FOLHA DE SP - 02/01
A maioria dos turistas são apenas compradores; eles só tem uma experiência: a de comprar
O edifício principal da biblioteca pública de Nova York está na Quinta Avenida, entre as ruas 40 e 42.
É uma construção imponente, no estilo Beaux-Arts, como a Grand Central Station, e a sala de leitura é majestosa, como o átrio de Grand Central: o Beaux-Arts gosta de espaços enormes, altos e sem colunas de sustentação.
Não é um estilo pelo qual eu tenha uma paixão. Sempre achei um pouco pomposo, como tudo o que foi concebido e feito na época de Napoleão 3º e, logo depois, na Terceira República da França --a começar pela Ópera de Paris, que sempre me pareceu imitar um bolo de noiva.
Enfim, o fato é que os turistas, onipresentes em Nova York nestes dias, sobem a escada externa, tiram uma foto de lembrança com aqueles dois leões de mármore, que aparecem em tantos filmes, e penetram no edifício. Eles param para outra foto no átrio (onde se ergue uma grande árvore de Natal) e continuam pela escada interna; quando chegam ao segundo andar, atravessam a sala dos computadores públicos e encontram o espaço que lhes é reservado na entrada da sala de consulta ao catálogo.
Quanto ao acesso à sala de leitura, ele é protegido: os turistas ficam na porta, olhando, e um cartaz avisa que é bom manter o silêncio.
Estou em Nova York para ler algumas (ao menos) fontes primárias (do século 15, 16 e 17) sobre possessão diabólica --isso porque Carlo Antonini, protagonista de minhas ficções, encontrará um exorcista e um endemoninhado num futuro próximo. Restabeleci minha carta de leitor (que não usava há tempos) e minha autorização de acesso à divisão dos livros raros, a sala 328, que é um lugar fechado (é preciso bater à porta), pouco frequentado (sobretudo durante as férias) e com regras estritas: por exemplo, não se entra com sobretudo, pasta ou caneta (a sala fornece papel e lápis).
Estou lendo o relato do exorcismo de Nicole Obry (publicado pouco tempo depois dos fatos, em 1578), o "Flagellum Daemonum" (o flagelo dos demônios), de Gerônimo Menghe, que é um manual de exorcismo bem conhecido na época (1599), e "A Candle in the Dark" (uma vela no escuro), de Thomas Ady, que é um compendio das opiniões (já numerosas na época --1659) dos que acreditavam que não havia possessos, mas apenas enfermos.
Voltarei a escrever sobre exorcistas e endemoninhados. Hoje, o que me importa é a estranha experiência de ler na divisão dos livros raros da biblioteca pública de Nova York, neste fim de 2013.
A sala 328 se situa no fim da grande sala de leitura, longe dos turistas, mas, inevitavelmente, eu os cruzo quando chego e quando volto à sala do catálogo.
Turista sempre foi um termo pejorativo. Chamava-se assim quem viajava por diversão e, inevitavelmente, conseguia uma experiência superficial e chocha do lugar visitado. Hoje, aqui em Nova York, isso parece ser o de menos. A maioria dos turistas são apenas "shoppers", compradores; eles só tem uma experiência: a de comprar. Os que visitam a biblioteca pública entre uma loja e outra devem ser a nata da categoria; mesmo assim, adultos e crianças, quase escondidos atrás das sacolas que carregam, eles olham para mim como se eu habitasse uma outra dimensão. Talvez, eles encarem a biblioteca como um aquário, onde é possível observar uma espécie em via de extinção.
Não resisto à tentação de comparar os "shoppers" aos autores que estou lendo, para quem o mundo era um lugar complexo e interessantíssimo, em que cada opção comportava um risco radical, para a alma e para o corpo.
Sinto tristeza --pelo mundo transformado em bazar, pela miséria da experiência do "shopper" (para quem nem os objetos adquiridos tem relevância, só a estupidez do comprar) e por uma perda que afetará gerações, compradores produzindo compradores.
Entre 1 e 2 de janeiro, começarei o ano na vigília de poesia que acontece a cada ano, na igreja de Saint Mark. Pessoas ficarão na fila noite adentro, com uma temperatura prevista de 15 negativos, para conseguir um assento e passar a noite escutando 140 poetas.
No passado, na hora das catástrofes que ameaçavam a sobrevivência de uma comunidade (peste, invasões, fome), as pessoas se instalavam nas igrejas, em vigília, e pediam a ajuda de Deus contra a barbárie que estava às portas. A noite de poesia de St Mark é meu equivalente laico daquelas vigílias.
quinta-feira, janeiro 02, 2014
É a mãe! - MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 02/01
Chegou o ano da Copa e das eleições. Oba, regozijam os malcriados. É um bom pretexto para eles xingarem mais ainda
Chegou o ano da Copa e das eleições. Oba, regozijam os malcriados. É um bom pretexto para eles xingarem mais ainda. O técnico do time, o candidato, o adversário, o comentarista, o juiz e o colunista entrarão num corredor polonês verbal. Os delicados acham o vagalhão de impropérios um mau sinal: os argumentos soçobram, o discurso público afunda, a boçalidade se alastra como óleo no mar. Talvez estejam errados.
O insulto está em alta. Atribui-se a responsabilidade à internet. Mas a rede mundial apenas propiciou que mais e mais gente partisse para cima dos outros, lançando adjetivos em vez de mísseis. Como palavras machucam menos do que drones, a agressão retórica é melhor que a real. Raros têm coragem de ofender alguém, face a face e friamente, a propósito de generalidades que não lhes dizem respeito de maneira direta. Correm o risco de levar uma bordoada de verdade.
É possível não ser contaminado pelo pandemônio virtual. Ninguém é obrigado a frequentar blogs raivosos, a ler as eructações da área de comentários, e mesmo a acompanhar mesas-redondas e debates eleitorais. O computador pode ser desligado. A página de ultraje não é de leitura obrigatória. A conversa civilizada e a quietude são preferíveis aos apupos.
A contaminação, no entanto, existe. Há pouco tempo, considerava-se que o injuriador anônimo era moralmente inferior ao indivíduo que assinava embaixo o vitupério. O primeiro era tido por covarde e o outro, por corajoso. Não mais. Os pusilânimes venceram quando organizações respeitadas, mormente jornalísticas, passaram a aceitar o anonimato. Não adianta considerar os seus donos e chefes como responsáveis pelas ofensas inominadas: agora, quem assume os ataques refocila na baixaria. Como a Justiça não funciona, fica-se por isso mesmo. Ainda há, contudo, quem resista ao vale-tudo.
Eles aparentam ser poucos porque quem berra, rubro de raiva, é mais escutado do que aquele que pondera racionalmente. O título “É a mãe!” atrai mais leitores do que “Considerações acerca da retórica da cólera”, ou coisa que o valha. Inicia-se assim a dinâmica do grito. Fala-se cada vez mais alto para angariar atenção. Da interjeição genérica (“É uma ladroeira!”) se passa à acusação (“Ladrão!”) e daí ao incitamento (“Pega ladrão!”) e ao linchamento (“Mata!”). Isso é feito sem que se analise no que consistiu o roubo. Ou se houve mesmo crime. Ou se não haveria outras injustiças a serem coibidas antes. E não se esqueça de que o bramido começou porque um pobre diabo quis aumentar a audiência. Como a obteve, agora ele é um rico diabo, seguido por pobres diabos que lhe fazem coro.
A oratória da ofensa vem então para o primeiro plano. Essa operação tem cabimento em determinadas ocasiões. Num estádio, cabe esgoelar barbaridades. O futebol existe para divertir. Já a política tem como substância a melhoria da vida de pessoas, estamentos e classes. Como há interesses opostos entre elas, a polarização é benfazeja.
Mas mesmo no enfrentamento de forças reais, a afronta escrita é acessória. Na revolução francesa, Maria Antonieta, austríaca, foi chamada num sem-número de panfletos de putain autrichienne. As palavras serviam para incitar o ataque à monarquia. Reduzir a revolução ao calão, ou mesmo atribuir-lhe importância, é ingenuidade — o que contava era a guilhotina, a energia da gente que cortava cabeças. No Brasil de hoje, a desimportância do xingatório é evidente. A plateia pouco influi no resultado dos jogos. O palavrório ofensivo na rede não granjeia novos adeptos, só convence os convertidos.
Seria o caso, pois, de caprichar nos impropérios, espelhar-se em Shakespeare. Em “Ricardo III”, a rainha Margaret, destronada, amaldiçoa o Duque de Gloucester. Xinga-o cara a cara, antes que ele vire rei, em versos contundentes, traduzidos a seguir.
“Aguenta aí, cão, e me escuta bem.
Se o céu tem pragas mais abjetas
Do que as que te rogo, que ele aguarde
Até que os teus pecados apodreçam,
Para então te vomitar ainda mais ódio,
Algoz da paz do pobre mundo!
Que o verme do remorso te roa a alma,
Que penses que os teus amigos te traem
E os troque por traidores vis de verdade.
Que o sono só te cerre os olhos funestos
Para tombares num nefando pesadelo
Onde uma legião de demônios te trucide.
Tu, turvo espírito da treva, porco, aborto,
Tu, filho do inferno, entrevado de nascença!
Tu, fruto podre do ventre de tua mãe,
Tu, obra atroz do esperma de teu pai!”
Chegou o ano da Copa e das eleições. Oba, regozijam os malcriados. É um bom pretexto para eles xingarem mais ainda
Chegou o ano da Copa e das eleições. Oba, regozijam os malcriados. É um bom pretexto para eles xingarem mais ainda. O técnico do time, o candidato, o adversário, o comentarista, o juiz e o colunista entrarão num corredor polonês verbal. Os delicados acham o vagalhão de impropérios um mau sinal: os argumentos soçobram, o discurso público afunda, a boçalidade se alastra como óleo no mar. Talvez estejam errados.
O insulto está em alta. Atribui-se a responsabilidade à internet. Mas a rede mundial apenas propiciou que mais e mais gente partisse para cima dos outros, lançando adjetivos em vez de mísseis. Como palavras machucam menos do que drones, a agressão retórica é melhor que a real. Raros têm coragem de ofender alguém, face a face e friamente, a propósito de generalidades que não lhes dizem respeito de maneira direta. Correm o risco de levar uma bordoada de verdade.
É possível não ser contaminado pelo pandemônio virtual. Ninguém é obrigado a frequentar blogs raivosos, a ler as eructações da área de comentários, e mesmo a acompanhar mesas-redondas e debates eleitorais. O computador pode ser desligado. A página de ultraje não é de leitura obrigatória. A conversa civilizada e a quietude são preferíveis aos apupos.
A contaminação, no entanto, existe. Há pouco tempo, considerava-se que o injuriador anônimo era moralmente inferior ao indivíduo que assinava embaixo o vitupério. O primeiro era tido por covarde e o outro, por corajoso. Não mais. Os pusilânimes venceram quando organizações respeitadas, mormente jornalísticas, passaram a aceitar o anonimato. Não adianta considerar os seus donos e chefes como responsáveis pelas ofensas inominadas: agora, quem assume os ataques refocila na baixaria. Como a Justiça não funciona, fica-se por isso mesmo. Ainda há, contudo, quem resista ao vale-tudo.
Eles aparentam ser poucos porque quem berra, rubro de raiva, é mais escutado do que aquele que pondera racionalmente. O título “É a mãe!” atrai mais leitores do que “Considerações acerca da retórica da cólera”, ou coisa que o valha. Inicia-se assim a dinâmica do grito. Fala-se cada vez mais alto para angariar atenção. Da interjeição genérica (“É uma ladroeira!”) se passa à acusação (“Ladrão!”) e daí ao incitamento (“Pega ladrão!”) e ao linchamento (“Mata!”). Isso é feito sem que se analise no que consistiu o roubo. Ou se houve mesmo crime. Ou se não haveria outras injustiças a serem coibidas antes. E não se esqueça de que o bramido começou porque um pobre diabo quis aumentar a audiência. Como a obteve, agora ele é um rico diabo, seguido por pobres diabos que lhe fazem coro.
A oratória da ofensa vem então para o primeiro plano. Essa operação tem cabimento em determinadas ocasiões. Num estádio, cabe esgoelar barbaridades. O futebol existe para divertir. Já a política tem como substância a melhoria da vida de pessoas, estamentos e classes. Como há interesses opostos entre elas, a polarização é benfazeja.
Mas mesmo no enfrentamento de forças reais, a afronta escrita é acessória. Na revolução francesa, Maria Antonieta, austríaca, foi chamada num sem-número de panfletos de putain autrichienne. As palavras serviam para incitar o ataque à monarquia. Reduzir a revolução ao calão, ou mesmo atribuir-lhe importância, é ingenuidade — o que contava era a guilhotina, a energia da gente que cortava cabeças. No Brasil de hoje, a desimportância do xingatório é evidente. A plateia pouco influi no resultado dos jogos. O palavrório ofensivo na rede não granjeia novos adeptos, só convence os convertidos.
Seria o caso, pois, de caprichar nos impropérios, espelhar-se em Shakespeare. Em “Ricardo III”, a rainha Margaret, destronada, amaldiçoa o Duque de Gloucester. Xinga-o cara a cara, antes que ele vire rei, em versos contundentes, traduzidos a seguir.
“Aguenta aí, cão, e me escuta bem.
Se o céu tem pragas mais abjetas
Do que as que te rogo, que ele aguarde
Até que os teus pecados apodreçam,
Para então te vomitar ainda mais ódio,
Algoz da paz do pobre mundo!
Que o verme do remorso te roa a alma,
Que penses que os teus amigos te traem
E os troque por traidores vis de verdade.
Que o sono só te cerre os olhos funestos
Para tombares num nefando pesadelo
Onde uma legião de demônios te trucide.
Tu, turvo espírito da treva, porco, aborto,
Tu, filho do inferno, entrevado de nascença!
Tu, fruto podre do ventre de tua mãe,
Tu, obra atroz do esperma de teu pai!”
Revolucionário ou apenas mais um - RICARDO MEDEIROS
CORREIO BRAZILIENSE - 02/01
Francisco ganhou a batalha pela opinião pública. Com espírito desarmado, sorriso no rosto e ação conciliadora, em apenas nove meses, o papa recobrou a simpatia que a Igreja Católica perdeu nos anos de Bento XVI. Adotou tom de maior tolerância com quem a doutrina vê como desviados e de mais respeito com outras religiões, além de promover reformas administrativas na Cúria Romana. Mas as mudanças anunciadas até agora são de forma, não de conteúdo. Nem de longe é possível considerar seu pontificado revolucionário, como analistas vêm fazendo apressadamente.
Não se trata de minimizar o que Francisco tem dito e feito, mas de dar o devido peso a suas palavras e seus atos. Bento XVI, seu antecessor, costumava apontar o dedo inquisitorial para identificar desvios de conduta, especialmente em outras confissões religiosas e no comportamento de homossexuais e divorciados ou em qualquer coisa que fugisse à ortodoxia católica. Francisco estendeu a mão ao outro, sob o argumento de que somos todos "pecadores". Para quem está do lado de cá dos portais das catedrais, certamente é melhor ser tratado de forma amena do que encarado como inimigo.
"Quem sou eu para julgar?", perguntou Francisco, e todos se encantaram com a demonstração de humildade. Nada de fundo se alterou, porém. Jorge Mario Bergoglio é tão conservador quanto Joseph Ratzinger em relação à doutrina, mas consegue embrulhá-la num papel mais suave. O papa argentino, tal qual o alemão, acredita que manter relações sexuais com pessoas do mesmo sexo contraria as leis divinas e que, por isso, quem comete esse "pecado" e não se arrepende está condenado à danação eterna. Ambos concordam que mulheres são indignas de ordenação, que sacerdotes não podem ter vida sexual e que métodos contraceptivos devem ser proscritos.
O deslumbramento com o primeiro papa jesuíta e latino-americano é tamanho, não só no Brasil, que muitos nem se deram conta: a fórmula "quem sou eu para julgar" é pura condescendência, no pior sentido do termo. A recusa em sentenciar se dá de uma posição pretensamente superior, de quem acredita estar certo, mas trata quem discorda de maneira paternalista, passando-lhe a mão na cabeça. Essa piedade papal dificilmente pode redundar em avanços na luta por direitos básicos de homossexuais, como o de casar, adotar crianças ou andar nas ruas sem temer ser alvo de violência gratuita.
Muitos dirão que a Igreja Católica nunca se modernizará, pois, se o fizer, deixará de ser uma referência sólida. Que mal faria modificar uma ideologia que exclui e marginaliza? Se instituições e pessoas não evoluíssem, ainda seríamos caçadores nômades que conquistam mulheres pela força do porrete. As colunas da Basílica de São Pedro não se moveriam nem um milímetro caso o papa resolvesse anunciar que nada há de errado no amor entre duas pessoas do mesmo sexo ou numa relação que se segue a um matrimônio malsucedido. Tanto num quanto noutra, há apenas a busca da felicidade.
