sexta-feira, abril 09, 2010

AUGUSTO NUNES

Depois de Getúlio e Juscelino, Dilma tenta colocar Tancredo na mira dos assassinos da verdade


VEJA ON-LINE

9 de abril de 2010

O primeiro alvo dos assassinos da verdade foi Getúlio Vargas, ferido pela versão que o transforma em modelo de Lula. O segundo foi Juscelino Kubitschek, atingido pela fantasia que procura torná-lo parecido com o presidente que não lê nem sabe escrever. A terceira vítima pode ser Tancredo Neves, avisou o palavrório de Dilma Rousseff no cemitério em São João del Rey.  Foi ela a escolhida para a abertura da farsa destinada a inventar afinidades entre o estadista nascido em Minas Gerais e um camelô de comício.
A tarefa é mais complexa que as anteriores. Getúlio e JK não conviveram com a sigla nascida em 1980. Tancredo sofreu durante cinco anos a hostilidade sem pausas de um PT delirantemente oposicionista. A sequência de agressões verbais e gestos insolentes chegou ao climax em 15 de janeiro, quando o PT se recusou a apoiar o candidato do PMDB no Colégio Eleitoral. Entre Tancredo Neves e Paulo Maluf, a companheirada preferiu a abstenção.
Principal advogado da desfeita, Lula não enxergou diferenças entre dois opostos. “São duas faces da mesma moeda”, resumiu o campeão do raciocínio tosco, incapaz de distinguir um mestre da conciliação de um apóstolo do desentendimento, um democrata irretocável de um comerciante de votos, uma biografia de um prontuário. Inconformados com o monumento à insensatez, os deputados petistas Airton Soares, José Eudes e Bete Mendes votaram em Tancredo. Foram sumariamente expulsos.
Se tivesse efetivamente aprendido a admirar o presidente que nunca subiu a rampa do Planalto, Lula trataria de penitenciar-se publicamente, pedir desculpas aos três parlamentares, pedir perdão à família do injuriado e pedir a Deus que reduza o abismo que o separa de Tancredo. Em vez disso,  escalou Dilma Rousseff para a cena inicial do show de cinismo eleitoreiro.
O último dos três vídeos agrupados no link documenta o momento mais assombroso do hino à canastrice. Convidada a explicar por que resolvera depositar uma coroa de flores no túmulo de Tancredo, Dilma tenta pinçar na memória a discurseira que Lula ensinou. A largada claudicante revela que não decorou direito a lição:
─ Ninhum homem público no Brasil, né?, é propiedade privada de nenhum partido, nem… num… é… é… é o fato da gente… é… respeitar o Tancredo Neves, o Tancredo Neves ele foi um brasileiro, eleito presidente da República e, infelizmente, não, não pode governar.
A gagueira diminui no primeiro ponto, mas Dilma derrapa na memória curta:
─ E ele não era propriamente nem do PT nem do PSDB, né? Ele era de outro partido…
As reticências advertem que a candidata esqueceu o nome do outro partido.
─ Era do PMDB ─ sopra-lhe no ouvido o companheiro Fernando Pimentel.
Não há clima para lembrar à especialista em nada que Tancredo só poderia “ser do PSDB” se ressuscitasse três anos depois da morte para filiar-se ao partido fundado em 1988. O silêncio da oradora grita que é complicado demais ouvir e falar ao mesmo tempo.
─ Era do PMDB. Era do Brasil ─ insiste Pimentel.
─ Era do PMDB, né? ─ hesita Dilma já perdendo a paciência.
─ Era do Brasil ─ desespera-se a voz sussurrante.
─ E nós podemos perfeitamente sendo… nós podemos perfeitamente, né?, sê do PT e respeitá o Tancredo Neves ─ acelera Dilma na última curva. ─ Até porque hoje ele é um patrimônio do Brasil. E acho que o presidente Lula, o governo do presidente Lula, na fala que eu… li dele, que ele falava que um país só podia ser grande se seu povo se desenvolvesse, tivesse saúde, tivesse educação e felicidade, acho que o governo do presidente Lula se aproximou muito do que o Tancredo falou nessa… nesse seu discurso.
Era esse o objetivo da visita, todos entenderam. A afilhada sem rumo só queria vincular o padrinho ao presidente que morreu enquanto a democracia ressuscitava, ao avô de Aécio Neves, ao político mineiro que certamente estaria contra Lula e ao lado de José Serra. Dilma fez o que pôde para facilitar o sequestro da memória de Tancredo, que segue em perigo. Mas o prólogo do espetáculo ultrajante foi um fiasco. A bichinha está palanqueira, mas o neurônio continua solitário.

NELSON MOTTA

Patinhas de lobo no apagão postal
O Globo - 09/04/2010
Certas imagens são tão ultrajantes que se perpetuam no imaginário coletivo como símbolos. Ninguém esquece aquele cara dos Correios — como é mesmo o nome dele? — pegando com patinha de lobo um bolinho de 3 mil reais e botando no bolso do paletó.

Era Maurício não sei o que, já me esqueci, e a opinião pública também.

Mas aquela cena ninguém esquece.

Depois da CPI dos Correios, mensalão, sanguessugas, Satyagraha, Boi Barrica, Navalha (por onde andam o Waldomiro, o Zuleido Veras e os Vedoin do Dossiê? Estamos com saudades), o tal Maurício foi demitido e ficou tudo por isto mesmo. Mas quem o mandou para lá continua mandando, e defendendo a eficiência do monopólio estatal.

Na pressão e no sufoco, com o esquemão ameaçado, providências cosméticas foram tomadas, alguns funcionários afastados, mas o aparelhamento e a ineficiência impune continuaram como antes. O resultado está se vendo agora: quase um terço das cartas enviadas é entregue com atraso ou some, provocando grandes prejuízos aos que confiavam neste serviço, que até há alguns anos era considerado eficiente. Hoje, parece o Senado.

Como é um monopólio estatal, ou “do povo”, como dizem os estatistas, o prejudicado é o próprio povo, que não tem nenhuma alternativa e nem a quem cobrar. Quem paga os constrangimentos e os prejuízos dos que perderam prazos e pagaram multas e moras por culpa dos Correios? E os bons pagadores que ficaram inadimplentes? O efeito colateral do aparelhamento e da corrupção é a ineficiência, porque desmoraliza e desestimula os funcionários honestos e eficientes e provoca um processo de deterioração dos serviços. Como ocorre nos Correios.

Perguntem aos que usam serviços privados e competitivos como o Fed Ex ou o DHL se as suas correspondências — no mundo inteiro — chegam atrasadas ou somem? Nunca, porque se não eles se desmoralizam e quebram.

Por que essas empresas conseguem cumprir seus serviços e os Correios — com todas as vantagens do monopólio e os sacos sem fundo das verbas públicas — não? A explicação começa com as inesquecíveis imagens de Maurício e sua patinha de lobo.
NELSON MOTTA é jornalista.

NAS ENTRELINHAS

A Alca cambial de Lula

Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 09/04/2010
 
Nosso neodesenvolvimentismo “neoliberal” renega a substituição de importações. Por que produzir aqui dentro algo que pode ser comprado mais barato lá fora?


 
 
O presidente da República criticou ontem os países que praticam protecionismo enquanto fazem discursos pelo livre comércio. No alvo, os Estados Unidos e a Europa. Luiz Inácio Lula da Silva tem razão no mérito — e também motivo para reclamar.

A continuada proteção dos mercados nacionais pelos países desenvolvidos está na raiz das duas maiores derrotas sofridas por este governo nas relações comerciais planetárias: a não conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a não criação de um mercado mundial do etanol.

