sábado, outubro 16, 2010

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Lula em detalhes
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/10/10


SÃO PAULO - Lula voltou a gravar ontem participações no programa eleitoral de Dilma durante o horário de expediente. Deu, como ele diria, "aquela enforcadinha básica". É um detalhe sem importância? Tudo o que diz respeito a Lula se tornou, de certa forma, "um detalhe", não necessariamente sem importância.
Lula praticamente transformou a Presidência num comitê de campanha. Atropelou a liturgia do cargo e desdenhou a legislação eleitoral repetidas vezes. Anunciou que iria extirpar parte da oposição do país e tratou a imprensa como adversária a ser vencida. Fez troça da (e com a) República pela qual deve zelar.
Se Dilma tivesse vencido a eleição no primeiro turno, a descoberta da traficância da parentada na Casa Civil também teria passado à história como outro "detalhe", vencido pela marcha triunfal do lulismo.
(O êxito de Lula, aliás, eximiu o PT de um exame crítico de suas práticas no poder e serviu para legitimar o vale-tudo no campo ético-político, com exceções de praxe, pois há gente boa e séria no partido).
O fato é que Lula não preservou nem a Presidência nem a sua imagem nesta campanha. Colocou-as antes a serviço da sua candidata.
Foi tanto o entusiasmo (digamos assim) do presidente sobre os palanques na reta final do primeiro turno que ele pode, sim, ser corresponsabilizado pelo revés no dia 3. Pareceu até que a tutela sobre o processo eleitoral havia atingido um ponto de exaustão, como se uma overdose de remédio tivesse envenenado a candidata.
Em parte em função deste diagnóstico, Dilma se viu obrigada a ensaiar seus primeiros passos, o que fez com algum destrambelho no debate. O PT, porém, como uma mãe insegura, hesita entre estimulá-la a andar (coisa que evitou no primeiro turno) e devolvê-la ao colo do pai.
A popularidade de Lula voltou a subir, mostra hoje o Datafolha. Ele atingiu 81% de aprovação. Numa disputa tão acirrada, e diante de um quadro estável, esse é o detalhe da pesquisa que chama a atenção.

DILMA CABEÇA OCA

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A compulsão fala mais alto
EDITORIAL
O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/10/10

Enquanto os condutores da campanha de Dilma Rousseff se perguntam onde foi que erraram, deixando escapar a vitória dada como certa no primeiro turno, e como conter o estreitamento da vantagem da candidata sobre o opositor José Serra nas pesquisas, eis que o presidente Lula reincide no comportamento belicoso que contribuiu para privar a sua afilhada dos votos que poderiam ter encerrado a contenda em 3 de outubro.

Foi um típico efeito bumerangue. Ao investir ferozmente contra a imprensa em três comícios sucessivos no breve período de 5 dias, Lula decerto buscava desqualificar as revelações dos escândalos na Casa Civil chefiada pela mais próxima colaboradora de Dilma, Erenice Guerra.

Diferentemente das notícias sobre as violações do sigilo fiscal de aliados e familiares de Serra, com as quais muitos não conseguiram atinar, essas outras repercutiram junto ao eleitorado.

Mas, em vez de cair no conto lulista de que as denúncias não passavam de calúnias, uma parcela dos eleitores que nas urnas se revelaria significativa entendeu que a virulência do presidente representava uma confissão de culpa, além de indicar uma ameaça potencial à liberdade de informar em um eventual governo Dilma. Na reta final, informado da mudança dos ventos, ele bem que tentou neutralizar a traulitada com uma autocrítica.

"A gente precisa de humildade para não ficar com muita raiva quando escrevem contra", penitenciou-se num comício em Porto Alegre, "e nem com muito ego quando é a favor." Foi muito pouco e muito tarde. Agora, diante de uma nova situação adversa - ou "problemática", como se ouve na ponte entre o Palácio do Planalto e o QG dilmista -, Lula torna a reagir pavlovianamente, atacando a oposição com renovado rancor.