Os alicerces da civilização ocidental continuariam os mesmos se, porventura, o bispo de Roma afirmasse que filhos são muito bem-vindos, mas devem ser adiados até que os pais tenham condições psicológicas e materiais de os orientar. Nenhum fiel se imolaria na Capela Sistina caso mulheres pudessem ser ordenadas, exercendo a vocação pastoral de forma plena, e se a padres e solteiros fosse permitido usufruir da dádiva do desejo. Abraçando as diferenças de forma sincera, não como quem lida com incapazes, a Igreja cresceria moralmente, pois estaria concretizando o mandamento do amor.
Quem usar o propalado discernimento jesuíta concluirá que Deus, retrato da suprema sabedoria e da infinita bondade, se existir, não estará preocupado com assuntos comportamentais como os condenados pela Igreja. É desnecessário estudar teologia para intuir isso. Basta consultar a própria consciência, na qual o certo e o errado estão gravados, e empregar o senso de proporção. Insistir numa postura que desconhece a complexidade dos seres humanos é mais do que lhes dar as costas, é deixar de reconhecer neles a centelha da divindade.
Francisco contribui para reduzir a tensão entre a Igreja e as pessoas que ainda lhe dão importância. Insistindo na volta à simplicidade, no conforto espiritual e na ajuda aos pobres, ele retorna à missão indevidamente abandonada. Pela via administrativa, combate a corrupção na Santa Sé e reduz os jogos de poder que minam a atuação pastoral. O papa representou, até agora, novo estilo, mas não pode ser qualificado como progressista - muito menos como revolucionário. Sem tentar, ainda que de maneira gradual, viabilizar reformas substanciais e de fundo doutrinário, a personalidade do ano da revista Time será apenas mais um a ocupar o trono de Pedro.
Entre tempos e sentimentos - ROBERTO DAMATTA
O Estado de S.Paulo - 02/01
O famoso brasilianista Richard Moneygrand me escreve neste período de festas desejando o que ele chama de óbvio: votos de felicidade e saúde. "Não falo mais em dinheiro - diz - porque sei que para nós, professores, escritores e pesquisadores, isso não vem ao caso. O que nos sobra em ideias falta em dinheiro. São raros os que conseguiram guardar ou até mesmo manter a fortuna herdada. Ganhar bem com docência e livros de sociologia só se você virar escritor, mas, mesmo assim, você teria que ser um Balzac, um Thomas Mann ou um Hemingway - e ser vendido a Hollywood. Mas lhe desejo tudo de bom, como ordena a data e o tempo."
Meu amigo abre 2014 com essa notificação exagerada, mas fala de algo real: as datas obrigam a fazer coisas e despertam de fora para dentro e do todo para a parte, certos sentimentos. As emoções são muito mais obrigatórias do que automáticas, como descobriu faz tempo um certo Marcel Mauss.
Sou amigo de Dick faz uns 50 e tantos anos - há meio século. Ficamos muito mais impressionados quando a temporalidade surge sem números mas com um nome. Cinco dezenas falam mais do que 50 anos, quando se trata de certas emoções como o amor ou o ódio, que, supostamente, são sentidos e não promovidos, exceto nas vinganças e da má-fé entre pessoas e famílias. No amor e no ódio, vale mais o adjetivo, já que o amor seria "eterno" ou "infinito" e o ódio, "mortal". Os sentimentos nos levam para longe do relógio e do calendário. Mas retornam quando o tempo precisa ser sentido e vivido.
O amor, como a fidelidade, a fé, a lealdade, a temperança, e coisas mais tenebrosas como a inveja, o ressentimento, a ingratidão e o abandono são duros de medir. Quanto tempo dura a ingratidão? Ou a avareza que, dizem, não tem cura? Mas o ódio e certos tipos de amor podem ser medidos como ocorreu com um amigo quando ele se apaixonou pela moça mais linda da aldeia e, cinco minutos depois, quando ela lhe sorriu, desapaixonou-se porque em vez de pérolas, encontrou entre os seus lábios rubros, uma dupla fieira de dentes podres.
Confirmando essas dificuldades filosóficas deixadas aos cronistas sem assunto e aos que se atrevem a falar de tudo, dizer-se-ia que a vergonha teria fim, exceto no Brasil. O mesmo ocorre com a honra. Mas tal não é o caso da culpa, a qual permanece intacta na paisagem humana, mesmo quando aparentemente soterrada por outros acontecimentos. Marcamos o tempo de modo regular, mas os sentimentos e eventos a ele ligados, são desmedidos.
Na mesma mensagem, Richard Moneygrand, que é um mestre viciado em citações, menciona um ensaio no qual um estudioso de países antigamente chamados de "atrasados" ou "subdesenvolvidos", faz uma descoberta sensacional: quanto mais atrasado o país, mais os seus relógios estão fora de sincronia. O relógio do aeroporto marca 10 horas; mas da estação rodoviária, 10h30; o da catedral, 9h50; ao passo que o do palácio do governo crava 10h45. Já nos países em que alguns dos meus mais queridos amigos gostariam de morar - Suécia, Dinamarca, Suíça, Finlândia -, todos os relógios públicos e privados estão sincronizados. Rigorosamente marcando a mesmíssima hora, minutos e segundos!
Num Brasil antigo, isso era a mais pura verdade. Hoje, eu afirmo que pelo menos os 270 milhões de relógios dos nossos telefones celulares estão em sintonia, marcando o tempo certo e obrigando os seus donos a andarem no tempo determinado por suas obrigações.
Na era de Dom João Charuto o tempo era feito pelas pessoas. Havia o tempo do Rei, sereno e grandioso; e o tempo do povo e dos escravos: exato, exigente e rotineiro. Hoje, vivemos o tempo de cobrança de certos papéis sociais. Ninguém atura mais médicos que não chegam na hora e funcionários públicos relapsos. O mesmo vale para administradores públicos que, sendo importantes, chegam atrasados porque se consideram os mais importantes. Presidentes, quando chegam, aparecem com horas de atraso, governadores com algumas horas; prefeitos com alguns minutos. Mas tudo se complica quando eles se encontram. Diante do presidente, o governador chega em cima da hora e, diante deste, o prefeito é um cronômetro.
E por aí segue essa lógica do tempo medido em relação à seriedade e ao progresso dos países. Bem mesmo faziam os povos tribais que seguiam a Lua e o Sol, cujo tempo começava quando eles resolviam fazer alguma coisa. Assim, era a tarefa social que marcava o tempo e não o contrário. Quando se comia era tempo de comer. Não havia uma "hora do almoço", entenderam?
Por favor, caro leitor ou leitora, não se esqueçam que hoje é 1.º de janeiro de 2014. Não percam a hora de dizer a todos e a cada um dos seus que o seu amor por eles não tem tempo ou hora.
Feliz ano-novo!
O famoso brasilianista Richard Moneygrand me escreve neste período de festas desejando o que ele chama de óbvio: votos de felicidade e saúde. "Não falo mais em dinheiro - diz - porque sei que para nós, professores, escritores e pesquisadores, isso não vem ao caso. O que nos sobra em ideias falta em dinheiro. São raros os que conseguiram guardar ou até mesmo manter a fortuna herdada. Ganhar bem com docência e livros de sociologia só se você virar escritor, mas, mesmo assim, você teria que ser um Balzac, um Thomas Mann ou um Hemingway - e ser vendido a Hollywood. Mas lhe desejo tudo de bom, como ordena a data e o tempo."
Meu amigo abre 2014 com essa notificação exagerada, mas fala de algo real: as datas obrigam a fazer coisas e despertam de fora para dentro e do todo para a parte, certos sentimentos. As emoções são muito mais obrigatórias do que automáticas, como descobriu faz tempo um certo Marcel Mauss.
Sou amigo de Dick faz uns 50 e tantos anos - há meio século. Ficamos muito mais impressionados quando a temporalidade surge sem números mas com um nome. Cinco dezenas falam mais do que 50 anos, quando se trata de certas emoções como o amor ou o ódio, que, supostamente, são sentidos e não promovidos, exceto nas vinganças e da má-fé entre pessoas e famílias. No amor e no ódio, vale mais o adjetivo, já que o amor seria "eterno" ou "infinito" e o ódio, "mortal". Os sentimentos nos levam para longe do relógio e do calendário. Mas retornam quando o tempo precisa ser sentido e vivido.
O amor, como a fidelidade, a fé, a lealdade, a temperança, e coisas mais tenebrosas como a inveja, o ressentimento, a ingratidão e o abandono são duros de medir. Quanto tempo dura a ingratidão? Ou a avareza que, dizem, não tem cura? Mas o ódio e certos tipos de amor podem ser medidos como ocorreu com um amigo quando ele se apaixonou pela moça mais linda da aldeia e, cinco minutos depois, quando ela lhe sorriu, desapaixonou-se porque em vez de pérolas, encontrou entre os seus lábios rubros, uma dupla fieira de dentes podres.
Confirmando essas dificuldades filosóficas deixadas aos cronistas sem assunto e aos que se atrevem a falar de tudo, dizer-se-ia que a vergonha teria fim, exceto no Brasil. O mesmo ocorre com a honra. Mas tal não é o caso da culpa, a qual permanece intacta na paisagem humana, mesmo quando aparentemente soterrada por outros acontecimentos. Marcamos o tempo de modo regular, mas os sentimentos e eventos a ele ligados, são desmedidos.
Na mesma mensagem, Richard Moneygrand, que é um mestre viciado em citações, menciona um ensaio no qual um estudioso de países antigamente chamados de "atrasados" ou "subdesenvolvidos", faz uma descoberta sensacional: quanto mais atrasado o país, mais os seus relógios estão fora de sincronia. O relógio do aeroporto marca 10 horas; mas da estação rodoviária, 10h30; o da catedral, 9h50; ao passo que o do palácio do governo crava 10h45. Já nos países em que alguns dos meus mais queridos amigos gostariam de morar - Suécia, Dinamarca, Suíça, Finlândia -, todos os relógios públicos e privados estão sincronizados. Rigorosamente marcando a mesmíssima hora, minutos e segundos!
Num Brasil antigo, isso era a mais pura verdade. Hoje, eu afirmo que pelo menos os 270 milhões de relógios dos nossos telefones celulares estão em sintonia, marcando o tempo certo e obrigando os seus donos a andarem no tempo determinado por suas obrigações.
Na era de Dom João Charuto o tempo era feito pelas pessoas. Havia o tempo do Rei, sereno e grandioso; e o tempo do povo e dos escravos: exato, exigente e rotineiro. Hoje, vivemos o tempo de cobrança de certos papéis sociais. Ninguém atura mais médicos que não chegam na hora e funcionários públicos relapsos. O mesmo vale para administradores públicos que, sendo importantes, chegam atrasados porque se consideram os mais importantes. Presidentes, quando chegam, aparecem com horas de atraso, governadores com algumas horas; prefeitos com alguns minutos. Mas tudo se complica quando eles se encontram. Diante do presidente, o governador chega em cima da hora e, diante deste, o prefeito é um cronômetro.
E por aí segue essa lógica do tempo medido em relação à seriedade e ao progresso dos países. Bem mesmo faziam os povos tribais que seguiam a Lua e o Sol, cujo tempo começava quando eles resolviam fazer alguma coisa. Assim, era a tarefa social que marcava o tempo e não o contrário. Quando se comia era tempo de comer. Não havia uma "hora do almoço", entenderam?
Por favor, caro leitor ou leitora, não se esqueçam que hoje é 1.º de janeiro de 2014. Não percam a hora de dizer a todos e a cada um dos seus que o seu amor por eles não tem tempo ou hora.
Feliz ano-novo!
Analfabetos em todas as línguas - CORA RÓNAI
O GLOBO - 02/01
“Sou professora de inglês do Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier, há quase 24 anos. Na segunda-feira da semana retrasada, dia 16 de dezembro, ao fim do último Conselho de Classe, uma representante da Secretaria da Educação me chamou para me mostrar um documento emitido na sexta-feira anterior, dia 13, reiterando uma tal Portaria 419, de que ninguém tinha ouvido falar. Segundo essa portaria:
“‘No Ensino Médio, no Curso Normal, Ensino Médio Integrado e na Educação Profissional, a língua estrangeira moderna, de matrícula facultativa para o discente, é componente curricular de oferta obrigatória, observado, ainda, a presença da língua espanhola nos termos da lei’. (O grifo é meu, CR)
“Cora, como professora há 26 anos, posso te dizer que, se uma disciplina não tem o ‘poder’ de reter o aluno em sala de aula, ela é automaticamente desprezada pelos alunos, que têm coisas mais importantes com que se preocupar.
“Não estou escrevendo isso porque quero reprovar em massa. Claro que não! Quero entrar em sala de aula e quero que meus alunos me vejam como professora de uma disciplina a ser considerada, e não como ‘perfumaria’ ou ‘inutilidade’ (palavras de alunos).
“O que mais me mata é que, neste ano, ouvi o Eduardo Paes — que nem é meu patrão —, pedir que jovens que falam outros idiomas se voluntariem para auxiliar na Copa (e mais tarde, nas Olimpíadas). Isso, em outras palavras, quer dizer o seguinte: jovens da classe média serão voluntários da Copa, ajudando como intérpretes; jovens de classes economicamente desfavorecidas, que não estudam nos Santos da vida, serão os lixeiros da Copa, os trocadores da Copa, os sei-lá-o-quê da Copa!
“Na semana passada, estava lendo sua coluna, como sempre, quando me deu o estalo: ‘A Cora adora ler, fala outros idiomas... Por que não falar com ela?!’ Uns dias depois, você apareceu numa outra coluna, desejando uma melhor educação no novo ano (além de respeito com os peludos de quatro patas).
“Peço, então, a sua ajuda. Sempre ouvi falar que a Imprensa é o ‘quarto poder’. Considerando que, como professora de escola pública nunca me senti muito ajudada por nenhum dos outros três poderes, seria bom poder contar com os meios de comunicação para, ao menos, iniciar um debate sobre isso.
“Neste ano, a Alab (Associação de Linguística Aplicada do Brasil) discutiu os enunciados das questões de língua estrangeira no Enem; um grupo, defendendo a manutenção dos enunciados em português; o outro, pleiteando enunciados em inglês, acreditando que isso seria importante, como mais um passo rumo à maior valorização e incremento de qualidade no ensino da disciplina. Apesar de ter minha opinião a respeito disso, acho que a resolução dessa portaria é potencialmente muito mais danosa à disciplina. Mandei um e-mail para a associação... e nada! Confesso que estou me sentindo meio sozinha nesta minha indignação.
“O mais engraçado é que, no sábado, dia 21, fui ao colégio dar o resultado final dos alunos, quando eles têm de ir lá para assinar o papel que atesta que estão em dependência numa dada disciplina. Deixei oito alunos em dependência. Cinco, dos oito, foram lá, num sábado cinzento. Vários outros entraram na sala em que estava, para falar comigo, me desejar feliz Natal, fofocar. Muitos comentaram com uma professora de História que também lá estava o quanto eu os obriguei a estudar, com minhas provas-surpresa, meus testes-relâmpago de verbos e minha ranzinzice. Mas o fato é que eles estudaram, e a despeito de eu ser apenas uma professorinha de língua estrangeira, eles aprenderam alguma coisa.
“E o que eu aprendi, com a Portaria 419? Que eu valho ainda menos, como professora do Estado do Rio de Janeiro, do que eu imaginava. Que os grandes administradores da educação pública em nosso estado consideram a minha disciplina ainda menos valiosa do que eu imaginava. E que os políticos acharam mais um meio de maquiar as péssimas estatísticas escolares, quando o pessoal do Banco Mundial der uma olhadinha nos nossos números...
(....)
Gisele Abreu dos Santos”
Gosto muito de dar voz a professores, porque, mais do que índices disso e daquilo e, sobretudo, mais do que quaisquer autoridades, eles é que sabem da educação no país. Trocando em miúdos, o que a carta da Gisele nos informa é que, daqui para a frente, os jovens matriculados em escolas públicas estaduais estarão ainda menos preparados para enfrentar o mercado de trabalho do que já estavam — o que não é dizer pouco. Na prática, aprender inglês (ou espanhol, ou qualquer outra língua) deixa de ser obrigatório para eles, já que língua estrangeira deixou de ser matéria que reprova.