Sem falar na frustração com o G20, que, na eclosão da crise em setembro de 2008, apresentou-se para reorganizar o mundo, mas acabou empurrado para a irrelevância.

É tarefa complexa tentar identificar o fio condutor da política de Lula para o comércio internacional. A ideologia segue por uma pista da autoestrada, enquanto a vida real volta pela outra.

O PT travou durante anos sua luta feroz contra a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), proposta pelos Estados Unidos nos anos 80 do século passado. Quando chegou ao governo em 2003, o PT ajudou na prática a enterrá-la.

Os argumentos foram em teoria consistentes. Numa área de livre comércio com os americanos o rumo histórico estaria traçado — e contra os nossos interesses.

Seríamos para sempre produtores e exportadores de matéria-prima, de commodities. Nossa indústria seria moída pela concorrência, a não ser nos ramos intensivos em mão de obra barata. Ou nos mais poluidores e menos socialmente responsáveis.

Onde reside a dificuldade do analista? Onde está a contradição? Quase oito anos depois, Lula vai entregar ao sucessor (ou sucessora) um país constrangido pela “Alca cambial”, pela política de valorização da moeda que nos empurra para a desindustrialização e para a dependência das exportações de commodities.

O real forte, sustentado lá em cima pelo juro estratosférico, faz a alegria momentânea do pobre (pelo preço da comida), da classe média (pelas viagens internacionais e compras lá fora) e de quem precisa, ou prefere, importar. Mas o real forte ajuda também a desenhar um futuro medíocre para o Brasil.

A linha-mestra do argumento é conhecida. Que substituição de importações, que nada! Por que produzir aqui dentro algo que pode ser comprado mais barato lá fora?

Fascinante, esse neodesenvolvimentismo “neoliberal”. Um neo-neo do país da jabuticaba.

E o comportamento do Brasil nas batalhas internacionais reforça o viés manco. Agora mesmo, como reagimos à histórica vitória com o algodão na OMC? Ameaçando retaliar produtos industrializados americanos. Ou seja, se eles forem bonzinhos com as commodities, nós topamos abrir (ou manter aberto) nosso mercado interno de produtos com maior valor agregado.

Quantos discursos Lula já fez em defesa do livre comércio? E quantos ele pronunciou para trazer a legitimidade da palavra de líder à necessária proteção da nossa indústria, dos nossos empregos? Quem fizer a conta vai ter uma surpresa.

É bonito que o Brasil se ofereça para comandar o mundo pobre contra as barreiras protecionistas do mundo rico aos produtos agrícolas. Além de bonito, é justo. É uma forma de combater, por exemplo, a pobreza na África.

Mas certamente a próxima presidenta (ou o próximo presidente) da República vai ter que ajustar a orientação. Se conseguir, claro, superar as imensas barreiras ideológicas e intelectuais erguidas em séculos de colonização política, econômica e mental.

Talvez não seja questão de “se”, mas de “quando”.
Pequeno
— Eu acho pobre neste país é que as pessoas esperam acontecer uma desgraça dessa magnitude para ficar tentando fazer joguinho político pequeno.

A frase é de Lula, ontem, no contexto da tragédia causada pelas chuvas no Rio.

Segundo Lula, é hora de pensar grande. Governos gostam de pensar grande, enquanto a oposição normalmente prefere pensar pequeno.

É bom haver sempre, além do governo, uma oposição.

Para evitar que todo mundo resolva pensar grande a toda hora.

CELSO MING

Vacilação europeia

O Estado de S. Paulo - 09/04/2010

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, tentou ontem injetar mais uma dose de confiança no futuro da Grécia. Mas não obteve lá muito sucesso.

Ele aproveitou a entrevista coletiva que normalmente dá após cada reunião do comitê de juros para dizer que "a quebra (default) da Grécia está fora de cogitação". Mas nem Trichet nem nenhum dirigente europeu conseguem reduzir a aflição geral, porque não respondem a questões básicas.

Nessas condições, o mundo financeiro se comporta como se o calote fosse a hipótese mais provável. Ontem, por exemplo, foi o quinto dia consecutivo de aumento do rendimento (yield) exigido para ficar com títulos da dívida grega. Esse prêmio chegou ontem, nos títulos de 10 anos, a nada menos que 2 pontos porcentuais ao ano acima do que a Alemanha paga por sua dívida. É o mais alto desde 1999. E a Grécia precisa levantar empréstimos de US$ 15,4 bilhões até maio e US$ 24 bilhões até o final do ano.

A insegurança tem muito a ver com a falta de definição com que as autoridades da área do euro, inclusive Trichet, vêm lidando com o problema. Por enquanto, a ajuda não passou de retórica. Os compromissos limitaram-se a garantir que não faltará socorro caso a Grécia não consiga levantar os empréstimos que precisa no mercado. Ainda assim, a salvação virá acoplada à consultoria e fiscalização do Fundo Monetário Internacional (FMI) que, ao longo dos trâmites, as autoridades descartavam por indesejável.

A decisão dos dirigentes europeus foi, assim, empurrar a Grécia para o colo dos banqueiros, entendendo que bastaria a palavra empenhada de que não haverá a suspensão dos pagamentos por Atenas. Antes que isso acontecesse, o Olimpo europeu de Bruxelas e Frankfurt interviria.

Agora se viu que dinheiro não é propriamente o problema. Os bancos sempre estarão dispostos a refinanciar dívida antiga ou a emprestar dinheiro novo para a Grécia. O problema é que um pormenor indevidamente desconsiderado faz toda a diferença. Os juros cobrados aos gregos estão cada vez mais esticados e isso aumenta a dificuldade para honrar a dívida futura. O primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, tem se esforçado para demonstrar que seu plano é econômica e politicamente consistente. Mas anda dizendo que, a esses preços, a dívida se transforma em corda no pescoço.

Ninguém sabe qual é o nível do prêmio da rolagem da dívida cobrado pelos banqueiros, que finalmente amolecerá o coração dos rígidos dirigentes europeus de maneira a reconhecerem que a solução de mercado deixe de ser aceitável. E ninguém sabe, também, a que juros os dirigentes europeus oferecerão ajuda à Grécia para que valha a pena forçar a falta de solução de mercado.

Se tudo se limitasse ao problema da Grécia, não haveria tanta vacilação e apreensão. O fato é que há ainda os problemas dos Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha). E aí estão os candidatos à bola da vez tão logo o caso da Grécia se resolva, já que o mundo da alta renda vive agora uma crise fiscal de amplas proporções.

Para o País, esse drama vem com sinal ambivalente. De um lado, é um termo de comparação para uma avaliação mais adequada do bom momento da economia brasileira. De outro, traz impacto negativo, à medida que, apesar do grau de investimento, os títulos de dívida do Brasil ainda são avaliados com boa dose de risco.
CONFIRA

Sob fogo cerrado
Três itens do custo de vida (IPCA) indicam forte componente de inflação de demanda: artigos de residência (avanço de 1%), vestuário (0,66%) e despesas pessoais (0,77%). Reforçam o argumento do Banco Central de que será necessário aumento dos juros.

E o pacote das exportações?
Mesmo que o governo edite um pacote de apoio às exportações, parece inevitável que ele seja insuficiente. Não há recursos para um superpacote. E isso implica que o governo escolha os setores a serem beneficiados. Qual será o critério?

BONECA DE PANO

BRASIL S/A

Usina de problemas

Antônio Machado
Correio Braziliense - 09/04/2010
 
Desistência das duas maiores empreiteiras engrossa rol de malogros e polêmicas de Belo Monte

O rol de malogros e polêmicas do projeto da hidrelétrica de Belo Monte, cogitado desde a década de 1980 com potência prevista para ser a segunda maior do país depois da usina de Itaipu, cresce sem parar, como a correnteza do Rio Xingu, onde será instalada.

