FOLHA DE SP - 02/12
BRASÍLIA - Num desses restaurantes de estrada, na altura de Pirassununga (SP), uma criança gostou de um brinquedo, e o pai, homem aparentemente bem simples, reagiu: "O quê? Quinze dólares por isso?!"
O episódio ilustra as duas questões centrais quando se constata que o gasto de turistas no exterior cresceu dez vezes em dez anos.
Uma é positiva: de fato, os bons índices de emprego e o crescimento da renda levaram brasileiros para viagens nunca antes imaginadas.
Outra é negativa e é importante bater nessa tecla: os preços no Brasil são tão abusivos que a comparação passa a ser, quase que corriqueiramente, com o dólar.
E, enquanto os brasileiros viajam mais e mais, gastando mais e mais lá fora, o governo tenta soltar fogos com a marca de 6 milhões de turistas estrangeiros em 2013.
É um número irrisório para um país solar e "lindo por natureza" como o Brasil, ainda mais no ano da Copa das Confederações e da Jornada da Juventude, com o papa Francisco como atração principal.
Há algo errado quando os estrangeiros não vêm, ou vêm tão pouco, e os brasileiros deixam fabulosos US$ 23,1 bilhões no exterior entre janeiro e novembro.
O professor Nuno Fouto, do Provar/FIA, botou o dedo na ferida na Folha da última sexta: "Acabou a onda positiva. Hoje só o ministro da Fazenda diz que está tudo bem". Ou melhor, o ministro da Fazenda e a presidente da República...
O governo tateia, com IPI pra cá, IPI pra lá e aumento de IOF para viagens internacionais, enquanto Dilma vai à TV em mais um pronunciamento nacional para criticar desastrosamente uma tal "guerra psicológica" contra... sei lá o quê.
Agora, é só torcer, como diz a jornalista Mara Luquet, para uma inversão de expectativas. Previu-se que 2013 seria um sucesso, e foi morno. Prevê-se que 2014 será um fiasco, tomara que fique longe disso.
Ótimo ano para você e o país!
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