CORREIO BRAZILIENSE - 28/02
O verbo malufar está definitivamente desmoralizado. Foi reduzido a pó. Perto do megaesquema de corrupção montado para roubar a Petrobras, as maracutaias atribuídas ao neocompanheiro, e que deram origem ao termo, parecem hoje café pequeno. Nunca antes na história deste país, políticos inescrupulosos zombaram tanto da inteligência alheia.
Imagine o ladrão cara de pau que rouba o leite das crianças e depois convoca a própria quadrilha para uma manifestação em defesa da creche assaltada? Ou o cinismo do bandido que, uma vez descoberto, invoca, em defesa própria, a existência da corrupção no Brasil desde o descobrimento? "Ora, a elite já rouba faz mais de 500 anos", argumenta.
Logo, a saída não pode ser a prisão dos "guerreiros do povo brasileiro". Pôr na cadeia a turma "que rouba, mas distribui" é coisa da "mídia golpista". Como a "esquerda" de Dilma, Lula, Temer, Renan e Maluf tem maioria no Congresso, a ordem é investigar tudo desde a chegada das caravelas e passar o Brasil a limpo. Igual ao que o PT pregava (e nunca fez) antes de chegar ao poder. Bons tempos aqueles em que malufar ainda era crime.
Hoje, crime é ser contra a sangria da companheirada aos cofres públicos. Afinal, na literatura que faz a cabeça dos "progressistas" reza que, para alcançar a "revolução" redentora, "os fins justificam os meios". Não à toa, boa parte dessa gente idolatra o obscurantismo jihadista do Estado Islâmico. Principalmente quando fuzila, incinera ou corta cabeças de defensores da tal liberdade de expressão, esse mi-mi-mi "pequeno burguês" que é um dos pilares da democracia.
sábado, fevereiro 28, 2015
A hora e a história - DEMÉTRIO MAGNOLI
FOLHA DE SP - 28/02
A história não é a hora. Dilma vai passar, cedo ou tarde. Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai
O governo Dilma 2 acabou antes de começar. Batida pelo turbilhão da crise que ela mesma engendrou, a presidente perdeu, de fato, o poder, que é exercido por dois primeiros-ministros informais: Joaquim Levy comanda a economia; Eduardo Cunha controla as rédeas da política. Na oposição, entre setores da base aliada e, sobretudo, nas ruas, a palavra impeachment elevou-se, de murmúrio, à condição de grito ainda abafado. É melhor pensar de novo, para não transformar o Brasil num imenso Paraguai.
Nos sistemas parlamentares, um voto de desconfiança do Parlamento derruba o gabinete, provocando eleições antecipadas. No presidencialismo paraguaio, regras vagas de impeachment conferem aos congressistas a prerrogativa de depor um chefe de Estado que não enfrenta acusações criminais. Um parecer de Ives Gandra Martins sustenta a hipótese de impedimento presidencial por improbidade administrativa, mesmo sem dolo. Na prática, equivale a sugerir que Dilma poderia ser apeada com a facilidade com que se abreviou o mandato de Fernando Lugo. A adesão a essa tese faria o Brasil retroceder do estatuto de moderna democracia de massas ao de uma democracia oligárquica latino-americana.
Não são golpistas os cidadãos que fazem circular o grito abafado. Dilma Rousseff tornou-se um fardo pesado demais. Lula deu o beijo da morte no segundo mandato da presidente ao lançar sua candidatura para 2018 antes ainda da posse. No ato farsesco de "defesa da Petrobras", o criador da criatura emitiu sinais evidentes de que, em nome de sua campanha plurianual, prepara-se para assumir o papel um tanto ridículo de crítico do governo. Diante de uma presidente envolta na mortalha da solidão, os partidos oposicionistas parecem aguardar uma decisão das ruas. Fariam melhor oferecendo um rumo político para a indignação popular.
Antes de tudo, seria preciso dizer que, na nossa democracia, a hipótese de impeachment só se aplica quando há culpa e dolo. O complemento honesto da sentença é a explicação de que, salvo novas, dramáticas, informações da Lava Jato, inexiste uma base política e jurídica sólida para abrir um processo de impedimento da presidente. Contudo, só isso não basta, pois o país não suportará mais quatro anos de "dilmismo", essa mistura exótica de arrogância ideológica, incompetência e inoperância.
"Governe para todos --ou renuncie!". No atual estágio de deterioração de seu governo, a saída realista para Dilma é extrair as consequências do fracasso, desligando-se do lulopetismo e convidando a parcela responsável do Congresso a compor um governo transitório de união nacional. O Brasil precisa enfrentar a crise econômica, definir a moldura de regras para um novo ciclo de investimentos, restaurar a credibilidade da Petrobras, resgatar a administração pública das quadrilhas político-empresariais que a sequestraram. É um programa e tanto, mas também a plataforma de um consenso possível.
"Governe para todos --ou renuncie!". O repto é um exercício de pedagogia política, não uma aventura no reino encantado da ingenuidade. As probabilidades de Dilma romper com o lulopetismo são menores que as de despoluição da baía da Guanabara até a Olimpíada. Isso, porém, não forma uma justificativa suficiente para flertar com o atalho do impeachment. Se a presidente, cega e surda, prefere persistir no erro, resta apontar-lhe, e a seu vice, a alternativa da renúncia, o que abriria as portas à antecipação das eleições.
Dilma diz que a culpa é de FHC. Lula diz que é da imprensa, enquanto reúne-se com o cartel das empreiteiras. A inflação fará o ajuste fiscal. Por aqui, os camisas negras usam camisas vermelhas. A justa indignação da hora faz do impeachment uma solução sedutora. Mas a história não é a hora. Dilma vai passar, cedo ou tarde. Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai.
A história não é a hora. Dilma vai passar, cedo ou tarde. Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai
O governo Dilma 2 acabou antes de começar. Batida pelo turbilhão da crise que ela mesma engendrou, a presidente perdeu, de fato, o poder, que é exercido por dois primeiros-ministros informais: Joaquim Levy comanda a economia; Eduardo Cunha controla as rédeas da política. Na oposição, entre setores da base aliada e, sobretudo, nas ruas, a palavra impeachment elevou-se, de murmúrio, à condição de grito ainda abafado. É melhor pensar de novo, para não transformar o Brasil num imenso Paraguai.
Nos sistemas parlamentares, um voto de desconfiança do Parlamento derruba o gabinete, provocando eleições antecipadas. No presidencialismo paraguaio, regras vagas de impeachment conferem aos congressistas a prerrogativa de depor um chefe de Estado que não enfrenta acusações criminais. Um parecer de Ives Gandra Martins sustenta a hipótese de impedimento presidencial por improbidade administrativa, mesmo sem dolo. Na prática, equivale a sugerir que Dilma poderia ser apeada com a facilidade com que se abreviou o mandato de Fernando Lugo. A adesão a essa tese faria o Brasil retroceder do estatuto de moderna democracia de massas ao de uma democracia oligárquica latino-americana.
Não são golpistas os cidadãos que fazem circular o grito abafado. Dilma Rousseff tornou-se um fardo pesado demais. Lula deu o beijo da morte no segundo mandato da presidente ao lançar sua candidatura para 2018 antes ainda da posse. No ato farsesco de "defesa da Petrobras", o criador da criatura emitiu sinais evidentes de que, em nome de sua campanha plurianual, prepara-se para assumir o papel um tanto ridículo de crítico do governo. Diante de uma presidente envolta na mortalha da solidão, os partidos oposicionistas parecem aguardar uma decisão das ruas. Fariam melhor oferecendo um rumo político para a indignação popular.
