ZERO HORA - 18/07
Na mesma semana em que fiquei inconsolável por ter perdido (ou terem me roubado) a carteira com todos os documentos dentro, conheci a história de uma moça que já passou por umas chateaçõezinhas também.
Foi criada numa família machista. Apesar de concluir a faculdade de Direito, o pai a proibia de trabalhar. Teve o primeiro relacionamento só aos 25 anos. Casou, porém o parceiro possuía problemas que tornavam a vida comum um inferno.
Ela engravidou e deu à luz um filho que, com um ano de idade, foi diagnosticado com uma doença rara que causava retardo motor – talvez nunca viesse a caminhar. Ela largou tudo para cuidar do filho, e tanto pesquisou que conseguiu descobrir um tratamento que reverteu as piores expectativas – hoje seu filho caminha. Em meio a isso tudo, o então ex-marido passou a viver como mendigo, dormia numa obra. Ela não teve dúvida: o resgatou e o encaminhou a um hospital.
Foi quando descobriram que ele havia contraído o vírus HIV, e que havia o risco de ela e o filho terem o vírus também. Depois de muitas noites sem dormir, veio o resultado. Não, mãe e filho não haviam sido contaminados. Mas descobriu-se que o menino, agora com cinco anos, tinha um número enorme de pólipos no intestino, o que exigia exames anuais muito desconfortáveis para uma criança. Nisso, o pai do garoto faleceu. Nada fácil dar a notícia.
Trégua: ela conheceu outro homem, finalmente o amor da sua vida, com quem teve alguns anos felizes. Até que ele morreu de uma hora para outra.
Dois meses depois, ainda em luto, ela descobriu que tinha um câncer de mama, e não estava em fase inicial: o tumor media 11 centímetros. Debilitada emocionalmente, nem assim entregou os pontos: iniciou quimioterapia, descobriu nódulos no outro seio, perdeu cabelo, cílios e 15 quilos, fez uma mastectomia radical e hoje é uma mulher, segundo palavras dela mesma, que se considera feliz e vitoriosa, pois teve a oportunidade de se tratar com uma equipe excelente e descobriu com a doença o seu potencial para fazer diferença na vida dos outros: atualmente é voluntária do Imama e estuda legislação do Direito Médico. Conclui ela seu depoimento, fazendo graça: “Nada mais me abala, até medo de barata eu perdi”.
Ninguém tem controle sobre o próprio destino, mas podemos nos precaver, nos informar e nos fortalecer. Hoje é o Dia Nacional da Luta contra o Câncer de Mama. Das 8h30min às 18h, no Teatro do Sesc, médicos especialistas em mastologia, oncologia, radioterapia, reconstrução mamária e oncoplastia irão apresentar as últimas novidades no tratamento da doença. É aberto ao público, entrada franca. Ela deverá estar lá.
Perder algumas batalhas é natural. Perder os documentos, banal. Perder o medo diante de graves desafios e seguir lutando pela vida, crucial.
quarta-feira, julho 18, 2012
Apogeu aos cinco anos - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 18/07
RIO DE JANEIRO - Vejo no noticiário que os atores Tom Cruise e Katie Holmes, recém-divorciados, estão brigando pela "opção" religiosa de sua filha, Suri, de seis anos. O sinistro Cruise quer educar a garota em sua religião, a cientologia. Katie, nem pensar. A infeliz Suri vive na mídia desde que nasceu.
Seus pais a faziam usar salto alto aos dois anos, desfilar em passarelas aos três e posar para comerciais de desodorante aos quatro. Um dia, quando tiver infância, talvez Suri possa dar palpite em seu destino.
Crianças de Hollywood são infelizes, deem ou não certo. Drew Barrymore tinha cinco anos em 1982, quando fez a garotinha de "E.T. - O Extraterrestre", e todos se apaixonaram por ela. Nos anos seguintes, abusou do direito de ser uma Barrymore e meteu-se em toda sorte de excessos e encrencas.
Aos 14 anos, já publicara uma autobiografia, mas sua carreira lhe dera tchau. Por sorte, Drew sossegou a tempo de salvar a vida e a carreira.
Já seu par em "E.T.", o sensacional Henry Thomas, então com 11 anos, despontou para o anonimato depois do filme. Apagou. Pelo que sei, continua a trabalhar, mas nunca mais teve um papel à altura. Como se sentirá, aos 41 anos, reduzido a coadjuvante de filmes menores depois de um começo tão promissor?
Daí minha admiração por Cammie King, que, aos cinco anos, em 1939, interpretou a filha de Vivien Leigh e Clark Gable em "...E o Vento Levou". Era uma participação marcante porque ela morria no filme.
Um ano depois, Cammie fez a voz da corça Falina, namorada do Bambi. O desenho de Walt Disney só foi lançado em 1942, mas, então, Cammie se convencera de que sua carreira já chegara ao apogeu. Assim, encerrou-a, aos cinco anos, e se dedicou a fritar bolinhos. Morreu outro dia, aos 77, feliz da vida.
Bem fizeram Walter Matthau, Sean Connery e Harrison Ford, que só ficaram famosos depois dos 30.
RIO DE JANEIRO - Vejo no noticiário que os atores Tom Cruise e Katie Holmes, recém-divorciados, estão brigando pela "opção" religiosa de sua filha, Suri, de seis anos. O sinistro Cruise quer educar a garota em sua religião, a cientologia. Katie, nem pensar. A infeliz Suri vive na mídia desde que nasceu.
Seus pais a faziam usar salto alto aos dois anos, desfilar em passarelas aos três e posar para comerciais de desodorante aos quatro. Um dia, quando tiver infância, talvez Suri possa dar palpite em seu destino.
Crianças de Hollywood são infelizes, deem ou não certo. Drew Barrymore tinha cinco anos em 1982, quando fez a garotinha de "E.T. - O Extraterrestre", e todos se apaixonaram por ela. Nos anos seguintes, abusou do direito de ser uma Barrymore e meteu-se em toda sorte de excessos e encrencas.
Aos 14 anos, já publicara uma autobiografia, mas sua carreira lhe dera tchau. Por sorte, Drew sossegou a tempo de salvar a vida e a carreira.
Já seu par em "E.T.", o sensacional Henry Thomas, então com 11 anos, despontou para o anonimato depois do filme. Apagou. Pelo que sei, continua a trabalhar, mas nunca mais teve um papel à altura. Como se sentirá, aos 41 anos, reduzido a coadjuvante de filmes menores depois de um começo tão promissor?
Daí minha admiração por Cammie King, que, aos cinco anos, em 1939, interpretou a filha de Vivien Leigh e Clark Gable em "...E o Vento Levou". Era uma participação marcante porque ela morria no filme.
Um ano depois, Cammie fez a voz da corça Falina, namorada do Bambi. O desenho de Walt Disney só foi lançado em 1942, mas, então, Cammie se convencera de que sua carreira já chegara ao apogeu. Assim, encerrou-a, aos cinco anos, e se dedicou a fritar bolinhos. Morreu outro dia, aos 77, feliz da vida.
Bem fizeram Walter Matthau, Sean Connery e Harrison Ford, que só ficaram famosos depois dos 30.
O milagre argentino - ALEXANDRE SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 18/07
Antes, o governo argentino tentava impedir a entrada de dólares; agora, tenta impedir a fuga de capitais
A ARGENTINA, para quem não se lembra, é um país ao sul do Brasil, em cuja seleção joga (e muito) o Messi. Bons vinhos, carne de primeira, Astor Piazzola, Quino e (acima de tudo) Jorge Luis Borges são outros motivos para não nos esquecermos dos vizinhos, já que, economicamente falando, poucas sociedades foram mais cuidadosas no sentido de engendrar sua própria irrelevância.
Para quem não se lembra, a Argentina foi também apontada como uma alternativa à política econômica brasileira (não a de hoje, é bom que se diga, mas a adotada até uns anos atrás), em particular suas tentativas de manipulação da taxa de câmbio.
Certas correntes de pensamento local, para quem tudo se resume ao câmbio (não, não é um exagero meu), apontavam para o Sul como o modelo a ser seguido. Hoje, o silêncio acerca da Argentina ribomba.
Ao contrário do que fazia há tempos, quando tomava medidas para impedir o ingresso de dólares, o governo argentino agora tenta impedir a fuga de capitais, que, pelos números oficiais (sempre um risco), já drenaram US$ 5,5 bilhões das reservas nos últimos 12 meses, uma queda pouco superior a 10%.
No contexto brasileiro isso seria equivalente a uma perda da ordem de US$ 35 bilhões, o que, não tenho dúvida, já teria colocado boa parte dos nossos keynesianos de quermesse em pé de guerra.
Já a inflação, pouco inferior a 9,5% nos 12 meses até junho, segundo os dados oficiais, é estimada pelo sítio Inflación Verdadera na casa de 40%. Apesar disso, nossos agora emudecidos desenvolvimentistas, quando lembrados dos problemas inflacionários platinos, não hesitavam em apontar o forte crescimento argentino como prova definitiva da superioridade da abordagem heterodoxa.
Afinal, a valerem os números do Indec (o IBGE portenho), de 2002 para cá, quando a Argentina superou sua crise, o crescimento médio ficou em 7,7% ao ano, apesar da crise internacional de 2009, um desempenho que, se não é chinês, não seria páreo para a maioria dos países no mundo.
Parece, portanto, que um "poucão" a mais de inflação conseguiria, ao final das contas, comprar um "tantão" a mais de crescimento... Ou não?
Para me certificar sobre a robustez dos números do crescimento argentino, resolvi cruzar os dados relativos ao PIB com os associados à geração de energia. Tenho de confessar certo prazer mórbido nessa investigação, mas os resultados foram mais do que interessantes.
Tomados literalmente, os dados mostram que, em 2004, cada GWh na Argentina correspondia a pouco mais de 12,6 milhões de pesos (a preços de 1993), valor não muito diferente do observado em 2002 e em 2003. Ao final de 2011, porém, cada GWh correspondia a 14,9 milhões de pesos, uma melhora de eficiência energética da ordem de 18%!
Nesse mesmo período, estima-se que a eficiência energética global (PIB/GWh) teria melhorado em torno de 9,5%, pouco mais da metade da evolução argentina.
Obviamente, nada impede que o país tenha conseguido uma evolução superior à global; só cá rumino por qual motivo se preocupariam com isso, dado que as tarifas por lá, por conta de controles de preços, não constituem exatamente em incentivo à economia de energia.
De qualquer forma, meu respeito por crenças e crendices não me permite a palavra final sobre o crescimento argentino. Pode resultar da eficiência platina, mas pode também ser apenas mais em efeito colateral da subestimação persistente da inflação. A decisão final é, como sempre, do leitor.
Só noto (resisto a tudo, exceto à tentação) que o silêncio heterodoxo sobre a Argentina é o veredito derradeiro sobre a tal alternativa de política econômica.
Caso o desempenho argentino pudesse, ainda que remotamente, ser qualificado como um sucesso, pais não faltariam. A orfandade diz muito sobre o que nossos desenvolvimentistas de fato pensam sobre o que por lá ocorreu nos últimos anos.
Antes, o governo argentino tentava impedir a entrada de dólares; agora, tenta impedir a fuga de capitais
A ARGENTINA, para quem não se lembra, é um país ao sul do Brasil, em cuja seleção joga (e muito) o Messi. Bons vinhos, carne de primeira, Astor Piazzola, Quino e (acima de tudo) Jorge Luis Borges são outros motivos para não nos esquecermos dos vizinhos, já que, economicamente falando, poucas sociedades foram mais cuidadosas no sentido de engendrar sua própria irrelevância.
Para quem não se lembra, a Argentina foi também apontada como uma alternativa à política econômica brasileira (não a de hoje, é bom que se diga, mas a adotada até uns anos atrás), em particular suas tentativas de manipulação da taxa de câmbio.
Certas correntes de pensamento local, para quem tudo se resume ao câmbio (não, não é um exagero meu), apontavam para o Sul como o modelo a ser seguido. Hoje, o silêncio acerca da Argentina ribomba.
Ao contrário do que fazia há tempos, quando tomava medidas para impedir o ingresso de dólares, o governo argentino agora tenta impedir a fuga de capitais, que, pelos números oficiais (sempre um risco), já drenaram US$ 5,5 bilhões das reservas nos últimos 12 meses, uma queda pouco superior a 10%.
No contexto brasileiro isso seria equivalente a uma perda da ordem de US$ 35 bilhões, o que, não tenho dúvida, já teria colocado boa parte dos nossos keynesianos de quermesse em pé de guerra.
Já a inflação, pouco inferior a 9,5% nos 12 meses até junho, segundo os dados oficiais, é estimada pelo sítio Inflación Verdadera na casa de 40%. Apesar disso, nossos agora emudecidos desenvolvimentistas, quando lembrados dos problemas inflacionários platinos, não hesitavam em apontar o forte crescimento argentino como prova definitiva da superioridade da abordagem heterodoxa.
Afinal, a valerem os números do Indec (o IBGE portenho), de 2002 para cá, quando a Argentina superou sua crise, o crescimento médio ficou em 7,7% ao ano, apesar da crise internacional de 2009, um desempenho que, se não é chinês, não seria páreo para a maioria dos países no mundo.