Nessas horas, as suas palavras parecem atender antes a um arraigado sentimento, ou compulsão, do que ao objetivo de promover a sua candidata. Na noite de quinta-feira, num comício na cidade paraense de Ananindeua, em surto de livre-pensar, disse que as acusações a Dilma vêm "de uma parte da elite que fazia as mesmas acusações ao Ulysses (Guimarães), ao Tancredo Neves, às Diretas Já, a mim em 89, a mim em 94, a mim em 98 e 2006". E, virando-se para ela, disparou: "Estão transferindo para você o ódio que acumularam contra mim."

Ao que se saiba, nenhum dos políticos citados foi alguma vez acusado de ser "a favor do aborto" que é o que se passou a dizer de Dilma nos púlpitos, em panfletos e na internet. E ao que se saiba, os acusadores não são "uma parte da elite" - pelo menos não no sentido que Lula dá ao termo. Mas isso é detalhe quando ele dá vazão a si mesmo, quaisquer que sejam as consequências dessas irrupções para a sorte da candidata no tira-teima do próximo dia 31. Por sinal, num evento oficial em Teresina, a lava do ressentimento correu solta.

Também em fase de citar o nome de Deus a três por quatro, afirmou que Ele "fez a vingança que eu queria" contra os senadores piauienses Heráclito Fortes, do DEM, e Mão Santa, do PSC, que votaram contra a prorrogação da CPMF e não se reelegeram. De volta ao passado, atribuiu as suas três derrotas em eleições presidenciais às "mentiras" dos que o temiam. "Diziam que era comunista, porque tinha a barba comprida. Mas Jesus também tinha. Tiradentes também tinha", declarou, como quem se alça a uma esfera superior.

O resto foi repetição: o elogio da falta de estudo ("a arte de governar não se aprende em universidade, senão pegavam um na Academia Brasileira de Letras para ser presidente"), a divisão dos brasileiros entre ricos e pobres ("rico não precisa de governo, quem precisa de governo é pobre") e a alusão oblíqua a Dilma ("a arte de governar é como a arte de ser mãe, cuidar da família, garantir direitos e oportunidades a todos").

Descontados os "acertos de contas" sem os quais aparentemente Lula não consegue passar, é isso o que entende por politizar a campanha - a seu ver, a única estratégia capaz de revitalizar a candidatura que vem fazendo água. Os companheiros querem a sua presença no horário eleitoral como no primeiro turno. Compreende-se: para o bem ou para o mal, Lula é tudo que Dilma tem. Pior sem ele, pois.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