A portaria da Secretaria de Educação — promulgada em setembro, à sorrelfa, quando os professores estavam em greve — é de um cinismo e de uma falta de visão espetaculares. Quem olhar as escolas de fora não notará diferença; e o estado poderá sempre apontar para o currículo e bater no peito metafórico, dizendo que sim, que ensina línguas estrangeiras para as crianças. Mas isso será só uma enganação como tantas outras. Ao deixar de valer nota, a língua estrangeira passará a ser vista pelos alunos como uma bela chance de escapulir da sala de aula. Ninguém precisa de bola de cristal para prever o resultado disso.
Não sei de que cabeças iluminadas saiu a portaria, mas gostaria muito de saber se, para os filhos desses burocratas tão zelosos pelo ensino público, inglês também é matéria irrelevante.
“Sou professora de inglês do Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier, há quase 24 anos. Na segunda-feira da semana retrasada, dia 16 de dezembro, ao fim do último Conselho de Classe, uma representante da Secretaria da Educação me chamou para me mostrar um documento emitido na sexta-feira anterior, dia 13, reiterando uma tal Portaria 419, de que ninguém tinha ouvido falar. Segundo essa portaria:
“‘No Ensino Médio, no Curso Normal, Ensino Médio Integrado e na Educação Profissional, a língua estrangeira moderna, de matrícula facultativa para o discente, é componente curricular de oferta obrigatória, observado, ainda, a presença da língua espanhola nos termos da lei’. (O grifo é meu, CR)
“Cora, como professora há 26 anos, posso te dizer que, se uma disciplina não tem o ‘poder’ de reter o aluno em sala de aula, ela é automaticamente desprezada pelos alunos, que têm coisas mais importantes com que se preocupar.
“Não estou escrevendo isso porque quero reprovar em massa. Claro que não! Quero entrar em sala de aula e quero que meus alunos me vejam como professora de uma disciplina a ser considerada, e não como ‘perfumaria’ ou ‘inutilidade’ (palavras de alunos).
“O que mais me mata é que, neste ano, ouvi o Eduardo Paes — que nem é meu patrão —, pedir que jovens que falam outros idiomas se voluntariem para auxiliar na Copa (e mais tarde, nas Olimpíadas). Isso, em outras palavras, quer dizer o seguinte: jovens da classe média serão voluntários da Copa, ajudando como intérpretes; jovens de classes economicamente desfavorecidas, que não estudam nos Santos da vida, serão os lixeiros da Copa, os trocadores da Copa, os sei-lá-o-quê da Copa!
“Na semana passada, estava lendo sua coluna, como sempre, quando me deu o estalo: ‘A Cora adora ler, fala outros idiomas... Por que não falar com ela?!’ Uns dias depois, você apareceu numa outra coluna, desejando uma melhor educação no novo ano (além de respeito com os peludos de quatro patas).
“Peço, então, a sua ajuda. Sempre ouvi falar que a Imprensa é o ‘quarto poder’. Considerando que, como professora de escola pública nunca me senti muito ajudada por nenhum dos outros três poderes, seria bom poder contar com os meios de comunicação para, ao menos, iniciar um debate sobre isso.
“Neste ano, a Alab (Associação de Linguística Aplicada do Brasil) discutiu os enunciados das questões de língua estrangeira no Enem; um grupo, defendendo a manutenção dos enunciados em português; o outro, pleiteando enunciados em inglês, acreditando que isso seria importante, como mais um passo rumo à maior valorização e incremento de qualidade no ensino da disciplina. Apesar de ter minha opinião a respeito disso, acho que a resolução dessa portaria é potencialmente muito mais danosa à disciplina. Mandei um e-mail para a associação... e nada! Confesso que estou me sentindo meio sozinha nesta minha indignação.
“O mais engraçado é que, no sábado, dia 21, fui ao colégio dar o resultado final dos alunos, quando eles têm de ir lá para assinar o papel que atesta que estão em dependência numa dada disciplina. Deixei oito alunos em dependência. Cinco, dos oito, foram lá, num sábado cinzento. Vários outros entraram na sala em que estava, para falar comigo, me desejar feliz Natal, fofocar. Muitos comentaram com uma professora de História que também lá estava o quanto eu os obriguei a estudar, com minhas provas-surpresa, meus testes-relâmpago de verbos e minha ranzinzice. Mas o fato é que eles estudaram, e a despeito de eu ser apenas uma professorinha de língua estrangeira, eles aprenderam alguma coisa.
“E o que eu aprendi, com a Portaria 419? Que eu valho ainda menos, como professora do Estado do Rio de Janeiro, do que eu imaginava. Que os grandes administradores da educação pública em nosso estado consideram a minha disciplina ainda menos valiosa do que eu imaginava. E que os políticos acharam mais um meio de maquiar as péssimas estatísticas escolares, quando o pessoal do Banco Mundial der uma olhadinha nos nossos números...
(....)
Gisele Abreu dos Santos”
Gosto muito de dar voz a professores, porque, mais do que índices disso e daquilo e, sobretudo, mais do que quaisquer autoridades, eles é que sabem da educação no país. Trocando em miúdos, o que a carta da Gisele nos informa é que, daqui para a frente, os jovens matriculados em escolas públicas estaduais estarão ainda menos preparados para enfrentar o mercado de trabalho do que já estavam — o que não é dizer pouco. Na prática, aprender inglês (ou espanhol, ou qualquer outra língua) deixa de ser obrigatório para eles, já que língua estrangeira deixou de ser matéria que reprova.
A portaria da Secretaria de Educação — promulgada em setembro, à sorrelfa, quando os professores estavam em greve — é de um cinismo e de uma falta de visão espetaculares. Quem olhar as escolas de fora não notará diferença; e o estado poderá sempre apontar para o currículo e bater no peito metafórico, dizendo que sim, que ensina línguas estrangeiras para as crianças. Mas isso será só uma enganação como tantas outras. Ao deixar de valer nota, a língua estrangeira passará a ser vista pelos alunos como uma bela chance de escapulir da sala de aula. Ninguém precisa de bola de cristal para prever o resultado disso.
Não sei de que cabeças iluminadas saiu a portaria, mas gostaria muito de saber se, para os filhos desses burocratas tão zelosos pelo ensino público, inglês também é matéria irrelevante.
A multiplicação das fubequinhas - CARLOS RAMALHETE
GAZETA DO POVO - PR - 02/01
Transportes – automóveis, coletivos, bicicletas e quetais – são uma questão política. Infelizmente, nossos governos os vêm tratando como uma questão eleitoral, o que é completamente diferente.
A multiplicação dos automóveis, devida a uma política eleitoral de facilitação de crédito, vem criando problemas sem que haja respostas políticas ou administrativas coordenadas. Passou a ser possível escapar das latas de sardinha que passam por transporte público na maior parte do país pagando prestações baixas o bastante para estarem ao alcance de um rapaz solteiro que more com os pais e ganhe um salário mínimo. E ainda se leva um símbolo de status na jogada. Irresistível.
O carro, contudo, continua sendo caríssimo, e promete ficar ainda mais caro com a obrigatoriedade de acessórios ditos de “segurança” – bastante duvidosa, aliás – que acaba de tirar de linha as kombis, que tão bons serviços sempre prestaram. O combustível, aqui, também é um dos mais caros do mundo. O que se tem, na prática, é um incentivo ao consumo desregrado, ao endividamento excessivo para adquirir um símbolo de status. E não é um fenômeno isolado: enquanto a população aumentou 11% nos últimos dez anos, o número de veículos aumentou 123%. Isso se traduz em engarrafamentos por toda parte, pressão para a construção de mais vias expressas, dificuldades de estacionamento, mais poluição e ainda menos investimentos em transportes públicos. Um modelo de transportes que imita o modelo individualista norte-americano, mas com preços absurdamente inflados, numa esquizofrenia que só se explica pela necessidade dos governantes de convencer os eleitores pobres de que já estão na classe média.
Ao mesmo tempo, a classe média-alta urbana – a mesma que antes era reconhecida por ter carro – reage à perda do símbolo tentando transferir o antigo status do automóvel para a bike, uma versão sofisticada da antiga bicicleta do pobre. Funciona mais ou menos assim: se o sujeito é muito pobre, mas pobre de marré deci, ele anda de ônibus. Ganhou um trocadinho, compra uma motinha. Quando começa a tirar o pé da lama, anda de carrinho comprado a prestação. Mas, se ele é de classe média tradicional, filho e neto de donos de carros... Ah, aí ele anda de bike, convencido de estar salvando o planeta.
Essa guerra por status e espaço que ora opõe bicicletas, automóveis, motocicletas e os remanescentes do transporte público não é nem pode ser um modelo viável para os transportes, mas a demagogia eleitoreira que impera impede mudanças reais.
Transportes – automóveis, coletivos, bicicletas e quetais – são uma questão política. Infelizmente, nossos governos os vêm tratando como uma questão eleitoral, o que é completamente diferente.
A multiplicação dos automóveis, devida a uma política eleitoral de facilitação de crédito, vem criando problemas sem que haja respostas políticas ou administrativas coordenadas. Passou a ser possível escapar das latas de sardinha que passam por transporte público na maior parte do país pagando prestações baixas o bastante para estarem ao alcance de um rapaz solteiro que more com os pais e ganhe um salário mínimo. E ainda se leva um símbolo de status na jogada. Irresistível.
O carro, contudo, continua sendo caríssimo, e promete ficar ainda mais caro com a obrigatoriedade de acessórios ditos de “segurança” – bastante duvidosa, aliás – que acaba de tirar de linha as kombis, que tão bons serviços sempre prestaram. O combustível, aqui, também é um dos mais caros do mundo. O que se tem, na prática, é um incentivo ao consumo desregrado, ao endividamento excessivo para adquirir um símbolo de status. E não é um fenômeno isolado: enquanto a população aumentou 11% nos últimos dez anos, o número de veículos aumentou 123%. Isso se traduz em engarrafamentos por toda parte, pressão para a construção de mais vias expressas, dificuldades de estacionamento, mais poluição e ainda menos investimentos em transportes públicos. Um modelo de transportes que imita o modelo individualista norte-americano, mas com preços absurdamente inflados, numa esquizofrenia que só se explica pela necessidade dos governantes de convencer os eleitores pobres de que já estão na classe média.
Ao mesmo tempo, a classe média-alta urbana – a mesma que antes era reconhecida por ter carro – reage à perda do símbolo tentando transferir o antigo status do automóvel para a bike, uma versão sofisticada da antiga bicicleta do pobre. Funciona mais ou menos assim: se o sujeito é muito pobre, mas pobre de marré deci, ele anda de ônibus. Ganhou um trocadinho, compra uma motinha. Quando começa a tirar o pé da lama, anda de carrinho comprado a prestação. Mas, se ele é de classe média tradicional, filho e neto de donos de carros... Ah, aí ele anda de bike, convencido de estar salvando o planeta.
Essa guerra por status e espaço que ora opõe bicicletas, automóveis, motocicletas e os remanescentes do transporte público não é nem pode ser um modelo viável para os transportes, mas a demagogia eleitoreira que impera impede mudanças reais.
Desforra - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O GLOBO - 02/01
O pessoal está sendo injusto com o Renan Calheiros. Ninguém se lembrou de fazer a pergunta que realmente interessa: o implante foi bem-sucedido?
Deve ter gente estudando a tabela — e os astros, e os búzios e as entranhas de pássaros — para saber se há possibilidade de a final da Copa deste ano ser entre Brasil e Uruguai, como em 1950. As duas seleções se enfrentaram muitas vezes depois daquela derrota do Brasil que ficou atravessada na garganta de uma geração, mas desta vez as condições para uma desforra seriam perfeitas: 64 anos depois, valendo outra Copa do Mundo, no Maracanã, o local do crime. O time do Uruguai não está mal. Vários dos seus jogadores brilham na Europa. O Forlán, melhor jogador da última Copa, parece ter esquecido seu futebol num quarto de hotel da África do Sul, mas pode muito bem só estar esperando esta Copa para voltar a ser o que foi. Enfim, estaria tudo pronto para uma catarse coletiva. Ou para outra tragédia, claro.
INJUSTIÇA
O pessoal está sendo injusto com o Renan Calheiros. Todo esse falatório sobre a sua ida num jato da FAB para fazer um implante de cabelos em Recife, e desperdício de dinheiro público e blá-blá-blá, e ninguém se lembrou de fazer a pergunta que realmente interessa: o implante foi bem-sucedido? Li que o resultado só começará a aparecer com o tempo. Quer dizer, vamos pelo menos esperar para ver como fica o homem, antes de falar em desperdício.
PAPO VOVÔ
Nossa neta Lucinda, com 5 anos, muitas vezes dorme na nossa cama. No outro dia ela acordou, viu que eu estava deitado ao seu lado, olhando para ela, e perguntou: “Vô, tu conhece o corcunda de Notre Dame?” Não sei onde ela viu ou ouviu falar do personagem, mas fiquei com a impressão de que acabara de encontrá-lo, num sonho. Cheguei a imaginar que no sonho o corcunda de Notre Dame tivesse dito que me conhecia e ela quisesse confirmar. Pretensão de avô, a de ser citado em sonho de neto.
PARTIDO ERRADO
Na última quinta-feira eu escrevi aqui que deveríamos aguardar o comportamento do STF em relação ao mensalão mineiro e ao cartel paulista, e que só daria para acreditar cem por cento na Justiça brasileira quando, numa pelada entre presos no pátio da Papuda, os times do PT e do PMDB jogassem cada um com onze. Eu queria dizer PSDB, não PMDB. Não tenho nem a desculpa de o “m” e do “s” estarem lado a lado no teclado, e eu ter errado a pontaria por milímetros. Foi patetice mesmo. Desculpe.
O pessoal está sendo injusto com o Renan Calheiros. Ninguém se lembrou de fazer a pergunta que realmente interessa: o implante foi bem-sucedido?
Deve ter gente estudando a tabela — e os astros, e os búzios e as entranhas de pássaros — para saber se há possibilidade de a final da Copa deste ano ser entre Brasil e Uruguai, como em 1950. As duas seleções se enfrentaram muitas vezes depois daquela derrota do Brasil que ficou atravessada na garganta de uma geração, mas desta vez as condições para uma desforra seriam perfeitas: 64 anos depois, valendo outra Copa do Mundo, no Maracanã, o local do crime. O time do Uruguai não está mal. Vários dos seus jogadores brilham na Europa. O Forlán, melhor jogador da última Copa, parece ter esquecido seu futebol num quarto de hotel da África do Sul, mas pode muito bem só estar esperando esta Copa para voltar a ser o que foi. Enfim, estaria tudo pronto para uma catarse coletiva. Ou para outra tragédia, claro.
INJUSTIÇA
O pessoal está sendo injusto com o Renan Calheiros. Todo esse falatório sobre a sua ida num jato da FAB para fazer um implante de cabelos em Recife, e desperdício de dinheiro público e blá-blá-blá, e ninguém se lembrou de fazer a pergunta que realmente interessa: o implante foi bem-sucedido? Li que o resultado só começará a aparecer com o tempo. Quer dizer, vamos pelo menos esperar para ver como fica o homem, antes de falar em desperdício.
PAPO VOVÔ
Nossa neta Lucinda, com 5 anos, muitas vezes dorme na nossa cama. No outro dia ela acordou, viu que eu estava deitado ao seu lado, olhando para ela, e perguntou: “Vô, tu conhece o corcunda de Notre Dame?” Não sei onde ela viu ou ouviu falar do personagem, mas fiquei com a impressão de que acabara de encontrá-lo, num sonho. Cheguei a imaginar que no sonho o corcunda de Notre Dame tivesse dito que me conhecia e ela quisesse confirmar. Pretensão de avô, a de ser citado em sonho de neto.
PARTIDO ERRADO
Na última quinta-feira eu escrevi aqui que deveríamos aguardar o comportamento do STF em relação ao mensalão mineiro e ao cartel paulista, e que só daria para acreditar cem por cento na Justiça brasileira quando, numa pelada entre presos no pátio da Papuda, os times do PT e do PMDB jogassem cada um com onze. Eu queria dizer PSDB, não PMDB. Não tenho nem a desculpa de o “m” e do “s” estarem lado a lado no teclado, e eu ter errado a pontaria por milímetros. Foi patetice mesmo. Desculpe.
Calma, gente - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 02/01
Gilberto Gil notificou o cineasta Cláudio Marques que publicou no site baiano “Teatro Nu”, na véspera de Natal, um texto em que dizia:
“Prefeito ACM Neto cancela shows do final de ano e anuncia R$ 6,5 milhões para a cultura de Salvador.” O site ainda trazia declarações atribuídas ao próprio Gil.
Era uma mentirinha. O show de Caetano e Gil ocorreu. Marques diz que fez um texto irônico “para discutir a política cultural na cidade”.
Ah, bom!