Parece, portanto, que um "poucão" a mais de inflação conseguiria, ao final das contas, comprar um "tantão" a mais de crescimento... Ou não?
Para me certificar sobre a robustez dos números do crescimento argentino, resolvi cruzar os dados relativos ao PIB com os associados à geração de energia. Tenho de confessar certo prazer mórbido nessa investigação, mas os resultados foram mais do que interessantes.
Tomados literalmente, os dados mostram que, em 2004, cada GWh na Argentina correspondia a pouco mais de 12,6 milhões de pesos (a preços de 1993), valor não muito diferente do observado em 2002 e em 2003. Ao final de 2011, porém, cada GWh correspondia a 14,9 milhões de pesos, uma melhora de eficiência energética da ordem de 18%!
Nesse mesmo período, estima-se que a eficiência energética global (PIB/GWh) teria melhorado em torno de 9,5%, pouco mais da metade da evolução argentina.
Obviamente, nada impede que o país tenha conseguido uma evolução superior à global; só cá rumino por qual motivo se preocupariam com isso, dado que as tarifas por lá, por conta de controles de preços, não constituem exatamente em incentivo à economia de energia.
De qualquer forma, meu respeito por crenças e crendices não me permite a palavra final sobre o crescimento argentino. Pode resultar da eficiência platina, mas pode também ser apenas mais em efeito colateral da subestimação persistente da inflação. A decisão final é, como sempre, do leitor.
Só noto (resisto a tudo, exceto à tentação) que o silêncio heterodoxo sobre a Argentina é o veredito derradeiro sobre a tal alternativa de política econômica.
Caso o desempenho argentino pudesse, ainda que remotamente, ser qualificado como um sucesso, pais não faltariam. A orfandade diz muito sobre o que nossos desenvolvimentistas de fato pensam sobre o que por lá ocorreu nos últimos anos.
Por que fracassam os pacotes econômicos? - PAULO HADDAD
O Estado de S. Paulo - 18/07
Ao longo dos últimos meses o governo federal tem promulgado diferentes pacotes econômicos visando a estimular a retomada do crescimento da economia brasileira. Os últimos trimestres têm sinalizado que a desaceleração da economia tende a se aprofundar ao longo do segundo semestre de 2012 e do primeiro semestre de 2013. Por que é difícil promover um novo ciclo de expansão econômica, mesmo considerando que os diferentes pacotes têm por escopo o uso de instrumentos fiscais e monetários para reanimar os setores-chave da nossa economia?
Não é simples responder a essa pergunta. Inúmeras respostas vêm sendo formuladas por diferentes analistas, muitas vezes de forma tecnicamente contraditórias e permeadas de forte conteúdo de ideologias primárias. Prefiro colocar a questão, pelo menos no curto prazo, em termos do sequenciamento, da intensidade e da cadência das políticas econômicas tal como vêm sendo formuladas e executadas, num ambiente macroeconômico global muito adverso.
A reduzida intensidade com que se utiliza um instrumento pode ser uma das razões do fracasso da eficácia desse determinado instrumento. Intensidades diferentes de execução de políticas, em função das condicionalidades de recursos públicos ou do grau de mobilização dos protagonistas privados, podem provocar efeitos não esperados. Considere-se o limitado impacto dos investimentos programados pelo PAC que vão se realizando atualmente em intensidade extremamente tímida, justamente quando é mais do que indispensável que sejam acelerados e magnificados.
A intensidade do uso dos instrumentos de investimentos para propulsionar a economia depende, entre outros fatores, do volume do excedente econômico disponível na economia e, principalmente, na alocação eficiente (sem estrangulamentos burocráticos, sem corrupção administrativa, etc.) e eficaz (com orientação para cadeias produtivas poderosas) do próprio excedente.
Lamentavelmente, o excedente econômico potencial da economia brasileira vem sendo queimado de diferentes formas, dentro de uma perspectiva de curto prazo das políticas governamentais. Por exemplo: a prática de congelamento dos preços internos de produtos de origem mineral afeta os valores dos lucros brutos setoriais. Estima-se, por exemplo, que o congelamento ou a defasagem dos preços dos derivados do petróleo, desde setembro de 2005, pode ter reduzido em mais de dezenas de bilhões de reais a capacidade de autofinanciamento dos investimentos da Petrobrás em termos dos projetos do pré-sal.
É preciso estar atento, pois, ao contexto em que o País está crescendo pouco porque sua taxa de acumulação de capital físico é baixa, pois seu excedente potencial não se transforma em excedente efetivo, porque, entre outros motivos, o governo queima parcela significativa dessa diferença em políticas sociais compensatórias e assistencialistas, em práticas de controle artificial da inflação e em apropriação dos resultados financeiros das empresas que comanda para financiar suas despesas correntes em permanente expansão.
Da mesma forma, a ausência de uma unidade programática doutrinariamente consistente e não casuística gera um sequenciamento de pacotes econômicos que têm a capacidade de minar as expectativas dos investidores e desestruturar suas expectativas por disseminar incertezas. Programas econômicos para serem bem-sucedidos exigem cuidado extremo no seu sequenciamento, a ordem por meio da qual os programas ocorrem.
É também relevante a cadência desses programas. Não se deve, por exemplo, avançar a desregulamentação financeira antes que sólidas instituições financeiras estejam consolidadas e com capacidade competitiva em escala global. Como afirma Stiglitz, erros no sequenciamento e no cadenciamento de políticas e programas podem levá-los ao insucesso, ao desemprego crescente e à maior pobreza.
Negociação - ANTONIO DELFIM NETTO
FOLHA DE SP - 18/07
Como tudo na vida, ideias também amadurecem. Até o Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos mostra que os penduricalhos que fomos aplicando à folha de pagamento somam um terço dos salários (contra um quinto a um quarto nas economias desenvolvidas e emergentes).
Mesmo as inexistentes esquinas de Brasília sabem que uma política monetária que manteve a taxa de juros real muito elevada em relação à mundial, combinada com uma política salarial laxista, produziu uma taxa de câmbio real em níveis incompatíveis com a sobrevivência do setor manufatureiro -exatamente o mais sacrificado pelo diferencial entre os preços internos e externos de fatores de produção básicos (energia elétrica, aço, gás, nafta, custo do capital, inclusive de giro etc.).
Todos esses problemas são reconhecidos pelo governo. Nenhum tem solução expedita, mas é inegável que estão sendo atacados com a substituição dos encargos trabalhistas pelo aumento da tributação do valor adicionado da produção, pelo vigoroso aproveitamento da janela criada pela crise mundial para reduzir a taxa de juros real, pela discussão do preço da energia elétrica (falta falar do preço do gás!) e pela política de dar à taxa de câmbio o seu papel de preço relativo, e não de ativo financeiro.
Há um problema fundamental que amadureceu. Para acelerar sua solução talvez seja bom o sinal vermelho de São José dos Campos, onde a General Motors não chegou a um acordo com o sindicato e ameaça desativar sua unidade local e transferir a produção para outras localidades.
É o momento de gritar bem alto: "Lembrem-se de Detroit!". Seria bom conversar com a United Automobile Workers (UAW) e aprender o que custou aos trabalhadores e às empresas automobilís
ticas (à GM em particular) transformarem-se "em fundos de pensão que eventualmente as possuíam".
Trata-se de acelerar o projeto que atualiza a CLT -ao que parece, a presidente Dilma Rousseff enviará o texto ao Congresso em breve.
Há um singular acordo sobre a sua necessidade. Começa pela posição firme do ilustre ministro João Orestes Dazalen, presidente do TST, para quem "o modelo sindical brasileiro é arcaico e inconveniente (...) porque não permite que os sindicatos negociem diretamente por empresa, mas por categoria".
Termina na inteligente sugestão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de Acordos Coletivos com Propósito Específico (ACE) com o mesmo objetivo, proposta ao governo desde 2009. De fato, a experiência já está funcionando (é o caso da Mercedes Benz), mas com grave risco jurídico para a empresa.
Neste momento de perplexidade das expectativas, esse projeto teria condição de atiçá-las na direção correta...
Como tudo na vida, ideias também amadurecem. Até o Bureau of Labor Statistics dos Estados Unidos mostra que os penduricalhos que fomos aplicando à folha de pagamento somam um terço dos salários (contra um quinto a um quarto nas economias desenvolvidas e emergentes).
Mesmo as inexistentes esquinas de Brasília sabem que uma política monetária que manteve a taxa de juros real muito elevada em relação à mundial, combinada com uma política salarial laxista, produziu uma taxa de câmbio real em níveis incompatíveis com a sobrevivência do setor manufatureiro -exatamente o mais sacrificado pelo diferencial entre os preços internos e externos de fatores de produção básicos (energia elétrica, aço, gás, nafta, custo do capital, inclusive de giro etc.).
Todos esses problemas são reconhecidos pelo governo. Nenhum tem solução expedita, mas é inegável que estão sendo atacados com a substituição dos encargos trabalhistas pelo aumento da tributação do valor adicionado da produção, pelo vigoroso aproveitamento da janela criada pela crise mundial para reduzir a taxa de juros real, pela discussão do preço da energia elétrica (falta falar do preço do gás!) e pela política de dar à taxa de câmbio o seu papel de preço relativo, e não de ativo financeiro.
Há um problema fundamental que amadureceu. Para acelerar sua solução talvez seja bom o sinal vermelho de São José dos Campos, onde a General Motors não chegou a um acordo com o sindicato e ameaça desativar sua unidade local e transferir a produção para outras localidades.
É o momento de gritar bem alto: "Lembrem-se de Detroit!". Seria bom conversar com a United Automobile Workers (UAW) e aprender o que custou aos trabalhadores e às empresas automobilís
ticas (à GM em particular) transformarem-se "em fundos de pensão que eventualmente as possuíam".
Trata-se de acelerar o projeto que atualiza a CLT -ao que parece, a presidente Dilma Rousseff enviará o texto ao Congresso em breve.
Há um singular acordo sobre a sua necessidade. Começa pela posição firme do ilustre ministro João Orestes Dazalen, presidente do TST, para quem "o modelo sindical brasileiro é arcaico e inconveniente (...) porque não permite que os sindicatos negociem diretamente por empresa, mas por categoria".
Termina na inteligente sugestão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de Acordos Coletivos com Propósito Específico (ACE) com o mesmo objetivo, proposta ao governo desde 2009. De fato, a experiência já está funcionando (é o caso da Mercedes Benz), mas com grave risco jurídico para a empresa.
Neste momento de perplexidade das expectativas, esse projeto teria condição de atiçá-las na direção correta...
Na surdina - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 18/07
Eles estão todos juntos
O governo federal e os governos de São Paulo e de Minas Gerais estão fechados com a renovação das concessões das usinas de energia que vencem a partir de 2015. A lei atual prevê nova concorrência. Mas petistas e tucanos, no comando dos três governos, têm interesse em manter o controle sobre Chesf, Cesp e Cemig. O governo vai enviar uma Medida Provisória para mudar a lei e permitir a renovação. As concessionárias terão que assumir o compromisso de reduzir as tarifas de energia cobradas dos consumidores.
"Ele vai pegar uma briga feia em Belo Horizonte. Tudo o que a gente quer é que ele (o senador Aécio Neves) brigue” — Sérgio Guerra, deputado federal (PE) e presidente nacional do PSDB
A FORÇA DOS PARTIDOS. O PMDB é o partido com mais candidatos às prefeituras municipais. São 2.292 candidatos em todo o Brasil. O PT ocupa a segunda colocação nestas eleições, com 1.789 candidatos. O principal partido de oposição, o PSDB, vem em terceiro, com 1.638 candidatos. Mesmo sem ter definido se teria ou não tempo de TV, o novato PSD é o quarto em número de candidatos a prefeito: 1.094. Depois deles vêm o PP, com 1.079, o PSB, com 1.044, e o PR com 715. Esses são os partidos preferidos na base do eleitorado.
Incorrigível
O PR voltou a ser o partido aliado destoante do Bloco integrado pelo PTB e o PSC. A exemplo da semana passada, 14 deputados estavam em obstrução, ao lado de PSDB, DEM e PPS na MP 563. Na hora do voto: 19 ausentes, duas obstruções e 15 votos com o governo.
Escondidinho
O novo senador, Wilder Morais (DEM-GO),fez uma visita relâmpago ao presidente do partido, senador José Agripino (RN), na segunda-feira. Explicou que tomou posse sem avisar a ninguém por inexperiência, mas que já está contratando uma super assessoria.
"Cabo Canaveral": Vem aí um novo PAC
A presidente Dilma lançará terça-feira o PAC do Combate aos Desastres Naturais. As prioridades serão os mais atingidos por catástrofes: Rio, Santa Catarina, Norte e Nordeste. Mas todos os Estados receberão recursos. A iniciativa responde a promessa feita em janeiro passado, depois das chuvas na região serrana do Rio. Em ano eleitoral, os convênios serão fechados com os governos estaduais. Serão usados recursos do Orçamento da União e o eixo serão as obras estruturantes, como piscinas e represas, O plano será tocado pela ministra Miriam Belchior (Planejamento).
