segunda-feira, junho 14, 2010

CARLOS ALBERTO SARDENBERG


A Copa dos emergentes
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O Estado de S. Paulo - 14/06/2010



A Copa de 2006 coincidiu com o auge da economia global. O mundo crescia a taxas vigorosas, mais de 5% ao ano, bem acima das médias históricas. E mais: todas as regiões estavam em crescimento, quase todos os países avançando em níveis máximos. A Europa, por exemplo, que comemora quando cresce 2%, estava caminhando a 3%. A China, normalmente acelerada, aumentava sua produção a espantosos 12,5% ao ano. As bolsas de valores entravam num ciclo de otimismo que levaria a recordes de alta no final daquele ano e início de 2007. Além das ações, também se valorizavam os imóveis, enriquecendo as empresas e as famílias.

O que isso teria que ver com o futebol dentro das quatro linhas? Diretamente, nada. Mas o ambiente determinava o comportamento dos jogadores, estrelas globais, exuberantes como artistas. Esses períodos de prosperidade não apenas trazem à cena os ricos - novos e antigos -, como criam uma espécie de orgulho da riqueza.

Lembram-se das folgas dos jogadores brasileiros? Deixavam a concentração em automóveis de luxo, marcavam encontros com as mulheres e namoradas em hotéis mais que estrelados, alguns chegaram a alugar um jatinho para uma rápida escapada, algo como jantar em Madri e voltar em seguida.

Não foram apenas os brasileiros. A passagem da seleção inglesa, com Beckham e Victoria à frente, era uma festa em toda parte.

Isso certamente tem que ver com o desempenho dentro de campo. Havia nessa Copa craques já com a vida ganha, riqueza e fama conquistadas. Muitos foram lá para se exibir, não para dar o sangue, jogar bola e ganhar umas partidas. O próprio Parreira, técnico do Brasil e um homem de comportamento moderado, deixou-se levar pela onda. Dizia que estava ali não propriamente como treinador, mas como "administrador de talentos".

Outros técnicos pensavam coisa parecida. Esses talentos estavam tão convencidos de seu brilho que nem se importavam muito com a derrota. Suas seleções eram eliminadas e eles simplesmente saíam de férias, anunciadas e badaladas. Lembram-se do final do jogo em que o Brasil foi eliminado pela França? Jogadores brasileiros e franceses, que se conheciam do futebol europeu, saíram conversando animadamente, como se estivessem marcando um jantar com as patroas.

Atenção: não há, aqui, uma acusação, mas uma constatação. Não se tratava de pessoas ruins, egoístas, desprovidas de amor à Pátria. Apenas se comportavam de um modo determinado pelo ambiente e que era, registre-se, noticiado intensamente pela mídia, aprovado e mesmo admirado pelo povão.

A Copa de 2010 coincide com um momento duplo: a ressaca da crise, que foi simplesmente a pior em 90 anos, e uma incipiente recuperação que está longe de resgatar os mortos e feridos. Mesmo nos países que já estão crescendo forte, como é o caso do Brasil, o ambiente é de trabalho, de estar esperto para não voltar a cair na crise e para não ser atrapalhado pelos problemas dos que ainda estão no buraco. Em resumo, saiu a festa global, todos ficaram mais pobres, todos pagaram um preço e agora se trata de trabalhar duro para refazer as coisas.

De novo, o que isso tem que ver com o jogo dentro das quatro linhas? Diretamente, nada. Mas estão lá jogadores com outro comportamento e outra cabeça.

Não que falte dinheiro à Fifa e à Copa, mas o ambiente em torno das seleções está bem diferente. A farra acabou.

Mesmo os craques consagrados, que, aliás, continuaram ganhando dinheiro, estão contidos, disciplinados e com a sensação de que precisam mostrar algo em campo.

O argentino Messi, que no momento ostenta o título de melhor jogador do mundo, quase não aparece. Ninguém o vê circulando numa Mercedes, não se conhece sua namorada e toda a imprensa diz que ele precisa mostrar se sabe mesmo jogar numa Copa.

Nosso craque principal, Kaká, religioso, nunca foi dado a badalações, mas agora também está sob a pressão de mostrar que é mesmo um dos melhores do mundo e que pode carregar a seleção brasileira. Robinho, sim, é baladeiro. Mas tomou o cuidado de se recolher ao Brasil uns meses antes para se readequar.

E notem todo o time brasileiro. Ao contrário de Parreira, Dunga simplesmente manda nos seus trabalhadores, a tal ponto que estes falam todos a mesma coisa: dar o sangue pela Pátria. Talvez seja até o excesso oposto. Se o pessoal da Copa de 2006 estava ali para se exibir à plateia global, o time atual não precisava achar que caiu numa guerra mundial.

De todo modo, esse é o ambiente. Vale também para a seleção inglesa, austera, comportada e tão fechada quanto a cara de seu treinador, Fabio Capello.

A seleção da Espanha é simplesmente idolatrada por lá. Nunca os espanhóis tiveram um time tão bom e tanta chance de levar a Copa. Mas as pesquisas mostraram severa desaprovação quando se anunciou qual seria a premiação dos jogadores. Muitos se apressaram a dizer que doariam o dinheiro.

Os finalistas da última Copa foram países do grupo dos ricos e que estavam em fase exuberante. Hoje lidam com claras dificuldades econômicas. A França ainda consegue algum crescimento, mas a Itália vai bem devagar, com problemas difíceis de contas públicas. Na Espanha, funcionários públicos e trabalhadores se manifestam contra as políticas de arrocho preparadas pelo governo.

Os países que vão bem são os emergentes. O grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) lidera uma retomada da economia global. E reparem: dos quatro, o único que está na Copa é o Brasil.

Ou seja: ganhamos!

