“Corrupção não é só questão de caráter, é também de oportunidade”
Valdir Simão, ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU)
CRÍTICO DE DILMA, TARSO GENRO PODE DEIXAR O PT
Petistas dão como certa a saída do ex-governador gaúcho Tarso Genro do PT. Reservadamente, Genro acusa o governo Dilma de trair bandeiras históricas da sigla e cita o pacotão de maldades fiscais como exemplo. O PSOL, partido da filha Luciana Genro, pode ser o paradeiro do ex-ministro de Lula. A lista dos insatisfeitos tem ainda o deputado Paulo Teixeira (SP) e o prefeito Fernando Haddad (SP), poste de Lula.
NÃO É O MESMO
Tarso Genro avalia que o PT “abandonou a política de esquerda”. A rendição de Dilma ao PMDB também não é perdoada pelo ex-ministro.
O PROBLEMA
Dilma é alvo constante de Tarso. Publicamente, diz que o ajuste fiscal é “constrangedor”. Em particular, ele chama o ajuste de “traição”.
TROCA
Petistas ironizam a saída de Tarso propondo troca por Luciana Genro, filha do ex-governador. Alegam que ela tem mais votos que o pai.
SALVE-SE QUEM PUDER
A senadora Marta Suplicy (SP) abriu a porta do desembarque. Andam insatisfeitos os senadores Paulo Paim (RS) e Walter Pinheiro (BA).
DESEMBARGADORES ESTÃO FORA DA PEC DA BENGALA
É bom ficar claro: os desembargadores dos 27 Tribunais de Justiça não foram beneficiados com a “PEC da Bengala”, que amplia para 75 anos a aposentadoria compulsória na magistratura. Ainda. Por enquanto, os beneficiados são os ministros do Supremo Tribunal Federal, Tribunal de Contas da União, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho, Superior Tribunal Militar e Tribunal Superior Eleitoral.
INEVITÁVEL
Esperam-se medidas como mandados de injunção e de segurança para estender a PEC da Bengala às demais carreiras de estado.
EFEITO CASCATA
Ministérios, como o das Relações Exteriores, já realizam estudos sobre o impacto da PEC da Bengala, inevitável na carreira diplomática.
REPRESAMENTO
A PEC da Bengala, que adia a aposentadoria de 70 para 75 anos, deve “represar” carreiras, na Justiça e no Executivo, congelando promoções.
FATOR CUNHA
O vice Michel Temer pediu a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para não pôr em pauta a mudança no fator previdenciário, em medida provisória sobre o pacote fiscal do governo. Cunha se negou a atendê-lo.
BEDELHO NO SENADO
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, está se achando. Resolveu agora interferir na sucessão da presidência do Senado. Diz não aceitar ninguém ligado a Renan Calheiros, como Romero Jucá (RR), ou ao vice Michel Temer. Cunha aposta em Valdir Raupp (PMDB-RO).
MR. SIMPATIA
Em reunião com líderes partidários, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) tentou ser simpático, mas foi ameaçador até ao brincar com o ministro Carlos Gabas (Previdência): “Teu futuro está em jogo...”
PERSONAGEM
O deputado Tiririca (PR-SP) adora misturar o mandato com a profissão de palhaço. Esta semana, ele contava piadas no plenário e posava para fotos, afinal publicadas nas redes sociais. Trabalho, que é bom...
PAPEL DEMAIS
Uma das primeiras licitações do ano, no Planalto, em meio ao escândalo da Lava Jato, foi para comprar fragmentadoras de papel, aquelas maquininhas que destroem documentos. E até provas.
NOTÍVAGO
Enquanto desagrada Dilma com declarações sobre o modelo de partilha do pré-sal, o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) aprecia o almoço no Piantella, em Brasília. O problema é acordar a tempo.
DANDO EXEMPLO
Suspeitando de uso do seu nome pelo PP, Jerônimo Goergen (PP-RS) questiona Aloizio Mercadante, via ofício, se existem nome de indicados dele nomeados no governo. Caso haja, pede a imediata exoneração.
CONTRADIÇÃO
Quando o PTB completa 70 anos de existência, o partido convive com a possibilidade de extinção: andam avançadas as negociações de fusão com o DEM. Ambas as siglas devem sumir.
PENSANDO BEM...
...Dilma poderia aproveitar a reunião sobre corte nos gastos públicos e reduzir à metade ministérios e as boquinhas distribuídas aos aliados.