O cisma 
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/10/10

Até onde devem ir os esforços para cortejar líderes religiosos é questão que divide a campanha de Dilma Rousseff. Para uma ala, que tem Antonio Palocci como expoente, a candidata corre o risco de se tornar refém dessa agenda e das demandas pontuais de interlocutores. Pensa da mesma forma a assessora licenciada de Lula Clara Ant, adversária da ideia de Dilma assinar nova carta voltada ao eleitorado evangélico. 
Para outra ala, depois do revés sofrido às vésperas do primeiro turno, é melhor ‘pecar pelo excesso’. Foi o chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, com trânsito na Igreja Católica, quem garantiu aos evangélicos que Dilma endossaria o documento. 
Primeira edição - Em meados de agosto, a campanha petista mandou imprimir o boletim ‘Ao Povo de Deus’, que incluía uma carta na qual a candidata declarava ser do Congresso a prerrogativa de tratar de temas ‘como aborto, formação familiar e uniões estáveis’. 
No lápis - A queda de seis pontos percentuais registrada por Dilma, no novo Datafolha, entre os que dizem não ter religião reforça o argumento daqueles que, na campanha petista, defendem estar mais do que na hora de virar a página. 
Testemunhal - Depoimentos de artistas pró-Dilma começaram a ser postados em sites de apoio à candidata. A ideia é levar alguns deles ao programa de televisão.
Wally - Aliados de Dilma estranharam a ausência no Rio de Janeiro, nesta semana, do governador Sér­gio Cabral (PMDB), que apro­veitou o feriado e foi à Eu­ropa. Além disso, há quem enxergue desmobilização de prefeitos no Estado, no qual Marina Silva (PV) teve um de seus melhores desempenhos. 
Oh, Deus! - Comen­tário de um aliado a respeito da ‘escapada’ de Cabral para Roma: ‘Com a campanha do jeito que está, é possível que ele tenha ido visitar o papa’. 
De volta - Stevam Knezevic, afastado da Casa Civil em meio ao Erenice­gate, reassumiu as funções na Anac, seu órgão de origem, na quarta-feira passada. Quando deixou o Pla­nalto, ele apresentou à agência um atestado médico que o manteve fora do ar por 15 dias. 
Hierarquia - Em seu périplo mineiro pró-Dilma, Alexandre Padilha (Relações Institucionais) foi eclipsado por Walfrido dos Mares Guia (PTB). Dirigentes partidários relatam que, em reuniões da coordenação da campanha, a atitude de subordinação do ministro lembrou o período em que ele era subsecretário de Assuntos Federativos, e o petebista, titular da pasta. 
Duas canoas - Autor da polêmica emenda que daria a Lula a chance de disputar o terceiro mandato, Carlos Willian (PTC-MG) participou anteontem do ato pró-Serra organizado por Aécio Neves em Belo Horizonte. À noite, discursou no jantar de Alexandre Padilha com deputados da base aliada. 
Melhor dizendo - Serra buscou na garganta a saída para gafe que ia cometendo no discurso em BH. Ao saudar Maristela Kubitschek, filha de JK, começou chamando-a de Mara. Interrompeu com uma tosse e se corrigiu. 
Visita à Folha - Denise C. Johnson, presidente da General Motors do Brasil, visitou ontem a Folha, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Marcos Munhoz, diretor de Relações Públicas e Governamentais, Pedro Luiz Dias, diretor de Comunicação Social, e Nelson Silveira, gerente de Comunicação Corporativa. 
Tiroteio
O PSDB parece estar muito seguro. Não aprendeu com FHC, que sentou na cadeira antes da hora e perdeu para o Jânio. 
DO DEPUTADO ANDRÉ VARGAS (PR), secretário de comunicação do PT, lembrando a disputa paulistana em 1985 ao comentar a preocupação, expressada pelo presidente tucano, Sérgio Guerra, com a ‘transição’ Lula-Serra. 
Contraponto
Credenciais 
Ao deixar a sede da OAB, anteontem, Michel Temer foi abordado por jornalistas que lhe perguntaram se a visita havia sido de cunho eleitoral. O peemedebista negou, lembrando a carreira na área do direito e sua ‘longa história’ com a entidade. 
Depois da partida de Temer, e sabendo que ele iria dali para outra visita, desta vez à CNBB, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, brincou com os repórteres: 
- Agora, quando vocês chegarem lá, lembrem de perguntar se ele já foi coroinha... 

SERRA PRESIDENTE

LOURDES SOLA

A política muda de lugar
LOURDES SOLA
 O  Estado de São Paulo - 16/10/10


A transição do primeiro para o segundo turno permite situar melhor um tema explorado por alguns observadores do cenário eleitoral anterior a 3 de outubro: a "despolitização" da campanha para a Presidência. Por trás das diferenças de ênfase quanto ao sentido do termo, tais análises se pautaram por pressupostos que exigem revisão à luz dos resultados das urnas. O que elas tinham em comum? O que mudou?

Todas tinham por pano de fundo a crítica à dominância dos cálculos eleitorais de curto prazo, em detrimento de um horizonte programático propício ao debate em torno dos rumos das políticas públicas. Além disso, a projeção dos "ativos" políticos dos candidatos estaria determinada pelos marqueteiros, subsidiados por pesquisadores. A maioria das críticas foi dirigida, com razão, a uma oposição desidratada pela ação combinada de vários fatores, com destaque para suas dificuldades internas. O foco incidia sobre as dificuldades do principal partido de oposição, o PSDB: a disputa entre os pré-candidatos, a omissão do legado do governo FHC, a forma improvisada como se deu a escolha do vice. Com a exceção do artigo de José Arthur Giannotti no Aliás de 19/9 - que situava a questão em termos de identidades partidárias calcadas em concepções divergentes de Estado e de democracia -, as críticas à despolitização da campanha foram circunscritas ao curto prazo. O aspecto mais intrigante, porém, foi a omissão da candidatura de Marina Silva, não obstante fosse a voz dissonante, pela ênfase em seus compromissos programáticos e no sistema de valores em que estão ancorados.