Antes de tudo, seria preciso dizer que, na nossa democracia, a hipótese de impeachment só se aplica quando há culpa e dolo. O complemento honesto da sentença é a explicação de que, salvo novas, dramáticas, informações da Lava Jato, inexiste uma base política e jurídica sólida para abrir um processo de impedimento da presidente. Contudo, só isso não basta, pois o país não suportará mais quatro anos de "dilmismo", essa mistura exótica de arrogância ideológica, incompetência e inoperância.
"Governe para todos --ou renuncie!". No atual estágio de deterioração de seu governo, a saída realista para Dilma é extrair as consequências do fracasso, desligando-se do lulopetismo e convidando a parcela responsável do Congresso a compor um governo transitório de união nacional. O Brasil precisa enfrentar a crise econômica, definir a moldura de regras para um novo ciclo de investimentos, restaurar a credibilidade da Petrobras, resgatar a administração pública das quadrilhas político-empresariais que a sequestraram. É um programa e tanto, mas também a plataforma de um consenso possível.
"Governe para todos --ou renuncie!". O repto é um exercício de pedagogia política, não uma aventura no reino encantado da ingenuidade. As probabilidades de Dilma romper com o lulopetismo são menores que as de despoluição da baía da Guanabara até a Olimpíada. Isso, porém, não forma uma justificativa suficiente para flertar com o atalho do impeachment. Se a presidente, cega e surda, prefere persistir no erro, resta apontar-lhe, e a seu vice, a alternativa da renúncia, o que abriria as portas à antecipação das eleições.
Dilma diz que a culpa é de FHC. Lula diz que é da imprensa, enquanto reúne-se com o cartel das empreiteiras. A inflação fará o ajuste fiscal. Por aqui, os camisas negras usam camisas vermelhas. A justa indignação da hora faz do impeachment uma solução sedutora. Mas a história não é a hora. Dilma vai passar, cedo ou tarde. Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai.
Golpe de jiu-jítsu - FERNÃO LARA MESQUITA
O ESTADO DE S.PAULO - 28/02
Não há explosões nem rupturas. Não há socos nem chutes fulminantes, à Anderson Silva. Golpe, hoje, é de jiu-jítsu. A luta é no chão, lenta e sufocante como aperto de cobra. Nada de muito espetacular acontece. Persistente, insidiosa e inexoravelmente, os braços e pernas da cidadania no Legislativo e no Judiciário vão sendo agarrados, torcidos, imobilizados; o País vai parando, exausto, e o estrangulamento econômico é que leva aos três tapinhas no final...
É esse o script bolivariano. Depois vem o caos... Mas em países da pujança e da complexidade do Brasil o buraco é mais embaixo. Tiroteio no morro é sempre emocionante, mas diz pouco sobre o que rola no alto comando do crime organizado. Com o "petrolão" acontece coisa parecida. Se quiser saber onde é que essas guerras realmente são decididas, siga o dinheiro.
A "caixa-preta" do BNDES e dos fundos de pensão estatais está para o "petrolão" como o armamento nuclear está para as armas convencionais na guerra pela construção do "Reich de Mil Anos" do PT. Luciano Coutinho é a Dilma competente. O "true believer" que sabe o que faz. Mas por trás de tudo e por cima de todos paira Luiz Inácio Lula da Silva, o que não acredita em nada. A este, com seu instinto e seu faro fulminantes para o poder, não custou um átimo entender o potencial que tinha o fascínio do doutor Coutinho pelo sistema coreano dos Chaebol. "Aparelhar" esse fascínio foi brincadeira para o nosso insuperável virtuose na arte de servir doses cavalares de dinheiro aos ricos e de mentiras aos pobres enquanto atiça uns contra os outros e é amado por ambos, arte em que se iniciou, já lá vão 40 anos, frequentando a ponta da ponta do capitalismo cínico de seu tempo, aquele sem pátria das multinacionais automobilísticas do ABC paulista. Foi ali que ele aprendeu a comprar pequenos privilégios para a clientela dos metalúrgicos que o mantinha na linha de frente do jogo do poder à custa de garantir lucro fácil às multinacionais pondo o resto do Brasil andando de carroça paga a preço de Rolls-Royce. Foi ali que ele entendeu a força que o dinheiro tem, a resiliência dos laços que ele cria e a conveniente característica de moto-contínuo que os esquemas amarrados com ele engendram, realimentados pela corrupção e pela miséria que eles próprios fabricam.
Do esquema coreano de "empresas-mãe" recheadas de dinheiro do Estado entregues a um indivíduo ou a uma família, cercadas de pequenas "empresas-satélites" amarradas a elas pelo elo pétreo da sobrevivência econômica nasceu a versão macunaímica dos "campeões nacionais" do BNDES e dos fundos de pensão estatais, dos quais hoje dependem cada vez mais o fornecimento de todos os insumos e a absorção de toda a produção - e, portanto, todos os empregos - da vasta periferia da economia que orbita esses ungidos do Estado petista.
A diferença está em que, se na Coreia a explosão da corrupção e a instrumentalização política da relação de dependência inerente aos monopólios de que até hoje, apesar do nível de educação conquistado por seu povo, aquele país não consegue se livrar foram o corolário indesejável de uma vasta operação para criar a partir do zero um país e uma economia devastados pela guerra, aqui a trajetória foi exatamente a inversa. O PT não pensa no Brasil, o PT pensa no PT. Aqui, tudo começou para dotar um partido político de condições de impor sua hegemonia com o recurso à corrupção elevada à categoria de moeda institucionalizada de compra de poder e à criação de elos de completa dependência a monopólios politicamente manipuláveis de vastas áreas de uma economia pujante, mas diversificada demais para o gosto de quem sonha com sociedades inteiras dizendo amém a um chefe incontestável que não desce nunca do trono.
É essa segunda parte que decide o jogo e o resultado parcial está aí. Com pouquíssimas exceções, não há mais força econômica de qualquer relevância fora do "esquema". Só um rei e seus barões; tanto mais "relativos" estes quanto mais aquele se tornar "absoluto". E se o agronegócio, calcanhar de Aquiles dos totalitários do passado, foi exceção por algum tempo, esse tempo passou. O universo da proteína animal, "chaebolizado", tornou-se galático; o da bioenergia, garroteado pelo golpe da "gasolina barata", ou se multinacionalizou, ou não vive mais sem as veias pinçadas na UTI do governo. Eficiência empresarial? Essa "commodity" hoje se compra. Os grandes "tycoons" do "setor privado" brasileiro que continuam voando em seus jatões cada vez mais obscenos são só os CEOs a soldo de uma economia estatizada, ainda que vestindo roupas civis, e não mais a farda militar de outrora.
Dilma Rousseff é um acidente de percurso. O "poste" plantado para ocupar o buraco que começou a acreditar que era ela que tinha sido eleita e quase pôs tudo a perder. Talvez ainda consiga, a prosseguir o patológico desemparelhamento entre seu discurso e a realidade. Mas já não é só nisso que se constitui o "pântano brasileiro" descrito pela Economist. O que está paralisando o Brasil é o PT real sem a anestesia chinesa, apenas acrescentado de extensas áreas de grave irritação cutânea provocada pela irrefreável pesporrência de madame.
Para que os brasileiros enxerguem com clareza de onde é que isso tudo vem vindo e disponham do mínimo necessário para opinar sobre o destino que lhes querem impor, antes que seja tarde a imprensa terá de tirar o bisturi da gaveta, lancetar com suas próprias mãos o abcesso que corrói o País por baixo dos "campeões nacionais" e fazer muito barulho para chamar a atenção de todos para ele. Os membros do exclusivíssimo clube dos "campeões" do BNDES, balofos e engurgitados de dinheiro público, almoçam e jantam diariamente em Palácio onde todos se dão tapinhas amistosos nas costas. Ali ninguém vai atirar em ninguém, não haverá prisões nem delações premiadas e jamais nos será "dado acesso" ao câncer que há por baixo da ferida que, com todo mundo hipnotizado pelo tiroteio do "petrolão", o País ainda mal vê.