PODER SEM PUDOR
QUERIDA MARINHA
ACM era governador da Bahia e foi a uma cerimônia, em Salvador, com o comandante do 2º Distrito Naval. Ao final, convidou o almirante ao contato com o povo. Em meio ao corpo a corpo, ACM se vangloriou:
- O senhor viu isso, almirante?
O milico reagiu com naturalidade:
- Nunca pensei que a Marinha fosse tão querida por estas bandas!...
O comandante deixou de ser querido naquelas bandas.
sábado, maio 16, 2015
Dilma, a Petrobrás e o Titicaca - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S.PAULO - 16/05
Em mais um discurso cheio de som e fúria, a presidente Dilma Rousseff prometeu manter dois erros muito custosos da política do petróleo - a exigência de conteúdo nacional nos insumos e equipamentos e a participação da Petrobrás em todas as concessões. Os fãs da presidente podem, portanto, ficar sossegados, pois assim ela parece demonstrar coerência com o que prometeu na campanha pela reeleição. Dilma só descumpriu promessas eleitorais, aceitando um programa de ajuste das contas públicas, por incontornável necessidade. Mas nunca reconheceu a péssima gestão financeira de seu governo e continua atribuindo os males do Brasil a fatores externos. Com a mesma coerência perversa, insiste no equívoco de sobrecarregar a Petrobrás, dificultando o cumprimento de suas missões essenciais como empresa petrolífera e como instrumento da política energética.
Para começar, a estatal nem tem respeitado os índices de nacionalização impostos por lei, como admitiu seu novo presidente, Aldemir Bendine, em depoimento no Senado no fim de abril. Membros da antiga diretoria já haviam reconhecido esse fato, mas o governo jamais cuidou da questão com pragmatismo. Os limites da capacidade técnica e operacional dos fornecedores são só uma parte do problema. Também seria preciso dar atenção aos custos, sempre importantes e ainda mais no caso de uma empresa envolvida na complexa e caríssima exploração do pré-sal. Todo gasto além do necessário pode atrapalhar o plano de investimentos na verdadeira função estratégica da Petrobrás.
A estatal foi convertida em instrumento da política industrial por iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso beneficiou alguns grupos empresariais, mas tem atrapalhado, claramente, a atividade essencial de uma petroleira.
Essa política incluiu a preferência a estaleiros nacionais na compra de navios-tanque e de sondas. Nunca se deveria esquecer a história do navio João Cândido, batizado por Lula e Dilma em maio de 2010 e recolhido imediatamente ao estaleiro, por incapacidade para navegar. O barco só foi para o mar dois anos mais tarde, depois de reparos demorados e custosos. A presidente Dilma Rousseff talvez tivesse na memória esse episódio, quando se referiu, no discurso de quinta-feira, aos problemas encontrados quando um país se dispõe a ser "pioneiro em uma indústria". Mas seria uma bobagem enorme e grotesca falar do Brasil como pioneiro na indústria naval, em 2010 ou agora. Foi temerário comprometer dinheiro público na Sete Brasil, criada para produzir sondas, hoje atolada em dívidas e incapaz de atender às encomendas.
Mas a mãe de todos os equívocos, no caso do conteúdo nacional, foi a confusão entre os objetivos da Petrobrás, com uma complicadíssima agenda de exploração, e as metas de uma política industrial. Foi um caso exemplar de incompetência administrativa. Além de atrapalhar a Petrobrás, também prejudicada pelo controle de preços, o governo foi incapaz de abrir uma nova etapa de desenvolvimento industrial, como prova a estagnação do setor, sem condições de competir e atolado em crise.
Da mesma forma, nada pode justificar a obrigação da Petrobrás de participar de todas as concessões. Não há dinheiro para isso. Esse dado é amplamente conhecido, mas a presidente Dilma Rousseff ainda parece desconhecê-lo.
Sem se comprometer muito, o presidente Aldemir Bendine admitiu a incapacidade da empresa de participar de licitações pelo menos neste ano. Ele seria mais informativo se admitisse a incompatibilidade entre essa obrigação, os interesses da estatal e os objetivos nacionais na área energética. Com mais clareza, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, indicou em depoimento no Senado, em abril, possíveis mudanças na política de conteúdo nacional e no papel da Petrobrás como operadora no pré-sal.