Os três PSDBs
Diante da complicada situação do governador Marconi Perillo (GO), os tucanos se dividiram. Há os que o apoiam, como os aecistas. Tem os que fazem de conta que são solidários, como os serristas. E há um grupo que resolveu desembarcar em silêncio para não criar mais embaraços éticos para o partido.
Quem paga a conta
Após várias tentativas, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) aprovou emenda à MP 563, pela qual a renúncia das contribuições previdenciárias, beneficiando o setor industrial, deverá ser coberta com recursos do Orçamento Fiscal. O governo não poderá mais recorrer aos recursos da Seguridade Social.
OS PETISTAS estão irados. Na votação da MP 563 o líder do PSDB, o deputado Bruno Araújo (PE), aprovou emenda desonerando todos os produtos da cesta básica.
O Presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), assumiu de fato a liderança do governo na Casa, aproveitando da ausência do líder Arlindo Chinaglia (PT-SP), e articulou a provação ontem da LDO e das MPs 563 e 564.
O PSOL cassou 146 candidatos às prefeituras. O pecado: fizeram alianças com PMDB, PSDB, DEM, PP, PTB e PR.
Um novo patrono para o Engenhão - ELIO GASPARI
FOLHA DE SP - 18/07
O prefeito Eduardo Paes e a Fifa estão com um peso nos ombros: ele se chama João Havelange
A CADA dia que passa e o estádio olímpico do Engenhão continua com o nome de João Havelange, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, confirma as palavras dos advogados da Fifa no processo que tratou do capilé de US$ 14 milhões recebidos pelo doutor e por Ricardo Teixeira: "Pagamentos de subornos pertencem ao salário recorrente da maioria da população na América Latina e na África".
Havelange e Teixeira receberam, mas a galera que vai aos estádios e elege prefeitos leva a fama. A exposição da malfeitoria, 13 anos depois das primeiras denúncias, mostra que os subornos, quando rolam no andar de cima, são protegidos por um sistema de salvaguardas especiais.
No caso da dupla, a blindagem funcionou na própria Suiça, pois as principais acusações surgiram em 2006. Havelange foi protegido ao limite do possível. Ele dirigiu a Confederação Brasileira de Desportos de 1956 a 1974 e a Fifa de 1974 a 1998, quando foi aclamado seu presidente honorário, título que ainda mantém.
Afora isso, foi membro do Comitê Olímpico Internacional e fez Ricardo Teixeira, que era seu genro, presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Os dois saíram de fininho no ano passado, quando a magistratura suíça já estava atrás de suas contas.
Aos 96 anos, Havelange ensinou: "Difícil na vida não é chegar, é saber sair. Tem que sair bem". Ele construiu seu verbete na história do esporte brasileiro e destruiu-o na saída. Charmeur irresistível e grosseirão inesquecível, "nosso querido Havelange" (nas palavras de Lula), encantou governantes e ajudou atletas colocando-se ora como patriarca onipotente, ora como cortesão maltratado.
Quando Pelé o contrariou, disse: "Dei todas as atenções e fiz gentilezas a esse moço". No ano passado, a doutora Dilma tomou-lhe o passaporte diplomático, e ele lamentou-se: "Eu merecia isso? É isso que dói, este é o meu país".
Havelange e Teixeira encarnaram a transformação do futebol num empreendimento bilionário. Em 1958, quando o ex-sogrão trouxe a primeira Copa do Mundo para o Brasil, o goleiro Gilmar ganhou uma bibicleta e um terno. Hoje os craques pilotam Ferraris.
Há patrocinadores para atletas, clubes, seleções e Copas e se isso ajudou a profissionalizar o esporte, serviu também para montar propinodutos e lavanderias de dinheiro.
A rede de interesses criada pelo progresso deu à cartolagem oportunidades para a delinquência e fez da Fifa uma central de negócios, ramificada em donatarias nacionais.
A presença da empreiteira Delta na construção de estádios para a Copa de 2014 é um solene indicador dos perigos que rondam a festa.
Até bem pouco tempo, Joseph Blatter, presidente da Fifa (secretário-geral ao tempo de Havelange) comportava-se nas negociações com o Brasil como se fosse chefe de Estado, manipulando a síndrome de "vira-latas" dos burocratas com quem tratava.
O ocaso de Havelange deveria levar o prefeito Eduardo Paes a aceitar uma disputa com a Fifa. Ganhará quem chegar primeiro: os cartolas suíços extinguindo a presidência honorária da instituição ou o doutor, trocando o nome do Engenhão.
Se o prefeito entregar a escolha do nome do estádio à galera que o frequenta, mostrará que "pagamentos de subornos" não "pertencem ao salário recorrente da maioria da população" do Rio.
O prefeito Eduardo Paes e a Fifa estão com um peso nos ombros: ele se chama João Havelange
A CADA dia que passa e o estádio olímpico do Engenhão continua com o nome de João Havelange, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, confirma as palavras dos advogados da Fifa no processo que tratou do capilé de US$ 14 milhões recebidos pelo doutor e por Ricardo Teixeira: "Pagamentos de subornos pertencem ao salário recorrente da maioria da população na América Latina e na África".
Havelange e Teixeira receberam, mas a galera que vai aos estádios e elege prefeitos leva a fama. A exposição da malfeitoria, 13 anos depois das primeiras denúncias, mostra que os subornos, quando rolam no andar de cima, são protegidos por um sistema de salvaguardas especiais.
No caso da dupla, a blindagem funcionou na própria Suiça, pois as principais acusações surgiram em 2006. Havelange foi protegido ao limite do possível. Ele dirigiu a Confederação Brasileira de Desportos de 1956 a 1974 e a Fifa de 1974 a 1998, quando foi aclamado seu presidente honorário, título que ainda mantém.
Afora isso, foi membro do Comitê Olímpico Internacional e fez Ricardo Teixeira, que era seu genro, presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Os dois saíram de fininho no ano passado, quando a magistratura suíça já estava atrás de suas contas.
Aos 96 anos, Havelange ensinou: "Difícil na vida não é chegar, é saber sair. Tem que sair bem". Ele construiu seu verbete na história do esporte brasileiro e destruiu-o na saída. Charmeur irresistível e grosseirão inesquecível, "nosso querido Havelange" (nas palavras de Lula), encantou governantes e ajudou atletas colocando-se ora como patriarca onipotente, ora como cortesão maltratado.
Quando Pelé o contrariou, disse: "Dei todas as atenções e fiz gentilezas a esse moço". No ano passado, a doutora Dilma tomou-lhe o passaporte diplomático, e ele lamentou-se: "Eu merecia isso? É isso que dói, este é o meu país".
Havelange e Teixeira encarnaram a transformação do futebol num empreendimento bilionário. Em 1958, quando o ex-sogrão trouxe a primeira Copa do Mundo para o Brasil, o goleiro Gilmar ganhou uma bibicleta e um terno. Hoje os craques pilotam Ferraris.
Há patrocinadores para atletas, clubes, seleções e Copas e se isso ajudou a profissionalizar o esporte, serviu também para montar propinodutos e lavanderias de dinheiro.
A rede de interesses criada pelo progresso deu à cartolagem oportunidades para a delinquência e fez da Fifa uma central de negócios, ramificada em donatarias nacionais.
A presença da empreiteira Delta na construção de estádios para a Copa de 2014 é um solene indicador dos perigos que rondam a festa.
Até bem pouco tempo, Joseph Blatter, presidente da Fifa (secretário-geral ao tempo de Havelange) comportava-se nas negociações com o Brasil como se fosse chefe de Estado, manipulando a síndrome de "vira-latas" dos burocratas com quem tratava.
O ocaso de Havelange deveria levar o prefeito Eduardo Paes a aceitar uma disputa com a Fifa. Ganhará quem chegar primeiro: os cartolas suíços extinguindo a presidência honorária da instituição ou o doutor, trocando o nome do Engenhão.
Se o prefeito entregar a escolha do nome do estádio à galera que o frequenta, mostrará que "pagamentos de subornos" não "pertencem ao salário recorrente da maioria da população" do Rio.
A rede covarde da maledicência impune - JOSÉ NÊUMANNE
O ESTADÃO - 18/07
No fim do mês passado, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento a recurso do Google contra decisão do Tribunal de Justiça do Rio que o obrigava a deixar de oferecer fotos e filmes de apelo erótico e sugestões de pedofilia da estrela de cinema e televisão Xuxa Meneghel. A jurisprudência foi firmada sob a alegação de que o provedor de internet não pode ser inculpado e punido por material que não produz nem fiscaliza, mas apenas faz circular. Antes disso, a Terceira Turma do STJ manteve condenação ao Orkut, de propriedade do Google, por ter mantido ofensas feitas por um blogueiro ao diretor de uma faculdade em Minas. Aquela turma fixou em 24 horas, depois de denunciada a ofensa, o prazo para o veículo suspender a exibição dela, sob pena de ser corresponsabilizado judicialmente.
Para qualquer leigo em meandros do jurisdiquês, caso do autor destas linhas, há uma contradição em termos. E certamente a confusão é provocada pela ausência de uma legislação clara e rigorosa para coibir a circulação de infâmias covardes e anônimas em redes sociais e quaisquer veículos que acolham e divulguem informações de todo tipo num dos meios mais utilizados de comunicação deste século da alta tecnologia, que é a rede mundial de computadores. A omissão jurídica a respeito do assunto não é uma exclusividade tupiniquim, mas nos países desenvolvidos alguns avanços têm sido registrados para impedir abusos sem violação de direitos elementares da liberdade de informação, expressão e opinião. A praticidade e a comodidade oferecidas pelo banco de informações vendido pelo Google são de tal ordem que tem passado ao largo dessas decisões o fato elementar de que esse provedor vende um produto que obtém de graça, o que caracteriza, obviamente, pirataria. E também que a tecnologia capaz de facilitar qualquer pesquisa ou informar algo relevante a alguém que trabalhe com informação ainda não desenvolveu meios que tornem possível separar o joio do trigo. Não se sabe como distinguir um dado correto de uma reles falsificação.
Na verdade, não é realista reivindicar a erradicação da falsidade proibindo que o instrumento funcione, pois isso provocaria uma revolta mundial de usuários já habituados à facilidade da obtenção dos dados necessários para uma pesquisa ou um texto. Mas urge mudar radicalmente o enfoque que tem sido dado à proteção das mensagens veiculadas - reais ou falsas. As redes sociais e os provedores dessas informações não são - como querem fazer crer os executivos de um dos mais bem-sucedidos negócios de alta tecnologia do mundo - apenas formas de relacionamento interpessoal, mas seu alcance permite defini-los como meios de comunicação social. Quem duvidar está convidado a refletir sobre a importância dada a esses meios pela publicidade comercial e pela propaganda política.
Por mais riscos que a falta de vigilância possa provocar, seja na boa imagem de produtos, seja na honra de cidadãos, ninguém resiste a anunciar, promover ou simplesmente se expor por esses meios. Neste ano de eleições municipais, o caluniômetro nacional ganhará velocidade maior até do que a do impostômetro da Associação Comercial de São Paulo, fazendo parecer folguedos de crianças as infâmias divulgadas na última campanha presidencial, tais como fotos de Luiz Inácio Lula da Silva com uma mancha de urina na calça ou lendo um livro de cabeça para baixo e de sua candidata, Dilma Rousseff, exibindo um fuzil a tiracolo. Dilma também foi citada falsamente como impedida de entrar nos Estados Unidos por causa de sua militância na guerra bruta e suja contra a ditadura militar brasileira, na qual os americanos simpatizavam com os militares.
No entanto, ainda que vítima, o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) nunca manifestou interesse algum em reprimir a covarde rede de infâmias que circula impunemente entre os usuários de computadores no Brasil, como se ela fosse de somenos importância.
O petista Marco Maia (RS), presidente da Câmara dos Deputados, tem tratado com displicência acima do razoável a tramitação na Casa do Marco Civil da Internet, que, em teoria, poderia pôr fim à confusão a respeito da responsabilidade de provedores e redes sociais em crimes contra a honra, como exposto no início deste texto. Aliás, a expressão em teoria merece uma explicação. A proposta a ser debatida e votada no Congresso é de uma platitude que não assusta caluniadores pela internet nem tranquiliza suas vítimas eventuais - quaisquer que sejam. Seria ingênuo imaginar que os parlamentares, cujos partidos são vítimas e algozes da rede mundial da maledicência, enfrentassem temas que tampouco empolgam seus colegas nos países mais ricos, como a pirataria do Google ou os serviços prestados pelas redes sociais às agências de espionagem. Mas é sua obrigação precípua impedir que se confunda - como vem ocorrendo, e não só nos meios cibernéticos - liberdade de expressão com licença para enxovalhar a honra alheia.
