quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Carnaval 2014 - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 14/02

Eduardo Paes já bateu o martelo. O Sambódromo terá dois tipos de iluminação: uma na arquibancada e outra na passarela.
E a garagem da Comlurb, no fim da Sapucaí, deve mudar de lugar para facilitar a dispersão das escolas.

E mais...
Ainda este mês, Paes fecha a compra do prédio do antigo sabão português na Av. Brasil, onde ficará a Cidade do Samba 2. O local, como se sabe, vai abrigar as escolas da série A, que cresceu muito este ano com o desfile em dois dias e a transmissão da Globo.

Chiclete com banana
Um grupo que esteve com Dilma outro dia reparou que, durante quase toda a conversa, a presidente mascava chiclete.

Isabel não foi santa
O Círculo Monárquico do Rio voltou a discutir o processo, já encaminhado a Dom Orani Tempesta, de beatificação da princesa Isabel. Mas a historiadora Mary Del Priore diz que a nossa princesa, que libertou os escravos, nunca foi santa.

Segue...
Mary lembra que Isabel foi contra o casamento de seu primogênito, D Pedro de Alcântara, com a baronesa Elisabeth de Dobrzenicz, “por ela não ter sangue azul”. A historiadora diz que Isabel nunca visitou D. Pedro Augusto, filho de sua única irmã, Leopoldina, internado em um hospício em Viena

Os malditos
As biografias de Paulo Leminski e Torquato Neto, de Toninho Vaz, vão ser relançadas pela Editora Nossa Cultura. Se fossem vivos, os poetas malditos fariam 70 anos em 2014.

Carnaval dos táxis
O carnaval que passou foi muito bom para os 33 mil motoristas de táxis do Rio. Pesquisa da Secretaria municipal de Transportes mostra que cada táxi fez, em média, 40 corridas por dia com uma bandeirada média de R$10 a R$15. O destino preferido do passageiro foi, de dia, praias de Copacabana e Ipanema e, de noite, Lapa.

Gorjetas...
O Data Táxi da secretaria registrou que houve um aumento do turista nacional em relação ao estrangeiro. Europeus foram poucos. Para os taxistas, o turista local é mais generoso na hora da gorjeta.

Gays...
A turma do volante registrou uma grande presença de gays na cidade. O destino preferido desta turma animada foi o Arpoador. É que, dizem, a Rua Gomes Carneiro virou point de gays estrangeiros.

Obras do Vaticano
O MinC aprovou R$ 8,5 milhões, via Lei Rouanet, para esta exposição do museu do Vaticano, no MNBA, no Rio, durante a Jornada Mundial da Juventude.

Guerra das cervejas
Veja como a guerra das cervejas desfilou no carnaval de rua carioca. Agentes da prefeitura foram ao desfile do Cachorro Cansado, no Flamengo. É que tinha gente vendendo cerveja Devassa. E o carnaval de rua, como se sabe, é patrocinado pela Antarctica.

Só que...
Ivan Alvarez, presidente do Cachorro Cansado, conseguiu evitar a apreensão da bebida alegando que ela pertencia ao bloco, que vendia para custear o desfile. Ainda aproveitou a proximidade de um veículo de propaganda da Antarctica para protestar no carro de som:

— A gente pede patrocínio à Ambev, e não recebe. Agora, ela vem aqui fazer propaganda!

Barão Vermelho
A turnê que voltou a unir o Barão Vermelho, depois de cinco anos, foi prorrogada até o final de abril. O show “+ 1 Dose” volta ao Rio dias 14 e 15 de março, no Circo Voador.

Vovó não
Diante da onda de balzaquianas querendo deixar os cabelos brancos, o Vitalicia, salão badalado em Ipanema, no Rio, criou o serviço “trevas”. A técnica é salpicar de tinta preta algumas partes do cabelo. Fica menos óbvio que a pessoa envelheceu, e não precisa retocar a raiz todos os meses.

Carne vip
O Pobre Juan, restaurante de carnes vips, famoso em São Paulo, vai abrir sua segunda casa no Rio. Será em março, no Fashion Mall.

Acabou em samba
Ontem, na Avenida Atlântica, no Rio, um bloco carnavalesco cantava uma versão gaiata daquela marchinha famosa “Me dá um dinheiro aí”. Um verso ameaçava: “A grande confusão/Que eu vou fazer/bebendo até Renan cair.”

GANGORRA DA FOLIA

SOBE...
Rosa Magalhães provou que um enredo patrocinado pode dar samba.

Sabrina Sato (acima) conquistou o carnaval carioca, mesmo nascida em São Paulo, outrora túmulo do samba no dizer de Vinicius, e sendo de ascendência libanesa e japonesa, de pouca tradição na festa.

Paulo Menezes e Cid Carvalho, os carnavalescos. Portela e Mangueira produziram lindos desfiles.

Juliana Alves foi a mulata mais celebrada neste carnaval.

A retomada do carnaval de rua e do culto às velhas marchinhas não foram fenômenos passageiros.

A tragédia de Santa Maria fez redobrar os cuidados com a segurança, embora os incidentes com o Bola Preta por pouco não se transformaram numa tragédia.

DESCE...

Paulo Barros (ao lado), o gênio dos desfiles, tropeçou. Isto acontece.

Algumas mulheres, de tão marombadas, mais parecem Arnold Schwarzenegger. Com todo o respeito.

O tamanho exagerado de alguns carros voltou a atrapalhar umas escolas.

O sinal de internet estava horrível na Sapucaí. O serviço das operadoras, como Claro, Tim e Vivo, atravessou.

O trem do Corcovado não deu conta do recado. Aliás, os pontos turísticos tradicionais da cidade estão mal cuidados e sujeitos a atravessadores.

A Mocidade falou sobre o Rock In Rio, arrumou pouca grana e quase caiu. Ou seja, nessa era de enredos patrocinados, a agremiação sambou 
Daniel Brunet

ECOS DO CARNAVAL 2013
Arlindo Cruz, um dos autores do samba-enredo da Vila Isabel e apaixonado pela Império Serrano, visita o camarote do Guanabara. No camarote ao lado, do Porcão, David Brazil recebe a linda atriz Paola Oliveira. Do outro lado do Sambódromo, no camarote da Grande Rio, Wolf Maia ganha um chamego do casal Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho. Enquanto todos relaxavam, Roberta Rodrigues, a Vanúbia de “Salve Jorge!”, se preparava para entrar na avenida. Salve, Roberta!

Enviado especial ao passado? - CLÓVIS ROSSI

FOLHA DE SP - 14/02

Crônica de momentos comuns em meio a um evento extraordinário na história do Vaticano


ROMA - Pablo Ordaz, o correspondente de "El País" em Roma, recordou tempos atrás conversa entre um cardeal e um jornalista, que queria saber sobre um dado conflito na igreja. O purpurado começou respondendo assim: "Já tivemos algo parecido no século 13".

A renúncia do papa me remeteu justamente ao século 13, ou mais exatamente a 1294, quando Celestino 5º renunciou, no que a maioria dos historiadores considera o único ato comparável ao de Bento 16, por ter sido um abandono espontâneo.

Na via de Porta Angelica, diante da entrada para o inacessível Vaticano, a ruazinha estreita convida, diante do noticiário sobre a "guerra civil" na igreja, a pensar em conspirações medievais, punhais ao alto, traições, venenos.

Mas é só a cabeça que voa ao passado. Os olhos veem cenas absolutamente triviais. É uma senhora que sai levando sacolas de supermercado. É um jovem padre que cruza a rua, saindo do Vaticano, em um Audi, moderníssimo, ainda que pequeno. Mas Audi é Audi, não é exatamente o burrico que usava Pedro, o primeiro papa.

Nem os apenas dois seguranças usam os coloridos trajes da Guarda Suíça, o digamos Exército do Vaticano. Vestem negro e passariam por cidadãos comuns, agasalhados para o inverno romano, suave ontem.

Por falar em Exército, é inescapável, ao ver a tremenda mobilização midiática em torno do Vaticano, voltar à pergunta de Stálin quando lhe disseram que a igreja se oporia à ocupação dos católicos países bálticos: "Quantos Exércitos tem o papa?".

É, o papa não tem (mais) Exércitos, mas ajudou a derrubar o comunismo, graças ao fato de que o Vaticano "ainda exerce poder cultural enorme", como escreveu ontem neste mesmo espaço a notável analista que é Julia Sweig.

Será mesmo, Julia? Às vezes, meu ceticismo profissional me faz duvidar. Caminho pelo entorno da praça São Pedro, pensando em que, se Jesus expulsou os vendilhões do templo, como conta a Bíblia, eles agora estão se vingando. O que mais cerca o Vaticano não são Exércitos adversários, mas lojinhas de lembranças.

Nelas, para cada imagem de Bento 16 que se vende, vendem-se dcrossi@uol.com.brde seu antecessor, João Paulo 2º, contam as balconistas da Galleria Aurora, a dois passos da praça. Dizem também que, nos últimos dias, não vendem quase nada, de um ou do outro. "Talvez estejam esperando o sucessor", especulam.

Salvo entre o público que faz fila para entrar na basílica, para ver a última celebração do papa, ninguém entre os habitantes de sempre do entorno da imponente catedral acredita muito em apenas cansaço, razão alegada para a renúncia.