MARIA INÊS DOLCI

Internet de tartarugas
MARIA INÊS DOLCI
Folha de S. Paulo - 14/06/2010

A banda lenta irrita, atrapalha o ritmo do trabalho e, apesar disso, a fatura é bem salgada
DEVAGAR quase parando. É com essa banda larga que, lamentavelmente, temos de conviver no Brasil. Situação que torna irônicas as informações de que os internautas brasileiros estão entre os campeões de utilização da internet. Talvez fiquem tanto tempo conectados devido à lentidão do acesso.
O serviço é muito, muito ruim, um acinte, um desrespeito a todos nós, que já não sabemos como viver sem computador, exceto, talvez, o colunista Ruy Castro, pelo que expõe em seus brilhantes artigos nesta Folha, sobre sua independência do telefone celular e do e-mail.
Como estudar, trabalhar e ter várias opções de lazer com um serviço de banda larga tão ruim?
É preocupante, porque a parte digital da vida é cada vez mais importante, especialmente nos mundos empresarial, científico e educacional. Corremos o risco de marcar passo, enquanto contarmos com poucas (e ruins) opções de acesso. Parte da produtividade e do avanço econômico, hoje, corre pelas conexões da web. Ou caminha lentamente, em nossa realidade brasileira.
O governo federal mirou parte do problema -o custo proibitivo para os de menor poder aquisitivo, que são a maioria dos brasileiros. Mas o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), para ter sucesso, terá de oferecer, além de preço justo, velocidade de acesso. Caso contrário, no segmento da classe média, continuaremos nas mãos das mesmas operadoras.
Gostaria de não ter de retomar esse assunto. Mas a impressão que tenho é que não se resolverá tão cedo.
Há horários em que já antevemos sites que não abrirão, porque a banda vai se estreitando até parar. Vislumbramos que os e-mails ficarão perdidos no espaço, sem o bom humor do velho seriado.
Se o serviço é caro, por que é tão ruim? Normalmente, pagar mais significa, pelo menos, ter bom serviço.
Em geral, quando algum consumidor nos consulta sobre a precariedade de um serviço, sugerimos que o troque. Que opte pelos concorrentes.
No caso do acesso à internet, é complicado sugerir isso. Há um oligopólio mal disfarçado, e o padrão de qualidade é bem semelhante em suas falhas e inconsistência.
Poderíamos ter virado essa página, após o caso do Speedy. Que foi forçado a interromper as vendas do serviço por algum tempo. Após esse período, contudo, ele voltou e a situação no mercado continuou bem semelhante à anterior. Em maior ou menor grau, isso poderia valer também para as outras operadoras.
A banda lenta irrita, atrapalha o ritmo do trabalho e, apesar disso, a fatura do serviço é bem salgada. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), esvaziada no atual governo, olha para o lado enquanto sofremos nas mãos das operadoras.
Vai melhorar com o retorno da Telebrás? Depende de como voltar.
Se oferecer bom serviço com alta velocidade de acesso, sacudirá o mercado, não tenho dúvida. Não pode ficar, porém, somente com os internautas que não interessam às companhias privadas. Tem que disputar todo o mercado, inclusive o mais lucrativo.
Quase sempre discordo do Estado empresário. Custa demais e sofre injunções políticas. Vira cabide de empregos. Mas o abuso e o desrespeito na prestação de serviços de acesso à internet são tão descarados, tão evidentes, que a estatização, indiretamente, foi estimulada pelas empresas privadas desse segmento.
O PNBL, portanto, não pode ser somente bravata eleitoral ou apetite estatal pela economia. Já estamos cansados de ser explorados. A expectativa é mudar o cenário desse mercado, para melhor, evidentemente.
Parece que as operadoras não entendem muito bem o que seja atender bem o cliente. Nem do que trata o Código de Defesa do Consumidor, o que é um desplante. Desconhecer a legislação, porém, não é desculpa para não respeitá-la. Tudo isso já passou dos limites. Esperamos que o PNBL mude esse quadro logo. 
MARIA INÊS DOLCI, 54, advogada formada pela USP com especialização em business, é especialista em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste Associação de Consumidores. Escreve quinzenalmente, às segundas, nesta coluna.