Chiclete com banana
Uma pesquisa do Pew Research Center, nos EUA, mostra que 61% dos americanos têm visão favorável do Brasil. Na lista de 12 países comparados, apenas Canadá (81%), Reino Unido (79%), Japão (70%) e Alemanha (67%) têm, entre os gringos da terra do Tio Sam, mais simpatia que os brasileiros.
Vizinho indesejado...
O mesmo levantamento mostra que o vizinho México tem pouca simpatia dos americanos, com apenas 39% dizendo ter uma visão favorável a eles.
A Arábia Saudita foi o país da lista com pior avaliação: só 27% se declaram simpáticos aos árabes.
Pé no jato
O mineiro Murilo Ferreira, 60 anos, presidente da Vale, completou 1 milhão de quilômetros voados desde junho de 2011, um mês depois da posse.
Lavou tá novo
Uma das dez finalistas do concurso de marchinhas do carnaval 2014 foi “Lenço de cetim”, de Felipe Guaraná, de Paraty, RJ.
Diz o refrão: “Lavou tá novo, lavou tá novo/Água e sabão, no ribeirão, lavou tá novo.”
Danadinho este Felipe.
Horário eleitoral gratuito
Cada brasileiro contribui com R$1,6 mil por ano para bancar os benefícios fiscais concedidos pelo governo.
A conta faz parte de um estudo dos economistas Érica Diniz e José Roberto Afonso, da FGV.
Foi assim...
A dupla computou todos os benefícios diretos e indiretos, como também os empréstimos concedidos com juros camaradas e ainda subsídios e anistias dadas a terceiros.
Só no âmbito do governo federal em 2014 este gasto indireto é estimado em 6,2% do PIB.
Só um exemplo...
Segundo Érica e Zé Roberto, o chamado horário eleitoral gratuito custará aos cofres públicos R$ 839 milhões, só neste ano de eleições, como estimado pela Receita Federal.
Pela lei, as empresas de rádio e TV abatem do imposto o valor do espaço cedido obrigatoriamente aos partidos.
Cartas para a Redação
Frei Betto sugere mais uma pergunta à coluna:
—Por que tantas favelas incendeiam em São Paulo?
É que...
Toda hora surge um incêndio numa comunidade pobre de São Paulo.
Ontem, o fogo atingiu cerca de 500 moradias no bairro Cachoeira, no Guarujá, litoral paulista.
Deu branco na Argentina
Em Buenos Aires, multidões se vestiram de branco na chegada do Ano Novo.
Mas era tudo turista brasileiro.
Afinal...
A ideia de celebrar o réveillon de branco, influência religiosa africana, não é comum na terra de Messi.
Gilberto Gil notificou o cineasta Cláudio Marques que publicou no site baiano “Teatro Nu”, na véspera de Natal, um texto em que dizia:
“Prefeito ACM Neto cancela shows do final de ano e anuncia R$ 6,5 milhões para a cultura de Salvador.” O site ainda trazia declarações atribuídas ao próprio Gil.
Era uma mentirinha. O show de Caetano e Gil ocorreu. Marques diz que fez um texto irônico “para discutir a política cultural na cidade”.
Ah, bom!
Chiclete com banana
Uma pesquisa do Pew Research Center, nos EUA, mostra que 61% dos americanos têm visão favorável do Brasil. Na lista de 12 países comparados, apenas Canadá (81%), Reino Unido (79%), Japão (70%) e Alemanha (67%) têm, entre os gringos da terra do Tio Sam, mais simpatia que os brasileiros.
Vizinho indesejado...
O mesmo levantamento mostra que o vizinho México tem pouca simpatia dos americanos, com apenas 39% dizendo ter uma visão favorável a eles.
A Arábia Saudita foi o país da lista com pior avaliação: só 27% se declaram simpáticos aos árabes.
Pé no jato
O mineiro Murilo Ferreira, 60 anos, presidente da Vale, completou 1 milhão de quilômetros voados desde junho de 2011, um mês depois da posse.
Lavou tá novo
Uma das dez finalistas do concurso de marchinhas do carnaval 2014 foi “Lenço de cetim”, de Felipe Guaraná, de Paraty, RJ.
Diz o refrão: “Lavou tá novo, lavou tá novo/Água e sabão, no ribeirão, lavou tá novo.”
Danadinho este Felipe.
Horário eleitoral gratuito
Cada brasileiro contribui com R$1,6 mil por ano para bancar os benefícios fiscais concedidos pelo governo.
A conta faz parte de um estudo dos economistas Érica Diniz e José Roberto Afonso, da FGV.
Foi assim...
A dupla computou todos os benefícios diretos e indiretos, como também os empréstimos concedidos com juros camaradas e ainda subsídios e anistias dadas a terceiros.
Só no âmbito do governo federal em 2014 este gasto indireto é estimado em 6,2% do PIB.
Só um exemplo...
Segundo Érica e Zé Roberto, o chamado horário eleitoral gratuito custará aos cofres públicos R$ 839 milhões, só neste ano de eleições, como estimado pela Receita Federal.
Pela lei, as empresas de rádio e TV abatem do imposto o valor do espaço cedido obrigatoriamente aos partidos.
Cartas para a Redação
Frei Betto sugere mais uma pergunta à coluna:
—Por que tantas favelas incendeiam em São Paulo?
É que...
Toda hora surge um incêndio numa comunidade pobre de São Paulo.
Ontem, o fogo atingiu cerca de 500 moradias no bairro Cachoeira, no Guarujá, litoral paulista.
Deu branco na Argentina
Em Buenos Aires, multidões se vestiram de branco na chegada do Ano Novo.
Mas era tudo turista brasileiro.
Afinal...
A ideia de celebrar o réveillon de branco, influência religiosa africana, não é comum na terra de Messi.
MECA BRASILEIRA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 02/01
Especialistas de várias parte do mundo e operadoras focadas em turismo religioso vão se reunir em Aparecida (SP) em um seminário internacional ainda no primeiro semestre deste ano. Vão debater formas de transformar o Santuário de Nossa Senhora em destino mundial de peregrinação.
MECA 2
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, reuniu-se com o arcebispo de Aparecida, dom Raimundo Damasceno, em dezembro. "Vamos fazer o diagnóstico do que precisa ser feito para colocar a cidade no circuito internacional do turismo religioso e para atrair também turistas de maior poder aquisitivo", explica Sampaio.
MECA 3
A estimativa é que o número de turistas em Aparecida em 2013 tenha chegado aos 12 milhões, em função da visita do papa Francisco. Em 2012, foram 11,6 milhões de peregrinos, enquanto Fátima (Portugal) recebeu cerca de 5 milhões e Lourdes (França), 6 milhões. "O potencial do santuário mariano brasileiro é muito grande. Precisamos apresentar Aparecida ao mundo", diz o presidente da federação de hotéis.
SEM OBSTÁCULOS
O prefeito Fernando Haddad promulgou lei que proíbe casas de shows, salas de concertos, estádios e outros estabelecimentos de entretenimento de cobrar mais de um ingresso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A determinação vale também para obesos e espectadores que usam macas ou cadeiras de rodas, independentemente do número de assentos ou de área que ocupem no estabelecimento.
LIQUIDAÇÃO
Nem a cantora Claudia Leitte nem o estilista Dudu Bertholini. Quem bateu recorde de vendas, entre as dez personalidades convidadas pela Riachuelo para desenhar uma linha especial, foi a blogueira Thássia Naves.Com quase 820 mil seguidores no Instagram, a mineira teve suas peças, inspiradas em azulejos, esgotadas logo nos primeiros dias.
NÃO QUERO DINHEIRO
Tiago Abravanel, atração do Réveillon em um hotel de Campinas, começa o ano com a agenda de shows movimentada. Terá compromissos no Carnaval e recebeu convite para levar ao exterior seu repertório que mistura clássicos de Tim Maia e outros artistas. Com média de seis apresentações por mês, ainda consegue tempo para cantar em eventos beneficentes, sem cobrar cachê --foram cinco em 2013. "Sempre vou de coração aberto."
EU TE QUERO BEM
"Impressionado" com a repercussão de sua participação no especial de fim de ano de Roberto Carlos, o ator e cantor conta que o programa foi o centro das atenções na casa de Silvio Santos, seu avô.
"Na noite do Natal, a audiência lá foi para a Globo, não para o SBT", brinca. "Ficaram orgulhosos de mim."
NOITES TROPICAIS
O jogador Alexandre Pato e a namorada, Sophia Mattar, com Priscila Feitosa, estiveram na festa Saravá, em Trancoso. A modelo Ana Beatriz Barros, com Karim El Chiaty, e a estilista Lethicia Bronstein, com Fred Pompeu, também foram à fazenda Uanalua. O evento teve ainda a presença das stylists Fernanda de Goeye e Vandinha Jacintho e do consultor de moda Luis Fiod.
ANTES DA LARGADA
Os secretários de Esporte da cidade de São Paulo, Celso Jatene, e do Estado, José Auricchio Junior, estiveram em café da manhã antes da largada da corrida de São Silvestre, na terça. Nádia Campeão, vice-prefeita, e a cineasta Lina Chamie, diretora de documentário sobre a prova, também participaram da reunião, na avenida Paulista.
CURTO-CIRCUITO
Termina hoje a 14ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro, no CineSesc. Sessões a partir das 13h, na rua Augusta, 2.075.
A exposição "Ocupação Sérgio Britto", no Itaú Cultural, vai até o próximo dia 19. Na avenida Paulista.
Cacá Carvalho encena três espetáculos baseados na obra de Luigi Pirandello, a partir do dia 17, no Centro Cultural SP. 16 anos.
Especialistas de várias parte do mundo e operadoras focadas em turismo religioso vão se reunir em Aparecida (SP) em um seminário internacional ainda no primeiro semestre deste ano. Vão debater formas de transformar o Santuário de Nossa Senhora em destino mundial de peregrinação.
MECA 2
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, reuniu-se com o arcebispo de Aparecida, dom Raimundo Damasceno, em dezembro. "Vamos fazer o diagnóstico do que precisa ser feito para colocar a cidade no circuito internacional do turismo religioso e para atrair também turistas de maior poder aquisitivo", explica Sampaio.
MECA 3
A estimativa é que o número de turistas em Aparecida em 2013 tenha chegado aos 12 milhões, em função da visita do papa Francisco. Em 2012, foram 11,6 milhões de peregrinos, enquanto Fátima (Portugal) recebeu cerca de 5 milhões e Lourdes (França), 6 milhões. "O potencial do santuário mariano brasileiro é muito grande. Precisamos apresentar Aparecida ao mundo", diz o presidente da federação de hotéis.
SEM OBSTÁCULOS
O prefeito Fernando Haddad promulgou lei que proíbe casas de shows, salas de concertos, estádios e outros estabelecimentos de entretenimento de cobrar mais de um ingresso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A determinação vale também para obesos e espectadores que usam macas ou cadeiras de rodas, independentemente do número de assentos ou de área que ocupem no estabelecimento.
LIQUIDAÇÃO
Nem a cantora Claudia Leitte nem o estilista Dudu Bertholini. Quem bateu recorde de vendas, entre as dez personalidades convidadas pela Riachuelo para desenhar uma linha especial, foi a blogueira Thássia Naves.Com quase 820 mil seguidores no Instagram, a mineira teve suas peças, inspiradas em azulejos, esgotadas logo nos primeiros dias.
NÃO QUERO DINHEIRO
Tiago Abravanel, atração do Réveillon em um hotel de Campinas, começa o ano com a agenda de shows movimentada. Terá compromissos no Carnaval e recebeu convite para levar ao exterior seu repertório que mistura clássicos de Tim Maia e outros artistas. Com média de seis apresentações por mês, ainda consegue tempo para cantar em eventos beneficentes, sem cobrar cachê --foram cinco em 2013. "Sempre vou de coração aberto."
EU TE QUERO BEM
"Impressionado" com a repercussão de sua participação no especial de fim de ano de Roberto Carlos, o ator e cantor conta que o programa foi o centro das atenções na casa de Silvio Santos, seu avô.
"Na noite do Natal, a audiência lá foi para a Globo, não para o SBT", brinca. "Ficaram orgulhosos de mim."
NOITES TROPICAIS
O jogador Alexandre Pato e a namorada, Sophia Mattar, com Priscila Feitosa, estiveram na festa Saravá, em Trancoso. A modelo Ana Beatriz Barros, com Karim El Chiaty, e a estilista Lethicia Bronstein, com Fred Pompeu, também foram à fazenda Uanalua. O evento teve ainda a presença das stylists Fernanda de Goeye e Vandinha Jacintho e do consultor de moda Luis Fiod.
ANTES DA LARGADA
Os secretários de Esporte da cidade de São Paulo, Celso Jatene, e do Estado, José Auricchio Junior, estiveram em café da manhã antes da largada da corrida de São Silvestre, na terça. Nádia Campeão, vice-prefeita, e a cineasta Lina Chamie, diretora de documentário sobre a prova, também participaram da reunião, na avenida Paulista.
CURTO-CIRCUITO
Termina hoje a 14ª Retrospectiva do Cinema Brasileiro, no CineSesc. Sessões a partir das 13h, na rua Augusta, 2.075.
A exposição "Ocupação Sérgio Britto", no Itaú Cultural, vai até o próximo dia 19. Na avenida Paulista.
Cacá Carvalho encena três espetáculos baseados na obra de Luigi Pirandello, a partir do dia 17, no Centro Cultural SP. 16 anos.
A toque de caixa - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 02/01
O governo traçou como meta para este ano colocar em funcionamento, até agosto, as seis mil creches prometidas pela presidente Dilma há quatro anos. Destas, 2 mil estão em andamento, sendo 1,3 mil com as obras praticamente prontas, e 4 mil ainda no papel. O governo conta com a facilidade das creches pré-moldadas, mas depende das prefeituras, responsáveis por professores e matrículas.
Desafios na Educação
Além de tentar cumprir a promessa da construção de seis mil creches, outros dois temas relacionados à Educação se tornaram desafios para a presidente Dilma neste ano. Ela quer chegar a 60 mil escolas em tempo integral em todo o país. Atualmente, 49 mil colégios estaduais e municipais conseguiram estabelecer uma grade curricular e esportiva, colocando de pé o contraturno, com a ajuda do Ministério da Educação. Para resolver a falta de quadras poliesportivas cobertas nas escolas, o governo lançou mão do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), aceito pelo TCU para a construção das creches. O aval ainda não saiu.
“A Bolsa Família, com toda a sua bondade, generosidade e correção, não carrega a semente da emancipação. Algo tem que ser feito e esse algo é a Educação”
Cristovam Buarque Senador (PDT-DF)
Vem pra rua
Em conversas nos últimos dias com petistas e sindicalistas, o ex-presidente Lula criticou a atuação dos sindicatos. Disse que precisam lutar pelo que querem e falou em “choque de tesão”. Reclamou do comodismo dos atuais dirigentes.
Dono da agenda
Os estrategistas da presidente Dilma pretendiam remanejar seu chefe de gabinete, Giles Azevedo, para a campanha à reeleição. Sondada, ela não permitiu. Dilma avisou que não abre mão do que considera um dos principais assessores e delegou que achem alguém com o mesmo perfil. Discreto e muito organizado.
Reforço no caixa
O Ministério da Ciência e Tecnologia, que também atua na prevenção a desastres naturais, recebeu R$11 milhões na última medida provisória de 2013. Serão usados na compra de pluviômetros e de sensores de umidade de solo.
Mais livros
Grupo de amigos de José Dirceu e Delúbio Soares criou campanha de envio de livros ao Presídio da Papuda, onde cumprem pena. Chama-se “Liberdade de ler” e pede que aos adeptos mandem por carta registrada, rastreamento dos Correios e confirmação do recebimento com a assinatura do funcionário que recebeu.
E fez-se o silêncio
O senador Lobão Filho (PMDB-MA) propôs impedir seus colegas de debater projetos e discursar nas comissões para agilizar os trabalhos. Queria dar direito à fala só ao autor e ao relator da proposta. Foi bombardeado.
Onda masculina
O desempenho fraco da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e da ex-prefeita de Natal Micarla de Sousa (PV), que não acabou o mandato, faz os políticos da região buscarem candidatos porque perceberam a alta rejeição às mulheres para 2014.
PARA ADOÇAR A VIDA. A neossocialista Eliana Calmon surpreendeu a cúpula do PSB numa reunião. Confeiteira de mão cheia, fez banquete de doces.
O governo traçou como meta para este ano colocar em funcionamento, até agosto, as seis mil creches prometidas pela presidente Dilma há quatro anos. Destas, 2 mil estão em andamento, sendo 1,3 mil com as obras praticamente prontas, e 4 mil ainda no papel. O governo conta com a facilidade das creches pré-moldadas, mas depende das prefeituras, responsáveis por professores e matrículas.