Mais razoável é a versão de Marco Tosatti para "La Stampa" de ontem: "A tendência [do papa] a somatizar os problemas e dificuldades da igreja". Cansou.

Aí, sim, volta-se a séculos passados, de intrigas e manobras palacianas. Mas vem o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé, e avisa que Bento 16, no dia 28, exatamente às 17h, pega um helicóptero e vai-se embora para sempre. Bem século 21, ainda que sem graça.

A hora da política - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 14/02

Até aqui, 2013 vinha meio que “empurrado” pelas festas, pelo verão e pela tragédia de Santa Maria, que não para de doer no coração dos brasileiros. Agora, é hora de tentar sair da letargia, tirar a fantasia, e sem subterfúgios ou maquiagens carregadas, tocar a vida. Na política não é diferente. Lá vêm a votação do Orçamento, dos vetos, a gestão de Renan Calheiros no Senado, de Henrique Eduardo Alves na Câmara… Em meio a tudo isso, avaliações sobre os pré-candidatos a presidente da República dominam os bastidores. Em conversas reservadas, os políticos observam os efeitos da pré-candidatura de Eduardo Campos sobre o governo e o PT.

O primeiro reflexo é tirar o PT e a presidente Dilma Rousseff da chamada “zona de conforto”. Os palacianos consideram que, sem Eduardo taxiando na pista, está tudo bem. Dilma é popular, tem uma base ampla e uma oposição restrita. Portanto, não tem o que temer em relação a uma candidatura presidencial. Até porque, na avaliação dos aliados da presidente, os adversários internos e externos ainda não surgiram com força.

Mas, com Eduardo Campos na estrada, tudo muda de figura. O governador não se considera devedor de Dilma. Sob a sua ótica, foi ele quem ajudou a candidata de Lula em 2010, e não o inverso. Sendo assim, é ela quem deve a ele. Além disso, Eduardo está convicto de que hoje não tem nada a perder desfilando como potencial candidato. Afinal, nem candidato à reeleição ele será porque está no segundo mandato de governador. Ou seja, terminada a missão ali, está livre e solto para voos mais altos.

Outra história é quem está no poder e precisa de apoio para a reeleição. Daí, entram não só 15 governadores como a própria presidente Dilma. Dos 15 governadores que podem concorrer à reeleição, só dois são do PSB: Renato Casagrande (Espírito Santo) e Ricardo Coutinho (Paraíba). Nos dois estados, o PT sozinho não tem hoje tanta força para combater os socialistas. Logo, o PSB não tem muito a perder com a candidatura de Eduardo.

Enquanto isso, no PT…

O mesmo não se pode dizer dos petistas e da presidente Dilma. Ela e alguns candidatos a governador pelo PT são quem mais perdem com a entrada de Eduardo Campos no rol dos presidenciáveis. No Distrito Federal, por exemplo, Agnelo Queiroz perde logo de cara um aliado de peso, o senador Rodrigo Rollemberg. Afinal, tanto Eduardo quanto o senador, que deve concorrer ao GDF, ingressam na pré-campanha no lusco-fusco entre governo e oposição e, fatalmente, vão tirar votos da atual base petista. Isso obrigará os petistas a remodelarem seu jogo, se aproximando de forma mais contundente de todos os partidos da base aliada.

Dilma passa a ter obrigação de se dedicar mais à política e, assim, tentar evitar que Eduardo Campos conquiste os atuais aliados do governo. Conforme comentava um deputado ontem comigo, ela terá que “ser mais presidente da República e menos ministra da Casa Civil” — cargo que, para muitos espectadores distantes, Dilma não largou até hoje. Muitos consideram que ela continua muito dedicada aos projetos, deixando sua base meio solta. Daí, a avenida aberta para Lula desfilar do jeito que gosta.

Mas, no momento em que a candidata é Dilma, não adianta só Lula cuidar da política. É preciso que ela passe a atuar mais nessa seara. Senão, avaliam alguns, poderá ser engolida por Eduardo Campos, que já demonstrou capacidade de articulação. O governador pernambucano não só elegeu o prefeito de Recife, como se reaproximou do senador Jarbas Vasconcelos, abrindo uma trilha justamente na ala do PMDB que não convive com o governo Dilma.

O governador convive ainda muito bem com o PCdoB, com o PDT, os antigos aliados do PT que andam meio cansados da hegemonia política do PT na esquerda e da convivência com aquelas legendas que sobrevivem à custa do toma lá, dá cá e desaguaram no mensalão. Não dá para esquecer que, quando Lula quase sucumbiu naquele processo, foram o PCdoB, o PDT e o PMDB que lhe estenderam a mão. Os petistas não querem correr o risco de ficarem restritos a partidos como o PTB, o PP, o grupo majoritário do PMDB e o PR, que ensaia um retorno à base do governo. Quer segurar ainda os aliados tradicionais. Se conseguirem, tiram um pouco do oxigênio de Eduardo Campos, hoje, a maior pedra política no sapato de Dilma. Podem apostar.

E no mundo dos ambientalistas…

A ex-senadora Marina Silva estará em Brasília, sábado, para lançar seu novo partido. Deixou 2012 como a segunda colocada na preferência do eleitorado. Não pode ser desprezada.

Meninos, eu vi! - TUTTY VASQUES

O Estado de S.Paulo - 14/02


Imagine-se na seguinte situação: você saiu para dar uma caminhada, foi driblando blocos por ruas adjacentes ao barulho, dobrou uma esquina e, santo Deus, havia uma moça agachadinha, de costas, pelada da cintura para baixo, fazendo xixi atrás de um carro estacionado que a protegia da visão de quem vinha de lá.

O que um sujeito decente, como é o caso, deve fazer nessas circunstâncias? Torce para ela não olhar pra trás e passa na ponta dos pés espiando de esguelha? Dá meia volta antes que sua aproximação seja percebida? Se finge de cego? Ou solta um "opa" pra garota e segue em frente com naturalidade?

Não há tempo para definir estratégia! Antes disso, ela vai girar a cabeça sobre o pescoço e, ainda dentro daquela fração de segundo regulamentar, te avistará com a mesma expressão de espanto de quem a flagrou sem nem saia-justa sequer.

O flagrante por um instante é mútuo, mas a decisão de o que fazer para evitar constrangimento ainda maior é só sua, visto que o xixi em curso parece não ter hora para acabar.

Enfim, tapei os olhos com uma das mãos e passei batido, mas vou inventar final mais excitante para contar sobre meu carnaval inesquecível no Rio.


Plataforma

O ator José de Abreu já está em campanha para deputado federal em 2014. Promete defender a maconha, o aborto e o José Dirceu, não necessariamente nesta ordem!

Mal comparando

Desabafo de um dirigente do Palmeiras, cansado das cobranças dos torcedores: "O nosso time não é pior que a escola de samba de vocês!" A Mancha Verde, como se sabe, foi rebaixada no carnaval paulistano!

Murrinhas

A ideia de misturar no mesmo saco da lei seca em São Paulo quem bebeu e quem fumou maconha segue a lógica dos opostos. A baixa velocidade é, dependendo da circunstância do trânsito, tão perigosa quanto a imprudência dos apressados. E todo maconheiro, como se sabe, é devagar quase parando, inclusive ao volante!

Tentação

Claro que não é hora de encaminhar o assunto oficialmente, mas é sabido que o circuito milionário de palestras estrelado por Bill Clinton está de portas abertas para Bento XVI.

Melhor assim

Por essas e por outras é que os papas do STF se aposentam compulsoriamente aos 80 anos.

Bombando

O maracatu atômico não tem data para terminar na Coreia do Norte!

Divã real

A renúncia de Bento XVI deixou Elizabeth II mexida! Não é de hoje que a rainha pensa em de repente, sei lá, jogar tudo pro alto!

Obra aberta

Quando, afinal, Spike Lee vai concluir o documentário Go

Brazil Go, pretexto de sei lá quantas viagens do cineasta ao País. "Já está pegando mal!" - comenta-se em Hollywood!

Ueba! Papável é a Sabrina Sato! - JOSÉ SIMÃO

FOLGA DE SP  - 14/02


Como disse uma amiga: "Agora só falta o Marcos Palmeiras ser rebaixado!". E ir pra Record! Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

Piada Pronta direto da Mangueira: "Carro alegórico da Copa 2014 atrasa o desfile". O carro da Copa saiu atrasado!

E duas coisas animaram o Carnaval: o papa e o Palmeiras! A Mancha Verde, escola do Palmeiras, foi rebaixada. Isso que é solidariedade ao time! Só falta cair no Paulistão pra pedir música no "Fantástico"!

E a definição de palmeirense: ser palmeirense é virar piada até no Carnaval! Como disse uma amiga minha: "Agora só falta o Marcos Palmeiras ser rebaixado!". E ir pra Record! Rarará!

Marcos Palmeiras é rebaixado e vai pra Record! E um amigo tá com medo até de usar cueca verde e o bilau ser rebaixado. Pro resto da vida! Rarará!

E o site CornetaFC mostra o desespero do Valdivia: "Cadê aquele cara que rasga papel da apuração?". Isso! Chama aquele cara de volta pra rasgar meu imposto de renda! E a fatura do cartão! E o boleto da faculdade!