Não há explosões nem rupturas. Não há socos nem chutes fulminantes, à Anderson Silva. Golpe, hoje, é de jiu-jítsu. A luta é no chão, lenta e sufocante como aperto de cobra. Nada de muito espetacular acontece. Persistente, insidiosa e inexoravelmente, os braços e pernas da cidadania no Legislativo e no Judiciário vão sendo agarrados, torcidos, imobilizados; o País vai parando, exausto, e o estrangulamento econômico é que leva aos três tapinhas no final...
É esse o script bolivariano. Depois vem o caos... Mas em países da pujança e da complexidade do Brasil o buraco é mais embaixo. Tiroteio no morro é sempre emocionante, mas diz pouco sobre o que rola no alto comando do crime organizado. Com o "petrolão" acontece coisa parecida. Se quiser saber onde é que essas guerras realmente são decididas, siga o dinheiro.
A "caixa-preta" do BNDES e dos fundos de pensão estatais está para o "petrolão" como o armamento nuclear está para as armas convencionais na guerra pela construção do "Reich de Mil Anos" do PT. Luciano Coutinho é a Dilma competente. O "true believer" que sabe o que faz. Mas por trás de tudo e por cima de todos paira Luiz Inácio Lula da Silva, o que não acredita em nada. A este, com seu instinto e seu faro fulminantes para o poder, não custou um átimo entender o potencial que tinha o fascínio do doutor Coutinho pelo sistema coreano dos Chaebol. "Aparelhar" esse fascínio foi brincadeira para o nosso insuperável virtuose na arte de servir doses cavalares de dinheiro aos ricos e de mentiras aos pobres enquanto atiça uns contra os outros e é amado por ambos, arte em que se iniciou, já lá vão 40 anos, frequentando a ponta da ponta do capitalismo cínico de seu tempo, aquele sem pátria das multinacionais automobilísticas do ABC paulista. Foi ali que ele aprendeu a comprar pequenos privilégios para a clientela dos metalúrgicos que o mantinha na linha de frente do jogo do poder à custa de garantir lucro fácil às multinacionais pondo o resto do Brasil andando de carroça paga a preço de Rolls-Royce. Foi ali que ele entendeu a força que o dinheiro tem, a resiliência dos laços que ele cria e a conveniente característica de moto-contínuo que os esquemas amarrados com ele engendram, realimentados pela corrupção e pela miséria que eles próprios fabricam.
Do esquema coreano de "empresas-mãe" recheadas de dinheiro do Estado entregues a um indivíduo ou a uma família, cercadas de pequenas "empresas-satélites" amarradas a elas pelo elo pétreo da sobrevivência econômica nasceu a versão macunaímica dos "campeões nacionais" do BNDES e dos fundos de pensão estatais, dos quais hoje dependem cada vez mais o fornecimento de todos os insumos e a absorção de toda a produção - e, portanto, todos os empregos - da vasta periferia da economia que orbita esses ungidos do Estado petista.
A diferença está em que, se na Coreia a explosão da corrupção e a instrumentalização política da relação de dependência inerente aos monopólios de que até hoje, apesar do nível de educação conquistado por seu povo, aquele país não consegue se livrar foram o corolário indesejável de uma vasta operação para criar a partir do zero um país e uma economia devastados pela guerra, aqui a trajetória foi exatamente a inversa. O PT não pensa no Brasil, o PT pensa no PT. Aqui, tudo começou para dotar um partido político de condições de impor sua hegemonia com o recurso à corrupção elevada à categoria de moeda institucionalizada de compra de poder e à criação de elos de completa dependência a monopólios politicamente manipuláveis de vastas áreas de uma economia pujante, mas diversificada demais para o gosto de quem sonha com sociedades inteiras dizendo amém a um chefe incontestável que não desce nunca do trono.
É essa segunda parte que decide o jogo e o resultado parcial está aí. Com pouquíssimas exceções, não há mais força econômica de qualquer relevância fora do "esquema". Só um rei e seus barões; tanto mais "relativos" estes quanto mais aquele se tornar "absoluto". E se o agronegócio, calcanhar de Aquiles dos totalitários do passado, foi exceção por algum tempo, esse tempo passou. O universo da proteína animal, "chaebolizado", tornou-se galático; o da bioenergia, garroteado pelo golpe da "gasolina barata", ou se multinacionalizou, ou não vive mais sem as veias pinçadas na UTI do governo. Eficiência empresarial? Essa "commodity" hoje se compra. Os grandes "tycoons" do "setor privado" brasileiro que continuam voando em seus jatões cada vez mais obscenos são só os CEOs a soldo de uma economia estatizada, ainda que vestindo roupas civis, e não mais a farda militar de outrora.
Dilma Rousseff é um acidente de percurso. O "poste" plantado para ocupar o buraco que começou a acreditar que era ela que tinha sido eleita e quase pôs tudo a perder. Talvez ainda consiga, a prosseguir o patológico desemparelhamento entre seu discurso e a realidade. Mas já não é só nisso que se constitui o "pântano brasileiro" descrito pela Economist. O que está paralisando o Brasil é o PT real sem a anestesia chinesa, apenas acrescentado de extensas áreas de grave irritação cutânea provocada pela irrefreável pesporrência de madame.
Para que os brasileiros enxerguem com clareza de onde é que isso tudo vem vindo e disponham do mínimo necessário para opinar sobre o destino que lhes querem impor, antes que seja tarde a imprensa terá de tirar o bisturi da gaveta, lancetar com suas próprias mãos o abcesso que corrói o País por baixo dos "campeões nacionais" e fazer muito barulho para chamar a atenção de todos para ele. Os membros do exclusivíssimo clube dos "campeões" do BNDES, balofos e engurgitados de dinheiro público, almoçam e jantam diariamente em Palácio onde todos se dão tapinhas amistosos nas costas. Ali ninguém vai atirar em ninguém, não haverá prisões nem delações premiadas e jamais nos será "dado acesso" ao câncer que há por baixo da ferida que, com todo mundo hipnotizado pelo tiroteio do "petrolão", o País ainda mal vê.
Uma longa Quaresma - IGOR GIELOW
FOLHA DE SP - 28/02
BRASÍLIA - Nos tempos de outrora, católicos observavam a Quaresma na qual estamos com sentido de penitência pelos pecados cometidos, visando a redenção na Páscoa.
Hoje o governo Dilma passa por algo semelhante, coincidentemente no mesmo período de vigília religiosa. Tenta purgar seu pecados, mais ou menos admitidos em forma de um arrocho fiscal, embora sempre haja na praça um bufão de um Carnaval que teima em não acabar.
Hoje esta figura atende pelo nome de Lula, ao incitar as células dormentes do MST e da CUT a ir às ruas contra a "elite golpista" que, claro, inventou o formidável esquema de drenagem financeira da Petrobras em favor de partidos e empreiteiros.
Tudo o que o governo não precisa agora é disso. Se é do jogo e algo vazio ver a presidente criticar a mesma agência de classificação de risco que antes causava sorrisos ao conceder graus de investimento, a cada vociferação de Lula sobre o "exército do Stédile" ou para "irmos à guerra" o Planalto é pressionado ainda mais sobre o fio de uma lâmina.
