caminhão novo movido a GN em até US$ 30 mil.
Estima-se que o uso do GN geraria uma economia para os usuários de diesel de US$ 1,5 por galão, ou seja, teriam a sua parcela de custos relativos ao combustível reduzida quase à metade. E não faltam aqueles que defendem que os EUA autorizem a instalação de unidades de liquefação de gás para a exportação do produto, já que na Europa, por exemplo, ele é vendido por cerca de US$ 12 por milhão de BTUs.
Tudo isso nos faz lembrar Ahmed Yamani, poderoso ministro do petróleo da Arábia Saudita no período de 1962 a 1986, quando disse que "o longo prazo não é favorável à Opep porque ele ajuda a tecnologia, seu verdadeiro inimigo", para depois cunhar a frase lapidar de que "tal como a idade da pedra não acabou por falta de pedras, a idade do petróleo não acabará por falta de petróleo".
Tomara que o Conselho Nacional de Política Energética esteja atento aos movimentos que estão ocorrendo no mundo, uma vez que o Brasil dispõe de vastas bacias sedimentares que, somadas, possuem uma dimensão continental, todas com significativas ocorrências de rochas geradoras. E, como já disse o ditado popular, vento que venta lá tem tudo para ventar cá também.
O que também vai ser preciso é vontade política para que as oportunidades exploratórias através de leilões voltem a existir no Brasil e que grande parte do petróleo e do gás natural não continue embaixo da terra como já ocorre há milhões de anos, sem gerar benefício econômico para a sociedade.
Em resumo, esses eventos envolvem não só a geração de hidrocarbonetos através de rochas ricas em matéria orgânica como a migração, que é o deslocamento deles para rochas produtoras mais permeáveis, chamadas de rochas-reservatório, as quais ainda devem estar estruturadas, criando uma espécie de armadilha para a acumulação do petróleo e/ou do gás no seu topo, e capeadas por uma rocha impermeável com a função de impedir que o fluido continue migrando até a superfície e se perca.
No entanto, o que vem acontecendo nos Estados Unidos em relação ao GN é algo que muda esse paradigma. Lá, ele vem sendo produzido diretamente de rochas geradoras a partir do uso de novas tecnologias de engenharia de poços.
Quando as primeiras companhias operadoras começaram a obter sucesso com a aplicação desses novos métodos, houve um redirecionamento estratégico de várias outras, que passaram a vender seus ativos de exploração e produção em todo o mundo, canalizando esses recursos para o que prometia ser a grande saída para a redução da dependência energética externa do país.
Os resultados foram tão bons que a produção de GN aumentou muito e o preço caiu vertiginosamente. Só para ter uma ideia, ele, que quase sempre esteve nos últimos anos acima dos US$ 6 por milhão de BTUs (British Thermal Unit, unidade britânica que mede o poder calorífico do gás), caiu de forma consistente para menos da metade, provocando total descolamento entre os preços do GN e do petróleo, o que deverá causar grandes transformações na matriz energética daquele país.
Na área de geração de energia elétrica, várias usinas a carvão do país têm tido as suas licenças prorrogadas, em parte graças ao forte lobby do setor carvoeiro. Mas, com custos de investimento significativamente menores e perspectivas de preço de combustível de longo prazo bem mais atrativas do que no passado, as usinas geradoras a gás natural têm tudo para ocupar os espaços a serem criados no setor.
Além disso, já está em curso por lá uma parcial transformação da frota de veículos pesados de diesel para GN. É certo que hoje a rede de distribuição pelas estradas é ainda muito pequena, mas já existem mais de 500 postos de distribuição espalhados pelo país, boa parte deles abastecidos por GN comprimido e liquefeito. Incentivos fiscais foram criados e podem reduzir o preço de um caminhão novo movido a GN em até US$ 30 mil.
Estima-se que o uso do GN geraria uma economia para os usuários de diesel de US$ 1,5 por galão, ou seja, teriam a sua parcela de custos relativos ao combustível reduzida quase à metade. E não faltam aqueles que defendem que os EUA autorizem a instalação de unidades de liquefação de gás para a exportação do produto, já que na Europa, por exemplo, ele é vendido por cerca de US$ 12 por milhão de BTUs.
Tudo isso nos faz lembrar Ahmed Yamani, poderoso ministro do petróleo da Arábia Saudita no período de 1962 a 1986, quando disse que "o longo prazo não é favorável à Opep porque ele ajuda a tecnologia, seu verdadeiro inimigo", para depois cunhar a frase lapidar de que "tal como a idade da pedra não acabou por falta de pedras, a idade do petróleo não acabará por falta de petróleo".
Tomara que o Conselho Nacional de Política Energética esteja atento aos movimentos que estão ocorrendo no mundo, uma vez que o Brasil dispõe de vastas bacias sedimentares que, somadas, possuem uma dimensão continental, todas com significativas ocorrências de rochas geradoras. E, como já disse o ditado popular, vento que venta lá tem tudo para ventar cá também.
O que também vai ser preciso é vontade política para que as oportunidades exploratórias através de leilões voltem a existir no Brasil e que grande parte do petróleo e do gás natural não continue embaixo da terra como já ocorre há milhões de anos, sem gerar benefício econômico para a sociedade.
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