Em resumo, prevaleceu o universo polarizado entre Dilma e Serra, entre o lulismo oficial e as oposições - projetado na ofensiva plebiscitária do presidente Lula nos últimos anos. Por isso não há como evadir uma questão derivada, ou seja, a despolitização consentida pelas oposições. Esta não se reduz ao poder dos marqueteiros de converter os candidatos num registro passivo do que os seus pesquisadores sugerem ser a "cabeça do eleitor". Ela resulta da desconstrução das identidades partidárias da oposição, pelo lulismo oficial, graças à apropriação dos seus feitos naquilo que é bom, relevante, eficaz aos olhos do eleitor; e à atribuição daquilo que é por ele visto como negativo.

Qualquer balanço dos fatores que explicam a dificuldade de antecipar o segundo turno deve partir de uma tripla constatação, portanto. Primeira: até então, os termos da concorrência eleitoral foram ditados pelo presidente Lula e por sua presença avassaladora na cena nacional. Segunda: seus cálculos políticos falharam, apesar de ancorados no bom desempenho da economia, nos índices de popularidade, no sentimento de bem-estar do eleitorado - e no uso intensivo dos recursos políticos da Presidência e do Estado. Terceira: os enormes recursos de poder acumulados em mãos do governo foram insuficientes para mobilizar parcela relevante do eleitorado - que se move num universo de valores pluralista e alheio (se não hostil) a maniqueísmos.

É contra esse pano de fundo - no qual os valores voltaram a contar sem prejuízo de alta rentabilidade eleitoral - que os efeitos dos "fatos novos" adversos para o governo devem ser situados: as quebras de sigilo, o contorcionismo dos responsáveis pela Receita Federal, os escândalos envolvendo a Casa Civil, os ataques do presidente à imprensa. Essas constatações obrigam a refletir sobre o binômio politização/despolitização, sim, mas à luz de questões de ordem mais geral, ou seja, o lugar dos valores na cabeça do eleitor, o papel das classes médias emergentes e a forma como o bom desempenho da economia incide sobre a política.

Para começar, é necessário explorar melhor o fato de que a despolitização da campanha é um fenômeno derivado da politização do Estado. Com Lula e o lulismo - fenômeno inseparável da vocação hegemônica do PT - a política mudou de lugar. Passou a ser pautada pela incorporação ao Estado dos interesses organizados de todo tipo, empresarias e sindicais, pela criação de associações sob controle do Estado, à margem das estruturas da democracia representativa, combinada aos incentivos à fragmentação partidária. Daí uma primeira consequência: os conflitos de interesses que são inerentes à sociedade civil no sistema capitalista - democrático - foram trazidos para dentro do Estado. Sob esse aspecto, o nome do jogo político é a instabilidade das regras do jogo das quais depende o funcionamento das instituições, estatais ou não. O processo de capitalização da Petrobrás com seus "ires e vires" é um bom exemplo dos custos inseparáveis dessa modalidade de politização.

A campanha de Marina Silva, a veemência com que defendeu seus valores, sem prejuízo de uma alta rentabilidade eleitoral, ilumina um processo de mudança social a ser mapeada por cientistas sociais. A respeito do qual, porém, existe uma certeza, conhecida na literatura, sobre as relações entre economia e política em tempos de vacas gordas. A rápida mobilidade social ascendente criada por um capitalismo dinâmico como o nosso deixa pouco espaço e nenhum tempo para as classes emergentes (e por emergir) serem pautadas pela lógica política do tipo amigo-inimigo. Desse ponto de vista, a política pode estar mudando de lugar, na sociedade, a partir de um novo registro. Em termos microssociais, significa que a recriação de um horizonte de mudança econômica positivo para o eleitor-consumidor pode vir associada a uma determinação menos simplista da política pela economia e/ou pelo tão celebrado "feel good factor". O bom desempenho eleitoral de Marina no Nordeste e entre as classes médias emergentes faz pensar, e exige uma análise ponderada dos fatores extraeconômicos que determinam o comportamento eleitoral entre nós.