Doze anos de guerra cultural promovida pelo petismo cobram um preço. Os espectros aparecem de lado a lado, como o ruinoso Guido Mantega percebeu no triste episódio em que foi hostilizado em um hospital.
Em princípio, os protestos contra Dilma em 15 de março se mostravam mais como um espasmo da rejeição ao PT em São Paulo e outros centros. A greve de caminhoneiros e a crise tucana no Paraná mostram, porém, que talvez haja um germe em desenvolvimento nas tais "ruas".
A conjuntura econômica tenebrosa, com o aumento do desemprego minando o último bastião do governo na área, insinua fermento para uma reação em cadeia que ainda não foi detectada --com um cenário institucional desfavorável, vide o Congresso sob o PMDB. Neste caso, a Quaresma que o governo espera ver superada em 2016 ou 2017 poderá mostrar-se ainda mais prolongada.
BRASÍLIA - Nos tempos de outrora, católicos observavam a Quaresma na qual estamos com sentido de penitência pelos pecados cometidos, visando a redenção na Páscoa.
Hoje o governo Dilma passa por algo semelhante, coincidentemente no mesmo período de vigília religiosa. Tenta purgar seu pecados, mais ou menos admitidos em forma de um arrocho fiscal, embora sempre haja na praça um bufão de um Carnaval que teima em não acabar.
Hoje esta figura atende pelo nome de Lula, ao incitar as células dormentes do MST e da CUT a ir às ruas contra a "elite golpista" que, claro, inventou o formidável esquema de drenagem financeira da Petrobras em favor de partidos e empreiteiros.
Tudo o que o governo não precisa agora é disso. Se é do jogo e algo vazio ver a presidente criticar a mesma agência de classificação de risco que antes causava sorrisos ao conceder graus de investimento, a cada vociferação de Lula sobre o "exército do Stédile" ou para "irmos à guerra" o Planalto é pressionado ainda mais sobre o fio de uma lâmina.
Doze anos de guerra cultural promovida pelo petismo cobram um preço. Os espectros aparecem de lado a lado, como o ruinoso Guido Mantega percebeu no triste episódio em que foi hostilizado em um hospital.
Em princípio, os protestos contra Dilma em 15 de março se mostravam mais como um espasmo da rejeição ao PT em São Paulo e outros centros. A greve de caminhoneiros e a crise tucana no Paraná mostram, porém, que talvez haja um germe em desenvolvimento nas tais "ruas".
A conjuntura econômica tenebrosa, com o aumento do desemprego minando o último bastião do governo na área, insinua fermento para uma reação em cadeia que ainda não foi detectada --com um cenário institucional desfavorável, vide o Congresso sob o PMDB. Neste caso, a Quaresma que o governo espera ver superada em 2016 ou 2017 poderá mostrar-se ainda mais prolongada.
Tesoura afiada - MÍRIAM LEITÃO
O GLOBO - 28/02
De todas as medidas de redução de imposto, a que era menos "brincadeira" era a desoneração sobre a folha, porque enfrentava um problema realmente existente. Mas as isenções ou reduções de IPI para carros merecem a definição do ministro Joaquim Levy. A tesoura afiada da dupla Levy-Barbosa é a única forma de o país sair do atoleiro em que foi jogado por erro, displicência e esperteza.
Há um longo caminho para se sair do buraco de um déficit nominal de 6,7% do PIB. Não é brincadeira não. Será preciso tomar medidas seriais, como os ministros da área econômica fizeram esta semana, e enfrentar o conjunto equivocado de crenças do partido do governo. Sozinha, a equipe nada fará. Se o governo como um todo não entender o tamanho do buraco, no primeiro número ruim o PT vai querer acabar com a brincadeira da equipe. E aí a crise que se seguirá não será nada engraçada.
Se o país escapar de um rebaixamento da dívida será em função da persistência com que os ministros estão tentando pôr ordem na casa, que foi deixada em grande desordem pela dupla anterior, Mantega-Belchior. Aliás, trio, porque o impagável Arno Augustin era o maior inventor dos brinquedos contábeis que ainda estão sendo pagos.
O forte superávit primário de janeiro teve grande participação de governos estaduais, municípios e empresas estatais. Eles economizaram R$ 11 bilhões, pouco mais da metade do primário de R$ 21,1 bi do mês. Ao Tesouro, coube a economia da outra parte, que veio abaixo da média para meses de janeiro dos últimos quatro anos.
"Levando em conta a sazonalidade favorável para meses de janeiro, o número não foi tão positivo. Nos últimos quatro anos, o superávit primário do Tesouro Nacional teve média de R$ 18 bilhões em janeiro", escreveu o Itaú Unibanco em relatório.
Parte do problema está no fato de a nova equipe econômica ainda ter que lidar com as alquimias e pedaladas fiscais da equipe anterior. Para evitar um déficit primário ainda maior em 2014, Augustin só autorizou o gasto de R$ 1,25 bilhão com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no último dia do mês de dezembro. Dessa forma, o desembolso aconteceu em janeiro, contaminando as estatísticas deste ano. Brincadeira! O tamanho da dificuldade de ajustar as contas públicas pode ser visto no superávit primário acumulado em 12 meses. Mesmo com esse número forte de janeiro, a estatística pouco mudou. Ao sair o dado de janeiro de 2014 e entrar o de janeiro de 2015, o déficit caiu de R$ 32,5 bilhões para R$ 31,4 bi, ou de 0,64%para 0,61% do PIB. Há um longo caminho até se chegar à meta positiva de R$ 66 bilhões ou 1,2% do PIB em dezembro deste ano.
O raciocínio é o mesmo para o resultado nominal. Apesar do superávit de R$ 3 bilhões em janeiro, o déficit em 12 meses caiu apenas de 6,71% do PIB para 6,42%. A dívida bruta continuou subindo e chegou a 64,4% do PIB, alta de 0,9 ponto sobre dezembro.
Há duas dificuldades para o ajuste fiscal. Primeiro, o aumento de impostos e o corte de gastos são medidas recessivas e vão agravar a situação de uma economia que está estagnada. A segunda é política. Parte do ajuste precisa ser aprovada pelo Congresso, e o governo tem tido enorme dificuldade para conseguir o apoio de sua própria base, principalmente o PT.
O que torna mais difícil convencer a base é exatamente a incoerência entre o discurso da candidata e as ações da presidente. Mas, se alguém não tinha entendido isso no partido da presidente, fica agora explicado pelos fatos que, durante a campanha, o governo mentiu para ter mais um mandato.
Nos últimos dois dias, o governo cortou despesas e agora suspendeu parte dos benefícios fiscais que havia concedido aos empresários. De todos os da lista de bondades com os cofres públicos, a desoneração da folha era o único defensável, porque o sistema de recolhimento patronal à Previdência sempre puniu quem emprega muito. Os setores intensivos em mão de obra sempre pagaram proporcionalmente mais do que as outras empresas. A medida foi parcialmente suspensa exatamente quando o aumento do desemprego já começou a acontecer. De novo, é culpa do passado, mas o partido do governo culpará a nova política econômica.
De todas as medidas de redução de imposto, a que era menos "brincadeira" era a desoneração sobre a folha, porque enfrentava um problema realmente existente. Mas as isenções ou reduções de IPI para carros merecem a definição do ministro Joaquim Levy. A tesoura afiada da dupla Levy-Barbosa é a única forma de o país sair do atoleiro em que foi jogado por erro, displicência e esperteza.
Há um longo caminho para se sair do buraco de um déficit nominal de 6,7% do PIB. Não é brincadeira não. Será preciso tomar medidas seriais, como os ministros da área econômica fizeram esta semana, e enfrentar o conjunto equivocado de crenças do partido do governo. Sozinha, a equipe nada fará. Se o governo como um todo não entender o tamanho do buraco, no primeiro número ruim o PT vai querer acabar com a brincadeira da equipe. E aí a crise que se seguirá não será nada engraçada.