NO RABO

MARY ANASTACIA O' GRADY

A dança de Lula com déspotas

Lula prejudica reputação do Brasil

Mary Anastasia O'Grady
Wall Street Journal  e Valor Econômico - 14/06/2010
O Brasil pode estar ganhando respeito no front econômico, mas quanto à liderança geopolítica, Lula acaba preservando imagem de país ressentido e com complexo de Terceiro Mundo
Provavelmente não demorou muito depois que fomos expulsos do Jardim do Éden para o Brasil começar a sonhar em se tornar um país sério e um protagonista no cenário mundial. Agora, justo quando parecia que o eterno sonho brasileiro iria se tornar realidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está botando tudo a perder.
O Brasil pode estar ganhando algum respeito no front econômico e monetário, mas quando se trata de liderança geopolítica, Lula está fazendo horas extras para preservar a imagem que o país tem de ressentido e sofrer de complexo de Terceiro Mundo.
O exemplo mais recente de como o Brasil ainda não está pronto para ter um lugar de destaque nos círculos internacionais, foi dado na semana passada quando ele votou contra as sanções ao Iraque no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A Turquia foi a única parceira do Brasil nesse exercício embaraçoso. Mas a Turquia pelo menos pode culpar a complexidade de suas raízes muçulmanas. Lula está prejudicando a reputação do Brasil em nome de sua própria gratificação política.
O Brasil defendeu sua posição na ONU alegando que "as sanções muito provavelmente levarão sofrimento à população do Irã e favorecerão aqueles, nos dois lados, que não querem que o diálogo prevaleça". Não há nada nessa declaração. As sanções não são direcionadas para a população civil, e sim para as ambições nucleares e de proliferação de mísseis do Irã. Quanto ao "diálogo", deveria ser óbvio a esta altura que é preciso um pouco menos de conversa com o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
Se o Brasil considerava seu voto uma posição de princípios em defesa da justiça, ele logo desistiu disto. Após protestar contra as sanções, ele rapidamente anunciou que vai honrá-las. Isso sugere que o país pode estar tendo um certo reconhecimento da diminuição dos retornos de suas políticas externas lunáticas.
O Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula é de extrema esquerda, mas ninguém deveria confundí-lo com um bolchevique determinado. Ele é apenas um político esperto que saiu das ruas e adora o poder e as limusines. Como o primeiro presidente brasileiro eleito pelo PT, ele vem tendo que contrabalançar as coisas úteis que aprendeu sobre os mercados e as limitações monetárias com a ideologia de suas bases.
Sua resposta a esse dilema tem sido usar seu Ministério das Relações Exteriores ? onde uma burocracia de inclinações esquerdistas é comandada por um intelectual notoriamente antiamericano e anticapitalista, Celso Amorim ? para polir suas credenciais esquerdistas. Com sua amizade com os "não-alinhados" proporcionando um escudo, ele vem conseguindo manter os ideólogos coletivistas fora da economia.
Mas a reputação do Brasil de líder entre as economias emergentes vem sofrendo muito. Para satisfazer a esquerda, Lula vem sendo solicitado a defender e elevar seus heróis, que são alguns dos maiores violadores dos direitos humanos do planeta.
Uma análise de seus dois mandatos presidenciais revela uma tendência de defender déspotas e desrespeitar democratas. O repressivo governo iraniano é apenas o exemplo mais recente. Há também o apoio incondicional de Lula à ditadura de Cuba e ao presidente da Venezuela Hugo Chávez. Em fevereiro, Cuba deixou o dissidente político Orlando Zapata morrer por causa de uma greve de fome, na mesma semana em que Lula chegou à ilha para se confraternizar com os irmãos Castro. Ao ser perguntado pela imprensa sobre Zapata, Lula comparou sua morte a mais uma entre as muitas pessoas que fizeram greve de fome na história e que o mundo ignorou. Ele obviamente nunca ouviu falar do militante irlandês Bobby Sands.
Lula também mantém-se fiel a Chávez, depois dele ter destruído as instituições democráticas de seu país e colaborado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que atuam no tráfico de drogas. Um Brasil adulto teria usado sua influência para liderar um esforço contra esse terrorismo patrocinado pelo Estado. Mas sob a análise dos custos e benefícios políticos de Lula, as vítimas da violência das FARC não têm importância.
Os hondurenhos não se saíram melhores durante a viagem de Lula pelo poder. O Brasil passou boa parte do ano passado tentando forçar Honduras a reempossar o presidente Manuel Zelaya, mesmo tendo ele sido destituído pelo governo civil por violar a constituição. As medidas brasileiras, inclusive abrigar Zelaya na embaixada brasileira por meses, criaram um sofrimento econômico imenso para os hondurenhos.
Na semana passada, a secretária de Estado americana Hillary Clinton pediu a volta de Honduras para a Organização dos Estados Americanos (OEA), observando que o país realizou eleições e voltou à normalidade. O Brasil foi contra. "O retorno de Honduras à OEA deve ser atrelada e meios específicos que garantam a redemocratização e o estabelecimento de direitos fundamentais", disse o vice-ministro das Relações Exteriores do Brasil Antonio de Aguiar Patriota. Uma observação ao Brasil: Está se referindo a Cuba?
O Brasil realiza eleições presidenciais em outubro e embora Lula esteja saindo com elevados níveis de popularidade, isso não é garantia de sucesso para a candidata do PT. Portanto, ele agora está agradando sua base partidária dando as mãos a Ahmadinejad e votando contra o Tio Sam.
Será que isso vai funcionar? Muita coisa vai depender se o número de brasileiros que acham que ele está prejudicando a emergente relevância do Brasil vai superar o número daqueles que apoiam a dança de Lula com os déspotas. Conforme alertou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a política de Lula está fazendo o Brasil "mudar de lado", mas não está nem um pouco claro se os brasileiros concordam com isso.