PROFESSORA DA USP, DOUTORA PELA UNIVERSIDADE DE OXFORD, PUBLICOU ‘IDEIAS ECONÔMICAS, DECISÕES POLÍTICAS’ (EDUSP) E ‘STATECRAFTING MONETARY AUTHORITY. DEMOCRACY AND FINANCIAL ORDER IN BRAZIL’ (CENTER FOR BRAZILIAN STUDIES, OXFORD)

ANCELMO GÓIS

PERDEU, ARANHA 
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 16/10/10

Não tem para Homem-Aranha, Harry Potter e Titanic. Acredite. Nos últimos 20 anos, no mercado cinematográfico brasileiro, o filme que mais atraiu público em sua primeira semana de exibição foi Tropa de Elite 2.

CONTA OFICIAL 
Até o meio-dia de ontem, quase 3 milhões de brasileiros (2.925.000) já tinham assistido à nova aventura  do capitão Nascimento em 720 salas do País. A corrida ao filme gerou uma receita de R$ 27,7 milhões.

JÁ... 
O segundo lugar ficou com Homem-Aranha 3, que levou, em 2007, em sua primeira semana aqui, 2.736.000 pessoas a um número maior de salas (876). Gerou uma receita de R$ 21,6 milhões.

NEYMAR PEDE PERDÃO 
Neymar, do Santos, pediu perdão ao torcedor brasileiro por suas malcriações, em entrevista à coleguinha Patrícia Poeta, que deve ir ao ar amanhã, no Fantástico, da TV Globo.
Tomara que seja sincero.

DILMA DA VILA 
Martinho da Vila, o sambista filiado ao PCdoB, vai gravar um depoimento a favor de Dilma Rousseff terça agora.

ELE MERECE 
Ronaldo será o grande homenageado da festa do futebol brasileiro, dia 6 de dezembro, no Teatro Municipal, no Rio, promovida pela CBF. 
Não faz muito tempo, o craque e Ricardo Teixeira andaram se bicando.

ALÔ, DILMA! ALÔ, SERRA! 
Quarta agora, o Fórum de ONGs LGBT, composto por 25 organizações, fará um ato na Cinelândia, no Rio, em prol dos direitos da comunidade gay.
Além do manifesto, o pessoal vai fazer uma encenação com tinta vermelha para simbolizar as mortes de homossexuais no País.

É QUE... 
O Fórum estima que, a cada dois dias, um gay seja assassinado no Brasil em virtude de sua orientação sexual.

TELA GRANDE 
Julian Fellowes, ganhador do Oscar pelo roteiro de Assassinato em Gosford Park, aceitou um convite de Rodrigo Teixeira, da RT Features.
Vai assinar o roteiro do filme O Filho da Mãe, de Bernardo Carvalho. O longa começa a ser rodado em 2012. 

AMOR DO REI 
O samba da Beija-Flor para o carnaval 2011, no enredo sobre Roberto Carlos, oferece um lindo refrão (“O beijo na flor é só para dizer/Como é grande o meu amor por você”) e lembra, com delicadeza, um grande amor do Rei: Maria Rita.
É num verso lá no fim: “De todas as Marias vêm as bênçãos lá do céu/Do samba faço oração, poema, emoção!” Não é fofo?

JÁ QUE TÁ... 
Por causa do mau tempo, uns compromissos oficiais de Lula ontem no Paraná foram cancelados. Mas o presidente aproveitou que o AeroLula já estava na pista e voou para São Paulo, onde cumpriu “compromisso privado”.

CÓDIGO DOS EXILADOS 
Remexendo as páginas de um velho livro de receitas, a empresária Leonor Moreira Alves Tasca, filha do saudoso jornalista Márcio Moreira Alves, encontrou um bilhete escrito de próprio punho do pai onde constavam códigos de comunicação dos exilados brasileiros em Paris. Nele, aparece uma relação de nomes autorizados e proibidos, além de desenhos com os seus significados. Entre eles, o desenho de um bondinho que representava “não abrir documentos e arquivos”.