Se o país escapar de um rebaixamento da dívida será em função da persistência com que os ministros estão tentando pôr ordem na casa, que foi deixada em grande desordem pela dupla anterior, Mantega-Belchior. Aliás, trio, porque o impagável Arno Augustin era o maior inventor dos brinquedos contábeis que ainda estão sendo pagos.
O forte superávit primário de janeiro teve grande participação de governos estaduais, municípios e empresas estatais. Eles economizaram R$ 11 bilhões, pouco mais da metade do primário de R$ 21,1 bi do mês. Ao Tesouro, coube a economia da outra parte, que veio abaixo da média para meses de janeiro dos últimos quatro anos.
"Levando em conta a sazonalidade favorável para meses de janeiro, o número não foi tão positivo. Nos últimos quatro anos, o superávit primário do Tesouro Nacional teve média de R$ 18 bilhões em janeiro", escreveu o Itaú Unibanco em relatório.
Parte do problema está no fato de a nova equipe econômica ainda ter que lidar com as alquimias e pedaladas fiscais da equipe anterior. Para evitar um déficit primário ainda maior em 2014, Augustin só autorizou o gasto de R$ 1,25 bilhão com a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) no último dia do mês de dezembro. Dessa forma, o desembolso aconteceu em janeiro, contaminando as estatísticas deste ano. Brincadeira! O tamanho da dificuldade de ajustar as contas públicas pode ser visto no superávit primário acumulado em 12 meses. Mesmo com esse número forte de janeiro, a estatística pouco mudou. Ao sair o dado de janeiro de 2014 e entrar o de janeiro de 2015, o déficit caiu de R$ 32,5 bilhões para R$ 31,4 bi, ou de 0,64%para 0,61% do PIB. Há um longo caminho até se chegar à meta positiva de R$ 66 bilhões ou 1,2% do PIB em dezembro deste ano.
O raciocínio é o mesmo para o resultado nominal. Apesar do superávit de R$ 3 bilhões em janeiro, o déficit em 12 meses caiu apenas de 6,71% do PIB para 6,42%. A dívida bruta continuou subindo e chegou a 64,4% do PIB, alta de 0,9 ponto sobre dezembro.
Há duas dificuldades para o ajuste fiscal. Primeiro, o aumento de impostos e o corte de gastos são medidas recessivas e vão agravar a situação de uma economia que está estagnada. A segunda é política. Parte do ajuste precisa ser aprovada pelo Congresso, e o governo tem tido enorme dificuldade para conseguir o apoio de sua própria base, principalmente o PT.
O que torna mais difícil convencer a base é exatamente a incoerência entre o discurso da candidata e as ações da presidente. Mas, se alguém não tinha entendido isso no partido da presidente, fica agora explicado pelos fatos que, durante a campanha, o governo mentiu para ter mais um mandato.
Nos últimos dois dias, o governo cortou despesas e agora suspendeu parte dos benefícios fiscais que havia concedido aos empresários. De todos os da lista de bondades com os cofres públicos, a desoneração da folha era o único defensável, porque o sistema de recolhimento patronal à Previdência sempre puniu quem emprega muito. Os setores intensivos em mão de obra sempre pagaram proporcionalmente mais do que as outras empresas. A medida foi parcialmente suspensa exatamente quando o aumento do desemprego já começou a acontecer. De novo, é culpa do passado, mas o partido do governo culpará a nova política econômica.
Esperando Janot - ALBERTO DINES
GAZETA DO POVO - PR - 28/02
No país da piada pronta, angústias e aflições são crimes de lesa-pátria, daí as gozações em torno do suspense armado antes da divulgação da lista de parlamentares e políticos citados na Operação Lava Jato e prometida há semanas por Rodrigo Janot, procurador-geral da República.
Paráfrase óbvia, quase obrigatória e quase homônima, relaciona-se com o título da peça Esperando Godot (1952), do irlandês francófono Samuel Beckett, marco do teatro do absurdo que poucos viram, menos ainda entenderam e todos usam abundantemente.
Godot promete e não chega, a espera é, em si, o não evento central, acionador de contrassensos, ilógica e disparates. Janot, ao contrário, está sempre presente, atento, figura de proa na arquitetura republicana, cargo máximo do Ministério Público, hoje considerado em muitas partes do mundo como o verdadeiro Quarto Poder.
Justifica-se a demora: denota cuidado, zelo, senso de responsabilidade. A lista é transcendental mesmo antes de conhecidos os nomes que a integram, todos aptos a serem denunciados e depois julgados pelo STF. As pressões são enormes; apesar do segredo que envolve a seleção dos implicados nos processos investigados pela Polícia Federal, alguns nomes escaparam para o noticiário.
A nominata é naturalmente explosiva: pode alterar a composição do governo, seu esquema de apoio, a escolha dos candidatos à sucessão presidencial e, sobretudo, inúmeras biografias. Algumas armazenadas em sites de busca, outras já publicadas.
A residência de Janot foi arrombada em janeiro, o governo preocupa-se com a sua segurança e a tensão da campanha eleitoral, longe de arrefecer com a posse dos eleitos, aumentou assustadoramente. Sucedem-se brigas entre militantes, o jogo sujo oriundo das torcidas organizadas começa a comprometer o sagrado direito de expressão, a convivência entre contrários e a paz social.
Em represália a um estúpido ato de hostilidade contra o ex-ministro Guido Mantega no lobby de um hospital paulistano onde a sua mulher se trata de um câncer, o ex-presidente Lula convocou a militância a reagir às provocações: pretendia baixar a fervura, só a aumentou. Essa fervura não baixará com veemências dirigidas a ativistas políticos; o momento pede atos de estadistas voltados para sossegar uma sociedade ressentida e perplexa.
A espera por Janot serve para desativar animosidades num ambiente perigosamente volátil, onde tudo funciona como pretexto para radicalizações. Mas serve igualmente para exacerbá-las. Não foi prudente a ideia de convocar um grandioso ato público em defesa da Petrobras para a sexta-feira, 13 de março – exatos 51 anos depois do comício na Central do Brasil, fatídico gatilho para a quartelada que empurrou o país para a trágica ditadura militar.
A estatal brasileira não está ameaçada pelos trustes internacionais nem pelo imperialismo ianque; seus algozes são gente nossa, partidos e prepostos brasileiros que “tascaram” (para usar a linguagem de João Pedro Stédile) um patrimônio nacional que conseguiu sobreviver e prosperar ao longo de 63 anos a despeito das drásticas mudanças de governo.
Esperando Godot é uma vivência pessimista sobre impasses, dolorosas expectativas, desesperança, filha dos horrores da 2.ª Guerra Mundial e da pérfida Guerra Fria que a sucedeu.
Esperando Janot pode ser uma aposta no aperfeiçoamento das instituições democráticas. Sobretudo, na nossa capacidade de julgar e punir com isenção.
No país da piada pronta, angústias e aflições são crimes de lesa-pátria, daí as gozações em torno do suspense armado antes da divulgação da lista de parlamentares e políticos citados na Operação Lava Jato e prometida há semanas por Rodrigo Janot, procurador-geral da República.
Paráfrase óbvia, quase obrigatória e quase homônima, relaciona-se com o título da peça Esperando Godot (1952), do irlandês francófono Samuel Beckett, marco do teatro do absurdo que poucos viram, menos ainda entenderam e todos usam abundantemente.