A indiferença dos legisladores ao problema torna-os cúmplices de quem se aproveita da ausência de leis que impeçam expressar ressentimentos, manifestar desvios de comportamento e até tirar vantagem da difamação. Não há mais tempo hábil para evitar que essa prática daninha provoque turbulências indesejáveis nas campanhas eleitorais que estão para começar. Mas é preciso desde já empenhar a energia e o poder político que os membros do governo federal têm para pôr fim a esse massacre de reputações na telinha, em vez de gastá-los na discussão de marcos regulatórios da mídia e outros eufemismos a pretexto de disfarçar tentativas de controlar a informação ou a opinião desagradáveis ou nocivas aos donos do poder.
O primeiro passo a ser dado é a conscientização de que combater a veiculação da infâmia anônima em quaisquer meios, computadores pessoais inclusive, não é ferir as liberdades individuais, mas acudi-las, salvaguardando a honra do cidadão.
Melhor de três - DORA KRAMER
O Estado de S. Paulo - 18/07
São Paulo não reinará como protagonista absoluta das eleições nas grandes capitais, conforme inicialmente indicava o desenho das disputas municipais. Dividirá as atenções com Belo Horizonte e Recife, onde as movimentações têm fortes conexões nacionais.
Não significa que o resultado em qualquer uma delas condicione diretamente as posições de partidos e personagens envolvidos nas presidenciais de 2014. Em dois anos, os rios correm em diferentes direções e tanto podem desaguar em oceanos conhecidos quanto em mares nunca dantes navegados.
O que se observa em cada uma das três cidades são as apostas no mercado futuro. A mais conhecida, do PT paulista, tenta "quebrar" o PSDB em sua mais importante trincheira, a fim de consolidar a hegemonia nacional do partido há dez anos na presidência da República.
Plano que acaba de encontrar obstáculos nos gestos de autonomia do senador Aécio Neves em Belo Horizonte e do governador Eduardo Campos em Recife.
A fim de se posicionar a distância adequada do adversário que pode vir a tentar tirar da presidência em 2014, o senador Aécio pôs fim a uma aliança tão inusitada quanto desconfortável para o PT mineiro e o PSDB nacional.
Com isso, Aécio também enterra a tese antes defendida por ele de que Minas seria um laboratório para a aproximação entre os dois partidos. A experiência obviamente esbarrou na realidade do antagonismo entre duas forças que almejam a ocupação de um espaço no Planalto central onde só há espaço para uma delas.
Os interesses são excludentes e a ruptura na eleição municipal de certa forma restabelece a "normalidade" da relação. O PT tentará desalojar e Aécio preservar o lugar do rei de Minas, o segundo colégio eleitoral do País.
Na capital pernambucana, Eduardo Campos lançou candidato do PSB para não ficar a reboque das confusões internas do PT, provocando no aliado a suspeita de que assim apresentava credenciais para 2014.
Chamado por Dilma Rousseff, Campos assegurou que em Recife a eleição municipal limita-se às circunstâncias locais. Só que as críticas feitas por ele ao PT não se circunscrevem a Pernambuco nem implicam promessa de recuo, mesmo depois da conversa com a presidente.
Mantém o tom e afirma que "em princípio" não é candidato porque disputaria espaço já ocupado por Dilma, mas avisa que neto criado na referência de Miguel Arraes não se intimida com "cara feia" de José Dirceu.
Vara de marmelo. As explicações do governador Marconi Perillo explicam cada vez menos o que Carlos Augusto Ramos estava fazendo no dia em que foi preso na casa pela qual o tucano recebeu três cheques de empresa controlada pelo sobrinho do bicheiro, sem se dar ao trabalho de verificar que o dinheiro passara antes por duas contas fantasmas usadas pelas organizações Cachoeira e abastecidas com recursos da construtora Delta.
Ao mesmo tempo, vai ficando cada vez mais difícil acreditar que uma empreiteira daquele porte, com sede no Rio de Janeiro, negócios com a maioria dos governos estaduais, contratada pelo governo federal para executar boa parte das obras do PAC, tenha crescido como cresceu em dez anos aplicando seus métodos exclusivamente em Goiás.
Se não aprofundar e ampliar as investigações e acabar, como já dá mostras o PT, fazendo de Perillo o Judas de plantão, a CPI terá sido uma grande marmelada.
Toalha. Nas internas do PMDB o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita, é dado como fora do jogo. A fatura é espetada na conta do perfil dele: ameno demais para a brutalidade do embate entre petistas e tucanos.
Mas o que os pemedebistas não dizem é que Fernando Haddad tampouco faz o gênero brigador, mas tem o PT e Lula para fazer o serviço por ele, enquanto o PMDB fica na encolha a fim de não se indispor com o Planalto.
O Brasil e a arte de pensar - CHICO SANTOS
Valor Econômico - 18/07
A certa altura do excelente e instigante filme "O Leitor", do diretor inglês Stephen Daldry ("As Horas"), o protagonista, estudante de direito, é levado por um professor para assistir a um julgamento coletivo, que se desdobra por vários dias. Lá pelas tantas, ele descobre ser o único a saber de detalhe que pode salvar uma ré de terrível condenação. Dada a gravidade e repercussão dos crimes em exame, ele fica confuso e vai aconselhar-se com o mestre. Esse não hesita em recomendar ao jovem procurar o juiz da causa e lhe contar o que sabe. E reforça o conselho com uma frase, aparentemente banal, que é mais ou menos assim: "Não importa o que você pensa, importa o que você faz."
O conselho do professor de direito, no filme um coadjuvante de luxo, vivido pelo grande Bruno Ganz (o Hitler de "A Queda"), tem tudo a ver com o Brasil e com sua história recente, e também não tão recente assim, no terreno da construção do seu, digamos, alicerce. Mais precisamente, da construção de uma infraestrutura digna de uma nação, cujos dirigentes e parte das elites se gabam de ser a sexta maior economia do mundo (não importa se graças ao câmbio sobrevalorizado), assim como há 40 anos a ditadura militar jactava-se de sermos a oitava economia, fechando os olhos para a "Belíndia" dos poucos muito ricos e dos muitos muito pobres, que o economista Edmar Bacha desnudou na sua célebre fábula de 1974.
Não se trata aqui de fechar os olhos para os inegáveis progressos dos últimos dez anos no terreno do combate à desigualdade, ainda que mesmo nesse campo haja muitas maratonas, para entrar no clima olímpico, a percorrer. A realidade é que quando se fala da construção física deste país, que querem que se orgulhe de ser rico, andamos, para ser generoso, a passos de tartaruga. Quase tudo pensado e quase nada feito.
A realidade é que andamos a passos de tartaruga
Sem entrar no mérito da viabilidade, o projeto de um túnel ferroviário sob a baía de Guanabara, por exemplo, foi proposto ao imperador Pedro II, conforme documento arquivado na Biblioteca Nacional. Há algumas décadas, ele é parte do projeto da linha 4 do metrô carioca.
Em palestra recente, em que buscava convencer a plateia de que a economia chinesa, hoje vital para a saúde do balanço da Vale, não vai se desacelerar fortemente, o diretor-financeiro da mineradora, Tito Martins, disse que, entre as obras de infraestrutura do mais recente programa econômico chinês, está a construção de nada menos que 92 grandes aeroportos "do porte de Cumbica", nas palavras do executivo.
E não é que a China já não disponha de grandes e modernos aeroportos, e que não venha trabalhando em ritmo acelerado em centenas de outras obras de grande porte, incluindo a conclusão, antes do prazo estipulado, de 16 mil quilômetros de trem de alta velocidade. Nós, cá, sabemos das idas e vindas do nosso modesto trem-bala (mais uma vez sem entrar no mérito)! E sabemos também da novela dos nossos aeroportos, mesmo empurrados por uma Copa do Mundo e uma Olimpíada.
Ok, a China não é parâmetro. O México será? Pois o metrô da Cidade do México, com suas 11 linhas, 202 quilômetros e 175 estações, que retirou a capital mexicana da lista das mais poluídas do mundo, é praticamente contemporâneo dos seus pares de São Paulo (quatro linhas, 65,3 quilômetros e 58 estações) e do Rio de Janeiro (duas linhas, 46,2 quilômetros e 35 estações).
E a ferrovia Norte-Sul? E a ferrovia Transnordestina? E a transposição do São Francisco, outra vez sem entrar no mérito. E o eterno drama dos portos ineficientes? Ah, nos transportes domésticos, o Brasil optou por privilegiar o modal rodoviário? Quem não sabe da aventura que é trafegar pela maior parte da BR-101, especialmente se o rumo for o da castigada região Nordeste? Ou ir ao encontro dos caminhões de minério na inacreditável Rio-Belo Horizonte, descontado o trecho entre a capital fluminense e Juiz de Fora? Ou atravessar a serra do Cafezal na Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba), apenas para ficar em alguns dos principais eixos do país, privatizados ou não?
Tudo isso sem mencionar a tragédia do saneamento básico, a mais completa tradução, com licença de Caetano Veloso, do nosso subdesenvolvimento e do descaso com que sempre foram tratados o bem-estar e a saúde da população. Se São Paulo tem o rio Tietê e o Rio de Janeiro tem o canal do Mangue, o que pensar de terras menos cotadas? Por toda parte onde há centros urbanos, os rios brasileiros são depósitos de lixo e de dejetos, que vão bater no meio do mar, agora recorrendo a Luiz Gonzaga e Zé Dantas. A baía de Guanabara, paisagem patrimônio cultural da humanidade, que o diga.
Os dois últimos governos têm o mérito de terem saído do absoluto imobilismo, mas já é proverbial a lerdeza das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o cartão de visita das obras de infraestrutura deste governo e do anterior. No editorial da edição de junho do boletim "PrimeLine", publicação que o Bradesco distribui a clientes, o economista Octavio de Barros, diretor de pesquisa e estudos econômicos do banco e um dos analistas que mais vêm dando respaldo à política econômica dos dois últimos governos, após vários parágrafos de esforços para digerir os motivos pelos quais, apesar dos fundamentos ajustados, a economia não decola, escreve quase em tom de lamento:
"Também no setor público, os investimentos avançam muito mais lentamente do que poderíamos imaginar. Copa, Olimpíada e a precariedade infraestrutural acalentaram a ilusão de que os investimentos iriam decolar, finalmente. Mas isso não aconteceu. Uma hora eles provavelmente chegam."
Ou vamos seguir nos alimentando de pensamentos vãos.
A obra e o artista - ANDRÉ MELONI NASSAR
O ESTADÃO - 18/07
Não se julga uma obra pela vida do artista. Não são poucos os casos de artistas que fizeram grandes obras, mas tiveram vida pessoal conturbada, que não serviria de exemplo para a maioria das pessoas. Obras de arte falam por si mesmas. É claro que entender o contexto histórico em que o artista vivia, os rumos escolhidos por ele até chegar à obra fina, e até mesmo as experiências vividas pelo artista são fundamentais para se conhecer mais a fundo a obra de arte. No entanto, as influências, as escolhas pessoais, a vida amorosa, os amigos, as relações com a sociedade e até quem financiava o artista não são informações relevantes para se atribuir qualidade, inovação, sofisticação e profundidade a uma obra de arte.
É largamente aceito que Van Gogh se tenha suicidado. A vida sexual de Leonardo da Vinci sempre foi motivo de especulação. Diego Rivera foi famoso por suas inúmeras incursões na infidelidade. Cantores como Cazuza, Cássia Eller e Renato Russo viveram com tamanha intensidade que eu, embora os ouvisse o tempo todo, não recomendaria à minha filha conhecer mais a fundo a vida deles.
Quando vejo, no entanto, uma réplica de Quarto em Arles e da Mona Lisa, uma foto do mural no Palácio Nacional na Cidade do México, ou quando ouço O Nosso Amor a Gente Inventa, O Segundo Sol e Que País é Esse?, não fico pensando nos artistas, apenas nas suas obras.
Será que podemos extrapolar a máxima de que não se deve punir uma obra de arte porque se julga inadequada a vida do autor? Seria correto um governo punir um produto com evidentes benefícios sociais e ambientais porque não está satisfeito com os empresários que atuam no seu mercado? É isso que está acontecendo com o etanol de cana-de-açúcar no Brasil.
Existe uma posição consolidada em setores do governo brasileiro que julgam que o problema da escassez de cana-de-açúcar no País e, consequentemente, da baixa oferta de etanol hidratado são fruto da escolha dos empresários do setor, que, oportunisticamente, investem aquém do necessário, à espera de benesses políticas. Essa visão levou o governo - diante de uma crise que já se desenhava em 2009 e atingiu seu ápice no ano passado - a esticar ao máximo a capacidade de resistência do hidratado no mercado de combustíveis líquidos.
A última decisão foi eliminar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) que incidia sobre a gasolina, o único incentivo tributário que ainda conferia ao etanol hidratado alguma capacidade de competir nos postos com o combustível fóssil. No mínimo, deixando de lado os benefícios ambientais do etanol, o incentivo tributário deveria existir para equilibrar o diferencial de energia, uma vez que o consumo do hidratado é maior que o da gasolina no motor dos automóveis.