GOSTOSA

PAULO SOTERO

Além da corrupção e do aborto
Paulo Sotero 
O ESTADO DE SÃO PAULO - 16/10/10


Corrupção e aborto continuarão provavelmente a dominar a campanha presidencial e deverão ser fatores determinantes do desfecho da eleição do sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Análises de especialistas sobre os resultados de 3 de outubro e a última pesquisa Datafolha sugerem, no entanto, que os cerca de 11% dos eleitores ainda indecisos ou que pretendem anular seus votos ou deixá-los em branco têm preocupações que vão além da corrupção e do aborto. Esses eleitores vivem nas grandes cidades, pertencem às camadas mais bem educadas da população e valorizam temas relacionados com qualidade de vida e sustentabilidade incluídos na lista de 12 tópicos que Marina Silva desafiou Dilma Rousseff e José Serra a debater.

Com a credibilidade de quem recebeu quase 20% da votação do primeiro turno e manteve aberta a contenda presidencial, a líder verde colocou sobre a mesa questões estratégicas que o Brasil terá de confrontar nos anos à frente se quiser tornar-se um país mais competitivo, próspero e relevante num mundo em rápida transformação: mudanças climáticas, energia e infraestrutura; a proteção dos biomas brasileiros; o fortalecimento da diversidade socioambiental e cultural do País; e o muito que esses temas têm de relevante para a condução da política externa do Brasil num cenário global em que a questão do clima já entrou na pauta da segurança internacional.

Em 2006, o ex-ministro do Meio Ambiente Rubens Ricupero afirmou que o Brasil reúne os ativos necessários para se transformar numa "potência ambiental" se adotar políticas e posturas criativas e inovadoras que valorizem a exploração racional de seus abundantes recursos, em benefício dos brasileiros, da sustentabilidade e da paz internacional. Entre esses ativos estão a maior floresta tropical, uma das maiores reservas de água doce, a maior concentração de biodiversidade do planeta, a melhor matriz energética e a mais bem-sucedida produção industrial de um combustível renovável - o etanol de cana. Em dezembro de 2008, a liderança internacional do Brasil começou a aparecer em Copenhague, nas negociações de uma convenção global sobre a redução das emissões de carbono causadoras das mudanças climáticas.

Internamente, contudo, o País ainda está por resolver as contradições impostas pela abundância e diversidade das fontes de energia a seu dispor. Governantes, líderes empresariais e especialistas do meio acadêmico gostam de alardear a qualidade superior da matriz energética brasileira, com 47% do consumo atendido por fontes renováveis, que se comparam a 7% do mundo industrializado.

Essa conta não inclui, contudo, o impacto futuro das emissões da exploração do pré-sal e das descobertas recentes de grandes reservas de gás natural no interior do País. Quarto maior emissor global de carbono, por causa do desmatamento, o Brasil inevitavelmente aumentará essas emissões no decorrer da década entrante, quando deverá entrar para o clube dos grandes produtores e exportadores de petróleo. A exemplo do pré-sal, o ambicioso plano de construção de várias usinas hidrelétricas na região amazônica, previsto pelo PAC, trará benefícios, mas também custos econômicos e ambientais consideráveis. O mesmo raciocínio vale para a expansão da indústria do etanol, o desenvolvimento de outras fontes renováveis abundantes, como o sol e o vento, e a construção de uma terceira usina nuclear. Caberá ao próximo presidente o desafio de integrar as várias fontes de geração de energia numa estratégia coerente, que preserve as vantagens do sistema dominado por energia renovável que o País construiu ao longo das últimas décadas.