Problemas técnicos e ambientais a cercam como maldição. Boa parte é ficção alimentada por receios de ambientalistas exacerbados. Aos muitos desafios se adicionam agora o de viabilidade econômica, com a desistência das empreiteiras Odebrecht e Camargo Corrêa, as duas maiores do país, de participar do leilão, marcado para o dia 20.

Até a próxima quarta-feira, conforme os termos da licitação, elas poderão voltar. Dificilmente o farão, se as regras de remuneração do investimento forem mantidas. Ambas conhecem a fundo o projeto, já que integravam o consórcio formado pela Eletrobras para avaliar as necessidades ambientais, de engenharia, logística e financeira.

Foi outro revés para o governo, ainda que o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, escalado pelo Ministério de Minas e Energia e pela Casa Civil para minimizar o incidente, argumente que nada vai mudar. Certo mesmo, hoje, há só o consórcio liderado pela empreiteira Andrade Gutierrez, outra das contratadas para modelar o pré-projeto de Belo Monte.

Dos inscritos para a licitação aberta pela estatal Eletronorte, a subsidiária da Eletrobras responsável pela contratação, há outras possibilidades. O grupo Bertin, capitalizado depois que vendeu sua atividade de frigoríficos ao JBS Friboi, seria sensível ao pleito do governo para que liderasse consórcio com outras empreiteiras de menor porte. Tolmasquim descarta a mão do governo na iniciativa.

Em entrevista, disse que ninguém forma grupos por pressão. Pode ser. Mas pressão era o que se fazia sobre a Odebrecht e a Camargo Corrêa para que não desistissem. Em troca, elas ouviram falar de compensações sob a forma de condições financeiras mais atraentes.

A oferta foi considerada vaga, sobretudo porque, ainda sob gestão da então ministra Dilma Rousseff, o governo se recusou a rever os termos do edital de licitação, garantia superior a promessas.

Com tarifa máxima de R$ 83 por megawatt-hora, o custo da obra, já incluídas compensações ambientais impostas pelo Ibama para expedir a licença de construção — e outras que a Justiça provavelmente vai demandar a pedido do Ministério Público —, tem risco potencial de se elevar ao dobro do previsto, passando de R$ 30 bilhões.
De quem é o problema
A questão de Belo Monte é complexa, assim como a de todas as demais hidrelétricas do programa de investimentos do PAC, caso o governo não reconheça que o problema ambiental é da esfera regulatória, ou seja, de sua estrita responsabilidade, ouvido o Congresso. Não das empresas privadas e estatais que conquistam o direito de construí-las e operá-las pelo regime de concessão.

Dois anos atrás o então diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, propusera ao governo apartar da lista de projetos de infraestrutura os realmente prioritários e os incluísse em lei votada pelo Congresso para ficarem livres dos riscos de embargos. Não foi ouvido. Ao contrário: foi até intimado pelo Ministério Público Federal de Belém a se explicar.
Opção polui bem mais
A omissão do governo o leva a começar a perder outra batalha por Belo Monte: a da comunicação. Se não recuperá-la, os governos que vierem depois de Lula encontrarão um clima de conflagração maior.

Em defesa do projeto, Tolmasquim afirmou que o custo do megawatt-hora de Belo Monte é quase metade da energia de termoelétricas, de R$ 145. Deveria ter dito que as térmicas, além de muito mais caras, sendo o ônus repassado à conta do consumidor, são o que há de mais poluente. E que, embora chova a rodo, elas têm sido acionadas para compensar a menor carga despachada de Itaipu desde o apagão do ano passado, devido à sobrecarga nas linhas de transmissão.
Omissão é eleitoral
O governo parece não saber o que fazer com Belo Monte. Deu à obra selo de prioridade, mas, ansioso em diferenciar Dilma Rousseff do tucano José Serra, quer mostrar que faz melhor que o governo FHC, ao exigir menor taxa de retorno do capital investido. E, ligado à plataforma ecológica da candidata Marina Silva, ignora o conflito aberto com os ambientalistas, associados aos grupos que defendem a causa indígena e social na região. Se Lula, que é tão popular, não compra essa briga, só muito dinheiro convencerá as empreiteiras.
Qual o papel das ONGs
Belo Monte parece enfeixar enigmas que transcendem os da floresta amazônica que a circunda. Um deles é técnico. Para reduzir a área inundada, a potência instalada de 11 mil megawatt/hora só geraria carga efetiva média de 4 mil, ou nada em período de seca do Xingu, segundo relatório da rede Dhesca Brasil, formada por entidades de defesa dos direitos humanos, sociais e ambientais.

É estranho que uma coalizão de ONGs manifeste preocupação com o retorno do dinheiro a ser investido por empresas. Mas a denúncia existe, o Ministério Público a reconhece e pede outra avaliação do Tribunal de Contas da União. Ou se está diante de um equívoco de proporção amazônica ou de lobbies cujas intenções é que precisam ser apuradas. Em qualquer caso, a responsabilidade é do governo.

LUIZ GARCIA

A bancada da ficha suja
O GLOBO - 09/04/10

Senado e Câmara não vivem dias de alto prestígio na opinião pública.

Dispenso-me de enumerar os motivos: este jornal não inclui entre seus leitores emigrantes recémchegados de outro planeta.

Uma adesão sólida e entusiasta a um único projeto de lei poderia mudar esse quadro. É proposta especial: não nasceu de um partido, mas da opinião pública.

E conta com o jamegão de mais de um milhão e meio de eleitores, mobilizados pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). O objetivo e o mecanismo da novidade são simples: pretendese impedir que o Congresso seja usado como refúgio de cidadãos desonestos que respondem a processos na Justiça. Na situação atual, eles são inelegíveis apenas se condenados definitivamente.

Pelo projeto, bastaria a condenação por juiz singular, nos casos de delitos graves, principalmente contra o erário público.

A diferença é importante: na prática, o regime existente privilegia réus endinheirados, com recursos para longas batalhas nos tribunais. Hoje, isso não significa apenas uma forma de escapar da cadeia: a bancada da ficha suja prejudica, apenas por existir, a qualidade do trabalho parlamentar.

Esta semana, PT, PMDB e outros partidos governistas torpedearam um requerimento de tramitação do projeto na Câmara em regime de urgência. Na prática, isso significa que o novo sistema não existirá nas eleições deste ano. E, caso seja aprovada uma emenda da bancada governista, fechando a porta apenas para os condenados em segunda instância, a lei será praticamente inócua.

Como disse um juiz membro do MCCE, tornar a lei mais branda será simplesmente uma manobra para mascarar a impunidade.

Parece óbvio que a Câmara está dividida entre aqueles que desejam melhorar o nível da representação, e os membros da bancada da ficha suja. Como o deputado José Genoíno, que considera a novidade uma manobra para permitir que o Judiciário controle o processo político. Uma acusação tão grave quanto estapafúrdia.

O projeto coloca a bancada da oposição contra a do governo, com poucas exceções. Para deixar tudo bem explicado, seria boa ideia que o presidente Lula e sua candidata dissessem o que pensam a respeito. Não seria intromissão em assunto do Congresso: iniciativas tendo a ver com a qualidade da representação no Legislativo merecem uma tomada de posição de ambos.

Basta terem a coragem de dizer o que pensam.