MÔNICA BERGAMO

Plano C 
Mônica Bergamo 

Folha de S.Paulo - 14/06/2010

A Prefeitura de Guarulhos está dobrando a aposta para abrigar um estádio do Corinthians.
Além de conversas para atrair o projeto do banco Banif, que já propôs ao clube financiar a construção da arena, a administração tenta fazer a ponte entre o Timão e investidores que têm um terreno de mais de 600 mil m2 no município. A área está reservada para a construção de um complexo residencial e comercial. O prefeito Sebastião Almeida, do PT, tenta convencer o grupo, dono de shoppings em SP, a erguer também um estádio que seria usado pelo Corinthians.
PLANO D
O ex-ministro José Dirceu, amigo do prefeito e do presidente do Corinthians, Andres Sanchez (os três são petistas), participa das conversas. "Sou apenas um corintiano querendo ajudar", diz. Dirceu afirma, no entanto, que não atua "nem como advogado nem como consultor". Só "como torcedor".
PLANO A
Dirceu, por sinal, embarca em julho para ver as finais da Copa 2010 na África do Sul -onde reencontrará Andres Sanchez, chefe da delegação brasileira no Mundial.
ESPAÇO 
Marta Suplicy (PT-SP) decidiu se afastar de seu antigo grupo -em especial de Valdemir Garreta, ex-secretário de Abastecimento de SP e até então considerado seu braço direito. E desautorizou qualquer membro da turma a falar em seu nome.
ESPECIAL
A equipe de Dilma Rousseff (PT) procurou os organizadores do lançamento de "Lembranças de Um Tempo Fantástico", que o ex-ministro e aliado dela, Hélio Costa (PMDB-MG), candidato ao governo de Minas, lança hoje em São Paulo. Queria saber se poderiam oferecer "segurança especial" para que a presidenciável fosse ao evento. Difícil, foi a resposta.
IMAGINEM O OBAMA 
A comitiva do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, na Copa da África do Sul causou espanto pelo tamanho. Circulou por Johannesburgo com um comboio de quatro peruas (uma delas com equipamentos médicos), todas com placas do Estado americano de Maryland, e uma escolta de dois jipes com seis soldados de elite cada, um camburão e mais quatro carros da polícia sul-africana.
CLUBE DA LEI 
Ex-diretor do Club A, Jacques Glaz está movendo um processo trabalhista contra o apresentador Amaury Jr. e outros sócios da casa. Pede R$ 100 mil em salários não pagos, além de comissões da venda de cartões de associados. Suas filhas, Vanessa e Danielle, que eram apresentadas como sócias, mas que, segundo seu advogado, não tinham participação acionária, também abriram processo. A assessoria do Club A não se manifesta.
OLHA O SOPÃO 
A sopa de cebola do Ceasa (atual Ceagesp), que fez sucesso nos anos 70 e 80, voltará a ser servida no restaurante do local a partir do dia 22. O chef Carlos Alberto de Mauro comandará o festival "Estação Sopa de Cebola do Antigo Ceasa", tendo a receita como estrela. Espera servir até mil pratos por noite, a R$ 15.
PASSO LARGO 
Modelos que desfilam na SP Fashion Week estão sendo persuadidos pelo Sinpromodel-ESP (Sindicato dos Profissionais Autônomos Modelos e Manequins do Estado de São Paulo) a não assinarem um termo de autorização de uso de imagem, solicitado pela organização. De acordo com Drica Lopez, presidente da entidade, os profissionais deveriam pleitear uma cota dos patrocínios fechados com a SPFW. "Os valores poderiam chegar a R$ 45 mil para cada modelo."
PASSO LARGO 2 
Segundo Eliana Signorelli, advogada da SPFW, a proposta é "um equívoco", pois o evento não utiliza as imagens dos modelos comercialmente, mas para divulgação gratuita para imprensa.
DE OLHO NA PASSARELA 
O segundo dia de desfiles da SP Fashion Week, na Bienal do Ibirapuera, teve desfiles de Alexandre Herchcovitch e Osklen SOBE SOM
A nova casa de shows Comitê, dos mesmos donos do Studio SP, abriu as portas na região do Baixo Augusta. A inauguração para convidados contou com apresentações do músico Bocato e do grupo Jam Suburbana

com DIÓGENES CAMPANHA, LEANDRO NOMURA e LÍGIA MESQUITA
CURTO-CIRCUITO
A mostra "Portinari em Israel", com obras de Candido Portinari, será inaugurada hoje, às 20h, no Centro da Cultura Judaica.

Chitãozinho & Xororó fazem show de comemoração dos 40 anos de carreira com a participação do maestro João Carlos Martins, no dia 25, às 20h, no Via Funchal. Livre.

A exposição "Florestas Encantadas", de Leonora Weissmann, será aberta hoje, às 20h, na galeria Horizonte.

O restaurante Terrasse, de Michel Saad e Marcelo Carvalho, abre hoje no Itaim Bibi.

O fotógrafo Antonio Saggese inaugura a mostra "Pittoresco" hoje, às 20h, no Instituto Tomie Ohtake.

A atriz Anita Ekberg estará a bordo do navio Costa Atlântica de 19 a 21 de junho, em viagem pelo norte da Europa, para comemorar os 50 anos do filme "A Doce Vida".

A TERRORISTA MENTIROSA

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Interesse de estrangeiro no Brasil é menor que em outros mercados, diz pesquisa 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 14/06/2010

O interesse do investidor estrangeiro no Brasil cresce, mas ainda não está no mesmo nível de outros grandes mercados mundiais.

O país é considerado por 12% dos empresários uma das regiões mais atraentes para investimento em 2010, resultado que o coloca em apenas sétimo lugar em pesquisa da Ernst & Young, com 814 empresários globais.

Olhando para o futuro, porém, as perspectivas brasileiras melhoram. Quando a pergunta é quais são as regiões mais interessantes para investimento nos próximos três anos, o Brasil aparece em quarto lugar, com 53% da preferência (os entrevistados escolheram três destinos).

O que emperra um maior interesse no país é que, apesar do crescimento, ele é um exportador de matérias-primas e faz a maior parte de seus negócios com os Brics (grupo que conta ainda com Rússia, Índia e China).

Esses fatores, segundo a pesquisa, fazem com que o país seja "menos referência para os líderes empresariais ocidentais".

Outro indicador positivo para a economia brasileira é que somente o país, a Rússia e a Índia tiveram crescimento no interesse dos investidores em relação ao nível verificado em 2006, antes, portanto, da crise global, que teve início dois anos depois.
Captações
A Angra Partners, empresa de gestão e de private equity, pretende captar R$ 1 bilhão para um fundo que será lançado para investir apenas em empresas do setor de óleo e gás, segundo um dos sócios, Ricardo Knoepfelmacher.

Outro projeto da companhia é criar um fundo de private equity no valor de R$ 500 milhões.

"Esse novo fundo não terá um propósito específico. O alvo será empresas com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 400 milhões", diz Ricardo K, como é conhecido o ex-presidente da Brasil Telecom.

"Há 14.500 empresas desse porte no Brasil. Muitas delas são dos setores de varejo e construção, segmentos promissores e ainda muito pulverizados", afirma. Outro fundo da Angra, para investimentos em infraestrutura, com R$ 700 milhões, já investiu 75%, segundo Ricardo K.