Dilma e Serra podem não ser as pessoas que os brasileiros mais gostariam de ver no Planalto. São, no entanto, os candidatos ideais para debater a qualidade e sustentabilidade do modelo energético, pois representam visões diferentes, se não opostas, sobre o assunto. Como ministra de Minas e Energia, presidente do Conselho de Administração da Petrobrás e chefe do gabinete de Lula, Dilma comandou a execução de um modelo ancorado em megaprojetos, como o pré-sal e a Usina de Belo Monte, no coração da Amazônia. Por essas e outras, Marina desiludiu-se com o Partido dos Trabalhadores e deixou o Ministério do Meio Ambiente de Lula. O complemento desse modelo, na política externa, tem sido a defesa pelo País da prestação de serviços ambientais, pela qual outros países pagariam ao Brasil, pela mitigação dos impactos ambientais negativos desses empreendimentos.

Em contraste, como governador de São Paulo José Serra sancionou regulamentos e leis estaduais que estabeleceram metas de redução de carbono para a indústria e a agricultura paulista e criou um registro voluntário de emissões que aponta para a criação de um mercado de compra e venda de certificados de emissão de carbono. É um caminho que o governo federal rejeitou. Podem esses dois modelos conviver? Qual deles será melhor para o Brasil?

Os céticos dirão que o assunto é complexo demais para mobilizar os eleitores brasileiros, que são, em média, pouco instruídos. Esse argumento é falho, porém, especialmente no quadro da eleição apertada que se avizinha. Os eleitores que decidirão a contenda entre Dilma e Serra não são os menos informados, até porque estes aparentemente já optaram. A briga será pelos votos dos mais esclarecidos, entre os quais estão os 20 milhões que apoiaram Marina. Além da lisura e da transparência, eles valorizam a sustentabilidade.

Outro dado a considerar foi revelado por uma pesquisa sobre atitudes públicas em 22 países, divulgada há três semanas pelo Pew Center for the People and the Press, de Washington. O Brasil, segundo o levantamento, é a nação onde a maior proporção da população - 85% - afirma considerar as mudanças climáticas um tema "muito sério". Isso se compara a 41% na China e 37% nos Estados Unidos.

JORNALISTA, É DIRETOR DO BRAZIL INSTITUTE DO WOODROW WILSON INTERNATIONAL CENTER FOR SCHOLARS

CLÁUDIO HUMBERTO

“É para ter firmeza, olhando cara a cara um para o outro” 
EX-PRESIDENTE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, DESAFIANDO LULA PARA UM DEBATE

EX-GUERRILHEIRA SOCIETY PERDE AÇÃO DE R$ 70 MI 
O Tribunal Superior do Trabalho negou à ex-guerrilheira Ana Cerqueira Cesar Corbisier a reintegração e R$ 70 milhões em supostos salários atrasados da Fundação Padre Anchieta (Rádio e TV Cultura), que ela abandonou há 40 anos para atuar na luta armada pela ALN, a Aliança Libertadora Nacional, de Carlos Marighela. De tradicional família paulista, ela já havia abiscoitado R$ 361,5 mil de “bolsa-ditadura” e pensão vitalícia de R$ 2,7 mil como “anistiada política”.

CLANDESTINA 
Ana participou de dois assaltos a banco e de um homicídio na ditadura. Fugiu para Cuba e viveu em Paris, de onde voltou em 1979. 

FORA DO PRAZO 
A ministra-relatora Maria Cristina Peduzzi, uma das mais admiradas do País, considerou prescrito o processo que se arrasta desde 1998. 

NOME DE BAIRRO 
O caso desgostou a família: o tio-bisavô foi presidente da República, o bisavô, governador e nome de bairro paulistano, Cerqueira Cesar. 

IRONIA 
O pai, Roland Corbisier, foi um conhecido jornalista, deputado federal e autor do livro Reforma ou Revolução, em que condena a luta armada. 

PESQUISA: SERRA GANHOU 10,6 MILHÕES DE VOTOS 
Comparando-se os votos válidos no primeiro turno com a pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, a maioria pró-Dilma Rousseff (PT) é de cerca de 3,1 milhões de votos. Com isso, considerando a pesquisa, ela perdeu cerca de 700 mil votos, enquanto seu adversário José Serra (PSDB), ganhou cerca de 10,6 milhões de votos. “Pelo jeito, isso não é só uma marolinha”, observa Geraldo Melo Filho, que fez os cálculos. 