E o papa? O Ratzinger! O Ranz inzer! Esse foi o papa mais ranzinza! E diz que a situação na Europa tá tão feia que até o papa pediu as contas! Bento 16 renuncia e Sarney assume. Vai empregar toda a parentada no Vaticano!

E agora começam os papáveis! E acabo de receber um email: com clave ou sem clave, papável mesmo é a Sabrina Sato. Papável mesmo é a Cleo Pires! Papável e apalpável!

E diz que o Papa renunciou porque não aguentava mais sair ao vento, aquela batina voar e bater na cara dele! Diz que o papa renunciou porque furou a sola daquele mocassino vermelho da Prada! Rarará!

E adoro aqueles que falam: "Queremos um papa progressista". Não existe papa progressista. Todo papa é contra sexo fora do casamento, contra camisinha, contra gay, contra aborto, contra o rock e contra célula-tronco! Eu quero ser católico, mas o papa não deixa. Rarará! É mole? É mole, mas é meu!

O Brasil é Lúdico! Ontem ainda saiu o bloco "Deixa que Eu Como!". Vai fazer a xepa! E hoje cedo um pernambucano levantou a placa: "Faltam 364 dias pro Carnaval". Isso que é fanatismo!

E agora que acabou o Carnaval, o que a gente vai fazer nesse restinho do ano? Nada! Não dá pra fazer mais nada. Não vou fazer mais nada nesse restinho do ano. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

'Drones' e o papa - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

O Estado de S. Paulo - 14/02


O "Drone" é um sonho de arma. Realiza o ideal de qualquer soldado, que é o de matar inimigos sem o risco de morrer também. O "Drone" é controlado a distância, sua "tripulação" nunca sai do chão e seus ataques são guiados, imagino, por comandos parecidos com os de um videogame. Foguetes e bombas são disparados dos "Drones" com simples toques dos dedões e os resultados aparecem na tela para serem comemorados. Como nos videogames.

De certa forma, o "Drone" é a última etapa de uma evolução que vem vindo desde que a única arma de guerra era o tacape e os homens buscavam maneiras mais assépticas de se matarem. Daí inventaram a lança, o arco e flecha, a catapulta, o canhão - tudo para aumentar a distância entre os guerreiros e evitar os respingos de sangue. Com o "Drone" chega-se perto da perfeição. Já se pode liquidar inimigos da poltrona.

Mas, ao contrário dos videogames, os "Drones" matam gente, e indiscriminadamente. Hoje não se fala mais em bombardeios "cirúrgicos", talvez porque estivesse ficando muito mal para a cirurgia. Os ataques de "Drones" americanos no Afeganistão eliminam os alvos e o que estiver por perto, e crescem as estatísticas de efeitos colaterais como a morte de crianças, entre outros inocentes. Nos Estados Unidos têm havido protestos contra o uso de "Drones", mas o presidente Obama e seu novo secretário da Defesa já disseram que o aprovam. Afinal, até hoje não há caso de um avanço na tecnologia da guerra que tenha sido suspenso por motivos humanitários. Ninguém mais usou bombas nucleares depois das de Hiroshima e Nagasaki, é verdade, mas porque usá-las seria suicídio. Os "Drones", à prova de retaliação, são o exato oposto das bombas nucleares. Que, de qualquer maneira, continuam estocadas, de prontidão.

A próxima etapa da evolução pode ser a substituição de soldados por robôs. O ascetismo chegaria ao máximo e ninguém mais morreria em ação. Pelo menos do lado americano.

Papa-móvel. Eu não sabia que papa podia pedir demissão. Aparentemente, Bento não será o primeiro, houve outros, há muito tempo. Uma questão: papa aposentado continua infalível ou esta qualidade é do cargo e não do homem? A situação do novo papa pode ser parecida com a da Dilma com relação ao Lula, que mesmo afastado continua dando palpite. Guardadas, claro, as devidas proporções.

Unidos contra a modernização - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADÃO - 14/02

Só não causa mais estranheza a insólita e ativa aliança entre dirigentes sindicais e parte do empresariado contra a,política de modernização dos, portos, anunciada em dezembro pelo governo e resumida na Medida Provisória (MP) 595, porque seus objetivos são claros: eles não querem mudar nada, pois a modernização acabará com privilégios e garantias especiais. Interessados apenas em si próprios, eles são contra a entrada de novos participantes privados nas operações portuárias e, assim, tentam impedir ou retardar os investimentos necessários para a expansão, a melhoria e o aumento da eficiência dos serviços.
O gargalo representado pelo inadequado serviço dos portos impõe perdas ao País, pois encarece as exportações, mas pode ter efeitos ainda mais nocivos quando utilizado como instrumento de pressão e de ameaça por dirigentes nas suas negociações com as autoridades, como ocorreu com frequência no passado. Esse instrumento está sendo novamente acionado pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP), que carrega no nome sua fonte de poder político e sindical – há quase 20 anos é presidente da Força Sindical, a segunda maior central sindical do País –, numa campanha contra a MP 595 na qual tem a companhia de dirigentes empresariais.
“Querem destruir os portos públicos, mas nós estaremos lutando contra”, prometeu Paulinho depois de reunião com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDBAL), da qual participaram também outros parlamentares e dirigentes sindicais. “O pau vai comer”, garantiu. Segundo ele, se o governo não concordar com modificações de pontos da MP que ele e sua Força Sindical consideram essenciais, “nós vamos paralisar os portos do País e o Brasil ficará parado”. Não exportará nem importará nada, assegurou. E por que a Força Sindical – a maior central sindical do País, Central Única dos Trabalhadores (CUT), anunciará sua posição dentro de alguns dias – é tão violentamente contra a MP 595? Porque não aceita justamente o que ela tem de mais modernizante no que se refere às relações trabalhistas nos portos.
A Lei dos Portos, de 1993, estabeleceu novas formas de contratação de mão de obra portuária, setor antes inteiramente dominado pelos sindicatos, ao criar o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo). Formado por representantes dos trabalhadores e das empresas, o Ogmo é o organismo responsável pela intermediação da contratação de trabalhadores avulsos. Sua criação foi precedida de grandes disputas entre governo, sindicatos e empresas, mas, por ter preservado o poder sindical nesse campo, a despeito da presença de representantes dos empregadores, acabou sendo aceito por todos.
A MP permite que as novas empresas que, por meio de licitação, passarem a operar terminais de carga nos portos públicos possam contratar livremente os trabalhadores, sem a intermediação do Ogmo.
Como ainda mantém poder no Ogmo, a Força quer evitar seu esvaziamento, estendendo suas funções às novas empresas. Empresários que já têm operações nos portos, de sua parte, tentam mudar a MP pois, além de permitir a construção e operação de terminais por empresas que não demonstrem ter carga própria suficiente para tornar o empreendimento viável, ela determina que sejam licitados os terminais arrendados até 1993 (quando entrou em vigor a Lei dos Portos) e cujos contratos estão vencidos. Os operadores desses terminais queriam a prorrogação dos contratos por até 50 anos em alguns casos. Por conveniência, aliaram-se à Força.
A posição do governo tem sido coerente. “Podemos melhorar alguns pontos (da medida provisória) e aceitar novos artigos, aperfeiçoar a redação”, disse o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino. “Mas há pontos importantes que não podemos mudar”, acrescentou. E a livre contratação de mão de obra, a licitação dos terminais com contratos vencidos e a entrada de novos operadores mesmo sem demonstração de carga própria suficiente estão entre eles. Com a instalação, prevista para o dia 20, da comissão mista que discutirá a MP 595, o debate chegará ao Congresso.

A inserção das usinas a gás natural - ADRIANO PIRES

BRASIL ECONÔMICO - 14/02

O baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, verificado nos últimos meses de 2012 e início de 2013, tem obrigado o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a acionar termoelétricas.

Embora a situação atual nos remeta ao racionamento ocorrido em 2001, existem diferenças significativas na composição da matriz elétrica brasileira, que na época era composta predominantemente por hidrelétricas, cerca de 90% e, o restante por usinas térmicas, ao passo que a atual, possui menor participação das hidrelétricas, de 68%, e maior das térmicas, de 28%.

A recente opção do governo de construir hidrelétricas a fio d'água e incentivar a expansão de energias que possuem mais dificuldades para serem despachadas, como é o caso das usinas eólicas, levanta a discussão da necessidade de se incluir as usinas a gás natural na base do sistema.

Os investimentos em termoeletricidade se intensificaram após o ano 2000, devido a diversas interrupções no fornecimento de energia e aos baixos índices pluviométricos dos anos anteriores, levando ao lançamento do Programa Prioritário Termoelétrico (PT).

O programa tinha o objetivo de aumentar a oferta de energia, através da construção de 48 termoelétricas, e reduzir a dependência das condições hidrológicas desfavoráveis.

A construção de usinas térmicas no país representou um reforço no fornecimento de energia, atuando para aumentar a confiabilidade do sistema, ao serem construídas para atuar na ponta do sistema, servindo como reserva de energia.

No entanto, 75% das térmicas a gás em funcionamento no Brasil são centrais flexíveis com ciclo aberto, adequadas para operar na ponta do sistema elétrico, funcionando como reserva de energia.