Os carros flex foram lançados no Brasil em 2003. Na ocasião havia uma certa divisão de opiniões no setor quanto aos reais impactos dessa tecnologia na produção futura de etanol e no crescimento da indústria sucroenergética. No lançamento dos carros flex, a experiência do setor era de estagnação da produção por vários anos, já que os carros 100% movidos a etanol hidratado praticamente haviam desaparecido das vendas. Não havia dúvidas de que os carros flex criariam um novo mercado para o hidratado, mas os riscos de produzi-lo e vendê-lo para automóveis flexíveis eram percebidos como mais altos do que vendê-lo para carros dedicados. Embora as perspectivas de demanda fossem favoráveis, o setor sabia que o acesso a esse novo mercado implicaria competir diretamente com a gasolina.
De 2003 até hoje muita coisa mudou. A partir de 2005 o preço da gasolina nos postos ficou praticamente constante em termos nominais, a Cide efetiva sobre a gasolina caiu de um patamar de R$ 0,28 por litro para zero e os custos da produção de etanol aumentaram entre 40% e 50%, também termos nominais. Se no passado o hidratado conseguia chegar aos postos a preços 70% inferiores aos da gasolina, e ainda remunerar os investimentos e pagar os custos de produção, essa situação inexiste na realidade de hoje.
Com a chegada dos carros flex, o consumo de etanol atingiu seu pico no mercado de veículos de ciclo Otto (movidos a gasolina ou etanol) em 2008 e 2009, com participação de 41% (descontando o menor conteúdo energético do etanol). Mas desde 2010 essa participação passou a despencar e deverá chegar ao fundo do poço este ano, com 29%, ou seja, voltando aos níveis do início das vendas de carros flex, embora a frota de veículos flexíveis seja hoje 55% do total. Boa parte dessa redução é explicada por dois anos de queda na produção de cana-de-açúcar, reduzindo fortemente a oferta dos seus produtos finais (açúcar e etanol).
Não há dúvida de que faltam investimentos no setor para permitir uma rápida recuperação da produção de cana, dado que este ano vamos produzir, grosso modo, o mesmo que se produziu em 2008. Mas atribuir esse fato unicamente ao comportamento oportunista dos empresários revela que este governo esqueceu que o etanol é mais importante do que os empresários que o produzem.
Os governos passados, pelo menos, entendiam que o etanol é importante para garantir segurança energética. Os volumes crescentes de importações de gasolina e etanol indicam que a insegurança parece não incomodar mais nossos políticos. Nem os passados nem os presentes entenderam que o etanol é o único produto capaz de reduzir consideravelmente as emissões de gases de efeito estufa no setor de transportes. Além disso, o etanol de cana é a grande alavanca para tornar viável a enorme fronteira de novas tecnologias de produção de energia renovável, que para se desenvolverem no Brasil precisam de um setor sucroenergético em crescimento. Pelos benefícios ambientais e pelos efeitos em cadeia da inovação no mundo dos combustíveis do futuro, o governo deveria ter mais cuidado com o etanol.
Façam suas apostas - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 18/07
Com a proximidade do julgamento do mensalão, petistas de várias correntes e advogados do caso passaram a traçar cenários sobre as perspectivas de veredicto para os réus. O deputado federal João Paulo Cunha (SP), ex-presidente da Câmara, o publicitário Marcos Valério e o ex-tesoureiro Delúbio Soares são os que concentram prognósticos negativos. Nas palavras de um advogado, se o STF fizer um julgamento técnico, João Paulo é o que mais teria "indícios de autoria''.
Ficha limpa A defesa de João Paulo afirma que não há provas materiais contra ele. E o petista comemora o fato de não ter havido impugnação de sua candidatura a prefeito de Osasco, nem por parte do Ministério Público nem dos seus adversários locais.
A salvo Já a expectativa interna no PT sobre o ex-ministro José Dirceu e José Genoino, assessor da Defesa, é que não haveria provas suficientes para condená-los.
Aula-show O PT incentiva a montagem de comitivas compostas por estudantes de direito de universidades públicas e privadas em São Paulo para acompanhamento das sessões no plenário do Supremo, em Brasília.
Misses Depois de meses de articulação conjunta para tentar adiar o julgamento e combinar uma estratégia comum de defesa, as últimas conversas dos advogados do caso têm sido na linha "estou com frio na barriga, e você?".
Psiu! A ordem entre réus e defensores é manter silêncio até 2 de agosto. A preocupação é com as edições especiais de jornais e revistas sobre o caso e o risco de elas trazerem "fatos novos" que influenciem o clima no início da maratona judicial.
No salto Integrantes da CPI afirmam que, com a prisão de Carlinhos Cachoeira, sua mulher, Andressa Mendonça, assumiu os negócios do empresário e está cobrando fornecedores do marido.
Conexão EUA O senador Pedro Taques (PDT-MT) pediu informações ao Senado norte-americano sobre indícios de participação do HSBC em atividades de lavagem de dinheiro no país. A comissão aguarda há meses a quebra de sigilo de uma conta da empreiteira Delta no banco.
Currículo Ex-Previ, Ricardo Flores queria ocupar uma vaga no BNB, patrocinado pelo PMDB. Ele se aproximou do partido durante a crise que o tirou do poderoso fundo de pensão, em maio.
Cooperação Gilson Dipp, José Carlos Dias e Paulo Sérgio Pinheiro, da Comissão Nacional da Verdade, se reúnem hoje com Geraldo Alckmin para pedir acesso aos arquivos do Estado e das polícias Militar e Civil sobre a ditadura. Também vão manifestar apoio à comissão análoga da Assembleia paulista.
Escolinha 1 O QG de José Serra marcou a primeira agenda conjunta de Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin na campanha. Será na sexta-feira durante o curso de formação de candidatos promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, do PSDB. O evento será aberto pelo prefeito e encerrado pelo governador.
Escolinha 2 Participarão os inscritos no "chapão" de vereadores, aprovado após resistência tucana,e candidatos do PV. Enquanto Kassab e Alckmin não se entendem nos bastidores da campanha, o seminário terá módulos de "liderança", "gestão" e "formação de equipe".
Varejo José Roberto Malufe, ex-secretário paulistano de Relações Governamentais, cuidará de integrar a bancada de Kassab à campanha de Serra. A ideia é explorar o vácuo de mobilização em favor de Fernando Haddad nos redutos dos vereadores.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Infelizmente agora o governo Dilma trata o PIB como aquela música da novela: é um "ex-my-love" e não vale mais nem 1,99."
DO SENADOR FLEXA RIBEIRO (PSDB-PA), sobre a presidente ter dito que a riqueza do país não se mede pelo indicador, em declínio durante seu mandato.
contraponto
Companheiro de grife
Ao receber o líder sindical Bob King, Marco Maia (PT-RS) tentou mostrar intimidade com a entidade presidida pelo norte-americano, a United Auto Workers. O presidente da Câmara contou ter ganho jaqueta de inverno da UAW com forro reforçado durante convenção que participara em Las Vegas. King, então, perguntou:
-O brinde, afinal, teve utilidade?
O petista, ex-líder metalúrgico, respondeu:
-Fiz muito piquete em Canoas (RS) usando a jaqueta!
Ao final da audiência, o sindicalista prometeu:
-Vou enviar outra jaqueta reforçada ao colega.
Gastança e ineficiência - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 18/07
O governo federal gastou no primeiro semestre R$ 40,6 bilhões a mais que um ano antes, em valores correntes. É uma soma quase igual à prevista no Orçamento de 2012 para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a mais vistosa promessa de realizações da presidente Dilma Rousseff (R$ 42,6 bilhões). Aquele dinheiro foi destinado quase integralmente ao custeio. Pouco se cuidou da expansão e da modernização da capacidade produtiva. Quanto a isso, nenhuma grande novidade.
O investimento público está emperrado há muitos anos e assim deve continuar enquanto se mantiverem os atuais padrões da administração. O crescimento do custeio foi ocasionado principalmente pelo aumento do salário mínimo, de 14,1%, e seus reflexos nas contas da Previdência, como observou o economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas.
Segundo ele, "políticas bem-intencionadas" têm feito crescer o custeio. Não se trata, acrescentou, nem de roubo nem de gastos excessivos com passagens aéreas. Há uma dose de verdade e uma porção muito maior de benevolência nessa explicação.
Para começar, há algo mais que boas intenções nos seguidos aumentos reais do salário mínimo e na consequente expansão dos gastos previdenciários. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu os caminhos mais simples, menos trabalhosos e politicamente mais rentáveis, a curto prazo, para promover a elevação da renda na base da pirâmide social. Reajustou o salário mínimo com generosidade e transferiu renda diretamente a milhões de famílias, mas pouco fez para garantir dois outros objetivos de maior alcance: o crescimento sustentado por muitos anos e a preparação dos pobres para ganhar a vida com segurança numa economia em transformação.
As dificuldades de preenchimento de vagas na indústria são uma prova disso. Somam-se a isso a baixa competitividade e o estreito potencial de crescimento da economia nacional, problemas reconhecidos e discutidos internacionalmente.
A preferência pelas ações fáceis e de alcance limitado foi mantida pela presidente Dilma Rousseff. Ela pode ter introduzido alguns controles, limitando, por exemplo, os gastos com passagens aéreas, mas isso pouco alterou a qualidade da administração federal. Os desperdícios continuam. O aumento da folha de salários só seria justificável se fosse acompanhado de um ganho de eficiência na máquina federal. Não há sinal desse progresso. O aparelhamento e o loteamento continuam. Ministros foram defenestrados quando sua permanência se tornou muito difícil, no meio de escândalos, mas, de modo geral, os partidos da base conservaram suas áreas de influência nos Ministérios.
A qualidade da gestão pouco mudou. O Tribunal de Contas e a Controladoria-Geral da União continuam mostrando desmandos em contratos, projetos e convênios. As aventuras da construtora Delta, maior empreiteira das obras do PAC no governo anterior e no começo do atual, são apenas uma ilustração muito viva dos padrões seguidos no uso do dinheiro público. Alguém terá notado algum sinal de mudança nesses padrões?
O caminho simples e compatível com uma administração aparelhada, loteada e ineficiente também se reflete na execução dos programas e projetos. É muito mais fácil aumentar salários, inflar as despesas da Previdência, contratar pessoal e transferir benefícios e subsídios do que planejar, projetar e executar obras e ações modernizadoras. A lenta realização de investimentos, também apontada na análise do economista Mansueto Almeida, é parte desse quadro. Não é um componente separado, mas um complemento de uma política voltada, principalmente, para o aumento do custeio.
A baixa execução de investimentos tem sido mostrada com clareza, há muito tempo, nos levantamentos da organização Contas Abertas, também especializada em contas públicas. No primeiro semestre deste ano, o desembolso de investimentos, no valor de R$ 18,5 bilhões, foi ligeiramente maior que o de um ano antes, mas inferior ao de igual período de 2010, e correspondeu a apenas 21% do valor previsto no Orçamento-Geral da União. Políticas "bem-intencionadas" são insuficientes para desemperrar o País.
O PT se antecipa aos fatos e aos boatos - ROSÂGELA BITTAR
Valor Econômico - 18/07
Pelo comportamento da presidente Dilma Rousseff até agora, a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias e das Medidas Provisórias do Brasil Maior mostraram isso, ontem, à exaustão, ela estica a corda da intransigência até quando der, antes de entregar, conceder, atender às aspirações parlamentares. Mostrou, em vários momentos, que não se constrange em fazer negociação de verbas e cargos. Como todos os governos brasileiros dos últimos anos, este passou meses dizendo que não faria a troca de mercadorias no Congresso e sucumbiu na última hora. Não faz em torno do que não interessa, mostraram as mudanças ministeriais. Teria pago mais barato se tivesse feito antes o diálogo em torno do que lhe interessa, na fase de negociação política?
É provável, portanto, que o jogo de resistência e concessão se repita na distribuição de novas capitanias aos partidos, quando estiver recompondo seu governo após as eleições municipais e as eleições das mesas da Câmara e do Senado.
Desde logo, porém, afirma-se que o PT dificilmente mudará seu desenho interno de forças a partir da ocupação de novas cidadelas, e é só disso que se trata internamente no partido.
Há um jogo de resistência, de início e doação, no fim
Os ministros filiados ao PT que integram o governo Dilma não devem temer por seus cargos. Na Casa Civil, Gleisi Hoffmann, nas Comunicações, Paulo Bernardo, na Saúde, Alexandre Padilha, na Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, na Educação, Aloizio Mercadante, na Justiça, José Eduardo Cardozo, no Planejamento, Miriam Belchior, marcados estão como do PT da Dilma, os principais auxiliares neste primeiro mandato.
São ministros da linha de frente, dirigindo setores prioritários e de grande visibilidade. Mas há também Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas, do Desenvolvimento Agrário, e tantos outros, sobre os quais ainda não vazou qualquer sinal de desgosto da presidente. Aparentemente, Dilma já trocou as heranças indesejáveis do governo Lula e seguiu em frente. Mas fará mudanças.
E é sobre elas que se discute internamente no PT. Há um grande grupo de petistas que temem sua relação futura com o governo Dilma.