Desafios na Educação
Além de tentar cumprir a promessa da construção de seis mil creches, outros dois temas relacionados à Educação se tornaram desafios para a presidente Dilma neste ano. Ela quer chegar a 60 mil escolas em tempo integral em todo o país. Atualmente, 49 mil colégios estaduais e municipais conseguiram estabelecer uma grade curricular e esportiva, colocando de pé o contraturno, com a ajuda do Ministério da Educação. Para resolver a falta de quadras poliesportivas cobertas nas escolas, o governo lançou mão do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), aceito pelo TCU para a construção das creches. O aval ainda não saiu.
“A Bolsa Família, com toda a sua bondade, generosidade e correção, não carrega a semente da emancipação. Algo tem que ser feito e esse algo é a Educação”
Cristovam Buarque Senador (PDT-DF)
Vem pra rua
Em conversas nos últimos dias com petistas e sindicalistas, o ex-presidente Lula criticou a atuação dos sindicatos. Disse que precisam lutar pelo que querem e falou em “choque de tesão”. Reclamou do comodismo dos atuais dirigentes.
Dono da agenda
Os estrategistas da presidente Dilma pretendiam remanejar seu chefe de gabinete, Giles Azevedo, para a campanha à reeleição. Sondada, ela não permitiu. Dilma avisou que não abre mão do que considera um dos principais assessores e delegou que achem alguém com o mesmo perfil. Discreto e muito organizado.
Reforço no caixa
O Ministério da Ciência e Tecnologia, que também atua na prevenção a desastres naturais, recebeu R$11 milhões na última medida provisória de 2013. Serão usados na compra de pluviômetros e de sensores de umidade de solo.
Mais livros
Grupo de amigos de José Dirceu e Delúbio Soares criou campanha de envio de livros ao Presídio da Papuda, onde cumprem pena. Chama-se “Liberdade de ler” e pede que aos adeptos mandem por carta registrada, rastreamento dos Correios e confirmação do recebimento com a assinatura do funcionário que recebeu.
E fez-se o silêncio
O senador Lobão Filho (PMDB-MA) propôs impedir seus colegas de debater projetos e discursar nas comissões para agilizar os trabalhos. Queria dar direito à fala só ao autor e ao relator da proposta. Foi bombardeado.
Onda masculina
O desempenho fraco da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e da ex-prefeita de Natal Micarla de Sousa (PV), que não acabou o mandato, faz os políticos da região buscarem candidatos porque perceberam a alta rejeição às mulheres para 2014.
PARA ADOÇAR A VIDA. A neossocialista Eliana Calmon surpreendeu a cúpula do PSB numa reunião. Confeiteira de mão cheia, fez banquete de doces.
Plantão intensivo - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 02/01
O governo protocolou no Tribunal de Contas da União em 30 de dezembro o recurso para que o órgão reveja a determinação do acórdão da ministra Ana Arraes que barrou o arrendamento de terminais no porto de Santos (SP) e no Pará. No mesmo dia, a equipe de Dilma Rousseff apresentou outro recurso, que contesta ressalvas feitas pelo TCU sobre os investimentos projetados para licitações de ferrovias. Os dois projetos são prioridades do Planalto na área de infraestrutura.
Assim... No primeiro caso, a Secretaria de Portos pede que seja revista a determinação de não publicar os editais antes de serem reapresentadas ao TCU as 19 providências pedidas pela relatora do processo. Isso não ocorreu em decisões relativas a rodovias, aeroportos e ferrovias.
... não Além disso, o governo solicita ao TCU que reconheça a impossibilidade de fixar tarifa teto para todos os arrendamentos, alegando que a decisão limitará a livre concorrência.
Nos trilhos 1 No caso das ferrovias, a Agência Nacional de Transportes Terrestres contesta a redução feita pelo TCU no volume de investimentos, de R$ 6,4 bilhões para R$ 4,8 bilhões, para o trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO), o primeiro a ser concedido pelo novo modelo.
Nos trilhos 2 Para o governo, um corte desse montante pode inviabilizar a concessão, uma vez que a disputa se dá com base no valor do investimento: quem fará a ferrovia com menor custo.
Boca... Chefe do Ministério Público do Rio, o procurador-geral Marfan Vieira passou o Ano-Novo na área vip da prefeitura carioca em Copacabana. A festa, patrocinada por cinco empresas, teve bufê e champanhe à vontade.
... livre Vieira chefia o órgão responsável pelas ações na Justiça contra autoridades fluminenses. O procurador não quis comentar sua participação no evento.
Expansão 1 A Prefeitura de São Paulo planeja organizar festas de Réveillon em outros parques da cidade na próxima virada de ano, a exemplo do evento realizado anteontem no Ibirapuera.
Expansão 2 A Secretaria do Verde vai buscar áreas para as festas principalmente na zona norte e na zona leste.
Alternativa Marina Silva fará novas investidas para convencer Luiza Erundina a ser a candidata do PSB ao governo de São Paulo. O movimento faz parte da tentativa da ex-senadora de consolidar o afastamento da sigla da campanha à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB).
Polos... Nos debates que teve com a cúpula do PSB sobre o tema, Marina apontou que o apoio à candidatura de Alckmin seria inadmissível, pois considera que o governo tucano tem um desempenho ruim na educação, uma de suas prioridades para a disputa eleitoral deste ano.
... opostos Outro argumento de Marina é o de que a mensagem de renovação política da Rede e de sua aliança com Eduardo Campos (PSB) seria incompatível com o PSDB paulista, que governa o Estado há quase 20 anos.
Vai indo Um dos chamados "três porquinhos" da coordenação da campanha de Dilma em 2010, Antonio Palocci tem dado sinais de que quer ficar longe da disputa deste ano. O ex-ministro avisou a grão-petistas que pretende passar uma temporada fora do Brasil, a partir de agosto, para fazer um curso.
Lado No programa de televisão do PV, que vai ao ar hoje, o presidente da sigla, José Luiz Penna, defende a "alternância de poder". Boa parte da propaganda é protagonizada por Eduardo Jorge, pré-candidato à Presidência.
Eixo O PV produziu o programa em Brasília, sob o comando do marqueteiro da legenda, Luís Jorge Natal.
TIROTEIO
Já que a gerente Dilma e a economista Dilma fracassaram, só nos resta ter esperança na psicóloga Dilma. Que Freud nos ajude.
DO SENADOR AÉCIO NEVES (MG), presidente do PSDB, sobre a afirmação de Dilma de que a área econômica do governo é alvo de "guerra psicológica".
Contraponto
Contrapropaganda
Após um evento do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) foi a um botequim no centro da capital paulista para tomar um café e, no caixa, reparou nos maços de cigarro que trazem propagandas que alertam para os males do fumo para a saúde.
Uma das embalagens à mostra afirmava que o consumo de cigarro pode causar impotência sexual. Outro alertava que o fumo pode levar à morte.
Alckmin virou-se para a atendente e perguntou:
-O pessoal lê isso e compra o cigarro mesmo assim?
-Ah, doutor. Eles compram. Mas todos querem o que mata! -respondeu a atendente.
O governo protocolou no Tribunal de Contas da União em 30 de dezembro o recurso para que o órgão reveja a determinação do acórdão da ministra Ana Arraes que barrou o arrendamento de terminais no porto de Santos (SP) e no Pará. No mesmo dia, a equipe de Dilma Rousseff apresentou outro recurso, que contesta ressalvas feitas pelo TCU sobre os investimentos projetados para licitações de ferrovias. Os dois projetos são prioridades do Planalto na área de infraestrutura.
Assim... No primeiro caso, a Secretaria de Portos pede que seja revista a determinação de não publicar os editais antes de serem reapresentadas ao TCU as 19 providências pedidas pela relatora do processo. Isso não ocorreu em decisões relativas a rodovias, aeroportos e ferrovias.
... não Além disso, o governo solicita ao TCU que reconheça a impossibilidade de fixar tarifa teto para todos os arrendamentos, alegando que a decisão limitará a livre concorrência.
Nos trilhos 1 No caso das ferrovias, a Agência Nacional de Transportes Terrestres contesta a redução feita pelo TCU no volume de investimentos, de R$ 6,4 bilhões para R$ 4,8 bilhões, para o trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO), o primeiro a ser concedido pelo novo modelo.
Nos trilhos 2 Para o governo, um corte desse montante pode inviabilizar a concessão, uma vez que a disputa se dá com base no valor do investimento: quem fará a ferrovia com menor custo.
Boca... Chefe do Ministério Público do Rio, o procurador-geral Marfan Vieira passou o Ano-Novo na área vip da prefeitura carioca em Copacabana. A festa, patrocinada por cinco empresas, teve bufê e champanhe à vontade.
... livre Vieira chefia o órgão responsável pelas ações na Justiça contra autoridades fluminenses. O procurador não quis comentar sua participação no evento.
Expansão 1 A Prefeitura de São Paulo planeja organizar festas de Réveillon em outros parques da cidade na próxima virada de ano, a exemplo do evento realizado anteontem no Ibirapuera.
Expansão 2 A Secretaria do Verde vai buscar áreas para as festas principalmente na zona norte e na zona leste.
Alternativa Marina Silva fará novas investidas para convencer Luiza Erundina a ser a candidata do PSB ao governo de São Paulo. O movimento faz parte da tentativa da ex-senadora de consolidar o afastamento da sigla da campanha à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB).
Polos... Nos debates que teve com a cúpula do PSB sobre o tema, Marina apontou que o apoio à candidatura de Alckmin seria inadmissível, pois considera que o governo tucano tem um desempenho ruim na educação, uma de suas prioridades para a disputa eleitoral deste ano.
... opostos Outro argumento de Marina é o de que a mensagem de renovação política da Rede e de sua aliança com Eduardo Campos (PSB) seria incompatível com o PSDB paulista, que governa o Estado há quase 20 anos.
Vai indo Um dos chamados "três porquinhos" da coordenação da campanha de Dilma em 2010, Antonio Palocci tem dado sinais de que quer ficar longe da disputa deste ano. O ex-ministro avisou a grão-petistas que pretende passar uma temporada fora do Brasil, a partir de agosto, para fazer um curso.
Lado No programa de televisão do PV, que vai ao ar hoje, o presidente da sigla, José Luiz Penna, defende a "alternância de poder". Boa parte da propaganda é protagonizada por Eduardo Jorge, pré-candidato à Presidência.
Eixo O PV produziu o programa em Brasília, sob o comando do marqueteiro da legenda, Luís Jorge Natal.
TIROTEIO
Já que a gerente Dilma e a economista Dilma fracassaram, só nos resta ter esperança na psicóloga Dilma. Que Freud nos ajude.
DO SENADOR AÉCIO NEVES (MG), presidente do PSDB, sobre a afirmação de Dilma de que a área econômica do governo é alvo de "guerra psicológica".
Contraponto
Contrapropaganda
Após um evento do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) foi a um botequim no centro da capital paulista para tomar um café e, no caixa, reparou nos maços de cigarro que trazem propagandas que alertam para os males do fumo para a saúde.
Uma das embalagens à mostra afirmava que o consumo de cigarro pode causar impotência sexual. Outro alertava que o fumo pode levar à morte.
Alckmin virou-se para a atendente e perguntou:
-O pessoal lê isso e compra o cigarro mesmo assim?
-Ah, doutor. Eles compram. Mas todos querem o que mata! -respondeu a atendente.
Um novo nome para São Paulo - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 02/01
O empresário Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos e filiado ao PPS, poderá ser a alternativa da PSB e da Rede Sustentabilidade para ter um nome próprio concorrendo ao governo de São Paulo. Marina Silva conseguiu convencer Eduardo Campos a não se alinhar à reeleição de Geraldo Alckmin, o que mina as possibilidades de indicação do deputado federal Márcio França (PSB-SP) como vice do atual governador ou como candidato ao Senado por São Paulo.
A direção do PSB está tomando cuidado, no entanto, para não melindrar França. Ele é um dos principais articuladores da campanha nacional de Eduardo Campos, mas integra o staff do governo estadual tucano. Foi, inclusive, secretário estadual de Turismo.
A opção por Young também eliminaria as chances de Walter Feldman (PSB-SP) de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, como torciam os sonháticos no início. “Seria uma crueldade com o França, ele jamais aceitaria isso”, disse um integrante da direção do PSB.
Escanteados…
Pouco antes do recesso parlamentar, os deputados Márcio França (PSB-SP) e Beto Albuquerque (PSB-RS) faziam uma boquinha no cafezinho do Senado. França está vendo escapar pelos dedos as chances de concorrer a senador por São Paulo. Beto praticamente deu adeus à essa pretensão, mas pelo Rio Grande do Sul.
..mas marrentinhos!
O diálogo deles era meio nostálgico, meio depressivo. “França, acho que no Senado eu renderia mais”, disse Beto. “Meu caro, vamos embora. É só parar para tomar café aqui que nós ficamos até mais metidos”, cortou França.
Uni duni tê/ Ideli Salvatti é fiel escudeira e poderá até mudar de pasta caso a presidente Dilma Rousseff queira acomodar o PT da Câmara na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Mas, intimamente, ela quer permanecer onde está. Acha que conseguiu pacificar as relações com a base, apesar de algumas reclamações que foram feitas durante o processo de liberação de emendas parlamentares no fim do ano.
Salame minguê/ Em tese, Ideli enfrenta a concorrência do deputado Ricardo Berzoini (foto), do PT-SP. Com bom trânsito no partido, ele também conta com a simpatia da presidente Dilma Rousseff. Algo fundamental para alguém que despachará um andar acima do gabinete presidencial.
O sorvete colorê/ Mais uma encrenca para a presidente Dilma. O líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), começa a repensar se vale a pena concorrer ao governo do Amazonas. Na recente pesquisa Ibope, o governador amazonense, Omar Aziz (PSD), apareceu como o administrador estadual mais bem avaliado, com 74% de aprovação.
O escolhido foi você?/ Peemedebistas que acompanham a evolução do caso afirmam que Braga, caso desista, poderia tentar emplacar a indicação para o Ministério de Minas e Energia. Apesar de Edison Lobão ser uma indicação pessoal de José Sarney (PMDB-AP), políticos da legenda acreditam que a pasta poderia ser uma compensação para Braga, que abriu mão de ser independente para assumir o cargo de líder do governo.
O empresário Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos e filiado ao PPS, poderá ser a alternativa da PSB e da Rede Sustentabilidade para ter um nome próprio concorrendo ao governo de São Paulo. Marina Silva conseguiu convencer Eduardo Campos a não se alinhar à reeleição de Geraldo Alckmin, o que mina as possibilidades de indicação do deputado federal Márcio França (PSB-SP) como vice do atual governador ou como candidato ao Senado por São Paulo.
A direção do PSB está tomando cuidado, no entanto, para não melindrar França. Ele é um dos principais articuladores da campanha nacional de Eduardo Campos, mas integra o staff do governo estadual tucano. Foi, inclusive, secretário estadual de Turismo.
A opção por Young também eliminaria as chances de Walter Feldman (PSB-SP) de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, como torciam os sonháticos no início. “Seria uma crueldade com o França, ele jamais aceitaria isso”, disse um integrante da direção do PSB.
Escanteados…
Pouco antes do recesso parlamentar, os deputados Márcio França (PSB-SP) e Beto Albuquerque (PSB-RS) faziam uma boquinha no cafezinho do Senado. França está vendo escapar pelos dedos as chances de concorrer a senador por São Paulo. Beto praticamente deu adeus à essa pretensão, mas pelo Rio Grande do Sul.
..mas marrentinhos!
O diálogo deles era meio nostálgico, meio depressivo. “França, acho que no Senado eu renderia mais”, disse Beto. “Meu caro, vamos embora. É só parar para tomar café aqui que nós ficamos até mais metidos”, cortou França.
Uni duni tê/ Ideli Salvatti é fiel escudeira e poderá até mudar de pasta caso a presidente Dilma Rousseff queira acomodar o PT da Câmara na Secretaria de Relações Institucionais (SRI). Mas, intimamente, ela quer permanecer onde está. Acha que conseguiu pacificar as relações com a base, apesar de algumas reclamações que foram feitas durante o processo de liberação de emendas parlamentares no fim do ano.
Salame minguê/ Em tese, Ideli enfrenta a concorrência do deputado Ricardo Berzoini (foto), do PT-SP. Com bom trânsito no partido, ele também conta com a simpatia da presidente Dilma Rousseff. Algo fundamental para alguém que despachará um andar acima do gabinete presidencial.
O sorvete colorê/ Mais uma encrenca para a presidente Dilma. O líder do governo, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), começa a repensar se vale a pena concorrer ao governo do Amazonas. Na recente pesquisa Ibope, o governador amazonense, Omar Aziz (PSD), apareceu como o administrador estadual mais bem avaliado, com 74% de aprovação.