Essas térmicas são consideradas vantajosas somente quando usadas na ponta, pois este modelo de contratação permite que só haja gastos com combustíveis fósseis quando o despacho é necessário para manter a segurança do abastecimento.

No caso de se incluir as usinas térmicas a gás definitivamente na base do sistema, as de ciclo combinado, por serem mais inflexíveis, são as mais adequadas. Tais térmicas produzem uma geração constante, devido ao despacho contínuo, com garantia de geração por vários meses do ano, podendo levar a contratos vantajosos com os fornecedores de combustíveis.

O acionamento de térmicas a gás de forma permanente, para garantir a segurança no abastecimento, deveria levar o governo brasileiro a estudar novas formas de contratação desse tipo de usina. Nesse sentido, deveriam ser realizados leilões direcionados e por critério de quantidade e não mais por disponibilidade.

Nos últimos dez anos, a principal preocupação do governo tem sido a modicidade tarifária, em detrimento da segurança no abastecimento. A falta de balanceamento entre esses dois objetivos levou ao não atingimento de ambos. Chegou a hora de colocar térmicas a gás de ciclo combinado na base do sistema e com isso afastar o cenário de desabastecimento.

Obama e o fim da exportação de empregos - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 14/02

No discurso de Estado da União, feito na terça-feira passada - e que marcou o início de seu segundo mandato - o presidente Barak Obama deu um recado claro para quem ainda vê os Estados Unidos como uma economia que abdicou da indústria e se voltou de corpo e alma para os serviços.

Obama disse que seu país quer, sim, ampliar a oferta de vagas na indústria e que ficou para trás o tempo "de uma economia enfraquecida pela transferência de empregos para o exterior".

As empresas americanas, nos últimos anos, foram protagonistas de um movimento que parecia não ter volta. Uma parte importante da manufatura do país foi transferida para o exterior e alguns segmentos foram simplesmente abandonados.

Nos Estados Unidos não se produz, por exemplo, um único aparelho de rádio ou de televisão. Em muitos ramos industriais, as empresas americanas fizeram o movimento de transferir a manufatura para o exterior e conservar em seu território apenas o centro das decisões estratégicas e financeiras.

A novidade é que, de repente, elas estão voltando a produzir em território americano. E, claro, gerando empregos de qualidade nos Estados Unidos.

A venda de automóveis feitos no país (e não apenas modelos de marcas americanas montados no México e em outros lugares) aumentou no ano passado. Pela primeira vez em mais de uma década, o número de trabalhadores contratados pela indústria aumentou em relação ao ano anterior.

O movimento, claro, é interessante e dá uma amostra do quanto a indústria é (e ainda será por muito tempo) uma referência importante de solidez de uma economia. Uma das causas da força da Alemanha em relação às economias enfraquecidas da Europa é o tratamento que Berlin, nas últimas décadas, deu ao emprego industrial.

Enquanto os demais países tentaram garantir a qualidade de vida da população forçando o Estado a gastar mais do que podia, a Alemanha preferiu estimular a produção industrial - garantindo, sempre que necessário para a manutenção da competitividade, condições vantajosas em termos de tarifas e tributos.

O movimento, claro, não deve passar despercebido no Brasil. Nos últimos anos, o emprego industrial tem minguado por aqui - e as medidas que o governo tem tomado para estimular a produção nunca surtem o efeito necessário.

Isso porque, todos sabemos, os custos da contratação de pessoal entre nós são tão intensivos que praticamente minam a capacidade de competição nos ramos industrias mais sofisticados (justamente aqueles que pagam os salários mais elevados e geram os empregos mais sólidos).

A questão é que os empregos perdidos aqui em razão de uma lógica fiscal caduca e de uma realidade tributária que não permite a ninguém fazer planejamento de longo prazo estão sendo criados em outros lugares do mundo. E, o que é pior para nós, em economias muito mais competitivas do que a brasileira.

FORÇA ESTRANHA NO CARNAVAL DO RECIFE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 14/02

O baiano Caetano Veloso foi uma das estrelas do encerramento da folia pernambucana na noite de terça. Contratado pela Prefeitura do Recife, ele escolheu repertório especial. Em plena capital do frevo, cantou músicas de ritmo lento como "Luz do Sol", "Sozinho" e "Leãozinho". Encerrou com "Força Estranha".

Caetano e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) são amigos. O político foi ao enterro da mãe do cantor, dona Canô, em dezembro.

Anunciado como atração do Carnaval do Recife no dia 25 de janeiro, Caetano publicou elogio a Campos dois dias depois em sua coluna no jornal "O Globo" em que falava de filmes e personagens do Estado: "Não posso deixar de pensar em Eduardo Campos e na seriedade da política em Pernambuco". Campos e a primeira-dama, Renata, o visitaram no camarim no dia do show no Recife.

A festa teve ainda apresentações de Elba Ramalho e de Alceu Valença.

AMBIENTE POLUÍDO
Uma das maiores ações de indenização coletiva do país estará em discussão hoje no TST (Tribunal Superior do Trabalho). A Shell e a Basf tentam conciliação para suspender depósito de R$ 1 bilhão ao FAT por danos morais coletivos causados a trabalhadores e moradores de Paulínia (SP) por uma antiga fábrica de praguicidas na década de 70.

ARQUIVO VIVO
A fábrica era da Shell e foi adquirida pela Basf, que acabou condenada solidariamente. A acusação dizia que a produção dos elementos químicos resultou em contaminação do solo e de lençóis freáticos, afetando toda a comunidade. As empresas apresentaram defesa, mas acabaram condenadas em 2010.

MESA-REDONDA
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) procurou Gabriel Chalita (PMDB-SP) para propor um ciclo de debates e prévias para a escolha do candidato do PT, em aliança com o PMDB, ao Senado. Chalita disse a ele que não pretende disputar o cargo.

MESA QUADRADA
A polêmica em torno da candidatura de Suplicy em 2014 divide o PT. Uma parte dos dirigentes acha que o pedido dele, de prévias para a escolha do candidato, deve ser atendido -mas a cúpula, Lula incluído, trabalharia para derrotá-lo. Um outro grupo prefere descartar a consulta. Suplicy seria aclamado desde já candidato, o que afastaria a hipótese de ele trocar o partido pela legenda de Marina Silva.

QUEDA
Até a meia-noite de ontem, a polícia tinha registrado 47 assassinatos no Recife no Carnaval. O número impressiona -mas é o menor desde 1997. No ano passado foram 52 assassinatos; em 2011 foram 53. A contabilidade final será divulgada hoje.

VIDA LONGA
Antônio Fagundes pode sair da novela "Em Nome do Pai", a próxima das nove da TV Globo, antes do final. De acordo com informações repassadas a atores do elenco, ele pode morrer no meio da trama. Susana Vieira, que fará o papel de sua mulher, ficaria então viúva.

NO CENTRO
O Camarote Recife Antigo recebeu celebridades como Rafael Cardoso, a cantora Thais Gulin, Gabriel Braga Nunes com Isabel Mello, Bárbara Borges, Gabriel, O Pensador e Giulia Brito.

CURTO-CIRCUITO
A bandas Autoramas e Columbian Neckties se apresentam hoje, às 23h, no Beco 203. 18 anos.

Fatboy Slim toca hoje no Brooks Bar. 18 anos.

Célia Forte autografa no sábado "Amigas Pero no Mucho" e "Ciranda", na Livraria da Vila, às 16h.

Funk como Le Gusta faz show no Bourbon Street. Às 23h30. 18 anos.

Anelis Assumpção abrirá os shows de Djavan nos dias 15 e 16 de março, no Credicard Hall. 12 anos.

Sem perda de direitos - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 14/02

COM SIMONE IGLESIAS 


O governo montou uma ofensiva para mostrar aos trabalhadores dos portos que eles não perderão direitos com as concessões. Se há alguma margem que gere dúvidas na MP enviada ao Congresso, mudará o texto, fazendo readequações. Por outro lado, não atenderá aos empresários e não fará reserva de mercado: "Estão com medo da competição", resume um ministro.

O que querem, afinal?
Portuários têm se queixado a ministros que seus sindicatos estão atuando alinhados com os empresários. Reclamam especialmente da Força Sindical, comandada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). O Planalto já havia detectado que ela está operando em favor de Daniel Dantas, controlador do Porto de Santos. O governo atua para esvaziar a marcha a Brasília, dia 6 de março, organizada por centrais sindicais, em protesto à MP dos Portos. Amanhã, o ministro Brizola Neto (Trabalho) se reunirá com a direção executiva da Força Sindical para saber contra o que exatamente ela está lutando.

“Falar em impeachment do procurador-geral da República é um acinte à inteligência nacional. Iniciativa afrontosa à ética. Trata-se de inversão de valores” 
Álvaro Dias
Senador (PSDB-PR)

Boca no trombone
Para marcar o Dia da Mulher, a central de atendimento 180 será ampliada para dez países. Hoje, brasileiras vítimas de violência no exterior podem ligar pedindo ajuda de quatro países: Portugal, Espanha, França e Itália.