Godot promete e não chega, a espera é, em si, o não evento central, acionador de contrassensos, ilógica e disparates. Janot, ao contrário, está sempre presente, atento, figura de proa na arquitetura republicana, cargo máximo do Ministério Público, hoje considerado em muitas partes do mundo como o verdadeiro Quarto Poder.
Justifica-se a demora: denota cuidado, zelo, senso de responsabilidade. A lista é transcendental mesmo antes de conhecidos os nomes que a integram, todos aptos a serem denunciados e depois julgados pelo STF. As pressões são enormes; apesar do segredo que envolve a seleção dos implicados nos processos investigados pela Polícia Federal, alguns nomes escaparam para o noticiário.
A nominata é naturalmente explosiva: pode alterar a composição do governo, seu esquema de apoio, a escolha dos candidatos à sucessão presidencial e, sobretudo, inúmeras biografias. Algumas armazenadas em sites de busca, outras já publicadas.
A residência de Janot foi arrombada em janeiro, o governo preocupa-se com a sua segurança e a tensão da campanha eleitoral, longe de arrefecer com a posse dos eleitos, aumentou assustadoramente. Sucedem-se brigas entre militantes, o jogo sujo oriundo das torcidas organizadas começa a comprometer o sagrado direito de expressão, a convivência entre contrários e a paz social.
Em represália a um estúpido ato de hostilidade contra o ex-ministro Guido Mantega no lobby de um hospital paulistano onde a sua mulher se trata de um câncer, o ex-presidente Lula convocou a militância a reagir às provocações: pretendia baixar a fervura, só a aumentou. Essa fervura não baixará com veemências dirigidas a ativistas políticos; o momento pede atos de estadistas voltados para sossegar uma sociedade ressentida e perplexa.
A espera por Janot serve para desativar animosidades num ambiente perigosamente volátil, onde tudo funciona como pretexto para radicalizações. Mas serve igualmente para exacerbá-las. Não foi prudente a ideia de convocar um grandioso ato público em defesa da Petrobras para a sexta-feira, 13 de março – exatos 51 anos depois do comício na Central do Brasil, fatídico gatilho para a quartelada que empurrou o país para a trágica ditadura militar.
A estatal brasileira não está ameaçada pelos trustes internacionais nem pelo imperialismo ianque; seus algozes são gente nossa, partidos e prepostos brasileiros que “tascaram” (para usar a linguagem de João Pedro Stédile) um patrimônio nacional que conseguiu sobreviver e prosperar ao longo de 63 anos a despeito das drásticas mudanças de governo.
Esperando Godot é uma vivência pessimista sobre impasses, dolorosas expectativas, desesperança, filha dos horrores da 2.ª Guerra Mundial e da pérfida Guerra Fria que a sucedeu.
Esperando Janot pode ser uma aposta no aperfeiçoamento das instituições democráticas. Sobretudo, na nossa capacidade de julgar e punir com isenção.
Apelou, perdeu - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 28/02
A frágil democracia brasileira vive momentos de tensão. Às dores do ajuste fiscal, que já provocam reações de insatisfação entre os políticos (Orçamento) e consumidores (inflação), soma-se a crescente indignação com as revelações do escandaloso esquema de corrupção na Petrobras. Nessas horas de pressão, em que o governo e seus apoiadores se sentem acuados pelos fatos que eles mesmos produziram, deve a cidadania ficar atenta e reagir às demonstrações de truculência e antidemocracia observadas nos últimos dias.
A temperatura subiu às vésperas de se tornarem conhecidos os políticos envolvidos no petrolão, o megaesquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal. O nome deles deve ser levado na próxima semana ao supremo tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Enquanto isso, os brasileiros acompanham com perplexidade manifestações de destempero e comportamentos questionáveis de autoridades do governo, de seu principal partido e até de seu maior líder. Não bastasse a preocupante demonstração de inércia da presidente Dilma Rousseff ante o gravíssimo rebaixamento da Petrobras à condição de pagadora sob suspeição por importante agência internacional de risco de crédito, com efeitos negativos no mercado financeiro, a recepção não divulgada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de advogados de empresários presos pela Operação Lava-Jato disseminou a suspeita de que o governo estaria empenhado em encontrar meios de livrar as empreiteiras acusadas.
Cardozo voltou às manchetes na sexta-feira. Tão mal como tratou a bem-sucedida manifestação de caminhoneiros contra os preços dos combustíveis e o aumento dos pedágios, o ministro foi ao procurador-geral comunicar que a inteligência do Estado descobriu que Janot corria risco de sofrer atentado. O ministro não fez declarações públicas, mas a ampla divulgação do encontro soou como algo a intimidar eventual pedido de autorização ao STF para abertura de inquérito contra parlamentares por Janot.
Mas isso não é tudo. Claramente preocupado com o andamento das investigações da Lava-Jato, o ex-presidente Lula mergulhou de cabeça no esforço marqueteiro de promover manifestações em "defesa" da Petrobras, na tentativa de empurrar para a opinião pública a miragem de que tudo não passa de trama para desvalorizar a estatal e facilitar sua privatização.
Foi num dos eventos dessa campanha, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, que a presença de Lula atraiu opositores dispostos a vaiá-lo. Do lado de fora, a mídia registrou cenas que fizeram lembrar a pobre Venezuela de Nicolás Maduro, com enfrentamentos físicos patrocinados pela direção do PT fluminense. Eram militantes que seguiam a preocupante orientação do ex-presidente. Lula incitou os militantes a responder às agressões com atos de força e ameaçou os opositores com a convocação do que chamou de "exército do Stedile", líder do movimento em favor da reforma agrária.
Não é disso que o Brasil precisa. Pelo contrário. É nos momentos difíceis que as nações democráticas têm de contar com líderes à altura do povo. Eles transmitem a serenidade que impede que o aquecimento dos ânimos leve as coisas na direção oposta à do entendimento. Mais do que nunca, Lula deveria conhecer a máxima popular: apelou, perdeu.
A frágil democracia brasileira vive momentos de tensão. Às dores do ajuste fiscal, que já provocam reações de insatisfação entre os políticos (Orçamento) e consumidores (inflação), soma-se a crescente indignação com as revelações do escandaloso esquema de corrupção na Petrobras. Nessas horas de pressão, em que o governo e seus apoiadores se sentem acuados pelos fatos que eles mesmos produziram, deve a cidadania ficar atenta e reagir às demonstrações de truculência e antidemocracia observadas nos últimos dias.
A temperatura subiu às vésperas de se tornarem conhecidos os políticos envolvidos no petrolão, o megaesquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal. O nome deles deve ser levado na próxima semana ao supremo tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Enquanto isso, os brasileiros acompanham com perplexidade manifestações de destempero e comportamentos questionáveis de autoridades do governo, de seu principal partido e até de seu maior líder. Não bastasse a preocupante demonstração de inércia da presidente Dilma Rousseff ante o gravíssimo rebaixamento da Petrobras à condição de pagadora sob suspeição por importante agência internacional de risco de crédito, com efeitos negativos no mercado financeiro, a recepção não divulgada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de advogados de empresários presos pela Operação Lava-Jato disseminou a suspeita de que o governo estaria empenhado em encontrar meios de livrar as empreiteiras acusadas.
Cardozo voltou às manchetes na sexta-feira. Tão mal como tratou a bem-sucedida manifestação de caminhoneiros contra os preços dos combustíveis e o aumento dos pedágios, o ministro foi ao procurador-geral comunicar que a inteligência do Estado descobriu que Janot corria risco de sofrer atentado. O ministro não fez declarações públicas, mas a ampla divulgação do encontro soou como algo a intimidar eventual pedido de autorização ao STF para abertura de inquérito contra parlamentares por Janot.