Os sócios da Angra contrataram a MVision, captadora de recursos, e dizem não encontrar dificuldades para captar nos EUA, onde já se reuniram com 85 investidores nos últimos dois meses. "Investidores dispensam a apresentação sobre Brasil. Sabem mais do que nós e já decidiram que querem estar aqui. Só querem escolher onde", diz o sócio André Rizzi.
Funilaria
A Silimed turbinou sua produção e criou uma linha de próteses de silicone de mama com conceito anatômico. "São próteses que dão uma aparência mais natural, uma harmonia com o corpo", diz Margaret Figueiredo, sócia fundadora. A tendência agora é que a escolha do volume (quantidade de ml) seja a última etapa, segundo Figueiredo.

A empresa exporta do Rio de Janeiro 50% da produção, para mais de 60 países. É a terceira maior fabricante de próteses de silicone do mundo. "Só perdemos para dois grandes grupos americanos", diz. A executiva conta que a Silimed já foi assediada por concorrentes. "Mas vender não está nos planos." Em 2009, a Silimed produziu 155 mil implantes de mama e, em 2010, deve crescer 30%, diz a sócia que entrou no negócio quando franceses, para quem trabalhava como tradutora, desistiram de investir no negócio.
Hora do Café
Pé-de-meia 1
A Caixa Econômica Federal captou, em maio, R$ 692,2 milhões com a abertura de 322 mil novas contas de poupança. O valor é 65% superior ao mesmo período de 2009. A alta é creditada à campanha de marketing "Poupançudos".
Pé-de-meia 2Em média, o banco capta R$ 500 milhões por mês com a abertura de 300 mil novas contas. Dados consolidados até maio conferem à Caixa o saldo de R$ 113,8 bilhões de poupanças ativas, além de 34% desse segmento no mercado brasileiro.
Estilo de vidaA Aliança do Brasil, seguradora do Banco do Brasil, lançará o Seguro Ouro Vida Estilo para o público de alta renda. O produto terá cobertura de até R$ 2 milhões. A arrecadação prevista pela seguradora é de R$ 11,5 milhões até o fim do ano.
Nas alturas 1O custo dos encargos sobre a energia brasileira deve subir 70%, para R$ 490 milhões, entre janeiro e maio de 2010 em relação ao total arrecadado no mesmo período do ano passado. A estimativa é da Abrace (de grandes consumidores de energia).
Nas alturas 2A redução do valor depende da diminuição dos encargos, segundo Ricardo Lima, presidente-executivo da associação. "O custo da energia usada pela indústria brasileira é dos mais altos do mundo. Isso afeta a competitividade internacional", diz.
VantagemA inteligência emocional conta mais que a técnica para conseguir uma vaga ou promoção. A conclusão é da IMC Consultoria Empresarial, que ouviu profissionais de RH de 68 empresas. Só 6% acreditam que o conhecimento é mais importante.

RUY CASTRO

Casca de banana 

Ruy Castro


FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/10


Na noite de quarta-feira, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) perdeu a oportunidade de voltar para seu apartamento em Brasília, tomar um banho morno, vestir o pijama e restaurar-se com uma gemada antes de ir para o berço com um livro de autoajuda ou coisa assim. Teria dormido lindamente e acordado como na véspera: respeitado pelos que sempre acompanharam suas posições contra o oportunismo e a marotice de seus colegas de política. 
Em vez disso, deixou-se ficar até altas horas no Senado ressuscitando uma emenda que se diria enterrada – a que propõe a distribuição 'igualitária' dos royalties do petróleo produzido no Rio e no Espírito Santo 'para todos os Estados e municípios'. Ao exumar a emenda, conseguiu a adesão de seus pares de outros Estados, todos de olho no ganho eleitoral que terão quando esse dinheiro for repassado, às custas dos produtores, para os municípios em que têm seus arraiais. 
O senador Simon é íntimo da lei. Sabe que sua proposta fere a Constituição em diversos parágrafos e incisos. Ou seja, é inconstitucional ao cubo e, assim, pode ser vetada pelo presidente Lula sem nenhum desgaste jurídico. Já o desgaste político é outra coisa. Depois que sentiram o cheiro da grana emanado dos poços fluminenses e capixabas – e, pelo visto, já contando com ela nos cofres –, como reagirão os prefeitos e eleitores daqueles burgos a um veto presidencial? E logo agora que estavam decididos a votar em Dilma, não?
Dá a impressão de que o senador, usando RJ e ES como plataformas, quis jogar uma casca de banana aos pés de Lula e constrangê-lo com um escorregão ou um rebolado em falso. Se é isso, vai conseguir – Lula terá de ficar mal com alguém. Mas, com essa jogada, Simon iguala-se em marotice e oportunismo aos políticos que já atacou e, com isso, despede-se dos que um dia o admiraram.

GOSTOSA

LINAMARA RIZZO BATTISTELLA

Atravessar o deserto
LINAMARA RIZZO BATTISTELLA
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/10

Ainda faltam condições para que as pessoas com deficiência possam superar as limitações e participar de forma plena da sociedade