O escolhido foi você?/ Peemedebistas que acompanham a evolução do caso afirmam que Braga, caso desista, poderia tentar emplacar a indicação para o Ministério de Minas e Energia. Apesar de Edison Lobão ser uma indicação pessoal de José Sarney (PMDB-AP), políticos da legenda acreditam que a pasta poderia ser uma compensação para Braga, que abriu mão de ser independente para assumir o cargo de líder do governo.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 02/01
Noruega doa R$ 380 mi para Fundo Amazônia, do BNDES
O governo norueguês acaba de assinar um contrato com o BNDES para fazer um novo desembolso para o Fundo Amazônia.
O banco, que é gestor do fundo, receberá 1 bilhão de coroas norueguesas, cerca de R$ 380 milhões, para aplicar em projetos na região de combate ao desmatamento, conservação, cadastro ambiental e desenvolvimento científico, entre outros.
A Noruega foi a primeira a doar e a que fez o maior aporte -um total de quase R$ 1,7 bilhão (cerca de 96% do patrimônio do fundo). Petrobras e KfW, banco alemão de fomento, também doaram.
A carteira atual do fundo tem 92 projetos em todos os Estados da Amazônia -cerca de 48 deles já aprovados.
Atividades de monitoramento são as que receberam mais recursos.
Há cerca de R$ 700 milhões contratados e, desde a fundação do fundo, foram desembolsados aproximadamente R$ 240 milhões, segundo Gabriel Visconde, superintendente da área de meio ambiente do BNDES.
"O desembolso é feito aos poucos, conforme um cronograma", frisa ele.
Para Visconde, foi muito importante receber o investimento agora, depois de o novo governo norueguês revisar seus compromissos de cooperação internacional.
"Confirmou-se a relevância dos projetos apoiados no bioma", afirma.
Em 2014, devem crescer os desembolsos no Fundo Amazônia, estima o executivo. A projeção da liberação de recursos ainda não foi finalizada, diz Visconde.
Do fundo fazem parte representantes dos governos federal, estaduais e da sociedade civil.
ASCENSÃO DA MODA ÍNTIMA
Para ampliar sua presença nos mercados consumidores de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a Scala, marca de moda íntima, vai priorizar os dois Estados em seu plano de expansão em 2014.
Em todo o país, serão 20 novas lojas, sendo uma no modelo outlet, a segunda da rede, em São Paulo.
A meta é alcançar 140 unidades em 25 Estados.
"Agora que estamos em quase todo o Brasil, queremos cobrir lugares com mais oportunidades devido ao tamanho e ao potencial socioeconômico", afirma Luís Delfim, presidente do grupo Scalina, que engloba as marcas Scala e Trifil.
No Rio de Janeiro são hoje seis lojas, e em Minas Gerais, cinco, enquanto São Paulo detém 40 unidades.
"São Estados que têm muito espaço para crescer."
A expansão também compreenderá unidades nas regiões Sul, Nordeste e Norte.
140
será o total de lojas neste ano
R$ 250 mil
é o investimento médio para a abertura de cada franquia
10%
é o incremento no faturamento estimado para 2014
INVESTIMENTO CERTIFICADO
Cinco ativos de renda fixa passaram a fazer parte do sistema de certificação da Cetip, integradora do mercado financeiro que atua como cartório e depositária de papéis.
O serviço incluiu Letras de Crédito do Agronegócio, Depósitos a Prazo com Garantia Especial, Certificados de Recebíveis do Agronegócio, Certificados de Recebíveis Imobiliários e Letras Financeiras.
Criado há quase dois meses, o sistema já abrangia debêntures, Certificados de Depósito Bancário e Letras de Crédito Imobiliário.
A empresa fornece um selo para corretoras e bancos que registrarem todas as suas operações em renda fixa -o que hoje não é obrigatório.
"É uma medida que dá mais transparência e segurança para quem investe", diz Ricardo Magalhães, da Cetip.
CONFIANÇA EM QUEDA
O nível de confiança do consumidor britânico caiu pelo terceiro mês seguido em dezembro, segundo pesquisa feita pela consultoria GfK.
O índice variou de -12 pontos em novembro para -13 no mês passado -a escala vai de -100 a 100 (quanto mais alto o número, melhor é o humor do consumidor).
Duas das cinco variáveis que compõem o indicador tiveram quedas no período.
A maior baixa ocorreu na avaliação do poder de compra, que registrou decréscimo de quatro pontos -passou de -13 em novembro para -17 em dezembro.
A expectativa geral dos britânicos em relação à situação econômica do país para os próximos 12 meses também caiu, de -1 para -4.
A avaliação sobre as finanças pessoais nos últimos 12 meses, por sua vez, melhorou um ponto e chegou a -16.
Apesar do recuo na confiança dos consumidores, o índice ainda permanece bem acima do cenário de dezembro de 2012, quando a marca estava em -29.
Foram ouvidas para o levantamento 2.016 pessoas com mais de 16 anos.
Em todo o Brasil A consultoria BDO abrirá escritórios em mais duas cidades brasileiras: Palmas (TO) e Cuiabá (MT). Neste ano, a empresa espera atingir R$ 130 milhões em faturamento, montante 30% superior ao de 2013.
Noruega doa R$ 380 mi para Fundo Amazônia, do BNDES
O governo norueguês acaba de assinar um contrato com o BNDES para fazer um novo desembolso para o Fundo Amazônia.
O banco, que é gestor do fundo, receberá 1 bilhão de coroas norueguesas, cerca de R$ 380 milhões, para aplicar em projetos na região de combate ao desmatamento, conservação, cadastro ambiental e desenvolvimento científico, entre outros.
A Noruega foi a primeira a doar e a que fez o maior aporte -um total de quase R$ 1,7 bilhão (cerca de 96% do patrimônio do fundo). Petrobras e KfW, banco alemão de fomento, também doaram.
A carteira atual do fundo tem 92 projetos em todos os Estados da Amazônia -cerca de 48 deles já aprovados.
Atividades de monitoramento são as que receberam mais recursos.
Há cerca de R$ 700 milhões contratados e, desde a fundação do fundo, foram desembolsados aproximadamente R$ 240 milhões, segundo Gabriel Visconde, superintendente da área de meio ambiente do BNDES.
"O desembolso é feito aos poucos, conforme um cronograma", frisa ele.
Para Visconde, foi muito importante receber o investimento agora, depois de o novo governo norueguês revisar seus compromissos de cooperação internacional.
"Confirmou-se a relevância dos projetos apoiados no bioma", afirma.
Em 2014, devem crescer os desembolsos no Fundo Amazônia, estima o executivo. A projeção da liberação de recursos ainda não foi finalizada, diz Visconde.
Do fundo fazem parte representantes dos governos federal, estaduais e da sociedade civil.
ASCENSÃO DA MODA ÍNTIMA
Para ampliar sua presença nos mercados consumidores de Minas Gerais e Rio de Janeiro, a Scala, marca de moda íntima, vai priorizar os dois Estados em seu plano de expansão em 2014.
Em todo o país, serão 20 novas lojas, sendo uma no modelo outlet, a segunda da rede, em São Paulo.
A meta é alcançar 140 unidades em 25 Estados.
"Agora que estamos em quase todo o Brasil, queremos cobrir lugares com mais oportunidades devido ao tamanho e ao potencial socioeconômico", afirma Luís Delfim, presidente do grupo Scalina, que engloba as marcas Scala e Trifil.
No Rio de Janeiro são hoje seis lojas, e em Minas Gerais, cinco, enquanto São Paulo detém 40 unidades.
"São Estados que têm muito espaço para crescer."
A expansão também compreenderá unidades nas regiões Sul, Nordeste e Norte.
140
será o total de lojas neste ano
R$ 250 mil
é o investimento médio para a abertura de cada franquia
10%
é o incremento no faturamento estimado para 2014
INVESTIMENTO CERTIFICADO
Cinco ativos de renda fixa passaram a fazer parte do sistema de certificação da Cetip, integradora do mercado financeiro que atua como cartório e depositária de papéis.
O serviço incluiu Letras de Crédito do Agronegócio, Depósitos a Prazo com Garantia Especial, Certificados de Recebíveis do Agronegócio, Certificados de Recebíveis Imobiliários e Letras Financeiras.
Criado há quase dois meses, o sistema já abrangia debêntures, Certificados de Depósito Bancário e Letras de Crédito Imobiliário.
A empresa fornece um selo para corretoras e bancos que registrarem todas as suas operações em renda fixa -o que hoje não é obrigatório.
"É uma medida que dá mais transparência e segurança para quem investe", diz Ricardo Magalhães, da Cetip.
CONFIANÇA EM QUEDA
O nível de confiança do consumidor britânico caiu pelo terceiro mês seguido em dezembro, segundo pesquisa feita pela consultoria GfK.
O índice variou de -12 pontos em novembro para -13 no mês passado -a escala vai de -100 a 100 (quanto mais alto o número, melhor é o humor do consumidor).
Duas das cinco variáveis que compõem o indicador tiveram quedas no período.
A maior baixa ocorreu na avaliação do poder de compra, que registrou decréscimo de quatro pontos -passou de -13 em novembro para -17 em dezembro.
A expectativa geral dos britânicos em relação à situação econômica do país para os próximos 12 meses também caiu, de -1 para -4.
A avaliação sobre as finanças pessoais nos últimos 12 meses, por sua vez, melhorou um ponto e chegou a -16.
Apesar do recuo na confiança dos consumidores, o índice ainda permanece bem acima do cenário de dezembro de 2012, quando a marca estava em -29.
Foram ouvidas para o levantamento 2.016 pessoas com mais de 16 anos.
Em todo o Brasil A consultoria BDO abrirá escritórios em mais duas cidades brasileiras: Palmas (TO) e Cuiabá (MT). Neste ano, a empresa espera atingir R$ 130 milhões em faturamento, montante 30% superior ao de 2013.
2014 em diante - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 02/01
No estado de Washington se calcula que o preço do baseado legal pode ir a 12 dólares, por causa da pesada taxação. O que estimula, digamos, a cobiça de governos atrapalhados com suas contas
No Uruguai e nos estados americanos de Colorado e Washington, entrou em vigor neste 1º de janeiro a legalização de produção, processamento e venda de maconha. São regulamentações diferentes, estatizantes no Uruguai, mais liberais nos EUA, mas todas com o mesmo objetivo: tirar o espaço do tráfico ilegal e, pois, eliminar ou reduzir bastante os esforços e custos de combater uma guerra considerada perdida.
Há muitas outras iniciativas desse tipo em andamento pelo mundo afora — e devem se acentuar neste ano. A Nova Zelândia dará um passo ousado: a produção e distribuição legal de drogas sintéticas — o barato sintético. A atividade será controlada como se controla o setor de medicamentos. A empresa química interessada pede o registro do produto ao governo, e deve instruir o processo com testes diversos que provem sua, digamos, eficiência, sem efeitos colaterais, digamos, exageradamente ofensivos à saúde. Em resumo: qualidade e segurança.
Pois é, a ver como funcionam essas experiências.
A indústria química e farmacêutica está com os laboratórios e caixas prontos. Não se sabe ao certo quantas pessoas são usuários das drogas ilegais no mundo, mas uma estimativa comumente aceita indica algo perto de 300 milhões de pessoas, uns 4% da população mundial.
Imaginem que 4% dos 3,5 milhões de uruguaios sejam usuários da marijuana. O governo acredita que 40 baseados/mês são uma média razoável (com o que concordam usuários). A um dólar por cigarro de um grama, bem barato, dá um negócio de US$ 70 milhões/ano. Por esse padrão, o mercado brasileiro chegaria perto de US$ 3,7 bilhões.
No estado de Washington, muito mais rico, se calcula que o preço do baseado legal pode ir a 12 dólares, por causa da pesada taxação. O que estimula, digamos, a cobiça de governos atrapalhados com suas contas.
APOSENTADOS SEM DINHEIRO
E, por falar nisso, em 2014 ficará ainda mais evidente que não há no mundo poupança suficiente para financiar as aposentadorias de pessoas que vivem cada vez mais.
Também falta dinheiro para financiar os custos crescentes com saúde e com uma medicina tão eficiente quanto cara.
Já pensaram que barato? Legalizar e taxar as drogas para financiar saúde e aposentadorias? E proporcionar aos idosos uns momentos de.... bom, vamos ficar por aqui.
COMO DEUS
Devem aparecer cada vez mais pesquisas com o propósito de recriar espécies extintas. Já não se fazem clones? Pois então: se encontrarem uns genes sobreviventes de animais já desaparecidos.... E, se bem conhecida a estrutura genética, por que não criar uns genes sintéticos?
TORNEIO DE PREVISÕES
Está rolando um torneio mundial de previsões, a sério, promovido pela Intelligence Advanced Research Projects Activity. Basicamente sobre economia, política, cenário internacional.
Você pode tentar uma inscrição no site www.goodjudgementproject.com. São perguntas para este ano e 2015. Por exemplo: EUA e União Europeia fecharão o acordo de livre comércio?
De nossa parte, lançamos duas perguntas brasileiras, óbvias: O Brasil vai ganhar a Copa? Quem se elegerá presidente?
SINAIS DOS TEMPOS
Ao término deste ano, haverá no mundo mais de 7 bilhões de linhas de celulares. Mais do que o número de habitantes. Isso deve significar alguma coisa.
CAPITALISMOS
Por toda parte se discute a privacidade neste mundo da internet e das redes sociais. Mas há um outro debate na direção inversa: a criação de regras para que as pessoas possam vender seus dados para empresas.
Alibaba, a Amazon da China, vai vender ações na Bolsa de Nova York.
NOVAÇÕES
Em setembro deste ano, será realizado em Beijing o primeiro Grande Prêmio da Fórmula E — E de elétrico. A promoção é da mesma entidade que comanda a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
Já não há mais dúvida: o carro elétrico vem aí, assim que resolverem o problema da bateria (preço e tempo de carga). Justamente a pesquisa que pretendem estimular com a Fórmula E.
Ter petróleo e etanol continua sendo uma vantagem. Mas há concorrentes na praça.
E a venda de carros particulares voltará a crescer neste ano.
IDAS E VINDAS
O Euro completou 15 anos neste 1º de janeiro — e muita gente, na França e na Itália, por exemplo, considera a moeda comum como a principal causa de seus infortúnios. Já os 2 e tanto milhões de habitantes da Latvia estão comemorando justamente sua entrada no Euro. Agora são 13 países com a mesma moeda.
DESEJO
Final da Copa, Brasil e Argentina.
Atuação magistral e três gols espetaculares de Messi.
Atuação magistral e quatro gols sensacionais de Neymar — o quarto no segundo tempo da prorrogação.
No estado de Washington se calcula que o preço do baseado legal pode ir a 12 dólares, por causa da pesada taxação. O que estimula, digamos, a cobiça de governos atrapalhados com suas contas
No Uruguai e nos estados americanos de Colorado e Washington, entrou em vigor neste 1º de janeiro a legalização de produção, processamento e venda de maconha. São regulamentações diferentes, estatizantes no Uruguai, mais liberais nos EUA, mas todas com o mesmo objetivo: tirar o espaço do tráfico ilegal e, pois, eliminar ou reduzir bastante os esforços e custos de combater uma guerra considerada perdida.
Há muitas outras iniciativas desse tipo em andamento pelo mundo afora — e devem se acentuar neste ano. A Nova Zelândia dará um passo ousado: a produção e distribuição legal de drogas sintéticas — o barato sintético. A atividade será controlada como se controla o setor de medicamentos. A empresa química interessada pede o registro do produto ao governo, e deve instruir o processo com testes diversos que provem sua, digamos, eficiência, sem efeitos colaterais, digamos, exageradamente ofensivos à saúde. Em resumo: qualidade e segurança.
Pois é, a ver como funcionam essas experiências.
A indústria química e farmacêutica está com os laboratórios e caixas prontos. Não se sabe ao certo quantas pessoas são usuários das drogas ilegais no mundo, mas uma estimativa comumente aceita indica algo perto de 300 milhões de pessoas, uns 4% da população mundial.
Imaginem que 4% dos 3,5 milhões de uruguaios sejam usuários da marijuana. O governo acredita que 40 baseados/mês são uma média razoável (com o que concordam usuários). A um dólar por cigarro de um grama, bem barato, dá um negócio de US$ 70 milhões/ano. Por esse padrão, o mercado brasileiro chegaria perto de US$ 3,7 bilhões.
No estado de Washington, muito mais rico, se calcula que o preço do baseado legal pode ir a 12 dólares, por causa da pesada taxação. O que estimula, digamos, a cobiça de governos atrapalhados com suas contas.
APOSENTADOS SEM DINHEIRO
E, por falar nisso, em 2014 ficará ainda mais evidente que não há no mundo poupança suficiente para financiar as aposentadorias de pessoas que vivem cada vez mais.