Com a aproximação do julgamento do mensalão, a decisão de entregar a presidência da Câmara e do Senado ao PMDB, e a possibilidade, para muitos remota mas para alguns petistas mais próximos muito real, de o presidente Lula não ter motivação para concorrer em 2014, temem ficar na chuva e querem se precaver.
Segundo a argumentação que bate e rebate no grupo, Dilma teria que fazer um rearranjo nas forças do PT representadas no Ministério. Isto significa, na linguagem subentendida por todos, trocar alguns desses nomes hoje considerados o PT da Dilma por outros "quadros mais partidários".
A presidente Dilma, avaliam petistas do "quadro partidário", precisa de alguém que a auxilie nas avaliações políticas. Acreditam, por exemplo, que ministros como Padilha e Mercadante, que têm a característica de mergulhar em seus assuntos, profundos, abrangentes, complicados, teriam que ser deslocados. Um dos cenários em debate mostram Padilha e Pimentel movidos de seus atuais postos para atuar mais diretamente em política, junto à presidente. Que reforçaria Transportes, Cidades e Integração Nacional com nomes de consistência política.
O PT mantém-se alerta e antecipa-se aos fatos porque teme que, na ausência de Lula, a sucessão saia da costela do governo do PT, não do PT.
Adecisão da Justiça Eleitoral que suspendeu a intervenção determinada pelo presidente do partido, Gilberto Kassab, no diretório municipal do PSD de Minas Gerais, foi o primeiro ato dessa disputa interna no novo partido a favorecer a senadora Kátia Abreu que declarou-se em dissidência. Como é notório, o diretório decidiu apoiar Márcio Lacerda (PSB) e, num golpe definido pela senadora como "autocrático" e pela justiça eleitoral como "despótico", Kassab atropelou a Executiva para levar o partido à candidatura oposta, de Patrus Ananias, do PT.
Já se disse que foi uma briga entre a CNA (agricultura), de Kátia, e a CBIC (construção civil), de Paulo Safady, presidente do PSD mineiro e muito próximo ao governo Dilma. Ou que Kassab evitou apoiar Aécio, preferindo Dilma, enquanto Kátia fez o movimento oposto, contraditório com o que vinha demonstrando.
Kassab vinha conseguindo vencer a batalha da comunicação e fazer prevalecer suas razões. A Justiça devolveu à senadora Kátia Abreu os motivos para dissidência e revolta que vem apresentando desde o início. O ato de intervenção foi ilegal e autocrático, sem consultas à Executiva do partido, numa rasteira política contra o segundo vice-presidente, o mineiro Roberto Brant, que deixou o cargo e o partido.
Se o Senado Federal quisesse realmente recuperar-se do desgaste que lhe parece insuperável, uma sina em que Demóstenes Torres foi apenas a última fatalidade e que a candidatura de Renan Calheiros à presidência é o indício da próxima, já teria feito algo para acabar com a figura do senador biônico, que não tem voto mas muitos casos tem participação preponderante no financiamento do eleito. Uma indústria.
Além do suplente Wilder Morais que assumiu no lugar do senador goiano cassado semana passada, outros cinco devem assumir os lugares de senadores que estão se candidatando a prefeito e, se tiverem êxito, darão lugar a outros a quem o eleitor não foi apresentado nem neles votou.
São candidatos nas eleições municipais os senadores Inácio Arruda (PCdoB), em Fortaleza; Vanessa Graziotin (PCdoB), em Manaus; Humberto Costa (PT), em Recife; Wellington Dias (PT), em Teresina. Seus suplentes são Raimundo Noronha Filho, Francisco Garcia, Joaquim Francisco, Maria Regina Sousa, respectivamente. Já existem 19 suplentes biônicos em ação, substituindo os escolhidos pelos eleitores.
Socuerro! O PIB fez PIF! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 18/07
E o som da semana: PIB! PIB! PIB! Só se fala em PIB! O PIB caiu. Com o Mantega pra baixo! Não é sempre assim? Pão de pobre sempre cai com o Mantega pra baixo! Rarará! O Mantega virou Manteguinha. O PIB virou PIF! Produto Interno Pífio.
PIB quer dizer Pobreza Individual do Brasileiro. Mas uma amiga minha disse que PIB na casa dela quer dizer Pinto Irremediavelmente Broxa! Rarará!
E a Dilma? O que que a Dilma fez? A Dilma deu um grito de ameaça: "MAAAAAAAANTEGA! AAAAAAAQUI! AAAAAAAAGORA!". Socuerro! Ouvir um grito de ameaça da Dilma é pior que prender o pinto no zíper da calça.
E atenção! Ereções 2012! A Volta da Galera Medonha! A Turma da Tarja Preta! Direto de Pirassununga: Loira da Cachoeira e Lu da Rodoviária. Adoro as que dão localização. Candidatas Google Maps! E direto de Curitiba, um Super-Homem Gospel: Clark Crente. Rarará! Candidato Criptonita! E direto de São Luís do Maranhão: Pintinho Itamaraty. Pinto diplomata. Rarará!
E a campanha em São Paulo? Tô exausto. De tanto pedalar. É triatlo ou eleição? Só falam em bicicleta! Campanha Tour de France! Andar de bicicleta em São Paulo é assim: no primeiro farol o ladrão te derruba e leva a bicicleta. Rarará! Triatlo de paulista: pedala no plano, empurra na ladeira e quando chove, nada! Bicicleta boia! Rarará!
Ereções 2012! Sou candidato a prefeito de São Paulo pelo PGN, Partido da Genitália Nacional! Votem em mim. Vou lutar pela Liberação do Pum Noturno! Todo brasileiro terá direito a soltar pum embaixo do edredom. É mole? É mole, mas sobe! Ou como diz o outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece!
O Brasil é Lúdico! Olha essa placa na casa de um dentista: "Arrancar os dentes, 17,00 (todos). Arrancar 1 dente, 5,00. Arrancar 2 dentes, 7,00". Pelas contas sai mais barato arrancar todos. Rarará! Você multiplica pelo PIB, liga pro Mantega e arranca todos. Rarará! E eu conheço um fanático por bicicleta que até transa com a magrela. Pedalfilia! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje, só amanhã!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O CORPO FALA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 18/07
HOLOCAUSTO NA AULA
A Frente Parlamentar Evangélica da Assembleia de SP preparou um projeto de lei que institui o ensino do Holocausto nas escolas do Estado. O texto inclui homossexuais entre as minorias que sofreram com a "eclosão de uma profunda incivilidade" durante o Holocausto, ao lado de judeus, comunistas, ciganos e testemunhas de Jeová.
HOLOCAUSTO 2
"Queremos desmistificar que o Holocausto só matou judeus. A Frente tem interesse em proteger a vida. O assunto deveria ter um peso similar ao do ensino da Guerra dos Cem Anos", diz o deputado Carlos Cezar (PSB), presidente da Frente. A proposta deve ser protocolada assim que os parlamentares voltarem do recesso. A Secretaria da Educação diz que as aulas de história na rede estadual já abordam o assunto.
BONS OLHOS
Ruben Sternchein, da Congregação Israelita Paulista, diz ver com "bons olhos" a proposta. "A iniciativa é corajosa, independentemente de posições políticas e religiosas. Além de ser um capítulo importante e obrigatório da história contemporânea, o Holocausto é um tema que fala do respeito à vida, da pluralidade e do imperativo de agir em prol de outros", afirma o rabino.
VIRADA À FRANCESA
O CCBB-SP ficará aberto de madrugada no primeiro fim de semana da exposição "Paris: Modernidade e Impressionismo", que tem 85 obras vindas do Museu D'Orsay, da capital francesa. O espaço abrirá às 15h de 4 de agosto e fechará no dia 5, às 22h. A mostra terá obras de Monet, Van Gogh e Renoir, entre outras.
FÉRIAS DEPRIMENTES
Cleo Pires diz estar adorando a viagem à Turquia, onde acorda às três da manhã para gravar "Salve Jorge", próxima novela das nove da Globo. "Odeio ser turista! Gosto de viajar assim, esquema de guerrilha, com muita coisa pra fazer", afirma. Nas últimas férias como "turista", ela ficou 20 dias em Paris. "É legal nos primeiros dois dias, depois eu começo a ficar deprimida. Mesmo: eu entro em depressão."
VOLARE ÔÔ
O tenor italiano Fabio Armiliatto, o cantor de chuveiro de "Para Roma com Amor", de Woody Allen, se apresentará no Brasil ao lado da soprano Daniela Dessi. As performances serão nos dias 31 de agosto e 2 de setembro, no Theatro Municipal de SP.
QUEM DÁ MENOS?
Em novo endereço desde sábado, a La Brasserie, do chef Erick Jacquin, baixou o preço do cardápio executivo. Em Higienópolis, cobrava R$ 59 por couvert, entrada, prato principal e sobremesa. No Itaim Bibi, é R$ 47 - sem sobremesa e couvert.
PEGADINHA
A página do Facebook Perdi Meu Amor na Balada foi anunciada ontem como parte da campanha publicitária da fabricante de celular Nokia. No vídeo da rede social, que já tem mais de 780 mil visualizações, o jovem Daniel Alcântara anuncia ter perdido seu amor em uma festa em Pinheiros, SP.
PEGADINHA 2
O engenheiro de produção Daniel Alcântara, 32, diz já poder voltar à rotina. Fernanda, a amada, não existe. "Tenho esperanças que as pessoas não se sintam enganadas e entendam a mensagem da campanha, que é 'o amor vale a pena', afirma."
CÓ CÓ CÓ CÓ
O musical infantil "Galinha Pintadinha" teve estreia para convidados no Teatro das Artes. Na plateia, as cantoras Luciana Mello com a filha, Nina, e Wanessa Camargo com o sobrinho Felipe Buaiz Coutinho, a atriz Tania Khalill e o marido, Jair Oliveira, com as filhas Laura e Isabela, e a apresentadora Fernanda Young com os filhos Catarina e John.
CURTO-CIRCUITO
George Stelluto, maestro da Juilliard, rege hoje a Orquestra Sinfônica do Guri, no Masp, às 20h30.
Jack Terpins, presidente do Congresso Judaico Latino-Americano, participa hoje de ato que lembra os 18 anos do atentado à Amia, em Buenos Aires.
A Trupe Chá de Boldo lança o álbum "Nave Manha" no Teatro Odisseia, amanhã, no Rio. 18 anos.
com LÍGIA MESQUITA (interina), ELIANE TRINDADE (colaboração), ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER e OLÍVIA FLORÊNCIA; colaborou CHICO FELITTI
À procura de uma estratégia - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 18/07
Toda a política anticíclica para enfrentar a paradeira atual se concentra em estímulo ao consumo e à indústria de bens finais. O consumo é empurrado graças a bons reajustes salariais e ao forte avanço do crédito. E as principais indústrias de bens finais favorecidas são montadoras de veículos, produtoras de aparelhos domésticos (linha branca) e têxteis. A rigor, ainda não há incentivos à indústria de base nem às produtoras de matérias-primas e bens intermediários.
O encarecimento da produção, sobretudo da mão de obra, sufoca a indústria, dilapidada pelo custo Brasil: impostos demais, energia cara, infraestrutura precária, etc. O setor produtivo já enfrentava a derrubada de seu poder de competição e a crise agravou o problema. A concorrência externa, pressionada por excesso de estoques e estimulada pelos governos, passou a empurrar produtos no mercado internacional mais agressivamente. E a indústria nacional enfrenta a adversidade elevando importações de componentes, peças, conjuntos e capital de giro. É a maior razão para que o impulso do consumo interno seja suprido por importações.
A deterioração do saldo comercial mostra isso (veja o gráfico). A dependência das importações por parte da indústria é o grande motivo pelo qual a desvalorização do real (alta do dólar) não ajuda, como queria o governo e pleiteava a indústria, e contribui para novo aumento de custos. O avanço do câmbio para R$ 2,50 ou R$ 2,60 por dólar (para reestimular exportações e conter importações) baquearia ainda mais a competitividade.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, alerta para que o foco da política econômica se volte para o investimento. Essa ideia se espraia por toda a equipe econômica do governo Dilma. Ontem a Câmara dos Deputados aprovou a segunda Medida Provisória do Plano Brasil Maior, prevendo, entre outros incentivos, a elevação de R$ 209 bilhões para R$ 227 bilhões em financiamentos do BNDES para modernização da indústria. Mas só isso não basta.
São três os principais obstáculos para essa virada. Primeiro, o empresário reluta em embarcar em projetos de crescimento, por temer a crise e o impacto em seus negócios. O próprio governo não perde a chance de avisar que não há garantias de que os grandes problemas globais sejam resolvidos a médio prazo. Em segundo lugar, a administração federal tem graves problemas de gestão, não cumpre cronogramas de projetos com verbas já liberadas e enfrenta enorme lentidão na expedição de licenciamento ambiental. (Os problemas enfrentados pela Petrobrás são o melhor exemplo disso.) E, em terceiro lugar, o governo segue excessivamente contaminado por uma mentalidade de aversão à distribuição de concessões ao setor privado. Confunde isso com privatização de atividades que entende essencialmente estatais e chama essa possibilidade de privataria.