Caravana. Palavra de origem persa que remete à travessia de um povo ou exército pelo deserto. Batalha similar é protagonizada pelas pessoas com deficiência, em busca de políticas públicas que atendam suas necessidades.
Pensando nos anseios daqueles que, por vezes, estão do outro lado do deserto, estamos iniciando, no Estado de São Paulo, as chamadas Caravanas da Inclusão, Acessibilidade e Cidadania, que percorrem o Estado debatendo e implantando políticas públicas regionais para atender as pessoas com deficiência.
As estatísticas apontam para elevado número de pessoas com deficiência no mundo atual, em decorrência de causas como doenças, acidentes, violência urbana etc., que, com avanços científicos, tiveram condição de sobrevivência.
Entretanto, as questões sociais e ambientais não evoluíram na mesma proporção, no sentido de oferecer condições para que as pessoas com deficiência possam superar as limitações e participar de forma plena e efetiva em todas as instâncias da sociedade.
Trazer para o centro do debate questões como educação para inclusão, reabilitação, empregabilidade e desporto, propor espaços e produtos acessíveis, derrubar barreiras e práticas discriminatórias é o propósito dessa caravana.
Articular o trabalho entre as diferentes esferas do governo, apontando a importância de inclusão da pessoa com deficiência para o avanço do processo civilizatório, é o principal objetivo do debate.
Nesse sentido, a Rede de Reabilitação Lucy Montoro, com hospitais e centros de reabilitação com enfoque exclusivo para o atendimento de deficiências físicas, oferece 50 mil atendimentos por mês, e, até o final de 2011, possibilitará, nas 18 unidades em regiões estratégicas do Estado, mais de 200 mil atendimentos por mês, além da oferta de órteses, próteses e meios auxiliares à locomoção.
O envolvimento das universidades e centros tecnológicos é vital para criar alternativas tecnológicas que garantam mais autonomia e independência. Com essa diretriz, o governo de São Paulo, desde 2008, adota o desenho universal nas moradias de interesse social.
Em 2010, a colaboração entre a CDHU e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência permitirá reformar e adequar centros comunitários dos conjuntos habitacionais de 123 municípios para além da acessibilidade arquitetônica, garantindo inclusão digital.
Assim, observamos que a mobilização que vem ocorrendo está impactando a sociedade a partir da maior exposição e participação das pessoas com deficiência nos diversos contextos, inclusive no trabalho, fomentando discussões, popularizando o assunto e despertando o interesse social na mídia.
Discutir o trabalho e a deficiência permite refletir sobre a "humanidade do homem", tendo o trabalho como meio de existência e o mercado como alicerce da autonomia e independência, princípio fundamental de sociedade que respeita a liberdade, incorpora a diversidade e promove os direitos humanos.
Essa caravana é nossa e precisamos atravessar juntos esse deserto, transformando os direitos das pessoas com deficiência em soluções para toda a sociedade.
LINAMARA RIZZO BATTISTELLA, médica fisiatra, professora da Faculdade de Medicina da USP, é secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.

PAINEL DA FOLHA

Marca registrada 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 14/06/2010

Todo o empenho da campanha do PT na convenção de ontem esteve voltado para tentar consolidar a ideia de que Dilma Rousseff, se eleita, não será apenas a herdeira de um presidente com aprovação recorde. Ao construírem o evento em torno da questão de gênero, os petistas quiseram transmitir a mensagem de que, tanto quando a chegada de um ex-operário ao poder em 2002, a eventual vitória de uma mulher será inédita, e ela poderá imprimir uma marca tão forte quanto a do patrono de sua candidatura. Esse paralelo será martelado a todo momento nos próximos meses.

Script Lula zarpou do evento assim que Dilma encerrou sua fala para não dividir holofotes com a candidata. A petista cruzou diversas vezes o palco para tirar fotos e abraçar militantes.
Som na caixa


A marchinha "Depois do cara a gente vota na coroa" não agradou à plateia, formada majoritariamente por mulheres. Diante das vaias, o jingle não voltou mais ao repertório.
Na pressão 1


O comando da campanha de Dilma sabe que ela teve menos exposição do que José Serra no "JN" de sábado pelo simples motivo de que a convenção do dia era a dele -ela prestigiou a de aliados.
Na pressão 2


Apesar disso, a grita foi generalizada, chegando até ao discurso de Lula. O objetivo é indicar que a campanha está, nas palavras de um coordenador, "marcando" a Rede Globo e a grande imprensa em geral.
Cortesia


Pressionado pelo Planalto para aceitar a vice de Hélio Costa (PMDB) em Minas, Patrus Ananias recebeu uma referência explícita de Dilma no discurso, quando ela prometeu fortalecer o Bolsa Família se eleita.
Ferida


Irado com a cúpula do partido que determinou o apoio forçado a Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, Domingos Dutra (PT) desabafou com um petista de São Paulo: "O que fizeram conosco foi como obrigar o PT paulista a apoiar Maluf".
Lados


A presença do vice-presidente do PP, Mário Negromonte (BA), na mesa da convenção do PT teve a bênção do presidente da sigla, Francisco Dornelles (RJ).
Telão


A campanha de Dilma tenta organizar um convescote para que ela assista à estreia do Brasil na Copa, amanhã, com a comunidade brasileira em Paris. Rodízio Após o duro discurso contra Dilma e Lula na véspera, José Serra transferiu a tarefa aos aliados ontem no lançamento de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo paulista. O tucano apenas sugeriu os temas: confronto de biografias e corrupção.
Tintas


Tucanos, entretanto, ficaram de cabelo em pé quando Orestes Quércia (PMDB-SP), candidato ao Senado, falou em "dar um sarrafo na moça do PT".
Urna


O PMDB
 identificou mais votos de delegados gaúchos pela candidatura de Roberto Requião (PR) à Presidência do que do Estado dele, o Paraná. Pegou mal para Eliseu Padilha (RS), amigo do peito de Michel Temer.

Balcão


Está em curso uma operação para tentar convencer Orlando Pessutti (PMDB) a desistir da candidatura ao governo do Paraná. Em troca, ele indicaria o vice de Osmar Dias (PDT).
Comando


O governo abortou a ideia de liquidar a votação do pré-sal na Câmara na quarta. O motivo é que Temer estará na Europa.
Tiroteio


"Serra disse que ele não caiu de paraquedas na campanha. Na verdade, ele está caindo sem paraquedas."
Contraponto


Morrendo de saudade 
Já passava do meio-dia de sexta-feira quando o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) chegou à reunião do Diretório Nacional do PT, em Brasília. Cercado por repórteres, ele próprio fez questão de falar dos cuidados com a legislação eleitoral:

- Vocês notaram que eu só cheguei à reunião na hora do almoço?