AVISO PRÉVIO 
O presidente dos Correios, David José de Mattos, já sabe que será demitido do cargo um dia útil após a eleição em segundo turno.

AGORA É COM ELE 
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) terá a tarefa de coordenar o esforço para que os Correios voltem a orgulhar os brasileiros.

METAMORFOSE AMBULANTE 
FHC propôs um debate “cara a cara” com o futuro ex-presidente Lula. Mas antes precisará saber com qual delas o adversário se apresentará. 

OBRA DE SANTA ENGRÁCIA 
Está na mira do Ministério Público Federal a demora da Receita Federal em liberar à CPI da Assembleia Paulista os dados fiscais de dirigentes e empresas da Bancoop, suspeita de desvio de recursos para o PT. A Receita descumpre, desde agosto, a decisão do Supremo. 

ISOLAMENTO 
O tucano José Serra evita Roriz a todo custo. Destacou o vice para a inauguração de um comitê Weslian Roriz-Serra no DF. O vice Índio da Costa “pode ser louco, mas não é burro”, diz um amigo. Não apareceu.

BAIXA TEMPERATURA 
O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) rivaliza com o presidente Lula no quesito “pé-frio”. Desde que foi convidado a integrar a campanha de Dilma, ela só caiu nas pesquisas nacionais. No Nordeste também.

FESTINHA PARA O CHEFE 
O presidente da Infraero, Murilo Barboza, fez aniversário e pressurosos assessores se cotizaram para uma festinha, a R$ 100 cada. Muitos coçaram o bolso e não saía nada. Outros achavam que o sumido Barboza já tinha assumido a chefia de uma obra de estaleiro no Rio.

FRANCO FORA 
O deputado Albano Franco (PSDB-SE), que é muito querido nos meios políticos de Brasília, não conseguiu se eleger senador. Seu adversário, o deputado Eduardo Amorim (PSC-SE) venceu com 625 mil votos.

LULA MANDOU MAL 
Tripudiar dos adversários, sobretudo os que perderam eleição, como Lula fez no Piauí, é uma das formas menos nobres de se fazer política. Identifica o portador de fígado ruim, que se alimenta da vingança servida em prato quente, quando a sabedoria ensina comê-lo frio.

GUERRA AO PLÁGIO 
A OAB vai entrar no combate à cópia ilegal e plágio de trabalhos acadêmicos nas universidades, sobretudo via internet. A proposta, apelidada de “Control C, Control V”, será examinada segunda-feira. 

ÓDIO VENCIDO 
O deputado Felipe Maia (DEM-RN) comemora a vitória de Rosalba Ciarlini (DEM) para o governo, afirmando que os potiguares escrevem “as páginas do futuro”, não um presidente cuja popularidade só é superada “pelo elevado teor de ódio que carrega no coração”.

PENSANDO BEM...
...pelo volume corporal, Dilma nunca mais enfrentará uma saia justa. 

PODER SEM PUDOR
PREFEITO CRUCIFICADO 
História saborosa do folclore político pernambucano relata o dia em que Aredo Soares (PDS), prefeito de Olinda nos anos 70, convidou amigos e todo o secretariado para assistir ao espetáculo da Paixão de Cristo, encenada nas escadarias das igrejas da cidade. Na cena em que o destino de Jesus passa pelas mãos de Pôncio Pilatos, ouviu-se a célebre pergunta:
– A quem queres que eu liberte: o rei dos judeus ou o ladrão Barrabás?
Um gaiato, inimigo do prefeito, gritou no meio da plateia:
– Solta os dois e prende o Aredo!

DILMA CABEÇA OCA

SÁBADO NOS JORNAIS

O Globo: Eleições 2010: Ação contra queda de Dilma junta Lula, Petrobras e MST

Folha de S. Paulo: Dilma mantém a vantagem sobre Serra, diz pesquisa

O Estado de S. Paulo: Em carta a religiosos, Dilma promete manter lei do aborto

Jornal do Brasil: Carioca já não sabe que estátua olhar

Correio Braziliense: Dilma, Serra, Agnelo e Weslian rezam por votos...