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

Uma viagem à China de hoje
FOLHA DE SÃO PAULO -  09/04/2010


Ainda bem que a economia brasileira está ligada de forma muito forte ao desenvolvimento chinês

A CABO DE chegar de uma viagem à China. Foram 15 dias conversando com autoridades do governo e visitando algumas fábricas de automóveis e caminhões na região sul do país de Mao. Não foi uma viagem de turista, mas a de um observador da dinâmica econômica desse incrível país.
Uma primeira observação é a de que, mesmo na capital, Pequim, podemos encontrar, lado a lado, a moderna e a velha China. No interior, esse contraste é ainda mais chocante. De um lado, as construções modernas e mesmo futuristas do boom imobiliário dos últimos anos. De outro, os velhos becos com suas casas modestas e empilhadas uma ao lado das outras. Junto aos modernos hotéis, administrados pelas cadeias internacionais mais famosas, podemos encontrar nos bairros mais afastados da milenar capital chinesa ainda os restaurantes populares que vi na minha primeira viagem, em 1984.
Mas, como disse anteriormente, o meu centro de atenção era a moderna economia chinesa e a forma como está organizada hoje. A presença do Estado é dominante. Em conversas com dirigentes de bancos e outras empresas estatais, isso fica muito claro. Todos estão amarrados a prioridades e metas dos Planos Quinquenais herdados da época do comunismo ortodoxo. E o respeito hierárquico ao quadro de dirigentes políticos do país é absoluto.
Mas aprendi também que, embora o Estado seja o controlador das empresas, existe entre elas uma profunda competição por mercados e eficiência, inclusive lucros. E os resultados obtidos na gestão das empresas é um dos mais importantes indicadores para subir na hierarquia do governo.
A geração atual de dirigentes chineses é quase toda formada por engenheiros que administraram com sucesso a implantação da gigantesca usina hidrelétrica de Três Gargantas. Essa característica de meritocracia -não baseada em bônus financeiros mas de poder na esfera política- talvez seja uma das causas mais importantes por trás do sucesso chinês nesta última década.
Por outro lado, percebe-se que o país de referência para a elite chinesa são os Estados Unidos. Um dos dirigentes com quem conversei longamente me perguntou por que a China é obrigada a comprar a soja brasileira de multinacionais americanas.
Procurei explicar as características especiais da relação comercial e financeira dessas empresas com os agricultores brasileiros, mas temo que não tenha sido entendido. E não por culpa do meu excelente tradutor chinês.
Outra surpresa foi encontrar nas empresas visitadas uma preocupação muito forte com a absorção de tecnologia ocidental e uma busca na melhoria de seus produtos. Fica claro que existe uma diferença muito grande na tecnologia usada nos produtos para exportação e para o mercado local. Mas, no longo prazo, o setor industrial vai superar o atraso atual em relação às economias mais avançadas e assumir a liderança em setores de ponta.
Outro motivo de espanto, em reunião com o dirigente de uma enorme fábrica de motores, foi saber que os operários trabalhavam oito horas por dia, 28 dias por mês. Lembrei-me de que, no Brasil, os sindicatos estão tentando aprovar no Congresso uma lei que limita em 40 horas a semana do trabalhador.
Ainda bem que a economia brasileira está ligada de forma muito forte ao desenvolvimento chinês. Essa vai ser uma das fontes mais importantes para nosso crescimento econômico na próxima década. É só ter juízo.

EDITORIAL - O GLOBO

Brasil à deriva no apoio ao Irã
O GLOBO -  09/04/2010


O presidente Barack Obama recepcionará líderes de 47 países na próxima semana, em Washington, para uma reunião sobre segurança nuclear, com três trunfos na mão: a revisão da política nuclear americana, há pouco anunciada, pela qual os Estados Unidos se comprometem a não usar armas atômicas contra países que não as possuam, exceto estados sem lei, como Irã e Coreia do Norte; a assinatura com a Rússia ontem, em Praga, de um pacto para redução em um terço dos arsenais nucleares, apontando para uma nova era de cooperação entre os grandes ex-inimigos da Guerra Fria (a Rússia é a sucessora legal da União Soviética); e, finalmente, a concordância da China em conversar sobre as novas sanções que os EUA e o Ocidente desejam aplicar ao Irã, pela falta de transparência de seu programa nuclear, considerado uma ameaça em escala mundial.

A revisão da política americana feita pelo governo Obama reflete preocupação, não com outras potências nucleares, como Rússia e China, mas com a proliferação: se estados sem lei, no sentido de não confiáveis, como Irã e Coreia do Norte, obtiverem armas atômicas, ainda que rudimentares, muito mais provável se torna a hipótese de que elas caiam em poder de redes terroristas, como a al-Qaeda. Estaria criado o pesadelo do terror nuclear.

Daí a busca de consenso para a imposição de sanções destinadas a interromper o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, uma vez que Teerã rejeita submetê-lo à Agência Internacional de Energia Atômica (em relação à Coreia do Norte, há um trabalho permanente que envolve os EUA, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha).

Nesse contexto, quanto mais cresce a compreensão de que é preciso evitar que o Irã — governado por uma ditadura militar e teocrática com objetivos expansionistas — desenvolva armas nucleares, mais delicada se torna a posição do Brasil. O governo Lula adota uma política externa de protagonismo terceiromundista que, para seus artífices, o “Itamaraty do B”, é a melhor forma de defender os interesses do país. Ela se pauta, estranhamente, pelo apoio a ditaduras — como as de Cuba, Venezuela e Irã — colocando o Brasil em rota de colisão com os EUA e o mundo. O argumento do presidente Lula é que “o Brasil conversa com todos”. O do chanceler Celso Amorim é que não se deve pressionar o Irã porque isso poderá levar a maior radicalização de sua liderança. Imaginese este argumento aplicado a Hitler.

Os EUA aceleram as gestões para que o Conselho de Segurança da ONU aprove o quanto antes novas sanções ao Irã. A China, o maior aliado iraniano, aceita conversar sobre a hipótese, embora não se possa dizer que vá concordar com ela. Sobra o Brasil, que, claro, também aceita conversar, mas insiste em dar o benefício da dúvida ao Irã. Se não houver uma evolução da posição brasileira, o presidente Lula chegará a Teerã em maio, retribuindo visita de Ahmadinejad a Brasília, em novembro, num um dilema infernal: se o Brasil votar na ONU a favor das sanções, desembarcará como persona non grata. Se recorrer à abstenção, desagradará tanto a Ahmadinejad quanto ao Primeiro Mundo. E se, num ato delirante, votar contra as sanções, a diplomacia brasileira terá ficado refém de Teerã.

País tem de ser realista diante de Teerã, para não ser apanhado no contrapé

GILLES LAPOUGE

Obama e a Nova Europa
O ESTADO DE SÃO PAULO -  09/04/2010


Barack Obama e Dmitri Medvedev assinaram em Praga um acordo para substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start).

Ótimo. Esse gesto não vai reduzir muito o fabuloso arsenal das duas potências. Passar de 2.200 ogivas para 1.550 não é motivo para muito regozijo. Isso vale mais como símbolo, vontade de avançar para um mundo pacífico. E confirmar o reaquecimento das relações entre Moscou e Washington.

Mas, além de ir a Praga, Obama aproveitou para lisonjear as potências do lugar. Ele convidou para sua mesa 11 dirigentes do Leste Europeu, aquilo que hoje chamam de "Nova Europa" por contraste com a "Velha Europa". Boa ideia. A Nova Europa está ressentida. Ela acha que foi negligenciada pelo americano.

Entretanto, tanto a Nova Europa como a Velha, haviam acolhido Obama com entusiasmo e o presidente americano no início parecia corresponder a suas atenções. Foi há um ano, em Praga, lugar simbólico, que ele proferiu um discurso muito lírico apelando para um mundo livre de "armas nucleares", discurso que a assinatura do novo Start em Praga pretende prolongar. As desilusões não tardaram.