Tudo sob controle
Inflação em alta, crescimento pouco robusto, política cambial errática. Nada disso tira o ministro Guido Mantega da Fazenda. A presidente Dilma confia no auxiliar e, por ora, não está em seus planos mexer na equipe econômica. A despeito das críticas, a avaliação no Palácio do Planalto é que a vida vai melhorar.

Controle rígido
A presidente Dilma controla tanto os atos de governo que até discursos dos ministros passam pelo seu crivo. Na véspera de eventos oficiais, os textos são mandados para o Planalto e devolvidos com correções e assuntos excluídos.

Favor não fumar
Apoiadores da ex-ministra Marina Silva estão oferecendo hospedagem gratuita aos que viajarem a Brasília, no próximo fim de semana, para o lançamento de seu partido, que deverá se chamar Rede EcoBrasil. Disponibilizam sofás-cama, colchões infláveis e, os que aceitam receber fumantes, especificam que é preciso sair do apartamento para fumar.

Dilma só para baixinhos
A presidente Dilma abriu as portas do Alvorada para filhos e netos de ministros assistirem com ela ao filme Tainá, a Origem. Foram recebidos com pipoca e minipizza. Depois, brincaram de esconde-esconde na residência oficial.

Além das fronteiras
O governo está conversando com Peru e Bolívia, que querem compartilhar o uso dos Vants, aviões não tripulados para fiscalizar fronteiras. O Brasil já recebeu documentos enviados pelo governo Evo Morales sobre uma eventual parceria.

O SITE DA ANAC está desatualizado. Rubens Vieira, flagrado na Operação Porto Seguro, aparece como diretor, sem ressalva que foi afastado em 2012.

Saudade de ideias perigosas - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 14/02

Sinto falta de uma época em que havia livros proibidos, e a leitura ameaçava transformar o mundo


NO MEIO do Carnaval, para decidir meu voto (por correspondência) nas eleições políticas italianas, conversei por telefone com meu irmão, que vive em Milão. A meu ver, em qualquer ocasião, deveria votar só quem vive na sociedade que será modificada pelo resultado da eleição. Como italiano vivendo no Brasil, eu deveria votar no Brasil, e não na Itália.

Seja como for, meu irmão e eu concordamos. Votaríamos para obter resultados parecidos:

1) resistir ao populismo regionalista da "Lega Nord" (que tem um discurso do tipo: mandemos embora os estrangeiros e voltemos a falar dialeto, tudo dará certo se ficarmos entre nós);

2) resistir ao populismo do Movimento Cinque Stelle, cinco estrelas (seu animador, Beppe Grillo, nos faz pensar na Itália das comédias de Lina Wertmüller -o país do qual fugi);

3) apoiar a centro-esquerda (sem nem pensar que o Partito Democratico seja herdeiro do antigo partido comunista, no qual militei -essa lembrança teria semeado a discórdia entre nós);

4) não reprovar o trabalho de saneamento básico feito pelo primeiro ministro Monti;

5) impedir a volta de Berlusconi.

Fato notável, desde os anos 1990, meu irmão e eu conseguimos conversar de política. A razão é simples: nem eu nem ele defendemos mais grandes ideias. Acabou a época de Marx contra Adam Smith, Gramsci contra Luigi Einaudi etc. Estamos prontos para uma democracia em que não se enfrentam projetos de sociedade, só questões concretas, em referendo: você é a favor ou contra o casamento gay? A eutanásia? A pesquisa com células-tronco?

Também nestes dias recebi o e-mail pelo qual Marina Silva convida para um encontro, em Brasília, do qual deve sair um novo "instrumento político" (ninguém quer mais falar em partido, é compreensível).

As palavras finais do convite vão na direção da política concreta que me permite conversar com meu irmão: "Podemos contribuir para recuperar o espaço da política para a prática do bem comum, do serviço, da afirmação dos direitos e deveres da cidadania. Podemos contribuir para democratizar a democracia".

É uma esperança e tanto. E aprovo que a política seja uma arte de pensar o concreto, e não um debate ou conflito de ideias e ideais. Mas não deixo de sentir saudade.

Dei-me conta disso ao assistir ao extraordinário "O Amante da Rainha", de Nikolaj Arcel. Contrariamente a Luiz Felipe Pondé, em sua última coluna, o que me tocou não foi a história de amor, mas a lembrança de uma época em que havia livros proibidos, porque sua leitura ameaçava transformar o mundo.

Rousseau não é meu iluminista preferido, mas, para o bem ou o mal, é um dos pilares do pensamento moderno. Em 2009, um bonito exemplar da primeira edição do "Contrat Social" (Amsterdam, 1762) custou quase US$ 50 mil (R$ 100 mil).

Logo após sua publicação, em vários lugares da Europa, o mesmo exemplar custava infinitamente menos, mas saía mais caro: guardar o livro na estante de casa podia valer uma estadia na prisão, ou coisa pior.

Nas partes do mundo que me são familiares (a Europa e as Américas -sobretudo a do Norte), faz apenas algumas décadas (não mais do que isso) que não há livros cuja posse seja comprometedora -algumas décadas que os governos deixaram de se preocupar com a difusão de opiniões "subversivas".

Nasci na Europa depois do fim do fascismo e do nazismo. Não vivi na América do Sul durante as ditaduras militares. Por sorte, fui só turista na Espanha franquista e no Portugal salazarista -nunca tive que viver lá. Sorte maior ainda, nunca tive que passar mais de duas ou três semanas do outro lado da Cortina de Ferro ou em países comunistas da Ásia ou da América Central.

O mesmo vale para Estados confessionais. Em conclusão, nunca vivi debaixo de governos que temessem a difusão de ideias a ponto de tentar impedi-la à força.

Mesmo assim, desde o começo da modernidade até poucas décadas atrás (até a queda do Muro de Berlim?), os livros eram tratados como armas potencialmente perigosas. Enquanto hoje, no fundo, eles e suas ideias parecem, antes de mais nada, indiferentes. O que aconteceu?

Foucault responderia, provavelmente, que a grande estratégia do poder contemporâneo é a permissividade: se é permitido dizer tudo e qualquer coisa, por que discutir, por que lutar por qualquer ideia? Fale e deixe falar. Não é?

O acordo transatlântico e o Brasil - DIEGO BONOMO

O ESTADO DE S. PAULO - 14/02

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou, em seu discurso à Nação, o lançamento de negociações entre os EUA e a União Europeia para a conclusão de um histórico acordo transatlântico de livre comércio - o Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP). O anúncio é, ao mesmo tempo, político e pragmático. Em matéria de volume de comércio, o TTIP será o maior acordo comercial da história.

De um lado, ao anunciar a iniciativa ambiciosa na área comercial, o presidente toma para si um tema tradicional do Partido Republicano. De outro lado, o anúncio é pragmático, pois Obama reconhece o papel das exportações (e da abertura de mercados) para a retomada do crescimento econômico e da criação de empregos nos EUA.

O TTIP, somado ao acordo transpacífico (TPP) em negociação, será peça-chave para a integração comercial dos dois polos mais dinâmicos do capitalismo global: o Atlântico Norte e o Pacífico, embora sem a China.

Há 20 anos, acreditava-se que o mundo pós- Guerra Fria seria dividido em três blocos comerciais: as Américas, lideradas pelos Estados Unidos; a Europa, o Mediterrâneo e a África, cujo dínamo seria a Alemanha; e o Sudeste Asiático, em torno do Japão.

A"tríade", hoje, pode ser transformada em um "cinturão comercial" (TTIP-TPP), que deixará de fora a África, a Ásia Central, o Oriente Médio, parte da América Latina e, sobretudo, os Brics. Concorrentes entre si, os Brics têm pouca chance de criar alternativa viável.

O TTIP poderá ter dois impactos imediatos para o Brasil - poderá desviar comércio, prejudicando as exportações brasileiras para os Estados Unidos e para a União Europeia, e tem potencial para alterar a dinâmica das negociações na Organização Mundial do Comércio.

Além disso, deverá ser complementado por acordos adicionais, tanto dos Estados Unidos, quanto de outros países, que, inclusive, já se organizam para lançar iniciativas plurilaterais sobre serviços e tecnologias da informação e comunicação sem a participação do Brasil.

Desde 2008, o País não tem estratégia clara de negociações comerciais e a política comercial brasileira permanece amarrada a três mitos: só proteção gera crescimento; a agricultura é ofensiva,mas a indústria não o é; e acordos com países desenvolvidos criam dependência, mas não crescimento e empregos. Como resultado, o Brasil perde terreno comercial até mesmo no Mercosul.

Diante desse cenário, não ter estratégia não é alternativa.O País precisa repensar sua política comercial ou acabará como no ditado: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come!


Pequeno grande Carnaval - ALAN GRIPP

FOLHA DE SP - 14/02

SÃO PAULO - Além do tsunami papal, uma das novidades do reinado de Momo foi o ressurgimento, com vigor surpreendente, dos blocos de rua em São Paulo. Antes restritos a grupos acanhados na semana que antecede os festejos oficiais, os desfiles deste ano arrastaram paulistanos aos milhares nos dias em que a capital parecia fazer jus ao título de "túmulo do samba".

Arrisco-me a dizer que a folia na Pauliceia experimentará um boom em 2014. Não teremos aqui nada parecido com o Rio de Janeiro, Salvador ou Recife, evidentemente. Mas será o suficiente para oferecer uma alternativa àqueles que deixam a cidade em massa rumo aos saturados Carnavais dessas cidades.

