Não dá para entender
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 11/06/10
O pessoal que entende dessas coisas diz que o amor tem razões que a razão desconhece.
Esse velho joguinho de palavras talvez explique o namoro sério que existe entre o atual governo brasileiro e o distante Irã.
Porque é difícil encontrar razões objetivas, atuais ou históricas para explicar o carinho ardoroso e inflexível com que os nossos diplomatas, obedientes à orientação do Palácio do Planalto, divergem de nossos aliados históricos e imprescindíveis em todas as questões que envolvem o regime dos aiatolás.
Brasil e Irã nada têm em comum.
Aqui, uma democracia representativa no modelo ocidental, num regime de saudável e respeitosa distância entre Estado e Igreja. Lá, uma variante extremamente radical da fé muçulmana, beneficiária de todos os pecados do velho colonialismo europeu, que entregou o poder a um imperador incompetente e corrupto, Reza Pahlevi, assim abrindo caminho para a tomada do poder pela seita xiita liderada pelo aiatolá Khomeini.
Tudo isso aconteceu nos distantes anos 70, e nunca mais a antiga Pérsia teve boas relações com o mundo ocidental.
O Irã dos xiitas continua brigado de morte com o mundo do lado de cá. Pouco importa, a esta altura, que a briga tenha raízes em velhos pecados do colonialismo europeu. O que interessa ao resto do planeta é a existência em Teerã de um regime fervorosamente dedicado à exportação do terrorismo.
Isso explica a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, esta semana, de sanções severas contra Teerã. Todas visam a reduzir ou pelo menos deter a expansão de projetos militares, principalmente na área nuclear. Por uma série de boas razões, o mundo ocidental tem medo do terrorismo atômico.
As sanções são severas. Incluem uma lista negra de 40 empresas e agências iranianas que passarão a ter sua atividade internacional severamente controlada. O objetivo é tão simples quanto difícil de ser atingido: impedir que o Irã se torne capaz de atentados nucleares. Ameaças, ele já faz: o presidente Ahmadinejad disse que, se os Estados Unidos não mudarem sua atitude, “Obama e o povo americanos serão os primeiros a perder”.
Até agora, a diplomacia brasileira trabalha a favor do Irã. Não há laços históricos ou interesses econômicos e políticos — lá fora ou aqui dentro — que expliquem essa atitude. Sequer o Itamaraty se propõe a ser um mediador na crise. Parece que é só uma mistura de incompetência com bravata.
Também existe isso na história da diplomacia — que também pode ter razões que a razão desconhece.
Esse velho joguinho de palavras talvez explique o namoro sério que existe entre o atual governo brasileiro e o distante Irã.
Porque é difícil encontrar razões objetivas, atuais ou históricas para explicar o carinho ardoroso e inflexível com que os nossos diplomatas, obedientes à orientação do Palácio do Planalto, divergem de nossos aliados históricos e imprescindíveis em todas as questões que envolvem o regime dos aiatolás.
Brasil e Irã nada têm em comum.
Aqui, uma democracia representativa no modelo ocidental, num regime de saudável e respeitosa distância entre Estado e Igreja. Lá, uma variante extremamente radical da fé muçulmana, beneficiária de todos os pecados do velho colonialismo europeu, que entregou o poder a um imperador incompetente e corrupto, Reza Pahlevi, assim abrindo caminho para a tomada do poder pela seita xiita liderada pelo aiatolá Khomeini.
Tudo isso aconteceu nos distantes anos 70, e nunca mais a antiga Pérsia teve boas relações com o mundo ocidental.
O Irã dos xiitas continua brigado de morte com o mundo do lado de cá. Pouco importa, a esta altura, que a briga tenha raízes em velhos pecados do colonialismo europeu. O que interessa ao resto do planeta é a existência em Teerã de um regime fervorosamente dedicado à exportação do terrorismo.
Isso explica a aprovação pelo Conselho de Segurança da ONU, esta semana, de sanções severas contra Teerã. Todas visam a reduzir ou pelo menos deter a expansão de projetos militares, principalmente na área nuclear. Por uma série de boas razões, o mundo ocidental tem medo do terrorismo atômico.
As sanções são severas. Incluem uma lista negra de 40 empresas e agências iranianas que passarão a ter sua atividade internacional severamente controlada. O objetivo é tão simples quanto difícil de ser atingido: impedir que o Irã se torne capaz de atentados nucleares. Ameaças, ele já faz: o presidente Ahmadinejad disse que, se os Estados Unidos não mudarem sua atitude, “Obama e o povo americanos serão os primeiros a perder”.
Até agora, a diplomacia brasileira trabalha a favor do Irã. Não há laços históricos ou interesses econômicos e políticos — lá fora ou aqui dentro — que expliquem essa atitude. Sequer o Itamaraty se propõe a ser um mediador na crise. Parece que é só uma mistura de incompetência com bravata.
Também existe isso na história da diplomacia — que também pode ter razões que a razão desconhece.