Ainda há tempo para enfrentar essas inércias. Mas é preciso decisiva mudança de postura da administração federal, ainda fortemente influenciada pelo ativismo e pela visão de curto prazo. Hoje, o governo perdeu a iniciativa. Está encurralado pela crise e pela prostração do empresário nacional. Por sua vez, o empresariado não pede outra coisa ao governo senão câmbio. Se fosse atendido, não haveria o que chegasse e a economia se veria prostrada em novos aumentos de custos.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 18/07
SP terá 70% dos lançamentos residenciais no 2º semestre
Mais de 70% das unidades residenciais que serão lançadas neste ano na cidade de São Paulo entrarão no mercado no segundo semestre, de acordo com o Secovi-SP (sindicato da habitação).
O índice, de 70,5%, é o segundo maior dos últimos nove anos, atrás apenas de 2009, quando foi de 74,2%.
"Os últimos seis meses do ano sempre têm mais lançamentos, mas, em 2012, a concentração será maior que o normal", diz o presidente da entidade, Claudio Bernardes.
O Secovi-SP estima que serão lançadas cerca de 30 mil unidades em São Paulo neste ano, o que representa queda de 20% ante 2011.
O baixo número de lançamentos no início de 2012 é classificado por executivos como "ressaca" do ano passado.
"O volume de lançamentos no último trimestre de 2011 foi enorme. As empresas ajustaram suas unidades à essa realidade", diz Nicholas Reade, presidente da Brookfield Incorporações, que terá seis novos empreendimentos na cidade em 2012.
Para Guilherme Bueno Netto, diretor da Benx (corporação residencial da Bueno Netto), as construtoras de capital aberto são as principais responsáveis pela diminuição.
"Esse tipo de companhia lançou muito menos em 2012, o que deixou o mercado mais pulverizado, favorecendo as construtoras menores."
A empresa lançará cinco empreendimentos residenciais neste ano, em um total de 900 apartamentos.
espelho das vendas
As vendas do setor de higiene e beleza registraram crescimento real de 7,1% de janeiro a abril ante o mesmo período de 2011, segundo a Abihpec (associação da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos).
Os condicionadores tiveram alta de 21,34% no faturamento. As preparações para barbear ficaram com 19,97%.
"Apesar de nossos dados positivos, o momento é de pessimismo. O setor receia perder esse desempenho se o governo elevar a carga tributária, como já nos foi sinalizado", diz João Carlos Basilio, presidente da entidade.
Móveis... As empresas associadas ao projeto Orchestra Brasil, que envolve a Apex Brasil e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves, aumentaram as exportações em 15,8% no primeiro semestre de 2012, ante o mesmo período do ano passado.
...no navio O mercado norte-americano é o principal destino dos produtos brasileiros. Entre os países da América Latina, aparecem Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.
Incubadora A ESPM-Sul criará em Porto Alegre uma incubadora para o desenvolvimento de cerca de 50 empresas. As obras começam em 2014. A expectativa é que sejam investidos R$ 10 milhões.
Segurado A Icatu Seguros lança 12 produtos nos segmentos de seguros de vida, previdência e capitalização. A seguradora estima que os novos produtos vão gerar incremento de cerca de R$ 5 milhões no primeiro ano de vendas.
DESÂNIMO continental
A expectativa econômica piorou na União Europeia no último trimestre. O índice da GfK que mensura o ânimo dos consumidores diminuiu dez pontos e ficou em -35 (em escala de -100 a 100).
A Itália registrou a maior queda (-37). O relatório da empresa de pesquisas afirma que o país virou a "criança-problema" da Europa e que não há sinais de recuperação.
Os consumidores portugueses estão mais otimistas. O indicador atingiu seu maior nível desde setembro de 2010. O país está crescendo de forma lenta, mas constante, de acordo com a GfK.
DISTRIBUIÇÃO NA PAREDE
A Orlean, distribuidora de revestimentos e papéis de parede que tem quatro lojas próprias no Rio, vai abrir uma em São Paulo.
A empresa, que atua com cerca de 700 revendas no país, além de Uruguai e Paraguai, quer montar operação para elevar a distribuição na América Latina, segundo o sócio Marcelo Orlean.
Entre os produtos que serão vendidos há um revestimento de cascas costuradas de uma árvore africana. O material pode custar mais de R$ 3.000 o metro quadrado.
SP terá 70% dos lançamentos residenciais no 2º semestre
Mais de 70% das unidades residenciais que serão lançadas neste ano na cidade de São Paulo entrarão no mercado no segundo semestre, de acordo com o Secovi-SP (sindicato da habitação).
O índice, de 70,5%, é o segundo maior dos últimos nove anos, atrás apenas de 2009, quando foi de 74,2%.
"Os últimos seis meses do ano sempre têm mais lançamentos, mas, em 2012, a concentração será maior que o normal", diz o presidente da entidade, Claudio Bernardes.
O Secovi-SP estima que serão lançadas cerca de 30 mil unidades em São Paulo neste ano, o que representa queda de 20% ante 2011.
O baixo número de lançamentos no início de 2012 é classificado por executivos como "ressaca" do ano passado.
"O volume de lançamentos no último trimestre de 2011 foi enorme. As empresas ajustaram suas unidades à essa realidade", diz Nicholas Reade, presidente da Brookfield Incorporações, que terá seis novos empreendimentos na cidade em 2012.
Para Guilherme Bueno Netto, diretor da Benx (corporação residencial da Bueno Netto), as construtoras de capital aberto são as principais responsáveis pela diminuição.
"Esse tipo de companhia lançou muito menos em 2012, o que deixou o mercado mais pulverizado, favorecendo as construtoras menores."
A empresa lançará cinco empreendimentos residenciais neste ano, em um total de 900 apartamentos.
espelho das vendas
As vendas do setor de higiene e beleza registraram crescimento real de 7,1% de janeiro a abril ante o mesmo período de 2011, segundo a Abihpec (associação da indústria de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos).
Os condicionadores tiveram alta de 21,34% no faturamento. As preparações para barbear ficaram com 19,97%.
"Apesar de nossos dados positivos, o momento é de pessimismo. O setor receia perder esse desempenho se o governo elevar a carga tributária, como já nos foi sinalizado", diz João Carlos Basilio, presidente da entidade.
Móveis... As empresas associadas ao projeto Orchestra Brasil, que envolve a Apex Brasil e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves, aumentaram as exportações em 15,8% no primeiro semestre de 2012, ante o mesmo período do ano passado.
...no navio O mercado norte-americano é o principal destino dos produtos brasileiros. Entre os países da América Latina, aparecem Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.
Incubadora A ESPM-Sul criará em Porto Alegre uma incubadora para o desenvolvimento de cerca de 50 empresas. As obras começam em 2014. A expectativa é que sejam investidos R$ 10 milhões.
Segurado A Icatu Seguros lança 12 produtos nos segmentos de seguros de vida, previdência e capitalização. A seguradora estima que os novos produtos vão gerar incremento de cerca de R$ 5 milhões no primeiro ano de vendas.
DESÂNIMO continental
A expectativa econômica piorou na União Europeia no último trimestre. O índice da GfK que mensura o ânimo dos consumidores diminuiu dez pontos e ficou em -35 (em escala de -100 a 100).
A Itália registrou a maior queda (-37). O relatório da empresa de pesquisas afirma que o país virou a "criança-problema" da Europa e que não há sinais de recuperação.
Os consumidores portugueses estão mais otimistas. O indicador atingiu seu maior nível desde setembro de 2010. O país está crescendo de forma lenta, mas constante, de acordo com a GfK.
DISTRIBUIÇÃO NA PAREDE
A Orlean, distribuidora de revestimentos e papéis de parede que tem quatro lojas próprias no Rio, vai abrir uma em São Paulo.
A empresa, que atua com cerca de 700 revendas no país, além de Uruguai e Paraguai, quer montar operação para elevar a distribuição na América Latina, segundo o sócio Marcelo Orlean.
Entre os produtos que serão vendidos há um revestimento de cascas costuradas de uma árvore africana. O material pode custar mais de R$ 3.000 o metro quadrado.
Todavia, cresce - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 18/07
Uma informação importante a se ter em mente: 2012 não é 2009. O PIB mundial não está encolhendo. Está havendo menos crescimento do que se previa, mas a economia mundial terminará o ano maior do que em 2011. Mesmo assim, os efeitos são fortes. O Brasil venderá US$ 10 bilhões a menos em minério de ferro por redução de preço e volume. O saldo comercial será 73% menor, segundo previsão da AEB, Associação do Comércio Exterior.
A crise está concentrada na Europa, mas Estados Unidos, América Latina, Ásia e África estão crescendo em 2012. Em geral, o ano está frustrando as projeções de crescimento, mas é diferente de 2009. A previsão do FMI para a expansão do PIB global este ano é de 3,5%. Em 2009, houve encolhimento de 0,6%. Numa entrevista que fiz com o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, naquele ano, ele chamou a atenção para uma tabela com o desempenho dos países. Era um mar vermelho. Algumas das poucas exceções eram China e Índia. Em 2012, não é assim. Aquele quadro agudo de crise internacional passou.
Mas não está bom. A economia americana frustrou todas as previsões de que retomaria rapidamente o crescimento pelo dinamismo das suas empresas e flexibilidade do seu mercado de trabalho. Os Estados Unidos conseguiram derrubar a taxa de desemprego de 11% para 8%, mas em parte porque há o desemprego por desalento, nome que se dá para aquela parcela dos desocupados que desistiu de procurar trabalho.
Neste aspecto, o Brasil está bem, porque mesmo na crise consegue manter três boas notícias: desemprego baixo, redução da informalidade e diminuição da economia subterrânea. Por outro lado, os dados divulgados ontem pela AEB preocupam, porque mostram que a dependência excessiva do Brasil de commodities faz com que as oscilações mundiais nos afetem mais rapidamente.
Segundo a AEB, nove dos dez maiores produtos de exportação e 18 dos 20 são commodities. O minério de ferro continua sendo o principal produto de exportação, mas teve queda forte pela redução de 22% no preço e de 5% no volume comercializado por causa da crise internacional. Doze dos 20 produtos que o Brasil mais exporta enfrentam queda nas vendas, ou por preço, ou por volume, ou ambos. O Brasil barra produtos manufaturados e os incentiva, mas nem há aumento de importação desses produtos, nem eles ganham espaço no mercado internacional.
O mundo crescerá menos do que o previsto, mas não encolherá como em 2009. Agora, o centro dos tremores continua sendo a Europa. Durante muito tempo o mundo ainda sentirá os efeitos da crise global. O FMI estudou 310 crises bancárias e cambiais durante 40 anos e cinco grandes crises globais, como a de 1907. Verificou que sete anos depois da sua eclosão, 75% dos países estavam com uma queda da sua possibilidade de crescimento. Alguns ativos desaparecem para sempre com a destruição do capital físico. Nem sempre há possibilidade de realocação de mão de obra, porque não se pode improvisar um funcionário qualificado para uma função em outra totalmente diferente. Se o mesmo padrão se verificar, e a gente considerar que a crise começou em 2007/2008, o mundo tem pela frente dois a três anos de crescimento abaixo do que crescia antes da eclosão de todos os problemas com as hipotecas e bancos americanos.
Levando-se em conta que a crise tem efeitos duráveis e que o Brasil está muito exposto ao mundo por ter 70% das suas exportações concentradas em commodities, está mais do que na hora de fazer um plano mais permanente de proteção contra esses abalos. Não há de ser a política econômica "matrioska" que vai resolver tudo.
Matrioska é aquela bonequinha russa que você abre e tem outra igual, depois outra e assim sucessivamente. Os pacotes são sempre os mesmos, mas seus efeitos são cada vez menores para sustentar o crescimento. E o país tem crescido cada vez menos.
Pode-se ficar aguardando a próxima onda do mundo, mas a julgar pelos estudos, nessa espera o risco é perder meia década ou mais com taxas mínimas de crescimento.
Não há possibilidade de se ter uma conversa hoje com algum empresário que não reclame das mesmas coisas: falta de infraestrutura física e de comunicação; o cipoal dos impostos drena as forças da empresa; os tributos são altos demais em alguns insumos, como energia e comunicação; a demora da resposta a qualquer pedido ao setor público é irracional.
Uma empresa me contou que para um encontro feito aqui, entre seu principal executivo mundial com um grupo de brasileiros, foram enviados alguns kits com canecas com logo da empresa e outras coisas assim. Isso há quatro meses. Ficaram presos na Anvisa, porque continham também uns chocolates. Tudo bem, é a legislação do país. Mas nesses quatro meses, o encontro já ocorreu, o executivo foi embora e deve estar falando muito mal do Brasil a essa altura.
Dado que 2012 não é 2009, ou seja, o mundo não está no agudo da crise tentando evitar o pior, o Brasil poderia aproveitar a oportunidade e começar a enfrentar os gargalos. Não há de ser com a "matrioska" dos favores setoriais que se vai preparar o novo salto da economia brasileira.