Em julho, Obama recebeu uma carta feroz assinada por figuras importantes, entre elas o polonês Lech Walesa, uma carta virulenta: "Os países da Europa Central e do Leste Europeu não se sentem no centro da política externa americana." A Casa Branca, assim alertada, consertaria o estrago? Absolutamente.

Pior: em setembro, um telefonema da Casa Branca notificou poloneses e checos o abandono do projeto do escudo antimísseis que George W. Bush havia costurado e o Leste Europeu via como o sinal do engajamento dos americanos na região. O analista político búlgaro Ivan Krastev comentou: "Os 15 minutos de glória mundial da Europa Central terminaram." A Nova Europa está amuada. Há 20 anos, ela se havia "colado" aos Estados Unidos, por exemplo, chegando a apoiar a guerra no Iraque, ao contrário da Velha Europa que, puxada por François Chirac, havia feito corpo mole ou mesmo se recusado a enviar alguma força militar para lá. Obama iria recompensá-la? Absolutamente.

A indiferença de Obama feriu esses 11 países do Leste. Daí o jantar de ontem. Mas a desconfiança prevalece. O mesmo Ivan Krastev perguntou-se: "O encontro com Obama, essa noite, não será um jantar de adeus?" Na verdade, as questões que se colocam na Nova Europa são hoje questões que a Velha Europa se coloca há meses. Mesma desilusão! Se os europeus tivessem podido votar nas eleições americanas, Obama teria sido eleito com contagens padrão Stalin. E o que ocorreu em seguida? Obama manifestou apenas um diferença distraída pela Europa.

É preciso abrir os olhos: Obama se interessa bastante por Oriente Médio, Ásia, Japão, África, Rússia, mas muito pouco pela Europa. Aliás, ele não a compreende. Ela não faz parte da sua cultura.

E ademais, ela tem regras muito confusas: que continente é esse reunido nessa União Europeia que está cada vez mais confusa, indecisa, e na qual cada país detesta todos seus vizinhos? A Nova Europa engana-se quando se considera a "mal-amada" de Obama. Na verdade, é a totalidade da Europa que não conseguiu seduzir o hóspede da Casa Branca. E não é a construção desigual e já carcomida da União Europeia ou da zona do euro que incitará Obama a retificar seus julgamentos sobre esse continente tão pouco compreensível. 
 TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK

NELSON DE SÁ - TODA MÍDIA

Não mais o cara?
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/10

"Analistas veem sinais de distensão em acordo militar entre Brasil e EUA", postou a BBC Brasil, de Washington. Peter Hakim, do Inter-American Dialogue, diz ser "correção de rumo" após os conflitos sobre Irã e bases na Colômbia. E que o acordo coincide com a distensão também na frente comercial.
Para Adam Isacson, do Center for International Policy, os EUA tentam "reconquistar" o aliado. Confirmado por "fontes do Departamento de Estado", o acordo deve manter a "posição cautelosa do Brasil na relação militar com os EUA" e, segundo Mark Weisbrot, do Center for Economic and Policy Research, não deve sofrer oposição dos vizinhos.

Por outro lado, Christopher Sabatini, da Americas Society, escreveu no Huffington Post contra a "retórica" do Departamento de Estado, ao insistir, por exemplo, na "relação paternal com o Brasil". Argumenta que "não é preciso concordar com ele, mas diplomacia de megafone não é o que fazemos com a Europa Ocidental, e o Brasil está certo de reclamar". 

E a "Foreign Policy" postou a lista dos encontros confirmados de Obama com outros líderes, na cúpula da semana que vem em Washington. Nada de Brasil. O chinês Hu Jintao, o indiano Manmohan Singh e o sul-africano Jacob Zuma, sim. Lula, "parece", não.


LATINOS E A CHINA
Mauricio Cárdenas, da instituição Brookings, de Washington, alertou para a dependência latino-americana da China, em evento do Fórum Econômico Mundial coberto pelo "Financial Times". Citou a "relutância" na crítica à manipulação do yuan como indício da "vulnerabilidade" e lembrou que a Argentina reagiu ao dumping chinês e sofreu retaliação. Sugeriu seguir "o exemplo do Brasil, que criou um mercado interno muito mais forte, reduzindo a pobreza e aumentando a classe média".
Mas o ministro das finanças da Colômbia, também no evento, destacou que seu país só não repete o crescimento de "Chile, Peru e Brasil" por ter um "nível muito baixo de integração com a Ásia". E culpou os EUA.



Na "Economist", o yuan no centro do redemoinho
EUA E O YUAN
O "New York Times" deu a manchete on-line "China parece prestes a tornar sua taxa cambial mais flexível", como cobram os EUA. Cita como fontes "pessoas com conhecimento do consenso que emerge em Pequim".
De sua parte, o estatal "China Daily" postou que a visita do secretário do Tesouro americano a Pequim "sugere que os países estão perto de resolver o conflito".

BRASIL E O YUAN
A nova "Economist" saúda o primeiro passo dado pelo secretário Timothy Geithner -que adiou uma retaliação e abriu caminho para Pequim adotar a flexibilização cambial aos poucos, negociada no G20. Para a revista, países mais afetados que os EUA, "como Índia e Brasil", hoje "calados", devem pressionar a China nas discussões do G20, agora focadas no yuan, como propôs Washington.


HU JINTAO VEM AÍ
O site do "Wall Street Journal" e a agência estatal Xinhua noticiaram entrevista da chancelaria chinesa sobre a viagem do presidente Hu Jintao ao Brasil, para a cúpula dos Brics, e também Venezuela e Chile.
O "WSJ" sublinha que o vice-chanceler "omitiu qualquer comentário sobre abordar o dólar como moeda de reserva", na cúpula, e até falou que os Brics não visam a "qualquer confronto com terceiros países". Já a agência ressalta as relações comerciais e o "bom momento" na cooperação com Brasil e Venezuela.


O BEIJO DA MORTE?
ft.com
No alto da home do "Financial Times", com a foto acima, "Petróleo pode dar o beijo da morte na recuperação". O preço foi a US$ 87 o barril, "o maior desde outubro de 2008, levantando preocupação de que os três dígitos estão no horizonte". O Goldman Sachs já projeta US$ 110 para o ano que vem, o que "ameaçaria a recuperação global", segundo analistas.


QUANTOS?
Fátima Bernardes e Ana Paula Padrão transmitiram ontem o "Jornal Nacional" e o "Jornal da Record" ao vivo, no mesmo horário, da área do deslizamento em Niterói, no Rio. Na escalada do "JN", "A dúvida que aflige uma nação inteira. "Ai, meu Deus do céu, o que é isso?" "Minha família está toda aqui, cara, toda debaixo do lado de lá." Quantos brasileiros morreram debaixo do lixo?"
cnn.com

"CONGESTIONAMENTO"
Em longa reportagem em vídeo, a CNN contrastou o cotidiano do motoboy Anderson Silva ao do empresário Amilcare Dallevo, da Rede TV!, que se movimenta em São Paulo por helicóptero próprio. O primeiro é descrito como "um soldado que vai para a guerra". O segundo diz que o helicóptero "é uma necessidade, aqui em São Paulo

MERVAL PEREIRA

Com ou sem PT ?
O GLOBO - 09/04/10

A agressividade com que a candidata oficial, Dilma Rousseff, estreou na sua campanha solo, longe dos cuidados do padrinho Lula, demonstra uma ansiedade própria dos que, sem experiência pessoal anterior, querem fazer tudo ao mesmo tempo, colocando a perder o que já têm.

O caso do estímulo a um suposto voto Dilmasia é típico.

Essas traições eleitorais consentidas acontecem quando elas têm a força de um fato consumado, nascem da base para o alto, nunca o contrário.

Na eleição presidencial de 1960, Jango, candidato a vice na chapa do Marechal Henrique Lott, acabou sendo eleito numa dobradinha com Jânio Quadros.