Também falta dinheiro para financiar os custos crescentes com saúde e com uma medicina tão eficiente quanto cara.
Já pensaram que barato? Legalizar e taxar as drogas para financiar saúde e aposentadorias? E proporcionar aos idosos uns momentos de.... bom, vamos ficar por aqui.
COMO DEUS
Devem aparecer cada vez mais pesquisas com o propósito de recriar espécies extintas. Já não se fazem clones? Pois então: se encontrarem uns genes sobreviventes de animais já desaparecidos.... E, se bem conhecida a estrutura genética, por que não criar uns genes sintéticos?
TORNEIO DE PREVISÕES
Está rolando um torneio mundial de previsões, a sério, promovido pela Intelligence Advanced Research Projects Activity. Basicamente sobre economia, política, cenário internacional.
Você pode tentar uma inscrição no site www.goodjudgementproject.com. São perguntas para este ano e 2015. Por exemplo: EUA e União Europeia fecharão o acordo de livre comércio?
De nossa parte, lançamos duas perguntas brasileiras, óbvias: O Brasil vai ganhar a Copa? Quem se elegerá presidente?
SINAIS DOS TEMPOS
Ao término deste ano, haverá no mundo mais de 7 bilhões de linhas de celulares. Mais do que o número de habitantes. Isso deve significar alguma coisa.
CAPITALISMOS
Por toda parte se discute a privacidade neste mundo da internet e das redes sociais. Mas há um outro debate na direção inversa: a criação de regras para que as pessoas possam vender seus dados para empresas.
Alibaba, a Amazon da China, vai vender ações na Bolsa de Nova York.
NOVAÇÕES
Em setembro deste ano, será realizado em Beijing o primeiro Grande Prêmio da Fórmula E — E de elétrico. A promoção é da mesma entidade que comanda a Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
Já não há mais dúvida: o carro elétrico vem aí, assim que resolverem o problema da bateria (preço e tempo de carga). Justamente a pesquisa que pretendem estimular com a Fórmula E.
Ter petróleo e etanol continua sendo uma vantagem. Mas há concorrentes na praça.
E a venda de carros particulares voltará a crescer neste ano.
IDAS E VINDAS
O Euro completou 15 anos neste 1º de janeiro — e muita gente, na França e na Itália, por exemplo, considera a moeda comum como a principal causa de seus infortúnios. Já os 2 e tanto milhões de habitantes da Latvia estão comemorando justamente sua entrada no Euro. Agora são 13 países com a mesma moeda.
DESEJO
Final da Copa, Brasil e Argentina.
Atuação magistral e três gols espetaculares de Messi.
Atuação magistral e quatro gols sensacionais de Neymar — o quarto no segundo tempo da prorrogação.
Não há razões para otimismo - EVERARDO MACIEL
O Estado de S.Paulo - 02/01
Natal e ano-novo, ao menos formalmente, são momentos em que se reafirmam esperanças. No Brasil, talvez seja preferível reservar a ocasião para reflexões.
A conjuntura, infelizmente, não é favorável: inflação estabilizada em patamar alto, crescimento econômico pífio, flagrante desequilíbrio fiscal, setor externo instável. Mais grave é que as perspectivas também não são animadoras. Há entraves estruturais seriíssimos, como os que, a seguir, destaco.
As disfunções institucionais. Celebramos 25 anos de democracia, como evidência de estabilidade institucional. Tal marca contrasta com uma verdadeira ciranda das instituições: o Executivo legisla abertamente, mediante uso abusivo das medidas provisórias; o Legislativo interfere levianamente nas políticas públicas pelas indicações de apaniguados para os cargos públicos (no limite, o aparelhamento) e pela chantagem das emendas ao Orçamento; e o Judiciário envereda pelo temeroso caminho do ativismo legiferante.
A corrupção. As avaliações de agências internacionais são pouco lisonjeiras. O índice de percepção da corrupção da Transparência Internacional, que agrega informações do Banco Mundial, do Fórum Econômico Mundial e outras organizações, em 2013 pôs o Brasil em 72.º lugar num universo de 177 países. As causas da corrupção são conhecidas: as relações patrimonialistas entre o Estado e a sociedade, como já apontara Raymundo Faoro (Os Donos do Poder), em que se destaca a corrupção eleitoral em larga escala, seja pelo financiamento comprometido das empresas, seja por governos que abusam da publicidade e distribuem privilégios, sob a forma de verbas, incentivos fiscais e subsídios creditícios; a impunidade para a qual conspiram as ineficiências da polícia, do Ministério Público e do Judiciário; e, mais recentemente, a atitude condescendente das autoridades em face dessa prática, a exemplo da alegação de caixa 2 no escândalo do mensalão e da nomeação de políticos desqualificados para a função pública, em nome da "governabilidade".
O Leviatã tropical. O Estado não para de crescer e traz consigo aumento da carga tributária: bolsas à mão cheia, que por prescindirem de saída transformam a inclusão social em assistencialismo; a cada dia se cria um novo ministério ou secretaria, que em nada aproveita ao interesse público. Institucionalizamos a profissão de "concurseiro", porque se sabe que é ilimitada a disposição de aumentar o tamanho da folha de pessoal. Os investimentos, pressionados pela expansão dos gastos correntes, nem sequer se resolvem pela via da privatização, pelo receio de que se perceba que sua demonização foi mero expediente eleitoreiro. A burocracia é uma hidra indomável: ora são as extravagantes exigências para inscrição e baixa de empresas, ora é a estranha imposição de uma tomada elétrica sem similar no resto do mundo.
O caos urbano. A urbanização sem planejamento converteu as cidades brasileiras em verdadeiras pradarias urbanas. Os incentivos aos automóveis e a desatenção com o transporte público universalizaram o engarrafamento. A inusitada ideia de converter o município em ente federativo promoveu uma descentralização anárquica. As Câmaras Municipais tornaram-se relevante e vergonhoso item da despesa pública. A violência fez das cidades territórios sem lei, sob o olhar complacente de uma polícia sem força e sem preparo, não raro também corrupta. É a época do medo e dos cidadãos murados.
A educação de má qualidade. Alcançamos a proeza de universalização do ensino fundamental de má qualidade. Para corroborar as avaliações pouco generosas dos alunos brasileiros em competições internacionais basta um simples diálogo com um atendente de call centers ou uma breve leitura de comentários em blogs. Não há possibilidade de ultrapassagem da barreira da baixa produtividade sem elevar os padrões de qualidade da educação. A tudo isso se soma a perda de identidade cultural de uma juventude massacrada por música e outros produtos culturais de péssimo gosto.
Natal e ano-novo, ao menos formalmente, são momentos em que se reafirmam esperanças. No Brasil, talvez seja preferível reservar a ocasião para reflexões.
A conjuntura, infelizmente, não é favorável: inflação estabilizada em patamar alto, crescimento econômico pífio, flagrante desequilíbrio fiscal, setor externo instável. Mais grave é que as perspectivas também não são animadoras. Há entraves estruturais seriíssimos, como os que, a seguir, destaco.
As disfunções institucionais. Celebramos 25 anos de democracia, como evidência de estabilidade institucional. Tal marca contrasta com uma verdadeira ciranda das instituições: o Executivo legisla abertamente, mediante uso abusivo das medidas provisórias; o Legislativo interfere levianamente nas políticas públicas pelas indicações de apaniguados para os cargos públicos (no limite, o aparelhamento) e pela chantagem das emendas ao Orçamento; e o Judiciário envereda pelo temeroso caminho do ativismo legiferante.
A corrupção. As avaliações de agências internacionais são pouco lisonjeiras. O índice de percepção da corrupção da Transparência Internacional, que agrega informações do Banco Mundial, do Fórum Econômico Mundial e outras organizações, em 2013 pôs o Brasil em 72.º lugar num universo de 177 países. As causas da corrupção são conhecidas: as relações patrimonialistas entre o Estado e a sociedade, como já apontara Raymundo Faoro (Os Donos do Poder), em que se destaca a corrupção eleitoral em larga escala, seja pelo financiamento comprometido das empresas, seja por governos que abusam da publicidade e distribuem privilégios, sob a forma de verbas, incentivos fiscais e subsídios creditícios; a impunidade para a qual conspiram as ineficiências da polícia, do Ministério Público e do Judiciário; e, mais recentemente, a atitude condescendente das autoridades em face dessa prática, a exemplo da alegação de caixa 2 no escândalo do mensalão e da nomeação de políticos desqualificados para a função pública, em nome da "governabilidade".
O Leviatã tropical. O Estado não para de crescer e traz consigo aumento da carga tributária: bolsas à mão cheia, que por prescindirem de saída transformam a inclusão social em assistencialismo; a cada dia se cria um novo ministério ou secretaria, que em nada aproveita ao interesse público. Institucionalizamos a profissão de "concurseiro", porque se sabe que é ilimitada a disposição de aumentar o tamanho da folha de pessoal. Os investimentos, pressionados pela expansão dos gastos correntes, nem sequer se resolvem pela via da privatização, pelo receio de que se perceba que sua demonização foi mero expediente eleitoreiro. A burocracia é uma hidra indomável: ora são as extravagantes exigências para inscrição e baixa de empresas, ora é a estranha imposição de uma tomada elétrica sem similar no resto do mundo.
O caos urbano. A urbanização sem planejamento converteu as cidades brasileiras em verdadeiras pradarias urbanas. Os incentivos aos automóveis e a desatenção com o transporte público universalizaram o engarrafamento. A inusitada ideia de converter o município em ente federativo promoveu uma descentralização anárquica. As Câmaras Municipais tornaram-se relevante e vergonhoso item da despesa pública. A violência fez das cidades territórios sem lei, sob o olhar complacente de uma polícia sem força e sem preparo, não raro também corrupta. É a época do medo e dos cidadãos murados.
A educação de má qualidade. Alcançamos a proeza de universalização do ensino fundamental de má qualidade. Para corroborar as avaliações pouco generosas dos alunos brasileiros em competições internacionais basta um simples diálogo com um atendente de call centers ou uma breve leitura de comentários em blogs. Não há possibilidade de ultrapassagem da barreira da baixa produtividade sem elevar os padrões de qualidade da educação. A tudo isso se soma a perda de identidade cultural de uma juventude massacrada por música e outros produtos culturais de péssimo gosto.
Repulsa aos sócios - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 02/01
Nas últimas semanas do ano, a diretoria da Petrobrás fez novo esforço para convencer o mercado financeiro de que adotou o procedimento correto para a recuperação dos preços dos derivados de petróleo.
Mas continua a falta de transparência sobre as regras do jogo. Os subsídios ao consumidor, pagos, em última análise, pelo caixa da Petrobrás, não provocam estrago apenas na capacidade de investimentos e de endividamento da empresa.
Já é fato mais do que conhecido de que a falta de equalização dos preços internos aos externos provoca enormes distorções.
A primeira delas é a já mencionada deterioração das finanças da Petrobrás que pode levá-la a perder o grau de investimento dos seus títulos e, com isso, a ter de pagar juros mais altos nos novos empréstimos.
Outra distorção é a desidratação que provoca em outro setor antes promissor da economia, o dos biocombustíveis, especialmente o do álcool e o do biodiesel. O achatamento dos preços impõe uma competição desleal aos seus produtores e os enfraquece.
Uma terceira distorção tem a ver com a queima excessiva de combustíveis. Preços subsidiados artificializam o consumo e são uma das causas dos exasperantes congestionamentos de trânsito nas grandes cidades brasileiras.
Mas há outra distorção, menos comentada. Trata-se da impossibilidade da Petrobrás em firmar parcerias para a construção de novas refinarias. Só os investimentos na construção da Refinaria do Nordeste (Abreu e Lima), cujo primeiro trem de refino deverá ser inaugurado em novembro de 2014, estão orçados em algo entre US$ 17 bilhões e US$ 20 bilhões. As refinarias construídas em décadas passadas estão tecnologicamente ultrapassadas e precisam tanto de reformas quanto de aumento da capacidade de produção. Além das duas refinarias em obras, ambas com atrasos, a Petrobrás prevê a construção de mais quatro unidades com capacidade para processar 1,2 milhão de barris de petróleo por dia.
Os investimentos em novas refinarias não cumprem apenas o objetivo de garantir a geração de empregos internos. Em sete anos, a Petrobrás deve dobrar a produção de petróleo e de gás (veja o gráfico). Sem nova capacidade de refino, será obrigada a exportar petróleo bruto e, até 2020, a importar nada menos que 30% dos combustíveis consumidos no Brasil, obviamente a preços mais altos.
A empresa já tem enormes investimentos programados nas áreas do pré-sal e quer sócios para os projetos de refinaria, como demonstrou no empenho em que procurou atrair capitais venezuelanos, que acabaram gorando. Mas, atenção, sem total transparência nas regras de preços dos derivados, não haverá interesse dos sócios em potencial. Nem mesmo governos estaduais se sentirão encorajados a juntar-se à Petrobrás em projeto de construção de refinaria, se depois tiverem de perder preço em consequência de uma política populista, como a adotada hoje pelo governo Dilma.
Isso significa que regras firmes e confiáveis de jogo não são apenas aspiração da diretoria da Petrobrás; são de interesse de Estado.
Nas últimas semanas do ano, a diretoria da Petrobrás fez novo esforço para convencer o mercado financeiro de que adotou o procedimento correto para a recuperação dos preços dos derivados de petróleo.
Mas continua a falta de transparência sobre as regras do jogo. Os subsídios ao consumidor, pagos, em última análise, pelo caixa da Petrobrás, não provocam estrago apenas na capacidade de investimentos e de endividamento da empresa.
Já é fato mais do que conhecido de que a falta de equalização dos preços internos aos externos provoca enormes distorções.
A primeira delas é a já mencionada deterioração das finanças da Petrobrás que pode levá-la a perder o grau de investimento dos seus títulos e, com isso, a ter de pagar juros mais altos nos novos empréstimos.
Outra distorção é a desidratação que provoca em outro setor antes promissor da economia, o dos biocombustíveis, especialmente o do álcool e o do biodiesel. O achatamento dos preços impõe uma competição desleal aos seus produtores e os enfraquece.
Uma terceira distorção tem a ver com a queima excessiva de combustíveis. Preços subsidiados artificializam o consumo e são uma das causas dos exasperantes congestionamentos de trânsito nas grandes cidades brasileiras.
Mas há outra distorção, menos comentada. Trata-se da impossibilidade da Petrobrás em firmar parcerias para a construção de novas refinarias. Só os investimentos na construção da Refinaria do Nordeste (Abreu e Lima), cujo primeiro trem de refino deverá ser inaugurado em novembro de 2014, estão orçados em algo entre US$ 17 bilhões e US$ 20 bilhões. As refinarias construídas em décadas passadas estão tecnologicamente ultrapassadas e precisam tanto de reformas quanto de aumento da capacidade de produção. Além das duas refinarias em obras, ambas com atrasos, a Petrobrás prevê a construção de mais quatro unidades com capacidade para processar 1,2 milhão de barris de petróleo por dia.
Os investimentos em novas refinarias não cumprem apenas o objetivo de garantir a geração de empregos internos. Em sete anos, a Petrobrás deve dobrar a produção de petróleo e de gás (veja o gráfico). Sem nova capacidade de refino, será obrigada a exportar petróleo bruto e, até 2020, a importar nada menos que 30% dos combustíveis consumidos no Brasil, obviamente a preços mais altos.
A empresa já tem enormes investimentos programados nas áreas do pré-sal e quer sócios para os projetos de refinaria, como demonstrou no empenho em que procurou atrair capitais venezuelanos, que acabaram gorando. Mas, atenção, sem total transparência nas regras de preços dos derivados, não haverá interesse dos sócios em potencial. Nem mesmo governos estaduais se sentirão encorajados a juntar-se à Petrobrás em projeto de construção de refinaria, se depois tiverem de perder preço em consequência de uma política populista, como a adotada hoje pelo governo Dilma.
Isso significa que regras firmes e confiáveis de jogo não são apenas aspiração da diretoria da Petrobrás; são de interesse de Estado.
A única notícia de janeiro - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 02/01
Governo pode mudar a cara do ano com única decisão importante do mês: sua meta de gastos
O ANO DAS notícias econômicas agendadas não começa antes de fevereiro, no que mais interessa ao Brasil. Até lá, a única grande novidade, que pode fazer diferença para o ano inteiro, é o plano de gastos do governo federal para 2014 e sua atitude em relação aos gastos de Estados e municípios.