Mas isso não é tudo. Claramente preocupado com o andamento das investigações da Lava-Jato, o ex-presidente Lula mergulhou de cabeça no esforço marqueteiro de promover manifestações em "defesa" da Petrobras, na tentativa de empurrar para a opinião pública a miragem de que tudo não passa de trama para desvalorizar a estatal e facilitar sua privatização.
Foi num dos eventos dessa campanha, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, que a presença de Lula atraiu opositores dispostos a vaiá-lo. Do lado de fora, a mídia registrou cenas que fizeram lembrar a pobre Venezuela de Nicolás Maduro, com enfrentamentos físicos patrocinados pela direção do PT fluminense. Eram militantes que seguiam a preocupante orientação do ex-presidente. Lula incitou os militantes a responder às agressões com atos de força e ameaçou os opositores com a convocação do que chamou de "exército do Stedile", líder do movimento em favor da reforma agrária.
Não é disso que o Brasil precisa. Pelo contrário. É nos momentos difíceis que as nações democráticas têm de contar com líderes à altura do povo. Eles transmitem a serenidade que impede que o aquecimento dos ânimos leve as coisas na direção oposta à do entendimento. Mais do que nunca, Lula deveria conhecer a máxima popular: apelou, perdeu.
Dose errada - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 28/02
Pecando pelo exagero, medidas anunciadas pela equipe econômica estrangulam ainda mais empresários e trabalhadores
A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou mais contenções de despesas e aumentos de impostos para mostrar que o governo cumprirá a meta de redução de seu deficit, sejam quais forem os meios necessários.
O caráter vago e brutal da sucessão de medidas causa, porém, insegurança que pode ter efeitos contraproducentes, um abalo adicional na já escassa confiança de empresários e consumidores.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento pretenderam atenuar dúvidas crescentes sobre a viabilidade do ajuste nas contas públicas e, assim, evitar o aumento do descrédito das finanças federais e mais degradação econômica.
Mas não há estimativa realista de receita e despesa que oriente os cortes de gastos e aumentos de impostos. É por demais escassa a informação disponível para debater a dosagem do ajuste e dos meios mais eficientes e justos de implementá-lo. É incerta a distribuição de sacrifícios pela sociedade.
Compreende-se que a equipe econômica esteja sobrecarregada. Ainda tenta dar conta das despesas deixadas pelo primeiro governo Dilma. Não sabe quão frustrante será a arrecadação deste ano.
Vislumbra, além disso, as dificuldades políticas de aprovar as medidas de arrocho no Congresso e, agora, dentro do próprio governo, pois o ministério da Fazenda decretou limitação draconiana, talvez inédita, de despesas.
A equipe econômica ainda terá de lidar com a oposição de diversos setores sociais às medidas de ajuste. Entre as mais controversas, haverá corte de certos benefícios trabalhistas e será cancelada ao menos metade das desonerações da folha de pagamento concedidas a empresas, o que terá efeitos negativos no emprego e nos preços.
Ministrado nas doses exageradas ora propostas, o remédio adotado pelo governo estrangulará ainda mais o setor produtivo do país, com consequências que se farão sentir pelo conjunto da sociedade --um típico caso em que se mata o doente para curar a doença.
Fazenda e Planejamento precisam ser mais transparentes, de modo a permitir soluções pactuadas, mais eficientes e socialmente justas. Foi por obscurecer a real situação das contas públicas que Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, conduziu o país à lamentável situação que enfrenta agora.
Não será possível corrigir um erro --a ruína das contas públicas-- insistindo em outros. A imprevisibilidade e a insegurança criada pelos decretos fiscais podem produzir efeitos daninhos nos ânimos econômicos, suscitar demasiado conflito social e político e até minar a confiança em um programa que parece promissor.
Pecando pelo exagero, medidas anunciadas pela equipe econômica estrangulam ainda mais empresários e trabalhadores
A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff (PT) anunciou mais contenções de despesas e aumentos de impostos para mostrar que o governo cumprirá a meta de redução de seu deficit, sejam quais forem os meios necessários.
O caráter vago e brutal da sucessão de medidas causa, porém, insegurança que pode ter efeitos contraproducentes, um abalo adicional na já escassa confiança de empresários e consumidores.
Os ministérios da Fazenda e do Planejamento pretenderam atenuar dúvidas crescentes sobre a viabilidade do ajuste nas contas públicas e, assim, evitar o aumento do descrédito das finanças federais e mais degradação econômica.
Mas não há estimativa realista de receita e despesa que oriente os cortes de gastos e aumentos de impostos. É por demais escassa a informação disponível para debater a dosagem do ajuste e dos meios mais eficientes e justos de implementá-lo. É incerta a distribuição de sacrifícios pela sociedade.
Compreende-se que a equipe econômica esteja sobrecarregada. Ainda tenta dar conta das despesas deixadas pelo primeiro governo Dilma. Não sabe quão frustrante será a arrecadação deste ano.
Vislumbra, além disso, as dificuldades políticas de aprovar as medidas de arrocho no Congresso e, agora, dentro do próprio governo, pois o ministério da Fazenda decretou limitação draconiana, talvez inédita, de despesas.
A equipe econômica ainda terá de lidar com a oposição de diversos setores sociais às medidas de ajuste. Entre as mais controversas, haverá corte de certos benefícios trabalhistas e será cancelada ao menos metade das desonerações da folha de pagamento concedidas a empresas, o que terá efeitos negativos no emprego e nos preços.
Ministrado nas doses exageradas ora propostas, o remédio adotado pelo governo estrangulará ainda mais o setor produtivo do país, com consequências que se farão sentir pelo conjunto da sociedade --um típico caso em que se mata o doente para curar a doença.
Fazenda e Planejamento precisam ser mais transparentes, de modo a permitir soluções pactuadas, mais eficientes e socialmente justas. Foi por obscurecer a real situação das contas públicas que Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, conduziu o país à lamentável situação que enfrenta agora.
Não será possível corrigir um erro --a ruína das contas públicas-- insistindo em outros. A imprevisibilidade e a insegurança criada pelos decretos fiscais podem produzir efeitos daninhos nos ânimos econômicos, suscitar demasiado conflito social e político e até minar a confiança em um programa que parece promissor.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“Parece que aumentou um pouco o risco”
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre ameaças à sua segurança
Pode ter sido ‘plantada’ escuta na casa de Janot
O arrombamento da casa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgado ontem no site DiáriodoPoder.com.br, pode ter sido obra de espiões para “plantar” escutas ambientais ilegais. A suspeita surgiu após a constatação de que os invasores nada levaram, nem mesmo uma pistola do dono da casa, com três pentes de bala. Apenas foi levado, estranhamente, o controle remoto do portão da garagem.
Tempo suficiente
O arrombamento foi há um mês. Janot estava com a filha na Disney. A invasão durou 8 minutos, suficientes para ocultar micro escutas.
Arapongagem
No começo, o procurador atribuiu o arrombamento a bandidos comuns, mas agora há a suspeita de ação ligada a investigados da Lava Jato.
Agentes privados
Suspeita-se que tanto as supostas ameaças quanto a invasão da casa de Janot são obra de “agentes privados” interessados na investigação.
Novo patamar
Rodrigo Janot foi desaconselhado a usar aviões de carreira, e ontem, já sob forte proteção, viajou ara Minas em um jatinho da FAB.
Multa por bloqueio pode ser aplicável ao MST
O Ministério da Justiça abre a possibilidade de ser estendido a outros casos de obstrução de rodovias, como aqueles patrocinados pelo MST e entidades do gênero, as pesadas multas de até R$ 10 mil aplicadas por hora nos caminhoneiros que há dias protestam contra o governo. O ministério lembra, no entanto, que o caso dos motoristas de caminhão é específico e que a multa aplicada decorre de decisões judiciais.