E ainda emendou:

- Eu vim de táxi, viu? Aliás, tô igual a Angélica agora: só "vou de táxi".

IGUAIS

ALMIR PAZZIANOTTO PINTO

Corruptos
ALMIR PAZZIANOTTO PINTO 
O Estado de S.Paulo - 14/06/10

Pressionado pela opinião pública, o Congresso Nacional aprovou a Lei da Ficha Limpa. O projeto não foi da iniciativa de deputado, senador ou do presidente da República, desinteressados diante do problema. Resultou de mobilização popular, concretizada mediante a coleta das assinaturas de mais de 1 milhão de eleitores, conforme prescreve o artigo 61, § 2.º, da Constituição.

Já o texto concluído, emenda de algibeira, introduzida na 25.ª hora, impediu o povo de se livrar de políticos corruptos, os quais disputarão as eleições deste ano, com chances de recondução que lhes garanta a impunidade.

O esforço de moralização não alcança, porém, setor nebuloso da vida nacional. Falo do movimento sindical, alvo de denúncias, com relação às quais o presidente da República procede à semelhança dos macaquinhos chineses: não ouve, não fala, não vê.

Em 28 de agosto de 1970 o Diário do Congresso Nacional publicou relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) constituída para apurar denúncias de infiltração de organizações estrangeiras no sindicalismo nacional, formulada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo da Guanabara e Rio de Janeiro. A CPI, cujos trabalhos foram abertos em setembro de 1967, teve como presidente o deputado Ney Ferreira e como relator o deputado Arlindo Kunzler. Prestaram depoimentos os ministros Arnaldo Sussekind e Ary Campista, ambos do Tribunal Superior do Trabalho; Jarbas Passarinho, ministro do Trabalho; o general Moacir Gaya, delegado regional do Trabalho de São Paulo; Herbert Backer, adido trabalhista da embaixada americana; representantes de entidades internacionais e expoentes do sindicalismo pelego.

Do Ministério do Trabalho foram requisitadas cópias do que havia apurado sobre as acusações de interferência estrangeira e do Banco Central, "extratos bancários de entidades e pessoas relacionadas com os objetivos da CPI".

As associações sindicais têm sido objeto de desejo de todos os governos, desde que Getúlio Vargas as converteu em instrumentos de controle das classes patronais e trabalhadoras. Após a 2.ª Guerra Mundial, ao longo da guerra fria, a União Soviética procurou utilizá-las, infiltrando-lhes agentes do Partido Comunista. Eliezer Pacheco, no livro O Partido Comunista Brasileiro - 1922/1964, relata como o velho Partidão, na década de 1950, abandonou a tática do isolamento - adotada pelo temor da convivência com dirigentes desonestos - para, aliando-se ao PTB, assumir a defesa da unicidade sindical, da manutenção do Imposto Sindical e da atuação dos sindicatos na esfera política.

Em 1964 o Alto Comando Revolucionário cassou os dirigentes sindicais comunistas e trabalhistas, substituindo-os por interventores nomeados, a exemplo de Joaquim dos Santos Andrade, o "Joaquinzão".

A CPI desnudou o sindicalismo sobrevivente a 1964, e o longo relatório oferece excelente panorama de como os dirigentes se deixavam seduzir por pagamentos e viagens custeadas por entidades internacionais obscuras.

Não é o caso, entretanto, de submeter à revisão as conclusões da CPI. Quem tiver a intenção de conhecê-las consultará o Diário do Congresso Nacional. Destaco duas outras recomendações finais: 1) A proibição de atividades políticas, no Brasil, por entidades estrangeiras; e 2) que se procedesse à radical mudança do sistema sindical, "com vistas à maior participação do operário brasileiro nas atividades e benefícios do seu sindicato".

Decorridos 40 anos, desde que a Câmara dos Deputados investigou os porões do sindicalismo, qual o panorama? Parte da resposta encontra-se em matérias publicadas no jornal O Estado de S. Paulo sobre a transformação do movimento operário em comércio lucrativo, em que a moeda de troca é a fundação de associações fantasmas e são frequentes violentas disputas de territórios.

Que a Constituição federal de 1988 converteu o sindicalismo em empresa lucrativa e sem riscos, isso nem os mais cínicos dos dirigentes conseguem negar. Anteriormente, as entidades congregavam pequena quantidade de associados e sobreviviam graças ao Imposto Sindical. Sobre a baixa representatividade, concluiu a CPI: "O levantamento efetuado comprovou que apenas 20% dos operários são sindicalizados, concluindo-se daí que 20% são mantidos por 100%." Atualmente, a média talvez não chegue a 15%, mas os diretores têm excelente padrão de vida, sustentado com bilhões de reais arrecadados pela Contribuição Sindical e variada cesta de cotas cobradas, à força, de trabalhadores que exercem a garantia constitucional de não se associar.

Àqueles que se surpreendem com a notícia de que as centrais sindicais combaterão a candidatura de José Serra à Presidência da República, lembro que jamais as organizações sindicais assumiram posição ostensiva e firme contra o governo. Durante o regime militar aliaram-se à Arena e repudiaram o MDB.

O saneamento da vida pública pode se iniciar com a Lei da Ficha Limpa. A depuração da vida sindical, com o fim da Contribuição Sindical e de arrecadações que não tenham a marca da voluntariedade.

O presidente Lula, à época em que dirigia o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, combatia o peleguismo. Hoje a postura é outra. Em vez de combatê-lo, passou a subsidiá-lo.

Sugiro aos historiadores do movimento sindical que examinem o relatório daquela CPI. A conclusão será melancólica. Em 40 anos a estrutura sindical piorou e a partir da Constituição de 1988 ficou a salvo de controle, em nome de hipotética liberdade sindical, convertida em libertinagem.