Pela lei orçamentária, o governo prometeu um superavit fiscal de apenas 1,1% do PIB, abaixo do provável 1,5% deste ano (que deve ser divulgado hoje). O superavit primário é a diferença entre receitas e despesas, excluídas aquelas com juros. Somando 1,1% do PIB de "poupança" do governo federal com 0,4% do PIB poupado por Estados e municípios (uma provável repetição do resultado de 2013, na melhor das hipóteses por ora), dá 1,5%.
Além de um resultado que não contém o crescimento da dívida pública (que seria algo em torno de 2%), o número implica uma despesa extra que não contribui também para o controle da inflação. Sem ajuda do governo, ou o Banco Central tem de elevar ainda mais os juros ou a evolução média dos preços vai continuar bordejando o limite de tolerância da inflação.
O governo prometeu divulgar sua meta até fevereiro. Precisa indicar como vai tratar com Estados e municípios, que dentro de certos limites têm autonomia, mas podem extrapolar essas balizas com a ajuda de empréstimos e outras mãozinhas do governo, como em 2013.
O Banco Central do Brasil toma sua primeira decisão sobre juros no dia 15 de janeiro. Além de já ter indicado que por ora não vai apertar mais o freio dos juros, esperando para ver o que acontece ao longo de 2014, o BC não terá informação relevante disponível até meados do mês.
O BC dos Estados Unidos tem reunião apenas nos dias 28 e 29 de janeiro (de onde pode sair informação relevante para o destino do preço do dólar no Brasil). A primeira pesquisa de inflação cheia a respeito de 2014 sai apenas dia 7 de fevereiro. O PIB de 2013 sai no final de fevereiro.
O governo poderia preparar o terreno para o ano divulgando logo uma meta fiscal factível, cooperativa, e dar sinais de que vai limitar a capacidade de Estados e municípios saírem da linha. Coisa modesta, mas um modo de vacinar o país contra os riscos do ano, relativos à mudança da política monetária nos EUA e aos tumultos gerados por qualquer eleição.
Seria animador ter também logo um plano de privatização (concessão) de ferrovias e portos, mas o governo teima com um modelo ruim, inseguro e confuso. Espera-se que tenha aprendido alguma coisa com as concessões bem-sucedidas de rodovias: sem forçar a mão, estimulando a concorrência, conseguiu preços menores do que insistia em tabelar. Leilões animados e precoces não salvariam o ano econômico, mas ajudariam a passar uma borracha em 2013.
Por fim, a gente precisa ver como o Banco Central vai operar sua nova linha de intervenção no câmbio. Até agora, foi um trabalho prudente. Evitou acidentes, mas talvez tenha segurado demais o preço de um dólar ainda muito barato para as condições econômicas de um país com um deficit externo que quis namorar os 4% do PIB e com uma indústria estagnada faz mais de cinco anos.
Governo pode mudar a cara do ano com única decisão importante do mês: sua meta de gastos
O ANO DAS notícias econômicas agendadas não começa antes de fevereiro, no que mais interessa ao Brasil. Até lá, a única grande novidade, que pode fazer diferença para o ano inteiro, é o plano de gastos do governo federal para 2014 e sua atitude em relação aos gastos de Estados e municípios.
Pela lei orçamentária, o governo prometeu um superavit fiscal de apenas 1,1% do PIB, abaixo do provável 1,5% deste ano (que deve ser divulgado hoje). O superavit primário é a diferença entre receitas e despesas, excluídas aquelas com juros. Somando 1,1% do PIB de "poupança" do governo federal com 0,4% do PIB poupado por Estados e municípios (uma provável repetição do resultado de 2013, na melhor das hipóteses por ora), dá 1,5%.
Além de um resultado que não contém o crescimento da dívida pública (que seria algo em torno de 2%), o número implica uma despesa extra que não contribui também para o controle da inflação. Sem ajuda do governo, ou o Banco Central tem de elevar ainda mais os juros ou a evolução média dos preços vai continuar bordejando o limite de tolerância da inflação.
O governo prometeu divulgar sua meta até fevereiro. Precisa indicar como vai tratar com Estados e municípios, que dentro de certos limites têm autonomia, mas podem extrapolar essas balizas com a ajuda de empréstimos e outras mãozinhas do governo, como em 2013.
O Banco Central do Brasil toma sua primeira decisão sobre juros no dia 15 de janeiro. Além de já ter indicado que por ora não vai apertar mais o freio dos juros, esperando para ver o que acontece ao longo de 2014, o BC não terá informação relevante disponível até meados do mês.
O BC dos Estados Unidos tem reunião apenas nos dias 28 e 29 de janeiro (de onde pode sair informação relevante para o destino do preço do dólar no Brasil). A primeira pesquisa de inflação cheia a respeito de 2014 sai apenas dia 7 de fevereiro. O PIB de 2013 sai no final de fevereiro.
O governo poderia preparar o terreno para o ano divulgando logo uma meta fiscal factível, cooperativa, e dar sinais de que vai limitar a capacidade de Estados e municípios saírem da linha. Coisa modesta, mas um modo de vacinar o país contra os riscos do ano, relativos à mudança da política monetária nos EUA e aos tumultos gerados por qualquer eleição.
Seria animador ter também logo um plano de privatização (concessão) de ferrovias e portos, mas o governo teima com um modelo ruim, inseguro e confuso. Espera-se que tenha aprendido alguma coisa com as concessões bem-sucedidas de rodovias: sem forçar a mão, estimulando a concorrência, conseguiu preços menores do que insistia em tabelar. Leilões animados e precoces não salvariam o ano econômico, mas ajudariam a passar uma borracha em 2013.
Por fim, a gente precisa ver como o Banco Central vai operar sua nova linha de intervenção no câmbio. Até agora, foi um trabalho prudente. Evitou acidentes, mas talvez tenha segurado demais o preço de um dólar ainda muito barato para as condições econômicas de um país com um deficit externo que quis namorar os 4% do PIB e com uma indústria estagnada faz mais de cinco anos.
2013 ruim e a culpa não foi do 13 ROBERTO MACEDO
O Estado de S.Paulo - 02/01
O ano passado mostrará mais uma taxinha anual de crescimento do produto interno bruto (PIB). Há previsões entre 2,1% e 2,5%. Em 2011 e 2012, as taxas foram 2,7% e 1%, respectivamente. Supondo 2,3% em 2013, a média anual do triênio teria o valor medíocre de 2%.
Para quem acredita em azar, o 13 que marcou a contagem do ano passado seria o culpado. E há muitos crentes, inclusive num país desenvolvido, os EUA, onde esse número é evitado até na numeração de andares de prédios. Mas não há como culpá-lo pelas taxinhas. A política econômica do governo federal é a principal responsável.
Focarei na taxinha de 2013. No detalhe, só o agronegócio se salvou, pois cresceu 8,1% de janeiro a setembro de 2013 relativamente a igual período de 2012. E em boa medida impulsionado por decisões de um partido político que realmente ajuda o Brasil, o Comunista da China.
Começarei por parafrasear o que disse o filósofo Ortega y Gasset sobre a interação do ser humano e das circunstâncias com que se depara, às quais se atribuem azares e sortes da vida. No caso, o ser é o governo federal com sua política econômica. As circunstâncias foram várias, como duas apontadas recentemente pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Esta foi sua inconvincente versão do baixo crescimento do PIB: "De um lado, financiamento (ao consumo) escasso e, de outro, a crise internacional, que rouba parte da capacidade de crescimento. (...) Isso significa que a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas". Ou seja, a culpa seria de circunstâncias azarentas e o governo não tem nada que ver com a taxinha.
Essas duas pernas hoje mancas favoreceram muito o crescimento mais rápido da economia de 2003 a 2008 e em 2010. Mas hoje seu papel é menor. Para expandir substancialmente o crédito ao consumidor seria necessário combinar com bancos reticentes em fazê-lo. E com milhões de brasileiros para que se endividassem ainda mais. Muitos, contudo, têm orçamentos já comprometidos por débitos contraídos no passado.
No crédito às famílias, a prioridade deve ser o financiamento imobiliário, pois seu pagamento é uma forma de poupança, tem a garantia do imóvel e alivia uma das maiores fragilidades da economia brasileira, se não a maior, a escassez de investimentos. E, ao final da dívida, fica o imóvel, e não eletroeletrônicos por renovar e automóveis que perderam valor, cujo destino final é o sucateamento.
A economia internacional reduziu o ímpeto com que importava do Brasil, cujo déficit externo em transações correntes passou a crescer, estimulando a economia de outros países, como os EUA, onde tanto gastam os nossos turistas. A cobertura desse buraco com investimentos estrangeiros diretos já não consegue fechá-lo. E o risco de uma crise cambial mais à frente, que vem com o alto e crescente déficit, também afasta parte desses investimentos.
O déficit é sintoma de um real valorizado, contra o qual o governo precisaria atuar além das intervenções episódicas que vem fazendo no mercado cambial. Quanto a isso, é lamentável que tenha abdicado de um dos poucos bons aspectos de sua política econômica, a busca de menores taxas de juros. A elevada estatura delas atrai capitais externos de curto prazo, que ao aumentar a oferta de dólares pressionam para baixo a taxa cambial em reais por dólar. Mas para reduzir juros seria indispensável que a política fiscal colaborasse, deixando de ser gastadora como hoje, o que, além de ampliar a dívida pública, estimula a inflação e leva o Banco Central a aumentos recorrentes da taxa básica de juros.
Assim, a política fiscal é que é efetivamente capenga, mas, em lugar de corrigi-la, o ministro da Fazenda parece sonhar com a recuperação das tais "pernas mancas". Num ajuste fiscal caberia aumentar a poupança pública. E, noutras iniciativas, incentivar a poupança privada, inclusive das famílias, para que o País reduzisse sua dependência de recursos externos e colocasse essas poupanças a financiar investimentos de que tanto carece. Hoje o governo se endivida até para pagar juros do que deve, embora o endividamento público só se justifique para realizar investimentos. Como em infraestrutura, que beneficiam também futuras gerações, às quais cabe parte do ônus da dívida correspondente.
E há a má gestão dos investimentos públicos. Sem dinheiro e capacidade de realizá-los por si mesmo em montante significativo, o governo petista pragmaticamente abandonou um dogma de seu partido. Agora recorre a privatizações, na forma de concessão de serviços públicos e respectivas obras. Mas, como sempre, tudo com muito atraso, como os quase dez anos em que relutou em optar por privatizações, prejudicando o crescimento do País. Entretanto, permanece um ranço estatizante, como no caso das concessões de aeroportos, em que mantém um papel para a Infraero. E no do petróleo do pré-sal, em que impôs a Petrobrás como operadora de todos os projetos de exploração, mas limitando seus recursos mediante o controle de seus preços.
Com o déficit externo crescente, extravagâncias fiscais, dificuldades de gestão, medidas e pronunciamentos desconexos, a política econômica perdeu outro elemento indispensável para seu sucesso, a confiança dos analistas, dos empresários e dos investidores. Ela compõe um cenário que não favorece o investimento público nem estimula investimentos privados. E é campo fértil para taxinhas de crescimento do PIB.
Em 2014 deve vir mais uma. Como a prioridade é atrair eleitores para ganhar a eleição presidencial, não há espaço para atacar com vigor o problema central, a má gestão fiscal. Ela pode até agravar-se com benesses eleitoreiras aqui e acolá. Entre outras, prevejo uma expansão dos gastos com o programa Bolsa Família. A cooptação eleitoreira em dinheiro funciona a todo o vapor, como nunca antes neste país.
O ano passado mostrará mais uma taxinha anual de crescimento do produto interno bruto (PIB). Há previsões entre 2,1% e 2,5%. Em 2011 e 2012, as taxas foram 2,7% e 1%, respectivamente. Supondo 2,3% em 2013, a média anual do triênio teria o valor medíocre de 2%.
Para quem acredita em azar, o 13 que marcou a contagem do ano passado seria o culpado. E há muitos crentes, inclusive num país desenvolvido, os EUA, onde esse número é evitado até na numeração de andares de prédios. Mas não há como culpá-lo pelas taxinhas. A política econômica do governo federal é a principal responsável.
Focarei na taxinha de 2013. No detalhe, só o agronegócio se salvou, pois cresceu 8,1% de janeiro a setembro de 2013 relativamente a igual período de 2012. E em boa medida impulsionado por decisões de um partido político que realmente ajuda o Brasil, o Comunista da China.
Começarei por parafrasear o que disse o filósofo Ortega y Gasset sobre a interação do ser humano e das circunstâncias com que se depara, às quais se atribuem azares e sortes da vida. No caso, o ser é o governo federal com sua política econômica. As circunstâncias foram várias, como duas apontadas recentemente pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Esta foi sua inconvincente versão do baixo crescimento do PIB: "De um lado, financiamento (ao consumo) escasso e, de outro, a crise internacional, que rouba parte da capacidade de crescimento. (...) Isso significa que a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas". Ou seja, a culpa seria de circunstâncias azarentas e o governo não tem nada que ver com a taxinha.
Essas duas pernas hoje mancas favoreceram muito o crescimento mais rápido da economia de 2003 a 2008 e em 2010. Mas hoje seu papel é menor. Para expandir substancialmente o crédito ao consumidor seria necessário combinar com bancos reticentes em fazê-lo. E com milhões de brasileiros para que se endividassem ainda mais. Muitos, contudo, têm orçamentos já comprometidos por débitos contraídos no passado.
No crédito às famílias, a prioridade deve ser o financiamento imobiliário, pois seu pagamento é uma forma de poupança, tem a garantia do imóvel e alivia uma das maiores fragilidades da economia brasileira, se não a maior, a escassez de investimentos. E, ao final da dívida, fica o imóvel, e não eletroeletrônicos por renovar e automóveis que perderam valor, cujo destino final é o sucateamento.
A economia internacional reduziu o ímpeto com que importava do Brasil, cujo déficit externo em transações correntes passou a crescer, estimulando a economia de outros países, como os EUA, onde tanto gastam os nossos turistas. A cobertura desse buraco com investimentos estrangeiros diretos já não consegue fechá-lo. E o risco de uma crise cambial mais à frente, que vem com o alto e crescente déficit, também afasta parte desses investimentos.
O déficit é sintoma de um real valorizado, contra o qual o governo precisaria atuar além das intervenções episódicas que vem fazendo no mercado cambial. Quanto a isso, é lamentável que tenha abdicado de um dos poucos bons aspectos de sua política econômica, a busca de menores taxas de juros. A elevada estatura delas atrai capitais externos de curto prazo, que ao aumentar a oferta de dólares pressionam para baixo a taxa cambial em reais por dólar. Mas para reduzir juros seria indispensável que a política fiscal colaborasse, deixando de ser gastadora como hoje, o que, além de ampliar a dívida pública, estimula a inflação e leva o Banco Central a aumentos recorrentes da taxa básica de juros.
Assim, a política fiscal é que é efetivamente capenga, mas, em lugar de corrigi-la, o ministro da Fazenda parece sonhar com a recuperação das tais "pernas mancas". Num ajuste fiscal caberia aumentar a poupança pública. E, noutras iniciativas, incentivar a poupança privada, inclusive das famílias, para que o País reduzisse sua dependência de recursos externos e colocasse essas poupanças a financiar investimentos de que tanto carece. Hoje o governo se endivida até para pagar juros do que deve, embora o endividamento público só se justifique para realizar investimentos. Como em infraestrutura, que beneficiam também futuras gerações, às quais cabe parte do ônus da dívida correspondente.
E há a má gestão dos investimentos públicos. Sem dinheiro e capacidade de realizá-los por si mesmo em montante significativo, o governo petista pragmaticamente abandonou um dogma de seu partido. Agora recorre a privatizações, na forma de concessão de serviços públicos e respectivas obras. Mas, como sempre, tudo com muito atraso, como os quase dez anos em que relutou em optar por privatizações, prejudicando o crescimento do País. Entretanto, permanece um ranço estatizante, como no caso das concessões de aeroportos, em que mantém um papel para a Infraero. E no do petróleo do pré-sal, em que impôs a Petrobrás como operadora de todos os projetos de exploração, mas limitando seus recursos mediante o controle de seus preços.
Com o déficit externo crescente, extravagâncias fiscais, dificuldades de gestão, medidas e pronunciamentos desconexos, a política econômica perdeu outro elemento indispensável para seu sucesso, a confiança dos analistas, dos empresários e dos investidores. Ela compõe um cenário que não favorece o investimento público nem estimula investimentos privados. E é campo fértil para taxinhas de crescimento do PIB.
Em 2014 deve vir mais uma. Como a prioridade é atrair eleitores para ganhar a eleição presidencial, não há espaço para atacar com vigor o problema central, a má gestão fiscal. Ela pode até agravar-se com benesses eleitoreiras aqui e acolá. Entre outras, prevejo uma expansão dos gastos com o programa Bolsa Família. A cooptação eleitoreira em dinheiro funciona a todo o vapor, como nunca antes neste país.
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