Leis existem
A legislação penal e o código de trânsito preveem outras punições que podem ser aplicadas pela polícia, em caso de obstrução de estradas.
Nem me fale
Dilma continua reagindo com irritação sempre que alguém menciona o desejo do ex-deputado Henrique Eduardo Alves de virar ministro.
Santo Eduardo
O presidente da câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fascina tanto os políticos de Brasília que os fez esquecer, digamos, sua folha corrida.
Só na primeira instância
O assédio para que Joaquim Barbosa assumisse a defesa de empreiteiros rolados no roubo à Petrobras, não ignorava a quarentena a que ele está submetido, sem poder atuar junto do Supremo Tribunal Federal. Eles o queriam atuando em juizados de primeira instância.
Reforma no Senado
Enquanto a reforma politica não vem, outra ampla e movimentada reforma começou, nesta sexta, no gabinete de Renan Calheiros na presidência do Senado: a de móveis, cadeiras, portas e armários.
Pisou na bola
Deve se complicar na Lava Jato a situação do deputado Paulinho da Força (SD-SP), após ter sido arrolado como testemunha de defesa do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e coordenador do esquema.
Fatura
O Palácio do Planalto pressiona líderes aliados para aprovação das medidas provisórias 664 e 665, que alteram benefícios previdenciários. Quer que os textos sejam aprovados sem alteração.
Ministros a postos
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-SP), garantiu que todos os ministros vão comparecer à Casa para dar explicações nas audiências provocadas pelo presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Só encrenca
A cúpula do PMDB não gostou de saber que Leonardo Picciani (RJ) teria feito acordo para apoiar Leonardo Quintão (MG) à sua sucessão na liderança, em 2016. O mineiro é malvisto no Planalto.
Cara Autoridade
O general Fernando Azevedo e Silva, presidente da Autoridade Pública Olímpica, subjugada à Presidência, recebe por mês pouco mais de R$ 21 mil. Mas nos meses de dezembro ganha mais de R$ 36 mil.
Consumidor que se dane
A Claro enxuga pessoal e não avisa: após 22h, cliente que pede socorro só ouve musiquinha irritante para qualquer serviço digitado. Já o Credicard nem atende mais depois desse horário.
Olho que tudo vê
Quem digitar no Google “o maior mentiroso do mundo” vê Lula no topo dos resultados. E a busca por “olho baixo” aponta Nestor Cerveró.
PODER SEM PUDOR
Latindo por votos
Na campanha de Tancredo Neves ao governo de Minas, em 1982, o deputado Ronan Tito espalmava a mão e perguntava que número era aquele. O povão respondia "Cachorro!", numa alusão ao jogo do bicho.
- Pois Tancredo será o cachorro que vai expulsar os ladrões do Palácio da Liberdade! - exclamava Tito.
A estratégia de gosto duvidoso preocupava os amigos de Tancredo, que provocaram uma reunião sobre o assunto. O vice Hélio Garcia discordou:
- Se for para ganhar a eleição, tem até que latir...
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre ameaças à sua segurança
Pode ter sido ‘plantada’ escuta na casa de Janot
O arrombamento da casa do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgado ontem no site DiáriodoPoder.com.br, pode ter sido obra de espiões para “plantar” escutas ambientais ilegais. A suspeita surgiu após a constatação de que os invasores nada levaram, nem mesmo uma pistola do dono da casa, com três pentes de bala. Apenas foi levado, estranhamente, o controle remoto do portão da garagem.
Tempo suficiente
O arrombamento foi há um mês. Janot estava com a filha na Disney. A invasão durou 8 minutos, suficientes para ocultar micro escutas.
Arapongagem
No começo, o procurador atribuiu o arrombamento a bandidos comuns, mas agora há a suspeita de ação ligada a investigados da Lava Jato.
Agentes privados
Suspeita-se que tanto as supostas ameaças quanto a invasão da casa de Janot são obra de “agentes privados” interessados na investigação.
Novo patamar
Rodrigo Janot foi desaconselhado a usar aviões de carreira, e ontem, já sob forte proteção, viajou ara Minas em um jatinho da FAB.
Multa por bloqueio pode ser aplicável ao MST
O Ministério da Justiça abre a possibilidade de ser estendido a outros casos de obstrução de rodovias, como aqueles patrocinados pelo MST e entidades do gênero, as pesadas multas de até R$ 10 mil aplicadas por hora nos caminhoneiros que há dias protestam contra o governo. O ministério lembra, no entanto, que o caso dos motoristas de caminhão é específico e que a multa aplicada decorre de decisões judiciais.
Leis existem
A legislação penal e o código de trânsito preveem outras punições que podem ser aplicadas pela polícia, em caso de obstrução de estradas.
Nem me fale
Dilma continua reagindo com irritação sempre que alguém menciona o desejo do ex-deputado Henrique Eduardo Alves de virar ministro.
Santo Eduardo
O presidente da câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fascina tanto os políticos de Brasília que os fez esquecer, digamos, sua folha corrida.
Só na primeira instância
O assédio para que Joaquim Barbosa assumisse a defesa de empreiteiros rolados no roubo à Petrobras, não ignorava a quarentena a que ele está submetido, sem poder atuar junto do Supremo Tribunal Federal. Eles o queriam atuando em juizados de primeira instância.
Reforma no Senado
Enquanto a reforma politica não vem, outra ampla e movimentada reforma começou, nesta sexta, no gabinete de Renan Calheiros na presidência do Senado: a de móveis, cadeiras, portas e armários.
Pisou na bola
Deve se complicar na Lava Jato a situação do deputado Paulinho da Força (SD-SP), após ter sido arrolado como testemunha de defesa do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e coordenador do esquema.
Fatura
O Palácio do Planalto pressiona líderes aliados para aprovação das medidas provisórias 664 e 665, que alteram benefícios previdenciários. Quer que os textos sejam aprovados sem alteração.
Ministros a postos
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-SP), garantiu que todos os ministros vão comparecer à Casa para dar explicações nas audiências provocadas pelo presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Só encrenca
A cúpula do PMDB não gostou de saber que Leonardo Picciani (RJ) teria feito acordo para apoiar Leonardo Quintão (MG) à sua sucessão na liderança, em 2016. O mineiro é malvisto no Planalto.
Cara Autoridade
O general Fernando Azevedo e Silva, presidente da Autoridade Pública Olímpica, subjugada à Presidência, recebe por mês pouco mais de R$ 21 mil. Mas nos meses de dezembro ganha mais de R$ 36 mil.
Consumidor que se dane
A Claro enxuga pessoal e não avisa: após 22h, cliente que pede socorro só ouve musiquinha irritante para qualquer serviço digitado. Já o Credicard nem atende mais depois desse horário.
Olho que tudo vê
Quem digitar no Google “o maior mentiroso do mundo” vê Lula no topo dos resultados. E a busca por “olho baixo” aponta Nestor Cerveró.
PODER SEM PUDOR
Latindo por votos
Na campanha de Tancredo Neves ao governo de Minas, em 1982, o deputado Ronan Tito espalmava a mão e perguntava que número era aquele. O povão respondia "Cachorro!", numa alusão ao jogo do bicho.
- Pois Tancredo será o cachorro que vai expulsar os ladrões do Palácio da Liberdade! - exclamava Tito.
A estratégia de gosto duvidoso preocupava os amigos de Tancredo, que provocaram uma reunião sobre o assunto. O vice Hélio Garcia discordou:
- Se for para ganhar a eleição, tem até que latir...
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