A presidente, no entanto, mais uma vez se mostrou impermeável ao bom senso. Mas, pensando bem, ninguém deveria admirar-se. No mesmo discurso, ela explicou por que a Petrobrás foi premiada em recente evento internacional nos Estados Unidos: por "ter sido capaz de extrair petróleo de uma profundidade extremamente elevada". Profundidade elevada? Talvez no Lago Titicaca.
Em mais um discurso cheio de som e fúria, a presidente Dilma Rousseff prometeu manter dois erros muito custosos da política do petróleo - a exigência de conteúdo nacional nos insumos e equipamentos e a participação da Petrobrás em todas as concessões. Os fãs da presidente podem, portanto, ficar sossegados, pois assim ela parece demonstrar coerência com o que prometeu na campanha pela reeleição. Dilma só descumpriu promessas eleitorais, aceitando um programa de ajuste das contas públicas, por incontornável necessidade. Mas nunca reconheceu a péssima gestão financeira de seu governo e continua atribuindo os males do Brasil a fatores externos. Com a mesma coerência perversa, insiste no equívoco de sobrecarregar a Petrobrás, dificultando o cumprimento de suas missões essenciais como empresa petrolífera e como instrumento da política energética.
Para começar, a estatal nem tem respeitado os índices de nacionalização impostos por lei, como admitiu seu novo presidente, Aldemir Bendine, em depoimento no Senado no fim de abril. Membros da antiga diretoria já haviam reconhecido esse fato, mas o governo jamais cuidou da questão com pragmatismo. Os limites da capacidade técnica e operacional dos fornecedores são só uma parte do problema. Também seria preciso dar atenção aos custos, sempre importantes e ainda mais no caso de uma empresa envolvida na complexa e caríssima exploração do pré-sal. Todo gasto além do necessário pode atrapalhar o plano de investimentos na verdadeira função estratégica da Petrobrás.
A estatal foi convertida em instrumento da política industrial por iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso beneficiou alguns grupos empresariais, mas tem atrapalhado, claramente, a atividade essencial de uma petroleira.
Essa política incluiu a preferência a estaleiros nacionais na compra de navios-tanque e de sondas. Nunca se deveria esquecer a história do navio João Cândido, batizado por Lula e Dilma em maio de 2010 e recolhido imediatamente ao estaleiro, por incapacidade para navegar. O barco só foi para o mar dois anos mais tarde, depois de reparos demorados e custosos. A presidente Dilma Rousseff talvez tivesse na memória esse episódio, quando se referiu, no discurso de quinta-feira, aos problemas encontrados quando um país se dispõe a ser "pioneiro em uma indústria". Mas seria uma bobagem enorme e grotesca falar do Brasil como pioneiro na indústria naval, em 2010 ou agora. Foi temerário comprometer dinheiro público na Sete Brasil, criada para produzir sondas, hoje atolada em dívidas e incapaz de atender às encomendas.
Mas a mãe de todos os equívocos, no caso do conteúdo nacional, foi a confusão entre os objetivos da Petrobrás, com uma complicadíssima agenda de exploração, e as metas de uma política industrial. Foi um caso exemplar de incompetência administrativa. Além de atrapalhar a Petrobrás, também prejudicada pelo controle de preços, o governo foi incapaz de abrir uma nova etapa de desenvolvimento industrial, como prova a estagnação do setor, sem condições de competir e atolado em crise.
Da mesma forma, nada pode justificar a obrigação da Petrobrás de participar de todas as concessões. Não há dinheiro para isso. Esse dado é amplamente conhecido, mas a presidente Dilma Rousseff ainda parece desconhecê-lo.
Sem se comprometer muito, o presidente Aldemir Bendine admitiu a incapacidade da empresa de participar de licitações pelo menos neste ano. Ele seria mais informativo se admitisse a incompatibilidade entre essa obrigação, os interesses da estatal e os objetivos nacionais na área energética. Com mais clareza, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, indicou em depoimento no Senado, em abril, possíveis mudanças na política de conteúdo nacional e no papel da Petrobrás como operadora no pré-sal.
A presidente, no entanto, mais uma vez se mostrou impermeável ao bom senso. Mas, pensando bem, ninguém deveria admirar-se. No mesmo discurso, ela explicou por que a Petrobrás foi premiada em recente evento internacional nos Estados Unidos: por "ter sido capaz de extrair petróleo de uma profundidade extremamente elevada". Profundidade elevada? Talvez no Lago Titicaca.
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