Para quem já tem o costume de ficar aqui -e possui algum apreço pelo ziriguidum, naturalmente-, é também uma opção ao cada vez mais tedioso espetáculo de merchandising das escolas de samba.

É bom tratar do tema desde já. Junto com a multiplicação dos blocos, aparecerá um pouco de tudo. De figuras pouco ofensivas, como o "mala do tamborim" -personagem típico que, de posse do instrumento e de umas doses a mais, transforma-se no maior dos ritmistas-, a ameaças bem mais perigosas.

Convém olharmos a experiência do Rio, que, há algum tempo, festeja a retomada do Carnaval à moda antiga. Existe, de fato, o que comemorar. Cariocas e agregados deram uma banana aos desfiles modorrentos da Sapucaí e passaram a promover uma festa lúdica, espontânea e, o que é melhor, gratuita.

O problema é que ela virou refém do próprio sucesso, levando a cidade ao caos e deixando um rastro de sujeira e fedor que multiplica os efeitos da Quarta-Feira de Cinzas.

Conter o gigantismo deve ser um mantra de São Paulo. Centenas de blocos e desfiles monstruosos só servem para alimentar disputas estúpidas por recordes entre cidades. E para dar razão aos que rangem os dentes só de ouvir a palavra Carnaval.

Obama e a “exceção americana” - DEMÉTRIO MAGNOLI

O GLOBO - 14/02

Na sabatina de John Brennan, o indicado de Barack Obama para dirigir a CIA, o Senado dos EUA assistiu a um espetáculo de som e fúria. De um lado, a saraivada de críticas indiscriminadas à política de “assassinatos seletivos” conduzidos por drones não lançou luz sobre um debate vital. De outro, os aliados do governo no Congresso engajaram-se na tentativa de maquiar uma estratégia desastrosa, inspirada pela Doutrina Bush.

O Estado tem o direito de promover execuções extrajudiciais em território estrangeiro? As leis de guerra, que se inscrevem no direito humanitário internacional (IHL), aceitam o extermínio de combatentes inimigos no interior das fronteiras do teatro de batalha. Na sua inerente flexibilidade, elas admitem a morte de civis como um dano colateral, desde que não se comprove uma deliberação de promover massacres. Fora do teatro de batalha, vigoram as leis internacionais de direitos humanos (IHRL), que vetam execuções extrajudiciais em todos os casos, exceto quando o alvo representa ameaça direta e imediata a terceiros. A crítica à política americana de contraterrorismo acusa-a de violar a IHRL; o governo retruca situando os “assassinatos seletivos” na moldura do IHL. Nesse ponto, a razão está com Obama.

Comprovou-se que os ataques de drones têm precisão superior à de bombardeios aéreos convencionais. Os drones não mataram centenas de civis, como reportam jornais distraídos e fanáticos antiamericanos, mas algumas dezenas, ao longo de vários anos. As fontes originais das exageradas estimativas são, invariavelmente, jornais locais das Áreas Tribais Federais do Paquistão, controlados pelo Taleban, e agências de inteligência paquistanesas célebres por seus laços de cooperação com grupos jihadistas da Caxemira. Desgraçadamente, a voz que sustentou tais verdades no Senado americano foi a do sórdido Brennan, uma figura marcada pela colaboração tácita com as práticas de tortura empregadas sob George W. Bush na “guerra ao terror”.

A União Americana pelos Direitos Civis (Aclu) arguiu nos tribunais que os “assassinatos seletivos” poderiam ser conduzidos no Afeganistão, ao abrigo do IHL, mas nunca no Paquistão, no Iêmen ou em outros territórios exteriores ao teatro de batalha. No caso das organizações do “terror global”, o argumento da limitação geográfica da aplicação do IHL não é apenas errado, mas politicamente intolerável. A finalidade principal das leis de guerra é proteger a população civil nas áreas de conflito. Se triunfasse a tese da Aclu, as leis de guerra seriam convertidas em ferramenta de proteção do “exército do terror”, pois todos os países fora do Afeganistão ganhariam o estatuto de santuários para os combatentes ilegais da Al-Qaeda, que não se subordinam ao IHL e atacam deliberadamente alvos civis. Nessa hipótese, os chefes jihadistas teriam o privilégio extraordinário de decidir unilateralmente sobre a localização dos sucessivos teatros de batalha, que seriam sempre criados por seus próprios atos de terror.

No caso de conflitos transnacionais de novo tipo, como a “guerra ao terror”, as leis de guerra não podem ser circunscritas pelas fronteiras geopolíticas tradicionais: o teatro de batalha move-se junto com o movimento dos atores do conflito. A Doutrina Bush derivou dessa conclusão correta o postulado maximalista de um “teatro de batalha global”. O mesmo postulado conduz o governo Obama a reivindicar uma “exceção americana”: na sua política de contraterrorismo, os EUA teriam o privilégio de ignorar as fronteiras geopolíticas e a soberania das nações.

A noção de “teatro de batalha global” tem implicações aterradoras, que aproximam a humanidade dos domínios da barbárie. Ao seu amparo, drones americanos poderiam exterminar terroristas da Al-Qaeda em Londres ou São Paulo, enquanto drones israelenses matariam militantes do Hezbollah no Líbano e seus similares chineses eliminariam separatistas uigures no Cazaquistão.

A lei de neutralidade, que faz parte das leis de guerra, deveria conduzir Washington a pensar duas vezes antes de postular um “teatro de batalha global”. Ela impõe obrigações tanto aos neutros quanto aos beligerantes. Os neutros não podem dar abrigo a forças de uma das partes beligerantes. Por outro lado, os beligerantes não podem operar militarmente no território dos neutros. O Afeganistão converteu-se, em 2001, em alvo legítimo das ações militares americanas quando rejeitou o ultimato para expulsar a Al-Qaeda de seu território. Mas, ao menos em princípio, o Paquistão, o Iêmen e outros países não são alvos legítimos de incursões de drones.

O cenário no terreno é menos claro do que gostariam os juristas. Em tese, o governo paquistanês é um aliado dos EUA na “guerra ao terror”. Contudo, os jihadistas não são eficazmente assediados pelas forças do Paquistão nas Áreas Tribais Federais. O jogo duplo do Paquistão conferiu legitimidade à ação de comandos americanos que liquidou Osama bin Laden, mas não pode servir como justificativa permanente para ataques de drones não formalmente autorizados pelo país. No Iêmen, na Líbia e em outros lugares, as coisas são ainda mais escandalosas, pois os EUA nem mesmo tentam coordenar tais operações com os governos nacionais.

Obama extraiu as conclusões erradas do triunfo obtido na hora da eliminação de bin Laden. Sua abordagem da “guerra ao terror” estabelece precedentes assustadores. A caça aos jihadistas, inclusive com o uso de drones em operações letais, demanda a cooperação internacional. Mas Washington continua a rejeitar o quadro multilateral do Conselho de Segurança da ONU para configurar um teatro de batalha global legítimo. Diante da crise aberta na sabatina de Brennan, congressistas americanos formularam a ideia de uma corte revisora das listas de alvos dos “assassinatos seletivos”. É apenas uma forma de retocar a maquiagem da intolerável “exceção americana”.

Lavagem de dinheiro - RICARDO CAMARGO LIMA


O ESTADO DE S. PAULO - 14/02

Com a edição da nova lei de lavagem de dinheiro e o julgamento do mensalão, duas questões têm vindo à tona nas discussões dos homens de negócios. A primeira consiste em saber se o advogado está ou não inserido no rol das pessoas que têm a obrigação de comunicar operações que resultem na possível prática do crime de lavagem de dinheiro por seus clientes. A segunda, se em razão da hierarquia das corporações os administradores são automaticamente responsáveis criminais pelas condutas ilícitas de seus subordinados.

Nos últimos dias, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) editou resolução dispondo ser a obrigatoriedade da comunicação às autoridades apenas dos profissionais não submetidos a regulamentação de órgão próprio regulador. A notícia veio a reforçar o que já se defendia:o advogado não pode, em nenhuma hipótese, ser obrigado a delatar os seus clientes. Tanto é assim que,em outubro último, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu entrar com ação direta de inconstitucionalidade contra a nova lei, como intuito de obter a declaração do Supremo Tribunal Federal (STF) da não obrigatoriedade de comunicação às autoridades, no caso de o advogado saber ou suspeitar da prática do branqueamento de capitais por seus clientes. Com a resolução do Coaf, a posição da OAB ganhou força,uma vez que aquele órgão é diretamente interessado na apuração do crime de lavagem de dinheiro.

A questão continua controversa. Há quem entenda não ter o advogado,antes da propositura de uma ação penal, as mesmas garantias de sigilo que possui durante o processo. Essa proteção, portanto, não atingiria a fase das consultas.

No entanto, os direitos à presunção da inocência, à não autoincriminação, à ampla defesa são inerentes à pessoa humana. Mas somente se concretizam por meio do trabalho do advogado e das garantias que este tem de exercê-lo livremente. É o advogado quem está na linha de frente do combate ao poder estatal, com vista a garantir a efetivação dos direitos de seus clientes. É razoável, portanto, que as pessoas possam ao menos consultá- lo sem correr o risco de ver seus segredos comunicados às autoridades.