O fenômeno “jangar” tomou conta das ruas, e Jânio, mesmo na oposição a JK, estimulou a chapa popularmente conhecida por Jan-Jan, abandonando seu vice Milton Campos.

Naquela época votava-se no vice separadamente do presidente, ao contrário de hoje — como bem lembrou Aécio Neves —, quando o nome do vice nem aparece na tela da máquina de votar.

Jango já fora eleito vice na eleição anterior, tendo mais votos que Juscelino para presidente. Lula e Aécio são fenômenos eleitorais. O governador mineiro por enquanto circunscrito a Minas; daí o voto Lulécio nas eleições de 2002 e 2006.

Não é o mesmo que acontece com Dilma, que a cada dia marca mais sua presença no cenário político como um apêndice do presidente Lula, sem luz própria.

A semente da discórdia já foi lançada em solo mineiro pela desastrada declaração de Dilma, incentivando a traição no voto Dilmasia que foi rejeitado com polidez mas firmeza pelo governador mineiro, Antonio Anastasia, candidato à reeleição.

E o candidato do PMDB, Hélio Costa, que lidera as pesquisas e enfrenta uma disputa com o PT mineiro, já sugeriu a chapa Serrélio, insinuando uma aproximação com o candidato tucano, que pode vir a se tornar realidade se o PT insistir em ter candidato próprio.

Anastasia, que por sinal é também um neófito em campanhas eleitorais mas parece ser mais cauteloso que Dilma, chamou a atenção para um fato que a candidata oficial parece desconhecer: cada eleição tem suas circunstâncias, e as de hoje não são as da eleição anterior.

Mesmo porque desta vez Aécio Neves está disputando o controle político do estado com o grupo governista, e não lhe basta se eleger para o Senado.

Tem que fazer seu sucessor e preferencialmente ajudar seu partido a eleger o presidente da República, para que possa chegar a Brasília como o grande eleitor de Serra e se impor na aliança governista como o líder inconteste.

Além disso, mesmo que insista no argumento de que ajudará mais o PSDB como candidato ao Senado, até junho pode se convencer de que sua presença na chapa do partido, como vice de Serra, define uma eleição apertada e lhe dará a visibilidade nacional que falta neste momento.

Até junho, apenas três fatos políticos podem mexer com a campanha presidencial antes da propaganda oficial de rádio e televisão: duas, que dependem do PSDB, como o lançamento da candidatura de Serra, que acontecerá amanhã em Brasília, e a escolha de seu vice.

A terceira é a oficialização da retirada da candidatura de Ciro Gomes, do PSB, à Presidência, o que sempre tem aumentado a diferença de Serra para Dilma.

Ao contrário, nada de novo está para acontecer até as convenções de junho a favor de Dilma, que continuará dependente da popularidade de Lula, ou “lulodependente”.

Mesmo a escolha de seu vice não mudará nada se for confirmada a adesão oficial do PMDB, com a indicação do presidente da Câmara, Michel Temer. Mas se a unidade do PMDB se desfizer devido a alianças políticas frágeis, esta será uma notícia negativa para a candidata oficial.

É por essa razão que a situação na corrida presidencial tende a se manter estável, com uma dianteira média do candidato tucano de cinco pontos percentuais, variando de acordo com o instituto de pesquisa e seus métodos.

Uns institutos apertam essa diferença para 3 a 4 pontos, outros a alargam para até 9 ou 10 pontos.

O que parece certo é que até o momento o eleitorado tem se mantido dentro das previsões, com a candidata oficial recebendo cerca de 30% dos votos; o candidato oposicionista, na faixa dos 35%; e outro terço do eleitorado se mantendo indefinido, à espera da campanha propriamente dita, depois da Copa do Mundo.

Isso demonstra também que, mesmo tendo até 80% de avaliação positiva nas pesquisas, o presidente Lula dificilmente transformará sua popularidade em votos para Dilma.

Há uma parte da eleição que só pode ser feita pelo próprio candidato, que tem que convencer o eleitor de que ele é melhor alternativa que seu adversário. Mesmo porque a mesma pessoa que acha bom o governo Lula pode considerar que Dilma não é a pessoa certa para dar continuidade a ele.

É nesse aparente paradoxo que está apostando o candidato tucano, José Serra, que pretende receber o voto de eleitores que, gostando do governo Lula, não são fanáticos a ponto de seguirem cegamente as ordens do líder.

Também Dilma teme essa tática, e tenta evitar que dê certo chamando de “lobo em pelo de cordeiro” o oposicionista que diz que vai continuar o governo Lula.

Assim como Lula prometeu mudar tudo e manteve o essencial, que é a política econômica, agora Serra acena a esse eleitorado ainda não definido com um governo de continuidade mas que mudará o essencial, isto é, não terá o PT.

Dilma tem mostrado, por enquanto, sua faceta mais dura e uma submissão a Lula que pode dar segurança aos seguidores de Lula mais fanáticos, mas também colocar em dúvida eleitores mais independentes.

Serra se apresentará amanhã como um moderado com experiência política e administrativa.

Esse parece ser o ponto decisivo dessa eleição: o eleitor quer experimentar um governo do PT sem Lula como mediador?

MÍRIAM LEITÃO

Erros que matam 

O Globo - 09/04/2010

Certas cenas são haitianas. E é Niterói. O Morro do Bumba é uma espécie de resumo dos erros: era uma encosta, era uma ocupação, era um lixão. Não foi a chuva que matou, foram esses erros somados. A tragédia dos últimos dias no Rio traz tantas lições e confirma tantos alertas que só nos dá dois caminhos: corrigir os desatinos ou assumir de vez a insensatez.

Há cinco anos, a professora Regina Bienenstein, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) esteve no Morro do Bumba para estudar a situação de risco da comunidade.

— Isso já estava anunciado — diz a professora.

Deixar uma comunidade se instalar em cima de um lixão não faz qualquer sentido, explica o engenheiro e consultor ambiental Carlos Raja Gabaglia.

Ele conta que visitou muito aterro sanitário na Alemanha.

Aterro não é lixão.

Aterro exige que se coloque uma manta para proteger o solo da contaminação e outra para recobrir e proteger o meio ambiente. Em cima, pode haver urbanização, jamais construções. E isso porque o terreno cede.

— O processo de decomposição do lixo e a saída do gás metano fazem com que a área fique em movimento, há um rebaixamento natural.

Não é um solo confiável para se instalar uma construção.

Não suporta carga de imóveis — afirma.

No lixão do Bumba, não havia qualquer manta isolante, a população ali vivia exposta aos maiores riscos.

Segundo o professor Julio Cesar Wassermann, coordenador da área de meio ambiente e desenvolvimento sustentável da UFF, a comunidade estava exposta ao metano, que pode causar intoxicação e explosões.

— O lixo orgânico, quando sofre decomposição, forma esse gás explosivo. Mesmo em lixões antigos, o metano continua sendo produzido. O deslizamento liberou o metano.

Já o chorume — líquido tóxico decorrente do lixo — grande parte dele já deve ter se infiltrado no lençol freático — diz o professor.

O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros Militares Ativos e Inativos (Assinap), Miguel Cordeiro, disse que as doenças associadas ao lixão são dengue, leptospirose, infecções intestinais, doenças de pele, verminoses, bronquite, pneumonia, alergias, tifo, hanseníase e até câncer.

Olha só a soma dos absurdos que eles estão revelando.

Aquela população que foi soterrada, vivia sob risco de explosões de gás metano, exposta a doenças, num terreno instável, cujo líquido tóxico já estava contaminando o lençol freático. O deslizamento liberou esse metano para a atmosfera. E tudo já se sabia porque o assunto tinha até sido estudado. O gás metano é o segundo maior responsável pelo efeito estufa.