Sem fôlego para correr - ROLF KUNTZ
O Estado de S.Paulo - 18/07
Ninguém se iluda: o Fundo Monetário Internacional (FMI) é muito menos otimista em relação ao Brasil e a outros emergentes do que parece indicar, à primeira vista, seu novo estudo sobre as perspectivas globais. O relatório destaca a desaceleração das economias brasileira, indiana e chinesa e atribui esse efeito, em parte, à crise internacional e às políticas de ajuste. Mas o recado importante vem depois. Emergentes cresceram acima da tendência histórica na última década, em parte graças à expansão do crédito e ao desenvolvimento financeiro. Mas seu crescimento potencial pode ser menor que o esperado. Nesse caso, seu desempenho será mais fraco no médio prazo. O documento ressalta, ainda, os perigos para a estabilidade financeira, num ambiente de baixo crescimento global e muita aversão ao risco. É uma herança deixada por vários anos de rápido aumento do crédito.
O alerta sobre o risco financeiro parece valer para todos os grandes emergentes, incluída a China, onde houve sinais de formação de uma bolha de crédito nos últimos anos. Mas a observação sobre o crescimento potencial parece aplicar-se principalmente ao Brasil, país com uma taxa de poupança em torno de 16% do Produto Interno Bruto (PIB), investimento inferior a 20% e baixo padrão educacional. A última novidade sobre as aventuras do país mal-educado surgiu nesta segunda-feira: 38% dos estudantes do ensino superior têm dificuldades graves de leitura e de escrita, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro em parceria com a ONG Ação Educativa. Desde 2001 as duas entidades têm produzido um Indicador de Analfabetismo Funcional.
A referência ao crescimento potencial é muito mais relevante, no caso do Brasil, do que as projeções de expansão econômica de 2,5% neste ano e 4,6% no próximo. A estimativa do FMI para 2012 é igual à do Banco Central e superior à mediana das previsões coletadas pelo próprio BC na última pesquisa Focus, 1,9%. Essas projeções caíram por 10 semanas consecutivas, até agora, e têm acompanhado a piora de vários indicadores produzidos pelo governo e por entidades do setor privado.
O governo promete resultados melhores neste semestre e um crescimento superior a 4% em 2013. Mas qual será o desempenho econômico possível nos anos seguintes? A resposta depende do alcance da política econômica, por enquanto voltada principalmente para objetivos limitados.
A Fundação Getúlio Vargas divulgou em fevereiro, na revista Conjuntura Econômica, um artigo sobre o produto potencial da economia brasileira. O cálculo pode ser complicado e inseguro, mas ninguém pode simplesmente menosprezar o problema. Nenhuma política voluntarista será sustentável por muito tempo, nem isenta de custos muito altos. Isso é comprovado amplamente pela experiência brasileira. Mais cedo ou mais tarde - frequentemente mais cedo - acaba-se batendo num limite. A consequência pode ser inflação ou crise no balanço de pagamentos ou uma combinação devastadora dos dois efeitos.
A análise resumida no artigo da Conjuntura Econômica indicou um crescimento potencial na faixa de 3,5% a 4% ao ano. Pode-se avançar com maior velocidade durante algum tempo, mas algum desajuste logo tornará necessária uma freada. Em anos recentes, períodos de rápida expansão foram interrompidos por fortes pressões inflacionárias e pela ação corretiva do BC. Fases de intenso crescimento da demanda interna resultaram também na deterioração do saldo comercial. As compras de produtos estrangeiros tendem a crescer em fase de prosperidade econômica, mas, no caso brasileiro, o descompasso entre importações e exportações tem sido muito sensível. Isso ocorreu antes da crise de 2008 e voltou a ocorrer nos últimos dois anos.
Desta vez, a causa principal do descompasso ficou mais evidente: a indústria brasileira tem sido incapaz de competir tanto no exterior quanto no mercado interno. A valorização do dólar, mais de 20% desde o último trimestre do ano passado, foi insuficiente para mudar o quadro. O problema ultrapassa amplamente a questão cambial. Também vai muito além das carências de produtividade, qualidade e inovação das empresas. As principais ineficiências estão fora dos muros das fábricas e das cercas das fazendas. Se esse é o quadro, é um erro insistir numa terapia de estímulos ao consumo e benefícios fiscais de alcance limitado.
Crescimento potencial e capacidade competitiva são denominações do mesmo problema. Além dos economistas do FMI, muitos outros analistas já perceberam os entraves da economia brasileira. Daí o falatório, recorrente nos últimos tempos, sobre a redução das expectativas, no exterior, em relação ao B dos Brics. Mas isso é conversa de quem ainda se preocupa com o PIB. A presidente Dilma Rousseff parece haver superado essa fase.
CLAUDIO HUMBERTO
“Se difere pelo número de testemunhas, réus, páginas, peças...”
Ayres Britto, Presidente do STF, ao comparar o processo do mensalão a outros casos
EX-PRESO POR CORRUPÇÃO VAI CHEFIAR DELEGAÇÃO EM LONDRES
Prefeito de Macapá e presidente da federação de futebol do Amapá, Roberto Góes (PDT) vai chefiar a delegação brasileira aos jogos Olímpicos de Londres, a convite do presidente da CBF, José Maria Marin. Góes esteve entre os presos na Operação Mãos Limpas, da Polícia Federal, e permaneceu por sessenta dias no presídio da Papuda, perto de Brasília, entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011.
AFANOU, CADEIA
As prisões no Amapá, ordenadas por João Otavio de Noronha, do STJ, foram decorrentes de evidências de roubo de dinheiro público.
FAMÍLIA UNIDA
Assessores e parentes do prefeito, como o ex-governador Waldez Góes, seu primo, também foram presos pela PF em Macapá.
PEIXES GRAÚDOS
Dezoito foram presos pela PF no Amapá, incluindo o governador, Pedro Dias, e o presidente do Tribunal de Contas, José Júlio Miranda.
FUSÃO NA CERTA
O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), está confiante na fusão do partido com pelo menos duas siglas: “Estamos conversando com seis”.
PROCURADOR ACUSA FUNAI DE LIBERAR LAUDOS A RODO
Comprometidos com Ongs ligadas a movimentos indígenas, técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) estão liberando, a torto e a direito, laudos antropológicos favoráveis à demarcação de terras. Segundo denúncia do procurador Rodinei Candeia, do Rio Grande do Sul, muitos laudos “são inconsistentes” e favorecem organizações ligadas aos índios, “dificultando a defesa dos pequenos produtores”.
SEM LÓGICA
Estudioso dos processos de demarcação, Candeia diz que a Funai usa até a caça de antas extintas como justificativa para liberar laudos.
ATÉ QUE ENFIM
A confusão sobre demarcação de terras é antiga, mas é a primeira vez que a denúncia sai da boca de procurador em audiência na Câmara.
FORAS DA LEI
O Supremo Tribunal Federal já determinou: terras indígenas são aquelas que, em 5 de outubro de 1988, estavam ocupadas por eles.
INVESTIGAÇÃO
O Ministério Público Federal abriu uma ação civil pública contra as Centrais Elétricas do Pará (Celpa), Grupo Rede Energia, Aneel e União por negligência administrativa e péssima qualidade dos serviços prestados. A denúncia foi feita pelo deputado Cláudio Puty (PT-PA).
VALE QUANTO PESA
Arqui-inimigo político do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), o deputado federal Garotinho (PR-RJ) entregou ontem à CPMI, 68 quilos de provas “contra a Delta”. Quase o peso de Cachoeira na cadeia.
SOCORRO,TCU!
Contrário à emenda que flexibiliza licitações da Petrobras, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) pediu ajuda ao ministro José Múcio, do TCU, para barrar a medida.
JUSTA HOMENAGEM
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), nomeará de Poeta Ronaldo Cunha Lima o centro de convenções em construção em João Pessoa, em homenagem ao ex-governador, que morreu na semana passada. A primeira etapa da obra será inaugurada dia 5.
FICA PaRA DEPOIS
O presidente do partido DEM, José Agripino (RN), nega que o partido esteja articulando fusão com o PMDB: “Qualquer negociação antes das eleições municipais não fazem o menor sentido”.
GIGANTE FAMINTO
Único porta-aviões brasileiro e rei do fumacê, “São Paulo” poderia virar restaurante de luxo: a Marinha gastou R$13 milhões em comida e bebida à tripulação, que quase não sai do lugar com o bichão avariado.
MICO AFRICANO
Dilma foi “desconvidada” à reunião da União Africana na Etiópia, segundo portal Jeune Afrique, após o emir do Kuwait receber o mesmo convite: só um não africano pode participar. Brasília não gostou.
SEM SOLIDARIEDADE
Os venezuelanos não são solidários no câncer de Hugo Chávez, à frente na corrida presidencial: 64,2% não acreditam que o fanfarrão se
recupere da doença, diz pesquisa no jornal Diario 2001.
PENSANDO BEM...
...Se Mercadante virar mesmo chanceler, a política externa brasileira será “irrevogável”.
PODER SEM PUDOR
ANÉIS DE OURIVES
Ao final de um inflamado discurso, o então vereador Pedro Ourives requereu ao presidente da Câmara Municipal de Cáceres (MT), nos idos de 1995:
- Faço questão de registrar meu posicionamento nos anéis desta Casa.
O colega de bancada José Brandão corrigiu:
- Nobre colega, o certo é Anais, não "anéis".
Recebeu o troco:
- Que seja Anais para você. Para mim, que sou Ourives, a sua observação de nada vale.
Ayres Britto, Presidente do STF, ao comparar o processo do mensalão a outros casos
EX-PRESO POR CORRUPÇÃO VAI CHEFIAR DELEGAÇÃO EM LONDRES
AFANOU, CADEIA
As prisões no Amapá, ordenadas por João Otavio de Noronha, do STJ, foram decorrentes de evidências de roubo de dinheiro público.
FAMÍLIA UNIDA
Assessores e parentes do prefeito, como o ex-governador Waldez Góes, seu primo, também foram presos pela PF em Macapá.
PEIXES GRAÚDOS
Dezoito foram presos pela PF no Amapá, incluindo o governador, Pedro Dias, e o presidente do Tribunal de Contas, José Júlio Miranda.
FUSÃO NA CERTA
PROCURADOR ACUSA FUNAI DE LIBERAR LAUDOS A RODO
Comprometidos com Ongs ligadas a movimentos indígenas, técnicos da Fundação Nacional do Índio (Funai) estão liberando, a torto e a direito, laudos antropológicos favoráveis à demarcação de terras. Segundo denúncia do procurador Rodinei Candeia, do Rio Grande do Sul, muitos laudos “são inconsistentes” e favorecem organizações ligadas aos índios, “dificultando a defesa dos pequenos produtores”.
SEM LÓGICA
Estudioso dos processos de demarcação, Candeia diz que a Funai usa até a caça de antas extintas como justificativa para liberar laudos.
ATÉ QUE ENFIM
A confusão sobre demarcação de terras é antiga, mas é a primeira vez que a denúncia sai da boca de procurador em audiência na Câmara.
FORAS DA LEI
O Supremo Tribunal Federal já determinou: terras indígenas são aquelas que, em 5 de outubro de 1988, estavam ocupadas por eles.
INVESTIGAÇÃO
VALE QUANTO PESA
SOCORRO,TCU!
Contrário à emenda que flexibiliza licitações da Petrobras, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) pediu ajuda ao ministro José Múcio, do TCU, para barrar a medida.
JUSTA HOMENAGEM
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), nomeará de Poeta Ronaldo Cunha Lima o centro de convenções em construção em João Pessoa, em homenagem ao ex-governador, que morreu na semana passada. A primeira etapa da obra será inaugurada dia 5.
FICA PaRA DEPOIS
O presidente do partido DEM, José Agripino (RN), nega que o partido esteja articulando fusão com o PMDB: “Qualquer negociação antes das eleições municipais não fazem o menor sentido”.
GIGANTE FAMINTO
Único porta-aviões brasileiro e rei do fumacê, “São Paulo” poderia virar restaurante de luxo: a Marinha gastou R$13 milhões em comida e bebida à tripulação, que quase não sai do lugar com o bichão avariado.
MICO AFRICANO
Dilma foi “desconvidada” à reunião da União Africana na Etiópia, segundo portal Jeune Afrique, após o emir do Kuwait receber o mesmo convite: só um não africano pode participar. Brasília não gostou.
SEM SOLIDARIEDADE
Os venezuelanos não são solidários no câncer de Hugo Chávez, à frente na corrida presidencial: 64,2% não acreditam que o fanfarrão se
recupere da doença, diz pesquisa no jornal Diario 2001.
PENSANDO BEM...
...Se Mercadante virar mesmo chanceler, a política externa brasileira será “irrevogável”.
PODER SEM PUDOR
ANÉIS DE OURIVES
Ao final de um inflamado discurso, o então vereador Pedro Ourives requereu ao presidente da Câmara Municipal de Cáceres (MT), nos idos de 1995:
- Faço questão de registrar meu posicionamento nos anéis desta Casa.
O colega de bancada José Brandão corrigiu:
- Nobre colega, o certo é Anais, não "anéis".
Recebeu o troco:
- Que seja Anais para você. Para mim, que sou Ourives, a sua observação de nada vale.
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