Por outro lado, entender que os advogados estão obrigados a denunciar seus clientes é submetê- los à violação de seu sigilo profissional, intrínseco à natureza do seu ofício.

A nova lei de lavagem deve ser analisada no contexto do ordenamento jurídico existente,que é de natureza democrática e abraça os direitos humanos. A lei máxima do País é a Constituição da República, garantidora do sigilo profissional do advogado. Abaixo dela vem a Convenção Americana de Direitos Humanos, que veda a autoincriminação, e, por fim, o Estatuto da Advocacia, lei federal da mesma estatura da lei de lavagem, só que com uma diferença fundamental: aquela é lei especial e, portanto, prevalece sobre esta, garantindo também o sigilo.

Por causa disso, a restrição do sigilo do advogado somente para a atuação processual,e não mais para a atividade de consultoria, não se justifica, por ser inconstitucional e ilegal.

A consulta, por vezes, antecede a atuação do profissional no processo. Como garantir, então, o direito de defesa e à não autoincriminação se o advogado não puder guardar o segredo de quem vem com eles e consultar? Instala-se aí um verdadeiro paradoxo.

Passa a haver clara ruptura na relação de confiança entre quem procura um defensor e este, a qual se presta unicamente a fortalecer o Estado de polícia almejado por aqueles que desrespeitam os direitos fundamentais da pessoa humana, sob o argumento do combate ao terrorismo e à criminalidade organizada. Seria um contrassenso exigir dos advogados que denunciassem seus clientes antes do processo e acreditar que estes permitiriam ser defendidos por seus alcaguetes...

A tentativa de enfraquecer os direitos dos cidadãos ante o Estado por meio da restrição da atividade dos advogados vem se acentuando como tendência nos últimos tempos. Entretanto, pelas razões expostas,a atividade de consultoria praticada por estes não está inserida no rol da nova lei de lavagem.

Por outro lado, tratando da responsabilidade penal dos administradores de empresas, é imperioso esclarecer que o indivíduo só pode ser punido se demonstrada a sua culpabilidade. Assim o determina a Constituição ao eleger como garantia fundamental o princípio da presunção da inocência e a necessidade do devido processo legal, amparado pela ampla defesa e pelo contraditório, para a condenação de qualquer pessoa no País. Da mesma forma, o Código Penal explicita que a pessoa que comete um crime será punida na medida de sua responsabilidade sobre ele. Para haver uma condenação, portanto, é fundamental a prova da participação do indivíduo no ato ilícito.

Isso faz com que a mera posição de superioridade hierárquica no seio de uma organização empresarial não seja suficiente para condenar ninguém. Claus Roxin - doutrinador que desenvolveu a teoria do domínio do fato, empregada recentemente pelo STF-afirmou em entrevista que" o mero ter que saber não basta",sendo absolutamente necessária a prova de que o superior efetivamente ordenou a conduta criminosa ao seu subordinado, sobre ela teve controle e sem a sua atuação o fato não teria ocorrido.

Mas isso ainda será objeto de muita discussão judicial.Até porque, ao se valer dessa teoria, o Supremo Tribunal pode ter-se equivocado,utilizando-se da responsabilização objetiva, absolutamente proibida na esfera penal pelo ordenamento jurídico.

Espera-se, por fim, que a Corte máxima do País julgue as questões suscitadas com fundamento nos direitos e garantias individuais, resguardando a integridade pessoal, patrimonial e profissional dos advogados e o direito fundamental do cidadão à ampla defesa, para preservar o Estado de Direito.

Ô abre alas - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 14/02


O PSB começa a montar palanques estaduais para dar suporte à possível candidatura presidencial de Eduardo Campos em 2014. Inicialmente candidato ao Senado, o líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque, pode concorrer ao governo do Rio Grande do Sul. "O projeto nacional se sobrepõe aos locais. A candidatura do Eduardo já botou o bloco na rua", diz. Além dos seis governadores que tentarão a reeleição, o PSB estima ter o mesmo número de candidatos viáveis.

Petit comité Campos promove reuniões periódicas em Recife e Brasília com Albuquerque, Rodrigo Rollemberg (DF), líder no Senado, Carlos Siqueira (MA), secretário-geral da sigla, e Roberto Amaral, vice-presidente. A ideia é ajustar o mapa eleitoral socialista às pretensões do governador em 2014.

Cartilha O PT prepara série de livros de bolso temáticos alusivos aos dez anos do partido à frente do governo federal. A ideia é reforçar comparações de indicadores com as gestões de FHC.

Do sonho... O manifesto da "Rede", novo partido de Marina Silva, tem capítulo voltado à "democratização do sistema de comunicação". A minuta do estatuto, a ser aprovada sábado, veda filiação de políticos ficha-suja e prevê um "conselho político cidadão" para fazer o "controle social'' das decisões.

... à prática Sonháticos que tiverem cargo de confiança darão contribuição obrigatória, além de taxa simbólica pela "carteira nacional do militante". O dízimo oscilará de 1% a 5% do salário líquido, de acordo com o cargo ocupado.

Fumaça branca Dirigentes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) fizeram chegar ao Planalto que, apesar de cinco cardeais brasileiros estarem no páreo, o arcebispo de Milão, dom Angelo Scola, é o favorito para suceder Bento 16, na visão da entidade católica.

Quem avisa... Aloizio Mercadante (Educação) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) sugeriram ontem a Dilma que a reforma ministerial seja "mais abrangente" que a planejada inicialmente. Em reunião com a presidente, defenderam a importância de se atender PDT e PR, além de PMDB e PSD, que já constam na relação de prováveis contemplados.

Estaca zero Após a visita de líderes do PR ao Planalto, auxiliares de Dilma concluíram que persiste o veto do partido à ida do senador Blairo Maggi para um ministério. Como nenhum outro nome foi apresentado, a sigla pode seguir sem representante na Esplanada.

É nosso O PMDB-MG indicou José Lima de Andrade Neto (Petrobras Distribuidora) para assumir a diretoria internacional da Petrobras, vaga desde 2012. Com a definição da eleição da Mesa Diretora da Câmara, a bancada cobra agora do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) a nomeação para o cargo.

Deixa disso 1 O PT trabalha para evitar disputa entre três membros da corrente CNB (Construindo um Novo Brasil) pelo comando de sua seção paulista. Os presidentes Rui Falcão (nacional) e Edinho Silva (estadual) abrirão o debate interno.

Deixa disso 2 Além dos já declarados candidatos Emídio de Souza, ex-prefeito de Osasco, e Vicente Cândido, deputado federal, o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino entrou na corrida, com desfecho em novembro.

Trote? Calouros da Facamp, em Campinas, foram avisados de que terão aulas de macroeconomia com José Serra. O tucano foi convidado por Luiz Gonzaga Belluzzo, fundador da instituição.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio
" Fim do mundo maia; Coreia do Norte lança bomba atômica; papa renuncia. Cumpre-se a Profecia de São Malaquias? Aperte o cinto."
DE CESAR MAIA (DEM-RJ), ex-prefeito e vereador, relacionando episódios recentes à premonição apocalíptica atribuída a um bispo do século 12.

contraponto


O bispo é pop


Na cerimônia de lançamento da Campanha da Fraternidade 2013, ontem, em Brasília, o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Leonardo Ulrich Steiner, conduzia a abertura e cumprimentava autoridades presentes ao lado do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

Ao perceber o número de jornalistas no local bem superior à cobertura de edições anteriores, dom Leonardo não se conteve e brincou:

-Que bom ver vocês na campanha! Mas já sei que estão aqui só por causa do papa!

Oração - ELIANE CANTANHÊDE

FOLHA DE SP - 14/02


BRASÍLIA - Impossível discordar de dom Cláudio Hummes quando ele diz que "será difícil [para o novo papa] simplesmente dizer sim àquilo que é proposto pela sociedade ou pelos legisladores hoje em dia".

Arcebispo emérito de São Paulo e um dos cinco brasileiros que votam e podem ser votados no conclave para a escolha do sucessor de Bento 16, dom Cláudio referia-se à extensa lista que separa a Igreja Católica da sociedade contemporânea -e dos fiéis, portanto.

Como temas centrais, a recusa a contraceptivos e camisinhas, casamento gay e a própria homossexualidade, ordenação de mulheres e o debate sobre o celibato dos padres, pesquisas com células-tronco e o aborto até em caso de estupro.

Se é difícil dizer sim, fica cada vez mais arriscado só dizer não. Os ataques especulativos de outras igrejas têm tido enorme sucesso, especialmente em países emergentes, mais jovens, muito populosos e menos letrados. O Brasil, apontado como o maior país católico do mundo, é o melhor exemplo.

Isso se torna ainda mais grave, até constrangedor, quando confrontadas a rigidez da lista de proibições para o público externo, os fiéis, e a elasticidade das concessões para o interno, bispos e padres.

Ao mesmo tempo em que desaprova a homossexualidade e se recusa a discutir o celibato dos padres, o Vaticano faz vistas grossas para as denúncias de pedofilia.