Ele é 20 vezes mais potente do que o CO2, mas é emitido em volume menor. Aquele lixão adoecia, poluía, punha em risco vidas. A avalanche provocou um desastre humano e ambiental.

Cordeiro nos contou que os aterro sanitários do Rio, Niterói e São Gonçalo são na verdade lixões disfarçados, porque não foi feito o trabalho de impermeabilização.

— No caso do lixão do Bumba, quando ele foi desativado, em 1986, jogaram meio metro de terra em cima para espantar os urubus e deixaram para lá. A população carente foi ocupando o espaço e nenhuma autoridade fez nada durante esse tempo — disse.

Quando desativaram o Bumba abriu-se outro lixão no Morro do Céu, a oito quilômetros do centro de Niterói. A Assinap entrou com ação na Justiça porque o lixo está avançando sobre a Mata Atlântica (vejam fotos no meu blog).

Essa tragédia confirma todos os temores dos ambientalistas.

Eles não estão falando em poesia verde, em proteger uma espécie, ou em um risco que virá daqui a um século. O alerta é concreto. O lixo tem que ser tratado, reciclado, recolhido, separado não por que isso é politicamente correto, mas porque o lixo mata.

Carlos Raja Gabaglia, na grande tempestade de 1966, foi com amigos acudir a população atingida em morros do Rio. Acha hoje que vive a repetição do filme, com um agravante: não vai demorar mais 44 anos para se repetir.

O professor Eneas Salati, da Fundação Brasileira do Desenvolvimento Sustentável, disse que já há mudanças: — Há um aumento do dinamismo atmosférico e isso provoca maiores precipitações, mudanças dos ciclos hidrológicos. A temperatura do mar já subiu nos últimos 30 anos. Os eventos extremos serão mais intensos e mais frequentes daqui pra frente.

O economista Sérgio Besserman, que tem feito estudos com climatologistas sobre a preparação do Rio para as mudanças climáticas, disse que essa conjugação de chuvas intensas com maré cheia vai se repetir.

— E aí fica mais difícil escoar a água. As águas descerão pelas encostas e vão encontrar uma barreira maior. Nós temos um problema pela frente. A solução é produzir conhecimento e aplicá-lo nas políticas públicas — sugere Besserman.

Mas nem conhecimento velho é usado: como o de recolher, separar e tratar o lixo. O país sabe que é necessário.

Uma lei tramita há 19 anos no Congresso estabelecendo regras para o tratamento dos resíduos sólidos.

Mas ainda não foi aprovada. Vivemos tragédias anunciadas. Nisso, nos parecemos com o Haiti.

Com a diferença que os terremotos podem ocorrer ou não, mas as chuvas voltarão todos os anos.

UM PUTEIRO CHAMADO BRASIL

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Devagar é que se avança... 

O Estado de S.Paulo - 09/04/2010 

Nessa vira-volta sobre a usina de Belo Monte, a chance de ela sair do papel só será possível se o processo for adiado. O governo acha que ela vai custar US$ 20 bilhões e os investidores, algo como US$ 35 bi.

Ontem, o segundo consórcio pensava em desistir. E o terceiro, recém-formado, precisa de tempo para esmiuçar o que os outros dois estudam há 10 anos. Pelo que se apurou, Camargo Corrêa e Odebrecht (integrantes do primeiro consórcio, que acaba de desistir), mais a Andrade Gutierrez (líder do segundo) e também a Eletrobrás passaram esse tempo montando o projeto base, que consumiu R$ 150 milhões.

Ou seja, saíram bem na frente.

Devagar 2

E quem são os novatos? O terceiro consórcio é formado pela Galvão (sem a Queiroz), o Bertin (por meio da construtora Contern), Mendes Jr., Cetenco, Serveng e a espanhola Endesa. E, se o leilão for adiado, também os chineses.

Lembrete: Hu Jintao visita o Brasil dia 12 de maio.

Tristes, as águas

Lula suspendeu a festa surpresa que faria para o níver de D. Marisa anteontem.
Motivo: as chuvas no Rio.

Faz ou não faz?

A Fundação Cacique Cobra Coral, instituição que afirma controlar chuvas, justifica o caos carioca. "Nos avisaram do alerta com 24 horas de atraso", diz Osmar Santos. "Milagre" ele diz que não faz...

Ciência ao mar

Carlos Henrique Cruz, da Fapesp, revela que a instituição planeja adquirir um... navio oceanográfico - para pesquisas sobre o mar. O pré-sal entrando na universidade?

Blincadeila

Maurício de Sousa fez parceria com a rede Bourbon.
"Emprestando" à unidade de Foz do Iguaçu a sua turma, para brincar com os hóspedes.

Valia tudo

Regina Duarte recrutando trabalho infantil para vender sanduíche? Reginaldo Faria fazendo barba com torneira aberta? Está tudo no YouTube. Em capítulos de Vale Tudo, de 1988.


Direito de imagem

A disputa entre serristas e dilmistas pelo "espólio" de Tancredo não está agradando aos mineiros. O que se diz, por lá, é que a imagem do presidente eleito de 1985 é "referência histórica" do País. Não de partidos.

Lembram ainda que nem PT nem PSDB têm bases eleitorais sérias no eixo Ouro Preto-São João del Rey, cujos prefeitos são... do PMDB.

Me incluam dentro

A Petrobrás entrou na conversa - que já vai adiantada - entre a Aeronáutica e a prefeitura do Guarujá. Tratam sobre a construção de um aeroporto na base aérea de Santos.
A estatal quer compartilhar o projeto e nele incluir uma base logística para helicópteros.

Vou de carro

Fernando Gabeira dá um tempo nas chuvas do Rio.

Participa domingo, com Marina Silva, do lançamento da campanha de Fabio Feldmann ao governo do Estado, pelo PV.

De vice não se fala, ainda.

Manjedoura

Pelé está negociando com a prefeitura de Três Corações.
Querem reconstruir a casa onde o jogador nasceu. Hoje, o lugar é um terreno vazio.


Na frente


Touré Lobbo, primeira-dama do Mali, visitou o banco de leite do Hospital Leonor Mendes de Barros, na terça. Parteira profissional, ela quer montar um parecido no país africano.

Bete e Marcos Arbaitman recebem hoje para encontro do conselho do Metropolitan Opera. Com apresentação do tenor paraense Atalla Ayan, nos Jardins.

Essa vai fazer Mao revirar-se no túmulo. A China abriga o congresso da Associação Psicanalítica Internacional, fundada por Freud. Brasileiros e argentinos representam 30% da delegação que lá estará em outubro.

Eduardo Paes recebe empresários do mundo inteiro para jantar no Rio, dia 21. O encontro marca a abertura do Painel Internacional de Seleção da Endeavor.

Mais de mil convidados se reúnem no restaurante Leopolldo dia 15. Celebram os dez anos do condomínio Quinta da Baroneza.

A coluna precisa voltar para a escola. O "esqueleto" que o Palácio dos Bandeirantes herdou era da Fundação Francisco Matarazzo, que ali faria uma faculdade - e não da Faculdade Álvares Penteado.

Pergunta que não quer calar? Belo Monte faz parte do PAC 1 ou do PAC 2?