ADVOGADO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E EX-PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

ANCELMO GÓIS

A MARÉ BAIXA
ANCELMO GÓIS
O GLOBO - 14/06/10


A MARÉ BAIXA  ajudou o trabalho dos garimpeiros de plantão na praia carioca do Arpoador semana passada. Eles foram atrás de joias, moedas e outros objetos de valor perdidos pelos banhistas no mar na hora do mergulho. Já desenvolveram até mesmo uma ferramenta especial, entre a pá e o ancinho, para facilitar a prospecção. Parece que os tesouros são vendidos ali mesmo para um militar aposentado. Que seja feliz!

Viva Alfaiate! 
Vai se chamar Walter Alfaiate, o grande sambista morto em 27 de fevereiro deste ano, a escola que Cabral inaugura, dia 30, no Complexo do Alemão, no Rio.
Terá capacidade para 1.800 estudantes.

A chapa esquentou 
Por falta de viabilidade financeira no projeto aprovado, a tendência do comitê organizador da Copa de 2014 é mesmo descredenciar o Morumbi.

Copa na Bahia 
Ronaldinho Gaúcho está de férias na Bahia.

Copa no Pará 
Ganso, outro que ficou fora da Copa, está em Belém.
Ele é paraense.

Copa no Rio 
Neymar, o craque do Santos que também foi esnobado por Dunga, está no Rio.
Aceitou o convite para assistir amanhã ao jogo do Brasil no Alzirão, a rua da Tijuca mais animada da Copa.

Homem de visão 
Empresário que sabe das coisas está com um pé na Copa da África do Sul e outro na do Brasil em 2014.
É o caso de Nizan Guanaes.
Faz festa dia 9 no Saxon Hotel, onde morou Nelson Mandela, em Johannesburgo.

Dia dos Namorados 
Jantar sábado no restaurante grã-fino Pigalle, no Mandela Square, em Johannesburgo, reuniu numa mesa os casais Orlando Silva e Ana Petta e Ricardo Teixeira e Ana Carolina.

Aliás...
Ao ser questionado por um jornalista de uma mesa próxima, o ministro desabafou: — Não aguento mais ouvir falar do Morumbi...

Inflação não é aqui 
A alta do preço do minério de ferro, apontada como vilã da inflação de 1,57% em maio pelo IGP-DI, fez a Vale procurar a FGV.
A mineradora defende uma mudança de metodologia. Afinal, 90% da produção é exportada.

Porto Sudeste 
Eike Batista toca vuvuzela dia 1º para lançar o projeto do Porto Sudeste, orçado em R$ 1,8 bilhão.
Será um terminal portuário localizado em Itaguaí, Rio, que deve entrar em operação em 2011 para movimentação de até 50 milhões de toneladas de minério de ferro.

Letra do hino 
No evento comemorativo de 11 anos do Ministério da Defesa, quinta passada, em Brasília, na hora de cantar o hino da Defesa, foram distribuídos papéis com a letra para que os militares presentes ao evento (incluindo aí o ministro Nelson Jobim) acompanhassem a letra.

ZONA FRANCA 
O espetáculo “Alucinadas”, com Renata Castro e Luciana Fregolente, está em cartaz no Teatro Leblon.
A Unigranrio Caxias abre hoje as comemorações de seus 40 anos.
O Shopping Jardim Guadalupe vai investir em soluções sustentáveis.
O professor José Alexandre dos Santos participa do MDS Congress.
É hoje o Corujão da Poesia, no Conversa Fiada, em Niterói.
A Mantecorp doou 16 toneladas de produtos para as vítimas das chuvas.
O Cordão da Bola Preta fez ontem sua festa junina.
A Gaiamancia e a Criart fazem curso de decoração de interiores.
Abriu na Tijuca o Saltimboca, cozinha romana de Angelo Neroni.

Marceu na Copa 
Veja como é perigosa esta mania de falar besteira no país dos outros.
Ontem, num parque de leões perto de Johannesburgo, um brasileiro reparou no cofrinho de uma moça agachada para mexer com um filhote de leão e disse para o amigo: “Peraí que vou fotografar este cofrinho!”

Segue...
Acredite. A moça esticou a blusa para esconder, digamos, seu tunelzinho e disparou: — Cofrinho é o c%&*#!!! Era uma brasileira. Há testemunhas.

Kit saliência 
Sábado, Dia dos Namorados, o vendedor de coco da Praça Antero de Quental, no Leblon, recebeu de presente um kit saliência, achado por um gari da Comlurb.
Havia três vibradores, pomadas, gel e otras cositas más...

McSerra 
Quem vai coordenar o comitê suprapartidário de Serra no antigo imóvel do McDonald’s, no Leblon, é Míriam Ripper Nogueira Lobo, que foi casada com o falecido Artur da Távola, amigo do candidato dos tempos de exílio.

Cena carioca 
Sábado, o guardador de um restaurante na Dias Ferreira, no Leblon, na hora de estacionar um Palio, bateu na traseira de outro veículo. O flanelinha que tomava conta do carro da vítima viu a cena e ameaçou dedurar.
Foi subornado com um dinheirinho extra e um conselho: — Relaxa, ela só vai ver no dia seguinte! Há testemunhas.

RENATO GAÚCHO e a jornalista Carla Cavalcanti selaram a paz.
Os dois festejaram juntos o aniversário de 16 anos da filha, Carolina, no Rio

HERBERT VIANNA, o vocalista fofo do Paralamas do Sucesso, tasca um beijo em Camila Morgado no 8oCine Fest Petrobras Brasil, no Central Park

GAROTO-PROPAGANDA da Inglaterra, que sonha sediar o Mundial de 2018, David Beckham posa aqui ao lado dos brasileiros Carlos Eugenio Lopes e João Mansur Neto