Elas pipocam na igreja em diferentes partes do mundo e mancham o legado de Bento 16. Como escreveu Julia Sweig ontem, com todas as letras, a isso se chama hipocrisia.

O mundo certamente reza, ou torce, por um papa mais jovem, mais arejado, fora do eixo europeu e que, obviamente sem negligenciar a doutrina, seja mais aberto à evolução da ciência e à dinâmica da sociedade e de suas demandas. Fácil não é, mas nada é impossível depois de 2.000 anos de existência e de poder.

A questão das alianças - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 14/02

A candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, à Presidência da República parece a cada dia mais cristalizada no projeto dos socialistas, e agora tratada não mais como objetivo de longo prazo. Caminhamos para uma disputa eleitoral com vários candidatos, e pelo menos dois deles saídos da base governista que está no poder há dez anos: o próprio Campos, a se confirmar sua decisão, e a ex-senadora Marina Silva, por um novo partido a ser formado.

Sendo assim, e a continuar o panorama econômico nada promissor, a reeleição da presidente Dilma Rousseff estará em risco mais pelo sangramento de votos de sua própria base do que pela força da oposição, que continua refém de suas próprias contradições. E são essas contradições que a enfraquecem para uma eventual aliança eleitoral no segundo turno.

Como vem acontecendo desde 2002, depois de ter derrotado duas vezes Lula no primeiro turno, o PSDB é majoritário entre os oposicionistas, levando sempre as eleições para o segundo turno, e terminando a eleição com uma média de 40% dos votos. O problema do partido é não conseguir unir os derrotados para virar o jogo no segundo turno.

Ao contrário, o PT consegue sempre ser apoiado pelos dissidentes, seja por Ciro Gomes, do PPS, e Garotinho, do PSB em 2002, ou por Cristovam Buarque, do PDT, em 2006. Em 2010, a ex-senadora petista Marina Silva teve uma votação espantosa (20% dos votos), mas ficou em cima do muro no segundo turno. Não apoiou Dilma Rousseff, do PT, pois havia saído do governo Lula justamente em protesto contra a política ambiental, mas não teve disposição para o confronto direto, nem durante a campanha, nem no segundo turno.

O PSDB dificilmente consegue ultrapassar a barreira dos 40% dos votos, tendo atingido 44% em 2010 mais devido ao desconhecimento da candidata oficial do que pelo desgaste do PT, que já estava ali presente. Na articulação para o segundo turno está a chave da eleição de 2014, pois em situação normal a presidente terá dificuldades para vencer no primeiro turno, mas tem as melhores condições para fechar acordos no segundo.

A aproximação de Eduardo Campos com o virtual candidato do PSDB (ou seria melhor chamá-lo de candidato virtual?) senador Aécio Neves já foi maior, estando hoje desgastada depois das eleições para as presidências da Câmara e do Senado, quando o maior partido oposicionista não apoiou de fato as candidaturas dissidentes, uma delas do PSB na Câmara.

O fato é que o relacionamento do PSB com o PT nunca foi uma maravilha e revelou pontos da discordância ao longo do tempo, pois a ligação dos dois partidos vem desde a campanha presidencial de 1989, quando Lula foi derrotado por Collor para a Presidência da República. A lealdade do partido de Campos sempre foi mais a Lula que ao PT, e atualmente a discordância vai desde a gestão pública até a política de alianças, que o PSB considera muito pragmática e pouco representativa de um governo que se quer de centro-esquerda.

As maiores críticas são ao PMDB, que detém cada vez maior espaço político dentro do governo. Caso Marina ou Eduardo Campos chegue a um segundo turno contra o PT, será mais fácil viabilizar uma aliança vitoriosa saída da base governista, com o apoio dos partidos hoje na oposição. Mas, se se repetir a hegemonia do PSDB entre o eleitorado de oposição, mais uma vez será difícil vencer a eleição se não houver um grande acordo entre os derrotados do primeiro turno. A possibilidade de uma vitória oposicionista pode fazer com que o eleitorado se volte para uma candidatura mais viável, esvaziando o PSDB.

O senador Aécio Neves é um articulador político eficiente e conseguiu, nas eleições municipais, armar alianças políticas tanto com o PSB quanto com outros partidos da base aliada, e continua costurando possibilidades de acordos com diversos setores de partidos aliados, como o próprio PMDB. Qualquer sinal de fraqueza da candidatura oficial pode ser aproveitado, desde que as candidaturas adversárias tenham mesmo o projeto de tirar o PT do poder.

Saímos do buraco. Para onde? - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 14/02

Brasil não consegue superar obstáculos aos investimentos públicos e privados. Não consegue por escolhas políticas equivocadas



O pior não aconteceu — e nisso estão todos de acordo. Vai daí que a economia mundial engrenou uma marcha de recuperação? Aqui as opiniões se dividem, embora a maioria se incline para o lado otimista, como se viu, aliás, em recente enquete da revista “The Economist”, com votos pela internet. 61% dos votantes responderam “sim” à pergunta: a economia global estará em melhor forma em 2013 do que em 2012?

Nesse ângulo, a resposta cabe também para a economia brasileira e por maioria ainda mais ampla. Quase ninguém acha que este ano pode ser pior do que o anterior.

Grande vantagem, ironizam os pessimistas: nada pode ser pior que 2012, nem aqui e nem lá fora.

Faz sentido. O que leva a outra questão: o sentimento de melhora reflete uma realidade mais favorável ou apenas o alívio de se ter evitado o pior?

De fato, o mundo esteve na corda bamba. Três situações estavam colocadas na categoria “o pior que pode acontecer”: o colapso do euro, a queda dos EUA no abismo fiscal e uma parada súbita na China, com o ingrediente de crise política.

Como sabemos, nada disso se passou, o que explica o alívio. Mas as coisas foram além disso. As chances de ocorrer o pior se reduziram a um mínimo naqueles três casos.

Não se fala mais do fracasso da Zona do Euro, nem na retirada de algum país, nem em eventuais catástrofes na Grécia ou Espanha. (Sim, o governo espanhol pode cair, é verdade, mas por corrupção).

Os movimentos de rua contra os programas de austeridade perderam ímpeto, enquanto governos locais e a liderança europeia ganharam força política porque começam a aparecer os primeiros sinais de saída do fundo do poço.

Foi mais ou menos como o Occupy Wall Street. O pessoal acampou em Nova York, teve imensa repercussão na mídia global, a tradicional, e se espalhou pelas redes sociais. Com o tempo, porém, como não surgisse nenhuma liderança confiável para os outros, nem propostas consistentes, a turma desarmou as barracas e foi para casa, pensando em quem votar.

Esta é a verdade, por mais aborrecida que pareça. As políticas de austeridade mais ou menos ortodoxas estão ganhando a parada. Na Europa, François Hollande sequer conseguiu arranhar a liderança de Angela Merckel, simplesmente porque não apresentou nem uma ideia sobre como turbinar o crescimento em seu próprio país.

Nos EUA, um renovado Obama toma, na teoria, o lado dos progressistas “senso comum”, ao sustentar que o ajuste das contas públicas não pode prejudicar a recuperação do crescimento americano. Mas sabe, e negocia isso com os republicanos, que precisa apresentar um programa de ajuste de médio prazo. Como os republicanos, de seu lado, sabem que perderam a batalha e que não ganharão nada se o país cair no abismo fiscal — uma recessão provocada por uma combinação irracional de corte de gastos e aumento de impostos —, a probabilidade maior é que saia algum entendimento duradouro.

E a China não caiu numa aterrissagem forçada, nem a troca de comando político degenerou em crise — o que foi evitar o pior. Mas, do fim do ano passado para cá, a economia voltou a acelerar, embora em ritmo mais lento.

Tudo bem, admitem os pessimistas, mas acrescentam: nada disso garante que o mundo está iniciando uma nova era de crescimento. Para esse pessoal, o que se conseguiu foi apenas driblar os efeitos mais próximos da grande crise de 2008/09. Mesmo sem turbulência, tal é a tese, a economia global está presa a uma armadilha de baixa expansão por não ter resolvido as grandes questões estruturais.

Tem verdades nessa formulação. Boa parte do mundo enfrenta hoje questões estruturais graves, como — talvez a mais difícil — o financiamento dos gastos crescentes com aposentadorias e saúde. Muitas economias, especialmente na Europa, precisam de reformas variadas, politicamente difíceis, para recuperar a competitividade. E mesmo os EUA, a nação mais dinâmica entre as maduras, enfrenta barreiras naqueles mesmos temas.

Por outro lado, seguindo na vertente pessimista, mesmo os emergentes estariam perdendo o brilho do crescimento acelerado. O Brasil, aqui, é o exemplo mais destacado. Simplesmente não consegue superar os obstáculos aos investimentos públicos e privados. E não consegue por razões internas, por escolhas políticas equivocadas.

Ocorre que outros emergentes estão fazendo opções mais acertadas e, assim, mantendo a força do crescimento. O que sugere uma conclusão entre otimista e pessimista: há uma parte do mundo que vai se saindo bem, outra que se arrasta. É meio óbvio, claro, mas há sempre uma parte dominante. E, no momento, parece que essa dominância está com os países e regiões que vão encontrando as saídas para a crise e para novos momentos de crescimento. E se alguns podem....