JOSÉ SIMÃO

Socuerro! O Rio descobriu o Cabral!
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/04/10

E o Cabral falou que o problema está nas encostas. Ou seja, descobriu o Brasil!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta! Kate Moss faz topless no Peru! Não é mais nos petchos, agora é no peru? E sabe como se chama topless em Portugal? Tetas ao léu!
E um amigo me disse que sogra é como mandioca: as boas estão embaixo da terra. Rarará!
E o Rio? Cabral descobriu o Brasil e o Rio descobriu o Cabral! E o Cabral falou que o problema está nas encostas. Ou seja, descobriu o Brasil! E área de risco é o Brasil inteiro. E eu não quero fazer humor negro, mas olha essa: Rio Boat Show adiado! E a Arca de Noé é a próxima obra do PAC. Programa de Ampliação das Cheias! E essa eu vou ter que repetir: "Querido Noé, quando a arca estiver pronta, não se esqueça do par de antas". Assinado: Paes e Cabral!
E babado nas eleições indiretas no Detrito Federal. Sabe como se chama o vice do candidato do PT? Cicero Rola. Ueba! Pelo menos um candidato com cabeça! Rarará! Vote em Rola! Esse tem cabeça! Vou mandar uma caravana pra dar força pro Rola. Botar o Rola pra dentro!
E agora preso já pode votar. Então vote Arruda! Rarará! E o meu Partido da Genitália Nacional já está em campanha com duas camisetas. À venda em todos os inferninhos: "Roubei mas não fui eu" e "Peidei mas não sei quem fui". Rarará!
E o Sarney? "Ainda estou com algumas restrições na articulação das palavras." E o Blogdobonitão mostrou ele falando no telefone: "Fernando, tire o dinheiro da Fhina e manda pra Fuiça!". E com aquele astral, o Serra devia criar o vale-cemitério. Se ele ganhar, você já tem onde cair morto. Rarará! E corre na internet o novo slogan da Dilma: "Vote em Dilma! Pra acabar com o Brasil DILMA VEZ". Rarará! Infame!
E um amigo meu tá ligando pro Departamento de Arteriosclerose da USP e só dá memória cheia. Rarará! É mole? É mole, mas sobe! Ou como disse aquele outro: é mole, mas trisca pra ver o que acontece.
Antitucanês Reloaded, a Missão. Continuo com a minha heroica e mesopotâmica campanha Morte ao Tucanês. É que aqui em Sampa tem um sex shop chamado Sex Shop Mea Culpa. Ueba! Freud explica! Mais direto impossível. Viva o antitucanês! Viva o Brasil!
E atenção! Cartilha do Lula. O Orélio do Lula. Mais um verbete pro óbvio lulante. "Teseu": Deus grego do Tesão. Rarará! O lulês é mais fácil que o ingrêis. Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ANCELMO GÓIS

Memórias do cárcere 
O Globo - 09/04/2010

Quarta-feira, a empresária Ângela Gutierrez fez um jantar de 35 mulheres, em sua casa em Belo Horizonte, para receber Dilma Rousseff.

A candidata lembrou um pouco seu tempo de militância política e da tortura que sofreu na prisão em Minas.

No que...

Foi quando a ex-deputada federal Maria Elvira, do PMDB, deu um depoimento: — Meu marido Prata Neto é delegado. Nunca torturou um preso político. Mas com preso comum a conversa era outra.

Ah, bom!

A volta do percevejo Acusado em relatório do TCU de destinar, na época em que foi ministro da Integração de Lula, 64,6% das verbas de combate a desastres à Bahia, onde é candidato, Geddel Vieira Lima é figura notória em Brasília.

Até ganhou o apelido de “percevejo de gabinete” dado por Itamar Franco. É que ele sempre esteve ao lado do poder, inclusive no governo de FH.

Cultura em risco O Ministério da Cultura liberou ontem R$ 2 milhões para que a Biblioteca Nacional se recupere dos estragos causados pela chuva.

A instituição já tinha enviado outros R$ 2 milhões para três museus cariocas (Castro Maya, Casa do Pontal e Museu Naïf).

No mais É como diz um trecho de uma bela canção de Caetano Veloso e Gilberto Gil: “Pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui.”

Pé na tábua Roberto DaMatta, nosso antropólogo autor do clássico “Carnavais, malandros e heróis”, prepara um novo livro.

Vai se chamar “Fé em Deus e pé na tábua”, e tratará do comportamento do brasileiro no trânsito. Sairá pela Rocco.

Balão branco Cineastas do mundo todo programam para o dia 15 agora sessões de filmes de Jafar Panahi, o diretor iraniano preso pelo regime de Ahmadinejad.

No Brasil, haverá exibições no Rio e em São Paulo. No Rio, será no cinema da PUC, organizada por Silvio Tendler, nosso cineasta-professor.

Já...

Em São Paulo, Leon Cakoff, diretor da Mostra de Cinema, coordena a exibição de três filmes de Panahi na sala Unibanco Arteplex Frei Caneca.

Poeta do Twitter William Bonner, o coleguinha do “JN”, resolveu fazer poesia para dar informações do trânsito no Twitter, quarta, às 17h20: “Parado em São Conrado, andando vez em quando. O céu nem tão nublado, o chão quase secando/ Por que a rima agora, na hora da agonia? Não basta essa demora? E ainda má poesia?”.

Não é fofo?

Engenho social O Engenhão, estádio arrendado ao Botafogo, que atravessa problemas por seus altos custos de manutenção, vai conseguir uma nova fonte de renda.

É que a Vale está concluindo acordo para arrendar parte do estádio, usando seu entorno e sua infraestrutura para abrigar projetos de formação de jovens atletas da Fundação Vale.



Aliás...

Pelas contas da mineradora, o Botafogo lhe deve uns R$ 3 milhões.

O débito vem da transação que, em 1993, permitiu ao clube voltar a General Severiano, que fora vendido à Vale em 1976.

Dia que o Rio parou Terça, 6 de abril, ficará na História como o dia no qual o Rio parou por causa do temporal.

Atendendo a apelo do prefeito Eduardo Paes, a população ficou em casa.

Os números...

Pelo Túnel Rebouças passaram neste dia cerca de 4 mil veículos, contra 45 mil na terça anterior, dia 30.

Na Linha Amarela, foram 23 mil carros contra 56 mil uma semana antes.

Fora da lei A Alerj descobriu que os carros dos deputados estavam usando gasolina adulterada.

Já trocou de fornecedor.

Ah, bom (de novo)!

Acorda, Jorge! Surgiu em Niterói um movimento batizado de “Acorda, prefeito Jorge Roberto!” Eu apoio.

O MUSEU NACIONAL/UFRJ, da Quinta da Boa Vista, resolveu restaurar as 30 estátuas em estilo neoclássico (em mármore) que figuram em sua fachada há quase duzentos anos. Com cerca de 1,20m de altura, elas representam temas variados, como as estações do ano e símbolos mitológicos, como a Diana caçadora e Minerva, a deusa da sabedoria. Os trabalhos começaram em 2009 e, já no fim do ano, especialistas italianos (os mesmos que trabalham nas obras do Teatro Municipal) visitaram o museu e fizeram uma primeira avaliação das peças. A ideia é que até o fim do ano as estátuas — entre elas, as três das fotos acima — estejam recuperadas. Tomara

A O ar amanhã, no “Caldeirão do Huck”, a gravação do quadro “Soletrando” com Luciano Huck e artistas famosos como Lúcio Mauro Filho (de costas), Cláudia Raia e Pedro Cardoso, que aparecem na foto com o apresentador


DORA KRAMER, nossa coleguinha, recebe o chamego do gaiato Marcelo Madureira, no lançamento do livro dela, “O poder pelo avesso”, na Argumento do Leblon
PONTO FINAL

Enquanto Tiger Woods, o astro do esporte que se envolveu num escândalo sexual, jogava um torneio de golfe em Augusta, nos EUA, em sua volta ao esporte, passou um avião com uma faixa, e o recado da foto: “Viciado em sexo? Sim, certo, claro. Eu também!” A coluna apurou que o avião não foi contratado por Romário...